Artigo

Uma Nova Opção para Diagnóstico

Parasitológico: Método de Mariano & Carvalho
Maria Lena Melo Mariano¹, Sílvia Maria Santos Carvalho¹, Ana Paula Melo Mariano¹, Fernanda Rocha de Assunção2, Irene Maurício Cazorla3

Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Laboratório de Parasitologia

1 - Docentes do Departamento de Ciências Biológicas - responsáveis pela pesquisa

2 - Discente do curso de Biomedicina
3 - Docente do Departamento de Ciências Exatas e Tecnológicas

Resumo
Métodos laboratoriais para diagnóstico das doen-
ças parasitárias são de extrema relevância, uma vez
que as infecções por endoparasitos estão entre os mais
freqüentes agravos à saúde humana no mundo. Há uma
variedade em metodologias que permitem o reconheci-
mento de espécies parasitas, tanto específicos, como
o Baermann-Moraes, quanto aqueles de concentração
destinados à observação de diferentes formas evoluti-
vas, como o de Sedimentação Espontânea. Por possu-
írem princípios distintos, ambas as técnicas são utiliza-
das na rotina laboratorial; isso porque, em condições
de baixa parasitemia por larvas, a segunda, nem sem-
pre permite detectá-las. O presente trabalho apresenta
uma proposta inovadora como nova opção para diag-
nóstico coproparasitológico, por permitir detectar com
segurança cistos de protozoários, ovos e larvas de hel-
mintos através da associação de métodos específico e
de concentração, usuais na rotina laboratorial para
diagnóstico das doenças parasitárias. A metodologia
proposta, intitulada Método de Mariano & Carvalho,
por apresentar fácil exeqüibilidade, abreviação dos
procedimentos, baixo custo e melhor aproveitamento
do espaço físico, demonstra significativa eficiência no
coprodiagnóstico laboratorial.
Summary
Laboratorial methods for the diagnosis of parasitic dise-
ases are of foremost importance as infections by endopara-
sites rank among the most prevalent human disease around
the world. The is a large set of methods available for the
identification of parasitic species, some specific for larvae,
as the Baermann-Moraes method, some relying on concen-
tration principles and directed towards the observation of
evolutive forms, such as the spontaneous sedimentation
method. Due to their different approaches, both techniques
are simultaneously used in the routine parasitological diag-
nostic: however, the first technique is considerably more
expensive than the second one, being also restricted to the
detection of larvae; on the other hand, when the larvae
load in the stool sample is low, the second method may fail.
The present work presents an innovative system as a new
option for the routine parasitological stool examination, allo-
wing the simultaneous confident detection of protozoan cysts
and helminth eggs and larvae, associating the specific
and concentration methods routinely used for the diagnosis
of parasitic infections. The proposed methodology, named
Mariano-Carvalho method, is easily performed, reduces the
time needed to get results, has low cost and makes better
use of the lab facility, and represents, therefore, a signifi-
cant contribution for the diagnostic stool laboratory.

Palavras-chave: Mariano & Carvalho, sedimentação Keywords: Mariano-Carvalho method, spontaneous

espontânea, Baermann-Moraes, exames parasitológicos sedimentation method, Baermann-Moraes method

132 NewsLab - edição 68 - 2005

Introdução
P arasitos intestinais apresen-
tam ampla distribuição geo-
gráfica tanto no Brasil quanto nos
demais países em desenvolvimen-
to, sofrendo variações de acordo
com as condições de saneamento
básico, nível sócio-econômico,
grau de escolaridade, idade e há-
bitos higiênicos (Rocha et al.,
2000; Machado et al., 1999 apud
Saturnino et al., 2003). Logo, as
infecções por endoparasitos estão
entre os mais freqüentes agravos
infecciosos, estimando-se que o
número de infectados no mundo
seja de aproximadamente 3,5 bi-
lhões de pessoas. No Brasil, 130
milhões de habitantes são acome-
tidos por alguma espécie de pa-
rasito (Shimizu et al., 2003).
Nas análises coproparasitológi-
cas são utilizados, rotineiramente
em laboratórios, métodos de con-
centração tais como Sedimentação
Espontânea, Ritche e Coprotest
que recuperam e identificam pa-
rasitos nas suas diferentes formas
evolutivas. Já os métodos de Ba-
ermann-Moraes, Faust, Graham e
Kato-Katz, por exemplo, são es-
pecíficos e, portanto, destinados à
pesquisa e levantamentos epide-
miológicos (Graeff et al., 1997).
Dentre as técnicas citadas, as
amplamente solicitadas na práti-
ca médica para diagnóstico clíni-
co na rotina laboratorial, objeti-
vando pesquisa de ovos, larvas de
helmintos e cistos de protozoári-
NewsLab - edição 68 - 2005
os são Sedimentação Espontânea
e Baermann-Moraes (Carli, 2001).
Destaca-se pois, que a maioria dos
serviços para diagnósticos, no
entanto, adota apenas a primeira
como prática metodológica, em
face do seu amplo espectro na
obtenção de espécies parasitas e
o seu baixo custo quando compa-
rada com a segunda.
Entretanto, apesar da técnica
de Sedimentação Espontânea dis-
pensar centrifugação, reagentes e
ainda economizar vidrarias, o uso
da água fria não propicia uma boa
migração das larvas, exceto em
casos de infecção maciça (Carli,
2001), sendo, portanto, ineficaz
para diagnóstico de larvas de hel-
mintos em casos de baixa parasi-
temia. Ao contrário, o método de
Baermann-Moraes, por utilizar
água a 45ºC, consegue detectar
larvas de nematódeos mesmo
nestas condições.
Assim sendo, vale ressaltar a
importância da utilização deste
tipo de metodologia para pesqui-
sa de larvas de Strongyloides ster-
coralis em casos de indicação te-
rapêutica de imunossupressores,
principalmente por corticóides, os
quais podem interferir na evolu-
ção do paciente a óbito (Fallas et
al., 1999; Chavarría, 2003). En-
tretanto, é sabido que apesar da
sua eficiência, o método de Baer-
mann-Moraes, quando emprega-
do para diagnóstico de inúmeras
amostras, apresenta elevado cus-
to e dificuldades no seu desenvol-
vimento por se fazer necessário o
uso de materiais específicos e di-
versificados que ocupam espaço
físico considerável em ambiente
laboratorial (Mariano, com.pes.).
Na tentativa de aumentar a
eficácia no diagnóstico, Willcox
(1999) sugere adaptações e/ou
associações entre metodologias
que facilitem os trabalhos rotinei-
ros e estudos epidemiológicos de
parasitoses intestinais, bem como
possibilitem a identificação de um
número maior de formas parasi-
tárias. No coprodiagnóstico para-
sitológico são utilizadas diversas
metodologias com fundamentos
distintos. A utilização simultânea
de técnicas com diferentes prin-
cípios, com o objetivo de aumen-
tar a acurácia diagnóstica e, con-
sequentemente, diminuir os resul-
tados falsos negativos, bem como
a comparação de diversas técni-
cas, tem sido estudada por diver-
sos autores (Cerqueira, 1993; Fi-
oriti, 2001; Mello, 2000; Mello,
1989; Nunes, 1993; Santos, 1984
apud Carvalho, 2002).
Mesquita e cols. (1999) suge-
rem que para obtenção de maior
eficiência em qualquer diagnósti-
co parasitológico por contamina-
ção fecal, torna-se ideal o uso de
pelo menos duas técnicas com fun-
damentos diferentes. Desta forma,
diversos métodos vêm sofrendo
modificações, a exemplo dos co-
rantes Kinyoun e Safranina, que
baseiam-se, respectivamente, no
resfriamento e no aquecimento do
133
corante; a técnica de centrífugo-
sedimentação (Stoll modificado),
que faz uso do hidróxido de sódio
a 0,1M; a nova concepção do Ba-
ermann-Moraes na pesquisa de
larvas de nematódeos, que utiliza
o banho de imersão em água e a
placa de kline como modificação
(Carli, 2001); assim como a sim-
ples modificação do Baermann-
Moraes para diagnóstico de Stron-
gyloides stercoralis, utilizando tu-
bos de ensaio e solução salina a
37ºC, como descrevem Chavarría
(2001) e Graeff e cols. (1997).
Levando em consideração
os princípios das diferentes me-
todologias utilizadas em ambien-
te laboratorial, os custos das téc-
nicas, ocupação de espaço físico,
praticidade e confiabilidade na
obtenção de cistos de protozoári-
os, ovos e larvas de helmintos,
ainda que estes últimos estejam
sob condições de baixa parasite-
mia, este trabalho visou a criação
de um método que reunisse to-
das as qualidades que permitis-
sem a obtenção dos diferentes
estágios evolutivos de parasitos
presentes em amostras fecais,
intitulado: Método de Mariano &
Carvalho (Método de MC).
Esta nova metodologia associa
princípios fundamentais na tenta-
tiva de capturar larvas através do
termohidrotropismo, ao tempo
que, por sedimentação da amos-
tra por no mínimo duas horas,
assegura a visualização de ovos e
cistos de parasitos entéricos.
134
O presente estudo objetivou a
criação de uma nova metodologia
que reunisse todas as vantagens
acima descritas como proposta
inovadora para análise laborato-
rial, visando o diagnóstico das
doenças parasitárias.
Materiais e Métodos
Local da coleta
O local selecionado para cole-
ta foi o bairro do Salobrinho, lo-
calizado no Km 16 da rodovia Ilhé-
us - Itabuna.
Local do processamento
As amostras foram processadas
no Laboratório de Parasitologia da
Universidade Estadual de Santa Cruz
(UESC), no período de novembro
de 2002 a novembro de 2003.
Avaliação do espaço físico
Houve simulação de ocupação
do espaço físico aplicada aos três
métodos em bancada do labora-
tório de Parasitologia da UESC.
Esta bancada de 2m de compri-
mento por 80cm de largura com-
portou 36 aparelhos de Baer-
mann-Moraes, ao passo que, nes-
te mesmo espaço, foram com-
portados 160 cálices com capaci-
dade de 125 mL para Sedimen-
tação Espontânea, tal qual o mé-
todo de Mariano & Carvalho.
Análise das amostras
Foram analisadas amostras fe-
cais provenientes de 600 indiví-
duos pelos métodos de Sedimen-
tação Espontânea, Baermann-
Moraes e Mariano & Carvalho, no
laboratório de Parasitologia da
UESC. Cada paciente teve o seu
material analisado em triplicata,
para que se procedesse a compa-
ração da eficácia do método pro-
posto em relação aos demais.
Procedimento
Cada amostra foi devidamente
homogeneizada e distribuída se-
paradamente em três copos des-
cartáveis identificados como
amostras A1, A2 e A3. Às amos-
tras A2 e A3 foram aplicados, res-
pectivamente, os métodos de Ba-
ermann-Moraes e Sedimentação
Espontânea conforme descrito nos
livros textos de Parasitologia. À
amostra A1 foi aplicada a meto-
dologia de Mariano & Carvalho,
descrita a seguir:
Acrescenta-se água a 45ºC a
10g de fezes, homogeneizando e
filtrando através de um tamis pre-
parado com gaze dobrada em qua-
tro, acoplado a um cálice cônico
de sedimentação (125mL), sendo
que uma porção da amostra fecal
é deixada sobre a gaze e o volume
completado com água à mesma
temperatura até que toque a base
do tamis e, consequentemente, as
fezes. Deixa-se em repouso por,
no mínimo, uma hora, removendo
a seguir o tamis e deixando sedi-
mentar por mais uma hora. Em
seguida, despreza-se o líquido so-
brenadante tendo o cuidado de não
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perder o sedimento. Findo este Análise de ovos comparando os Das 600 amostras, 195 foram
tempo, tantas vezes forem neces- métodos de Baermann-Moraes negativas para os métodos de MC
sárias, tantos procedimentos de (BA), Sedimentação Espontânea e BA (32,5%) e 21 foram positi-
lavagem serão realizados. Passa- (SE) e Mariano & Carvalho (MC) vas para os dois métodos (3,5%),
das 24h, alíquotas dos sedimen-
tos serão colocadas sobre lâminas, Tabela 1. Resultados de 600 amostras para detectar
coradas pelo lugol, com posterior cistos por dois métodos
observação microscópica. Método de SE
Método de MC Total
Negativo Positivo
Análise estatística Nº % Nº % Nº %
A análise estatística foi reali- Negativo 285 47,5 2 0,3 287 47,8
zada conforme o método de Mc- Positivo 5 0,8 308 51,4 313 52,2
Nemar (Siegel, 1975).
Total 290 48,3 310 51,7 600 100,0

Resultados Tabela 2. Resultados de 600 amostras para

detectar ovos pelos métodos de MC e BA
Análise de cistos comparando os Método de BA
métodos de Sedimentação Espontâ- Método de MC Total
Negativo Positivo
nea (SE) e Mariano & Carvalho (MC) Nº % Nº % Nº %
Negativo 195 32,5 1 0,2 196 32,7
Das 600 amostras, 285 foram
Positivo 383 63,8 21 3,5 404 67,3
negativas para os dois métodos
Total 578 96,3 22 3,7 600 100,0
(47,5%), 308 foram positivas para
os dois métodos (51,4%), duas Tabela 3. Resultados de 600 amostras para
foram detectadas apenas pelo detectar ovos pelos métodos de MC e SE
método de SE (0,3%) e cinco ape- Método de SE
nas pelo método de MC (0,8%), Método de MC Total
Negativo Positivo
ou seja, um erro de concordância
Nº % Nº % Nº %
total de 1,1% conforme ilustram
Negativo 195 32,5 1 0,2 196 32,7
a Tabela 1 e a Figura 1.
Positivo 1 0,2 403 67,2 404 67,3
Para testar se existe diferença
Total 196 32,7 404 67,3 600 100,0
entre as não concordâncias dos
dois métodos, foi utilizado o Tes- Tabela 4. Resultados de 600 amostras para
te de Mcnemar (não paramétrico) detectar ovos pelos métodos de BA e SE
para amostras emparelhadas. Se-
Método de SE
gundo esse teste, o nível de dis- Método de BA Total
Negativo Positivo
cordância entre os métodos não
Nº % Nº % Nº %
foi estatisticamente significativo
Negativo 195 32,5 383 63,8 578 96,3
(p = 0,453). Logo, podemos con-
Positivo 1 0,2 21 3,5 22 3,7
cluir que ambos os métodos têm
Total 196 32,7 404 67,3 600 100,0
eficiência similar.

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 Tabela 5. Resultados de 600 amostras para dância entre os métodos de MC
detectar larvas pelos métodos de MC e BA e SE (p = 1,000). Logo, pode-
mos concluir que ambos os mé-
Método de BA
Método de MC Total todos têm eficiência similar para
Negativo Positivo
detectar ovos. Todavia, essa dis-
Nº % Nº % Nº %
cordância entre os métodos de
Negativo 492 82,0 1 0,2 493 82,2
MC e BA e entre BA e SE foi al-
Positivo 3 0,5 104 17,3 107 17,8
tamente significativa (p = 0,000)
Total 495 82,5 105 17,5 600 100,0
para ambos os casos, ou seja, o
Método de BA, como já é sabi-
Tabela 6. Resultados de 600 amostras para
do, é inferior aos outros dois
detectar larvas pelos métodos de MC e SE
métodos para detectar ovos.
Método de SE
Método de MC Total
Negativo Positivo
Pesquisa de larvas comparando
Nº % Nº % Nº % os métodos de Baermann-Moraes
Negativo 492 82,0 1 0,2 493 82,2 (BA), Sedimentação Espontânea
Positivo 25 4,2 82 13,7 107 17,8 (SE) e Mariano & Carvalho (MC)
Total 517 86,2 83 13,8 600 100,0 Das 600 amostras, 492 foram
negativas para os métodos de MC
Tabela 7. Resultados de 600 amostras para
e BA (82,0%), 104 foram positi-
detectar larvas pelos métodos de BA e SE
vas para os dois métodos
Método de SE (17,3%), um foi detectado ape-
Método de BA Total
Negativo Positivo nas pelo método de BA (0,2%) e
Nº % Nº % Nº % três apenas pelo método de MC
Negativo 491 81,8 4 0,7 495 82,5 (0,5%), ou seja, um erro de con-
Positivo 26 4,4 79 13,1 105 17,5 cordância de 0,7% conforme mos-
Total 517 86,2 83 13,8 600 100,0 tra a Tabela 5.
Já quando se compara o mé-
um foi detectado apenas pelo 403 foram positivas (67,2%), um todo de MC com o método de SE,
método de BA (0,2%) e 383 ape- foi detectado apenas pelo méto- encontram-se maiores discre-
nas pelo método de MC (63,8%), do de SE (0,2%) e, apenas um pâncias. Das 600 amostras, 492
ou seja, um erro de concordância pelo método de MC (0,2%), ou (82,0%) foram negativas para os
de 64,0% conforme mostra a Ta- seja, um erro de concordância in- dois métodos, 82 foram positi-
bela 2, o que pode ser considera- significante de 0,4% conforme va s p a ra o s d o i s m é t o d o s
do muito alto. mostra a Tabela 3. (13,7%), um foi detectado ape-
Já quando se compara o méto- Discrepâncias maiores foram nas pelo método de SE (0,2%) e
do de MC com o método de SE, encontradas entre os métodos de 25 apenas pelo método de MC
praticamente não se encontram BA e o de SE, conforme Tabela 4. (4,2%), ou seja, um erro de con-
diferenças significativas. Das 600 Aplicando o teste de McNe- cordância de 4,4% conforme
amostras, 195 (32,5%) foram mar, foi verificado que não exis- mostra a Tabela 6. Discrepânci-
negativas para os dois métodos, te diferença no nível de discor- as similares são observadas

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Figura 1. Resultados de 600 amostras para detectar cistos pelos dois métodos
quando se comparam os resul- ência do método de Mariano &
tados do método de BA com o Carvalho para obtenção de es-
de SE, conforme Tabela 7. truturas parasitárias como cistos
Aplicando o teste de McNemar, de protozoários, ovos e larvas de
foi verificado que não existe dife- helmintos para utilização na ro-
rença no nível de discordância en- tina laboratorial. A interpretação
tre os métodos de MC e BA (p = dos resultados é tarefa fácil,
0,625; ver Tabela 5). Logo, pode- comprovando a eficiência da me-
mos concluir que ambos os méto- todologia proposta.
dos têm eficiência similar. Todavia, O método de Mariano & Car-
essa discordância entre os méto- valho surgiu da necessidade de
dos de MC e SE foi significativa (p reunir numa metodologia a prati-
= 0,000; ver Tabela 6), ou seja, o cidade no manuseio, baixo custo
Método de MC é superior ao méto- e melhor aproveitamento do es-
do de SE para detectar larvas e paço físico, tal qual Sedimentação
outras formas evolutivas. O mes- Espontânea, bem como melhor
mo acontece quando se compara qualidade na obtenção de larvas
os métodos de BA e SE, sendo o de namatódeos, tal qual Baer-
primeiro superior ao segundo (p = mann-Moraes. Em suma, condi-
0,000; ver Tabela 7). ções favoráveis ao desenvolvi-
mento da técnica e os princípios
extraídos das duas metodologias
Discussão utilizadas em laboratório clínico,
resultaram na mais nova propos-
Com base nos resultados ta de exame coproparasitológico
apresentados é notória a efici- que oferece maior segurança e
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confiabilidade nos resultados ob-
tidos, aumentando, sobretudo, a
possibilidade do achado de larvas
mesmo em condições de baixa
parasitemia, em função da utili-
zação de água a 45°C. Faz-se ne-
cessário ressaltar a importância
do achado de estruturas em está-
gio larvar nas condições apresen-
tadas, como Strongyloides ster-
coralis, por exemplo, onde sua
identificação fará com que medi-
camentos imunossupressores te-
nham restrições na administração.
Suspeita-se que estes medica-
mentos influenciem na ecdise das
larvas, o que resultaria em matu-
ridade das mesmas mais rapida-
mente, ocorrendo uma exacerba-
ção da auto-infecção interna, com
grande produção de larvas e fê-
meas partenogenéticas que po-
dem se disseminar por todo o or-
ganismo do paciente, levando-o a
óbito, quadro este denominado
como síndrome da hiperinfecção
(Neves, 2000). Isso acontece por-
que essas drogas, entre seu me-
tabólitos, formam produtos seme-
lhantes à hidroxiecdisona, pois
quase todos os casos fatais de
estrongiloidose seguiram-se à
medicação com corticosteróides,
ou ocorreram em pacientes com
tumores produtores de ACTH.
Adicionalmente, é importante
fazer referência às doenças que
deprimem o sistema imune, como
em casos de infecção pelo vírus
da AIDS, por exemplo, conside-
rando que provavelmente pelo
139
efeito negativo em muitos meca-
nismos de proteção, estes deter-
minam maior prevalência desta
parasitose. Sendo assim, a utili-
zação de métodos sensíveis e es-
pecíficos para diagnóstico de lar-
vas é de extrema relevância.
É importante considerar a efi-
ciência dos métodos de Sedi-
mentação Espontânea, como
método de concentração, e Ba-
ermann-Moraes, como método
específico para larvas. Ademais,
vale mencionar a observação de
Santos e cols. (2003), onde con-
cluem que não existe um méto-
do capaz de evidenciar todos os
ovos ou larvas de helmintos e
cistos ou trofozoítos de proto-
zoários intestinais. Entretanto,
o Método de Mariano & Carva-
lho vem oportunizar a união dos
respectivos princípios, e em es-
pecial, melhorar a qualificação
na detecção de formas evoluti-
vas parasitárias.
Agradecimentos
A todos os estagiários e mo-
nitores do laboratório de Para-
sitologia da Universidade Esta-
dual de Santa Cruz que torna-
ram possível a realização des-
ta pesquisa.
Correspondência para:
Maria Lena Mariano
lena@uesc.br
Sílvia Carvalho
sissacarvalho@yahoo.com
140
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