“Neste momento, no lugar preciso em que tu te encontras,
há uma coisa que leva teu nome; tu és teu único proprietário, mas faz muito tempo que perdeste as chaves. Por isso permaneces fora e só conheces a fachada; não vives nela. Esta casa, albergue de tuas recordações esquecidas e rechaçadas... é teu corpo, a casa-que-tu-não-habitas” (Betherat)
Atitudes de fundo para entrar em oração
* Escuta profunda de si mesmo, de seu corpo, da palavra; melhores níveis de
receptividade, de estar aber- to e atento. * Confiança básica: em seu próprio organismo, como lugar de sabedoria que proporciona recursos nem sempre utilizados. * Paz e tranquilidade: como opostos à inquietude e aceleração. Isso se traduz em saber esperar, dar tem- po ao tempo, ritmo pausado em toda a experiência, saborear internamente os conteúdos e os afetos, e uma transferência de tudo isso ao diálogo com Deus. Passos para a oração, a partir do enfoque corporal:
1. Fazer-se presente a si mesmo: facilidade com que as pessoas se colocam
na presença de Deus quan- do são capazes de se colocar na presença de si mesmas; dar-se conta de seu corpo, seus sentimentos, seus desejos... Isto ajuda de forma imediata a passar de uma atenção mental a uma atenção corporal, e de uma atenção externa a uma interior. 2. Preparação imediata à oração: significa afastar da mente e do corpo os assuntos, problemas ou preo- cupações que podem servir de distração; por outra parte, ajuda a concentrar o foco da atenção em um só ponto. 3. Como experiência do próprio espaço interior positivo, onde a pessoa é mais ela mesma, para além de seus resultados e problemas e onde ela pode sentir o contato com Deus de forma benevolente e positiva; onde a experiência da auto-estima se vive como dom e como reflexo de ter sido feito à imagem de Deus; é o espaço que se vive como “lugar”, como “presença” e como conexão com o que é a autêntica intimidade. O corpo é a sede da sabedoria corporal. Trata-se de uma sabedoria que é sensorial (como registro imediato da realidade), pré-verbal (prévias às representações mentais), e globalizante (mais além do detalhe e diferente da some deles). Essa sabedoria corporal nos proporciona uma informação que vai mais além do raciocínio ordinário; ao mesmo tempo potencia um tipo de sensibilidade rica em matizes. O corpo é o lugar da atenção corporal. Nossa atenção se põe aí e a partir daí. Aí, no corpo, em suas diversas sensações, que são os registros sensíveis da realidade. E também, aí-no-centro do organismo, onde se dá um registro da globalidade da sensação que é fonte de significados. A partir daí, isto é, ao pensar, ver, escutar ou observar...fazemo-nos conscientes a partir do centro do corpo, notando os registros corporais. O corpo como veículo de viver o presente. Nesta sabedoria corporal encontramos o dado do imediato presente, de como o aqui e agora afeta a nossa realidade sensorial. Mas esse presente está afetado por uma história, um sabor, uma pegada que faz com que agora se viva de uma determinada maneira e não de outra (passado). E por outra parte, a vivência deste presente aponta uma direção significativa para frente (futuro).