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Compensação de Reativos e

Filtragem de Harmônicos em

Sistemas Elétricos de Potência

Elaborado pelo Engº Paulo Henrique Tavares

Campinas, setembro de 2008.

Curso Compensação de Reativos e Filtragem de Harmônicos em Sistemas Elétricos de Potência


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1 Objetivo:........................................................................................................... .................5

2 Fundamentos: ................................................................................................................... 6
2.1 Causas do baixo fator de potência: ............................................................................ 7
2.2 Cargas que possuem baixo fator de potência:............................................................ 8
2.3 O capacitor e a correção do fator de potência: ........................................................... 8
2.4 Aplicação numérica: ................................................................................................. 10

3 Técnicas para a correção do fator de potência ............................................................... 13


3.1 Capacitores Instalados junto a motores.................................................................... 14

3.1.1 Potência do capacitor para a compensação de motores: ................................... 21

3.1.2 Maneiras de conexão: Bancos de capacitores junto a motores.......................... 24

4 Manobra e Proteção de Capacitores:.............................................................................. 48


4.1 Condutores de alimentação: ..................................................................................... 48
4.2 Equipamentos de manobra:...................................................................................... 49

4.2.1 Cálculo da Corrente de Energização - Inrush..................................................... 49

4.2.2 Amortecimento da corrente transitória de energização: ..................................... 56

4.2.3 Importância do cálculo da corrente de energização: .......................................... 57


4.3 Proteção de bancos de capacitores:......................................................................... 58
4.4 Transitórios de energização de grandes bancos de capacitores: ............................. 60

5 Harmônicos em sistemas de potência – definições, causas e consequências ............... 71


5.1 Histórico:................................................................................................................... 73
5.2 A série de Fourier: .................................................................................................... 74
5.3 Potências em regime não senoidal........................................................................... 85

5.3.1 Generalização da Expressão da Potência Instantânea ...................................... 86


5.4 Wavelet:.................................................................................................................... 91
5.5 Tipos de cargas geradoras de harmônicos e suas características: .......................... 92
5.6 Harmônicas características....................................................................................... 97
5.7 Principais índices de susceptibilide das cargas: ....................................................... 98
5.8 Legislação, Normas e Limites:................................................................................ 104

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6 Componentes Simétricos [50], [51], [52]: ...................................................................... 113
6.1 Definições: .............................................................................................................. 113
6.2 Harmônicos e os componentes simétricos ............................................................. 118

7 Dimensionamento de Filtros Harmônicos em Sistemas Elétricos de Potência: ............ 125


7.1 O fenômeno da ressonância:.................................................................................. 126
7.2 Modelamento de componentes para o estudo de harmônicos: .............................. 130
7.3 Filtragem dos Harmônicos ...................................................................................... 131

7.3.1 Filtros passivos................................................................................................. 132

7.3.2 Critério para o dimensionamento de filtros harmônicos.................................... 134

7.3.3 Critério avançado para o dimensionamento de filtros harmônicos ................... 135

7.3.4 Representação do sistema ............................................................................... 136

7.3.5 Efeito da resistência AC do sistema nas baixas frequências ........................... 137

7.3.6 Diagramas de impedância ................................................................................ 137


7.4 Filtros sintonizados ................................................................................................. 138

7.4.1 Aproximação gráfica......................................................................................... 141


7.5 Filtros amortecidos ................................................................................................. 142

7.5.1 Tipos de filtros amortecidos.............................................................................. 143

7.5.2 Dimensionamento de filtros amortecidos.......................................................... 144


7.6 Características dos componentes dos filtros harmônicos ....................................... 146

8 Simulações e Projetos .................................................................................................. 148

8.6.1 Projeto: Banco de capacitores dessintonizado ................................................. 157

8.6.2 Análise, detalhamento e projetos: .................................................................... 161

Correção do fator de potência, sem filtragem:.................................................. 162

Correção do fator de potência - com filtro amortecido e banco de capacitores


dessintonizado:.......................................................................................................... 165

Correção do fator de potência - com filtro passa baixa e banco de capacitores:179

Sistema de médio porte - com filtros passa baixa, banco de capacitores


dessintonizado e banco de capacitores em média tensão: ....................................... 192

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9 Sistema de Correção de Reativos e Filtragem de Harmônicos – Especificações......... 210

10 Conclusão ................................................................................................................... 225

11 Referências Bibliográficas........................................................................................... 226

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1 Objetivo:

O objetivo deste curso é o de fornecer os subsídios técnicos mínimos para o


dimensionamento e aplicação de capacitores em sistemas de potência, e em especial
plantas com concentração de cargas geradoras de harmônicos. Porém, não é possível
cobrir todas as situações de levantamento de dados no campo bem como todas as
alternativas de engenharia necessárias à aplicação de capacitores, incluindo a mitigação
dos efeitos harmônicos.

Na prática, a experiência do profissional e o bom senso, sempre com o apoio das normas
técnicas nacionais como ABNT, e internacionais como IEC, NEMA, ANSI/IEEE, DIN/VDE,
são sempre necessárias para o desenvolvimento do projeto da compensação de reativos.

As normas devem sempre serem consultadas, pois definem os requisitos mínimos para a
fabricação, projeto e aplicação de todos os equipamentos elétricos, e em especial a
Correção do Fator de Potência e a Filtragem de Harmôncos.

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2 Fundamentos:

O sistema elétrico equilibrado, contendo apenas componentes de frequência fundamental,


pode ser definido como um conjunto de grandezas expressas por formulações básicas:

V (t ) = VM Sen(ωt + α ) (2.1)
I (t ) = I M Sen(ωt + β ) (2.2)
Z = R + jX (2.3)

onde:
V(t) = tensão instantânea da fonte de alimentação - V
VM = tensão máxima da fonte de alimentação (por se tratar de um valor puramente
senoidal é equivalente ao valor rms x 2 ) - V
ωt = frequência angular da onda senoidal (para 60 hz = 377 = 2 π f) – rad/s
α = ângulo de fase inicial da tensão senoidal - rad
β = ângulo de fase inicial da corrente senoidal - rad
I(t) = Corrente instantânea consumida pela carga (Z) - A
IM = Corrente máxima consumida pela carga (por se tratar de um valor puramente
senoidal é equivalente ao valor rms x 2 ) - A
φ = ângulo de fase da corrente – é ocasionado pela característica da carga alimentada - rad
Z = impedância da carga - Ω
R = componente resistiva da carga - Ω
X = componente (indutiva ou capacitiva) da carga - Ω

Pela lei de Ohm, em valor eficaz e regime permanente, temos:

V∠α V∠α − φ
I∠β = = (2.4)
R + jX Z
Z= (R 2
+X2 ; ) (2.5)
⎛X⎞
φ = arctan⎜ ⎟ (2.6)
⎝R⎠

As potências podem ser encontradas facilmente por:

S = V x I (VA) (2.7)
Q = V x I x senφ (var) (2.8)
P = V x I x cosφ (var) (2.9)

Se o circuito for trifásico e equilibrado, basta multiplicar os valores das potências (de fase)
por 3 que se obtém as potências trifásicas.

O cosφ é chamado fator de potência e φ, que é o ângulo de impedância da carga é


conhecido como ângulo do fator de potência; se α=0, β=φ e o ângulo da corrente é igual ao
ângulo da carga. O esquema elétrico e diagramas encontram-se na figura 2.1.

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I V I
Z=R+jX ϕ ϕ
R I V
V ~ jX
α
α−ϕ α
0 0
Fator de Potência Indutivo Fator de Potência Capacitivo

Circuito Diagrama Fasorial


Figura 2.1

2.1 Causas do baixo fator de potência:

A causa do baixo fator de potência está diretamente ligada à característica física dos
circuitos magnéticos - não devemos confundir o fator de potência de circuitos puramente
senoidais dos que possuem distorções harmônicas, e que serão devidamente vistos no item
5. Devido o princípio de armazenagem de energia na forma de corrente, os circuitos
magnéticos provocam um deslocamento de -90º na corrente que o atravessa, com relação
à tensão sob este circuito.

R1 X1 R2 X2

I1 Iϕ I2

R2
s
g bm
V1 c

Figura 2.2

Para um circuito RL série em regime permanente (como o da figura 2.1), a corrente que
circula pela impedância jX está defasada de –90º da tensão sob este indutor.

Como exemplo, podemos citar os motores elétricos. Eles possuem uma reatância de
dispersão (X1), uma susceptância de magnetização (bM) e uma reatância X2 devido entre
ferro entre rotor e estator, conforme figura 2.2 (circuito equivalente para um motor de
indução polifásico). A combinação dessas impedâncias provoca o deslocamento da corrente
I1 de um valor α< 90º com ralação a tensão de armadura E1 – Maiores detalhes sobre
motores será visto no item 3.

Considerando apenas as cargas lineares, como motores e transformadores (não saturados)


o fator de potência pode ser resumido como a relação entre a potência ativa (W) desta
carga e sua potência aparente (VA).

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P V . I . 3 . cos φ
Fica claro que se a carga é resistiva, = (2.10)
S V .I . 3
sendo φ = 0º ⇒ cosφ = 1.

2.2 Cargas com baixo fator de potência:

De uma maneira geral, as cargas que possuem baixo fator de potência são aquelas que
necessitam de campos magnéticos para seu funcionamento. Podemos citar os motores de
indução em geral, transformadores, reatores para lâmpadas fluorescentes 1 , lâmpadas de
descarga 1, fornos de indução 1, entre outros.

2.3 O capacitor e a correção o fator de potência:

O capacitor é um elemento passivo que possui como característica a capacidade de


armazenamento de energia na forma de tensão, pelo princípio físico da eletrostática.

O capacitor quando ligado a um circuito elétrico provoca um deslocamento na tensão (com


relação à corrente circulante por ele) em +90º, ou seja: Se somente um capacitor estiver
conectado a um circuito elétrico a tensão estará adiantada de 90º com relação a corrente. A
figura 2.3 ilustra esta situação.

I I
α
V ~ C 0
Fator de Potência Capacitivo
V

Diagrama elétrico Diagrama fasorial


Figura 2.3

1
Será visto no item 5 que há uma diferença entre fator de deslocamento e fator de potência; as cargas que absorvem
correntes não senoidais (inversores, soft-starters, lâmpadas de descarga, etc) possuem baixo fator de potência enquanto
as demais cargas motoras tem baixo fator de deslocamento.
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Formulação básica para cálculo com capacitores:

QCARGA = ∑ VL xI L x sen φ (2.11)


S = ∑ VL xI L (2.12)
P = ∑ VL xI L x cos φ (2.13)
e para um circuito equilibrado,
S = VLL xI L x 3 (2.14)

Onde:
VL a tensão de linha em volts
IL a corrente de linha em ampères
φ (ou α) o ângulo de impedância da carga.
Q a Potência reativa da carga (ou do capacitor) - var
S a Potência aparente da carga - VA
P a Potência ativa da carga - kW

Cálculo do capacitor: Toma-se o fator de potência original da instalação φ1 e a potência ativa


do circuito (P). Determina-se qual o fator de potência mínimo desejado, que pela legislação
atual [4] é 0,92 - (φ 2 ) . O cálculo do capacitor segue a fórmula abaixo.

QCAPACITOR = Px(tan(arccos(φ1 ) − tan(arccos φ 2 ) )


Pela figura 2.4 abaixo, verifica-se facilmente pela somatória vetorial que potência reativa
capacitiva compensa parte (ou totalidade) da potência indutiva do circuito.

Com a compensação , a potência aparente S fornecida pela fonte passa a ser reduzida.

S S
A 1 A 1
pa (k pa (k
re VA re VA
Q (kVAR)

Q (kVAR)
Indutivo

Indutivo

nt ) nt ) S
e e Ap2 (kV
φ1 φ1 are A)
nte
Q2 (kVAR)
Indutivo

φ2

P (kW) P (kW) P (kW)


Capacitivo
Q (kVAR)

Ativo Ativo Ativo

Diagrama fasorial Diagrama Diagrama fasorial


sem correção fasorial com após correção
banco de
capacitores
Figura 2.4

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2.4 Aplicação numérica:

Supor uma determinada instalação elétrica, com transformador (T1) de 300 kVA, conforme
figura 2.5, com as seguintes características:

S = 150 kVA P = 90 kW
VFF = 220 V
90 150kVA
FP = = 0,60 indutivo I= = 394 A
150 220 x 3
QL = 150 . sen φ = 120 k var

A potência reativa capacitiva necessária é:


QCAPACITOR = 90 x(tan(arccos(0,60)) − tan(arccos(0,92)) ) - ou utilizando o fator de multiplicação da
tabela 2.1 resulta:

QCAPACITOR = 82 kvar

Onde, por uma questão de padronização utiliza-se 85 kvar.

O sistema visto a partir da barra de saída do transformador ficará com os seguintes valores
em regime permanente:
S= P 2 + (QL − QC ) ⇒ S = 90 2 + (120 − 85) ⇒ S = 97 kVA
2 2
P = 90 kW
QL2 = 120-85 = 35 kvar
P 90 S2 97
FP = = = 0,928 I L 2 = = = 255 A
S 2 97 220 x 3 220 x 3

Redução de S ΔS=150-97 = 53 kVA ΔS (%) = 35,33%


Redução de IL ΔL= 394-255 = 139 A ΔS (%) = 35,28%

Graficamente o sistema pode ser representado para as duas situações (antes e após a
correção do fator de potência), como abaixo.
S1
=
QL =120kVAR

15
0 kV S2
φ1 A =9 7kV
A
QL2=35kVAR

φ
2

90 kW
Capacitivo
Q (kVAR)

90 kW

Diagrama Antes da correção Com capacitor


simplificado instalado
Figura 2.5

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TABELA 2.1 - PARA ELEVAÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA
Para determinar a quantidade de kvar necessários para a elevação do Fator de Potência de uma
determinada instalação , utiliza-se o seguinte procedimento:

Toma-se o Fator de Potência original da instalação, e localiza-se a linha correspondente na tabela


abaixo;
Procura-se a coluna que contenha o Fator de Potência desejado;
A interseção entre a linha e a coluna, contém o fator de multiplicação adequado;
Multiplica-se então o valor de Demanda em kW da carga pelo fator encontrado na tabela;
O valor obtido representa a Potência de capacitores ENGEMATEC® que deverão ser
instalados para a Correção do Fator de Potência.

FATOR DE POTÊNCIA DESEJADO


0,80 0,81 0,82 0,83 0,84 0,85 0,86 0,87 0,88 0,89 0,90 0,91 0,92 0,93 0,94 0,95 0,96 0,97 0,98 0,99 1,000
0,50 0,982 1,008 1,034 1,060 1,086 1,112 1,139 1,165 1,192 1,220 1,248 1,276 1,306 1,337 1,369 1,403 1,440 1,481 1,529 1,590 1,600
0,51 0,937 0,963 0,989 1,015 1,041 1,067 1,093 1,120 1,147 1,174 1,202 1,231 1,261 1,291 1,324 1,358 1,395 1,436 1,484 1,544 1,554
0,52 0,893 0,919 0,945 0,971 0,997 1,023 1,049 1,076 1,103 1,130 1,158 1,187 1,217 1,247 1,280 1,314 1,351 1,392 1,440 1,500 1,510
0,53 0,850 0,876 0,902 0,928 0,954 0,980 1,007 1,033 1,060 1,088 1,116 1,144 1,174 1,205 1,237 1,271 1,308 1,349 1,397 1,458 1,468
0,54 0,809 0,835 0,861 0,887 0,913 0,939 0,965 0,992 1,019 1,046 1,074 1,103 1,133 1,163 1,196 1,230 1,267 1,308 1,356 1,416 1,426
0,55 0,768 0,794 0,820 0,846 0,873 0,899 0,925 0,952 0,979 1,006 1,034 1,063 1,092 1,123 1,156 1,190 1,227 1,268 1,315 1,376 1,386
0,56 0,729 0,755 0,781 0,807 0,834 0,860 0,886 0,913 0,940 0,967 0,995 1,024 1,053 1,084 1,116 1,151 1,188 1,229 1,276 1,337 1,347
0,57 0,691 0,717 0,743 0,769 0,796 0,822 0,848 0,875 0,902 0,929 0,957 0,986 1,015 1,046 1,079 1,113 1,150 1,191 1,238 1,299 1,309
0,58 0,655 0,681 0,707 0,733 0,759 0,785 0,811 0,838 0,865 0,892 0,920 0,949 0,979 1,009 1,042 1,076 1,113 1,154 1,201 1,262 1,272
0,59 0,618 0,644 0,670 0,696 0,723 0,749 0,775 0,802 0,829 0,856 0,884 0,913 0,942 0,973 1,006 1,040 1,077 1,118 1,165 1,226 1,236
0,60 0,583 0,609 0,635 0,661 0,687 0,714 0,740 0,767 0,794 0,821 0,849 0,878 0,907 0,938 0,970 1,005 1,042 1,083 1,130 1,191 1,201
0,61 0,549 0,575 0,601 0,627 0,653 0,679 0,706 0,732 0,759 0,787 0,815 0,843 0,873 0,904 0,936 0,970 1,007 1,048 1,096 1,157 1,167
0,62 0,515 0,541 0,567 0,593 0,620 0,646 0,672 0,699 0,726 0,753 0,781 0,810 0,839 0,870 0,903 0,937 0,974 1,015 1,062 1,123 1,133
0,63 0,483 0,509 0,535 0,561 0,587 0,613 0,639 0,666 0,693 0,720 0,748 0,777 0,807 0,837 0,870 0,904 0,941 0,982 1,030 1,090 1,100
0,64 0,451 0,477 0,503 0,529 0,555 0,581 0,607 0,634 0,661 0,688 0,716 0,745 0,775 0,805 0,838 0,872 0,909 0,950 0,998 1,058 1,068
0,65 0,419 0,445 0,471 0,497 0,523 0,549 0,576 0,602 0,629 0,657 0,685 0,714 0,743 0,774 0,806 0,840 0,877 0,919 0,966 1,027 1,037
0,66 0,388 0,414 0,440 0,466 0,492 0,519 0,545 0,572 0,599 0,626 0,654 0,683 0,712 0,743 0,775 0,810 0,847 0,888 0,935 0,996 1,006
0,67 0,358 0,384 0,410 0,436 0,462 0,488 0,515 0,541 0,568 0,596 0,624 0,652 0,682 0,713 0,745 0,779 0,816 0,857 0,905 0,966 0,976
0,68 0,328 0,354 0,380 0,406 0,432 0,459 0,485 0,512 0,539 0,566 0,594 0,623 0,652 0,683 0,715 0,750 0,787 0,828 0,875 0,936 0,946
0,69 0,299 0,325 0,351 0,377 0,403 0,429 0,456 0,482 0,509 0,537 0,565 0,593 0,623 0,654 0,686 0,720 0,757 0,798 0,846 0,907 0,917
0,70 0,270 0,296 0,322 0,348 0,374 0,400 0,427 0,453 0,480 0,508 0,536 0,565 0,594 0,625 0,657 0,692 0,729 0,770 0,817 0,878 0,888
0,71 0,242 0,268 0,294 0,320 0,346 0,372 0,398 0,425 0,452 0,480 0,508 0,536 0,566 0,597 0,629 0,663 0,700 0,741 0,789 0,849 0,859
0,72 0,214 0,240 0,266 0,292 0,318 0,344 0,370 0,397 0,424 0,452 0,480 0,508 0,538 0,569 0,601 0,635 0,672 0,713 0,761 0,821 0,831
0,73 0,186 0,212 0,238 0,264 0,290 0,316 0,343 0,370 0,396 0,424 0,452 0,481 0,510 0,541 0,573 0,608 0,645 0,686 0,733 0,794 0,804
0,74 0,159 0,185 0,211 0,237 0,263 0,289 0,316 0,342 0,369 0,397 0,425 0,453 0,483 0,514 0,546 0,580 0,617 0,658 0,706 0,766 0,776
0,75 0,132 0,158 0,184 0,210 0,236 0,262 0,289 0,315 0,342 0,370 0,398 0,426 0,456 0,487 0,519 0,553 0,590 0,631 0,679 0,739 0,749
0,76 0,105 0,131 0,157 0,183 0,209 0,235 0,262 0,288 0,315 0,343 0,371 0,400 0,429 0,460 0,492 0,526 0,563 0,605 0,652 0,713 0,723
0,77 0,079 0,105 0,131 0,157 0,183 0,209 0,235 0,262 0,289 0,316 0,344 0,373 0,403 0,433 0,466 0,500 0,537 0,578 0,626 0,686 0,696
0,78 0,052 0,078 0,104 0,130 0,156 0,183 0,209 0,236 0,263 0,290 0,318 0,347 0,376 0,407 0,439 0,474 0,511 0,552 0,599 0,660 0,670
0,79 0,026 0,052 0,078 0,104 0,130 0,156 0,183 0,209 0,236 0,264 0,292 0,320 0,350 0,381 0,413 0,447 0,484 0,525 0,573 0,634 0,644
0,80 0,000 0,026 0,052 0,078 0,104 0,130 0,157 0,183 0,210 0,238 0,266 0,294 0,324 0,355 0,387 0,421 0,458 0,499 0,547 0,608 0,618
0,81 0,000 0,026 0,052 0,078 0,104 0,131 0,157 0,184 0,212 0,240 0,268 0,298 0,329 0,361 0,395 0,432 0,473 0,521 0,581 0,591
FATOR DE POTÊNCIA ORIGINAL

0,82 0,000 0,026 0,052 0,078 0,105 0,131 0,158 0,186 0,214 0,242 0,272 0,303 0,335 0,369 0,406 0,447 0,495 0,556 0,566
0,83 0,000 0,026 0,052 0,079 0,105 0,132 0,160 0,188 0,216 0,246 0,277 0,309 0,343 0,380 0,421 0,469 0,530 0,540
0,84 0,000 0,026 0,053 0,079 0,106 0,134 0,162 0,190 0,220 0,251 0,283 0,317 0,354 0,395 0,443 0,503 0,513
0,85 0,000 0,026 0,053 0,080 0,107 0,135 0,164 0,194 0,225 0,257 0,291 0,328 0,369 0,417 0,477 0,487
0,86 0,000 0,027 0,054 0,081 0,109 0,138 0,167 0,198 0,230 0,265 0,302 0,343 0,390 0,451 0,461
0,87 0,000 0,027 0,054 0,082 0,111 0,141 0,172 0,204 0,238 0,275 0,316 0,364 0,424 0,434
0,88 0,000 0,027 0,055 0,084 0,114 0,145 0,177 0,211 0,248 0,289 0,337 0,397 0,407
0,89 0,000 0,028 0,057 0,086 0,117 0,149 0,184 0,221 0,262 0,309 0,370 0,380
0,90 0,000 0,029 0,058 0,089 0,121 0,156 0,193 0,234 0,281 0,342 0,352
0,91 0,000 0,030 0,060 0,093 0,127 0,164 0,205 0,253 0,313 0,323
0,92 0,000 0,031 0,063 0,097 0,134 0,175 0,223 0,284 0,294
0,93 0,000 0,032 0,067 0,104 0,145 0,192 0,253 0,263
0,94 0,000 0,034 0,071 0,112 0,160 0,220 0,230
0,95 0,000 0,037 0,078 0,126 0,186 0,196
0,96 0,000 0,041 0,089 0,149 0,159
0,97 0,000 0,048 0,108 0,118
0,98 0,000 0,061 0,071
0,99 0,000 0,010

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Lembrando que o fator de potência da carga não é o fator de potência medido na entrada
primária do transformador, devemos tomar especial cuidado com o cálculo. É necessário
sempre compensar os reativos consumidos pelo transformador.

No exemplo numérico, a potência de 85 kvar refere-se apenas a compensação dos reativos


da carga; para compensar os reativos do transformador, seria necessário um capacitor de
12,5 kvar.

Como ficou evidente, a correção do fator de potência além de trazer o benefício da


eliminação de sobretaxas (multas) por demanda e reativos excedentes, conforme resolução
[4], reduz as perdas no sistema, como as provocadas pelo efeito joule.

No exemplo citado, a redução ficou em torno de 35% da potência da carga. Numa


instalação de grande porte, a redução poderá significar não somente a eliminação de
sobretaxas mas também a redução de investimentos em infra-estrutura como novos
transformadores, geradores, alimentadores e centros de carga. Reduz-se também a
potência ativa fornecida devido as perdas por efeito joule (I2.R) nos alimentadores, chaves,
etc.

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3 Técnicas para a correção do fator de potência

A correção do fator de potência pode ser executada em diversos locais da planta elétrica,
instalando os capacitores tanto solidário a motores ou equipametos, quanto locados nos
centros de carga ou quadro de distribuição geral.

A figura 3.1 ilustra a localização típica dos capacitores numa planta industrial.

C1 - Banco Automático de capacitores.

C2 - Correção solidária; compensação dos reativos consumidos pelo motor, com partida
por soft-start.

C3 - Correção solidária; compensação dos reativos consumidos pelo motor, com partida
por chave compensadora.

C4 - Correção solidária; compensação dos reativos consumidos pelo motor, com partida
por chave estrela / triângulo.

C5 - Correção solidária; compensação dos reativos consumidos pelo motor, com partida
direta.

C6 - Correção de grupos de motores.

C7 - Correção dos reativos consumidos pelo transformador.

MÉDIA TENSÃO

52

* A CORREÇÃO DE MOTORTES COM SISTEMA DE


PARTIDA POR SOFT-START SÓ É POSSÍVEL SE
EXISTIR O CONTATOR DE BY-PASS. QGBT BAIXA TENSÃO

PARTIDA PARTIDA PARTIDA PARTIDA


SOFT-START COMPENSSADORA Y/Δ DIRETA

M M M M M M M

Figura 3.1

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13
A localização dos capacitores que proporciona maiores benefícios é a que ocorre quando os
mesmos estão instalação junto a carga. Como a redução da potência aparente ocorre do
ponto de conexão do capacitor para a fonte de alimentação, se o capacitor for instalado
junto a carga, haverá uma redução de potência aparente até a fonte de energia; haverá uma
redução de corrente e consequentemente diminuição das perdas por efeito joule nos
barramentos, condutores e demais componentes.

Por exemplo: um condutor de 120 mm2 com comprimento de 50 m, acondicionado numa


eletrocalha metálica em trifólio, possui uma impedância Z=6,32+j4,84 mΩ ; se esse codutor
for atravessado por uma corrente de 152 A, sendo I = 91,2 + j121,6 A (cosφ = 0,60), a perda
em W deste condutor será:

P = R . I 2 ⇒ P = 6,32 e −3 . 1522 ⇒ P = 146,02W

A princípio parece uma potência muito baixa, mas se esta carga permancer conectada por
30 dias (720 h/mês), a energia perdida por efeito joule será:

Consumo = 146,02 x 720 ⇒ Consumo = 105,13 kWh, que é aproximadamente o consumo


de uma residência.

Com a correção do fator de potência, a corrente passará a ser:

I = 92,13 + j 38,90 A ⇒ I = 99,15 A


P = 6,32 e −3 . 99,152 ⇒ P = 62,13W

As perdas em 30 dias passam a ser de 44,70 kWh.

Obteve-se portanto uma redução de 57,5 % nas perdas.

3.1 Capacitores Instalados junto a motores

Características dos motores de indução:

Em geral, os motores de indução trifásicos possuem um fator de potência em torno de 0,87


- ou superior (motores de média potência ou maiores) quando operando com 100% de
carga. Motores de pequena capacidade (20 a 50 CV) possuem um fator de potência baixo
(menor que 0,85); porém, o fator de potência decresce com a redução da carga mecânica
solicitada do eixo. A potência reativa de um motor pode ser calculada através do modelo
elétrico simplificado da figura 3.2:
−1
⎛ 1 1 ⎞
Sendo: Z1 = R1 + jX 1 ; Z M = ⎜⎜ + ⎟⎟ (3.1)
⎝ bM jbM ⎠
R
Z 2 = 2 + jX 2 (3.2)
s

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14
R1 X1 X2

I1 Iϕ I2

R2
s
g bm
V1 c

Figura 3.2

Onde:

R1 = Resistência de dispersão do estator (Ω)


X1 = Reatância de dispersão do estator (Ω)
gC = Resistência de perdas de excitação (Ω)
bM = Reatância de magnetização (Ω)
R2 = Resistência do rotor referida ao estator (Ω)
X2 = Reatância do rotor referida ao estator (Ω)
s = escorregamemto

Curva de Fator de Potência

0,900

0,800

0,700

0,600
Fator de Potência

0,500

0,400

0,300

0,200

0,100

0,000
0,95

0,85

0,75

0,65

0,55

0,45

0,35

0,25

0,15

0,05
1

0,9

0,8

0,7

0,6

0,5

0,4

0,3

0,2

0,1

Carga no Motor (% de Pn)

Figura 3.3

A impedância de entrada vista pela fonte (V1) é:


−1
⎛ 1 1 ⎞
Zi = Z1 + ⎜⎜ + ⎟⎟ (3.3)
⎝ ZM Z2 ⎠

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15
Como a impedância Z2 é inversamente proporcional à carga conectada ao eixo, quanto
menor a carga, menor será o fator de potência do motor.

A variação do fator de potência de entrada (visto pela fonte V1) em função da variação de
carga aplicada ao eixo do motor pode ser verificada no gráfico da figura 3.3. O fator de
potência decresce com a redução da potência mecânica no eixo; o gráfico 3.4 mostra a
potência reativa Q consumida pelo motor para a mesma variação de carga.

A potência aparente consumida por um motor durante o processo de partida é um valor


extremamente alto, porém o fator de potência é muito baixo, na ordem de 0,15 a 0,30; visto
R
que o escorregamento s tende a infinito, o ramo 2 tende a zero e a impedância Z2 ficará
s
limitada a reatância do rotor (X2) referida ao estator. Na partida, a potência reativa
consumida pelo motor é um valor significativo, muito maior que a potência de regime
permanente, quando o motor atinge velocidade nominal. A figura 3.5 representa a variação
de potência reativa durante o processo de partida.

Na escolha do capacitor para a compensação de um motor, deve-se levar em consideração


não só as características elétricas, mas também as características mecânicas,
principalmente o momento de inércia (J - kg.m2) do conjunto motor-carga. Conjuntos com
alto momento de inércia devem ser adequadamente estudados; para a correção solidária,
quando se retira a tensão de alimentação, o motor passa a operar como um gerador
assíncrono, realimentando o banco de capacitores ocorrendo o fenômeno de autoexcitação.

Deve-se sempre limitar a potência reativa capacitiva solidária ao motor, com valor máximo
equivalente à potência consumido sem carga [6] - em regime permanente. Na prática limita-
se em 90% de S0 a potência do capacitor solidário, sendo S0 a potência em vazio do motor.
No exemplo citado (um motor de 10 cv, 4 pólos, FS de 1,00, fabricação conforme norma
IEC), para uma carga de 100 %, o valor máximo recomendado é de 2 kvar (para elevação
do fator de potência a 0,92).

O gráfico da figura 3.6 (extraído da referência [2] representa a curva típica de autoexcitação
de um motor de indução trifásico; a máxima potência reativa que deve ser instalada é a
representada em C4). Valores superiores poderão causar sobreexcitação no conjunto com
elevado aumento da tensão.

Como exemplo, considere a figura 3.7: Um motor de indução trifásico de média tensão, com
as seguintes características: Tensão 3φ de 6,00 kV; Potência Nominal de 1,38 MW; 10
pólos; Fator de Serviço de 1,00; Fator de potência a 100 % de carga = 0,85 indutivo; η a
100% de carga de 82%.

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16
Potência Reativa Q x Potência Ativa de Entrada

0,140

0,120

0,100
Potência reativa Q (PU)

0,080

0,060

0,040

0,020

0,000
0,95

0,85

0,75

0,65

0,55

0,45

0,35

0,25

0,15

0,05
1

0,9

0,8

0,7

0,6

0,5

0,4

0,3

0,2

0,1
Potência de entrada (PU)

Figura 3.4

Escorregamento x Potência reativa Q de entrada

1,200

1,000

0,800
Potêncai Reativa (PU)

0,600

0,400

0,200

0,000
0,96

0,92

0,88

0,84

0,76

0,72

0,68

0,64

0,56

0,52

0,48

0,44

0,36

0,32

0,28

0,24

0,16

0,12

0,08

0 04
1

0,8

0,6

0,4

0,2

Escorregamento (PU)

Figura 3.5

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17
180

%
43
160
C

C2
22%
Tensão (% de Vn)

%
B
140 0%

C4 15
10

C1
3
C
120

100
A

80

60

40

20

0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180

Corrente (% de In)
Figura 3.6

Figura 3.7

Com um banco de capacitores de 0,30 Mvar instalado solidário ao motor, a partir de uma
simulação digital [5], verifica-se uma sobretensão transitória quando do desligamento do
disjuntor 52.1. Esta sobretensão é esperada, visto que a inércia do conjunto motor-carga é
muito alta (1,90 kg.m2); neste caso o motor passa a operar como um gerador assíncrono
“realimentando” o banco de capacitores causando a sobretensão momentânea. Ver figura
3.8.

Como principais consequências da sobreexcitação, podem-se citar:

O “stress” no dielétrico de isolamento das bobinas do estator devida frequência e tensão a


qual motor estará submetido.

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Aumento do tempo de parada do motor; após o desligamento do disjuntor, a tensão
armazenada no capacitor permanecerá alimentando o motor por um período determinado
pela constante de tempo, dada pela associação série da reatância capacitiva e impedância
do motor. Quanto maior for a constante de tempo, maior será o tempo de parada do motor.

O aumento instantâneo da tensão sob o capacitor, caso a proteção não atue, poderá
provocar até um rompimento do dielétrico do isolante do filme do capacitor e neste caso
ocorrerá um “curto-circuito” interno à célula capacitiva podendo provocas sua queima (ou
⎛ ∂V ⎞
degradação prematura), devido a esta tensão instantânea de curta duração ⎜ ⎟.
⎝ ∂t ⎠
Quando a potência reativa Q do capacitor não puder ser alterada, principalmente em função
de perdas nas linhas de alimentação ou devido ao baixo fator de potência final da
instalação, algumas medidas podem ser adotadas, visando reduzir a autoexcitação:

Instalar o capacitor antes do circuito de manobra do motor – antes do contator ou disjuntor.

Instalar um contator ou disjuntor de manobra independente para o banco de capacitores;


este deverá ser manobrado sempre com o acionamento do motor.

Reduzir a resistência de descarga do capacitor: Por norma - [7], [8], [9], todo capacitor deve
possuir uma resistência de descarga associada. Para baixa tensão, a resistência deverá
reduzir a tensão armazenada sob o capacitor a 50 V em menos de 1 min, enquanto que nos
de média tensão este tempo se eleva a 5 min. Se bem que a redução do valor ôhmico
acarrete aumento das perdas por efeito joule, pode-se obter um valor otimizado. Para a
configuração da figura 3.9, o valor do resistor é calculado da seguinte maneira:

t
R≤ (3.3)
⎛U . 2 ⎞
C. ln⎜⎜ N ⎟

⎝ U R ⎠

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19
Conforme norma [7], onde:
t = tempo necessário para que a tensão UN atinja o valor UR (s).
R = Resistência de descarga (Ω)
C = Capacitância por fase (F)
UN = Tensão nominal da unidade (V)
UR = Máxima tensão residual permissível em função do nível de tensão (V).

Figura 3.9

Capacitores instralados junto a motores podem ser aplicados na redução das perdas no
sistema durante o processo de partida. Em geral, o fator de potência de um motor durante
o processo de partida situa-se em torno de 0,15 a 0,30 (conforme [6]). A corrente para a
partida direta de motores assíncronos varia, na maioria dos modêlos e nº de pólos de 4 a 10
vezes da corrente nominal – vide figuras 3.3, 3.4 e 3.5. Capacitores para esta aplicação são
usualmente dimensionados entre 2-3 vezes a potência (VA) nominal do motor. Neste caso,
parte da potência reativa (ou totalidade) do capacitor deverá ser desconectada ao final do
tempo de partida. Uma técnica alternativa é a utilização de múltiplos estágios capacitivos
durante a partida.

A figura 3.10 demonstra a redução de corrente com a pré-insersão de um banco de


capacitores na partida de um motor de indução trifásico. Verificar que na interseção das
duas curvas, o banco de capacitor foi desconectado, visto que a potência reativa do
capacitor se tornaria maior que a do motor, e neste caso poderia haver sobreexcitação
quando do desligamento do conjunto.

VELOCIDADE x CORRENTE DE PARTIDA


14
Partida sem capacitor
13

12

11

10
Partida com capacitor
9
CORRENTE (PU)

0
0,97
0,94
0,91
0,88
0,85
0,82
0,79
0,76
0,73

0,67
0,64
0,61
0,58
0,55
0,52
0,49
0,46
0,43

0,37
0,34
0,31
0,28
0,25
0,22
0,19
0,16
0,13

0,07
0,04
0,01
0,7

0,4

0,1
1

VELOCIDADE SÍNCRONA (%)

Figura 3.10

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20
3.1.1 Potência do capacitor para a compensação de motores:

Tendo-se disponível os dados característicos do motos como rendimento, potência nominal


, fator de potência, fator de serviço, é possível dimensionar o capacitor adequado para a
correção do fator de potência para uma dada condição de carga. São necessários os
seguintes dados:

PM = Potência mecânica no eixo do motor (cv ou hp)


η = Rendimento do motor para uma dada condição de carga
FP = Fator de potência do motor para uma dada condição de carga
V = Tensão de linha eficaz de alimentação do motor (V)
FS = Fator de serviço do motor

A potência de entrada do motor pode ser calculada da seguinte forma, considerando a


potência mecânica em hp:

P.746
SN = (VA) (3.4)
η.FP

A potência nominal e fator de potência correspondem a utilização de 100 % (sem aplicação


do fator de serviço)

P.746
P= (W) Potência elétrica de entrada do motor (3.5)
η

P.746
SN ' = .FS (VA) Na entrada considerando o fator de serviço (3.6)
η.FP

P
FP ' = FP corrigido para condição de utilização do fator de serviço (3.7)
SN '

A potência reativa Q passa a ser:

Q = [(tan(arccos( FP' )) ) − (tan(arccos(0,95)) )]xP (var)

A maioria dos fabricantes informa os valores de FP e η em função da potência mecânica


conectada ao eixo (como por exemplo 50%, 75% e 100%)

A tabela 3.1 abaixo representa os motores tipo Standard com fabricação conforme norma
IEC, podendo ser utilizada na maioria das aplicações, de baixa tensão até 600 Volts.

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21
CARGA CARGA CARGA
POTÊNCIA 50 % 75 % 100 %
(η) F.P. POT. Δi (η) F.P. POT. Δi (η) F.P. POT. Δi
(HP) (%) (cos φ) (KVAR) (%) (%) (cos φ) (KVAR) (%) (%) (cos φ) (KVAR) (%)
MOTORES DE 8 PÓLOS - 900 RPM
1 59,30 0,50 0,85 46,39 64,10 0,60 0,85 36,13 65,10 0,68 0,85 28,38
1,5 60,00 0,46 1,70 53,39 64,80 0,55 1,70 43,69 67,70 0,62 1,70 36,29
2 73,00 0,50 1,70 49,82 74,00 0,61 1,70 38,04 74,70 0,68 1,70 30,32
3 74,40 0,55 1,70 40,95 78,10 0,68 1,70 29,16 78,10 0,74 1,70 22,40
4 76,20 0,53 2,50 44,13 80,20 0,65 2,50 32,63 81,30 0,72 2,50 25,12
5 77,70 0,55 3,40 44,68 81,50 0,67 2,50 28,39 82,70 0,73 2,50 21,83
7,5 83,40 0,51 5,00 48,04 85,90 0,63 5,00 35,66 86,30 0,71 5,00 27,28
10 84,50 0,51 6,70 48,24 86,60 0,64 6,70 35,10 86,80 0,72 5,00 22,92
12,5 82,00 0,70 5,00 29,27 84,90 0,77 5,00 21,09 86,60 0,82 5,00 15,84
15 85,60 0,69 5,00 28,24 87,00 0,78 5,00 18,92 87,30 0,83 5,00 13,77
20 86,00 0,76 5,00 21,10 87,00 0,82 5,00 14,19 87,40 0,85 5,00 10,59
25 85,90 0,58 12,50 40,15 88,30 0,69 10,00 25,23 88,80 0,75 10,00 19,05
30 87,60 0,65 12,50 33,82 89,20 0,74 12,50 23,83 89,40 0,82 10,00 14,41
40 89,40 0,76 10,00 21,55 90,20 0,82 10,00 14,51 90,90 0,85 10,00 10,88
50 88,80 0,73 15,00 25,24 90,50 0,80 15,00 17,26 91,00 0,85 12,50 10,89
60 89,00 0,73 17,50 24,92 90,50 0,79 17,50 17,43 91,70 0,81 20,00 15,10
75 90,70 0,71 22,50 26,60 92,20 0,78 22,50 18,39 92,70 0,81 25,00 15,21
100 89,00 0,66 35,00 31,04 91,50 0,75 35,00 21,49 92,60 0,79 37,50 17,28
125 90,00 0,69 40,00 28,41 92,00 0,75 45,00 21,91 92,60 0,79 45,00 16,83
150 90,00 0,62 60,00 35,26 92,90 0,74 50,00 21,47 92,80 0,79 50,00 16,01
175 91,00 0,65 60,00 31,50 93,10 0,75 50,00 19,04 93,80 0,81 50,00 13,79
200 92,00 0,56 95,00 41,41 93,80 0,70 80,00 25,85 94,70 0,75 85,00 20,73
250 91,10 0,64 90,00 32,78 92,90 0,75 80,00 20,53 93,90 0,80 80,00 15,32
300 92,40 0,65 100,00 31,28 93,80 0,74 100,00 21,60 94,00 0,80 100,00 15,76
MOTORES DE 6 PÓLOS - 1200 RPM
1 68,00 0,53 0,85 46,33 72,00 0,64 0,85 35,63 72,50 0,72 0,85 27,13
1,5 69,10 0,52 1,25 47,81 72,20 0,66 1,25 34,06 73,20 0,72 1,25 27,25
2 66,90 0,52 1,70 47,52 71,50 0,64 1,70 35,52 73,50 0,72 1,70 27,30
3 70,00 0,54 2,10 44,48 73,80 0,64 2,50 35,77 76,60 0,72 2,50 27,58
4 76,30 0,58 2,50 41,54 79,00 0,69 2,50 30,06 79,40 0,76 2,50 22,66
5 79,50 0,58 2,50 38,61 81,90 0,68 2,50 28,04 82,50 0,75 2,50 21,09
7,5 82,90 0,62 3,40 35,95 84,20 0,73 3,40 24,67 84,40 0,78 3,40 18,82
10 84,00 0,58 5,00 39,81 85,20 0,70 5,00 27,62 85,80 0,75 5,00 21,56
12,5 85,50 0,66 5,00 32,45 87,00 0,77 5,00 21,32 87,50 0,82 5,00 15,89
15 88,00 0,58 7,50 40,52 89,00 0,71 7,50 27,66 89,00 0,78 5,00 15,88
20 87,50 0,57 10,00 40,96 89,00 0,71 7,50 23,63 89,00 0,78 7,50 17,23
25 88,60 0,81 5,00 16,49 89,30 0,87 5,00 10,37 89,40 0,90 5,00 7,34
30 88,70 0,77 7,50 20,89 90,00 0,84 7,50 13,56 90,20 0,86 7,50 10,44
40 89,00 0,74 10,00 22,47 90,40 0,81 10,00 14,96 90,60 0,84 10,00 11,22
50 87,80 0,74 12,50 22,30 90,00 0,81 12,50 14,92 91,20 0,84 12,50 11,27
60 90,00 0,81 12,50 17,06 91,20 0,85 12,50 11,74 91,70 0,87 12,50 8,90
75 90,00 0,70 22,50 27,00 91,50 0,80 17,50 14,75 92,10 0,85 15,00 9,28
100 90,20 0,70 27,50 25,71 92,20 0,78 25,00 16,27 92,70 0,84 20,00 9,61
125 91,50 0,70 35,00 26,22 92,80 0,80 30,00 15,20 92,90 0,84 27,50 10,38
150 91,00 0,69 45,00 27,62 92,30 0,79 40,00 16,66 93,00 0,83 40,00 12,35
175 91,50 0,68 55,00 28,87 92,50 0,78 50,00 17,87 93,70 0,83 45,00 12,09
200 90,40 0,68 60,00 27,93 92,50 0,78 55,00 17,42 93,70 0,83 55,00 12,69
250 92,70 0,65 85,00 31,67 93,70 0,76 80,00 20,23 94,00 0,80 85,00 15,97
300 93,00 0,66 95,00 30,11 94,50 0,76 90,00 19,52 94,50 0,81 90,00 14,35
350 93,00 0,62 120,00 32,98 94,70 0,73 120,00 22,52 94,90 0,79 120,00 16,57
400 93,70 0,71 110,00 25,86 94,50 0,79 110,00 17,26 94,70 0,83 110,00 12,78
450 93,90 0,70 125,00 26,49 94,70 0,78 125,00 17,82 95,00 0,82 125,00 13,28

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CARGA CARGA CARGA
POTÊNCIA 50 % 75 % 100 %
(η) F.P. POT. Δi (η) F.P. POT. Δi (η) F.P. POT. Δi
(HP) (%) (cos φ) (KVAR) (%) (%) (cos φ) (KVAR) (%) (%) (cos φ) (KVAR) (%)
MOTORES DE 4 PÓLOS - 1800 RPM
1 70,00 0,64 0,50 33,64 74,00 0,77 0,50 21,71 78,00 0,82 0,50 16,89
1,5 69,00 0,63 0,85 35,51 72,00 0,76 0,85 23,27 72,70 0,83 0,85 16,40
2 75,00 0,53 1,25 44,13 77,50 0,68 1,25 30,47 80,00 0,76 1,25 22,68
3 78,00 0,70 1,25 29,00 79,00 0,80 1,25 18,92 79,30 0,85 1,25 13,54
4 76,80 0,63 1,70 33,09 80,00 0,75 1,70 22,25 82,70 0,82 1,70 15,92
5 81,70 0,68 1,70 28,35 83,30 0,80 1,70 17,61 84,60 0,83 1,70 13,76
7,5 87,00 0,66 2,50 29,85 88,00 0,77 2,50 19,44 88,50 0,82 2,50 14,33
10 86,00 0,66 3,40 30,02 87,00 0,78 2,50 15,53 89,00 0,84 2,50 11,07
12,5 85,80 0,65 5,00 33,00 87,50 0,78 5,00 20,75 87,70 0,86 2,50 8,63
15 86,80 0,70 5,00 27,96 88,20 0,81 5,00 17,45 88,30 0,86 5,00 12,31
20 88,00 0,69 7,50 30,07 89,30 0,79 5,00 15,57 89,80 0,83 5,00 11,46
25 88,20 0,66 10,00 32,78 90,00 0,77 7,50 18,54 90,10 0,82 7,50 13,50
30 89,50 0,77 7,50 21,03 90,20 0,84 7,50 13,56 91,00 0,87 7,50 10,09
40 89,50 0,74 10,00 22,54 90,50 0,82 10,00 14,56 91,00 0,85 10,00 10,91
50 90,20 0,76 12,50 21,66 91,70 0,83 12,50 14,19 91,70 0,86 12,50 10,56
60 89,70 0,81 10,00 14,87 91,20 0,87 10,00 9,30 91,60 0,90 10,00 6,56
75 90,30 0,76 17,50 20,87 91,70 0,84 15,00 11,85 91,90 0,88 12,50 7,21
100 90,00 0,70 30,00 27,00 92,00 0,80 25,00 15,53 92,50 0,87 20,00 8,69
125 89,30 0,80 22,50 16,03 91,00 0,85 22,50 10,58 91,80 0,87 25,00 8,64
150 89,00 0,82 25,00 14,39 91,30 0,87 22,50 8,60 92,00 0,89 22,50 6,36
175 90,40 0,80 35,00 17,24 92,00 0,83 40,00 13,44 92,70 0,85 40,00 10,34
200 90,50 0,81 35,00 15,45 92,50 0,85 40,00 11,52 93,40 0,88 35,00 7,60
250 90,80 0,80 45,00 16,21 93,00 0,85 45,00 10,75 93,50 0,89 40,00 6,78
300 93,00 0,79 60,00 18,02 94,50 0,85 55,00 11,01 95,00 0,88 50,00 7,40
350 92,90 0,77 70,00 18,91 94,60 0,85 65,00 11,12 95,10 0,88 60,00 7,58
400 93,30 0,77 80,00 18,96 94,70 0,85 70,00 10,67 95,30 0,88 70,00 7,71
450 93,80 0,77 90,00 19,02 94,80 0,85 80,00 10,80 95,40 0,88 80,00 7,81
500 93,90 0,79 90,00 16,99 95,00 0,85 90,00 10,91 95,40 0,88 85,00 7,55
MOTORES DE 2 PÓLOS - 3600 RPM
1 65,20 0,62 0,50 33,61 71,00 0,75 0,50 22,47 74,50 0,83 0,50 15,73
1,5 70,00 0,78 0,50 20,75 74,50 0,85 0,50 13,22 75,70 0,87 0,50 10,77
2 77,00 0,73 0,85 26,86 78,00 0,82 0,50 13,05 80,50 0,89 0,50 8,40
3 78,50 0,66 1,70 33,81 80,00 0,77 1,70 22,91 81,50 0,84 0,85 11,19
4 81,50 0,70 1,70 29,66 82,50 0,80 1,70 19,33 84,00 0,86 1,70 13,45
5 79,00 0,74 1,70 24,59 82,00 0,82 1,70 16,31 84,50 0,88 1,70 10,93
7,5 84,00 0,73 2,50 25,71 86,50 0,80 2,50 17,84 86,50 0,87 2,50 11,58
10 84,00 0,77 2,50 20,35 86,50 0,85 2,50 12,72 87,00 0,88 2,50 9,31
12,5 85,80 0,82 2,50 15,75 87,20 0,86 2,50 10,63 87,50 0,89 2,50 7,64
15 87,50 0,78 3,40 19,15 89,50 0,85 3,40 12,23 89,50 0,89 2,50 6,78
20 88,20 0,75 5,00 21,90 90,70 0,84 5,00 13,59 91,00 0,86 5,00 10,48
25 89,50 0,78 5,00 18,03 90,50 0,85 5,00 11,32 90,50 0,88 5,00 8,21
30 90,20 0,80 5,00 15,29 91,00 0,86 5,00 9,67 91,00 0,88 5,00 7,18
40 87,00 0,82 7,50 15,27 90,00 0,85 7,50 10,79 91,00 0,88 7,50 7,84
50 89,00 0,80 10,00 17,08 91,10 0,85 10,00 11,40 92,20 0,87 10,00 8,67
60 86,50 0,84 10,00 13,22 90,00 0,89 7,50 6,80 91,00 0,91 7,50 4,91
75 89,00 0,85 10,00 11,24 91,30 0,88 10,00 7,55 92,50 0,90 10,00 5,54
100 90,00 0,85 12,50 10,81 92,10 0,90 10,00 5,51 93,10 0,91 10,00 4,16
125 86,20 0,80 25,00 16,75 89,50 0,85 22,50 10,44 91,40 0,88 20,00 6,95
150 89,00 0,82 25,00 14,39 91,40 0,86 25,00 9,68 92,70 0,88 25,00 7,27
175 89,20 0,84 25,00 12,21 91,60 0,86 30,00 9,90 92,90 0,87 35,00 8,72
200 90,00 0,84 30,00 12,69 92,40 0,87 30,00 8,69 93,30 0,90 25,00 5,28
250 90,00 0,86 30,00 10,12 91,00 0,89 30,00 6,63 92,50 0,90 30,00 5,07
300 91,00 0,90 25,00 6,52 92,70 0,92 25,00 4,27 93,80 0,93 25,00 3,16
350 91,80 0,90 25,00 5,82 93,80 0,92 25,00 3,79 94,00 0,93 25,00 2,77

Para determinar a quantidade de kVAr necessários à compensação junto a motores de


indução trifásicos de gaiola, siga a tabela. Aplicável para tensões de 220 V a 600 V – 60 Hz.

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3.1.2 Maneiras de conexão: Bancos de capacitores junto a motores.

Numa planta industrial existem diversos tipos de acionamento e partida de motores de


indução trifásicos. Os mais difundidos são a partida direta, estrêla triângulo, compensadora
e com o advento do controle em estado sólido os soft- starter’s. Cada tipo de partida tem
sua peculiaridade e deve ser avaliada cuidadosamente para a determinação do tipo de
conexão com os capacitores.

Primeiramente deve-se verificar o regime de funcionamento do motor; se o tempo entre


partidas consecutivas for inferior ao tempo de descarga do capacitor, este último só poderá
ser acionado através de um contator com bloqueio temporizado, visando evitar-se
sobretensões transitórias com possíveis danos ao motor e ao capacitor.

O capacitor armazena o valor de pico da tensão; se o mesmo for reenergizado, poderá


ocorrer um curto-circuito nos terminais do capacitor (e motor) devida a diferença de
potencial, entre a tensão armazenada e a da fonte de alimentação.

A tensão instantânea poderá atingir valores superiores a 2,70 vezes a tensão rms, com
grandeza variável em função do momento de energização e impedâncias do sistema.

3.1.2.1 Partida Direta:

Para uma partida direta, conforme figura 3.11, o capacitor deve ser ligado entre o contator
principal e o relé térmico – havendo restrição quanto ao regime de funcionamento apenas
para partidas consecutivas com tempos inferiores a 1 minuto.

Figura 3.11

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24
Deve-se evitar instalar o capacitor após o relé témico. Para capacitores com esta
configuração, haverá necessidade de alterar o ajuste da proteção proporcionalmente a
redução de corrente aparente, visto que haverá redução da corrente circulante pelo
térmico. Por exemplo: Um motor de 50 hp, 4 pólos, operando com 100% de carga
mecânica, com um capacitor solidário de 10 kvar, terá uma redução na corrente de linha em
torno de 9,00%. O ajuste do relé térmico neste caso deverá ser reduzido em 9%.

3.1.2.2 Estrêla Triângulo:

Para a compensação solidária a motores com partida estrêla triângulo, o capacitor deve ser
instalado após o contator de regime (K1 da figura 3.12).

Figura 3.12

O funcionamento da estrêla triângulo pode ser resumida da seguinte maneira: Na partida,


os contatores K1e K2 são acionados fornecendo tensão ao motor; após temporização, o
contator K2 é desligado e posteriormente há o acionamento do contator K3.

O capacitor jamais pode ser instalado após os contatores K2 ou K3. O circuito equivalente
de partida é um circuito LC série, onde o indutor é representado pelas impedâncias do
estator e rotor. Na partida o capacitor está descarregado devido ao curto-circuito promovido
pelo contator a K2. Durante a transição de energização dos contatores K2/K3, o capacitor
se energizará com um valor de tensão determinada pelas constantes de tempo do circuito,
sendo que esta tensão instantânea e frequência será diferente (e muito maior) que a
frequência da rede.

Quando o contator K3 for ligado, o valor da corrente e frequência instantâneas serão muitas
vezes superior aos valores instantâneos da rede nesta transição, podendo provocar um
curto–circuito nos terminais do motor, incluindo uma sobretensão transitória, que, em função
da constante LC, elevará o torque, causando problemas de fadiga mecânica e elétrica,
inclusive com desligamentos intempestivos da proteção. O ramo formado pelo capacitor-
contator K3 poderá provocar a atuação (queima) do fusível a montante.

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3.1.2.3 Chave Compensadora Automática:

Nete tipo de compensação é imprescindível o uso de um contator para o acionamento do


capacitor.

O funcionamento da partida compensadora, pode ser resumida da seguinte maneira: Os


contatores K1 e K3 (figura 3.1.2.3.1) são ligados e alimentam o motor com tensão reduzida
através do autotransformador ; após temporização feita pelo sistema de comando, os
contatores K1 e K3 são desenergizados e alguns milisegundos após é enviado um sinal
para alimentar o motor com tensão nominal através do contator K2. Se o capacitor for
instalado após o contator K2 o mesmo será carregado durante a partida com a tensão de
alimentação reduzida (devido autotransformador) e, na tranferência, a tensão sob o mesmo
será a somatória do valor armazenado mais a tensão da rede, ou seja:

VC = V0 + V sen ωt (3.8)
onde:
VC = é a tensão instantânea sob o capacitor (V)
V0 = é a tesão armazenada no capacitor no instante de energização (V)
V = tensão instantânea no momento de energização do capacitor (V)

Neste caso a tensão instantânea sob o capacitor (e motor) poderá atingir valores superiores
a 2 vezes a tensão nominal fase-fase do sistema.

Figura 3.13

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A descarga de um capacitor pode ser expressa pela seguinte equação:

−T

Vt = VC .e RC
(3.9)
onde a constante de tempo RC é dada pela capacitância e resistor de descarga. A tensão
armazenada no capacitor será uma componente DC com taxa de decaimento exponencial;
na reenergização poderá ocorrer um curto-circuito provocado pela diferença de potencial
entre a tensão armazenada no capacitor e a tensão de alimentação podendo inclusive
causar sérios danos aos equipamentos de manobra.

A maneira correta da instalação de capacitores junto a motores com partida compensada, é


a utilização de um contator (ou disjuntor motorizado) que acionará o capacitor apenas
quando o contator K2 entrar em operação.

Para exemplificar o risco de sobrecorrente e sobretensão na energização de um capacitor


com tensão residual não nula, supor o motor de média tensão conforme figura 3.14;
considerar que este motor tenha um regime de funcionamento com tempo ente partidas
consecutivas inferior a 10 segundos. O motor em análise possui o seguinte regime de
funcionamento: motor desligado até o tempo 2,7 segundos; partida com tempo de 6,7
segundos; novo desligamento em 12,8 segundos e partida em 15 segundos.

Figura 3.14

Através de uma simulação com o software [5], em que o motor possui o regime descrito
acima, verifica-se os valores plotados nas figuras 3.15 e 3.16. A tensão residual sob o
capacitor acarretará (ver tempos entre 2,70 e 6,70 segundos) uma sobrecorrente de
enegização muito superior à corrente de "InRush” do sistema provocano surtos de tensão
com possíveis danos aos equipamentos de manobra, alimentação, motor e ao capacitor.

Partidas consecutivas sem que o capacitor tenha se descarregado provocarão torques


excessivos e fadigas no motor, com sérias consequencias elétricas e mecânicas. Para estes
tipos de configurações deve-se prever uma temporização para o acionamento do
disjuntor/contator do capacitor e intertravamento com o sistema de comando de comando
do motor.

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27
Nota: O exemplo em questão é meramente ilustrativo, uma vez que motores de grande
potência possuem proteções contra partidas consecutivas, além de terem restrições quanto
ao número de partidas diárias, devido aos efeitos térmicos e eletrodinâmicos das correntes
de energização.

Figura 3.15

Figura 3.16

3.1.2.4 Partida por Soft-Start:

O uso do soft-start – figura 3.17 - tem como principal finalidade a redução da corrente de
partida e controle do torque, utilizando a variação da tensão eficaz sobre o motor de indução
trifásico. A partida e parada de motores pela técnica dos soft-starters advém da utilização de
componentes de controle em estado sólido (SCR´s). O princípio de funcionamento é
relativamente fácil – figura 3.18.

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Figura 3.17

Considerando novamente o diagrama esquemático do motor de indução trifásico - figura


3.18

R1 X1 X2

I1 Iϕ I2

R2
s
g bm
V1 c

Figura 3.18

Por uma questão de simplificação, como o ramo de magnetização é muito pequeno


comparado com os do rotor e estator, passa-se esse ramo para a entrada de alimentação
V1 e a componente Iϕ é desprezada: temos as seguintes equações [1] :

3xR2 x(V1 )
2
TD = (N.m) (3.10)
⎡⎛ R2 ⎞
2

s.ωs.⎢⎜ R1 + ⎟ + ( X1 + X 2 ) ⎥
2

⎢⎣⎝ s ⎠ ⎥⎦
V1
e I= (A) (3.11)
⎡⎛ R2 ⎞
2

⎢⎜ R1 + ⎟ + (X1 + X 2 ) ⎥
2

⎣⎢⎝ s ⎠ ⎦⎥

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Como o torque do motor é proporcional ao quadrado da tensão de alimentação e a corrente
do motor é diretamente proporcional ao valor da tensão aplicada aos terminais do estator,
com a variação da tensão eficaz de entrada, é possível alterar as características iniciais
(corrente x conjugado) do conjunto motor-carga.

O controle destas variáveis, corrente de entrada e torque, é possível devida variação da


tensão eficaz de saída do soft-start. Esta variação é possível devida controle do ângulo de
disparo dos SCR (geralmente em nº de 6 para controle em onda completa).

Vários recursos na utilização dos soft-start são possíveis, como tempo de aceleração, limite
de corrente, torque constante, rampa, etc; porém estas vantagens acarretam sérios
problemas ao sistema elétrico , como perdas adicionais devido as harmônicas, possível
ressonância com bancos de capacitores, limitação de potência nos transformadores, queima
de capacitores, entre outros. Esses efeitos harmônicos (gerados pelos soft-starters existem
apenas durante o processo de partida (e parada no caso do soft-stop), uma vez que em
regime, os thiristores estão com o ângulo de disparo próximo a zero.

Na figura 3.19, verifica-se a tensão de saída do soft-start e a corrente total de um motor de


indução trifásico, simulação efetuada com o software [10]. No exemplo um motor de 50 kW.
No instante plotado, a distorção de corrente na entrada do soft-start foi de 36%.

A aplicação de capacitores junto a soft-starters (ou circuitos que possuam acionamentos em


estado sólido), deve ter especial atenção: Como o controle de tensão sob o motor é
proporcional ao ângulo de disparo dos SCR, correntes harmônicas estarão presentes, e
poderão interagir com as impedâncias do sistema, principalmente transformadores e bancos
de capacitores. Neste caso, devida ressonância paralela, níveis de tensão extremamente
elevados poderão surgir danificando os componentes do sistema elétrico , principalmente os
equipamentos mais sensíveis (como CLP’s, Microcomputadores, etc).

GRÁFICO DA FASE "R" DO SOFT-START


Vload Vsource
400
300
200
100
0
kV

-100
-200
-300
-400
Iload Irms
3.50
3.00
2.50
2.00
1.50
kA

1.00
0.50
0.00
-0.50
(ms) 0.310 0.320 0.330 0.340 0.350

Figura 3.19
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Uma maneira prática de evitar problemas de ressonância quando da aplicação de
capacitores, é utilizar um contator para a manobra do capacitor da seguinte maneira.

A maioria dos soft-starters possui um sinal de saída que indica quando o motor atingiu o
valor de regime (fim de marcha) e, neste instante, o ângulo de disparo (“firing angle”) dos
SCR´s é muito baixo; com isto, a distorção harmônica de corrente é praticamente nula. Este
sinal (fim de marcha) poderá ser utilizado para acionar o contator de manobra do capacitor.
Em alguns casos existe um contator de by-pass (K1 na figura 3.17) que poderá ser utilizado
em conjunto com o fim de marcha para enviar o sinal de acionamento para o contator do
capacitor (K3).

Deve-se tomar cuidado quando o sistema possuir soft-stop; neste caso o capacitor deverá
ser desconectado do circuito antes do início do processo de parada do motor.

Maiores detalhes acerca dos fenômenos harmônicos e ressonância serão abordados no


item 5.

Para exemplificar a distorção harmônica gerada por um soft-start, a figura 3.20 abaixo
retrata a medição da partida de um motor trifásico, assíncrono de 150 cv, com soft-start
SSW03 num circuito de 380 Volts. A Potência do transformador de alimentação do sistema
é de 225 kVA e não existem capacitores no sistema.

Partida por Soft Start

400,00

350,00

300,00

250,00

200,00

150,00

100,00

50,00
Tensão (V)

0,00

-50,00

-100,00

-150,00

-200,00

-250,00

-300,00

-350,00

-400,00
Ângulo (º)

Partida por Soft Start

400,00

350,00

300,00

250,00

200,00

150,00

100,00
Corrente (A)

50,00

0,00

-50,00

-100,00

-150,00

-200,00

-250,00

-300,00

-350,00

-400,00
Ângulo (º)

Figura 3.20

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3.1.2.5 Capacitores instalados junto a centros de carga:

Muitas vezes não é possível a instalação de capacitores solidários aos motores.


Primeiramente, numa planta industrial existe uma grande quantidade de motores de
pequena capacidade que inviabilizariam tecnicamente a correção e em segundo, o custo da
instalação dos capacitores junto aos motores de pequena capacidade se tornaria inviável.

Uma técnica alternativa é instalar o banco de capacitores no centro de carga (ou CCM) para
corrigir uma determinada quantidade de motores – figura 3.21. Neste caso é necessário que
se conheça a curva de carga deste CCM ou que o funcionamento dos motores sejam
dependentes, ou seja: Determinados tipos de processos industriais possuem máquinas com
diversos motores e, para que o produto seja processado, é necessário que todos os
motores estejam em funcionamento.

Um exemplo típico é um sistema de água gelada para ar condicionado - Centrífuga. Este


equipamento possui o compressor principal, as bombas de água gelada e condensada, e
demais motores como bombas de óleo, torre de resfriamento, etc. Para que o sistema opere
é necessário que no mínimo quatro motores estejam funcionando: Motor do compressor
centrífugo, bombas de água gelada e condensada e motor da bomba de óleo (da
centrífuga). É possível portanto corrigir este conjunto de motores no respectivo CCM.

• Considere o seguinte sistema:

01 Motor de compressor centrífugo de 500 cv, 2 pólos, 480


02 Motores para bombas de 75 cv 4 pólos, 480 V
01 Motor para bomba de óleo de 1,5 cv, 4 pólos, 480
01 Motor para torre de resfriamento de 25 cv,6 pólos, 480

Para o sistema em questão é possível utilizar um único banco de capacitores no CCM, com
potência nominal de 110 kvar. Este banco de capacitores deverá ser conectado sempre que
o sistema de água gelada for acionado, ou seja, possuir um contator para manobra com
comando intertravado ao comando do sistema da centrífuga.

CCM - BAIXA TENSÃO

M M M M M
Torre BAC BAG Bomba de óleo Centrífuga
75 CV 75 CV 75 CV 1,5 CV 500 CV

Figura 3.21
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3.1.2.6 Correção da totalidade da carga de um transformador:

Na prática, a maioria dos casos de correção será efetuada por bancos de capacitores com
controle automático, sendo que este banco deverá ser conectado no quadro de distribuição
geral de saída do transformador.

Tecnicamente não é a melhor solução, visto que a redução de potência aparente ocorrerá
apenas no alimentador de entrada e transformador. O final dos alimentadores de baixa
tensão continuaria com o mesmo fator de potência e quedas de tensão. Porém esta solução
é a economicamente mais vantajosa (na maioria das aplicações).

Para o cálculo da potência reativa é necessário ter-se em mãos ou a relação de cargas


conectadas (motores, iluminação, aquecimento, etc) ou a curva da carga conectada a este
transformador por um período não inferior a 24 horas, salvo casos específicos.

Este período se faz necessário, não só devido as variações de potência (carga) da planta
ao longo do dia, como também das variações de tensão de fornecimento; apesar dos limites
de fornecimento em tensão de distribuição serem normalizados, verificam-se relativas
variações durante as 24 h do dia.

Nos horários de ponta – entre 17:30 h e 21:30 h (com 3 horas consecutivas dentro desse
período, dependendo da concessionária) – há uma acentuada redução dos níveis de
tensão; no período das 22:00 h às 08:00 h verifica-se os maiores níveis de tensão, pois as
perdas nas linhas das concessionárias são reduzidas; no período restante são verificados
(na maioria dos casos) que os valores estão dentro da faixa de tensão de fornecimento – -
5,0% a +5,0 % para tensões de fornecimento até 69 kV (valor dado pela resolução [11]).

A medição das grandezas da carga pelo período de 24 h também tem o objetivo de avaliar a
variação de potência ao longo do dia, e traçar com maior exatidão a curva de carga da
planta.

Por exemplo, as indústrias metalúrgicas geralmente possuem um fator de carga baixo


(menor do que 0,50) representando uma grande demanda de potência kW, para um
pequeno consumo em kWh, ou seja:

DEMxh
FC = (3.12)
En
onde:

FC = Fator de carga
DEM = Demanda de potência ativa máxima (kW) verificada durante o período
de medição
En = Energia ativa verificada ao longo do período de medição (kWh)
h = quantidade de horas do período de medição.

Por exemplo, um motor operando com 50 % de carga mecânica, consumirá uma energia de
50% da sua capacidade nominal, porém necessitará de 100% de sua potência ativa nominal
durante a partida. Vê-se claramente que no caso de uma carga puramente resistiva o fator
de carga será 1.

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Considerando um exemplo prático, onde a partir de uma medição de grandezas elétricas
numa indústria de papel, durante o seguinte período: 17:29:00 h de 28/09/2001 a 15:01:00 h
de 01/10/2001, obtendo os seguintes valores médios:

Demanda = 441,19 kW
Fator de Potência = 0,708 indutivo
Total de horas = 45

Para esta característica de carga seria necessário um banco de capacitores de 306 kvar
para elevar o fator de potência (médio) ao valor de 0,95.

Analisando o gráfico da figura 3.22 – de potência reativa para compensação - verifica-se


facilmente que a potência média calculada de 306 kvar não é suficiente para manter o fator
de potência dentro do valor de projeto (0,95 indutivo); por isso sempre se faz necessário a
medição da carga por no mínimo 24 horas. A figura 3.23 simula o fator de potência da
carga, com a instalação de um banco automático de 306 kvar. Em alguns períodos o fator
de potência está no valor de projeto (0,95) porém em diversos momentos o fator de
potência permaneceu baixo, o que causaria a cobrança de tarifas e demanda de reativos
excedentes pela concessionária.

No exemplo em questão o banco de capacitores recomendado para a correção da carga


(conforme medição) seria de 518 kvar, valor muito superior ao encontrado quando se utiliza
a demanda e fator de potência médio.

Por este motivo a utilização de contas de energia elétrica para o cálculo do banco de
capacitores não é recomendada, visto que os valores informados na fatura (fator de
potência) são uma média aritmética de 30 dias de medição.
GRÁFICO DE POTÊNCIA REATIVA Q (KVAR) P/ FP DE 0,95

700,00

600,00

500,00
POTÊNCIA KVAR

400,00

300,00

200,00

100,00

0,00
17:59
18:49
19:39
20:29
21:19
22:09
22:59
23:49

22:09
22:56
23:46

10:36
11:26
12:16
13:06
13:56
14:46
0:39
1:29
2:19
3:09
3:59
4:49
5:39
6:29
7:19

0:36
1:26
2:16
3:06
3:56
4:46
5:36
6:26
7:16
8:06
8:56
9:46

HORÁRIO

Figura 3.22
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FATOR DE POTÊNCIA COM BANCO DE CAPACITORES DE 306 KVAR

0,96

0,94

0,92

0,90
FATOR DE POTÊNCIA

0,88

0,86

0,84

0,82

0,80

0,78

0,76
17:29
18:19
19:09
19:59
20:49
21:39
22:29
23:19

22:26
23:16

10:06
10:56
11:46
12:36
13:26
14:16
15:06
0:09
0:59
1:49
2:39
3:29
4:19
5:09
5:59
6:49
7:39

0:06
0:56
1:46
2:36
3:26
4:16
5:06
5:56
6:46
7:36
8:26
9:16
HORÁRIO

Figura 3.23

O banco de capacitores de 550 kvar considerado no projeto (valor padronizado), deverá ser
do tipo automático, controlado por relé eletrônico que monitore a tensão do barramento e a
corrente total do sistema. O conjunto poderá ser composto por alguns estágios de mesma
potência, 10 estágios de 50 kvar, mas deverá ter estágios de potência menores cujo valor
deverá ser próximo ao valor da menor potência reativa necessária para correção, ou seja:
se o valor mínimo medido para correção for de 25 kvar (como é o caso deste exemplo)
deve-se ter no mínimo 1 estágio de 25 kvar. O banco de capacitores para este exemplo
seria: 10 estágios de 50 kvar e 02 estágios de 25 kvar.

A importância da utilização do controle automático está focada principalmente no controle


da potência reativa injetada no sistema, sem tornar o sistema capacitivo. De uma forma
aproximada, conforme a referência [12], o acréscimo de tensão no ponto de conexão com o
banco de capacitores pode ser expresso:

QCAP xZTX (%)


ΔV (%) = (3.13)
STX
onde:
ΔV(%) = Acréscimo percentual de tensão com o banco de capacitores conectado

QCAP = Potência reativa do capacitor (kvar)


STX = Potência nominal do transformador (kVA)
ZTX (%) = Impedância de dispersão (curto circuito) do transformador (%)

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Esta é uma fórmula aproximada, desprezando as impedâncias dos alimentadores, potência
da concessionária, e assume que o transformador é a fonte de toda a potência fornecida ao
circuito onde o capacitor está instalado.

Por exemplo, um transformador de 500 kVA, 13,2/0,22 kV tem conforme norma uma
impedância de dispersão Z = 5,75%. Se conectarmos um banco de capacitores de 150 kvar,
o aumento de tensão será de:

150 x0,0575
ΔV (%) = x100 ⇒ ΔV = 1,725%
500

Um dos problemas que podem ser verificados é que, quando os bancos de capacitores
permanecerem conectados, mesmo com baixa carga ligada ao transformador, poderão
ocorrer problemas de sobretensões e sobreaquecimentos nos enrolamentos do
transformador devido a autoexcitação.

Na prática, nunca deve permanecer conectado a um transformador com baixa carga,


potência reativa maior do que 2/3 da potência do transformador.

3.1.2.7 Compensação dos reativos de transformadores:

A correção do fator de potência abordada até agora considerou apenas a potência reativa
devido as cargas. Quando a potência fornecida às carga é proveniente de um transformador
abaixador, o fator de potência de entrada de energia da indústria é levemente inferir ao fator
de potência da carga.

Todos os tipos de transformadores, independente de sua concepção, número de


enrolamentos ou meio isolante, possuem uma potência reativa magnetizante e outra de
curto circuito. O que define a maior ou menor corrente de excitação é o projeto construtivo
do transformador , como tipo de chapa de ferro silício, granulação, núcleo envolvido ou
envolvente, etc. O transformador ideal é aquele que apresenta corrente de excitação nula,
rendimento de 100% e consequentemente impedância de dispersão zero. Na prática, os
transformadores de potência trifásicos com alimentação primária em média ou alta tensão ,
apresentam impedância de dispersão variando de 2,8 a 10,5 % (conforme referências [34 e
35]) e corrente de magnetização de 0,01 a 0,03 PU.

A potência de magnetização é importante no dimensionamento do banco de capacitores


necessário à compensação do transformador quando o sistema da planta apresentar baixa
carga. O fator de potência medido no primário dos transformadores em vazio situa-se em
torno de 0,20 devida alta corrente indutiva , e é esta corrente que deve ser compensada.

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A tabela 3.2 pode ser utilizada como orientação. Na prática, adota-se um valor em torno de
2 a 2,5% da potência em kVA do transformador, mas este valor sempre deve ser inferior a
impedância de dispersão (curto-circuito) desse transformador.

POTÊNCIA DO POTÊNCIA DO
TRANSFORMADOR CAPACITOR
(KVA) (KVAR)
25 0,75
30 1
45 1,5
50 1,5
75 2,5
112,5 5
150 7,5
225 10
300 12,5
500 20
750 30
1000 40
1500 65
2000 80
2500 100
Tabela 3.2

Tabela para compensação reativa das perdas de transformadores. As potências são


orientativas, visto que as perdas dos transformadores diferem em função de fabricante, nível
de tensão primária, e tipo de meio isolante – seco, a óleo, silicone, etc.

3.1.2.8 Análise de uma conta de Energia Elétrica

A análise da conta de energia elétrica visando avaliar a cobrança de demanda e consumo


de reativos excedentes é a primeira verificação a ser feita, antes de efetuar qualquer tipo de
cálculo.

Os valores geralmente vêm expressos como Energia e Demanda Reativa Excedente na


Ponta - UFER Ponta e UFDR Ponta, - Energia e Demanda Reativa Excedente na Fora de
Ponta Indutiva - UFER F. Ponta e UFDR F. Ponta, além do período capacitivo como UFER
F. Ponta Capacitiva e UFDR F. Ponta Capacitiva.

Os períodos de cobrança desses postos horários, são definidos pela concessionária; no


caso dos reativos capacitivos, a concessionária pode cobrar os excedentes num período de
6 horas consecutivas entre as 23:30 e 06:30 h do dia posterior , sendo que o período
indutivo equivale ao restante das 24 h – conforme resolução [4].

Analisando a figura 3.24, onde temos uma fatura padronizada da Eletropaulo de um


consumidor horo-sazonal tarifa Azul, vê-se claramente a cobrança dos reativos excedentes.

Esse consumidor paga tarifas de demanda como também consumo de reativos


excedentes. Efetuando-se o cálculo do fator de potência médio mensal, obtemos na ponta

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0,88, para fora de ponta indutiva 0,91 e fora de ponta capacitiva 1,00. A princípio, este
consumidor precisaria de 446 kVAr para elevar o fator de potência da instalação para 0,95
indutivo; porém este cálculo é baseado na média mensal.

Não se deve utilizar a conta para o cálculo da potência total necessária em kVAr, pois os
medidores das concessionárias calculam (e é cobrado) o fator de potência numa média
horária, porém na fatura de energia elétrica são informados os valores totais de energia
ativa e reativa; com isso só é possível calcular o fator de potência médio de um mês.

O ideal é, em primeiro lugar, efetuar uma medição de grandezas (e se possível harmônicos)


em cada transformador; uma curva de carga da medição da concessionária também é um
dado importante e pode auxiliar no cálculo do banco de capacitores.

Na figura 3.25, a título ilustrativo, temos uma fatura de energia da Eletropaulo de um


consumidor com tarifação convencional. Também é verificada a cobrança de Demanda e
Consumo de Reativos Excedentes.

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Conta de Energia Elétrica – Tarifação Horosazonal Azul Eletropaulo
CONCESSIONÁRIA

Nota Fiscal A/Conta de Energia Elétrica n.º Página nº 1


Cliente Pagador Referência n.º Cliente Beneficiário e Endereço da Unidade Consumidora
ABCD Ltda. 11111 ABCD Ltda.
Rua A n.º 01 Rua A n.º 01
Bairro A XXXXXXX
CEP 00.000-000 Cidade: XXXXXXXX CEP 00.000-000 xxxxxxxxx
Tarifação Tipo Classe Banco Agência CNPJ Inscrição Estadua
AZUL MT S/G A4 3 - INDUSTRIAL 00.000.000/0001-00
Data de Leitura Anterior Data de Leitura Atual Data Próxima Leitura Emissão Apresentação Data de Vencimen
00/00/2003 00/00/2003 00/00/2003 00/00/2003 00/00/2003 00/00/2003

Descrição Leitura Atual Registrado Contratado Faturado Tarifa Valore

Interface nº MTE000000000
ESB S17 0000000000000

CONST. POTÊNCIA 3,36000


CONST. ATIVO 0,84000
CONST. REATIVO 0,84000
DEMANDA PONTA 655 2200,8
DEMANDA FORA DE PONTA IND. 699 2348,6
DEMANDA FORA DE PONTA CAP. 682 2291,5
ENERGIA ATIVA PONTA 415965 119897
ENERGIA ATIVA FORA DE PONTA IND. 9206000 723912
ENERGIA ATIVA FORA DE PONTA CAP. 5702000 134232
ENERGIA REATIVA PONTA 74133 63706
ENERGIA REATIVA FORA DE PONTA IND. 3330500 320124
ENERGIA REATIVA FORA DE PONTA CAP. 178000 2856
DEMANDA CONTRATADA PONTA KW 2100,0
DEMANDA CONTRATADA F.DE PONT KW 2150,0
DEMANDA PONTA KW 2200,8 27,67000 60.89
DEMANDA FORA DE PONTA KW 2348,6 9,07000 21.30
CONSUMO ATIVO PONT KWH 119897 0,18928 22.69
CONSUMO F. DE PONTA IND. KWH 723912 0,09231 66.82
CONSUMO F. DE PONTA CAP. KWH 134232 0,09231 12.39
DEM REATIVA EXC PONTA KW 92,2 27,07000 2.49
DEM REATIVA EXC F. DE PONTA KW 12,8 9,07000 1
ENERGIA REATIVA EXC PONTA KWH 5023 0,18928 95
ENERGIA REATIVA EXC FP IND. KWH 3995 0,09231 36
FATOR DE CARGA PONTA 0,825
FATOR DE CARGA FORA DE PONTA 0,503

Importe sujeito a ICMS 229.315,61 JUROS: 0,00 VALOR DA FATURA: 229.3


Valor do ICMS 41.276,81 MULTA: 0,00 SALDO ANTERIOR:
Alíquota: 18% Eletrobrás: 0,00 VALOR TOTAL A PAGAR: 229.31
NA HIPÓTESE DE ATRASO DE PAGAMENTO DA CONTA, SERÁ COBRADO NA PRÓXIMA FATURA, MULTA DE 2% CONFORME RESOLUÇÃO ANEEL 456/00, E JUROS

Figura 3.24

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Conta de Energia Elétrica – Tarifação Convencional Eletropaulo
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ABCD Ltda. 11111 ABCD Ltda.
Rua A n.º 01 Rua A n.º 01
Bairro A XXXXXXX
CEP 00.000-000 Cidade: XXXXXXXX CEP 00.000-000 xxxxxxxxx
Tarifação Tipo Classe Banco Agência CNPJ Inscrição Estad
CONV. MT S/G A4 3 - INDUSTRIAL 00.000.000/0001-00
Data de Leitura Anterior Data de Leitura Atual Data Próxima Leitura Emissão Apresentação Data de Vencim
00/00/2003 00/00/2003 00/00/2003 00/00/2003 00/00/2003 00/00/2003

Descrição Leitura Atual Registrado Contratado Faturado Tarifa Valo

Interface nº MTE000000000
ESB S1/ 0000000000000

CONST. POTÊNCIA 0,08400


CONST. ATIVO 0,02100
CONST. REATIVO 0,02100
DEMANDA PONTA 569 47,8
DEMANDA FORA DE PONTA IND. 699 58,7
DEMANDA FORA DE PONTA CAP. 542 45,5
ENERGIA ATIVA PONTA 661223 1086
ENERGIA ATIVA FORA DE PONTA IND. 5333900 10074
ENERGIA ATIVA FORA DE PONTA CAP. 976400 2123
ENERGIA REATIVA PONTA 595977 1124
ENERGIA REATIVA FORA DE PONTA IND. 4795200 8579
ENERGIA REATIVA FORA DE PONTA CAP.
DEMANDA CONTRATADA KW 50,0
DEMANDA FATURADA KW 58,7 11,48000 67
CONSUMO ATIVO KWH 13285 0,15496 2.05
DEM REATIVA EXC KW 8,0 11,48000 9
ENERGIA REATIVA EXCEDENTE KWH 1841 0,15496 28

Importe sujeito a ICMS 3.792,25 JUROS: 0,00 VALOR DA FATURA: 3.79


Valor do ICMS 682,60 MULTA: 0,00 SALDO ANTERIOR:
Alíquota: 18% Eletrobrás: 0,00 VALOR TOTAL A PAGAR: 3.79
NA HIPÓTESE DE ATRASO DE PAGAMENTO, SERÃO COBRADOS MULTA E JUROS NA PRÓXIMA FATURA
Figura 3.25

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40
3.1.2.9 Capacitores instalados junto a grupos geradores:

Conforme referência [3], os geradores síncronos são usualmente especificados em termos


da máxima carga em kVA a tensão e fator de potência determinados (frequentemente 80,
85 ou 90 % indutivo) que podem suportar continuamente, sem sobreaquecimento. A
potência ativa de saída do gerador é usualmente limitada a um valor dentro das
especificações de potência aparente dada pela capacidade do motor primário. Em virtude
do sistema de regulação de tensão, a máquina funciona a uma tensão constante cujo valor
está dentro de ± 5% da tensão nominal – não considerado aqui os efeitos de “Droop” e
“Load Sharing” . Quando a potência ativa da carga e a tensão são fixadas, a potência
reativa de carga permitida é limitada pelo aquecimento da armadura ou do campo.

Quando geradores são operados com um fator de potência “adiantado” ou “subexcitados”,


isto é, com uma excitação inferior ao valor normal – como no caso da potência reativa do
sistema ser fornecida por capacitores ou motores síncronos – o gerador poderá se tornar
instável, perdendo o sincronismo devida baixa corrente de campo. Isto poderá fazer com
que a unidade opere como um gerador de indução causando sobreaquecimento no rotor.

Analisemos a figura 3.26 baixo, onde temos o modelo por fase de um grupo gerador
síncrono, trifásico, de 1,75 MVA, 2,3 kV, cuja reatância síncrona XS é 2,65 Ω/fase, e que
este gerador alimente uma carga de 1200 kVA com fator de potência indutivo de 0,65.
Coloca-se então um banco de capacitores de 430 kvar para a elevação do fator de potência
do sistema a 0,85 indutivo.

Através deste circuito, verifica-se claramente que a tensão gerada na máquina síncrona VG
é superior ao valor da tensão terminal do barramento VT quando a carga vista pelo
barramento do gerador possuir um fator de potência tendendo a indutivo. Analisaremos três
condições distintas, para exemplificar os cuidados com a correção do fator de potência na
presença de grupos geradores.

XS IT
SÍNCRONO

CH1
GERADOR

~ VG VT Z=R+jX

CARGA CAPACITOR
Figura 3.26

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41
Utilizaremos para a análise, a seguinte formulação básica:

VG 2300
VT = + j 0 (V ) ⇒ VT = + j 0 (V ) ⇒ VT = 1328 + j 0 (V )
3 3
Z = 2,865 + j 3,350 (Ω)

X C = 0 − j12,345 (Ω)

VG = VT + I T xX S (V )

1ª Condição - Grupo gerador alimentando apenas a carga.

VT 1328 + j 0
IT = ⇒ IT = ⇒ IT = 195,8 − j 228,92 ( A)
Z 2,865 + j 3,35

VG = (1328 + j 0) + (195,8 − 228,92 )x(0 + j 2,65) ⇒ VG = 1934 + j 518,86 (V )

VG = 2002,9 (V ) e, neste caso, a tensão gerada (VG) é superior a tensão do barramento da


carga; não há nenhum problema para o sistema e gerador.

2ª Condição - Grupo gerador alimentando a carga e o capacitor.

VT 1328 + j 0
IT = ⇒ IT = ⇒ IT = 195,8 − j121,34 ( A)
Z 4,90 + j 3,04

VG = (1328 + j 0) + (195,8 − 121,34)x(0 + j 2,65) ⇒ VG = 1649 + j 518,86 (V )

VG = 1729,15 (V )

Neste caso , a tensão gerada (VG) também foi superior a tensão do barramento da carga,
porém menor do que na 1ª condição; isto é devido a menor queda de tensão na reatância
da armadura da máquina síncrona. Consequentemente a tensão de excitação foi reduzida,
porém sem riscos para o sistema.

3ª Condição - Grupo gerador alimentando o sistema; a carga é desconectada mas a chave


CH1 permanece fechada, alimentando o capacitor.

VT 1328 + j 0
IT = ⇒ IT = ⇒ IT = 0 + j107,57 ( A)
Z 0 − j12,345

VG = (1328 + j 0) + (0 + j107,57 )x(0 + j 2,65) ⇒ VG = 1042,85 + j 0 (V )

VG = 1042,85 (V )
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42
Esta é a pior condição para um grupo gerador: primeiro, a tensão gerada tende a se tornar
menor do que a tensão do barramento da carga, e consequentemente o gerador estará
operando como um motor, e em segundo pode-se causar a perda de sincronismo ou até
mesmo a queima da excitatriz.

Existem alguns tipos de geradores (mais antigos, principalmente em petroleiros,


plataformas, etc) com controle de velocidade em malha aberta (sem realimentação) – como
no caso dos Governores mecânicos com controle hidráulico ou pneumático -; neste caso, a
consequência pode ser muito mais severa; o banco de capacitores se torna uma carga e, a
corrente na armadura criará um torque resistente e em oposição à máquina primária; esta
última aumentará a velocidade para compensar esse aumento de conjugado, e em
consequência haverá um aumento na velocidade e frequência. A corrente de um capacitor é
diretamente proporcional a frequência (I C = V .ω .C ) , que nesta caso provocará maior nível
de tensão no barramento e consequentemente maior torque resistente à máquina primária.

Caso o sistema de proteção (frequência 81, tensão 59, ou velocidade – mecânico) não atue,
ou o sistema de solenóide de parada de emergência não provoque o desligamento do motor
primário, além da provável queima da excitatriz do alternador, poderá haver danos
irreparáveis aos componentes mecânicos como acoplamentos, rotor e mancais.

Alguns tipos de geradores não possuem controle de velocidade eletrônico, com


sensoriamento através de Pick-up – como os modelos MPU e controle 2301 da Woodward;
esses tipos de máquinas (geralmente de pequena potência) possuem um controle de
velocidade através de uma bobina solenóide, e também podem estar sujeitos a sérios danos
como os descritos acima, uma vez que este tipo de controle mantém a máquina primária
num range de velocidade (e consequente frequência) muito variável, dependendo
exclusivamente da carga conectada. Valores típicos de Droop situam-se em ± 3% da
velocidade nominal e , para operação isócrona , a regulação situa-se em ± 0,25% -
conforme norma [13].

Abaixo, um exemplo (fictício) da aplicação de forma perigosa de um banco de capacitores.


Máquinas da potência do exemplo geralmente possuem um sistema de proteção adequado
(relés 27, 59, 81) e controle através de sistema eletrônico com sensoriamento através de
Pick-up (ou até mesmo injeção eletrônica – no caso de geradores a diesel).

Considerando o grupo gerador da figura 3.26, e que a excitatriz tenha uma tensão de
excitação independente, conforme modelo de controle abaixo:
CAMPO

TENSÃO
DE
EXCITAÇÃO

G CARGA

Q kVAR

GANHO
Figura 3.27

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43
O gerador em estudo, possui as seguintes características elétricas:

Potência Ativa (kW) 1400


Potência Aparente (kVA) 1750
Tensão (V) 480
Corrente Nominal (A) 2105
Reatância Subtransitória de Eixo Direto - X"d (PU) 0,1783
Reatância Subtransitória de Eixo em Quadrantura - X"q (PU) 0,1655
Reatância Transitória Saturada X'd (PU) 0,2495
Reatância síncrona de Eixo Direto - Xd (PU) 3,2162
Reatância síncrona de Eixo em Quadrantura - Xq (PU) 1,5221
Reatância de Sequência Negativa - X2 (PU) 0,1719
Reatância de Sequência Zero - X0 (PU) 0,0038
Constante de Tempo Transitório de Eixo Direto - Circuito Aberto T'd0 (s) 6,1366
Constante de Tempo Transitório de Eixo Direto - Curto Circuito T'd (s) 0,4761
Constante de Tempo Subtransitório de Eixo Direto - Circuito Aberto T"d0 (s) 0,0166
Constante de Tempo Subtransitório de Eixo Direto - Curto Circuito T"d (s) 0,0022
Constante de Tempo Subtransitório de Eixo em Quadrantura - Circuito Aberto T"q0 (s) 0,0126
Constante de Tempo Subtransitório de Eixo em Quadrantura - Curto Circuito T"q (s) 0,0000
Constante de Tempo da Armadura - Curto Circuito TA (s) 0,0489

Para a instalação elétrica simplificada conforme a figura 3.27, desconsiderando a


impedância dos alimentadores, efetua-se uma simulação com o software [10];

Até o instante 4 segundos, a tensão do sistema e a corrente da carga permanecem


constantes pois não há variação de carga; a tensão de excitação e a corrente de campo
também permanecem constantes (figura 3.28). No instante 4 segundos há o desligamento
do disjuntor da carga e o grupo gerador passa a alimentar apenas o banco de capacitores.
Verifica-se nos primeiros instantes que a corrente e tensão de excitação decrescem
rapidamente o que caracteriza uma perda de excitação e que a máquina síncrona estará
operando como um “motor” . A tensão e corrente sob a carga (banco de capacitores) sobem
rapidamente (figura 3.30). Se o sistema não for desligado, poderá ocorrer a queima da
excitatriz estática (no caso de geradores do tipo Brush- less ou o diodo de Freeweeling);
podem também ocorrer danos no sistema mecânico.

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Gerador 1750 kVA, 480V
Gerador 1750 kVA, 480V
SE Ac V PhA
1.00
0.50
0.00
-0.50
-1.00
Corrente A
0.0050
0.0025
0.0000
-0.0025
-0.0050
Ef
10.0

0.0
If
10.0
8.0
6.0
4.0
2.0
0.0
3.700 3.750 3.800 3.850 3.900 3.950

Figura 3.28

Gerador 1750 kVA, 480V


Gerador 1750 kVA, 480V
SE Ac V PhA
5.0

0.0
-5.0

Corrente A
0.040

-0.040
Ef
6.0
4.0
2.0
0.0
-2.0
-4.0
-6.0
If
15.0

10.0

5.0

0.0
3.950 4.000 4.050 4.100 4.150 4.2

Figura 3.29

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45
Existem diversas maneiras de efetuar a instalação de capacitores com segurança quando
na presença de grupos geradores. Alguns geradores possuem proteções com relés de
sobretensão (59), relés direcionais de corrente (67), perda de excitação (40) entre outros;
estas são proteções apenas do grupo gerador, mas que no caso do sistema tornar-se
capacitivo podem operar protegendo o sistema .

Uma maneira prática, é prever equipamentos de manobra para os capacitores, e que esses
equipamentos tenham seu comando bloqueado pela carga, ou seja, quando a carga for
retirada do sistema, o banco de capacitores também é desconectado.

Na maioria das plantas industriais, esta técnica não é possível, pois há uma grande
variação de carga (e potência reativa) ao longo do processo produtivo. Neste caso, é
recomendada a utilização de bancos automáticos de capacitores, com acionamento através
de controladores eletrônicos.

Os controladores eletrônicos mais modernos para uso em bancos de capacitores, já com


tecnologia microprocessada, possuem diversos recursos de programação e principalmente
de proteção, podendo ser aplicados com segurança em sistemas com geração própria.
Esses controladores possuem programação de desligamento e alarme por níveis de tensão
(sub e sobre), distorção harmônica, sub e sobrecorrente, além de bloqueio capacitivo.
Alguns modelos de controladores possuem além do bloqueio capacitivo, um ajuste
temporizado para desligamento sequencial dos estágios (capacitores), sempre que o fator
de potência for superior a um valor pré-programado.

A aplicação de bancos automáticos de capacitores junto a geradores é uma técnica


extremamente vantajosa , tanto do ponto de vista da liberação potência e redução de
perdas elétricas, como do ponto de vista econômico. Para geradores de hidroelétricas,
eólicos, ou outro meio natural, a redução é sentida principalmente na redução das perdas
no sistema por efeito joule. Para máquinas com acionamento primário através de grupos
geradores diesel, gasolina, gás, ou outro meio de combustão, além da redução das
perdas, tem-se o benefício da redução dos insumos primários.

Como exemplo, uma usina álcool-açucareira de pequeno porte, com insumo primário o
bagaço de cana, desconsiderando as perdas nos transformadores e alimentadores, com
as seguintes características:

Potência Gerada – carga (MW) 3,40


Potência Gerada – carga (Mvar) 3,00
Potência Gerada – carga (MVA) 4,53
Fator de Potência 0,75
Consumo de bagaço de cana em tonelada/MVA (hora) 6,00
Consumo total de bagaço de cana em tonelada/hora 27,21
Potência de Capacitores efetiva (Kvar) 935,00

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Para um rendimento do sistema em 85%:

Valores do Sistema após a Instalação dos Capacitores

Potência do Gerador (MW) 3,40


Potência do Gerador (Mvar) 2,07
Potência do Gerador (MVA) 3,98
Fator de Potência 0,85
Consumo de Bagaço Toneladas/hora 23,87
Redução de Bagaço Toneladas/hora 3,34

Redução / dia de Bagaço Toneladas 80,11


Redução / mês de Bagaço Toneladas 2403,42

Vendendo o excedente a U$$ 100,00/ MW , para um rendimento de 85% tem-se:

Potência gerada com o excedente (MWh) 340,48

Valor total do excedente vendido por co-geração: U$ 34.000,48

Valor aproximado do investimento em capacitores, implantação e comissionamento U$


50.000,00.

Para a planta da usina álcool-açucareira em estudo, o investimento terá um retorno em


menos de dois meses – altamente rentável, e com possibilidade de investimento em
novos projetos e processos, sem a necessidade de aquisição de novos equipamentos
inclusive geradores.

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4 Manobra e Proteção de Capacitores:

Antes de determinar os parâmetros mínimos para os equipamentos de manobra e proteção


é necessário o prévio conhecimento dos limites e características de fabricação dos
capacitores. No Brasil, as normas técnicas que regem a fabricação , testes e aplicação de
capacitores “Shunt” em sistemas de potência são:

NBR 5060 Guia para Instalação e Aplicação de Capacitores de Potência;


NBR 5282 Capacitores de Potência em Derivação, Especificação (complementar).

Todas estas normas têm como base, parte das normas IEC 60831-1, Capacitores de
Potência auto-regenerativo, para uso em sistemas com tensão ≤ 1 kV e IEC 60831-2,
Capacitores de Potência auto-regenerativo, para uso em sistemas com tensão ≤ 1 kV
procedimento de testes.

Capacitores são equipamentos que sempre operam na sua condição máxima, diferente
portanto de motores em que a corrente é proporcional a carga mecânica e, na maioria das
vezes, variável.

Os seguintes parâmetros dos capacitores de potência devem ser considerados:

Temperatura de operação: +5°C a +45°C (+5/B) NBR 5282, 4.1.3


Altitude máxima: 1.000 m NBR 5282, 4.2
Máxima tensão permissível: 1,1 x Vnom /12h a cada 24h NBR 5282, 5.2
Máxima corrente permissível: 1,30 x Inom (rms) NBR 5282, 5.3
Resistência de isolação: > 1.000 MΩ NBR 5060, 14.4.4
Corrente de Pico (Inrush): 100 x Inom IEC 60831-1, 33
Tolerância na Capacitância: -5 + 10% NBR 5282, 6.3.4

Baseado nos valores normalizado, as seguintes características podem ser expressas:

Os capacitores podem operar continuamente com uma corrente rms de 31% acima de sua
corrente nominal; devida tolerância de fabricação (+10%), os equipamentos de manobra e
proteção poderão estar sujeitos em regime contínuo a 1,44 vezes a corrente nominal do
capacitor – conforme norma [9].

4.1 Condutores de alimentação:

Devem ser dimensionados para uma corrente de trabalho com no mínimo 135% do valor
nominal da corrente do capacitor; devem ser levado em consideração os fatores de
correção para temperatura, tipo de acondicionamento e maneira de instalar. A capacidade
de curto circuito do alimentador e proteção a montante do banco de capacitores também
deve ser avaliada. Os fatores de correção podem ser consultados na norma [14].

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4.2 Equipamentos de manobra:

Conforme norma [17], os equipamentos de manobra devem ser dimensionados para operar
continuamente com uma corrente de 1,3 vezes a corrente que seria obtida com uma tensão
senoidal de valor rms igual ao valor nominal de fabricação do capacitor. Como o capacitor
pode ter uma tolerância em +10% na sua capacitância, e operar com 10% de sobretensão
(por 12h a cada 24h), os equipamentos de manobra devem ser dimensionados no mínimo
com 144 % da corrente nominal do capacitor. Os efeitos combinados das sobretensões e/ou
sobrecorrentes, mas limitado aos valores descritos acima não devem ultrapassar 144%.

No dimensionamento dos equipamentos de manobra (como contatores), deve-se levar em


consideração também a corrente de energização do capacitor (Inrush).

O capacitor, quando energizado, comporta-se como um curto-circuito para a fonte de


alimentação, sendo que a corrente é limitada apenas pelas impedâncias do sistema.

4.2.1 Cálculo da Corrente de Energização - Inrush

Conforme referência [16], na energização de um banco de capacitores ou por ocasião da


ocorrência de um curto circuito entre fases ou fase e terra no circuito de alimentação do
banco de capacitores, este é percorrido por uma corrente transitória “i” de energização ou
de descarga. Esta corrente é uma onda senoidal amortecida, de alta frequência, que pode
ser representada por uma equação do tipo :
1 ωt
− +
I = I i .A 2 π
. sen ωt (4.1)
e ω = 2.π.fi (4.2)

cujo valor de crista Ii do primeiro semiciclo e a frequência angular ω podem ser calculados
como será visto adiante.

De uma forma simples, a corrente de inrush de um capacitor energizado solidariamente,


pode ser escrita, conforme [15]:

Imax (A) = 2 . I SC .I1 (4.3)


2 CB kVAR
ou Imax (A) = .kVLL .103 = 1330. (4.4)
3 LS LS

E para o cálculo da corrente de curto-circuito trifásico simétrico no secundário de um


trasformador - ISC (caso mais comum), desprezando-se a impedância a montante do
transformador, utiliza-se a seguinte fórmula:

ST
I SC = ( A) (4.5)
VLL 3 Z%

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e a frequência da componente de amortecimento da senóide, pode ser expressa por:
I
f (Hz) = f S . SC (4.6)
I1
106
ou f (Hz) = (4.7)
2.π . LS .C B

Para a energização de um capacitor com outro já energizado no mesmo barramento, tem-


se:

kVLL .( I1.I 2 ) kVAR1.kVAR2


Imax (A) = 1747 = 1330 (4.8)
LEQ ( I1 + I 2 ) LEQ .kVART
e a frequência:
fs.kVLL ( I1 + I 2 )
f (kHz) = 9,5 (4.9)
LEQ .( I1.I 2 )
onde:

CB = Capacitância do Banco (μF)


LS = Indutância do sistema (μH)
fs = Frequência do sistema (Hz)
LEQ = Indutância total por fase entre capacitores (μH)
I1 = Corrente do capacitor que será energizado (A)
kVLL = Tensão de linha do sistema (kV)
kVLN = Tensão de fase do sistema (kV)
kVAR1 = Potência 3φ do capacitor que será energizado (kvar)
I2 = Corrente do capacitor (ou banco) que está energizado (A)
kVAR2 = Potência 3φ do capacitor (ou banco) que está energizado (kvar)
Imax = Pico da corrente de energização (valor de crista do primeiro semi-ciclo)
sem amortecimento (A)
kvarT= kvar1 + kvar2 (kvar)
ISC = Corrente de curto circuito simétrica trifásica no ponto de conexão dos
capacitores (A)
ST = Potência do transformador (kVA)
Z% = Impedância de disperção do transformador
VLL = Tensão do linha do sistema (V)

Nota 4.2.1: Na prática, introduzimos um fator K , variando de 1,2 a 1,4 conforme [16],
multiplicando o valor da corrente Imax; esta constante visa introduzir o efeito do fechamento
não simultâneo dos três pólos do equipamento de manobra (disjuntor ou contator) e a
pequena contribuição da tensão do sistema.

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A tabela 4.1 (tabela 3 da referência [16]) fornece valores típicos entre bancos de
capacitores.

Máxima Indutância por fase (μH/m) Indutância


tensão Barrament Cabos por fase do
nominal os isolados Banco
(kV) (μH/m)
até 15 0,70 0,24 3
16 a 38 0,80 0,26 5
39 a 72 0,85 0,28 7
73 a 145 0,87 0,29 8
146 a 169 0,90 0,30 9
170 a 242 0,95 0,32 10

Exemplo 1)

Consideremos a energização de um único banco de capacitores, considerando: Resistência


ôhmica do circuito é desprezível; não há tensão residual no banco de capacitores.

Nota: Se o capacitor for reenergizado antes que a sua tensão residual tenha sido absorvida pelos
resistores internos de descarga, a corrente transitória de reenergização será maior do que o
valor calculado pelas fórmulas acima, podendo atingir 2 vezes o valor encontrado.

Dados

Transformador de 500 kVA, 13,8 kV / 220 Volts, Z = 5,20% e relação X/R = 5,10 ;
barramento da concessionária no primário do transformador considerado como infinito; cabo
de alimentação do capacitor de 50,0 mm2, acondicionado em conduto metálico em trifólio,
com comprimento de 10 metros.

Impedância do alimentador - ZAL= 3,41 + j1,02 mΩ

Desconsiderar alimentador do quadro geral até o transformador e barramentos.

Solução:

Z CC =
(kVLL )2 .Z % Z CC =
(0,22)2 .0,052 ⇒ Z = 5,04mΩ ∴
CC
S( MVA) 0,50

26,01
X CC = Z CC ⇒ X CC = 2,21mΩ
2

27,01

X CC
LTRAFO = ⇒ LTRAFO = 5,862μH
2.π .60

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Como a impedânciao do capacitor é: ZAL= 3,41 + j1,02 mΩ ∴
XLAL 1,02 . 10−3
LAL = ⇒ LAL = ⇒ LAL = 2,71μH
2.π .60 2.π .60

Q( MVAR ) 0,050
Capacitor ⇒ C= ⇒C = ⇒ C = 2.740 μF
(kV ) .2.π .60
2
(0,22)2 .2.π .60
Para a manobra do capacitor a partir de um contator tripolar, adotar o fator K de 1,20
(conforme nota 4.2.1); utilizando a Eq.4.7 e Eq.5, a corrente de inrush e frequência são:
50
A partir da equação 4.8 Im ax( A) = K .1330. ⇒ Im ax( A) = 3.896 A , ou seja
5,862 + 2,71
36,3 vezes a corrente nominal do capacitor.

106
A partir da equação 4.7 f ( Hz ) ⇒ f ( Hz ) = 1,038kHz
2.π . (5,862 + 2,71).2740

Na prática, a corrente de Inrush ocorrerá com menor intensidade (se o capacitor estiver
descarregado) devido às impedâncias dos barramentos e primário no transformador que
foram desconsideradas; a resistência ôhmica do sistema, geralmente baixa, apenas causará
um amortecimento na corrente, sendo responsável pela taxa de decaimento transitória.

Utilizando o software [10], efetuamos a simulação do exemplo nº1 com resultado conforme
a figura 4.1. Vê-se claramente que a corrente inicial do capacitor atinge valores superiores a
18 vezes a corrente nominal. Na simulação não foi considerado o fator K de
simultaneidade de fechamento dos pólos do equipamento de manobra.

Capacitor de 50 kvar / 220V


Corrente de Inrush
2.00

1.50

1.00

0.50
Corrente kA

0.00

-0.50

-1.00

-1.50

-2.00
(ms) 0.990 1.000 1.010 1.020 1.030 1.040

Figura 4.1

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Exemplo 2)

Considerando os mesmos dados do exemplo anterior, mas com um banco de 100 kvar já
energizado (02 capacitores de 50 kvar) aciona-se 01 capacitor de 50 kvar, com o mesmo
sistema utilizado no exemplo 1.
A indutância equivalente do sistema é a soma da indutância do trafo LTRAFO + a soma do
ramo paralelo dos dois alimentares (LAL).

1 1
Leq = L1 + ⇒ Leq = 2,71.10− 6 + ⇒ Leq = 4,065μH
1 1 1
+
L 2 L3 (
2,71.10− 6
x2
)
k var1 .k var2
Pela Equação 4.8, Imax (A) = 1330 ⇒
LEQ .k varT
50.100
Imax (A) = 1330 ⇒ Imax (A) = 3.808 ou seja, 29 vezes a corrente nominal do
4,065.150
capacitor (desconsiderando neste caso o fator K).

Pela equação 4.9, calcula-se a frequência da componente amortecida.

60.0,22.(131,3 + 262,6)
f (kHz) = 9,5 ⇒ f (kHz) = 1,83 kHz
4,065.(131,3.262,6)

Comparando-se os resultados dos dois exemplos, vê-se claramente que a maior solicitação
ocorre quando se energiza um banco com outro banco já energizado. A figura 4.2 ilustra o
resultado da simulação do exemplo 2.
Capacitor de 100 kvar energizado. Ligação de 50 kvar / 220 V em
paralelo
Corrente de Inrush
4.50

4.00

3.50

3.00

2.50

2.00

1.50

1.00

0.50
Corrente kA

0.00

-0.50

-1.00

-1.50

-2.00

-2.50

-3.00

-3.50

-4.00

-4.50
(ms) 1.000 1.010 1.020 1.030

Figura 4.2
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No dimensionamento dos componentes (chaves, bases fusíveis, contatores, etc) é de suma
importância a avaliação da corrente e frequência de energização, principalmente quando se
projetam grandes bancos de capacitores. Levar em consideração as recomendações da
IEEE e ANSI [29], [30] e IEC [37] no dimensionamento dos equipamentos de manobra.

Quando circuitos alimentadores para equipamentos de comunicação estão próximos aos


locais de instalação dos bancos de capacitores, deve-se avaliar cuidadosamente os
distanciamentos mínimos entre estes e os condutores de alimentação de bancos de
capacitores, pois a frequência transitória pode atingir valores muito altos, prejudicando o
funcionamento destes equipamentos de comunicação – conforme [36].

A partir de uma instalação para testes, conforme figura 4.3, verifica-se uma medição da
energização de um capacitor de 50 kVAr/380 Volts. O circuito elétrico da instalação
mostrado é simplificado, desconsiderando-se a potência da concessionária e dos
alimentadores. Como fica evidente, na energização, a corrente é quase que 2 vezes o valor
nominal do capacitor; por isso deve-se ter especial atenção no dimensionamento dos
componentes, em especial os de manobra que estarão sujeitos a correntes muito superiores
ao valor nominal de projeto. A oscilografia é mostrada na figura 4.4

Figura 4.3

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Inrush - Capacitor de 50 kVAr/380V

400

350

300

250

200

150

100

50
Tensão (V)

-50

-100

-150

-200

-250

-300

-350

-400
Tempo (ms)

Inrush - Capacitor de 50 kVAr/380V

225
200
175
150
125
100
75
50
Corrente (A)

25
0
-25
-50
-75
-100
-125
-150
-175
-200
-225
Tempo (ms)

Figura 4.4

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4.2.2 Amortecimento da corrente transitória de energização:

A corrente transitória de energização é uma senóide amortecida que pode ser representada
pelas seguintes equações – [16]:
1
− +ω t
I = Im ax. A 2
. sen ωt (4.10)
π − 2.ωt

ou I = Im ax.e 4.Q .sen ωt (4.11)


com, ω = 2.π . f ( kHz ) (4.12)
π
e Q=− (4.13)
2. ln( A)
“A” representa o fator de amortecimento de crista da corrente, definido como sendo a
relação entre o valor de crista do 2º semiciclo pelo semiciclo anterior da componente
senoidal, representado na figura 4.5 por S1 (1º) e S2 (posterior), sendo calculado:

S 2 S3 S ⎛ C⎞
A= = = ... = M = 1 − ⎜⎜ 0,5.π .R. ⎟ , com S1 = Imax
⎟ (4.14)
S1 S 2 S M −1 ⎝ L ⎠

Portanto o valor de crista da corrente do semi-ciclo “m” será: Sm = Im = Im ax. Am −1


(4.15)

1 5R 2
O valor de A calculado pela equação acima é praticamente o valor exato se > 2 ,o
LC 4 L
que é normalmente válido se não forem introduzidas propositalmente resistências de valor
apreciável.

A integral de joule que deve ser suportada pelos equipamentos de manobra, alimentação e
proteção, pode ser expressa por:
2 ∞

⎛ 1
− +ωt ⎞ A4. ft
I t = ∫ ⎜⎜ Im ax. A 2 .sen ωt ⎟⎟ dt = I t=∫ .sen 2 ωtdt
2 2
(4.16)
0⎝ ⎠ 0
A
m
e pode ser calculado integrando-se somente entre zero e o tempo tm =
2. f
correspondente ao semi-ciclo ”m” no qual o valor de crista da corrente transitória Imax
( )
alcança aproximadamente 40% do valor de crista 2.In da corrente nominal In do banco.

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S2 S4

S3
S1

Figura 4.5

Os equipamentos de manobra como contatores tripolares devem ser dimensionados para as


correntes de regime (144% de In) como também as transitórias. A norma IEC 60947 [37] ,
define as fórmulas para o cálculo da corrente mínima necessária ao contator para manobra
de capacitores, (sendo denominada de categoria AC-6B). Quando diversos estágios estão
associados, devem-se introduzir indutâncias de Inrush (ou resistores de pré-arco) para
reduzir o efeito transitório, limitando o valor de pico da corrente aos máximos informados por
cada fabricante.

Como referência, a norma [30] IEEE C37.06-1987 – Preferred Ratings and Related
Required Capabilities for AC High-Voltage Circuit Breakers on a Symmetrical Basis –
informa os valores mínimos requeridos para os equipamentos de manobra de capacitores -
para os componentes fabricados conforme esta norma.

4.2.3 Importância do cálculo da corrente de energização:

Pequenos bancos de capacitores, mesmo que automáticos, não necessitam de um estudo


especial. Os estudos devem ser avaliados principalmente em bancos de média tensão.

Como foi dito, na energização, o banco de capacitores se comporta como um curto-circuito,


com uma corrente de energização exponencial com valor de crista dependente do valor da
reatância X do circuito (e taxa de amortecimento proporcional à constante R do sistema de
alimentação). Os equipamentos de manobra possuem, além da corrente térmica admissível,
uma corrente máxima de crista que podem suportar por um determinado período, sem
danos eletromecânicos.

Por exemplo: um contator tipo LC1D80 possui uma corrente máxima de crista de 3.040 A
(conforme catálogo do fabricante); uma corrente térmica de 80 A na categoria AC3 (também
conforme catálogo do fabricante até 480 Vac) e aproximadamente 77 A na categoria AC6-B
(conforme IEC [37]). Isto quer dizer que se este contator for manobrar um Capacitor em
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qualquer condição (automática ou único estágio), o fabricante só garante uma condição
dinâmica se a corrente de crista for inferior a 3.040 A e que a corrente térmica nominal para
aplicação a Capacitores for inferior a 77 A .

Exemplo 3)

Considere a manobra de um capacitor de 30 kvar/220 Volts, a partir de um transformador de


225 kVA, com Z% = 5,20; considerar a potência de curto- circuito da concessionária como
infinita. Considerar a manobra a partir de um contator tripolar com corrente térmica em AC-3
de 115 A, e corrente máxima de crista de 3.040 A. Verificar se o contator suporta a manobra
desse capacitor.

Solução:

30000
Calcula-se a corrente nominal do capacitor: I N ( A) = = 78,73 A ; mas o equipamento de
220 3
manobra deve suportar continuamente no mínimo 144 % de IN, ∴ I = 78,78 x 1,44 = 113,4 A
→ e 113,4 A < 115 A. Do ponto de vista térmico o contator pode ser utilizado.

Cálculo da corrente de Inrush:

225
A partir da equação 4.5, I SC = ( A) ⇒ I SC =11,355 kA
220 3 0,052

e a corrente de Inrush, pela equação 4.3:

I i = 2 11,355 x 0,07873 ⇒ Ii =1,3337 kA ; e como 1,3337 kA < 3,040 kA e portanto


suportável pelo contator definido acima, o contator dimensionado pode ser utilizado para a
manobra do capacitor.

4.3 Proteção de bancos de capacitores:

A proteção de bancos de capacitores pode ser efetuada por fusíveis, disjuntores


termomagnéticos e relés de proteção (diretos ou indiretos), sendo que estes últimos são
geralmente utilizados na média e alta tensão.

Grandes bancos de capacitores, principalmente os de média e alta tensão, necessitam de


um estudo técnico detalhado do modelo de proteção, utilizando relés de desbalanço no caso
de bancos em dupla-estrela, relés direcionais de corrente (67) ou sistemas com proteção
por tensão (59R). Maiores detalhes quanto à proteção de bancos de capacitores pode ser
consultada na referência [15] e norma [16].

Disjuntores são normalmente dimensionados entre 120 e 150% da corrente nominal dos
capacitores; devem em geral, serem ajustados com 1,3 vezes a corrente nominal do
capacitor – conforme norma [9]. Já a referência [42], recomenda que a regulagem do
disjuntor , em condições médias, fique num range entre 165% e 200% da corrente nominal
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do capacitor (NEC – National Electric Code). Conforma a norma Americana IEEE Std 141-
1796 [28], os disjuntores de caixa moldada com disparador magnético devem ser
dimensionados com 135% da corrente nominal, enquanto os demais devem ser
dimensionados com 150% da IN do capacitor. Deve-se levar em consideração não só a
característica de tempo x corrente da atuação térmica mas principalmente a capacidade
dinâmica, devido às altas correntes de inrush presentes.

Exemplo 4)

Considerando um capacitor de 50 kvar / 440 V, calcular o disjuntor terno-magnético de


proteção geral.

Para o mesmo exemplo, calcular a corrente de curto-circuito simétrica trifásica no


secundário do transformador de alimentaão: 500 kVA de 13,2 kV / 440 V, com impedância
de disperção Z% = 5,20 %, considerando a potência de curto-circuito na entrada de média
tensão como infinita.

Cálculo do disjuntor:

50
I CAPACITOR = ⇒ I CAPACITOR = 65,60 A e a corrente térmica mínima do disjuntor é:
440 3
IDJ = 1,50 x 66 ⇒ IDJ = 100A ;

A capacidade de curto circuito mínima deste disjuntor deve ser calculada em função da
corrente de curto circuito trifásica simétrica no ponto de conexão do capacitor.

Conforme já definido na equação 4.5, e de uma forma prática, a corrente de curto circuito
simétrica máxima (desconsiderando as contribuições de motores, geradores e os próprios
capacitores) é:

S
I CC 3φ = , onde
VLL . 3.Z %
ICC3φ = Corrente de curto-circuito trifásico simétrica (kA)
VLL = Tensão fase-fase do circuito (kV)
S = Potência nominal do transformador (MVA)
Z% = Impedância de dispersão (curto-circuito) do transformador

500
A partir da equação 4.5: I CC 3φ = ⇒ I CC 3φ = 12,62 kA
440 . 3 . 0,0520

Considerando um disjuntor comercial, de fabricação da WEG, poderíamos utilizar o disjuntor


DWA 160-N 100 A, que conforme o catálogo “Disjuntor CX Moldada DW” da WEG, possúi
as seguintes características:

• Corrente premanente = 160 A;


• Corrente nominal = 100 A;
• Interrupção em curto-circuito @ 440 Vca ICU = 50 kA;
• Interrupção em serviço @ ICU = 50 kA
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Importante: Lembrar sempre que, geralmenta a capacidade de interrupção dos disjuntores
decai com o aumento da tensão aplicada.

Os fusíveis são dimensionados entre com 165% e 250% da corrente nominal do capacitor –
conforme referência [2]. Já na referência [42] os fusíveis devem ser dimensionados num
range entre 165% e 200% da corrente nominal do capacitor (NEC – National Electric Code);
na prática utiliza-se o valor de 165% da corrente nominal. Devem ser utilizados fusíveis do
tipo retardados (gL/gG).

Complementando o exemplo 4, para utilização de proteção por fusíveis NH:

I FUSÍVEL = 65,60 . 1,65 ⇒ I FUSÍVEL = 108,24 A

Utilizando o valor padronizado mais próximo, um fusível de 125 A seria utilizado.


Considerando um fusível comercial de 125 A, curva gG/gL, poderia ser utilizado como
referência o de fabricação WEG tipo F00NH125.

Com os fusíveis a preocupação com a capacidade ICC é menos crítica, visto que no
mercado, para os modelos gL/gG, a capacidade de ruptura mínima encontrada é de 100 kA,
mesmo considerando-se que a norma IEC 60269-1 [31] Low-Voltage Fuses, define uma ICC
mínima de 6 kA.

Deve-se porém, avaliar a capacidade das chaves seccionadoras ou base fusível com
relação ao nível máximo suportável. Algumas chaves e bases possuem redução da
capacidade ICC em função do nível de tensão aplicado, principalmente devido os esforços
eletrodinâmicos envolvidos.

Outra informação importante acerca das proteções, é que deve se limitar a proteção de
grupos de capacitores (principalmente com fusíveis) a um máximo de 02 capacitores por
proteção; quantidades maiores poderão não estar completamente protegidos por fusíveis,
pois numa falta, o tempo de atuação poderá ultrapassar a capacidade dinâmica do capacitor
(e nível de ruptura da caixa), causando danos a todo o conjunto, com riscos a
equipamentos e pessoas próximas. Para sobrecargas, com mais de dois capacitores numa
única proteção, poderá haver danos a todo o conjunto (alimentadores, chaves, etc)
danificando inclusive os demais capacitores “bons”.

4.4 Transitórios de energização de grandes bancos de capacitores:

Como base, será adotada a metodologia dada pela ANSI/IEEE C37.012-1979 [46] IEEE
Application Guide for Capacitance Current Switching for AC High-Voltage Circuit Breakers
Rated on a Symmetrical Current Basis. Em complemento serão adotadas as referências
[30], [45] e [47].

A referência [46] define que disjuntores para alimentação de bancos de capacitores singelos
e em paralelo, além das capacidades nominais de corrente térmica, interrupção em serviço
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e em curto-circuito, necessitam ter uma capacidade adicional de manobrar altas correntes
transitórias, com frequências superiores à fundamental.

De uma maneira geral deve se satisfazer as seguintes condições condição:

IN Dj (Térmica) ≥ IN Banco de Capacitores x FC (4.17)


Icc Dj (Interrupção Simétrica) ≥ Icc simétrica no ponto de conexão do Dj (4.18)
∂i I x 2 .π f . 2 ⎛ A ⎞
Dj max = CC ⎜ μs ⎟ (4.19)
∂t 106 ⎝ ⎠

∂i ∂i
e Dj max ≥ Calculado (4.20)
∂t ∂t

Sendo:

INDj = Corrente térmica nominal do disjuntor (A)


ICCDj = Corrente de interrupção simétrica nominal (A)
∂i
Dj max = Taxa de variação máxima da corrente pelo tempo suportável pelo disjuntor,
∂t
para uma determinada condição e aplicação (A/μs)
∂i
Calculado = Taxa de variação da corrente pelo tempo suportável calculada para uma
∂t
determinada condição de energização de bancos de capacitores (A/μs)
FC = Fatores de correção da corrente nominal do capacitor (133 % de IN, e 110
% da tolerância da capacitância, totalizando 144%)

Exemplo 5)

Considerando o sistema dado pela figura 4.6, utilizando as fórmulas de 4.1 a 4.9 e 4.17 a
4.20:

Dados dos Disjuntores:

Tabela 4.2 (1A da ref [46])


General Data General Purpose Circuit Definite-Purpose Breakers Back-to-
Breakers Back Capacitor Switching

Line Rated Rated Rated Rated Rated Rated Rated Rated kA, Frequency
No. Maximum Continuous Short- Cable Isolated Isolated Cable Capacitor Peak Hz
Voltage Current Circuit Charging Capacitor Capacitor Charging Bank
kV, rms Amperes, Current Current Bank Bank Current Current
rms kA, rms Amperes, Current Current Amperes, Amperes,
rms Amperes, Amperes, rms rms
rms rms
9 15 1200 40 - 50 25 250 630 25 630 15 2000

• Inicialmente adotaremos o disjuntor com capacidade de corrente de curto-circuito nominal de


50 kA, que para uso geral pode alimentar um banco de capacitores em singelo com corrente
de até 630 A.

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13,82
Z CC = = 0,04761 Ω (lado 13,8 kV) ∴ L = 126,29μH
4000

ZT = 0,030507 + j 0,72303Ω (Lado 13,8 kV)

Como são 2 transformadores em paralelo:

Z 2T // = 0,015254 + j 0,3615 Ω

Zconc + Z 2T // = 0,015254 + j 0,40912 Ω ∴

13,8
I CC 3φ = = 19,461 kA (na barra de saída do trafo)
3 x 0,40941

0,40912
LEQT = = 1,08524 mH e
2π 60

LTOTAL = LEQT + LBAR + LP = 1,08524 mH + 20μH + 5μH ∴ LTOTAL = 1,11024 mH

13,8
ZTOTAL = 0,015254 + j 0,41855 Ω ∴ I CC 3φCAP = = 19,02 kA (no capacitor)
3 x0,41883

sendo:
Ii = corrente transitória de energização (kA)
fi = frequência transitória de energização (Hz)
In = corrente nominal do banco de capacitores (kA)
LP = Indutância própria dos barramentos do banco de capacitores (μH)
LBar = Indutância própria dos barramentos de interligação (μH/m)
LTC = “Load Tap Changer” - tap sob carga dos transformadores

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Concessionária

~ 138kV
Scc=4000MVA

T1 T1
25MVA 25MVA
138/13,8kV 138/13,8kV
Z%=9,5 Z%=9,5
X/R=23,70 X/R=23,70
C/ LTC C/ LTC

LBar =0,80 μH/m


50 metros

52.1 52.2
1200A 1200A
15kV 15kV
VÁCUO VÁCUO

LP=5 μH LP=5 μH

C1 4,1MVAR C2 4,1MVAR
13,8 kV 13,8 kV
Figura 4.6

1º Caso: Energização apenas do 1º banco de capacitores:

Desprezando as indutâncias para o cálculo da corrente nominal:

8,1MVAR
In = = 0,389 kA mas devemos corrigir para a máxima condição de corrente
13,8 x 3
(110% na capacitância e 130% de sobrecorrente) ∴

I MAX Capacitor = 0,389 . 1,10 . 1,31 → I MAX Capacitor = 0,4883 kA e

I i (kA) = 2 x I CC xIn

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I i (kA) = 2 x 19,023 x 0,488 → I i = 4,310 kA

I CC 19,023
fi = fs x → fi = 60 x → fi = 374,49 Hz
In 0,488

Como o disjuntor proposto tem uma ICC (para uso geral) de 50 kA (apenas para manobra em
singelo), temos uma taxa de elevação de corrente máxima permitida de:
∂i 50000 x377 2 26,66 A
= =
∂t 106 μs (disjuntor)

∂i 4310 x 2 x π x 374,49 10,14 A


Para a energização em singelo, = =
∂t 106 μs (banco de
capacitores).

A partir da obtenção da corrente e frequência transitória de energização, verificamos a


suportabilidade do disjuntor.

1) IN Disjuntor (630 A) > IMAX Capacitor (488,3 A);


2) ∂i/∂t do disjuntor (26,66 A/μs) > ∂i/∂t do banco de capacitores (10,14 A/μs);
3) A corrente de curto-circuito máxima do disjuntor (50 kA) > a corrente de curto-circuito na
barra do banco (≈ 19,03 kA).

Para a configuração em singelo o disjuntor pode ser utilizado, pois todas as condições de
suportabilidade foram satisfeitas.

2º Caso: Energização do 2º banco de capacitores, com o 1º banco ligado:

LEQ = 2 x LP + LBAR = 2 x 5μH + 40μH = 50μH

VLL xInx10 −9 13,8 x0,488 x10−9


I i (kA) = 1235 x → I i (kA) = 1235 x → I i = 14,333 (kA)
LEQ 50 x10− 6

fsxVLL x10−9 60 x13,8 x10 −9


fi = 13,5 x → fi = 13,5 x → fi = 2,49kHz
LEQ xIn 50 x10− 6 x0,488

Para a energização em “Back-to-Back”, a taxa de crescimento da corrente passa a ser:

∂i 14333x 2 xπx 2490 22,424 A


= =
∂t 106 μs . (energização do banco de capacitores)

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Consultando a tabela 4.2 (1A da ANSI/IEEE C37.06-1997), vemos que o disjuntor escolhido
para aplicações definidas (Back-to-Back), tem uma capacidade máxima de ICC =15 kA –
pico) e uma frequência transitória máxima de 2 kHz, nos dando:

∂i 15000 x 2 π x 2000 18,850 A


= =
∂t 106 μs . (disjuntor)

Neste caso as duas condições devem ser satisfeitas, ou seja, a frequência transitória fi
deverá ser menor que a capacidade do disjuntor e a corrente de pico Ii de energização
deverá ser menor que a ICC de pico máxima do disjuntor para propósito definida.

Como a corrente de pico ficou abaixo da capacidade do disjuntor mas a frequência


transitória ultrapassou o limite estipulado pelo fabricante (2 kHz) e também o ∂i/∂t ficou
acima da capacidade do disjuntor, é necessária a colocação de indutâncias de limitação das
correntes de Inrush.

Solução:

Utilizando uma indutância de 0,5 mH (Li na figura 4.7) por banco de capacitores, têm-se:

LEQ = 2 xLP + LBAR + 2 xLi = 2 x5μH + 40μH + 2 x0,50mH = 1,050mH

VLL xInx10 −9 13,8 x0,488 x10−9


I i (kA) = 1235 x → I i (kA) = 1235 x → I i = 3,128 (kA)
LEQ 1050 x10− 6

fsxVLL x10−9 60 x13,8 x10 −9


fi = 13,5 x → fi = 13,5 x → fi = 543Hz
LEQ xIn 1050 x10 − 6 x0,488

Para esta condição de energização em “Back-to-Back”, calcula-se novamente o “rate of


change”:
∂i 3128 xπx543 10,67 A
= =
∂t 106 μs . (energização em back-to-back)

Neste caso, as condições de corrente e frequência transitórias, estão abaixo da capacidade


máxima permitida para este disjuntor,concluindo-se neste caso que, a princípio, o disjuntor
poderia ser utilizado com segurança.

Ver o tópico abaixo onde se conclui que a obtenção apenas dos valores transitórios de
energização não garantem que o disjuntor poça ser utilizado com segurança, pois é
necessário avaliar a corrente de curto-circuito transitória (pico).

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Ls=0,97088mH

LB=20 μH LB=20 μH

52.1 52.2
1200A 1200A
15kV 15kV
VÁCUO VÁCUO

Li=500 μH Li=500 μH

LP=5 μH LP=5 μH
Curto-circuito

C1 4,1MVAR C2 4,1MVAR
13,8 kV 13,8 kV
Figura 4.7

4.4.1 Uma discussão sobre a corrente de curto circuito. Serão analisadas 2 situações: A primeira
desconsiderando as resistências existentes e a segunda incluindo-as no circuito. Vejamos a
figura 4.7

Considerando um curto-circuito no capacitor C1 teremos 2 componentes que alimentarão


este ponto; uma originária da concessionária em regime permanente e outra transitória pela
descarga do banco de capacitores C2, onde o disjuntor 52.1 ficará submetido à maior
solicitação.

1 – De regime permanente:

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13,8 x 2
E0 = = 11,268kVP ; Z S = X S + ( LB + LP + LI ) x 2 xπx60
3
Z S = 0,36601 + (20μH + 500μH + 5μH ) x 2 xπx60 → Z S = 0,5639Ω ∴

11,268
Em regime permanente: I 1 (t ) = → I 1 (t ) = 21,105 sen(377t )kA
0,5339

2 – De regime transitório:

Haverá a descarga do banco de capacitores C2 sobre o barramento sob curto,-circuito, com


a corrente total atravessando o disjuntor 52.1. Utilizando as transformadas de Laplace,
temos:

Ldi 2 (t ) 1
0 = Vi(t ) + Vc(t ) → 0 = + ∫ i2 (t )dt
dt 2 C
i I (s) V 0
0 = sLI 2( s ) − 0 2 + , e p/ i0=0
sc s

− V0 L 1,050 x10 −3
i2 (t ) = sen(ωt ) ; = = 4,288Ω
L C 57,108 x10 − 6
C
106
fi = = 649,95Hz
2 xπx 1,050 x57,108

11,268
i2 (t ) = sen(2 xπx649,95 t ) ∴ i2 (t ) = 2,628 sen(4084t )kA
4,288

Considerando as resistências nulas e neste caso não há amortecimento da corrente


transitória, e a máxima corrente ocorrerá após ¼ de ciclo (≈ 4,17 ms) podendo atingir:
Ipico=21,101+2,628 → Ipico=23,729 kA o que a princípio impossibilitaria a utilização do
disjuntor previamente escolhido devido a corrente de pico ser superior a 15 kA (tabela 4.2).

Neste caso deveríamos substituir os disjuntores por outros com maior capacidade de
suportar a corrente de pico ou aumentar as indutâncias em série, visando reduzir a corrente
de pico. Esta última alternativa deve ser cuidadosamente avaliada, pois quanto maior a
indutância mais a frequência de ressonância do conjunto (indutor-capacitor) será reduzida –
como será abordado no tópico de filtros. Porém o fabricante do disjuntor deveria ser
consultado.

Na realidade os cálculos são aproximados e um estudo detalhado deve incluir as


resistências do sistema a fim de avaliar corretamente a corrente transitória de Inrush,

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levando-se em conta as resistências dos barramentos, concessionária, transformadores e
dos próprios capacitores.

Vamos analisar o mesmo caso agora incluindo apenas a resistência de dispersão do


transformador.

1) A corrente de curto-circuito I1, conforme [45] e [47], pode ser assim determinada:

L3=LS+LB+L1+LP; utilizando a transformada de Laplace:

di
E 0 = L3 + RsI e E0 = Ex
2
∴o que nos dá:
dt 3

t
E −
I1 (t ) = 0 x[sen (ωt + ψ − ϕ ) − e τ sen(ψ − ϕ )]
ZT
onde:
(
ZT = 0,08089 + j 0,5693Ω - valor da impedância de curto-circuito R 2 + X 2)
E0= Tensão eficaz de alimentação (kV)
ω = frequência angular (2 π f)
t = tempo (s)
Ψ = ângulo de ligação da tensão E0 quando se estabelece o curto circuito (no nosso
exemplo zero)
⎛ X ⎞
τ = constante de tempo da corrente contínua ⎜ ⎟
⎝ ωR ⎠
⎛X⎞
ϕ = ângulo da impedância de curto-circuito da rede arctg ⎜ ⎟
⎝R⎠
e substituindo valores:

t

x[sen (2π 60t − 81,91) − e 0, 019 sen(−81,91)]
13,8 2
I 1 (t ) = x
0,575 3
t

I 1 (t ) = 19,60 x[sen (377t − 81,91) + 0,99 xe 0 , 019
]

2) Para I2:

L4=L2+2xLB+L1+2xLP ; 0=VC+VL; C1 = C ∴
Em termos de energia, o ramo LC pode ser simplificado para a máxima transferência de
energia:

1 2 1
Li max = CV 2 max ∴
2 2

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~
Rs=0,03089 Ω

Ls=0,97088mH

LB=20 μH LB=20 μH L2
Rs

52.1 52.2 L1
1200A 1200A
15kV 15kV
Ls
VÁCUO VÁCUO

LP

Li=500 μH Li=500 μH ~ I1 I2

C C
LP=5 μH LP=5 μH
Curto-circuito

C1 4,1MVAR C2 4,1MVAR
13,8 kV 13,8 kV

Figura 4.8

Considerando o divisor de tensão dado pelas impedâncias do circuito, a tensão em regime


permanente sob o banco de capacitores será levemente superior à tensão nominal do
sistema, sendo:

13,8
VC = x(− j 46,499) = 13,99kV e neste caso:
0,0308 + j (0,5693 − 46,499)
13,99
x 2
L di (t ) L Cd 2t V max 3
VC + 4 = 0 ; VC (t ) + 4 2 = 0 , onde: Im ax = → Im ax =
dt dt L L
C C
Substituindo os valores:
13,99 2
I 2 (t ) = x → I 2 (t ) = 2,664kA e para a corrente total:
1,05 x10 − 3 3
57,108 x10− 6

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⎛ −
t

Im ax(t ) = 19,60 x[sen (377t − 81,91) + 0,99 xe
⎜ 0 , 019 ⎟
+ 2,664kA
⎜ ⎟
⎝ ⎠

Como a constante de tempo é relativamente baixa (0,019), a máxima corrente ocorrerá


aproximadamente após 9,35 ms com valor de crista de (20,21+2,664) kA, atingindo neste
caso Imax = 22,874 kA. Portanto, mesmo inserindo-se as indutâncias de inrush, o disjuntor
escolhido não poderia ser utilizado, pois as condições transitórias de curto-circuito estarão
acima de suas características nominais.

Neste caso também deveríamos substituir os disjuntores por outros com maior capacidade
de suportar a corrente de pico (back-to-back) ou aumentar as indutâncias em série, visando
reduzir a corrente de pico. Esta última alternativa deve ser cuidadosamente avaliada, pois
quanto maior a indutância mais a frequência de ressonância do conjunto (indutor-capacitor)
será reduzida – como será abordado no tópico de filtros. Porém o fabricante do disjuntor
deveria ser consultado.

Como exemplo, o disjuntor da ABB tipo ADV23 cujas características são dadas nas tabelas
abaixo poderia ser aplicado.

Breaker Nominal Rated Max. Low Freq. Impulse Rated Short Short Time Close and Rated
Type Voltage Voltage kV Withstand Level Circuit Current kA Latch kA Voltage
Class kV Voltage kV (BIL) kV Current kA rms 2 Sec. peak Range
Crest rms Factor K
15ADV23 13.8 15 36 95 40 40 104 1
ADVAC Breaker Continuous Current Rating
Rated Maximum Rated Short Circuit 1200 A
Voltage (kV RMS) Current (kA RMS) General Definite
Purpose Purpose
15.0 18 250 630

O assunto é mais vasto sendo sempre necessário o estudo do sistema de proteção, dos
TC's, TP’s, pára-raios, etc, levando-se em consideração todas as impedâncias do sistema.

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5 Harmônicos em sistemas de potência – definições, causas e consequências

Os capacitores não geram harmônicos, mas podem amplificá-los, ou reduzi-los.

Primeiramente devemos entender e quantificar o fenômeno harmônico, suas causas e


consequências. Deve-se ter principal atenção às normas e procedimentos tanto nacionais
quanto internacionais para que os equipamentos não sejam danificados (além do risco de
acidentes) quando os limites de distorção harmônica forem ultrapassados.

Todas as grandezas elétricas, independentes de sua origem e complexidade, podem ser


expressas por funções matemáticas. As grandezas elétricas variáveis no tempo geralmente
são expressas por funções matemáticas senoidais ou cossenoidais.

Por exemplo, quando dizemos que a tensão de fornecimento da concessionária é 220 Volts,
estamos nos referindo ao valor eficaz da tensão senoidal; na realidade, a função matemática
que define esta forma de onda no tempo é:

V (t ) = VM .sen(ωt + θ ) , (5.1)
onde VM é o valor máximo (pico) da tensão,
ωt a frequência angular,
t o instante de tempo
θ é o ângulo de fase da tensão.

A corrente também pode ser expressa por uma equação com variação senoidal, sendo:
I (t ) = I M .sen(ωt + θ − ϕ ) , onde (5.2)
IM representa a corrente de pico e
ϕ representa o ângulo do fator de potência da carga.

A expressão acima é válida somente se as componentes fundamentais das grandezas (I ou


V) estiverem presentes, ou seja, a forma de onda possuir apenas 60 Hz.

• Cargas lineares e não lineares:

Podemos dizer como definição, que carga linear é aquela que apresenta como resposta a um
determinado sinal elétrico de frequência fixa (tanto de tensão como de corrente), apenas uma
alteração na amplitude ou deslocamento fasorial deste sinal. Por exemplo se alimentarmos
um motor de indução com uma tensão senoidal, a corrente terá a mesma frequência e forma
de onda da tensão, apenas com um defasamento angular.

A figura 5.1 representa a forma de onda da corrente uma carga linear (como por exemplo um
motor de indução).

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Cagas conhecidas como não lineares, são aquelas que alimentadas a partir de um sinal
elétrico de frequência fixa, apresentam como resultado, um sinal elétrico (tensão ou corrente)
deformado, podendo ou não haver deslocamento fasorial entre o sinal de entrada e o sinal
consumido.

A figura 5.2 , representa um retificador de meia onda não controlado (a diodo) com carga
resistiva e indutância na etapa DC; verifica-se facilmente que a forma de onda da corrente é
uma componente senoidal apenas em um semiciclo.

CARGA LINEAR
Corrente Tensão

0.20
0.10
kA / kV

0.00
-0.10
-0.20

(ms) 0.600 0.610 0.620 0.630 0.640 0.650 0.660

Figura 5.1 – Carga Linear

CARGA NÃO LINEAR


Corrente Tensão
0.30
0.20
0.10
kA / kV

0.00
-0.10
-0.20
-0.30
(ms) 0.600 0.610 0.620 0.630 0.640 0.650 0.660

Figura 5.2 – Carga não Linear

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5.1 Histórico:

Por muito tempo, principalmente entre 1910 e 1960 - [38], [39] e [44] -, motores e outras
cargas que exigiam alimentação em corrente contínua - CC -; obtinham energia de grupos
moto-geradores. O acoplamento mecânico entre os sistemas alternado e contínuo transmitia
potência e ao mesmo tempo isolava-os eletricamente.

Por volta de 1920, surgiu o conversor estático de potência - retificador -; passou a ter aplicações
industriais por ser mais eficiente que os grupos moto-geradores e ter menor custo principalmente
de manutenção.

Uma das principais aplicações foi numa refinaria de cobre situada em Salt Lake City, UT, na
década de 20. Quando esta instalação foi energizada, as conversas telefônicas foram
interrompidas devido surgimento de um forte nível de ruído na linha telefônica, suficiente o
bastante para tornar impossível a conversação. A alimentação elétrica da refinaria
localizava-se paralela às linhas telefônicas.

Eventos semelhantes a este foram registrados diversas vezes, por ocasião da instalação de
conversores, quando as linhas de comunicação compartilhavam o mesmo caminho do
sistema de corrente alternada.

A grande utilização dos conversores estáticos de potência se deu entre 1930 e 1970,
principalmente com finalidades eletroquímicas, grandes consumidores eletrometalúrgicos e
transmissão de energia em corrente contínua. A partir de 1965, com a introdução dos
semicondutores de potência associando baixo custo e alta eficiência, iniciou-se grande
utilização desses componentes no setor industrial. O grande impulso porém só ocorreu a
partir de 1970, com a substituição das válvulas retificadoras a mercúrio pelos diodos e
thiristores, proporcionando o aparecimento de conversores controlados de tamanho reduzido.

Após 1973 com a crise do petróleo, destacou-se a utilização da eletrotermia, principalmente


com a utilização de fornos a arco. Cargas deste tipo, entre outras, como grandes
laminadores, apresentam variações de corrente muito rápidas, além de grande consumo de
potência “reativa”.

O primeiro problema do processo de retificação foi o aparecimento de correntes e tensões


harmônicas fluindo entre os sistemas CA e CC. O segundo problema foi o pobre “fator de
potência”, especialmente se os retificadores eram do tipo controlado com alto ângulo de
disparo dos thiristores.

No Brasil o tema "harmônicos" é relativamente recente, tendo principal impulso durante a o


estudo e construção da usina de Itaipu entre 1960 e 1980, Usina que transmite tanto em
corrente contínua como corrente alternada (50 e 60 Hz por ser binacional e alimentar parte
do Paraguai). Na época, houve a necessidade do conhecimento mais profundo dos
problemas de geração de harmônicos, ressonância e seus efeitos, levando diversos
profissionais Brasileiros a se especializar nesses fenômenos em outros países e adquirir as
técnicas de análise e modelamento de sistemas na presença das distorções harmônicas.

Com o avanço da eletrônica em estado sólido, como inversores de frequência, soft-starters e


acionamentos em corrente contínua, a formulação das equações 5.1 e 5.2 dadas
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anteriormente, passam a não representar com veracidade a forma de onda da tensão e
corrente nos sistemas elétricos. Essas cargas, além dos transformadores de núcleo saturado,
fornos de indução e a arco, e cargas do nosso dia a dia como fornos de micro ondas,
computadores pessoais, vídeo cassete, DVD, etc, produzem distorções na forma de onda da
corrente (ou tensão), e em consequência, devem ter um tratamento especial.

Quando as cargas ditas não lineares, conforme exemplificado acima, são alimentadas por
uma tensão senoidal, são produzidas correntes distorcidas não mais representada pela
equação 5.2.

Jean Baptiste Joseph Fourier [41], em 1822 publicou sua “Théorie analytique de la chaleur”,
na qual ele baseia-se no raciocínio da “Lei de Newton da Refrigeração”; neste trabalho ele
mostrou que todas as funções de uma variável, se contínuas ou não, podem ser expandidas
em uma série de senos dos múltiplos desta variável - um resultado que é usado
constantemente na análise moderna. Fourier deixou o equacionamento não terminado.
Posteriormente editado em 1831 por Claude Navier, contendo o material original, em
particular há uma demonstração do teorema de Fourier com a posição das raízes de uma
equação algébrica.

A prova de Fourier é igual a que normalmente é dada nos livros de ensino na teoria de
equações. A solução final do problema foi determinada em 1829 por Jacques Charles
François Sturm.

Esta ferramenta matemática, também utilizada para a decomposição de formas de onda


periódicas em funções matemáticas simples - decomposição de uma forma de onda qualquer
em uma somatória (pelo teorema da superposição) de senos e co-senos pode ser aplicada
com facilidade na análise dos harmônicos.

5.2 A série de Fourier:

A série de Fourier de uma função periódica x(t) tem a seguinte representação:


⎛ ⎛ 2πnt ⎞ ⎛ 2πnt ⎞ ⎞
x(t ) = a 0 + ∑ ⎜⎜ a n cos⎜ ⎟ + bn sen⎜ ⎟ ⎟⎟ (5.3)
n =1 ⎝ ⎝ T ⎠ ⎝ T ⎠⎠

Esta expressão constitui uma representação no domínio da frequência de uma função


periódica, sendo:

a0 = é o valor médio (ou DC para os sinais elétricos)

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an e bn os coeficientes harmônicos de ordem “n” da série na forma retangular

Então os componentes harmônicos terão a seguinte forma:


An∠φn = an + jbn
Com valor em módulo: An = a 2 n + b 2 n
⎛b ⎞
E com ângulo de fase: φn = arctan⎜⎜ n ⎟⎟
⎝ an ⎠
Utilizando as fórmulas dadas acima e para uma dada função x(t), o componente a0 pode
ser determinado integrando-se ambos os lados da equação 5.3 entre –T/2 e T/2 de um
período T:

T /2

T /2 ∞
⎛ 2πnt ⎞ ⎛ 2πnt ⎞⎤
∫ x(t )dt =
−T / 2
∫ ⎢
−T / 2 n =1 ⎣
a 0 + ∑ an cos⎜⎝ T ⎟⎠ + bn sen⎜⎝ T ⎟⎠⎥ dt

(5.7)

e cada termo pode ser integrado individualmente como uma somatória, então:

T /2 T /2 ∞ ⎡ T /2 ⎛ 2πnt ⎞
T /2
⎛ 2πnt ⎞ ⎤
∫ x (t ) dt = a0 ∫ dt + ∑ ⎢ an ∫ cos⎜ ⎟ dt + bn ∫ sen ⎜ ⎟dt ⎥ (5.8)
−T / 2 − T / 2 n =1 ⎣ −T / 2 ⎝ T ⎠ −T / 2 ⎝ T ⎠ ⎦

Fazendo-se as devidas substituições os termos da série de Fourier serão:

T /2
1
T −T∫/ 2
a0 = x(t )dt (5.9)

Os coeficientes podem ser determinados pela multiplicação da equação 5.3 por


⎛ 2πmt ⎞
cos⎜ ⎟ onde m é qualquer inteiro positivo, e a integração se dará entre -T/2 e T/2.
⎝ T ⎠

T/2
⎛ 2πmt ⎞
T /2
⎡ ∞
⎡ ⎛ 2πnt ⎞ ⎛ 2πnt ⎞⎤ ⎤ ⎛ 2πmt ⎞
∫ x (t ) cos⎜
⎝ T ⎠
⎟dt = ∫ ⎢ ao + ∑ ⎢
n =1 ⎣
an cos⎜
⎝ T ⎠
⎟ + bn sen⎜ ⎟⎥ ⎥ cos⎜
⎝ T ⎠⎦ ⎦ ⎝ T ⎠
⎟dt =
T/2 −T / 2 ⎣

⎛ 2πnt ⎞
T /2
ao ∫
−T / 2
cos⎜
⎝ T ⎠
⎟dt +

∞ ⎡ T /2 ⎛ 2πnt ⎞ ⎛ 2πmt ⎞
T/2
⎛ 2πnt ⎞ ⎛ 2πmt ⎞ ⎤
+ ∑ ⎢
n =1 ⎣
an ∫ cos⎜
⎝ T ⎠
⎟ x cos⎜
⎝ T ⎠
⎟ dt + bn ∫ sen⎜ ⎟ cos⎜
⎝ T ⎠ ⎝ T ⎠ ⎦
⎟dt ⎥ (5.10)
−T / 2 −T / 2

O primeiro termo após a igualdade na integração é zero, bem como todos os termos bn,
pois a função é ortogonal para todos os valores de n e m. Da mesma forma os termos an
são zero, sendo ortogonais, a menos que m = n; neste caso a equação (5.10) passa a ser:

T /2 ⎛ 2πmt ⎞ T /2 ⎛ 2πnt ⎞ a T /2 ⎛ 4πnt ⎞ an T / 2


∫−T / 2
x(t ) cos⎜
⎝ T ⎠
⎟dt = a n ∫ cos⎜
−T / 2
⎝ T ⎠
⎟dt = n
2 ∫−T / 2
cos⎜
⎝ T ⎠
⎟dt +
2 ∫−T / 2
dt (5.11)

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O primeiro termo após a igualdade é zero enquanto que o segundo termo é igual a anT/2.
Os coeficientes an podem ser obtidos de:

2 T /2 ⎛ 2πnt ⎞
an =
T ∫−T / 2
x(t ) cos⎜
⎝ T ⎠
⎟dt para n = 1 → ∞ (5.12)

⎛ 2πmt ⎞
Para a obtenção dos coeficientes bn, a equação 5.3 é multiplicada por sen⎜ ⎟,
⎝ T ⎠
utilizando a mesma metodologia apresentada acima.
2 T /2 ⎛ 2πnt ⎞
bn = ∫ x(t ) sen⎜ ⎟dt para n = 1 → ∞ (5.13)
T − T / 2
⎝ T ⎠

Deve ser notado que devida periodicidade dos integrandos nas equações (5.9), (5.12) e
(5.13), os intervalos de integração podem ser tomados mais genericamente como t e t + T.

As equações (5.9), (5.12) e (5.13) são normalmente expressas em termos da frequência


angular como definido abaixo:

1 π
ao =
2π ∫ π x(ωt )d (ωt )

(5.14)

1 π

π ∫π
an x(ωt ) cos(nωt )d (ωt ) (5.15)

1 π

π ∫π
bn = x(ωt ) sin(nωt )d (ωt ) e neste caso, (5.16)


x(t ) = ao + ∑ [a n cos(nωt ) + bn sin(nωt )] (5.17)
n =1
Simplificação resultante da simetria da forma de onda

As equações (5.9), (5.12) e (5.13), tem uma fórmula geral para os coeficientes de Fourier, e
podem ser representados como uma somatória de duas integrais.

2 T /2 ⎛ 2πnt ⎞ 2 0 ⎛ 2πnt ⎞
an =
T ∫0
x(t ) cos⎜
⎝ T ⎠
⎟dt + ∫−T / 2 x(t ) cos⎜
T ⎝ T ⎠
⎟dt (5.18)

2 T /2 ⎛ 2πnt ⎞ 2 0 ⎛ 2πnt ⎞
bn = ∫ x(t ) sen⎜ ⎟dt + ∫ x(t ) sen⎜ ⎟dt (5.19)
T 0 ⎝ T ⎠ T −T / 2 ⎝ T ⎠

E substituindo –t na segunda integral da equação (5.18) e alterando os limites teremos:

2 T /2 ⎛ 2πnt ⎞ 2 0 ⎛ − 2πnt ⎞
an = ∫
T 0
x(t ) cos⎜
⎝ T ⎠
⎟dt + ∫
T +T / 2
x(−t ) cos⎜
⎝ T ⎠
⎟d (−t ) =

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⎛ 2πnt ⎞
=
2 T/2
∫ [x(t ) + x(− t )]cos⎜ ⎟dt (5.20)
T 0 ⎝ T ⎠

⎛ 2πnt ⎞
E da mesma forma: bn =
2 T /2
∫ [x(t ) − x(− t )]sen⎜ ⎟dt (5.21)
T 0 ⎝ T ⎠
• Simetria ímpar:

A forma de onda terá simetria ímpar se x(t)=-x(-t). Então os termos an serão zero para todo n,
enquanto

⎛ 2πnt ⎞
x(t )sen⎜
4 T /2
bn = ∫
T 0 ⎝ T ⎠
⎟dt (5.22)

E neste caso a série de Fourier para simetria ímpar conterá apenas termos senoidais.

• Simetria par:

A forma de onda terá simetria ímpar se x(t)=x(-t). Então os termos bn serão zero para todo n,
enquanto

⎛ 2πnt ⎞
x(t ) cos⎜
4 T /2
an = ∫
T 0 ⎝ T ⎠
⎟dt (5.23)

E neste caso a série de Fourier para simetria par onda conterá apenas termos cosenoidais.

Certas formas de onda podem ter simetria par ou ímpar dependendo do referencial de tempo
(escala) selecionado. Por exemplo, a forma de onda quadrada da figura 5.3, demonstra uma
simetria ímpar e pode ser transformada numa função de simetria par deslocando o eixo x de
T/2.

Simetria de meia onda: Uma função x(t) tem uma simetria de meia onda se:

x(t ) = − x(t + T / 2 ) (5.24)

Isto é a forma de onda do sinal num período entre t +T/2 e t+T é o negativo da forma de
onda num período entre t e +T/2. Consequentemente, a função da forma de onda da figura
5.4 tem uma simetria de meia onda.

Usando a equação (5.4) e substituindo (t) por (t+T/2) no intervalo (-T/2,0) temos:

⎛ 2πnt ⎞ 2 0 +T / 2 ⎛ 2πn(t + T / 2) ⎞
x(t )cos⎜ x(t + T / 2)cos⎜
2 T /2
an = ∫
T 0 ⎝ T ⎠
⎟ dt + ∫
T −T / 2 + T / 2 ⎝ T
⎟dt

⎡ ⎛ 2πnt ⎞ ⎛ 2πnt ⎞⎤
x(t )⎢cos⎜
2 T /2
= ∫
T 0 ⎣ ⎝ T ⎠
⎟ − cos⎜
⎝ T
+ nπ ⎟⎥ dt
⎠⎦
(5.25)

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Desde que por definição x(t)=-x(t+T/2). Se n é um inteiro ímpar:

⎛ 2πnt ⎞ ⎛ 2πnt ⎞ ⎛ 2πnt ⎞


⎟ e a n = ∫0 x(t ) cos⎜
4 T /2
cos⎜ + nπ ⎟ = − cos⎜ ⎟dt (5.26)
⎝ T ⎠ ⎝ T ⎠ T ⎝ T ⎠

Mas se n é um inteiro par:

⎛ 2πnt ⎞ ⎛ 2πnt ⎞
cos⎜ + nπ ⎟ = cos⎜ ⎟ e a n = 0. (5.27)
⎝ T ⎠ ⎝ T ⎠

⎛ 2πnt ⎞
x(t )sen⎜
4 T /2
Da mesma maneira bn =
T ∫0
⎝ T ⎠
⎟dt para todo n ímpar e bn = 0 para n par.

Desta maneira as formas de onda que tiverem simetria de meia onda terão apenas
harmônicas de ordem ímpar.

Onda quadrada

Figura 5.3

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Espectro – representação de uma onda quadrada

4k/π

__
1 (4k/π)
3
__
1 (4k/π)
5

0
Figura 5.4

A forma de onda da figura 5.4 é uma função ímpar com simetria de meia onda;
consequentemente apenas os termos bn e as harmônicas ímpares existirão. A expressão
para os coeficientes desta condição é:

⎛ 2πnt ⎞
x(t )sin⎜
8 T /4
bn =
T ∫0
⎝ T ⎠
⎟dt (5.28)

Equação geral de Fourier [42]:


n =∞
v (t ) = Y0 + ∑ Yn 2 sen (nωt − ϕn ) (5.29)
n =1
onde:

Y0 = valor da componente CC, geralmente nulo;


Yn = valor eficaz da componente harmônica de ordem “n”;
ω = frequência angular da componente fundamental;
ϕn = defasagem da componente harmônica de ordem “n”;

A noção de harmônicas se aplica a todos os fenômenos periódicos, independentes de sua


natureza, e, particularmente, à corrente CA. A figura 5.5 demonstra de forma sucinta a
equação de Fourier.

Quando se trata de fenômenos harmônicos, outros índices de medição e quantificação


devem ser conhecidos:

Valor eficaz de uma quantidade não senoidal

Há similaridade entre a expressão normal desse valor eficaz, calculado a partir da evolução
no tempo da quantidade alternada y(t), e a expressão calculada utilizando seu conteúdo
harmônico:

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Fundamental 60 Hz

Figura 5.5

T n =∞
1
Yef = ∫
T 0
y 2 (t )dt = ∑ Yn
n =1
2
(5.30)

Note que, quando harmônicas estão presentes, os instrumentos de medição devem


apresentar uma grande largura de banda ( >1kHz).

• Distorção harmônica total:

A distorção harmônica total é um parâmetro que define de modo global a distorção de uma
quantidade alternada:

n =∞

∑ Yn
n =1
2

DHT (%) = 100 (5.31)


Y1

Há uma outra definição que substitui a fundamental Y1 pelo valor eficaz total Yef. Essa
definição é utilizada por alguns equipamentos de medição.

• Relação harmônica individual:

Essa quantidade representa a relação entre o valor de uma harmônica sobre o valor da
fundamental (Y1), de acordo com a definição padrão ou em relação ao valor da quantidade
alternada (Yef).

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Yn
Hn% = x100 (5.32)
Y1
• Espectro (de frequência):

Representação da amplitude harmônica em função de sua ordem: o valor das harmônicas é


normalmente expresso como uma porcentagem da fundamental.

Por exemplo: considerando um retificador trifásico em onda completa com diodos, como o da
figura 5.6 abaixo, onde a carga de saída CC é um resistor, vê-se que a tensão e corrente -
figura 5.7 - não possuem defasamento (elas cruzam o eixo X em 0 simultaneamente).

Analisando o espectro harmônico da figura 5.8, fica claro que outras frequências estão
presentes no sinal (corrente) absorvido pelo retificador. A simulação fora executada com o
software Microsim (PSPICE) – [32].

Figura 5.6 - retificador trifásico de onda completa

Figura 5.7 - formas de onda tensão e corrente

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Figura 5.8 - espectro harmônico – corrente da fase (a)

• Fator de potência (FP) e fator de deslocamento (FD).

Quando harmônicos estão presentes, é importante não confundir estes dois termos, na
medida em que eles são equivalentes apenas quando as correntes e tensões são
completamente senoidais.

O fator de potência (λ) – também denominado de cos φ, é a relação entre a potência ativa P
e a potência aparente S:

P
λ = = cos φ (5.33)
S
fator de potência de deslocamento (cos ϕ1) está relacionado a quantidades fundamentais, ou
seja:

P1
(cos φ1) = (5.34)
S1

Numa forma de onda puramente senoidal: cos φ1 = cos φ = cos λ

Para entendermos essas duas definições, vamos utilizar um modelo clássico, utilizando um
retificador de meia onda com carga resistiva, conforme figura 5.9, cuja forma de onda na
carga é representada pela figura 5.10:

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Figura 5.9 - retificador monofásico com carga resistiva

Quando tratamos de ondas puramente senoidais, o fator de potência pode ser entendido
como o co-seno da diferença angular entre a forma de onda da tensão e corrente (vide figura
5.1 para o 1º semiciclo). No nosso exemplo, a forma de onda da corrente é senoidal somente
no semiciclo positivo, não podendo neste caso ser aplicada a definição de “co-seno da
diferença angular”.

Figura 5.10 – forma de onda da tensão e corrente

Para entendermos o mecanismo de cálculo do fator de potência (que difere do fator de


deslocamento), façamos uso das definições adotadas na referência [1].

1) A tensão eficaz de saída da fonte pode assim ser definida:

Vm 1 − cos 2ωtdt
T T T

∫0 T (Vm sen ωtdt ) ⇒ VRMS =


1 1
VRMS = ∫0 T Vm sen ωtdt ⇒ VRMS = T ∫0
2 2 2

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2.π
Vm 2 ⎡1 1 ⎤ Vm 2 Vm
VRMS = ⎢2 t − sen 2ω t ⎥ ⇒ V = ∴ VRMS = (5.35)
2.π
RMS
⎣ 2 ⎦0 2 2

2) Para a corrente, só existe fluxo no semi-ciclo positivo, e portanto a integral só é calculada


por meio ciclo (π ) :

Im 1 − cos 2ωtdt
T T T

∫0 T (Im sen ωtdt ) ⇒ I RMS =


1 1 2
I RMS = ∫0 T Im sen ωtdt ⇒ VRMS = T ∫0
2 2


Im2 ⎡ 1 1 ⎤ Im2 π Im
I RMS = ⎢ t − sen 2ωt ⎥ ⇒ I RMS = . ∴ I RMS = (5.36)
2.π ⎣ 2 2 ⎦0 2π 4 2. 2

3) Por definição, a potência ativa pode ser expressa por:

t
P = ∫ v(t ).I (t )dt (5.37)
0

mas como estamos tratando de uma carga resistiva, a corrente está em fase com a tensão
V (t )
(vide fig. 5.7), e portanto a corrente pode ser escrita por: I (t ) = ∴ (5.38)
R

t
Vm
P = ∫ Vm sen ωt. sen ωtdt ⇒ e por analogia, (5.39)
0 R

1 Vm 2 ⎛ 1 − cos 2ωt ⎞ V 2 ⎛ 2π ⎞
2 2
Vm
P=∫ sen 2 ωt.dt ⇒ ⎜ ⎟⇒P= ⎜ ⎟ (5.40)
0 R 2π R ⎝ 2 ⎠ 2πR ⎝ 2 ⎠

Vm 2
P= Da definição de potência aparente têm-se: (5.41)
4R

Vm
S = V .I ⇒ e substituindo Im por ,
R
Vm Vm Vm 2
S= . ⇒S= (5.42)
2 2R R.2 2

P
Da definição de fator de potência , cos φ =
S

Vm 2 Vm 2 2
cos φ = ⇒ cos φ = = 0,707 (5.43)
4R R.2. 2 2

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Como fica claro, pela definição de fator de potência (mais adotada e difundida atualmente),
quando temos circuitos com cargas não lineares, verificar apenas o defasamento da forma de
onda entre a corrente e a tensão, não é possível obter o Fator de Potência real do circuito;
pelo nosso exemplo não há defasamento entre a tensão e a corrente mas o fator de potência
do circuito é 0,707 (5.40).

• Fator de distorção:

Este fator é a relação entre o fator de potência e o fator de deslocamento:

λ
v= (5.44)
cos ϕ 1

Ele é sempre ≤ 1 .

5.3 Potências em regime não senoidal.

Não existe consenso universal para uma formulação da potência em circuitos não senoidais.
A mais usada é atualmente, adota os mesmos conceitos utilizados nos sistemas senoidais
[39].

A maior deficiência no que diz respeito à comprovação da eficácia dessas formulações é que
não se reflete com fidelidade a complexidade da potência em circuitos com formas de onda
não senoidais.

Por exemplo, alguns detalhes de comportamento da potência são deixados à margem


quando, sob tais condições, se fala de correção do fator de potência.

= P2 +Q2
2
Expressões como S (5.45) (figura 5.11), ou discutidas, tal como
= P 2 + Q 2 + D 2 (5.46) (figura 5.12), onde já se constata a introdução do termo “potência
2
S
de distorção” (D), decorrente das harmônicas de tensão e/ou corrente no circuito não
oferecem uma perfeita “visualização” das suas aplicações para uma variedade de diferentes
métodos, existentes atualmente, para melhoria do fator de potência.

)
( VA
S
Q (VAr)

P (W)

Figura 5.11

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A)
(V )
S ão

sto
i
(D
D

Q (VAr)
P (W)

Figura 5.12

Por outro lado a potência instantânea, que está vinculada a estas expressões, permite uma
melhor percepção de alguns desses detalhes e/ou fenômenos de comportamento.

Para isso o tratamento matemático dado à expressão da potência instantânea se dividirá em


etapas: uma, considerando apenas as parcelas constituídas por tensões e correntes de
mesma ordem harmônica, caracterizando a potência de distorção (fundamental e
harmônicas expressa em kW) e por fim a soma dessas componentes que fornecerão o
comportamento global da potência instantânea.

Será analisado o comportamento das parcelas da potência instantânea, para o caso onde os
sinais de tensão e corrente são deformados, ou seja, um sistema não senoidal, porém,
analisando-se apenas as parcelas onde a tensão e corrente tenham a mesma ordem
harmônica.

5.3.1 Generalização da Expressão da Potência Instantânea

Considere um sistema em regime permanente não senoidal onde a tensão e a corrente


sejam distorcidas e periódicas, onde v(t) e i(t) são dados pela soma de várias componentes
de ordem “n”, respectivamente, às quais se denominam componentes harmônicas.

Assim, para um circuito monofásico em função do tempo, tem-se:

v(t ) = v1 (t ) + v2 (t ) + v3 (t ) + ... + vn (t ) (5.47)


i (t ) = i1 (t ) + i2 (t ) + i3 (t ) + ... + in (t ) (5.48)

onde:
v1 (t ) = V1máx . sen ωt (5.49)
v2 (t ) = V2 máx . sen (2ωt + δ 2 ) (5.50)
v3 (t ) = V3máx . sen (3ωt + δ 3 ) (5.51)
vn (t ) = Vnmáx. sen (nωt + δ n ) (5.52)
i1 (t ) = I1máx. sen (ωt − δ 1 ) (5.53)
i2 (t ) = I 2 máx. sen (2ωt + δ 2 − δ 2 ) (5.54)

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i 3 (t ) = I 3máx . sen (3ωt + δ 3 − ϕ 3 ) (5.55)
in (t ) = I nmáx. sen (nωt + δ n − ϕ n ) (5.56)

onde:
δ n = ângulo de defasagem da tensão de ordem harmônica “n” em relação à fundamental;
ϕ n = ângulo de defasagem da corrente de ordem harmônica “n”. em relação à tensão de
mesma ordem harmônica;
nωt = n.2.π . f .t. em rad, com f = frequência do sinal [Hz]: normalmente “n” = 1,2,3,....50
(ordens harmônicas de tensão e corrente); as expressões de (5.49) a (5.56) tratam de
componentes de sinais distorcidos com frequência fundamental f.

Como a potência instantânea é dada pela expressão p(t) = v(t).i(t), para este caso tem-se que
a potência instantânea passa a ser dada por:

p (t ) = [v1 (t ) + v2 (t ) + v3 (t ) + ... + vn (t )][. i1 (t ) + i2 (t ) + i3 (t ) + ... + in (t )] (5.57)

Cujos produtos das tensões pelas correntes, resulta em:

p(t ) = v1 (t )i1 (t ) + v2 (t )i2 (t ) + v3 (t )i3 (t ) + ... + vn (t )in (t ) +


+ v1 (t )i2 (t ) + v1 (t )i3 (t ) + ... + v1 (t )in (t ) +
+ v2 (t )i1 (t ) + v2 (t )i3 (t ) + ... + v2 (t )in (t ) +
+ v3 (t )i1 (t ) + v3 (t )i2 (t ) + ... + v3 (t )in (t ) + ... (5.58)

Substituindo as expressões de (5.49) a (5.56) na expressão (5.58), tem-se:

V1 sen ωt.I 1 sen (ωt − ϕ 1 )


V1 I 1 sen ωt. sen (ωtϕ 1 )
V1 I 1
p (t ) = {V1Ι1 cos ϕ1 [1 − cos 2ωt ] − V1Ι1 sen ϕ1 sen 2ωt} +

+ {V2Ι 2 cos ϕ 2[1 − cos(4ωt + 2δ 2 )] − V2Ι 2 sen ϕ 2 sen (4ωt + 2δ 2 )} +


+ {V3Ι 3 cos ϕ 3 [1 − cos(6ωt + 2δ 3 )] − V3Ι 3 sen ϕ 3 sen (6ωt + 2δ 3 )} +
⎧V1Ι 2 cos ϕ 2 [cos(ωt + δ 2 ) − cos(3ωt + δ 2 )] + ⎫
+⎨ ⎬+
⎩− V1Ι 2 sen ϕ 2[sen (− ωt − δ 2 ) + sen (3ωt + δ 2 )]⎭
⎧V1Ι 3 cos ϕ 3 [cos(2ωt + δ 3 ) − cos(4ωt + δ 3 )] + ⎫
+⎨ ⎬+
⎩− V1Ι 3 sen ϕ 3 [sen (− 2ωt − δ 3 ) + sen (4ωt + δ 3 )]⎭
⎧V2Ι1 cos ϕ1 [cos(ωt + δ 2 ) − cos(3ωt + δ 2 )] + ⎫
+⎨ ⎬+
⎩− V2Ι1 sen ϕ1 [sen (ωt + δ 2 ) + sen (3ωt + δ 2 )]⎭
⎧V2 Ι 3 cos ϕ 3 [cos(− ωt + δ 2 − δ 3 ) − cos(5ωt + δ 2 + δ 3 )] + ⎫
+⎨ ⎬+
⎩− V2Ι 3 sen ϕ 3 [sen (− ωt + δ 2 − δ 3 ) + sen (5ωt + δ 2 + δ 3 )]⎭

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⎧V3 Ι 1 cos ϕ 1 [cos(2ωt + δ 3 ) − cos(4ωt + δ 2 )] + ⎫
+⎨ ⎬ +... (5.59)

⎩ 3 1
V Ι sen ϕ 1 [sen (2ω t + δ 3 ) + sen (4ω t + δ )]
3 ⎭

Expressão que pode ser generalizada para:

n [ ]
⎧⎪V j Ι k cos ϕ k cos(( j − k )ωt + δ j − δ k ) − cos(( j + k )ωt + δ j + δ k ) + ⎫⎪
p(t ) = ∑ ⎨⎪− V Ι [ ⎬
] (5.60)
j .k =1⎩ j k sen ϕ k sen (( j − k )ωt + δ j − δ k ) + sen (( j + k )ωt + δ j + δ k ) ⎪

Pode-se constatar que a potência instantânea, que é um produto da tensão pela corrente em
sistemas senoidais, passa a ser em sistemas não senoidais, uma soma de “subprodutos” de
componentes harmônicas de tensão pelas componentes harmônicas de corrente.

Esses “subprodutos” podem ser entendidos como as “parcelas de potência” compostas pelos
sinais de tensão e corrente que possuem ou a mesma ordem harmônica ou ordens
harmônicas diferentes.

Então, pode-se escrever a potência como sendo:

p (t ) = p11 (t ) + p 22 (t ) + p 33 (t ) + ... + p nn (t ) +
144444424444443
p n (t )

+ p12 (t ) + p13 (t ) + p 21 (t ) + p 31 (t ) + p 23 (t ) + p 32 (t ) + ... + p jk (t ) (5.61)


144444444444 42444444444444 3
p n (t )

sendo que p jk (t ) indica uma parcela genérica da potência instantânea correspondente ao


“subproduto” de uma tensão de ordem j por uma corrente de ordem k, onde: j=1,...,n, e
k=1,...,n e j ≠ k .

Verifica-se que a expressão (5.61) atingiria uma proporção muito elevada, se fossem
considerados os n-ésimos termos para representá-la. Não sendo conveniente explorá-las
agora, optou-se por representar apenas as tensões e correntes fundamentais e mais duas
ordens harmônicas (n=2,3), deixando-se de representar os termos de tensão e corrente de
ordem harmônica superior a três. A limitação das ordens harmônicas tanto de tensão quanto
de corrente foi feita de maneira a facilitar o manuseio das expressões envolvidas. Porém com
os recursos computacionais pode-se expandir essas expressões para ordens acima da 50ª
harmônica.

Nota: Se avaliarmos detalhadamente a expressão (5.61) será visto que as partes de Pij onde i=j
produzirão potência ativa em kW e as parcelas onde i≠j produzirão potência não ativa. Por
isso quando tensões e/ou correntes harmônicas estiverem presentes em um sistema elétrico,
além dos problemas que serão abordados posteriormente haverá um potência em kW
adicional e indesejável além da “piora” do fator de potência.
Como exemplo, vamos avaliar a partida de um motor com partida por soft-start em 2
momentos distintos. Na partida propriamente dita, e num instante posterior - regime (quando
o ângulo de disparo dos SCR’s está próximo a zero). As figuras 5.14 e 5.15 representam
respectivamente a partida e o regime.

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Utilizando a técnica matemática explanada acima, para o momento de partida do soft-start,
teríamos os seguinte parâmetros elétricos:

P = 18,65 kW
S = 149,99 kVA
FP = 0,132
D = 133,72
Cos ϕ1 = 0,456 (entre tensão e corrente fundamentais)

Figura 5.14 - Formas de onda da tensão e corrente (partida)

Figura 5.15 - Formas de onda da tensão e corrente (regime)

Para o momento de regime, teríamos:

P = 78,83 kW
S = 90,65 kVA
FP = 0,870
D = 45,09
Cos ϕ1 = 0,987 (entre tensão e corrente fundamentais)

Concluímos portanto, que na partida, o soft-start além de gerar um nível de distorção


harmônica elevado, mantém o sistema com um baixo fator de potência (como se não
houvesse tal sistema de partida). Já em regime o fator de potência é relativamente alto (0,87)
mas este valor é devido aos harmônicos; em contrapartida o fator de potência fundamental
(ou fator de deslocamento) está próximo a 1 – 0,987, o que a princípio demonstra que não há
necessidade de correção, mas sim de Filtragem dos Harmônicos.

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Como exemplo da geração de harmônicos, suponha um circuito cuja tensão possua o
seguinte espectro harmônico, conforme tabela 5.1.

Verifica-se que a forma de onda se aproxima de uma onda quadrada (figura 5.16), ou seja
uma onda quadrada é uma somatória de harmônicos de e-nésima ordem, por isso quaisquer
processos de retificação, geram harmônicos característicos (e não característicos quando a
ponte retificadora opera em desequilíbrio).

Tabela 5.1
Ordem harmônica V (%) Ordem harmônica V (%)
00 0,00 16 0
01 100 17 5
02 0 18 0
03 40 19 5
04 0 20 0
05 25 21 5
06 0 22 0
07 15 23 5
08 0 24 0
09 10 25 5
10 0 26 0
11 10 27 5
12 0 28 0
13 5 29 5
14 0 30 0
15 5 31 1

250,00

200,00

150,00

100,00

50,00
Tensão (V)

0,00

-50,00

-100,00

-150,00

-200,00

-250,00

Figura 5.16 - Forma de onda para o exemplo da tabela 5.1

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5.4 Wavelet:

O método de Fourier possui um inconveniente, a análise é definida apenas no parâmetro


frequência e a forma de onda deve ser periódica. Quando o sinal sob análise é transformado
para este domínio de frequência, as informações temporais são perdidas. Isto impossibilita a
análise de sinais variáveis e descontínuos (como no caso de SAG, SWELL, Interrupções –
tópicos de qualidade da energia – [40]). Atualmente utiliza-se uma ferramenta matemática
mais poderosa, que é a Transformada de Wavelet.

A transformada de Wavelet é relativamente recente, estruturada na década de 80, e que


representa uma forma alternativa de análise no espaço escalar, onde os sinais são
transformados em funções dependentes tanto do espaço quanto do tempo. Existem dois
tipos principais de transformações: a Transformada de Wavelet e a Transformada de Wavelet
Packets.

Conforme [38], o sinal analisado por esta técnica (de janela deslizante) é representado por
uma Wavelet Mãe deslocada no tempo e escalonada sendo que a transformada de Wavelet
pode ser discreta ou contínua

Uma Transformada de Wavelet contínua é definida como a soma, sobre todo o tempo, do
sinal multiplicado pela Wavelet Ψ escalonada e deslocada no tempo, sendo o resultado
obtido, os coeficientes C da Wavelet, função da escala e posição. A equação abaixo, resume
esta definição:

C(escala, posição) = ∫ f (t ).Ψ (escala, posição, t ).dt


−∞
(5.62)

Resumidamente a Transformada de Wavelet é a divisão de uma função f ∈ L2(ℜ) em uma


combinação linear de funções básicas:

f =...+C0.Φ0+C1.Φ0+C3.Φ3+... (5.63)

onde Ci são os coeficientes e as Φi as funções básicas.

Os instrumentos modernos de medição de harmônicos e outros padrões de qualidade de


energia utilizam esta técnica.

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5.5 Tipos de cargas geradoras de harmônicos e suas características:

As principais cargas geradoras de harmônicos podem ser classificadas em dois grupos: As


fontes de geração de tensão harmônica, como fornos de fusão a arco, lâmpadas de
descarga, máquinas de solda, e outros dispositivos de descarga. As fontes que geram
harmônicas de corrente são as mais comuns de serem encontradas na indústria, como soft-
start, inversores de frequência, conversores, retificadores, e até as do cotidiano como
computadores, vídeo cassete, microondas, etc.

Cada uma das fontes tem um comportamento diferente, tanto no que tange a geração dos
harmônicos como estabilidade na produção de harmônicas características quando na
presença de fenômenos de ressonância e até mesmo aos próprios níveis harmônicos
presentes no sistema.
Como exemplo de alguns tipos de carga, vejamos as formas de onda abaixo e seus
respectivos espectros harmônicos:

• Forno de Fusão por indução, thiristorizado totalmente controlado de 6 pulsos (alimentado


por um transformador de 750 kVA); tensão e corrente – figura 5.17 e 5.18. – espectro
conforme tabelas 5.2 e 5.3 respectivamente.

FORNO DE FUSÃO POR INDUÇÃO FORNO DE FUSÃO POR INDUÇÃO


POTÊNCIA 600 KW POTÊNCIA 600 KW

300,00 900,00

800,00
250,00
700,00

200,00 600,00

500,00
150,00
400,00

100,00 300,00

200,00
50,00
Corrente (A)

100,00
Tensão (V)

0,00 0,00

-100,00
-50,00
-200,00

-100,00 -300,00

-400,00
-150,00
-500,00

-200,00 -600,00

-700,00
-250,00
-800,00

-300,00 -900,00
Ângulo (º) Ângulo (º)

Figura 5.17 - forma de onda da tensão Figura 5.18 - forma de onda da


corrente

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Tabela 5.2 tensões harmônicas
Ordem harmônica V (%) ÂNGULO º Ordem harmônica V (%) ÂNGULO º
00 0,261 0 16 0,252 118,74
01 100 359,41 17 2,295 255,99
02 0,3 290,83 18 0,206 87,5
03 1,137 139,54 19 1,131 240,94
04 0,236 309,84 20 0,344 134,88
05 5,118 25,73 21 0,71 340,94
06 0,14 42,86 22 0,197 261,64
07 3,562 11,43 23 1,469 327,07
08 0,289 326,44 24 0,241 272,85
09 0,906 202,58 25 0,635 320,32
10 0,289 326,44 26 0,503 109,33
11 3,556 151,76 27 0,849 60,31
12 0,051 184,06 28 0,15 254,26
13 1,977 125,51 29 1,671 43,72
14 0,406 27,22 30 0,279 228,36
15 0,502 275,25 31 0,915 27,73

Tabela 5.3 correntes harmônicas


Ordem harmônica I (%) ÂNGULO º Ordem harmônica I (%) ÂNGULO º
00 0,42 0 16 0,096 90
01 100 344,77 17 1,567 347,89
02 0,225 111,05 18 0,095 188,39
03 0,123 63,25 19 1,226 321,43
04 0,129 186,77 20 0,059 167,21
05 16,581 125,23 21 0,259 281,7
06 0,055 249,01 22 0,062 146,34
07 9,29 110,91 23 0,554 52,52
08 0,074 300,36 24 0,326 16,32
09 0,177 84,15 25 0,518 31,01
10 0,074 300,36 26 0,437 180,69
11 4,822 243,89 27 0,37 342,52
12 0,013 352,48 28 0,055 291,88
13 3,567 222,42 29 0,233 108,83
14 0,139 17,12 30 0,113 313,9
15 0,212 178,22 31 0,473 108,3

• Soft-start com ponte de onda completa e controle thiristorizado de 6 pulsos (alimentado por
um transformador de 225 kVA); tensão e corrente – figura 5.19 e 5.20 – espectro conforme
tabelas 5.4 e 5.5 respectivamente.

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PARTIDA DE MOTOR DE INDUÇÃO POR SOFT START PARTIDA DE MOTOR DE INDUÇÃO POR SOFT START

POTÊNCIA DE 125 CV POTÊNCIA DE 125 CV


300,00
300,00

250,00

200,00
200,00

150,00

100,00
100,00

50,00

Corrente (A)
Tensão (V)

0,00
0,00

-50,00

-100,00 -100,00

-150,00

-200,00 -200,00

-250,00

-300,00 -300,00

Ângulo (º) Ângulo (º)

Figura 5.19 - forma de onda da tensão Figura 5.20 - forma de onda da


corrente

Tabela 5.4 tensões harmônicas


Ordem harmônica V (%) ÂNGULO º Ordem harmônica V (%) ÂNGULO º
00 0,245 0 16 0,314 333,43
01 100 1,09 17 0,892 130,4
02 0,717 73,49 18 0,692 145,34
03 0,158 49 19 0,681 306,16
04 0,694 158,25 20 0,183 307,11
05 7,882 27,87 21 0,185 279,63
06 0,597 11,73 22 0,628 60,04
07 0,432 187,38 23 0,115 60,47
08 0,57 132,2 24 0,359 224,64
09 0,08 199,01 25 0,332 303,53
10 0,57 132,2 26 0,222 34,4
11 2,901 74,78 27 0,137 251,68
12 0,795 76,93 28 0,619 121,43
13 0,591 251,87 29 0,494 59,77
14 0,317 182,49 30 0,461 347,57
15 0,159 262,89 31 0,111 320,63

Tabela 5.5 correntes harmônicas


Ordem harmônica I (%) ÂNGULO º Ordem harmônica I (%) ÂNGULO º
00 4,664 0 16 0,45 14,04
01 100 279,27 17 2,58 231,53
02 6,177 185,7 18 1,64 267,09
03 0,615 156,04 19 2,07 47,5
04 3,436 263,15 20 0,49 111,49
05 28,849 137,94 21 0,50 156,31
06 1,621 134,84 22 0,51 278,25
07 3,022 272,18 23 0,32 124,2
08 1,153 249,95 24 0,55 26,77
09 0,297 117,33 25 0,56 138,83
10 1,153 249,95 26 0,59 189,58
11 5,481 182,05 27 0,78 184,13
12 1,327 188,04 28 1,01 290,54
13 1,761 359,22 29 0,44 155,15
14 0,388 321,11 30 0,76 184,07
15 0,171 156,9 31 0,25 216,21

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• Têmpera por Indução com ponte de onda completa e controle thiristorizado de 6 pulsos
(alimentada por um transformador de 750 kVA); tensão e corrente – figura 5.21 e 5.22 –
espectro conforme tabelas 5.6 e 5.7 respectivamente.

TÊMPERA POR INDUÇÃO TÊMPERA POR INDUÇÃO

POTÊNCIA DE 250 KVA POTÊNCIA DE 250 KVA


500,00
250,00

400,00
200,00

300,00
150,00

200,00
100,00

100,00
50,00

Corrente (A)
Tensão (V)

0,00
0,00

-50,00 -100,00

-100,00 -200,00

-150,00 -300,00

-200,00 -400,00

-250,00 -500,00

Ângulo (º) Ângulo (º)

Figura 5.21 - forma de onda da tensão Figura 5.22 - forma de onda da


corrente

Tabela 5.6 tensões harmônicas


Ordem harmônica V (%) ÂNGULO º Ordem harmônica V (%) ÂNGULO º
00 0,72 0 16 0,534 1,13
01 100 0,87 17 5,584 11,83
02 0,709 30,05 18 1,429 3,03
03 3,056 174,16 19 5,154 10,92
04 1,235 0,18 20 0,785 1,66
05 3,03 157,85 21 3,505 7,43
06 1,376 346,28 22 1,235 2,62
07 4,232 122,64 23 1,813 3,84
08 1,517 224,78 24 1,182 2,51
09 5,104 73,34 25 3,947 8,37
10 1,517 224,78 26 0,806 1,71
11 4,926 358,65 27 5,045 10,69
12 1,196 167,07 28 1,496 3,17
13 1,882 294,8 29 5,23 11,08
14 1,273 151,31 30 0,915 1,94
15 1,418 331,8 31 1,97 4,18

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Tabela 5.7 correntes harmônicas
Ordem harmônica I (%) ÂNGULO º Ordem harmônica I (%) ÂNGULO º
00 1,571 6,21 16 0,665 2,63
01 100 394,99 17 4,214 16,64
02 0,788 3,11 18 0,911 3,60
03 0,436 1,72 19 4,172 16,48
04 0,391 1,54 20 0,77 3,04
05 15,499 61,22 21 0,277 1,09
06 0,626 2,47 22 0,5 1,97
07 6,153 24,30 23 2,631 10,39
08 0,772 3,05 24 0,563 2,22
09 0,471 1,86 25 1,467 5,79
10 0,772 3,05 26 0,742 2,93
11 3,864 15,26 27 1,62 6,40
12 0,668 2,64 28 0,943 3,72
13 4,556 18,00 29 1,553 6,13
14 0,576 2,28 30 0,832 3,29
15 1,02 4,03 31 1,876 7,41

Nota: Verificar um acentuado nível de ordens pares de tensão (com diversos “notch” na forma de
onda). Isto é característico de desequilíbrio na ponte retificadora da têmpera por indução;
como o sistema de controle opera por “zero crossing” e a forma de onda da tensão, em
algumas amostragens possui mais de uma referência no mesmo ciclo, há um desequilíbrio
no disparo dos tiristores, causando a geração de harmônicas de ordem par – Não
características em conversores de seis pulsos.

Conforme o IEEE 519 [18] o termo “notch” (figura 5.23) pode ser entendido como curtos-
circuitos entre fases no processo de disparos dos retificadores sendo que a “profundidade”
desses “notch’s” são proporcionais à impedância da fonte de energia. Quanto menor a
potência de curto-circuito no ponto de conexão com o retificador, maiores serão os notches.

Figura 5.23 – Notch - IEEE 519

Os “notches” também podem ser mais ou menos acentuados em função do controle de


disparo da ponte retificadora. Se o controle de disparo for dependente apenas da tensão

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fundamental da senóide, os notches serão muito pouco acentuados, e praticamente não
haverá harmônicas de ordem par.

5.6 Harmônicas características:

• Fornos a arco: As harmônicas produzidas por tais equipamentos são imprevisíveis, devido
ciclo de variação do arco, particularmente quando se coloca o metal para fundir. A corrente
de arco é não periódica, e as análises revelam um espectro contínuo e não contínuo das
frequências harmônicas de múltiplos e não múltiplos da frequência fundamental.

Tabela 5.8 abaixo (reproduzida de [18]), fornece níveis orientativos.


Corrente harmônica % da fundamental
Condição do Forno Ordem Harmônica
2 3 4 5 7
Fusão inicial (arco ativo) 7,70 5,80 2,50 4,20 3,10
Refino (arco estável) 0,0 2,0 0,0 2,10 0,0

Já a referência [39] dá os valores estatísticos onde são relacionadas as amplitudes médias,


além da amplitude máxima para cada ordem harmônica para fornos a arco – tabela 5.9.

Tabela 5.9.
Ordem harmônica Amplitude Média (%) Amplitude Máxima (%)
2 3 ----- 9 30
3 6 ----- 10 20
4 2 ----- 6 15
5 2 ----- 10 12
6 2 ----- 3 10
7 3 ----- 6 8
9 2 ----- 5 7

A referência IEEE 519/1981 – atualmente norma [18] dá os valores típicos das correntes
harmônicas geradas pelos conversores estáticos de potência, conforme tabela 5.10 abaixo:

Tabela 5.10
Nº de pulsos Ordem Harmônica
do converso 5 7 11 13 17 19 23 25
6 17,5 11,0 4,50 2,90 1,5 1,0 0,9 0,8
12 2,60 1,60 4,50 2,90 0,2 0,1 0,9 0,8
18 2,60 1,60 0,7 0,4 1,5 1,0 0,1 0,1
24 2,60 1,60 0,7 0,4 0,2 0,1 0,9 0,8

A referência NEMA LSD 8-1999 [55] fornece os valores típicos do espectro harmônico para
lâmpadas fluorescentes compactas - tabela 5.11:

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Tabela 5.11 – Característica típica de iluminação compacta fluorescente
Tipo de carga % da corrente fundamental de 60 Hz FP THD
3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 (%)
1 LFC 87 68 51 42 40 35 28 23 22 21 0,51 153
8 LFC 87 70 55 46 42 38 31 24 19 16 0,52 154

5.7 Principais índices de susceptibilidade das cargas:

Das definições da norma de norma [18], têm-se:

Geral: O grau pelo qual as harmônicas podem ser toleradas é determinado pela
suscetibilidade da carga (ou fonte) para com elas. O equipamento menos suscetível é aquele
cuja principal função é o aquecimento. Neste caso, a energia das harmônicas é utilizada e
consequentemente elas são bastante toleráveis. O tipo de equipamento mais suscetível é
aquele cujo projeto ou constituição assume uma (quase) alimentação senoidal de entrada.
Estes equipamentos estão frequentemente nas categorias de comunicação ou
processamento de dados. Um tipo de carga que normalmente situa-se entre estes dois
extremos de suscetibilidade é o motor. A maioria dos motores é relativamente tolerante às
harmônicas.

Até mesmo no caso do equipamento menos suscetível, as harmônicas podem ser


prejudiciais. No caso de um forno resistivo, por exemplo, elas podem causar um dielétrico
térmico ou uma tensão de stress, causando o envelhecimento prematuro da isolação elétrica.

A referência [19] faz recomendações sobre as variações permitidas no sistema elétrico


quando da aplicação de inversores de frequência (ou outros equipamentos eletrônicos para
controle de velocidade de motores), bem como a aplicação de capacitores e correção do fator
de potência:

A Norma NEMA MG1 [21] define os fatores de depreciação de potência (Harmonic Voltage
Factor) em função das tensões harmônicas (de ordem ímpar excluindo-se as triplas)
presentes na barra de ligação do motor, sendo:

n =∞
Vn2
HVF = ∑ onde: (5.64)
n =5 n

n = ordem harmônica ímpar de tensão, excluindo-se as triplas,


Vmedido
Vn = tensão a harmônica de ordem n (em PU): e PU =
Vno min al

Verifica-se portanto, que na presença de harmônicas de tensão a capacidade de


fornecimento de potência pelo motor (Hp) é sensivelmente reduzida.
A figura 5.14 (reproduzida da norma [21]) representa o fator de redução de potência para os
motores quando sujeitos a distorção harmônica de tensão.

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A bibliografia da referência [12] cita algumas recomendações sobre as distorções harmônicas
nos sistemas elétricos, (tendo como base as normas IEEE 519 [18], IEEE C57.110 [48] e
IEEE Std 18 [8])

• “Impact on Transformers” (Impacto nos transformadores):

Existem três efeitos que resultam no acréscimo do aquecimento do transformador quando a


corrente da carga inclui as harmônicas:

1 – Corrente eficaz (RMS): Se o transformador é projetado apenas para a potência em KVA


da carga, correntes harmônicas podem resultar num valor de corrente RMS maior que a
capacidade do transformador. O acréscimo da corrente RMS produzirá um acréscimo nas
perdas no cobre (condutores).

2 – Perdas por corrente parasita (Foucault): A componente (de perdas por correntes de
Foucault) nos transformadores crescem com o quadrado da frequência da corrente,
causando acréscimo das correntes parasitas. Além disso, estas correntes se tornam
componentes muito importantes no aquecimento e perdas do transformador.

NEMA MG-1: 1988 PART 3 DERATING FACTOR FLOW CHART

1,00

0,95
DERATING FACTOR

0,90

0,85

0,80

0,75

0,70

0,65

0,60

0,55

0,50
0

0,02

0,10

0,12
0,03

0,07

0,08

0,09

0,13
0,01

0,06

0,11
0,05

0,15
0,04

0,14

HARMONIC VOLTAGE FACTOR

Figura 5.24

3 – Perdas no núcleo: O acréscimo de perdas no núcleo na presença das harmônicas


depende do efeito das harmônicas de tensão aplicada e do projeto do núcleo do
transformador. O acréscimo da distorção de tensão poderá causar um acréscimo na corrente
parasita na laminação das bobinas. O impacto no sistema dependerá da densidade da
laminação da bobina e da qualidade do ferro. O acréscimo nessas perdas causadas pelas
harmônicas, geralmente não são críticas.

Nota: As correntes harmônicas também podem levar o transformador a operar na região de


saturação magnética do ferro-silício, principalmente devido à elevação da temperatura do

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núcleo, em decorrência do acréscimo das correntes parasitas. Isto é extremamente
indesejável visto que a elevação de temperatura reduz a potência máxima que pode ser
fornecida pelo transformador, além de reduzir a vida útil do equipamento (numa relação
exponencial).

O transformador, quando sujeito às correntes com conteúdo harmônico, deve ter sua
potência máxima limitada (ou “sobre-dimensionada”), a fim de garantir a máxima temperatura
de trabalho (conforme grau do isolamento), com K-Factor (harmonic capability) definido
abaixo:

“O fator de “sobre-dimensionamento” de potência K pode ser definido”:

K=
∑ (I xh )
2
h
2

(conforme norma IEEE Std C.57.110 [48]) (5.65)


∑I 2
h

O fator K, refere-se ao valor de “sobre-dimensionamento” de potência dado conforme o


padrão Underwriter’s Laboratories (UL). Já na Europa o cálculo do fator K, é baseado na IEC,
BS 7821 (Three phase oil-immersed distribution transformers, 50 Hz, from 50 to 2500 kVA
with highest voltage for equipment not exceeding 36 kV), e depende das correntes de
Foulcault.

A norma IEEE Std C.57.110 [48] define o FLH (Harmonic Loss Factor) que representa o
efetivo aquecimento rms resultado da corrente harmônica absorvida pelo transformador. O
FLH traduz a razão entre as perdas por correntes de “Foulcault” na frequência fundamental,
pelas perdas por corrente parasita devido às harmônicas.

Exemplo 1)

Considerando uma instalação industrial que tenha um transformador de 1,50 MVA, 380 Volts,
e que alimente uma carga mista composta por inversores de frequência e motores, com
corrente fundamental I1 = 2.289 A, cujo espectro harmônico é o da tabela 5.12 abaixo.

Calcular o fator de perdas harmônicas (FHL) e o fator de depreciação K, utilizando os


seguintes dados: expoente q=1,70 (da norma BS 7821), Corrente de Foucault (parasita) de
14,20 %. Encontrar a máxima potência que o transformador pode suprir para esta carga e
espectro harmônico. Considerar somente para efeito desse exemplo, que as normas IEEE e
BS tratam do mesmo tipo de meio isolante.

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Solução:
Primeiro calculamos os coeficientes conforme as tabelas 5.13 e 5.14.
Tabela 5.12 – Espectro harmônico
Ordem harmônica (h) Corrente (%) Ordem harmônica (h) Corrente (%)
1 100,000 16 0,05
2 0,23 17 0,56
3 0,34 18 0,28
4 0,04 19 0,43
5 5,92 20 0,07
6 0,07 21 0,07
7 1,47 22 0,02
8 0,13 23 0,07
9 0,16 24 0,05
10 0,17 25 0,17
11 1,69 26 0,08
12 0,01 27 0,02
13 0,76 28 0,21
14 0,03 29 0,08
15 0,1 30 0,01

Tabela 5.13 (cálculo conforme IEEE)


Ordem (h) h2 Ih (A) Ih/Irms (Ih/Irms)2 ((Ih/Irms)2) x h2
1 1 2289 0,99792688 0,995858057 0,995858057
2 4 5,2647 0,002295232 5,26809E-06 2,10724E-05
3 9 7,7826 0,003392951 1,15121E-05 0,000103609
4 16 0,9156 0,000399171 1,59337E-07 2,5494E-06
5 25 135,5088 0,059077271 0,003490124 0,0872531
6 36 1,6023 0,000698549 4,8797E-07 1,75669E-05
7 49 33,6483 0,014669525 0,000215195 0,010544553
8 64 2,9757 0,001297305 1,683E-06 0,000107712
9 81 3,6624 0,001596683 2,5494E-06 0,000206501
10 100 3,8913 0,001696476 2,87803E-06 0,000287803
11 121 38,6841 0,016864964 0,000284427 0,034415669
12 144 0,2289 9,97927E-05 9,95858E-09 1,43404E-06
13 169 17,3964 0,007584244 5,75208E-05 0,009721009
14 196 0,6867 0,000299378 8,96272E-08 1,75669E-05
15 225 2,289 0,000997927 9,95858E-07 0,000224068
16 256 1,1445 0,000498963 2,48965E-07 6,37349E-05
17 289 12,8184 0,005588391 3,12301E-05 0,009025501
18 324 6,4092 0,002794195 7,80753E-06 0,002529639
19 361 9,8427 0,004291086 1,84134E-05 0,006647243
20 400 1,6023 0,000698549 4,8797E-07 0,000195188
21 441 1,6023 0,000698549 4,8797E-07 0,000215195
22 484 0,4578 0,000199585 3,98343E-08 1,92798E-05
23 529 1,6023 0,000698549 4,8797E-07 0,000258136
24 576 1,1445 0,000498963 2,48965E-07 0,000143404
25 625 3,8913 0,001696476 2,87803E-06 0,001798769
26 676 1,8312 0,000798342 6,37349E-07 0,000430848
27 729 0,4578 0,000199585 3,98343E-08 2,90392E-05

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Tabela 5.13 (cálculo conforme IEEE) continuação
28 784 4,8069 0,002095646 4,39173E-06 0,003443119
29 841 1,8312 0,000798342 6,37349E-07 0,000536011
30 900 0,2289 9,97927E-05 9,95858E-09 8,96272E-06
31 961 2,289 0,000997927 9,95858E-07 0,00095702

Calculando os fatores:

Irms = ∑ Ih ⇒ Irms = 2293,76 A


2

FLH =
∑ da coluna ((I h Irms ) ) x h
2 2

∴ FLH = 1,1651
∑ da coluna (I h Irms ) 2

Pelo método proposto pelo IEEE (UL), o “K-factor” mínimo do transformador deve ser de 4.

Tabela 5.14 (cálculo conforme BS 7821)


Ordem
(h) Ih (A) Ih/I1 (Ih/I1)2 nq nq(Ih/I1)2
1 2289 1 0,00000529 1 0,99792688
2 5,2647 0,00000529 0,00001156 3,249009585 0,002295232
3 7,7826 0,00001156 0,00000016 6,47300784 0,003392951
4 0,9156 0,00000016 0,00350464 10,55606329 0,000399171
5 135,5088 0,00350464 0,00000049 15,42584657 0,059077271
6 1,6023 0,00000049 0,00021609 21,03086452 0,000698549
7 33,6483 0,00021609 0,00000169 27,33170144 0,014669525
8 2,9757 0,00000169 0,00000256 34,2967508 0,001297305
9 3,6624 0,00000256 0,00000289 41,8998305 0,001596683
10 3,8913 0,00000289 0,00028561 50,11872336 0,001696476
11 38,6841 0,00028561 0,00000001 58,93422336 0,016864964
12 0,2289 0,00000001 0,00005776 68,32948041 9,97927E-05
13 17,3964 0,00005776 0,00000009 78,28953236 0,007584244
14 0,6867 0,00000009 0,000001 88,80095996 0,000299378
15 2,289 0,000001 0,00000025 99,85162577 0,000997927
16 1,1445 0,00000025 0,00003136 111,4304721 0,000498963
17 12,8184 0,00003136 0,00000784 123,5273618 0,005588391
18 6,4092 0,00000784 0,00001849 136,1329509 0,002794195
19 9,8427 0,00001849 0,00000049 149,2385846 0,004291086
20 1,6023 0,00000049 0,00000049 162,8362126 0,000698549
21 1,6023 0,00000049 0,00000004 176,9183177 0,000698549
22 0,4578 0,00000004 0,00000049 191,4778566 0,000199585
23 1,6023 0,00000049 0,00000025 206,5082095 0,000698549
24 1,1445 0,00000025 0,00000289 222,0031368 0,000498963
25 3,8913 0,00000289 0,00000064 237,9567423 0,001696476
26 1,8312 0,00000064 0,00000004 254,3634411 0,000798342
27 0,4578 0,00000004 0,00000441 271,2179313 0,000199585
28 4,8069 0,00000441 0,00000064 288,5151701 0,002095646
29 1,8312 0,00000064 0,00000001 306,2503519 0,000798342
30 0,2289 0,00000001 0,000001 324,4188893 9,97927E-05
31 2,289 0,000001 0,00000529 343,0163959 0,000997927

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Calculando os fatores:

Irms = ∑ Ih 2
⇒ Irms = 2293,76 A

2 2
⎛ I1 ⎞ ⎛ 2289,00 ⎞
⎜ ⎟ = ⎜⎜ ⎟⎟ = 0,99586
⎝ Irms ⎠ ⎝ 2293,76 ⎠

14,20
e 100 = 0,12603 :
= onde e são as perdas por correntes de Foulcault;
1+ e 1+ 14, 20
100

⎛ ∞ ⎛ Ih ⎞ 2 ⎞
⎜ ⎜ ⎟ ⎟ =1,00416
⎜∑ ⎜I ⎟ ⎟
⎝ n =1 ⎝ 1 ⎠ ⎠

−1
⎡ ⎛ 2 ⎛ ∞ 2
⎞⎞ ⎤
K=⎢ ⎜1 + ⎛ e ⎞ x ⎛ I1 ⎞ x ⎜ ⎛⎜ Ih ⎞⎟ ⎟ ⎟ ⎥
⎜ ⎜⎝ 1 + e ⎟⎠ ⎜⎝ Irms ⎟⎠ ⎜ ∑ ⎜ I ⎟ ⎟⎟ ⎥ →

⎣⎢ ⎝ ⎝ n =1 ⎝ 1 ⎠ ⎠ ⎠ ⎦⎥

K= [ (1+ (0,12603) x ( 0,99586) x (1,00416)) ] −1


⇒ K = ( 1,06636025)
−1

K = 93,78%

E concluindo, conforme norma BS 7821 (UL) o transformador de 1500 kVA desse exemplo,
deve ser depreciado em 93,78% para alimentar a carga descrita e com o espectro harmônico
dado na tabela 5.12, ou seja, pode fornecer uma potência máxima de 1406 kVA. A Tela do
programa de cálculo e simulação do exemplo segue abaixo.

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CÁLCULO - FATOR DE DEPRECIAÇÃO K PARA TRANSFORMADORES


CLIENTE: Curso FP + Harmônicos Exemplo DATA: 10/08/2007
CIRCUITO: Exemplo de transformador de 1,5 MVA / 380 V alimentando inversores de frequência e cargas motoras
BASEADO EM: IEEE STD C57.110-1998 E BS 7821 PART 4
TAXA HARMÔNICA DE DISTORÇÃO DE CORRENTE POTÊNCIA DO TRAFO (kVA) 1500,000
ORDEM HARMÔNICA (h) CORRENTE MEDIDA (%) DE In I_A (A) TENSÃO SECUNDÁRIA (KV) 0,380
1 100,00 2289,0000 CORRENTE MEDIDA FUNDAMENTAL I1 (A) 2289,000
2 0,23 5,2647 EXPOENTE (1,5 - 1,7) 1,700
3 0,34 7,7826 Z% 4,870
4 0,04 0,9156 X/R 3,260
5 5,92 135,5088 CORRENTE PARASITA (%) PADRÃO =10% 14,420
6 0,07 1,6023 CORRENTE NOMINAL DO TRAFO In (A) 2279,014
7 1,47 33,6483 CORRENTE IRMS (A) 2293,75523
8 0,13 2,9757 Aumento do aquecimento rms devido as correntes harmônicas

9 0,16 3,6624 FHL (IEEE C.57.110) 1,16508


10 0,17 3,8913 FACTOR K (BS 7821 PART 4) 93,78%
11 1,69 38,6841
12 0,01 0,2289 S MÁXIMA (kVA) CONF. UL 1406,654
13 0,76 17,3964
14 0,03 0,6867
15 0,10 2,2890 POTÊNCIA APARENTE MÁXIMA SOB O TRAFO
16 0,05 1,1445 (MVA) EM FUNÇÃO DA CARGA DEFORMANTE
17 0,56 12,8184 MEDIDA, THDI (%)

18 0,28 6,4092 BASEADO EM: IEEE STD C57.110-1998 IEEE


19 0,43 9,8427 RECOMMENDED PRACTICE FOR ESTABLISHING
20 0,07 1,6023 TRANSFORMER CAPABILITY WHEN SUPPLYING
21 0,07 1,6023 NONLINEAR LOAD CURRENTS
22 0,02 0,4578
23 0,07 1,6023
24 0,05 1,1445
25 0,17 3,8913
26 0,08 1,8312
27 0,02 0,4578
28 0,21 4,8069
29 0,08 1,8312
30 0,01 0,2289
31 0,10 2,2890

Nota: K-Factor padronizado (IEEE): 1, 4, 9, 13, 20, 30, 40 e 50.

5.8 Legislação, Normas e Limites:

A norma [13], recomenda que os sistemas elétricos para processamento de sinais e dados
operem com uma máxima distorção harmônica entre 3 e 5%. A porcentagem é usualmente
especificada como a distorção total de “fase-fase”, com um máximo de 3% para cada
harmônica.

Por esta norma, os circuitos eletrônicos como os computadores de um CPD, Inversores,


conversores, CLP’s e outras cargas com comando microprocessado são as mais sensíveis a
variações elétricas de tensão e frequência, sendo portanto base para os limites toleráveis.

Uma das normas aplicáveis [18] define os valores globais para distorção harmônica de
tensão e de corrente, sendo uma das referências internacionalmente mais difundidas e
aceitas para o projeto e comissionamento de sistemas elétricos de potência.

As tabelas 5.15 a 5.17 abaixo, extraídas da norma [18], definem os “Limites Gerais de
Distorção de Corrente para Sistemas de Distribuição”.

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Tabela 5.15 - 120 Vac até 69 kV
Máxima Distorção de Harmônica de Corrente em Percentual de IL
Ordens Harmônicas Individuais (Harmônicas Ímpares)
ICS/IL <11 11 ≤h<17 17 ≤h<23 23 ≤h<35 35 ≤h TDD
<20* 4,0 2,0 1,5 0,6 0,3 5,0
20<50 7,0 3,5 2,5 1,0 0,5 8,0
50<100 10,0 4,5 4,0 1,5 0,7 12,0
100<1000 12,0 5,5 5,0 2,0 1,0 15,0
>1000 15,0 7,0 6,0 2,5 1,4 20,0

Tabela 5.16 - 60,001 kV até 161 kV


Máxima Distorção de Harmônica de Corrente em Percentual de IL
Ordens Harmônicas Individuais (Harmônicas Ímpares)
ICS/IL <11 11 ≤h<17 17 ≤h<23 23 ≤h<35 35 ≤h TDD
<20* 2,0 1,0 0,75 0,3 0,15 2,5
20<50 3,5 1,75 1,25 0,5 0,25 4,0
50<100 5,0 2,25 2,0 0,75 0,35 6,0
100<1000 6,0 2,75 2,5 1,0 0,5 7,5
>1000 7,5 3,5 3,0 1,25 0,7 10,0

Tabela 5.17 - acima de 161 kV


Máxima Distorção de Harmônica de Corrente em Percentual de IL
Ordens Harmônicas Individuais (Harmônicas Ímpares)
ICS/IL <11 11 ≤h<17 17 ≤h<23 23 ≤h<35 35 ≤h TDD
<50 2,0 1,0 0,75 0,3 0,15 2,5
≥50 3,0 1,5 1,15 0,45 0,22 3,75

Onde:

ISC = Máxima Corrente de curto-circuito no PAC (Ponto de Acoplamento Comum –


geralmente na entrada de energia);
IL = Máxima Demanda de Corrente de Carga (Componente de Frequência
Fundamental) no PAC.
TDD = Distorção total , das correntes harmônicas em percentual da máxima demanda de
carga (durante 25 ou 30 minutos).

* Todos os equipamentos de geração são limitados a estes valores de distorção,


indiferentemente do valor ICS/IL.

Harmônicas de ordem par são limitadas a 25% dos valores das ordens ímpares nas tabelas
acima.

Distorções de corrente que resultem em um valor de DC (offset), como por exemplo


conversores de meia-onda, não são permitidos.

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5.8.1 Limites Gerais de Distorção de Tensão:

Conforme o item 10.2 “Developmemnt of Current Distortion Limits”, do IEEE 519, o objetivo
de limitar os valores das correntes harmônicas é manter baixo os níveis de distorção
harmônicas de tensão, sendo que para harmônicas individuais, recomenda-se um máximo
de 3,0% de distorção e, para THDV, um máximo de 5% (para tensões ≤ 69kV ), onde :

50

∑V
h=2
2
h

THD = x100 sendo: (5.64)


V1
THD = Distorção Harmônica Total, com seguinte cálculo:
Vh o valor individual da tensão harmônica de ordem h e
V1 o valor da tensão fundamental.

A mesma norma IEEE Std 519/1992 [18], define os limites de distorção de tensão (tabela
5.18):

Tabela 5.18 – Limites de distorção de tensão


Tensão no barramento de Distorção de tensão individual Distorção total de tensão
entrada PAC (%) THD (%)
Tensões até 69 kV 3,0 5,0
69,001 kV até 161 kV 1,5 2,5
Acima de 161,001 kV 1,0 1,5

Nota: Sistemas de alta tensão devem ter até 2,5% de THDV% cuja causa seja a transmissão em
corrente contínua (HVdc), e é atenuada até o consumidor.

A norma européia [26] define apenas os valores de distorção harmônica de tensão, conforme
tabela 5.19. Níveis de compatibilidade para harmônicas individuais de tensão em sistemas de
baixa tensão.

Tabela 5.19 – Limites de distorção de tensão


Harmônicas Ímpares não Harmônicas Ímpares Harmônicas Pares
múltiplas de 3 múltiplas de 3
Harmônica de Harmônica de Harmônica de Harmônica de Harmônica de Harmônica de
ordem tensão ordem tensão ordem tensão
n % n % n %
5 6 3 5 2 2
7 5 9 1,5 4 1
11 3,5 15 0,3 6 0,5
13 3 21 0,2 8 0,5
17 2 >21 0,2 10 0,2
19 1,5 12 0,2
23 1,5 >12 0,2
25 1,5
>25 0,2+0,5x25/n
THD (%) = 8%
Ainda na Europa, para alimentação industrial em média, alta e extra-alta tensão, a norma
utilizada é a IEC 61000-2-4 “Electromagnetic compatibility (EMC) - Part 2-4: Environment -

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Compatibility levels in industrial plants for low-frequency conducted disturbances” [51], são
definidas três classes de cargas e os valores máximos permitidos de perturbação:

A IEC 61000-2-4 determina os níveis de distúrbios conduzidos de baixa freqüência em


plantas industriais. Especificamente, os itens 4, 5.6 e 6 tratam dos níveis harmônicos,
dividindo os equipamentos e 3 classes básicas:

Classe 1 – Esta classe aplica-se a alimentadores protegidos e tem níveis mais baixos do que
a rede pública. Essa classe relaciona-se com o uso de equipamentos muito sensíveis a
distúrbios no sistema elétrico, tais como instrumentação de laboratórios, equipamentos de
proteção e automação, alguns computadores, etc;

Classe 2 – Esta classe geralmente se aplica ao PCC (ponto de acoplamento comum)


inclusive interno à planta, em ambientes industriais e outros com fornecimento de rede não
pública. O nível de compatibilidade dessa classe é geralmente idêntico à da rede pública.
Além disso, equipamentos projetados para alimentação a partir da rede de energia pública
devem ser usados nessa classe de ambiente industrial;

Classe 3 – Esta classe aplica-se às cargas em ambientes industriais internos à planta. Tem
nível de compatibilidade superior à da classe 2 para alguns tipos de distúrbios, especialmente
quando as seguintes condições são conhecidas:

A maioria das cargas é alimentada por conversores;


Existência de máquinas de solda;
Grandes motores são partidos freqüentemente;
Cargas variam rapidamente.

As Tabelas 5.20 a 5.23, demonstram os níveis de compatibilidade harmônica de tensão,


individuais e totais respectivamente.

Tabela 5.20 – Níveis de compatibilidade – Tensões harmônicas ímpares não múltiplas de três
Ordem Harmônica Classe 1 Uh % Classe 2 Uh % Classe 3 Uh %
5 3 6 8
7 3 5 7
11 3 3,5 5
13 3 3 4,5
17 2 2 4
17 < h ≤ 49 2,27 × (17/h) − 0,27 2,27 × (17/h) − 0,27 4,5 × (17/h) − 0,5
NOTE: In some cases where part of an industrial network is dedicated to large non-linear loads,
the class 3 compatibility levels for that part of the network may be 1,2 times the above values.
In such cases precautions should be taken regarding immunity of equipment connected.
However, at the PCC (public network) the compatibility levels from IEC 61000-2-2 and IEC
61000-2-12 take precedence.

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Tabela 5.21 – Níveis de compatibilidade – Tensões harmônicas ímpares múltiplas de três
Ordem Harmônica Classe 1 Uh % Classe 2 Uh % Classe 3 Uh %
3 3 5 6
9 1,5 1,5 2,5
15 0,3 0,4 2
21 0,2 0,3 1,75
21 < h ≤ 45 0,2 0,2 1
NOTE 1 These levels apply to zero sequence harmonics. NOTE 2 In some cases where part of
an industrial network is dedicated to large non-linear loads, the class 3 compatibility levels for
that part of the network may be 1,2 times the above values. In such cases precautions should
be taken regarding immunity of equipment connected. However, at the PCC (public network) the
compatibility levels from IEC 61000-2-2 and IEC 61000-2-12 take precedence.

Tabela 5.22 – Níveis de compatibilidade – Tensões harmônicas pares


Ordem Harmônica Classe 1 Uh % Classe 2 Uh % Classe 3 Uh %
2 2 2 3
4 1 1 1,5
6 0,5 0,5 1
8 0,5 0,5 1
10 0,5 0,5 1
10 < h ≤ 50 0,25 × (10/h) + 0,25 0,25 × (10/h) + 0,25 1
NOTE In some cases where part of an industrial network is dedicated to large non-linear loads,
the class 3 compatibility levels for that part of the network may be 1,2 times the above values. In
such cases precautions should be taken regarding immunity of equipment connected. However,
at the PCC (public network) the compatibility levels from IEC 61000-2-2 and IEC 61000-2-12
take precedence.

Tabela 5.23 – Níveis de compatibilidade – Distorção harmônica total


Classe 1 Classe 2 Classe 3
Distorção 5% 8% 10 %
Harmônica Total

No Brasil, a resolução que regulamenta os limites de distorção harmônica é a de nº 345 de


16/12/2008, onde são aprovados em caráter definitivo a utilização dos limites constantes no
“Padrões de Desempenho da Distribuição’ PRODIST do ONS (submódulo 8), Os níveis
referem-se ao valor obtido na média ou alta tensão do consumidor (PAC), especificando
inclusive o valor de baixa tensão. Os limites seguem abaixo na tabela 5.24:

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Tabela 5.24 – (Tabela 3) – Valores de referência globais das distorções harmônicas totais (em
porcentagem da tensão fundamental)ão fundamental

Tensão nominal do Distorção Harmônica Total de Tensão


Barramento (DTT) [%]
VN ≤ 1 kV 10
1 kV < VN ≤ 13,8 kV 8
13,8 kV < VN ≤ 69 kV 6
69 kV < VN ≤ 230 kV 3

• Precauções na correção do fator de potência

A instalação de capacitores para a correção do fator de potência em sistemas que possuam


inversores de frequência (ou equipamentos similares), se aplicado, devem ser
cuidadosamente analisadas para prevenir ressonância com as frequências harmônicas
geradas por esses inversores. Um estudo harmônico no sistema de distribuição de potência
deve ser conduzido para determinar frequências de ressonância, bem como os efeitos da
correção do fator de potência.

Algumas dos efeitos negativos das harmônicas, se incorretamente avaliadas no sistema são:

a) Possível interferência com os equipamentos de comunicação;


b) Possível sobreaquecimento nos transformadores e outros equipamentos;
c) Possível acréscimo no aquecimento de motores devido às perdas no cobre e no ferro;
d) Possível ressonância com os capacitores para correção do fator de potência.

Quando correntes harmônicas existem num sistema de potência, as distorções podem ser
amplificadas pela ressonância paralela criada entre os capacitores e a indutância dos
transformadores, podendo causar falha nos equipamentos.

Os valores das distorções harmônicas de tensão e corrente no PAC (Ponto de Acoplamento


Comum) podem ser reduzidos por diversos métodos que incluem:

a) Adequar o projeto do sistema de potência: reduzir a quantidade de cargas não lineares a


um valor percentual da potência do sistema, visando reduzir a distorção harmônica total;
aumentar a potência de curto circuito no circuito de alimentação das cargas não lineares.

b) Indutância de “choque” no lado DC do inversor: O projeto adequado de alguns sistemas de


controles poderão minimizar os efeitos das correntes harmônicas no lado AC do
equipamento.

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c) Indutância: Instalar indutâncias na entrada de energia AC dos inversores (e equipamentos
similares) visando reduzir o nível de corrente harmônica injetada.

d) Transformadores isoladores: Instalar transformadores isoladores na entrada AC do


equipamento (inversores) visando reduzir o impacto das correntes harmônicas no lado AC da
instalação.

e) Multiplicação de fase: Utilização de equipamentos de conversão com numero de pulsos de


12 ou superiores; com a utilização de transformadores com diferentes deslocamentos de fase
(30º) no caso de 12 pulsos, algumas harmônicas são canceladas naturalmente pelos
transformadores, e com isso, menor injeção de harmônicos será verificada no sistema de
energia.

Por exemplo, um retificador de 6 pulsos (operando em equilíbrio), possui como característica


as ordens 5ª, 7ª, 11º, 13ª, ... Para um retificador de 12 pulsos, as harmônicas de baixa ordem
são canceladas pelo deslocamento em 30º dos trafos de entrada, sendo verificadas a 11ª,
13ª, 17ª, 19ª, ... Já para um retificador de 18 pulsos, são verificadas as ordens: 19ª, 23ª, 25ª,
29ª...

Como, as harmônicas de ordem inferior possuem um valor em módulo acentuado, é de se


esperar que a multiplicação de fases reduza sensivelmente a corrente harmônica injetada.

f) Filtros Harmônicos

Filtros shunt – filtros passivos (figura 5.25) que são desenvolvidos apropriadamente para as
harmônicas de ordem 5ª, 7ª, 11ª e 13ª. Consistem um circuito RLC série, sintonizado para
operar numa frequência específica, agindo como um caminho de baixa impedância,
desviando do sistema de energia elétrica a maior parte da corrente harmônica. Devem ser
feitas considerações sobre a localização e aplicação específica do filtro, pois não é possível
desde então distinguir entre as harmônicas provenientes dos equipamentos, de outras
externas ao sistema de potência, ou adicional equipamento instalado.

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φ

Figura 5.25 - Princípio de funcionamento do filtro passivo

Onde Ih = I Motor + I Filtro + I Trafo (para harmônicas >1ª)

Filtros Ativos: São equipamentos com controle de potência por estado sólido (figura 5.26), em
que a fonte de energia reativa geralmente é um banco de capacitores. De uma maneira geral,
difere do filtro passivo, pois ao invés de drenar a corrente harmônica, ele fornece uma
corrente de compensação (em oposição de fase mas com mesmo módulo), que será somada
vetorialmente no ponto de conexão do filtro. Desta maneira a corrente “vista” pela fonte de
energia será apenas a componente fundamental com fator de potência (deslocamento)
próximo a 1.

A referência [12] , cita algumas recomendações sobre as distorções harmônicas nos


sistemas elétricos, (tendo como base as normas IEEE 519, IEEE C57.110 e IEEE Std 18)

• Capacitores: Conforme a mesma referência, a preocupação principal que surge do uso de


capacitores em um sistema de potência é a possibilidade de ressonância. Este efeito impõe
níveis de tensão e correntes que são consideravelmente mais altas do que no sistema sem
ressonância. A reatância do banco de capacitores diminui com a freqüência, e os
capacitores se tornam um dreno para as altas correntes harmônicas. Este efeito causa
aumento no aquecimento e fadiga no dielétrico do capacitor, e em consequência a vida útil
do capacitor é reduzida.

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Figura 5.26 - Princípio de funcionamento do filtro ativo shunt

A princípio, a função dos capacitores é a correção do fator de potência de uma instalação. A


impedância de um capacitor diminui com o aumento da frequência. Se a tensão é distorcida,
altas correntes harmônicas serão absorvidas pelos capacitores. Além disso, as reatâncias da
instalação elétrica podem trazer riscos de ressonância com esses capacitores, o que pode
aumentar consideravelmente a amplitude das harmônicas em todos os equipamentos.

Os capacitores não geram harmônicas; devida sua característica física, pode ocorrer uma
ressonância paralela entre o banco de capacitores, motores e transformador, aumentando
consideravelmente as distorções de tensão no sistema, quando a característica das cargas é
de não linearidade (inversores, soft-starters, fornos de indução e fusão por arco voltaico, etc).

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6 Componentes Simétricos:

De uma maneira geral pode-se definir componentes simétricas como uma transformação
algébrica que converte qualquer conjunto polifásico (maior que 3) desequilibrado ou não, em
vetores simetricamente dispostos, respeitando-se as sequências desta dada transformada
[50], [51], [52].

6.1 Definições:

6.1.1 Sistema de tensões trifásico simétrico: sistema trifásico em que as tensões nos

terminais dos geradores são senoidais, de mesmo valor máximo, e defasadas de
3
radianos ou 120º elétricos.
6.1.2 Sistema de tensões trifásico assimétrico: sistema trifásico em que as tensões nos
terminais dos geradores não atendem a pelo menos uma das condições apresentadas em
(6.1.1).

6.1.3 Linha (ou rede) trifásica equilibrada: linha (ou rede) trifásica, constituída por 3 ou 4
fios (3 fios de fase ou 3 fios de fase e 1 fio de retorno), na qual se verificam as seguintes
relações:

6.1.4 impedâncias próprias dos fios de fase iguais entre si: Z AA = Z BB = Z CC = Z P

6.1.5 impedâncias mútuas entre os fios de fases iguais entre si: Z AB = Z BC = Z CA = Z M

6.1.6 impedâncias mútuas entre os fios de fase e o fio de retorno iguais (para sistema a 4
fios): Z AG = Z BG = Z CG = Z 'P

6.1.7 Linha (ou rede) trifásica desequilibrada: linha (ou rede) trifásica, constituída por 3
ou 4 fios (3 fios de fase ou 3 fios de fase e 1 fio de retorno), na qual não se verifica pelo
menos uma das relações apresentadas em (6.1.3).

6.1.8 Carga trifásica equilibrada: carga trifásica constituída por 3 impedâncias complexas
iguais, em triângulo ou estrela.

6.1.9 Carga trifásica desequilibrada: carga trifásica na qual não se verifica a condição
descrita em 6.1.5; num circuito, quando as cargas monofásicas somadas não constituírem
impedâncias complexas iguais também serão consideradas cargas desequilibradas.

6.1.10 Carga não linear equilibrada: aquela que possuir espectro (de tensões ou
correntes) com valores em módulo igual nas 3 fases.

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6.1.11 Carga não linear desequilibrada: carga onde não se verifica as condições descritas
em 6.1.7.

6.1.12 Dado um circuito 3φ com correntes Ia, Ib e Ic ou tensões Va, Vb ou Vc, podemos
transformar esse conjunto (corrente ou tensão) em componentes simétricas adotando-se as
regras apresentadas por Fortescue [49].

1º No domínio da frequência as correntes e tensões podem ser descritas conforme


equações abaixo:

ia = Ia max sen(nωt + ϕ ) (6.1)


ib = Ibmax sen(nωt + ϕ − nθ ) (6.2)
ic = Ic max sen(nωt + ϕ + nθ ) (6.3)
va = Va max sen(nωt ) (6.4)
vb = Vbmax sen(nωt − nθ ) (6.5)
vc = Vc max sen(nωt + nθ ) (6.6)

Sendo:
Imax = A corrente máxima (de pico) da componente senoidal (Ampéres)
Vmax = A tensão máxima (de pico) da componente senoidal (Volts)
n = ordem harmônica ≥ 1
ωt = velocidade angular (rad/s)
θ = defasamento angular entre as fases (num circuito 3φ é de 120º)

2º Em regime permanente, as correntes e tensões podem ser descritas conforme equações


abaixo:

Ia = Ia∠ϕ eq. (6.7)


Ib = Ib∠(ϕ − nθ ) (6.8)
Ic = Ic∠(ϕ + nθ ) (6.9)
Va = Va∠0º eq. (6.10)
Vb = Vb∠(− nθ ) (6.11)
Vc = Vc∠(+ nθ ) (6.12)

Todos os circuitos elétricos, em regime permanente ou não valem as leis de Kirchoff: ∑ das
correntes que entram num nó é igual à ∑ das correntes que saem deste nó. Podemos
contudo utilizar as transformadas de Fortescue [50] para definir as componentes de
sequência positiva (ou direta) +; sequência negativa (ou inversa) - ; e de sequência zero (ou
homopolar) 0.
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• Operador α:

Visando facilitar os cálculos envolvendo as tensões e correntes num sistema 3φ equilibrado


ou não, é conveniente definir um fasor unitário com ângulo de deslocamento de 120º
elétricos denominado de α, onde:

1 3
α = 1∠120º = − +j = e-j120
2 2
1 3
α2 = 1∠-120º = 1∠240º = − − j
2 2
α3 = 1∠360º = 1 + j 0

• Sequência positiva:

Esta sequência consiste em um sistema balanceado (simétrico) de correntes trifásicas e


tensões de fase fornecidas por um sistema de potência. Devem ser iguais em módulo e
deslocamento fasorial de 120º.

Por definição, os fasores da sequência positiva (ou direta) giram no sentido horário; deste
modo a fase B (corrente ou tensão) estará atrasada de 120º com relação à fase A enquanto
que a fase C estará atrasada de 240º com relação à fase A; graficamente temos a figura
6.1:

I c1

I a1

I b1
Figura 6.1 – Sequência Positiva

Então as correntes ou tensões de sequência positiva poderão ser definidas em termos de


componentes simétricas como:

Ia1 = I1 (6.13)
Ib1 = α2 x I a1 = I1 ∠240º (6.14)
Ic1 = α x I a1 = I1 ∠120º (6.15)

• Sequência negativa:

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Esta sequência consiste em um sistema também balanceado (simétrico) igual em módulo e
deslocado de 120º, mas com a rotação de fase no sentido inverso (anti-horário). Como a
sequência positiva possui a rotação a, b, c a sequência negativa possui a rotação a, c, b.
Em alguns circuitos a sequência positiva poderá a, c, b e neste caso a sequência negativa
será a, b, c. Teremos portanto a figura 6.2.

Ib2 Ia2

Ic2
Figura 6.2 – Sequência Negativa

Então as correntes ou tensões de sequência negativa poderão ser definidas em termos de


componentes simétricas como:

Ia2 = I2 (6.16)
Ib2 = α x Ia2 = I2 ∠120º (6.17)
Ic2 = α2 x I a2 = I2 ∠240º (6.18)

• Sequência zero:

Esta sequência consiste num sistema onde os fasores são iguais em módulo e estão
sempre em fase. Temos portanto a figura 6.3.

Ia0
Ib0
Ic0

Figura 6.3 – Sequência Zero

Então as correntes ou tensões de sequência zero poderão ser definidas em termos de


componentes simétricas como:

Ia0 = Ib0 = Ic0 (6.19)

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Nota: As sequências, negativa e zero, para sistemas puramente senoidais nunca podem
existir sozinhas, sempre ocorrem nas outras fases em conjunto com a sequência positiva,
ou seja, apenas a sequência positiva pode ocorrer sozinha.

Das equações (6.13) a (6.19), tiramos as formulações gerais:

V0 =
1
(Va + Vb + Vc ) (6.20)
3
1
(
V1 = Va + αVb + α 2Vc
3
) (6.21)
1
(
V2 = Va + α 2Vb + αVc
3
) (6.22)

I 0 = (Ia + Ib + Ic )
1
(6.21)
3
1
( )
I1 = Ia + αIb + α 2 Ic
3
(6.22)
1
(
I 2 = Ia + α 2 Ib + αIc
3
) (6.23)

e na forma matricial:

I0 1 1 1 Ia
1
I 1 = x 1 α α 2 x Ib
para as correntes: 3 (6.24)
I2 1 α 2 α Ic
V0 1 1
1 Va
1
V1 = x 1 α α 2 x Vb
para as tensões: 3 (6.25)
V2 1 α 2 α Vc

Lembrando que as tensões Va, Vb e Vc são as entre fase e neutro (ou referência) mesmo
num circuito em triângulo a 3 fios.

Exemplo 1)

Considere as seguintes correntes num circuito trifásico a 4 fios (com neutro): Ia = 100A; Ib =
100A; Ic = 70A. Calcular as componentes de sequência a partir das correntes dadas.

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Solução:

Utilizando as matrizes dadas em (6.24) e (6.25), necessitamos apenas dos módulos das
correntes, independente do defasamento angular ϕ.

Em termos de componentes simétricas as correntes serão:

I0 1 1 1 100∠0º
1
I 1 = x 1 1∠120º 1∠240º x 100∠240º
3
I2 1 1∠240º 1∠120º 70∠120º

I0 =
1
(100∠0º +100∠ − 120º +70∠120º ) ∴ I 0 = 10 A
3
e como IN = 3 x I0 a corrente no neutro seria de 30A .

I1 =
1
(100∠0º +100∠ − 120º x1∠120º +70∠120º x1∠240º ) ∴ I1 = 90 A
3
I 2 = (100∠0º +100∠ − 120º x1∠240º +70∠120º x1∠120º ) ∴ I 2 = 10 A
1
3

6.2 Harmônicos e os componentes simétricos

Da mesma forma que as transformadas algébricas de Fortescue podem ser utilizadas para
os valores fundamentais, elas também podem ser aplicadas aos harmônicos de corrente e
de tensão, ou seja, podem ser definidos em termos de componentes simétricas [50] e [51],
utilizando as mesmas equações dadas entre (6.7) e (6.12).

• Formulação geral

Na formulação geral para as frequências múltiplas da fundamental também se aplica os


componentes simétricos, mas há a necessidade da correção do ângulo de fase das tensões
(ou correntes), com a seguinte equação matricial:

I 0 nh 1 1 1 Ia∠(n x 0º )
I 1 nh = x 1 1∠120º 1∠240º x Ib∠(n x 240º )
1
3 (6.26)
I 2 nh 1 1∠240º 1∠120º Ic∠(n x 120º )

para as correntes e,
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V0 nh 1 1 1 Va∠(n x 0º )
V1 nh = x 1 1∠120º 1∠240º x Vb∠(n x 240º )
1
3 (6.27)
V2 nh 1 1∠240º 1∠120º Vc∠(n x 120º )

para as tensões.

Onde:
n = ordem harmônica da tensão ou corrente
h = denotação de componente harmônica

Como exemplo, vamos analisar as condições de correntes equilibradas e desequilibradas


para entender o comportamento das ordens harmônicas em termos de componentes
simétricas: Devemos sempre lembrar que as correntes harmônicas assimétricas são
originárias de circuitos monofásicos ou bifásicos, além de desequilíbrios nos parâmetros das
linhas de alimentação de retificadores e que promovem a geração de desequilíbrios nas
correntes desses equipamentos.

1ª Condição – Sistema equilibrado

Como o sistema é equilibrado, podemos definir como IK as correntes das fases, sendo IK =
Ia = Ib = Ic. O módulo das correntes será igual á IK, mas os defasamentos angulares serão
mantidos.

2ª harmônica (120 Hz)

Ia = IK ∠0º, Ib = IK ∠-240º, Ic = IK ∠240º:

I 0 2h 1 1 1 I K ∠0º
1
I 1 2h = x 1 1∠120º 1∠240º x I K ∠ − 240º
3
I 2 2h 1 1∠240º 1∠120º I K ∠ + 240º

E fazendo os cálculos:

I02h = 0 A para a 2ª ordem harmônica num circuito equilibrado;


I12h = 0 A para a 2ª ordem harmônica num circuito equilibrado;
I22h = IK para a 2ª ordem harmônica num circuito equilibrado;

Ou seja, não existem componentes de sequência zero e positiva de 2ª ordem harmônica


circulando num circuito equilibrado, apenas as de sequência negativa.

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3ª harmônica (180 Hz)

Ia = IK ∠0º, Ib = IK ∠-360º, Ic = IK ∠360º:

I 0 3h 1 1 1 I K ∠0º
1
I 1 3h = x 1 1∠120º 1∠240º x I K ∠ − 360º
3
I 2 3h 1 1∠240º 1∠120º I K ∠ + 360º

E fazendo os cálculos:

I03h = IK para a 3ª ordem harmônica num circuito equilibrado;


I13h = 0 A para a 3ª ordem harmônica num circuito equilibrado;
I23h = 0 A para a 3ª ordem harmônica num circuito equilibrado;

Lembrar que para um circuito a 4 fios a corrente de neutro é 3 x I0 e neste caso a corrente
que circulará neste condutor será de 3 x IK.

Ou seja, não existem componentes de sequência positiva e negativa de 3ª ordem


harmônica circulando num circuito equilibrado, apenas as de sequência zero.

Se expandirmos os cálculos para as demais ordens harmônicas para um sistema


perfeitamente equilibrado teremos:

Ordem 1 2 3 4 5 6 .
harmônica .
h .
.
.
Sequência + - 0 + - 0 .
.
.
.
.
.

2ª Condição – Sistema desequilibrado

Para um circuito desequilibrado, também valem as transformações algébricas através de


componentes simétricas, só que neste caso, podem aparecer componentes de sequência
não características, ou seja, positiva, negativa e zero em ordens harmônicas que não
existiriam num sistema equilibrado. Para exemplificar, veremos o exemplo abaixo:

Exemplo 2)

Desequilibrado de 2ª harmônica (120 Hz)

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Considerando as seguintes correntes: Ia = 100 A; Ib = 100 A; Ic = 70 A, todas de 2ª ordem
harmônica. As correntes ficam assim definidas:

Ia = 100 ∠0º, Ib = 100 ∠-240º, Ic = 70 ∠240º:

I 0 2h 1 1 1 Ia∠(2 x 0º )
x 1 1∠120º 1∠240º x Ib∠(2 x 240º ) ⇒
1
I 1 2h =
3
I 2 2h 1 1∠240º 1∠120º Ic∠(2 x 120º )

I 0 2h 1 1 1 100∠0º
1
I 1 2h = x 1 1∠120º 1∠240º x 100∠ − 240º
3
I 2 2h 1 1∠240º 1∠120º 70∠ + 240º

1⎛ 100 100 3 70 70 3 ⎞
I 0 2h = ⎜⎜100 + j 0 − +j − −j ⎟
3⎝ 2 2 2 2 ⎟⎠

1 ⎡ ⎛ 1 3⎞ ⎛ 1 3⎞ ⎛ 1 3⎞ ⎛ 1 3⎞ ⎤
I1 2h = x ⎢100 x ⎜⎜ − + j ⎟
⎟ x ⎜⎜ − + j ⎟ + 70 x ⎜ − − j
⎟ ⎜ 2

⎟ x ⎜⎜ − − j ⎟⎥

3 ⎣⎢ ⎝ 2 2 ⎠ ⎝ 2 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 2 ⎠ ⎥⎦

1 ⎡ ⎛ 1 3⎞ ⎛ 1 3⎞ ⎛ 1 3⎞ ⎛ 1 3⎞ ⎤
I 2 2h = x ⎢100 x ⎜⎜ − − j ⎟
⎟ x ⎜⎜ − + j ⎟ + 70 x ⎜ − + j
⎟ ⎜ 2

⎟ x ⎜⎜ − − j ⎟⎥

3 ⎣⎢ ⎝ 2 2 ⎠ ⎝ 2 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 2 ⎠ ⎥⎦

Cujo resultado têm as seguintes correntes harmônicas:

I02h = 10 A; e IN = 30 A
I12h = 10 A
I22h = 90 A

Verificamos neste caso que a 2ª ordem harmônica num circuito desequilibrado também
provoca a circulação de componentes de sequência positiva e zero (não características
desta harmônica), além de haver circulação desta ordem pelo condutor neutro. Ou seja no
condutor de retorno (ou neutro) num circuito a 4 fios, para um sistema desequilibrado
haverá a circulação de correntes não múltiplas de 3.

Exemplo 3)

Desequilibrado de 3ª harmônica (180 Hz)

Considerando as seguintes correntes: Ia = 100 A; Ib = 100 A; Ic = 70 A, todas de 3ª ordem


harmônica. As correntes ficam assim definidas:

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Ia = 100 ∠0º, Ib = 100 ∠-360º, Ic = 70 ∠360º:

Resolvendo a equação matricial com base na equação 6.26:

I 0 3h 1 1 1 100∠0º
1
I 1 3h = x 1 1∠120º 1∠240º x 100∠ − 360º
3
I 2 3h 1 1∠240º 1∠120º 70∠ + 360º

I03h = 90 A; e IN = 270 A
I13h = 10 A
I23h = 10 A

Num circuito desequilibrado contendo a 3ª ordem harmônica também existirão componentes


de sequência positiva e negativa (não características desta harmônica).

Concluindo, as componentes simétricas podem e devem ser aplicadas visando obter as


correntes que estarão circulando, principalmente nos circuitos desequilibrados, onde o
principal afetado é o condutor de retorno (neutro) pois estarão circulando correntes não
múltiplas de 3.

Os componentes simétricos para circuitos desequilibrados terão as seguintes


características:

Ordem harmônica 1 2 3 4 5 6 .....


h
+ + + + + + ......
Sequência - - - - - - ......
0 0 0 0 0 0 ......

Resumidamente e de uma maneira geral, as harmônicas características presentes um


sistema de potência são uma função do número de pulsos do equipamento, sendo
relacionado pela fórmula:

h=kq ±1, onde


h é a ordem harmônica (2,3,4,...)
k é qualquer inteiro positivo
q é o número de pulsos do equipamento

Por exemplo, um inversor de frequência convencional possui 6 SCR’s na etapa de


retificação; portanto espera-se como harmônicas características a 5ª, 7ª, 11ª e 13ª ordens.

Exemplo 4)

Considere a tabela abaixo de uma instalação industrial contendo máquinas de solda a ponto
monofásIcas, conforme espectro harmônico da tabela 6.1 e figura 6.4

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Correntes: Fase R= 390,58 A; S= 885,95 A; T= 684,88 A;

As correntes são bem desequilibradas entre as fases.


Tabela 6.1
CORRENTE CORRENTE
ORDEM (%) DE I ORDEM (%) DE I
HARMÔNICA FUNDAME HARMÔNICA FUNDAME
(h) NTAL (h) NTAL
1 100,000 17 1,010
2 1,520 18 0,030
3 10,630 19 0,250
4 0,980 20 0,030
5 4,870 21 0,190
6 0,130 22 0,070
7 2,800 23 0,110
8 0,110 24 0,080
9 1,070 25 0,060
10 0,140 26 0,060
11 2,790 27 0,030
12 12,000 28 0,030
13 3,690 29 0,070
14 0,060 30 0,010
15 1,330 31 0,050
16 0,020

Figura 6.4 – Espectro harmônico e forma de onda

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Solução:

Fazendo os cálculos dados na fórmula matricial 6.26 para as correntes dadas e para o
espectro harmônico entre a 1ª harmônica (fundamental) e a 31ª harmônica, obtemos o
resultado abaixo.

Componentes Simétricas
Corrente R Corrente S Corrente T I1 I2 I0 IN
Harmônica
(h) (Amperes) (Amperes) (Amperes) (Amperes) (Amperes) (Amperes) (Amperes)
1 390,58 885,95 684,88 653,803 143,843 143,843 431,528
2 5,936816 13,46644 10,410176 2,186 9,938 2,186 6,559
3 41,518654 94,176485 72,802744 15,290 15,290 69,499 208,498
4 3,827684 8,68231 6,711824 6,407 1,410 1,410 4,229
5 19,021246 43,145765 33,353656 7,005 31,840 7,005 21,015
6 0,507754 1,151735 0,890344 0,187 0,187 0,850 2,550
7 10,93624 24,8066 19,17664 18,306 4,028 4,028 12,083
8 0,429638 0,974545 0,753368 0,158 0,719 0,158 0,475
9 4,179206 9,479665 7,328216 1,539 1,539 6,996 20,987
10 0,546812 1,24033 0,958832 0,915 0,201 0,201 0,604
11 10,897182 24,718005 19,108152 4,013 18,241 4,013 12,040
12 46,8696 106,314 82,1856 17,261 17,261 78,456 235,369
13 14,412402 32,691555 25,272072 24,125 5,308 5,308 15,923
14 0,234348 0,53157 0,410928 0,086 0,392 0,086 0,259
15 5,194714 11,783135 9,108904 1,913 1,913 8,696 26,087
16 7,811E-002 0,17719 0,136976 0,131 0,029 0,029 0,086
17 3,944858 8,948095 6,917288 1,453 6,603 1,453 4,358
18 0,117174 0,265785 0,205464 0,043 0,043 0,196 0,588
19 0,97645 2,214875 1,7122 1,635 0,360 0,360 1,079
20 0,117174 0,265785 0,205464 0,043 0,196 0,043 0,129
21 0,742102 1,683305 1,301272 0,273 0,273 1,242 3,727
22 0,273406 0,620165 0,479416 0,458 0,101 0,101 0,302
23 0,429638 0,974545 0,753368 0,158 0,719 0,158 0,475
24 0,312464 0,70876 0,547904 0,115 0,115 0,523 1,569
25 0,234348 0,53157 0,410928 0,392 0,086 0,086 0,259
26 0,234348 0,53157 0,410928 0,086 0,392 0,086 0,259
27 0,117174 0,265785 0,205464 0,043 0,043 0,196 0,588
28 0,117174 0,265785 0,205464 0,196 0,043 0,043 0,129
29 0,273406 0,620165 0,479416 0,101 0,458 0,101 0,302
30 3,905E-002 8,859E-002 6,8488E-002 0,014 0,014 0,065 0,196
31 0,19529 0,442975 0,34244 0,327 0,072 0,072 0,216

Para essa corrente específida as correntes rms das fases passa a ser:

R = 396,73 A;
S = 899,90 A;
T = 695,66 A;
IN = 536,00 A; sendo que mais de 105 A dessa corrente rms é devida aos harmônicos
de sequência zero (I0).

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7 Dimensionamento de Filtros Harmônicos em Sistemas Elétricos de Potência

Antes de analisarmos o fenômeno da distorção harmônica, vejamos conceitualmente como


o processo ocorre.

Vamos quantificar os efeitos dos harmônicos de uma forma básica; para isso utilizaremos a
lei de Ohm.

Pela lei de Ohm podemos utilizar algumas formulações básicas:


V = R x I sendo V em Volts, I em Amperes e R em Ω (7.1)
P = RxI2 sendo P em Watts (7.2)

A impedância das componentes indutiva e capacitiva tem a formulação:


ZL = 2πfL sendo f a frequência da rede (Hz) e L a indutância (H) (7.3)
ZC = 1/2πfC sendo f a frequência da rede e C a capacitância (F) (7.4)

Tomemos um diagrama básico de uma planta industrial (figura 7.1), onde para uma
frequência de 60 Hz a concessionária é a única fonte de energia e para as ordens
harmônicas (com frequências maiores que 60 Hz) a carga não linear é a fonte de energia –
podendo ser de corrente ou tensão, e no nosso exemplo a carga não linear é uma fonte de
corrente. O transformador tem saída na baixa tensão de 380 Volts.

Com base nas fórmulas dadas acima, podemos tirar as seguintes definições para as
tensões harmônicas superiores a 2:

Vh = Ih x (ZT + ZCONC) (pelas fórmulas 7.1 e 7.3), em que cada impedância Z deve ser
corrigida para a frequência harmônica correspondente.

Vamos supor que a corrente harmônica gerada pela carga não linear seja de 15 A (5ª
harmônica), que a impedância ZCONC da concessionária seja de 0,1 Ω e que a impedância
ZT do transformador seja 2 Ω (todas para a 5ª ordem harmônica), referidas ao secundário do
trafo; temos então pelas equações acima:

V5 = 15 x (2 + 0,1) ∴ V5 = 31,5 Volts de 5ª harmônica (300 Hz).

Se utilizarmos a definição dada para a distorção harmônica total (conforme fórmula 5.64),
teria na baixa tensão do transformador a seguinte deformação (distorção harmônica total):

31,5 2
DHT (%) = 100 ∴DHT = 8,29%
380

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Figura 7.1 Diagrama elétrico de uma fábrica e o seu modelo elétrico
simplificado

7.1 O fenômeno da ressonância:

Este fenômeno é caracterizado quando a reatância capacitiva se iguala à reatância indutiva


(predominantemente do transformador). Se houver correntes harmônicas no sistema que
coincidam com a frequência de ressonância, os níveis de tensão harmônicos serão
maximizados - para uma ressonância paralela -, ou minimizados, para uma ressonância
série - como é o caso dos filtros que serão abordados adiante.

Resumidamente temos:

1
XL = XC → 2π f L = (7.5)
2π f C
Existirá uma frequência em que essas duas impedâncias serão iguais, e portanto:
1
f= (7.6)
2π L C

Consideremos o exemplo onde é instalado um capacitor para a correção do fator de


potência. Supondo que a impedância do capacitor seja 1,5 Ω (já corrigida para a 5ª ordem
harmônica) e que as demais impedâncias sejam as mesmas do exemplo anterior; nosso
diagrama unifilar passa a ser o representado pela figura 7.2.

Primeiramente devemos encontrar a impedância equivalente dos componentes em paralelo


(transformador e capacitor).

−1
⎛ 1 1 ⎞
Z = ⎜⎜ + ⎟⎟ = 0 − j 5,999 Ω
⎝ 0 + j 2 0 − j1,5 ⎠

Resolvendo: A tensão harmônica de 5ª ordem na baixa tensão seria:

V5 = 15 x (0-j5,99+j 0,1) ∴ V5 = 88,50 Volts de 5º harmônica (300 Hz)

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Se utilizarmos novamente a definição para a distorção harmônica total (considerando que a
tensão fundamental na barra seja a mesma tensão nominal sem queda de tensão), no
secundário do transformador teríamos a seguinte deformação (distorção harmônica total):

88,50 2
DHT (%) = 100 ∴DHT = 23,30%, e neste caso houve uma amplificação dos
380
níveis harmônicos em quase 3 vezes, isto somente devido à instalação do capacitor.

Figura 7.2 - Diagrama elétrico de uma fábrica e o seu modelo elétrico


simplificado

A figura 7.3 representa a resposta em frequência do circuito, ou seja, a variação da


impedância do circuito, vista a partir da barra de baixa tensão do transformador, com a
variação da frequência. Verifica-se que a máxima impedância ocorre próxima da 5ª ordem,
ou seja, na ressonância paralela.

Frequência de ressonância
12
11
10
9
8
7
Z [Módulo]

6
5
4
3
2
1
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28
Ordem harmônica [h]
Figura 7.3 – ressonância paralela

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Exemplo 1)

Vamos analisar conceitualmente (um modelo aproximadamente real), e o modo pelo qual se
calcula as tensões harmônicas com a utilização do método matricial. Considerando a figura
7.4, em que as cargas não lineares gerem apenas a 5ª ordem harmônica, considerando as
resistências dos circuitos muito inferiores às reatâncias, calcula-se:

Primeiramente substituímos os elementos por suas impedâncias próprias em valores PU.

Para simplificação dos cálculos, consideramos como potência de base 50 MVA e como
tensão de base a tensão da própria barra do elemento.

Como a impedância do transformador é predominantemente indutiva, substituímos por um


indutor com o seguinte valor:

0,500 50
SCC T = =10 MVA ; Z T = X T ( PU ) = = 5 pu ( 60 hz )
0,05 10

50
Z CONC = =1 pu (60 hz )
50

I1 I2

Figura 7.4 - Diagrama unifilar simplificado

Na 5ª ordem harmônica a impedância indutiva é 5 vezes maior do que seu valor


fundamental, e portanto::

ZT 5 = 5.5 = 25 pu e X CONC 5 =1.5 = 5 pu

Considerando a formulação matricial (ZBARRA) temos:

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⎡ Z CONC Z CONC Z CONC ⎤ ⎡5 5 5 ⎤
ZBARRA = ⎢⎢ Z CONC Z CONC + Z T 1 Z CONC ⎥ = ⎢5 30 5 ⎥ ( pu )
⎥ ⎢ ⎥
⎢⎣ Z CONC Z CONC Z CONC + Z T 2 ⎥⎦ ⎢⎣5 5 30⎥⎦

As correntes das cargas devem ser convertidas em valores pu:

0,150
150 kVA (30% de 5ª harmônica): I NL1 = .0,30 = 0, 9 − 3 ( pu )
50
0,200
200 kVA (20% de 5ª harmônica): I NL 2 = .0,20 = 0,8− 3 ( pu )
50

Utilizando o teorema da superposição,calculam-se as tensões harmônicas em cada barra:

⎡V1 ⎤ ⎡5 5 5 ⎤ ⎡0 ⎤
[Vh]= [Z BARRA ][Ih] → ⎢⎢V2 ⎥⎥ = ⎢
⎢5 30 5 ⎥ . 0,9 −3 ⎥ →
⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢⎣V3 ⎥⎦ ⎢⎣5 5 30⎥⎦ ⎢⎣0,8 −3 ⎥⎦

⎡V1 ⎤ ⎡0,0085⎤
⎢V ⎥ (5ª harmônica) = ⎢0,0310⎥ ( pu )
⎢ 2⎥ ⎢ ⎥
⎢⎣V3 ⎥⎦ ⎢⎣0,0285⎥⎦

Para o cálculo da tensão fundamental na barra das cargas, procede-se da seguinte


maneira:

Considerando i1 a corrente em pu da carga não linear 1 e i2 a corrente em pu da carganão


linear 2; resolvendo.

1,203 i1 + i2 = 1
i1 + 1,202 i2 = 1 ∴

i1 = 0,45909 pu e i2 = 0,455151 pu

Calculo das tensões:

⎛ 0,150 0,200 ⎞
V1 = 1 − ⎜ + ⎟.1 → V1 = 0,993 pu
⎝ 50 50 ⎠
⎛ 0,150 ⎞
V2 = 0,993 − ⎜ ⎟.5 → V2 = 0,978 pu
⎝ 50 ⎠

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⎛ 0,200 ⎞
V3 = 0,993 − ⎜ ⎟.5 → V3 = 0,973 pu
⎝ 50 ⎠
Calculando as distorções harmônicas:

0,0085 2
DHT V1 (%) = .100 = 0,860%
0,993

0,0310 2
DHT V2 (%) = .100 = 3,18%
0,978

0,0285 2
DHT V3 (%) = .100 = 2,930%
0,973

7.2 Modelamento de componentes para o estudo de harmônicos:

Todos os componentes elétricos como motores, cabos, transformadores, linhas de


transmissão, etc, possuem modelos matemáticos aproximados visando corrigir sua
impedância em função da variação dos harmônicos, sendo que alguns modelos são
sugeridos [27], [33], [44], [53], [54].

Transformador: Zh = R.T .h1,5 + jX T .h (7.7)

Concessionária: ZCONC= RCONC . h + jX CONC .h (7.8)

Cargas lineares: ZL= RL .(0,1.h + 0,9) + jX L .h (7.9)


(para cargas totalmente motoras a impedância ZL deve ser substituída pela impedância de
rotor bloqueado do motor – na maioria das aplicações de 8 a 10 x ZN)

(
Z Mh = Z M cos arctan IP ( IN
))
Motores de indução:
( ( )).h j(
(7.10)
+ Z M sen arctan IP PU )
IN

onde, ZM =
(U N )2 (7.11)
PM
FP . IP
IN

Máquinas síncronas: Z G h = RG . h + jX "d .h (7.12)


Alternativamente a impedância de máquinas síncronas pode ser calculada por
⎛ X "d + X "q ⎞
Z G h = RG . h + j ⎜⎜ ⎟⎟ h
⎝ 2 ⎠
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Cabos de alimentação: Z AL h = RAL . h + jX AL .h (7.13)

XC
Capacitor: ZC= − j (7.14)
h

Sendo:

XT = Reatância de dispersão do transformador.


RT = Resistência de dispersão do transformador.
XCONC = Reatância de alimentação da concessionária.
RCONC = Reatância de alimentação da concessionária.
RL = Resistência da carga linear ou motora.
XL = Reatância da carga linear ou motora.
XC = Reatância do capacitor.
ZGh = Impedância da máquina síncrona na ordem h.
RG = Resistência da máquina síncrona obtida a partir das perdas de potência (podendo
ser utilizada a resistência da armadura).
X”d = Reatância subtransitória de eixo direto. Alguns autores sugerem utilizar a
reatância de sequência negativa X2 ao invés de X”d.
X”q = Reatância subtransitória de eixo em quadrantura.
ZALh = Impedância do alimentador na ordem h.
RAL = Resistência AC do alimentador na frequência fundamental.
XAL = Reatância do alimentador (cabo) na frequência fundamental.
ZM = Impedância do motor na frequência fundamental (Ω).
ZMh = Impedância complexa do motor corrigida para a frequência harmônica (Ω).
UN = Tensão de alimentação de fase do motor.
PM = Potência de alimentação elétrica do motor (kW).
FP = Fator de potência do motor ou carga.
IP/IN = Relação da corrente nominal pela corrente de rotor bloqueado.

7.3 Filtragem dos Harmônicos

Quando planejamos a instalação de uma fábrica com grande quantidade de cargas não
lineares, devemos tomar uma decisão entre projetar essas cargas não lineares com baixos
níveis de distorção harmônica ou instalar equipamentos para a mitigação dos harmônicos.

A primeira solução é freqüentemente possível utilizando a multiplicação de fase (12, 18, 24


pulsos). A compensação harmônica, por outro lado, é alcançada por meio de filtros. Em
cada caso a decisão dependerá de fatores como a potência e o nível de tensão do
equipamento a ser instalado, o efeito da distorção da forma de onda no resto da planta e
principalmente o custo global.

Quando o propósito exclusivo é prevenir que uma frequência específica circule por toda a
instalação ou parte do sistema de potência (por exemplo, pelos equipamentos de controle) é
possível utilizar um filtro série que consiste em um indutor paralelo a um capacitor cuja
impedância apresente grande valor à freqüência que se quer bloquear. Porém, tal solução
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não impedirá que os harmônicos sejam gerados pela carga não linear, pois a produção dos
harmônicos por essas cargas é essencial ao seu funcionamento.

No caso dos conversores estáticos, as correntes harmônicas são impedidas de circular por
todo o sistema se houver um caminho de baixa impedância para as frequências
harmônicas.

7.3.1 Filtros passivos

Um filtro “shunt” passivo é dito sintonizado quando suas reatâncias capacitiva e indutiva
forem iguais.

O fator de qualidade (Q) de um filtro determina a agudez da sintonia, e neste aspecto os


filtros podem ter alto ou baixo fator de qualidade (Q). O primeiro, possui alto fator de
qualidade (Q) tem uma sintonia bem definida em uma ou mais frequências harmônicas de
baixa ordem (por exemplo, a 5ª) e o fator de qualidade está tipicamente entre 30 e 60. Já o
segundo com baixo (Q) com valor típico numa região entre 0,5 e 5, e possui uma baixa
impedância numa gama extensa de frequências. Quando utilizado (geralmente) para
eliminar harmônicas de ordem superior (por exemplo, 17ª ou superiores) é denominado de
filtro passa alta.

Exemplos típicos de filtros com alto e baixo fator de qualidade (Q) e sua variação de
impedância são ilustrados nas figuras 7.5 e 7.6.

No caso dos filtros sintonizados o fator Q é definido como a razão da indutância (ou
capacitância) pela resistência na frequência de ressonância, isto é:

Q = X0 / R (7.15)

Filtro Sintonizado - Impedância X Frequência


[Z]

PB
√2R

ω/ωR

Figura 7.5
Filtro harmônico sintonizado: circuito elétrico e impedância x frequência

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Impedância [Z]
Filtro Passa Alta - Impedância X Frequência

Frequência f
Figura 7.6
Filtro harmônico passa alta: circuito elétrico e impedância x frequência

Como pode ser observado pela figura 7.5, no gráfico do comportamento da impedância do
filtro sintonizado, a largura de banda (BP - Band-Pass) é definida como sendo os valores
pelos quais as resistências se igualam à reatância do filtro, o ângulo da impedância é de 45º
e o módulo da impedância vale 2 R .

O fator de qualidade e a largura de banda são relacionados pela expressão:

Q = ω n / PB (7.16)

aonde ωn é a frequência angular de sintonia em rad/s. A agudez de sintonia de um filtro


amortecido + passa alta, é o inverso daquela definida para o filtro sintonizado, ou seja:

Q = R/ X (7.17)

A faixa de desvio da frequência nominal de sintonia de um filtro é representada pelo fator δ.


Este fator inclui vários efeitos:
(i) variação na frequência fundamental (concessionária ou gerador);
(ii) variações na capacitância e indutância do filtro, causadas por envelhecimento e
temperatura;
(iii) inicial dessintonia causada pelas tolerâncias de fabricação e pelo número finito de
TAP’s.

A dessintonia global, em PU da frequência nominal de sintonia pode ser calculada por:

δ = (ω − ω n ) / ω n (7.18)

Além disso, uma variação na indutância ou capacitância de 2% causa a mesma dessintonia


que uma variação de 1% na frequência do sistema. Então δ é frequentemente expressado
por:

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Δ f 1 ⎛ Δ L ΔC ⎞
δ = + ⎜ + ⎟ (7.19)
f n 2 ⎜⎝ Ln C n ⎟⎠

7.3.2 Critério para o dimensionamento de filtros harmônicos

O “tamanho” do filtro é definido como a potência reativa que o mesmo irá fornecer na
frequência fundamental. Ele é substancialmente igual à potência reativa fornecida pelos
capacitores na frequência fundamental. O número total de estágios do filtro é determinado
pela potência reativa requerida pelas fontes harmônicas e quanto desse total pode ser
fornecido pela fonte de energia AC.

O critério ideal para o dimensionamento do filtro é o de eliminar todos os efeitos prejudiciais


da distorção na forma de onda, incluindo a interferência telefônica, que é a mais difícil de
eliminar. Contudo, o critério ideal é irrealístico devido a aspectos técnicos e razões
econômicas. Do ponto de vista técnico, é muito difícil de estimar a distribuição dos
harmônicos com antecedência ao longo da rede de distribuição AC. Do lado econômico, a
redução da interferência telefônica pode ser obtida com economia tomando-se algumas
medidas preventivas nos sistemas telefônicos e de potência.

O critério mais prático é reduzir os níveis no PAC (ponto de acoplamento comum) com
outros consumidores ou internos à fábrica a valores aceitáveis, e neste caso o problema
passa a ser expresso em termos de distorção harmônica de corrente, tensão ou as duas. O
critério baseado na distorção de tensão é mais adequado para o dimensionamento de filtros
pois é mais fácil de garantir que os limites de tensão ficarão dentro de uma faixa do que os
limites de correntes, que poderão oscilar em função das variações de impedâncias do
sistema.

O parâmetro THD é mais representativo do que a somatória aritmética, porque exprime com
mais exatidão a severidade com que os harmônicos afetarão os equipamentos. O critério
recomendado para filtros [33] para conversores em corrente contínua (HVDC) é o máximo
valor individual para qualquer harmônica e os valores de distorção total (THD). No geral, é
suficiente incluir todas as harmônicas até a 25ª ordem. O valor máximo para cada
harmônica individual geralmente ocorre para diferentes condições operativas do sistema.
Além disso, é necessário definir se o valor de THD poderá ser utilizado com as harmônicas
simultaneamente presentes ou se os valores individuais de cada harmônica não
simultâneas serão utilizados. Com relação à interferência telefônica, embora utilizada em
diversos projetos, o índice IT em um sistema de transmissão tem pequeno significado.
Contudo nos casos em que a resistividade do solo é alta existe a justificativa de limitar as
correntes harmônicas circulantes numa determinada linha de transmissão que esteja
próxima das linhas telefônicas; isto é normalmente obtido quando se utiliza o conceito de
“distúrbio equivalente de corrente”.

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Visando obedecer aos limites harmônicos exigidos, o projeto de filtros envolve os seguintes
passos:

Figura 7.7 Circuito simplificado para a computação da distorção


harmônica de tensão

(a) O espectro de corrente harmônica produzido pelas cargas não lineares é injetado num
circuito constituído pelos filtros em paralelo como o sistema de potência A.C. – figura 7.7 – e
então as tensões harmônicas são calculadas.

(b) Os resultados obtidos em (a), são utilizados para determinar os parâmetros específicos,
como THD, TIF, IT, ∑kV, etc.

(c) O “desgaste” nos componentes do filtro como capacitores, indutores e resistores devem ser
calculados e assim determinar seus valores nominais e perdas.

Três componentes devem ser detalhadamente considerados no dimensionamento do filtro:


a fonte de corrente (ou tensão), a corrente absorvida pelo filtro e a admitância do sistema.

O conteúdo harmônico da corrente das cargas não lineares poderá se alterar em função das
variações de carga, e no caso dos conversores estáticos em função do ângulo de disparo.
Com relação a admitância do filtro e do sistema, existe a preocupação em se calcular os
valores mínimos da admitância total para cada ordem harmônica, na qual resultará nos
valores máximos de distorção de tensão.

Um único filtro dimensionado para uma alta largura de banda seria capaz de atenuar um
espectro inteiro de harmônicas (por exemplo, da 5ª em diante no caso de um conversor de 6
pulsos) e seria o ideal. Contudo, a potência capacitiva necessária para atingir este objetivo
seria muito grande, e normalmente é mais econômico atenuar as harmônicas de ordem
inferior por meio de um filtro sintonizado.

7.3.3 Critério avançado para o dimensionamento de filtros harmônicos

Os critérios descritos anteriormente permitem o adequado dimensionamento de filtros para


a maioria das aplicações. Contudo, nos casos em que existam grandes cargas não lineares
numa planta, como nos casos da transmissão em corrente contínua, estes critérios poderão
levar a uma solução inadequada e até mesmo instabilidades harmônicas. A razão é que o
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dimensionamento convencional ignora a interação que existe entre as cargas não lineares e
o resto do sistema de potência. Tais interações afetam a injeção de correntes harmônicas
bem como a impedância harmônica de todo o sistema de potência (que deveriam incluir a
contribuição efetiva das cargas não lineares), e, além disso, requer uma solução interativa
ao invés da direta solução (convencional).

Neste caso devem ser utilizados modelos avançados e simulações no domínio do tempo,
utilizando-se neste caso softwares que utilizem modelos de equações diferenciais como o
EMTP, ATP, PSCAD, MATLAB entre outros.

Impedância do sistema de potência para o cálculo dos parâmetros de performance.

A impedância harmônica do sistema varia com a configuração do sistema e as condições de


carga. Embora essa impedância poça ser determinada através de medições, é muito difícil
de se monitorar todas as possíveis condições do sistema; em particular, futuras mudanças
não podem ser obtidas através de medições.

A utilização de programas computacionais permite uma grande flexibilidade. Se as


impedâncias são muito pessimistas (isto é muito grandes e/ou com pouco amortecimento), o
que normalmente ocorre no caso da falta de precisão nos parâmetros utilizados nos
cálculos, o filtro poderá ser muito mais caro do que o necessário. Assim o correto
modelamento dos componentes do sistema e suas variações de impedância com a
frequência, particularmente os transformadores e cargas, são muito importantes na
determinação da precisão do fator de amortecimento do sistema.

7.3.4 Representação do sistema

Como as impedâncias harmônicas variam com a configuração do sistema e o tipo das


cargas, grande quantidade de dados são gerados. Considerando o grande número de
estudos e simulações necessárias para o desenvolvimento de um filtro, é quase que
impossível representar a totalidade de um sistema com o mesmo grau de precisão para
todas as possíveis condições operativas.

A representação detalhada dos componentes depende de sua posição com relação à fonte
harmônica, bem como do seu tamanho em comparação com essa fonte harmônica. Cada
componente numa planta, como compensadores síncronos, capacitores e indutores devem
ser explicitamente representados.

Como o sistema de transmissão em alta tensão tem relativamente baixas perdas, é


necessário considerar os efeitos dos componentes de uma planta com grande separação
elétrica da fonte de distorção harmônica. Seria então adequado modelar tudo precisamente
pelo menos desde a rede de distribuição (transmissão) primária. Além disso, devido efeito
da onda estacionária nas linhas de transmissão e cabos, uma pequena carga conectada
através de uma linha ou cabo teria uma grande influência na resposta do sistema para as
frequências harmônicas.

É recomendado considerar as cargas nos secundários dos sistemas de transmissão ou


distribuição para se decidir se estas serão adequadamente modeladas ou utilizadas como

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um circuito equivalente. Quanto maior a complexidade de um sistema maiores serão as
frequências de ressonância.

7.3.5 Efeito da resistência AC do sistema nas baixas frequências

Ao se considerar os tradicionais filtros ressonantes, levando-se em conta o amortecimento


do sistema de potência AC, geralmente levam à utilização de filtros de menor potência
quando o objetivo é o limitar a máxima distorção harmônica de tensão. Esta redução de
potência do filtro é uma função do máximo ângulo de fase (φhmax) da impedância do sistema
para uma determinada frequência h e é expresso por:

1 / (1 + cosφ h max ) (7.20)

A performance dos filtros amortecidos (passa alta) para altas frequências não dependem
muito das variações de impedância do sistema, pois esta impedância é normalmente mais
alta do que a dos filtros.

Por outro lado, ao se projetar filtros amortecidos (passa alta) para baixas ordens harmônicas
em sistemas altamente amortecidos, é essencial que se conheça precisamente a
impedância do sistema às baixas frequências. Isto é necessário para garantir que ao se
conectar o filtro em paralelo com o sistema de potência tenha-se um efeito positivo na
redução da harmônica de tensão específica prevenindo a amplificação de outras ordens,
especialmente aquelas que estão próximas da frequência de sintonia.

7.3.6 Diagramas de impedância

Os resultados das simulações computacionais podem ser representados através de tabelas


ou, mais eficientemente através de diagramas, como os setoriais, polígonos ou circulares.
Um diagrama da impedância complexa X/R é definido para um certo range de frequências.
A localização das impedâncias harmônicas do sistema para determinadas condições
operativas e diferentes ordens harmônicas são definidas dentro de pacote dessas áreas.
Esses diagramas permitem uma análise sistemática para se obter a impedância mais crítica.

Na figura 7.8 temos o gráfico da impedância (módulo) e do ângulo (graus) em função da


frequência para uma planta típica com um filtro harmônico sintonizado na 5ª ordem
harmônica. Para a ressonância série do sistema a impedância total é minimizada e para
este tipo de filtro existirá uma ressonância paralela abaixo da frequência de sintonia – onde
a Impedância harmônica é maximizada.

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0,7
90
0,6
80
70
60
0,5 50
40

Angle (Degrees)
Impedance (ohm)

0,4
30
20
10
0,3 0
-10

1
4
7
10
13
16
19
22
25
28
0,2
-20
-30
-40
0,1 -50
-60
-70
0
10

12

14

16

18

20

22

24

26

28
2

Harmonic Order
Harmonic Order

Figura 7.8 Diagrama de Impedâncias – (Frequency Scan) e ângulo (graus)

7.4 Filtros sintonizados

Um filtro sintonizado do tipo “Passa Baixa” é uma combinação série RLC (como mostrado
na figura 7.5) e será sintonizado num frequência harmônica (geralmente as de baixa
ordem). Sua impedância é dada por:

⎛ 1 ⎞
Ζ1 = R + j ⎜ ωL − ⎟ (7.21)
⎝ ωC ⎠

e sua impedância na frequência de ressonância (fr) se reduz a R. Existem dois parâmetros


básicos no dimensionamento do filtro a serem primeiramente definidos na seleção dos
componentes R, L e C. Estes são os fatores de qualidade (Q) e a frequência relativa de
desvio (δ) já definida anteriormente.

Para expressar a impedância do filtro in termos do fator de qualidade (Q) e do desvio δ, as


seguintes relações são aplicadas:

ω = ω n (1 + δ ) (7.22)
1
ωn = (7.23)
LC

E a reatância do indutor em ohms na frequência de sintonia é:


1 L
X 0 = ωnL = = (7.24)
ω nC C
X
Q= 0 (7.25)
R
1 1
C= = e, (7.26)
ω n X 0 ω n RQ

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X0 RQ
L= = (7.27)
ωn ωn

E substituindo as equações (7.22), (7.26) e (7.27) na equação (7.21) obtemos:

⎛ ⎛ 2 + δ ⎞⎞
Zf = R⎜⎜1 + jQδ ⎜ ⎟ ⎟⎟ e, (7.28)
⎝ ⎝ 1+ δ ⎠⎠
considerando que δ é pequeno se comparado com a unidade,

(
Z f ≈ R(1 + j 2δQ ) = X 0 Q −1 + j 2δ e, ) (7.29)
(
e Z f ≈ R 1 + 4δ 2 Q 2 )1/ 2
(7.30)

Geralmente é mais conveniente tratar com as admitâncias ao invés das impedâncias no


dimensionamento de filtros, isto é:

1
Yf ≈ = G f + jB f , onde: (7.31)
R(1 + j 2δQ )
Q
Gf = e, (7.32)
(
X 0 1 + 4δ 2 Q 2 )
2δQ 2
Bf = − (7.33)
(
X 1 + 4δ 2 Q 2 )
E a tensão harmônica no barramento de entrada do filtro (no filtro) será:
In I
Vn = = n (7.34)
Ynf + Ysn Yn

Para minimizar a distorção de tensão é necessário aumentar a admitância do conjunto filtro


em paralelo com o sistema de potência. Para a prevenção de uma alta tensão Vn, as
variáveis que não foram precisamente obtidas devem ser escolhidas de modo mais
conservativo; estas são o desvio da frequência de sintonia δ e a admitância do sistema Ysn.
Desde que as harmônicas aumentam com δ, o maior desvio em δm deve ser utilizado na
análise. Novamente o a pior condição do sistema (baixa admitância) deve ser representada.

Dentro de certos limites o projetista poderá decidir sobre os valores de Q e a potência do


filtro (valor nominal var na frequência fundamental).

Em termos de Q e δ a equação (7.34) pode ser reescrita conforme abaixo:

−1 / 2
⎧⎪⎡ 1 ⎤
2
⎡ 2Qδ ⎤ ⎫⎪
2

Vn = I n ⎨⎢G sn + ⎥ + ⎢ Bsn − ⎥ ⎬ (7.35)


⎪⎩⎣ (
R 1 + 4Q 2δ 2 ⎦ ⎣) ( )
R 1 + 4Q 2δ 2 ⎦ ⎪

No caso da admitância de um sistema puramente indutivo, frequentemente usado no
dimensionamento do filtro, é indevidamente pessimista (muito conservativo) e o filtro neste
caso ficará muito maior do que o necessário.

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A impedância expressa num gráfico polar de coordenadas R e X indica que, geralmente a
impedância harmônica pode ser inscrita numa região R x jX delimitada por duas retas e um
círculo passando através da origem (figura 7.9). O valor máximo do ângulo de fase da
impedância do sistema pode ser limitado em torno de 90º e geralmente decresce com o
aumento da frequência. A maior harmônica de tensão é então obtida usando φsn com o sinal
oposto a δ.

Figura 7.9 Diagrama de Impedâncias – Setorial e diagrama circular com


resistência mínima

Então a equação (7.35) se torna:

{
Vn = I n (Ysn cos φ sn + G f ) + (− Y
2
sn sinφ sn + B f )}
2 −1 / 2
(7.36)
tomando φsn positivo e δ negativo.

Se ⎪Ysn⎪for deixado irrestrito, então a admitância que dará o máximo valor de ⎪Vn⎪será:

cos φ sn (2Qδ tan φ sn − 1)


Ysn = dando, (7.37)
(
R 1 + 4Q 2δ 2)
⎡ 1 + 4Q 2δ 2 ⎤
Vn = I nω n L ⎢ ⎥ (7.38)
⎣ Q(sinφ sn + 2Qδ cos φ sn ) ⎦

E existe um Q ótimo que resulta na menor tensão harmônica, isto é:

1 + cos φ sn
Q= no qual (7.39)
2δsinφ sn
⎡ 4 ⎤ 2I n R
Vn = I nδω n L ⎢ ⎥= (7.40)
⎣1 + cos φ sn ⎦ sinφ sn

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Deve ser verificado que normalmente os filtros não são projetados para dar a mínima tensão
harmônica para estas condições. Normalmente um alto valor de Q é selecionado visando
reduzir as perdas. Uma condição que também deve ser considerada no dimensionamento
dos filtros, e que poderá restringir a operação dos conversores e cargas semelhantes, é a
perda de um ou mais estágios do filtro. O filtro que permanecer conectado poderá sofrer
sobrecarga, pois tenderá a absorver toda a corrente gerada pelas cargas não lineares.

7.4.1 Aproximação gráfica

Uma explanação gráfica é dada por Kimbark [53] e servirá par ajudar a compreender o valor
do ótimo Q, isto é, o valor que maximiza Yn.

Para um determinado valor de máximo fator de desvio de frequência δm, usando uma
reatância fixa X0 e uma resistência variável R, o comportamento da admitância do filtro será:

1
Yf = (7.41)
R(1 + j 2δQ )

A fórmula acima define um semicírculo de diâmetro 1/(2δmX0) tangente ao eixo “G”,


conforme mostrado na linha pontilhada na figura 7.10. A mesma figura mostra (na área
hachurada) o domínio da admitância do sistema (Ysn), obtida pela inversão da curva de
admitância, e o valor da mínima admitância para cada harmônica encontra-se no limite da
área hachurada.

Para um dado Ynf, o menor vetor Yn é perpendicular aos finais do limite. O diagrama vetorial
da figura 7.10 demonstra para um valor positivo de δm e negativo de φ=φm a produção de
altas harmônicas de tensão. Contudo, o ótimo valor de Ynf, é aquele tangente ao
semicírculo. Este valor ótimo é mostrado na figura 7.10 onde no ponto “D”, onde Ynf
maximiza Vn e Ysn o minimiza.

Para tais condições, pode ser demonstrado que a admitância do filtro será:

cos(φ m / 2 )
Ynf = e (7.42)
2δ m X 0
1 + cos φ m
Yn = Ynf cos(φ m / 2 ) = (7.43)
4δ m X 0

E o fator de qualidade para o Ynf escolhido é:


X X0
Q= 0 = (7.44)
R X f / (tan φ f )
mas pela equação (7.28)

X f = 2δ m X 0 (7.45)
e da figura (7.10):

tan φ f = cot (φm / 2) e então: (7.46)


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cot (φ m / 2 ) cos φm + 1
Q= = (7.47)
2δ m 2δ m sinφ m

Figura 7.10 - Construção da aproximação gráfica para a determinação do


Q ótimo e para o pior caso da admitância do sistema Ysn, plotado para
φm=60º

Depois de determinar individualmente os valores de sintonia dos filtros, todos os parâmetros


do filtro deverão ser utilizados para a determinação da impedância do sistema Yn que dará o
valor mínimo da admitância total Y para cada ordem harmônica.

7.5 Filtros amortecidos

Os filtros amortecidos (sintonizados + passa-alta) oferecem diversas vantagens:

(1) Sua performance e absorção de potência é menos sensível às variações de temperatura,


desvio na freqüência, tolerância de fabricação dos componentes, perda de elementos
capacitivos, etc.

(2) Fornecem um caminho de baixa impedância para uma variedade de espectro harmônico
sem a necessidade de diversos filtros em paralelos, o que incrementaria o chaveamento, a
manutenção e custo do conjunto.

(3) O uso de filtros sintonizados “passa-banda” geralmente resultam em uma ressonância


paralela entre o filtro e a admitância do sistema numa frequência abaixo da sintonia do filtro,
ou na própria freqüência de sintonia do filtro. Nestes casos a utilização de um ou mais filtros
amortecidos é a alternativa mais aceitável.

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As principais desvantagens do uso de filtros amortecidos são:

(4) Para atingir um nível aproximado de desempenho na filtragem dos harmônicos, o filtro
amortecido deve ser projetado para altas potências reativas na frequência fundamental,
embora na maioria dos casos um bom desempenho possa ser obtido dentro dos limites
exigidos para a correção do fator de potência.

(5) As perdas nos resistores e reatores geralmente são altas.

7.5.1 Tipos de filtros amortecidos

Na figura 7.11 são mostrados quatro tipos de filtros: de 1ª ordem, 2 ª ordem, 3 ª ordem e o
“C-Type”.

(1) O filtro de 1ª ordem normalmente não é utilizado, porque necessita de um capacitor de


grande potência e tem perdas excessivas à freqüência fundamental.

(2) O filtro de 2ª ordem proporciona um melhor desempenho de filtragem, mas tem altas perdas
na freqüência fundamental quando comparado com os filtros de 3ª ordem.

(3) A principal vantagem do filtro de 3ª ordem quando comparado com o de 2ª ordem, é


redução significativa das perdas à freqüência fundamental, devido aumento da impedância
na freqüência fundamental causada pela presença ou o capacitor. C2. Além disso, a
potência do capacitor C2 é muito pequena, comparada com a de C1.

(4) O desempenho do filtro tipo “C-Type” [56], se encontra entre o desempenho dos filtros de 2ª
e 3ª ordens. Sua principal vantagem é uma considerável redução nas perdas à frequência
fundamental, desde que C2 e L sejam sintonizados nessa frequência fundamental. Porém,
este filtro é mais susceptível a variações na frequência fundamental e às tolerâncias nos
componentes.

C1 C1

C2 C2

(a) (b) (c) (d)


1ª 2ª 3ª “C-type”
ordem ordem ordem

Figura 7.11 – Filtros amortecidos tipo passa-alta


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7.5.2 Dimensionamento de filtros amortecidos

Quando se projeta um filtro amortecido, o fator de qualidade Q é escolhido para se obter a


melhor característica de resposta de frequência, sobre uma determinada faixa de
freqüências, e não há nenhum fator de qualidade Q ótimo, como no caso dos filtros
sintonizados “passa-banda”.

O comportamento dos filtros amortecidos foi descrito por Ainsworth [57] com a ajuda de dois
parâmetros:

1
f0 = e (7.48)
2π C R
L
m= 2 (7.49)
R C

Valores típicos de m estão entre 0,2 e 2. Para uma determinada capacitância, estes
parâmetros (e conseqüentemente L e R) são definidos para se obter uma admitância
adequadamente alta, sobre um range da freqüência necessária ao projeto.

A condutância e a susceptância do filtro amortecido de 2ª ordem, são:

m2 x4
Gf =
[(
R1 1 − m x 2 )2
+ m2 x2 ]e (7.50)

x ⎡ 1− m x 2 + m 2 x 2 ⎤
Bf = ⎢ ⎥
( )
2 2
(7.51)
R1 ⎢⎣ 1 − m x + m x ⎥⎦
2 2

Onde: x = f (7.52)
f0

Pode ser mostrado que, a admitância mínima do sistema (do filtro Yf mais a admitância do
sistema c.a. Ysm) vale:

Y = B f cos (φm ) + G f sen (φm ) (7.53)

como ambos os termos da equação (7.53) sendo positivos, e x (da equação 7.52) que é
menor que o valor:

Gf
cot φ f = = tan φm (7.54)
Bf

Para grandes valores de x o mínimo valor da admitância total é a do filtro (i.e. com Ysn=0).
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A Figura 7.12 ilustra os valores típicos das mínimas admitâncias para um filtro amortecido
de 2ª ordem em paralelo com um sistema com poucas resistivas (isto é φm = ± 90º). Para
comparação, o Gf de condutância, de um filtro amortecido de 3ª ordem, no caso de
capacitores iguais, é mostrado na figura 7.13. Estas figuras mostram que a banda de
resposta em frequência da condutância de um filtro amortecido de 3ª ordem, é muito estreita
do que a de um filtro de 2ª ordem.
Minimum total admittance ⏐Y ⏐
(multiples of 1/R)

Frequency, f0

Figura 7.12 – Admitância de um filtro passa-baixa de segunda ordem


G (multiples of 1/R)

Frequency, f0

Figura 7.13 – Componente da condutância de um filtro passa-baixa de


terceira ordem
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7.6 Características dos componentes dos filtros harmônicos

Após o conhecimento do valor fundamental e das tensões (e correntes) harmônicas em


todos os barramentos, podem ser calculados os valores nominais de corrente e tensões dos
capacitores, indutores e resistores, e com isto a potência ativa, reativa e as perdas.

Visando prevenir danos a esses componentes seus valores nominais devem ser baseados
na mais severa condição esperada. Isto deverá incluir a maior tensão fundamental, o maior
desvio efetivo na frequência, correntes harmônicas de outras fontes e a possibilidade de
ressonância entre o filtro e o sistema de potência.

7.6.1 Capacitores

Os principais fatores envolvidos no seu dimensionamento são: coeficiente de temperatura,


potência reativa por unidade, perdas, confiabilidade e custo.

Um baixo coeficiente de temperatura para os capacitores é desejável para filtros


sintonizados visando prevenir dessintonia pela alteração da capacitância com a temperatura
ambiente ou com seu próprio aquecimento; esta propriedade, contudo, não é muito
importante em filtros amortecidos.

Capacitores fornecem altas potências reativas por unidade tendo baixas perdas e operando
com altas voltagens de “stress”. Por esta razão, sobretensões moderadas por períodos
prolongados devem ser evitadas prevenindo assim a destruição do dielétrico; para altas
sobretensões mesmo que em períodos curtos de operação poderá haver destruição do
dielétrico por ionização.

A potência reativa nominal necessária para um capacitor para filtros é a somatória aritmética
das potências reativas para cada frequência harmônica a qual ele estará sujeito, ou seja, a
tensão mínima dos capacitores deve ser calculada como a somatória de todas as tensões
impostas devido à absorção da corrente à frequência fundamental mais as correntes
harmônicas absorvidas.

7.6.2 Indutores

Indutores utilizados em filtros harmônicos necessitam ser dimensionados para suportar as


altas frequências envolvidas, isto é, o efeito pelicular (“skin”) e as perdas por histerese
devem ser incluídos no calculo das perdas de potência. O nível de fluxo magnético no ferro
(para indutores com núcleo ferro-magnético), ou seja, a dessintonia causada pela não
linearidade do circuito magnético, também deve ser levado em conta. Isto normalmente leva
a utilização de densidades com baixo fluxo quando da utilização de indutores com núcleo
ferro-magnético. Alternativamente, os indutores para filtros harmônicos são mais bem
projetados quando com núcleos não ferromagnéticos.

O fator de qualidade Q na frequência predominante deve ser selecionado para o menor


custo e tem valor normalmente entre 50 e 150. Contudo, baixos valores de Q são
normalmente necessários e isto é obtido utilizando-se uma resistência em série.

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Os valores nominais dos indutores dependem principalmente da máxima corrente rms que
irá atravessar o mesmo e do nível de isolamento necessário para absorver transitórios e
surtos.

Nota: Geralmente, a utilização de reatores (indutores) com núcleo ferro-magnético é limitada à


dessintonia de estágios capacitivos, pois uma alteração na frequência de sintonia do
conjunto, devida não linearidade do núcleo ferromagnético, geralmente não altera
significativamente a performance do conjunto, uma vez que a frequência de dessintonia é
calculada entre em 3,4 ou 4,2 preferencialmente.

Já os reatores com núcleo de ar devem ser utilizados quando se projetam filtros harmônicos
sintonizados ou amortecidos, uma vez que não há saturação do meio magnético (ar) com o
incremento da frequência, ou seja, a variação da indutância é influenciada praticamente
devida variação de temperatura; neste caso, as características da sintonia de projeto não
são sensivelmente alteradas.

7.6.3 Resistores

Da mesma maneira que os indutores, os resistores de amortecimento devem ser


dimensionados levando-se em conta as solicitações térmicas e dinâmicas que o filtro irá
estar sujeito. Deve ser levada em consideração principalmente a corrente rms que irá
atravessar o resistor – lembrando que a potência dissipada é proporcional ao quadrado da
corrente (P = R x I2) e neste caso qualquer variação de corrente sob o filtro, incluindo as
tolerâncias dos componentes deve ser cuidadosamente avaliada. No dimensionamento do
resistor, deve também ser avaliada a corrente de curto-circuito que o mesmo poderá
suportar.

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8 Simulações e Projetos:

Para a avaliação de uma situação real e do adequado projeto de bancos de capacitores


e/ou filtros harmônicos, é sempre necessário o levantamento de alguns dados no campo,
principalmente os itens relacionados abaixo.

• Medições de grandezas elétricas nas diversas barras incluindo harmônicos de tensão e


corrente; no caso de planta nova a ser construída, deve-se obter as características elétricas
das cargas, como potência nominal, fator de potência e rendimento (para as condições
operativas de 50%, 75% e 100%) além do espectro harmônico para as cargas não lineares;
• Condições operativas do sistema elétrico (redundância, paralelismo, cogeração);
• Potência de curto-circuito trifásica e fase à terra da concessionária e as respectivas relações
X/R;
• Dados dos geradores e motores síncronos: potência e tensão nominais, reatâncias xd, xq,
transitória e subtransitória, constantes de tempo;
• Dados dos motores de média tensão e os principais de baixa tensão: potência e tensão
nominais, número de pólos, corrente de rotor bloqueado;
• Dados de transformadores de força: potência, tensão primária e secundária, impedância de
dispersão, tipo de ligação e tapes disponíveis; resistor ou impedância de aterramento;
• Dados dos alimentadores: tipo e bitola, tipo de instalação e comprimento;
• Dados de bancos de capacitores, reatores e filtros harmônicos: potência, tensões nominais
e tipo de ligação;
• Dados das cargas não lineares: número de pulsos, tensão nominal de operação e potência;
espectro harmônico, quadrantes que operam.

De posse de tais informações, devemos montar o diagrama elétrico da planta com os dados
coletados incluindo as medições de harmônicos. O ideal é se dispor de um software para o
cálculo do fluxo harmônico. A partir daí é calculada a matriz de impedâncias nodais (ZBUS), e
a partir da multiplicação das correntes harmônicas pelas impedâncias próprias e mútuas
obtemos as tensões harmônicas de cada barra - [I h ] x [Z BUS h]= [V h ] . Com valores das
tensões harmônicas calculamos os índices THD, THI e demais parâmetors de análise, além
dos parâmetros dos filtros harmônicos e/ou dos bancos de capacitores.

Outro dado muito importante após a simulação é a obtenção da curva de ressonância do


sistema para as diversas ordens harmônicas, onde é avaliada, a ressonância paralela e a
ressonância série.

Exemplo 1) Considere o diagrama unifilar da figura 8.1, com os seguintes dados :

Concessionária: SCC = 100MVA (simétrico 3φ)


Relação X/R: = 10
Transformador: Z% = 5,75 (Δ/Υ- solidamente aterrado)
Relação X/R: = 4,70
Potência: = 500 kVA
Tensões: = 13,2 kV / 380 V
Carga CL1: = 90 kW
F.P. = 0,60 indutivo do tipo motor com IP/IN = 8

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φ

Figura 8.1

Carga não linear CLN1: Composta por inversores de frequência de seis pulsos, sem
indutância de entrada (choque), sem transformador isolador, com controle de potência
através de SCR's. Potência elétrica concentrada de 150 kVA. Espectro harmônico
predominante de ordens ímpares (baseado na tabela 13.1 da referência [18] p/ h≤15), com
os seguintes valores:

Tabela 8.1 – Espectro harmônico


ORDEM CORRENTE % de In
HARMÔNICA (h)
2 0,000
3 0,000
4 0,000
5 19,200
6 0,000
7 13,200
8 0,000
9 0,000
10 0,000
11 7,300
12 0,000
13 5,700
14 0,000
15 0,000

Considerar que a carga não linear possui um fator de potência corrigido (acima de 0,92) não
necessitando de compensação (o que levaria a princípio a adoção de filtros). Os valores de
distorção harmônica podem ser considerados valores máximos e característicos para a
potência informada.

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Para a condição de carga acima há a necessidade de se instalar um banco de capacitores
de 90 kvar (vide cálculo abaixo) para elevar o fator de potência da instalação a 0,95
indutivo.

QCAPACITOR = 90 x(tan(arccos(0,60)) − tan(arccos(0,95)) ) → QCAPACITOR = 90 k var

Inicialmente, vamos desconsiderar a potência de curto circuito da concessionária e efetuar o


cálculo da frequência de ressonância na barra de baixa tensão.

Para o cálculo aproximado da frequência de ressonância, necessitamos da potência do


trnsformador, da impedância de disperção e da potência do banco de capacitores,
calculando conforme a fórmula 8.1:

SCC (MVA)
FR = onde, (8.1)
QC (M var )

0,500(Trafo )
SCC = = 8,895MVA
0,0575(Z %Trafo )

E para um banco de capacitores de 90 kvar (0,090 Mvar) têm-se:

8,895
FR = → FR ≈ 10 ; se efetuarmos a simulação considerando as características da
0,090
concessionária e da carga motora, a frequência de ressonância estaria próxima da 11ª
ordem, conforme figura 8.2 abaixo. Portanto o cálculo aproximado nos dá uma ordem de
grandeza em que frequência harmônica poderá haver ressonância.

Voltando à figura 8.1, vamos analisar o método matemático para o cálculo do Fluxo
Harmônico (desconsiderando os alimentadores).

De forma simplificada, convertemos todas as impedâncias para uma base conhecida, por
exemplo, 100 MVA, para a frequência de 60 Hz onde:

Z ( BASE )
Z ( PU ) =
Z (CARGA )

Concessionária
100
Z CONC = = 1( PU ) e como X/R = 10: Z CONC = 0,0995 + j 0,9995( PU )
100

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3

2,5

2
Impedance (ohm)

1,5

0,5

0
2

10

12

14

16

18

20

22

24

26

28

30
Harmonic Order

Figura 8.2

Transformador
100
ZT = x0,0575 = 11,5( PU ) e como X/R = 4,70: ZT = 2,39 + j11,25( PU )
0,5

Motor

100
ZM = x0,6 = 666,66 ( PU ) mas para o estudo de harmônicos no caso de cargas motoras
0,09
deve-se utilizar a impedância de sequência negativa Z2 (se este dado estiver disponível).
Quando não se tem tal dado, podemos utilizar a impedância calculada a partir dos dados de
rotor bloqueado, ou seja:

100 0,6
Z Mh = x = 83,3325( PU ) e então a impedância complexa do motor para o estudo
0,09 8(IP )
IN
harmônico passa a ser:

Z Mh = 10,336 + j82,699( PU )

Capacitor
100
ZC = = 1.111,11( PU )
0,09

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As impedâncias de sequência positiva e negativa equivalentes para a frequência
fundamental são (em PU na base 100 MVA):

Tabela 8.2
Carga Impedâncias do Sistema e Cargas
Concession 0,0995 +j 0,9995
ária
Transforma 2,39 +j 11,25
dor
Carga CL1 10,336 +j 82,699
Capacitor -j1.111,11

O diagrama de impedâncias passa a ser o definido na figura 8.3

Figura 8.3

Existem vários métodos para a realização da simulação e do fluxo harmônico no domínio da


frequência, como o ETAP, o EASY POWER, o DIGSILENT, o PTW32 e, no domínio do
tempo como nos softwares ATP, EMTP, PSCAD, MATLAB. O mais simples e que apresenta
bons resultados é utilizar a técnica matricial (como os dos softwares que utilizam o domínio
da frequência), substituindo as cargas não lineares por fontes de corrente (equações de
Norton) ou fontes de tensão, onde: para a frequência fundamental, a concessionária é a
única fonte de energia; para frequências diferentes o sistema deve ser modelado como uma
impedância variável com a frequência, sendo que neste caso, as fontes passam a ser as
cargas não lineares (fonte de corrente, de tensão ou ambas). Neste caso deve-se construir
um sistema do tipo:

[Vh] = [Ih]x[Zh] corrigindo asimpedâncias em função do tipo de carga, conforme as fórmulas


(7.5) a (7.12) utilizando:

[Vh] representa a matriz de tensões harmônicas p/ h>1


[Ih] representa a matriz das correntes harmônicas geradas
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[Zh] representa a matriz das impedâncias dos nós do circuito em análise
Deve-se neste caso construir uma matriz Zh por harmônico até o máximo valor esperado, ou
seja, se tivermos níveis até a 15ª ordem devem ser construídas 14 matrizes, uma para cada
ordem. Normalmente as matrizes de sequência positivas e negativas são as mesmas,
mudando apenas na de sequência zero.

A diferenciação do tipo de matriz é necessária em virtude da sequência em que esses


harmônicos fluirão sob o sistema; de uma maneira geral, se as correntes harmônicas (ou
tensões harmônicas) e as impedâncias forem equilibradas, as mesmas poderão ser
analisadas a partir de componentes simétricas, como foi visto no item 6, e simplificadamente
conforme tabela abaixo:

Tabela 8.3
Ordem 2 3 4 5 6 7 8
harmônic
ah
Sequênci - 0 + - 0 + -
a

Ou seja, uma corrente harmônica de ordem 3 (e suas múltiplas) se equilibradas nas 3 fases,
somente fluirão pelos equipamentos conectados ao neutro do transformador, ou seja, em
equipamentos aterrados (no neutro).

Para a construção das matrizes, é necessário corrigir os elementos da rede em função das
ordens harmônicas – já visto anteriormente

Nossa matriz neste caso passa a ser para este exemplo, conforme definido abaixo:

−1
⎡ 1 1 1 ⎤
⎢Z + − ⎥
[Ih]x ⎢ CONC 1 ZT 1
ZT
1 1 ⎥
⎥ = [Vh]
⎢ − + +
⎢⎣ ZT ZT Z M Z C ⎥⎦

Vamos inicialmente considerar que o capacitor esteja ligado e resolver a equação matricial
acima para as ordens harmônicas dadas na tabela 8.1, para uma carga de 150 kVA,
calculando os valores em PU (na base 100 MVA):

As matrizes de admitâncias e impedância serão respectivamente:

Para a 5ª ordem:
⎡ 0,01587 − j 0,2151 − 0,0069 + j 0,0145 ⎤ ⎡0,2342 + j 5,033 0,6505 + j 5,6423⎤
⎢− 0,0069 + j 0,0145 0,00699 − j 0,01241⎥ ⎢ 0,651 + j 5,6423 35,583 + j 67,488⎥
⎣ ⎦ ⎣ ⎦

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Para a 7ª ordem:
⎡0,010845 − j 0,15301 − 0,00543 + j 0,00964⎤ ⎡0,4023 + j 7,281 3,874 + j10,093 ⎤
⎢ − 0,00543 + j 0,0964 0,00548 − j 0,00507 ⎥ ⎢ 3,874 + j10,093 108,367 + j103,481⎥
⎣ ⎦ ⎣ ⎦

Para a 11ª ordem:


⎡ 0,00656 − j 0,0967 − 0,00381 + j 0,005396 ⎤ ⎡1,598 + j10,5597 13,285 − j 3,5662 ⎤
⎢− 0,00381 + j 0,005396 0,00383 − j 0,00341 ⎥⎦ ⎢13,285 − j 3,5662 139,316 − j146,058⎥
⎣ ⎣ ⎦

E para a 13ª ordem:


⎡ 0,00545 − j 0,08155 − 0,003303 + j 0,004305⎤ ⎡1,4248 + j12,226 7,796 − j 4,863 ⎤
⎢− 0,003303 + j 0,004305 0,003322 + j 0,00647 ⎥ ⎢ 7,796 − j 4,863 57,118 − j126,0733⎥
⎣ ⎦ ⎣ ⎦

Antes de efetuar a multiplicação das matrizes Ih por ZBUS, devemos converter as correntes
harmônicas para a mesma base de 100 MVA; neste caso as correntes em PU ficam
conforme a tabela 8.4.

Tabela 8.4 – Corrente e espectro harmônico da carga de 150 kVA


ORDEM CORRENT CORRENT
HARMÔNICA (h) E % de In E (PU)
2 0,000 0
3 0,000 0
4 0,000 0
5 19,200 0,000288
6 0,000 0
7 13,200 0,000198
8 0,000 0
9 0,000 0
10 0,000 0
11 7,300 0,0001095
12 0,000 0
13 5,700 0,0000855
14 0,000 0
15 0,000 0

Efetuando a multiplicação das matrizes Ih x ZBUS temos as seguintes tensões harmônicas


em Vh PU:

Tabela 8.5 – Tensões harmônicas das barras (PU)


ORDEM BUS 1 BUS 2
HARMÕNICA
VH2 0 0
VH3 0 0
VH4 0 0
VH5 0,00204164 0,0274251
3 79
VH6 0 0
VH7 0,00266707 0,0369655
7 68
VH8 0 0

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VH9 0 0
VH10 0 0
VH11 0,00187823 0,0275605
6 78
VH12 0 0
VH13 0,0147802
0,0009812 39
VH14 0 0
VH15 0 0

Calculando agora a taxa harmônica de distorção nos barramentos, utilizado a fórmula:

n=∞

∑ Vh
n =1
2

DHT (%) = 100 e como V1 = 1 (em PU)


V1
DHT(%)BUS1= 0,397 %
DHT(%)BUS2= 5,565 %

Verifica-se neste caso que a distorção harmônica no barramento 2 ficou acima do limite
global recomendado de 5%; porém só corrigimos o “fator de potência” da carga motora e
necessitamos corrigir o transformador e da carga não linear. Como se trata apenas de um
exemplo ilustrativo considere que a carga não linear possui um baixo fator de potência
(fator de potência de 0,80 indutivo); neste caso, o banco de capacitores passa a ser de 150
kvar (vide cálculos).

P2 = S 2 x FP2 → P2 =150 x 0,80 → P2 =120 kW

QCAPACITOR 2 =120 x(tan(arccos(0,80)) − tan(arccos(0,95)) ) → QCAPACITOR 2 = 50,60 k var

QTRAFO = 2% x500 kVA → QTRAFO = 0,02 x 500 → QTRAFO = 10 k var

QTOTAL = 90 + 50 +10 → QTOTAL = 150 k var

As tensões harmônicas nos barramentos e as respectivas distorções harmônicas totais


ficam:

Tabela 8.6
ORDEM BUS 1 BUS 2
HARMÕNICA
VH2 0 0
VH3 0 0
VH4 0 0
VH5 0,00203286 0,0273072
4 54
VH6 0 0
VH7 0,00294918 0,0408755
7 95
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VH8 0 0
VH9 0 0
VH10 0 0
VH11 0,00069458 0,0101920
2 49
VH12 0 0
VH13 0,00038646 0,0058214
2 36
VH14 0 0
VH15 0 0

DHT(%)BUS1= 0,456 e DHT(%)BUS2= 6,286

E mais uma vez a distorção harmônica total no barramento 2 ultrapassou o limite individual
de 3% e global recomendado de 5%.

Se efetuássemos a simulação sem o banco de capacitores obteríamos uma distorção


harmônica no barramento 2 (THDV %) de 3,9% o que a princípio demonstra que não há
necessidade de filtros mas sim da dessintonia dos capacitores das frequências naturais
geradas pela carga não linear.

Considerando agora um caso mais próximo da realidade. Para as tensões de fornecimento


até 15 kV, é comum termos uma potência de curto-circuito baixa na barra da
concessionária, algo em torno de 30 MVA, com X/R = 3. Refazendo os cálculos para esta
potência de curto-circuito e com o banco de capacitores de 150 kvar, os valores das tensões
harmônicas e das DHT são:

Tabela 8.7
ORDEM BUS 1 BUS 2
HARMÕNICA
VH2 0 0
VH3 0 0
VH4 0 0
VH5 0,00876587 0,0426130
4 08
VH6 0 0
VH7 0,01260634 0,0629064
4 32
VH8 0 0
VH9 0 0
VH10 0 0
VH11 0,00238023 0,0124378
8 35
VH12 0 0
VH13 0,0071681
0,00134314 12
VH14 0 0
VH15 0 0

E neste caso a distorção harmônica passa a ser:

DHT(%)BUS1= 1,560
DHT(%)BUS2= 7,733
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Para este exemplo, a solução para a redução da distorção harmônica de tensão é a
colocação de reatores de dessintonia no banco de capacitores.

8.6.1 Projeto: Banco de capacitores dessintonizado

Primeiramente definimos a potência dos estágios capacitivos. Vamos adotar o valor de 25


kvar/380 Volts. Geralmente a sintonia é feita na 3,3ª ou 3,4ª ordem ou próximo da 4ª
ordem harmônica. O valor da frequeência de sintonia depende da análise dos harmônicos
presentes e das frequências de ressonância paralelas, que ocorreerão após a colocação da
indutância em série com o estágio capacitivo.

Nesse exemplo será utilizada a sintonia na 3,4ª ordem harmônica - figura 8.4.

Nota: Alguns autores utilizam a definição de banco de capacitores anti-ressonante.

Com base nas fórmulas 7.23, 7.24 e 7.27, na sintonia, XC=XL e


1 1 1
= 2πfL ∴ f = →L=
2πfC 2π C.L 4π f R .C
2 2

Onde:
fR = frequência de ressonância (para o exemplo 3,4)
f = frequência do sistema (para o exemplo 60 Hz)
C = capacitância (para o exemplo 459,25μF)

Resolvendo:
V2 3802
XC = 2 → XC = → X C = 5,776 Ω e
QC 250002
1 1
C= →C = → C = 459,25 μF
2π 60 X C 2 x π x 60 x 5,776

1
L= → L =1,325 mH
4π (3,40 x 60 ) 2 x 459,25 − 6
2

XL = 1,326 mH (0,50Ω @60 Hz)

Nota: Geralmente os reatores utilizados para dessintonia são confeccionados com núcleo ferro-
magnético. O fator de qualidade desses reatores normalmente são altos, acima de 30. Esse
fator de qualidade deve ser utilizado na simulação do fluxo harmônico para a obtensão das
correntes harmônicas absorvidas. O fator de qualidade do reator é representado pela
fórmula abaixo:

X Lf 1
Q= onde, (8.2)
R
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Q = é o fator de qualidade
XLf1 = é o valor da reatância indutiva na frequência fundamental (Ω)
R = valor da resistência ohmica do reator na frequência fundamental (Ω)

Figura 8.4 – Modelo elétrico para banco de capacitores


dessintonizado

Novamente efetua-se a simulação com o banco de capacitores com a indutância de


dessintonia , obtendo uma distorção de tensão de THDV = 4,209%. Verificar que a distorção
ficou abaixo do valor global recomendado de 5% (valor global).

• O erro no dimensionamento do capacitor para o estágio dessintonizado

Sempre que se coloca uma indutância em série com um capacitor há um aumento natural
da tensão fundamental (50 ou 60 Hz) sob este capacitor independente dos níveis
harmônicos e neste caso a corrente absorvida será maior que a corrente nominal do
capacitor.

A corrente sob o capacitor na frequência fundamental será:

25(kVAR)
I CAP = = 38 A mas com a indutância em série a corrente é alterada:
380 3
1
Z CAP = = 5,776Ω e Z L = 0,0167 + j 0,5 Ω
2π 60 x 459,242μF

380
I= = 41,60 A
3 (0,0167 + j 0,5 − j 5,776)

E neste caso, somente devido a corrente fundamental 60 (Hz) houve um acréscimo de 9,50
% sobre a corrente nominal do capacitor.

Por isso, no dimensionamento de bancos de capacitores com indutores de dessintonia, os


capacitores utilizados não devem ter a tensão nominal do sistema. É sempre necessário
efetuar uma simulação para avaliar quais correntes serão absorvidas pelo conjunto
capacitor-reator, a fim de dimensionar corretamente todo o equipamento (capacitores,
indutores, proteções, etc). A norma NBR 5060 [9] bem como outras literaturas americanas e
européias, recomenda que os capacitores tenham uma tensão nominal igual ou superior à

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somatória algébrica das tensões fundamental mais as harmônicas as quais o capacitor
estará submetido.

Se efetuarmos a simulação as seguintes correntes harmônicas seriam absorvidas pelo


estágio:

Tabela 8.8
ORDEM IH % DE IN
HARMÕNICA
IHCAP2 0
IHCAP 3 0
IHCAP 4 0
IHCAP 5 4,133
IHCAP 6 0
IHCAP 7 2,047
IHCAP 8 0
IHCAP 9 0
IHCAP 10 0
IHCAP11 0,744
IHCAP 12 0
IHCAP 13 0,50
IHCAP 14 0
IHCAP 15 0

Como o capacitor deve ser dimensionado em função da somatória algébrica das tensões
fundamental mais as tensões harmônicas; a tensão mínima do capacitor deve ser de 416
Volts.

Por padronização, utiliza-se um capacitor de 440 Volts (com a potência nominal corrigida
para esta tensão). O indutor deve suportar no mínimo o valor rms da corrente absorvida
pelo estágio acrescido de 131% (que é a corrente que o capacitor por absorver
continuamente) e então o indutor deve ser dimensionado para no mínimo 72 A.

A potência nominal do capacitor para operar numa tensão inferior à sua tensão de
fabricação, é dimensionada da seguinte maneira:

2
⎛V ⎞
QC _ Vsis = ⎜ Sis ⎟ x QCap , onde: (8.3)
⎜V ⎟
⎝ Cap ⎠
QC_Vsis = Potência do capacitor na tensão do sistema (var)
QCap = Potência nominal do capacitor (var)
VCap = Tensão nominal do capacitor (V)
VSis = Tensão nominal do sistema (V)

A potência do capacitor então calculada:


2
⎛ 440 ⎞
QCap = ⎜ ⎟ x 25 → QCap = 33,5 k var / 440V
⎝ 380 ⎠

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Nota: Como a potência obtida não é padronizada, o projetista pode adotar um capacitor de 32,5
kvar ou 35 kvar em 440 V, mas deve-se recalcular a corrente absorvida e a distorção
harmônica total com essa nova potência do capacitor.

Efetuando a simulação com o banco de 210 kvar com indutores de dessintonia, as tensões
harmônicas (em PU) serão as dadas na tabela abaixo. E a curva de ressonância para esta
simulação é a descrita pela figura 8.5.

Tabela 8.9
ORDEM BUS 1 BUS 2
HARMÕNICA
VH2 0 0
VH3 0 0
VH4 0 0
VH5 0,01679734 0,0034553
3 62
VH6 0 0
VH7 0,01808391 0,0036239
9 87
VH8 0 0
VH9 0 0
VH10 0 0
VH11 0,01692843 0,0032396
6 08
VH12 0 0
VH13 0,01599748 0,0029975
5 63
VH14 0 0
VH15 0 0

DHT(%)BUS1= 0,667 e DHT(%)BUS2= 3,394

4,5

3,5

3
Impedance (ohm)

2,5

1,5

0,5

0
2

10

12

14

16

18

20

22

24

26

28

30

Harmonic Order

Figura 8.5 – Curva de ressonância para 150 kvar


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8.6.2 Análise, detalhamento e projetos:

Exemplo 2) Um caso onde não há a necessidade da aplicação de filtros. Considere o


diagrama unifilar da figura 8.6 onde, nesta planta existem fornos de fusão por indução.

Dados do sistema
Concessionária: Scc 3φ = 79,2 e X/R = 5,90, 13,2 kV
Scc 1φ = 21,4 e X/R = 4,75, 13,2 kV
AL-1: Pirelli Eprotenax EPR 50,0 mm2, 70 m
AL-Cap: Pirelli Eprotenax EPR 25,0 mm2, 20 m
AL-2: Pirelli Eprotenax EPR 35,0 mm2, 1,0 m
AL-3: Pirelli Eprotenax EPR 35,0 mm2, 1,0 m
Cap1: 300 kvar/13,8 kV Y isolada *** ver cálculo
Trafo T1: 750 kVA, 13,2/0,480 kV, Δ/Y aterrada, Z = 5,52% X/R = 5,59, núcleo
envolvido
Trafo T2: 1000 kVA, 13,2/0,460 kV, Δ/Y aterrada, Z = 6,62% X/R = 5,59, núcleo
envolvido
Forno 1: de indução de 6 pulsos, totalmente controlado, Potência S = 505 + j 216
kVA, 0,480 kV
Forno 2: de indução de 6 pulsos, totalmente controlado, Potência S = 204 + j 81
kVA, 0,460 kV
Forno 3: de indução de 6 pulsos, totalmente controlado, Potência S = 340 + j 145
kVA, 0,460 kV
Load T1: motora, Potência 44,2 hp, FP=0,66 i, η = 100%
Usinagem: motora, Potência 214,5 hp, FP=0,76 i, η = 100%

Correntes harmônicas das cargas conforme a tabela 8.10.

Tabela 8.10 – Espectro harmônico


ORDEM CORRENTE % de In
HARMÔNICA Forno de Forno Forno
(h) 500 kW de 200 de 350
kW kW
2 0,20 0,15 0,10
3 0,40 0,40 0,50
4 0,40 0,40 0,40
5 18,00 19,00 18,50
6 0,50 0,50 0,50
7 10,00 12,00 15,00
8 0,20 0,20 0,20
9 0,30 0,30 0,10
10 0,20 0,20 0,10
11 5,70 0,60 5,50
12 0,30 0,30 0,30
13 4,50 5,00 4,20
14 0,20 0,20 0,20
15 0,25 0,25 0,25

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Bandeirante
79.2 MVA

BUS-MT1
13200 V

AL-1
BUS-MT2
13200 V
AL-Cap AL2 AL3

BUS-MT3 BUS-MT4 BUS-MT5


13200 V 13200 V 13200 V
P P
T1 T2
S 750.0 kVA S 1000.0 kVA
BUS-BT12 BUS-BT2
480 V 460 V

CAP1 FORNO-500kW LOAD-T1 FORNO-200kW FORNO-350kW USINAGEM


300.0 kVAR 548.9 kVA 44.2 hp 219.4 kVA 369.6 kVA 214.5 hp

Figura 8.6 – Unifilar – Fábrica com fornos de indução

• Cálculo do banco de capacitores:

∑ CARGAS = 1242,00 + j 616,40 kVA → 1386,55 ∠ 23,39 o


kVa ( FP = 0,89 i )

QC = P x {tg [a cos(0,89 )]− tg [a cos(0,95)]}= 0,184 x1242 → QC = 263,07 k var

Compensação dos trafos: = 2% x ∑Strafos = 0,02 x 1750 = 35 kvar

QC Total = 298,07 kvar - em função dos valores padronizados (múltiplos de 50, 100, ...,
400 kvar, adota-se 300 kvar/13,8 kV)

Nota: O modelamento de todas as cargas desse exemplo foi feito com a resistência dos
componentes fixa, ou seja, não varia com a frequência - Zh = R + jX x h .

Roda-se o fluxo de carga harmônico (load-flow) para 2 situações:

Primeiro sem o banco de capacitores na média tensão – compara-se com os valores


medidos. Se estes estiverem próximos (medidos e simulados) o modelo de impedâncias
harmônicas adotado está coerente, caso contrário, algum dado das cargas ou a medição
está incorreto.

Em seguida incluindo o banco de capacitores na barra da concessionária, e compara-se o


valor das distorções harmônicas com os valores normalizados.

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Tabela 8.11 Distorções harmônicas - valores medidos
BARRA TEN DISTORÇÃO
SÃO (THDV %)
(kV)
TR 001 750 kVA 0,48 9,87
0
TR 002 1000 kVA 0,46 7,88
0
Tabela 8.12 Distorções harmônicas - sem bancos de capacitores
BARRA TEN DISTORÇÃO
SÃO (THDV %)
(kV)
MÉDIA TENSÃO 13,2 2,00
0
TR 001 750 kVA 0,48 8,00
0
TR 002 1000 kVA 0,46 7,30
0

Tabela 8.13 Distorções harmônicas - com banco de capacitores na média tensão


BARRA TEN DISTORÇÃO
SÃO (THDV %)
(kV)
MÉDIA TENSÃO 13,2 2,80
0
TR 001 750 kVA 0,48 8,70
0
TR 002 1000 kVA 0,46 7,90
0

Se verificarmos, as distorções harmônicas nos barramentos dos trafos 1 e 2 ficaram com


valores acentuados, acima de 5%, porém no caso de fornos de indução e a arco, isto é
característico dessas cargas e geralmente não interferem no funcionamento dos fornos;
neste caso é possível a correção do fator de potência sem a necessidade de filtros.

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Figura 8.7 – Resultado do fluxo de carga harmônico

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Exemplo 3) Um caso onde há a necessidade da aplicação de filtros; sistema híbrido: filtro
amortecido - sintonizado+passa alta (filtro1), e dessintonizado - anti-ressonante (filtro2).
Considere o diagrama unifilar da figura 8.8. Uma fábrica com carga composta por uma
têmpera por indução (TR01), inversores de freqüência e motores de indução (TR02). Os
harmônicos das cargas são dados na tabela 8.14.

Dados do sistema
Concessionária: Scc 3φ = 50,0 e X/R = 3,50, 13,2 kV
Scc 1φ = 24,0 e X/R = 3,50 13,2 kV
AL-MT: Pirelli Eprotenax EPR 50,0 mm2, 60 m
AL-CAP1: Pirelli 2 x 95,0 mm2, 0,6/ 1kV, PVC, 5 m
AL-CAP2: Pirelli 2 x 95,0 mm2, 0,6/ 1kV, PVC, 5 m
Filtro1: 125 kvar/380V *** ver cálculo
Filtro2: 90 kvar/380V *** ver cálculo
Trafo TR1: 750 kVA, 13,2/0,380 kV, Δ/Y aterrada, Z = 5,35% X/R = 5,59, núcleo
envolvido.
Trafo TR2: 500 kVA, 13,2/0,460 kV, Δ/Y aterrada, Z = 5,02% X/R = 5,59, núcleo
envolvido.
TÊMPERA: Têmpera por indução de 6 pulsos, totalmente controlado, controle de disparo
por “zero-crossing”, Potência S = 204,00 + j 192,00 kVA, 0,380 kV.
Load-TR2: inversor de frequência, de 6 pulsos, não regenerativo, Potência S = 110 + j
77 kVA, 0,380 kV de indução de 6 pulsos, totalmente controlado.
Bombas: Potência S = 50 + j 32,30 kVA , 0,380 kV.

Nota: O modelamento de todas as cargas desse exemplo foi feito com a resistência dos
componentes fixa, ou seja, não varia com a frequência - Zh = R + jX . h .

• Cálculo dos bancos de capacitores:

∑ CARGAS (TR1) = 204,00 + j192,0 0 kVA → 280,00 ∠ 43,12 o


kVA ( FP = 0,73 i )

∑ CARGAS (TR 2) =160,70 + j109,60 → 186,70 ∠ 36,02 o


( FP = 0,808 i )

QC (TR1) = P x {tg [a cos(0,73)]− tg [a cos(0,95)]}= 0,607 x 204,4 → QC =124,07 k var


QC (TR 2) = P x {tg [a cos(0,808)]− tg [a cos(0,95)]}= 0, 353 x160 → QC = 56,48 k var
Compensação dos trafos: = 2% x ∑Strafos = 0,02 x 1250 = 25 kvar

QC (TR1) Total = 125,00 kvar

QC (TR2) Total = 81,87 kvar (por padronização 90 kvar)

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Bandeirante
50.0 MVA

BUS-MT
13200 V

AL-MT

BUS-MT1
13200 V
P P
TR1 TR2
S 750.0 kVA S 500.0 kVA
BUS-BT1 BUS-BT2
380 V 380 V
ALCAP2
ALCAP1
BUS-CAP1 BUS-CAP2
380 V 380 V

TEMPERA Filtro1 Load-TR2 Bombas Filtro2


280.0 kVA 125.0 kVAR 135.0 kVA 67.0 hp 75.0 kVAR

Figura 8.8 – Unifilar – Fábrica com têmpera por indução e inversores de


frequência

Tabela 8.14 – Espectro harmônico


ORDE CORRENTE % de In
M Têmpera Load-
HARM TR2
ÔNICA
(h)
2 0,10 0,87
3 1,70 0,87
4 0,10 0,22
5 18,20 9,53
6 0,10 0,44
7 7,00 8,09
8 0,10 0,87
9 0,70 0,44
10 0,10 0,44
11 4,10 3,33
12 0,20 0,15
13 3,00 2,32
14 0,20 0,22
15 1,70 0,73
17 5,50 0,65
19 3,40 1,30
23 5,40 1,16
25 2,90 0,87
29 2,80 0,58
31 1,40 0,44

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• Considerações importantes:

1) Conforme gráfico 8.9, da tensão da barra da tempera, verifica-se, claramente a ocorrência


de diversos “notches” – já vistos anteriormente, que são curtos-circuitos provocados pela
comutação das fases do retificador da têmpera, cujos valores são imitados pela impedância
do circuito. A ocorrência desses “notches” acarreta a criação de harmônicas não
características no sistema, ou seja, ordens pares e ímpares múltiplas de três que não são
características de retificadores de 6 pulsos.

2) Inicialmente, o projeto de compensação de reativos feito nesta fábrica, considerava


apenas bancos de capacitores sem reatores de dessintonia e sem filtros harmônicos. Os
bancos de capacitores eram automáticos, sendo: 5 x 25kvar/380V no trafo TR1 e 2 x
25kvar/380V no trafo TR2.

Consideremos as quatro próximas tabelas para efeito de comparação: A 1ª e 2a com os


valores das distorções harmônicas registradas e simuladas sem os capacitores, enquanto
que a 3ª e 4ª com os resultados medidos e do load-flow harmônico com capacitores.

Figura 8.9 – Tensão medida na barra BUS-BT1 da Têmpera

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Tabela 8.15 Distorções harmônicas - valores medidos sem capacitores
BARRA TEN DISTORÇÃO
SÃO (THDV %)
(KV)
TR 001 750 kVA 0,38 8,00
0
TR 002 500 kVA 0,38 2,30
0

Tabela 8.16 Distorções harmônicas - simulação sem bancos de capacitores


BARRA TEN DISTORÇÃO
SÃO (THDV %)
(KV)
MÉDIA TENSÃO 13,2 1,30
0
TR 001 750 kVA 0,38 6,20
0
TR 002 500 kVA 0,38 1,90
0

Tabela 8.17 Distorções harmônicas - valores medidos com capacitores


BARRA TEN DISTORÇÃO
SÃO (THDV %)
(KV)
TR 001 750 kVA 0,38 14,90
0
TR 002 500 kVA 0,38 9,50
0

Tabela 8.18 Distorções harmônicas - simulação com bancos de capacitores


BARRA TEN DISTORÇÃO
SÃO (THDV %)
(KV)
MÉDIA TENSÃO 13,2 6,30
0
TR 001 750 kVA 0,38 43,90
0
TR 002 500 kVA 0,38 23,80
0

A simulação da tabela 8.18 foi feita apenas com 1 estágio de 25 kvar na barra BUS-BT1 e 1
estágio de 25 kvar na barra BUS-BT2, mas nas duas barras são amplificadas as ordens 17
e 23 harmônicas (figura 8.10). Na barra BUS-BT2, ocorre a elevação dos níveis harmônicos
por amplificação das correntes provenientes não só dos próprios inversores de freqüência,
mas principalmente pelos harmônicos provenientes da têmpera. Se a carga da têmpera for
desligada, o nível harmônico na barra BUS-BT2 atinge 12,8%.

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Tabela 8.19 simulação com bancos de capacitores na máxima potência
BARRA TEN DISTORÇÃO
SÃO (THDV %)
(KV)
MÉDIA TENSÃO 13,2 1,50
0
TR 001 750 kVA 0,38 5,70
0
TR 002 500 kVA 0,38 6,20
0

Como fica evidente pelas simulações, não podem ser aplicados capacitores convencionais
(sem indutores ou filtros) nas barras de baixa tensão, principalmente bancos automáticos
(sem reatores de dessintonia) devido a elevação dos níveis harmônicos.

Plot1 - Scan Magnitude


Study1 - Case1 - BUS-CAP2 - Bus Scan Impedance Magnitude

Study1 - Case1 - BUS-CAP1 - Bus Scan Impedance Magnitude


Bus Scan Impedance Magnitude (pu)

12500

10000

7500

5000

2500

0
0 5 10 15 20 25 30
Harmonic Order

Figura 8.10 – Resposta em freqüência para 25 kvar – Barras BT1 e BT2

Solução para a compensação dos reativos:

• Primeiro analisando os níveis harmônicos medidos nos transformadores, vê-se


claramente que no transformador TR1, independente da condição dos capacitores ligados
ou não, a distorção harmônica de tensão é elevada; já para o transformador TR2 a distorção
harmônica de tensão é elevada apenas com os capacitores lidados. Isto leva às seguintes
conclusões: No transformador TR1 é necessário reduzir a distorção harmônica de tensão,
enquanto que no transformador TR2 a distorção harmônica não pode ser amplificada.

Isto leva a duas condições básicas: No trafo TR1 há a necessidade de filtragem dos
harmônicos, enquanto que no transformador TR2 é necessário apenas a dessintonia (não
amplificação dos harmônicos).
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Avaliando o espectro harmônico tanto de tensão quanto de corrente na barra do
transformador TR1 (têmpera), verifica-se a existência de harmônicas não características
(pares e triplas) que não deveriam ocorrer, pois a têmpera é composta por um retificador
trifásico em onda completa de 6 pulsos. A filtragem do tipo “passa-baixa” propicia uma baixa
impedância na freqüência de sintonia, mas maximiza a impedância própria da barra para
uma freqüência abaixo da freqüência de sintonia do filtro; para este projeto em específico, é
adotada a filtragem do tipo amortecida (“sintonizada + passa alta”) evitando a amplificação
das harmônicas inferiores à de sintonia, pois a ressonância paralela é reduzida.

A) Banco de capacitores dessintonizado

Para o banco de capacitores dessintonizado do trafo TR2, será adotada como freqüência de
sintonia do conjunto h = 3,40. A potência de cada estágio será de 15 kvar (6 x 15 kvar / 380
V).

Com base nas fórmulas 7.23, 7.24 e 7.27, na sintonia, XC=XL e


1 1 1
= 2πfL ∴ f = →L=
2πfC 2π C.L 4π 2 f R .C
2

Onde:
fR = frequência de ressonância (para o exemplo 3,40)
f = frequência do sistema (para o exemplo 60 Hz)
C = capacitância

Resolvendo:

V2 3802
XC = 2
→ X C = → X C = 9,6267 Ω e
QC 15000 2
1 1
C= →C = → C = 275,55 μF
2π 60 X C 2 x π x 60 x 9,6267

1
L= → L = 2,209 mH
4π (3,40 x 60) 2 x 275,55 − 6
2

XL = 2,209 mH (0,833 Ω @60 Hz)

Resumindo: Cada estágio do banco de capacitores dessintonizado será de 25 kvar / 380


Volts, com indutância de dessintonia de 2,209 mH.

B) Filtro harmônico amortecido (sintonizado+passa alta)

Conforme explicado no capítulo 7, item 7.5 não existe um fator m ótimo para o cálculo da
indutância do filtro, e consequentemente da admitância do conjunto. Com base nas fórmulas
7.48 e 7.49, deve-se utilizar o método intuitivo, ou seja, substituir os valores de m desde 0,5
a 2, e obter a melhor resposta em frequência, e consequentemente maior redução dos
harmônicos na barra onde o filtro estará locado. A cada substituição do valor m nas

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fórmulas abaixo, calcula-se novamente o valor da indutância, e substitui-se no filtro
harmônico, rodando novamente o fluxo harmônico até a obtenção do resultado desejado.

Resolvendo:

V2 3802
XC = 2
→ X C = → X C = 1,1152 Ω e
QC 1250002
1 1
C= →C = → C = 2296,211 μF
2π 60 X C 2 x π x 60 x 1,1552
Como a principal ordem harmônica que se quer reduzir é a 5ª (conforme espectro
harmônico da tabela 8.14 e figura 8.9), adotamos como f0 o valor da 4,8ª ordem harmônica,
ou seja, 2% abaixo da frequência natural do sistema.

1 1
De 7.48, f 0 = → 4,8 x 60 = → R = 0,240 Ω
2π C R 2 π 2296,211 −3 x R

L
Por 7.49, m = ,considerando alguns valores de m (conforme tabela 8.20), mantendo
R2 C
o banco de capacitores dessintonizado no trafo TR2 desligado, para o cálculo da indutância
e das distorções harmônicas nas barras, obtemos:

Tabela 8.20 distorções harmônicas para diversos valores de m

Fator Indutância THDV%


BUS- BUS- BUS-
m L (mH) MT BT1 BT2
0,5 0,0661 1,10 5,20 1,90
0,6 0,0794 1,10 5,00 1,90
0,8 0,1058 1,00 4,80 1,80
1 0,1323 1,00 4,80 1,80
1,2 0,1587 1,00 4,80 1,80
1,4 0,1852 1,00 4,80 1,80
1,5 0,1984 1,00 4,80 1,80
1,6 0,2116 1,00 4,80 1,50
1,7 0,2248 1,00 4,90 1,80
1,8 0,2381 1,00 4,90 1,80
2 0,2645 1,10 4,90 1,90

O valor de m foi adotado em 1,6 não só com base nas distorções harmônicas das barras,
mas como uma melhor combinação entre a baixa distorção harmônica de tensão e a menor
corrente harmônica absorvida pelo transformador TR1, ou seja, maximização da admitância
do filtro – ver comparação abaixo.

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Comparação: para m = 1,5 ITHD através do BUS-BT1 = 31,1%; para m = 1,6 ITHD através
do BUS-BT1 = 30,90% e para m = 1,7 ITHD através do BUS-BT1 = 30,90%, mas a distorção
harmônica total aumentou.

Obtidos os valores nominais dos componentes, devem-se dimensionar as características de


tensão máxima dos capacitores, de corrente dos reatores e de potência dos resistores.

1) Valores nominais para o estágio dessintonizado:


Capacitor de 15 kvar 380 V; indutância de 2,21 mH.

A partir do fluxo de carga, com o filtro harmônico do transformador TR1 desligado, obtemos
as correntes harmônicas absorvidas pelo estágio em % da corrente fundamental:

Tabela 8.21 correntes harmônicas absorvidas pelo estágio de 15 kvar dessintonizado

CORRENTE
ORDEM (%) DE I
HARMÔ FUNDAMENTA
NICA (h) L
1 100,00
2 0,09
3 0,00
4 0,15
5 4,46
6 0,00
7 2,10
8 0,20
9 0,00
10 0,10
11 0,56
12 0,00
13 0,50
14 0,10
15 0,00
17 0,30
19 0,10
23 0,20
25 5,10
29 5,10
31 2,70
Fazendo as devidas multiplicações das correntes harmônicas da tabela acima pelas
impedâncias corrigidas do reator e do capacitor, e do resistor, obtemos os valores
absorvidos para cada componente:

• O capacitor deve ter a tensão nominal mínima, como a somatória algébrica de todas as
tensões harmônicas que estarão sob este capacitor.

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• O reator deverá ter uma corrente rms mínima como a corrente rms total absorvida pelo
estágio dessintonizado.

De posse de tais valores e sabendo das tolerâncias de fabricação dos componentes dados
nos capítulos 3 e 4, obtemos os valores de projeto do estágio dessintonizado:

Tabela 8.22 resultado da simulação – características de projeto

TENSÃO NOMINAL DO SISTEMA (kV) 0,380


POT. CAPACITOR (Mvar) 0,015
TENSÃO NOMINAL DO CAPACITOR (kV) 0,380
FREQUÊNCIA DO SISTEMA (HZ) 60,000
TOLERÂNCIA NA CAPACITÂNCIA (+/- %) 1,000
INDUTOR SÉRIE (mH) 2,21000
Q DO INDUTOR 30,000
TAP DO INDUTOR (+/- %) 0,000
RESISTOR SÉRIE (Ω) 0,000

FREQUÊNCIA DE RESSONÂNCIA (Hz) 204,0


ORDEM DE RESSONÂNCIA (h) 3,40
CORRENTE TOTAL DO FILTRO IRMS (kA) 0,024710747
CORRENTE SOBRE O INDUTOR IRMS (kA) 0,024710747
POTÊNCIA SOBRE O RESISTOR RMS (W) 0,00
TENSÃO 1φ SOB O INDUTOR - FASE - RMS (kV) 0,022791958
TENSÃO 1φ SOB O CAPACITOR - LINHA - RMS (kV) 0,239964184
Σ ARITIMÉTICA - TENSÃO SOB O CAPACITOR (kV) 0,243468647
Σ ARITIMÉTICA - TENSÃO SOB O CAPACITOR PICO (kV) 0,344316663
TENSÃO RMS 3φ SOB O CAPACITOR (kV) 0,415630158
Σ ARITIMÉTICA - CORRENTE SOB O INDUTOR (kA) 0,027137162

POTÊNCIA MÍNIMA DO RESISTOR (W) 0,000


TENSÃO TRIFÁSICA MÍNIMA DO CAPACITOR (kV) 0,422
CORRENTE MÍNIMA DO FILTRO IRMS @ 131% (kA) 0,033
CORRENTE NOMINAL DO INDUTOR IRMS (kA) 0,040
CORRENTE MÁXIMA DO INDUTOR IRMS (kA) 0,044
CORRENTE DO ALIMENTADOR IRMS @ 135% (kA) 0,034
REATÂNCIA INDUTIVA XL @ 60Hz (Ω) 0,833

2) Valores nominais para o filtro harmônico amortecido (sintonizado+passa alta):

Capacitor de 125 kvar 380 V; indutância de 0,2128 mH; resistor de 0,240 Ω.

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Adotando o mesmo procedimento, e a partir do fluxo de carga harmônico, obtêm-se as
correntes absorvidas pelo filtro (mantendo o banco dessintonizado desligado); as correntes
são as da tabela abaixo:

Tabela 8.23 correntes harmônicas absorvidas pelo filtro harmônico

CORRENTE
ORDEM (%) DE I
HARMÔ FUNDAMENTA
NICA (h) L
1 100,00
2 0,03
3 0,00
4 0,10
5 14,00
6 0,00
7 7,10
8 0,20
9 0,00
10 0,20
11 5,10
12 0,00
13 4,00
14 0,30
15 0,00
17 8,50
19 5,40
23 9,20
25 5,10
29 5,10
31 2,70

Da mesma forma que para o estágio dessintonizado, fazendo-se as devidas multiplicações


das correntes harmônicas da tabela acima pelas impedâncias dos componentes, obtemos
os valores de projeto:

• O capacitor deve ter a tensão nominal mínima, calculada a partir da somatória algébrica
de todas as tensões harmônicas às quais o capacitor estará submetido, ou seja:

n
1
VCAP _ mínimo = ∑ IhFiltro x
i =1 ωhC

• O reator deverá ter uma corrente rms mínima calculada a partir da corrente rms absorvida
pelo reator no ramo R paralelo com L do filtro, ou seja:

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2
⎧⎡ ⎛1 1 ⎞ ⎤⎫
−1

⎪ ⎢ IhFiltro x ⎜ + ⎪
n ⎪⎢
⎜ R R +ω L ⎟⎟ ⎥ ⎪
⎪ ⎝ ⎠ ⎥⎦ ⎪
I L _ mínimo = ∑ ⎨ ⎣
L h

i =1 ⎪ (RL +ωh L ) ⎪
⎪ ⎪
⎪⎩ ⎪⎭

Sendo, RL a resistência ôhmica do reator e R a resistência (de amortecimento) paralela no


ramo RL do filtro.

• O resistor deverá ter uma potência mínima calculada a partir da corrente rms absorvida
pelo resistor no ramo R paralelo com L do filtro, ou seja:
2
n ⎡ ⎛1 1 ⎞ ⎤
−1

∑ ⎢ IhFiltro x ⎜⎜ +
i =1 ⎢
⎟ ⎥
R RL +ωh L ⎟⎠ ⎥

PR _ mínimo = ⎣ ⎦
R

De posse de tais valores e sabendo das tolerâncias de fabricação dos componentes dados
nos capítulos 3 e 4, obtemos os valores de projeto do estágio dessintonizado:

Tabela 8.24 resultado da simulação – características de projeto

TENSÃO NOMINAL DO SISTEMA (kV) 0,380


POT. CAPACITOR (Mvar) 0,125
TENSÃO NOMINAL DO CAPACITOR (kV) 0,380
FREQUÊNCIA DO SISTEMA (HZ) 60,000
TOLERÂNCIA NA CAPACITÂNCIA (+/- %) 0,000
INDUTOR SÉRIE (mH) 0,21280
Q DO INDUTOR 30,000
TAP DO INDUTOR (+/- %) 0,000
RESISTOR SÉRIE (Ω) 0,241

FREQUÊNCIA DE RESSONÂNCIA (Hz) 288,0


ORDEM DE RESSONÂNCIA (h) 4,80
CORRENTE TOTAL DO FILTRO IRMS (kA) 0,207585322
CORRENTE SOBRE O INDUTOR IRMS (kA) 0,190698509
CORRENTE SOBRE O RESISTOR IRMS (KA) 0,076926652
POTÊNCIA SOBRE O RESISTOR RMS (W) 1424,392736
TENSÃO 1φ SOB O INDUTOR - FASE - RMS (kV) 0,018516245
TENSÃO 1φ SOB O CAPACITOR - LINHA - RMS (kV) 0,23375969
Σ ARITIMÉTICA - TENSÃO SOB O CAPACITOR (kV) 0,248466445
Σ ARITIMÉTICA - TENSÃO SOB O CAPACITOR PICO (kV) 0,351384616
TENSÃO RMS 3φ SOB O CAPACITOR (kV) 0,404883659
Σ ARITIMÉTICA - CORRENTE SOB O INDUTOR (kA) 0,337827712
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POTÊNCIA MÍNIMA DO RESISTOR (W) 2444,401
TENSÃO TRIFÁSICA MÍNIMA DO CAPACITOR (kV) 0,431
CORRENTE MÍNIMA DO FILTRO IRMS @ 131% (kA) 0,272
CORRENTE MÍNIMA DO INDUTOR IRMS (kA) 0,250
CORRENTE NOMINAL DO INDUTOR IRMS (kA) 0,327
CORRENTE MÁXIMA DO INDUTOR IRMS (kA) 0,360
IRMS ALIMENTADOR GERAL CORRIGIDA (kA) 0,358
IRMS ALIMENTADOR DO INDUTOR CORRIGIDA (kA) 0,263
IRMS ALIMENTADOR DO RESISTOR CORRIGIDA (kA) 0,240
REATÂNCIA INDUTIVA XL @ 60Hz (Ω) 0,080

Com os reatores, resistores e capacitores já definidos efetua-se novamente o load flow


harmônico, com o filtro harmônico e banco de capacitores dessintonizado com todos os
estágios ligados, para obter-se as distorções harmônicas de todas as barras, e as correntes
harmônicas absorvidas, comparando com os valores normalizados. As tabelas 8.25 e 8.26
contêm as correntes harmônicas absorvidas pelo filtro e banco de capacitores
dessintonizado. A tabela 8.25 apresenta o resultado final da simulação.

Tabela 8.25 correntes harmônicas


absorvidas pelo banco dessintonizado Tabela 8.26 correntes harmônicas
(90 kvar) absorvidas pelo filtro amortecido
CORRENTE CORRENTE
ORDEM (%) DE I ORDEM (%) DE I
HARMÔNICA FUNDAME HARMÔNICA FUNDAME
(h) NTAL (h) NTAL
1 100,00 1 100,00
2 0,03 2 0,10
3 0,00 3 0,00
4 0,10 4 0,10
5 14,00 5 13,60
6 0,00 6 0,00
7 7,10 7 6,00
8 0,20 8 0,20
9 0,00 9 0,00
10 0,20 10 0,20
11 5,10 11 5,10
12 0,00 12 0,00
13 4,00 13 4,00
14 0,30 14 0,30
15 0,00 15 0,00
17 8,50 17 8,40
19 5,40 19 9,40
23 9,20 23 5,20
25 5,10 25 5,10
29 5,10 29 5,20
31 2,70 31 2,60

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Tabela 8.27 Distorções harmônicas - com filtro harmônico no trafo TR1 e banco
dessintonizado no trafo TR2

BARRA TEN DISTORÇÃO


SÃO (THDV %)
(KV)
MÉDIA TENSÃO 13,2 1,00
0
TR 001 750 kVA 0,38 4,80
0
TR 002 500 kVA 0,38 1,50
0

3) Dimensionamento dos componentes de manobra, proteção, e alimentação do banco de


capacitores dessintonizado e do filtro harmônico.

Com base nas correntes harmônicas absorvidas pelos estágios e demais componentes,
calculam-se os componentes, cujos resultados são dados nas tabelas 8.28 e 8.29.

Tabela 8.28 resumo - componentes do banco dessintonizado


Nº Banco de capacitores dessintonizado (estágios) Tipo / valor
Corrente rms
1 (A) 24,71 Corrente Total
Corrente rms + Ajuste térmico do
2 31% (A) 32,37 disjuntor Fixo
Corrente rms + Condutores de
3 35% (A) 33,36 alimentação 3x(1x# 4,0 mm2)
Corrente rms + Contator de
4 44% (A) 35,58 manobra CWM 40
Corrente rms + Disjuntor de DWA 160B - 40 (16
5 50% (A) 37,07 proteção kA/380V)
Corrente rms + Fusível de
6 65% (A) 40,77 proteção F00 NH 50 (gL/gG 50 A)

Nº Banco de capacitores dessintonizado (todos os estágios)


Corrente rms
1 (A) 148,30 Corrente Total
Corrente rms + Ajuste térmico do
2 31% (A) 194,27 disjuntor 0,80 x IN (200 A)
Corrente rms + Condutores de
3 35% (A) 200,21 alimentação 3x(1x# 70,0 mm2)
Corrente rms + Disjuntor de DWA 400N - 200/250 (35
4 50% (A) 222,45 proteção kA/380V)
Corrente rms + Fusível de F01 NH 250 (gL/gG 250
5 65% (A) 244,70 proteção A)

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Tabela 8.29 resumo - componentes do filtro harmônico amortecido
Nº Banco de capacitores dessintonizado (estágios) Tipo / valor
Corrente rms
1 (A) 207,34 Corrente Total
Corrente rms + Ajuste térmico do
2 31% (A) 271,62 disjuntor 0,85 x IN (272 A)
Corrente rms + Condutores de
3 35% (A) 279,91 alimentação 3x(1x# 120,0 mm2)
Corrente rms + Contator de
4 44% (A) 298,57 manobra CW 297
Corrente rms + Disjuntor de DWA 400N - 250/320 (35
5 50% (A) 311,01 proteção kA/380V)
Corrente rms + Fusível de
6 65% (A) 342,11 proteção Não aplicado

Nota: No dimensionamento dos alimentadores, utilizaram-se os cabos Pirelli / Prysmian, 0,6/1 kV


Eprotenax, TA = 30º C, instalação em eletrocalha (B1 da NBR 5410), e fator de correção
para agrupamento da tabela 42 da NBR 5410. Todos dados constantes no anexo A.

3.1) Corrente transitória de energização e suportabilidade do disjuntor: Conforme tabela


8.30.

Tabela 8.30 resumo - suportabilidade do disjuntor do filtro harmônico amortecido


Nº Banco de capacitores dessintonizado (estágios) Tipo / valor
Frequência
1 Transitória (Hz) 766,00 Obs.: Disjuntor com
ICC 3φ - entrada do características
2 filtro (kA) 15,14400 Conforme equações térmicas e
dinâmicas
3 ∂i/∂t do filtro 10,31 4.3 e 4.6 adequadas
∂i/∂t do disjuntor >
4 ∂i/∂t disjuntor 18,66 ∂i/∂t do filtro.

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Figura 8.11 – Resultado do fluxo de carga harmônico

Exemplo 4) Parque gráfico (jornal): Filtragem de harmônicos através de um filtro


sintonizado passa-baixa (TR2) e, compensação de reativos com banco de capacitores
(TR1). Os harmônicos das cargas são dados na tabela 8.31.

Dados do sistema
Concessionária: Scc 3φ = 67,80 e X/R = 2,07, 11,40 kV
Scc 1φ = 12,90 e X/R = 1,55, 11,40kV
AL-MT: Pirelli Eprotenax EPR 50,0 mm2, 60 m
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AL-Cap1: Pirelli 1 x 70,0 mm2, 0,6/ 1kV, PVC, 10 m
AL-Cap2: Pirelli 2 x 95,0 mm2, 0,6/ 1kV, PVC, 10 m
Cap1: 40 kvar/220V *** ver cálculo
HF1: 120 kvar/440V *** ver cálculo
: 225 kVA, 11,4/0,220 kV, Δ/Y aterrada com, Z = 6,08% X/R = 5,10, núcleo envolvido
2: 300 kVA, 11,4/0,440 kV, Δ/Y aterrada, Z = 4,32% X/R = 5,10, núcleo envolvido
Computadores, iluminação fluorescente e compacta, Potência S = 36,00 + j 15,00 kVA,
0,220 kV
Conversor AC/DC, de 6 pulsos, totalmente controlado, Potência S = 104 + j 135 kVA, 0,440
kV
Motor de indução trifásico, 112,6 hp, IP/IN = 6,0 Potência S = 84 + j 33 kVA , 0,220 kV
Motor de indução trifásico, 16,1 hp, IP/IN = 6,0 Potência S = 12 + j 16 kVA , 0,440 kV

Nota: O modelamento de todas as cargas desse exemplo foi feito com a resistência dos
componentes fixa, ou seja, não varia com a frequência - Zh = R + jX . h .

• Cálculo dos bancos de capacitores:

∑ CARGAS (TR1) =120,00 + j 48,0 0 kVA →129,23 ∠ 21,80 o


kVA ( FP = 0,92 i )

∑ CARGAS (TR 2) =116,00 + j151,00 → 190,52 ∠ 52,46 o


( FP = 0,601i )

QC (TR1) = P x {tg [a cos(0,92)]− tg [a cos(0,95)]}= 0,097 x120 → QC =11,70 k var

QC (TR 2) = P x {tg [a cos(0,601)]− tg [a cos(0,95)]}= 0,970 x116 → QC =112,6 k var

Compensação dos trafos: = 2% x ∑Strafos = 0,02 x 525 = 10,5 kvar

QC (TR1) Total = 22,2 kvar; adotado 40,00 kvar.

Nota: Neste transformador foi adotado este valor, pois se somou a potência total necessária (11,70
kvar) mais a potência para a compensação de S0 (10,5 kvar) com uma potência
suplementar considerando aumento de cargas futuras.

QC (TR2) Total = 112,60 kvar (por padronização 120 kvar)

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SC3P 67.8 MVA
CPFL X/R 3P 2.070
SCLG 12.9 MVA
X/R 1.550 BUS-0001 GEN-0001
11400 V kVA 370.0 kVA
kW 296.0 kW
P P
TR1 TR2
S 225.0 kVA S 300.0 kVA
Z% 6.0800 % Z% 4.3200 %
X/R 5.0999 X/R 5.1002
BUS-BT1 BUS-BT2
220 V 440 V

AL-CAP1 AL-CAP2
CableSize 70 CableSize 95
Length 10.0 Meters Length 10.0 Meters

BUS-C1 BUS-CAP1
220 V 440 V

CNL1 Mtr1 CNL2 Mtr2


37.8 kVA 112.6 hp 170.5 kVA 16.1 hp
CAP1 PF 0.900000 Lag Filtro1 PF 0.610000 Lag
40.0 kVAR 120.0 kVAR

Figura 8.12 – Unifilar – Parque gráfico (Jornal)

• Considerações importantes:

1) O projeto inicial de compensação de reativos e de filtragem de harmônicos considerava


como fonte de energia apenas a concessionária, ou seja, o grupo gerador não alimenta a
carga não linear (CNL1) do transformador, servindo apenas de “grupo gerador de
emergência”.

O grupo gerador também alimenta a totalidade das cargas do transformador TR2. A


impedância harmônica da máquina síncrona é maior que a impedância harmônica do
transformador, e neste caso, a distorção harmônica com o filtro (para operação com o
gerador) será maior que o valor normalizado e de projeto (conforme medições e
simulações).

Consideremos as duas próximas tabelas para efeito de comparação: A 1ª com os valores


das distorções harmônicas registradas e a 2ª o resultado do load-flow harmônico.

Nota: Neste projeto, a barra da concessionária contribui com uma parcela da distorção harmônica
de tensão, ou seja, THDV% <> 0. A contribuição na barra de média tensão é de: 1,9% de 5ª
ordem e de 0,50 de 7ª ordem (de tensão).

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Tabela 8.31 – Espectro harmônico
ORDE CORRENTE % de In
M CNL1 CNL2
HARM
ÔNICA
(h)
2 6,10 2,20
3 10,84 2,60
4 2,38 0,40
5 18,97 31,00
6 1,70 0,70
7 4,41 5,00
8 1,36 1,00
9 4,07 2,00
10 1,70 0,40
11 1,70 7,50
12 1,36 0,70
13 1,70 3,50
14 1,02 0,60
15 0,68 1,30
17 0,00 3,50
19 0,00 2,40
23 0,00 2,00
25 0,00 1,80
29 0,00 1,40
31 0,00 1,40

Tabela 8.32 Distorções harmônicas - valores medidos sem capacitores


BARRA TEN DISTORÇÃO
SÃO (THDV %)
(KV)
TR1 225 kVA 0,22 3,44
0
TR2 300 kVA 0,44 9,29
0

Tabela 8.33 Distorções harmônicas - valores simulados sem capacitores


BARRA TEN DISTORÇÃO
SÃO (THDV %)
(KV)
MÉDIA TENSÃO 11,4 1,80
0
TR1 225 kVA 0,22 2,60
0
TR2 300 kVA 0,44 6,50
0

Comparando os valores registrados com o valor obtido pela simulação do fluxo harmônico,
verifica-se que o modelo matemático utilizado representa de maneira aproximada as
características da instalação elétrica, podendo neste caso, efetuar o projeto dos
equipamentos de compensação de reativos e filtragem dos harmônicos.

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A) Transformador TR1

Banco de capacitores de 40 kvar/220, calculado anteriormente.

B) Transformador TR1

Filtro harmônico sintonizado “passa-baixa”.

Conforme abordado nos capítulos anteriores, o objetivo da filtragem passiva tipo “shunt” é o
introduzir uma admitância de valor elevado no sistema, de modo a absorver parte das
harmônicas geradas pelas cargas não lineares, e em especial a(s) harmônica(s)
predominante(s), mantendo a distorção total de tensão dentro dos limites normalizados e
aceitáveis para as cargas conectadas nesse sistema. Avaliando-se as figuras 8.13 e 8.14,
respectivamente das distorções harmônicas de tensão e de corrente do transformador TR2,
verificamos que a principal ordem harmônica é a 5ª; neste caso, devemos minimizar a
distorção harmônica de tensão de 5ª ordem, projetando um filtro com alta admitância para a
uma frequência próxima de 300 Hz.

A potência em kvar do filtro foi determinada anteriormente, e é a necessária para a elevação


do fator de potência a 0,95 indutivo: QC = 120 kvar.

Figura 8.13 – Tensão medida na barra Bus-BT1 do transformador TR2

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Figura 8.14 – Corrente medida da CNL2 do transformador TR2

Com base nas fórmulas 7.23 e 7.24, na sintonia, XC=XL e


1 1 1
= 2πfL ∴ f = →L=
2πfC 2π C.L 4π 2 f R .C
2

A frequência de sintonia do filtro, geralmente é projetada entre 2 e 4% abaixo da frequência


natural do sistema, e portanto: fR = 0,98 x 5,00 = 4,90ª h.

Onde:
fR = frequência de ressonância (para o exemplo 4,90)
f = frequência do sistema (para o exemplo 60 Hz)
C = capacitância

Resolvendo:

V2 4402
XC = 2 → XC = → X C = 1,61333 Ω e
QC 1200002
1 1
C= →C = → C = 1644,163 μF
2 π 60 X C 2 x π x 60 x 1,61333

1
L= → L = 0,17824 mH
4 π (4,90 x 60 ) 2 x 1644,163 − 6
2

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XL = 0,17824 mH (0,06719 Ω @60 Hz)

O resistor de amortecimento deve ser calculado posteriormente após a determinação do


ângulo de impedância de 5ª harmônica na barra do trafo TR2 (Bus-BT2). Primeiramente
efetua-se o fluxo de carga harmônico com todas as cargas e todos os bancos de
capacitores e filtros.

A partir do fluxo de carga harmônico, determina-se a impedância própria da barra [Z 22 ] para


a 5ª harmônica; Obtemos um valor de 75,03º e, portanto, com base nas equações 7.25 e
7.39:

5 − 4,9
Cálculo do desvio δ: δ = → δ = 0,02
5

1 + cos φsn 1 + cos (86,32)


Q ótimo do filtro Q= →Q= → Q = 26,66
2δ sin φsn 2 x 0,02 x sin (86,32)

Cálculo do resistor de amortecimento R:

X0 X xh 0,06719 x 4,90
R= →R = L →R= → R = 0,0101 Ω ∴ adotado 10 mΩ
Q Q 26,66

O valor da resistência ôhmica é baixo, se comparado com as reatâncias do sistema, mas


sua utilização é recomendada, pois dá maior estabilidade ao sistema, principalmente às
cargas não lineares.

Efetua-se novamente o fluxo harmônico e se determina as distorções harmônicas nas


barras e as correntes absorvidas pelo banco de capacitores e filtro harmônico.

Tabela 8.34 Distorções harmônicas - valores simulados com capacitores e filtro harmônico

BARRA TEN DISTORÇÃO


SÃO (THDV %)
(kV)
MÉDIA TENSÃO 11,4 1,90
0
TR1 225 kVA 0,22 4,10
0
TR2 300 kVA 0,44 2,80
0

A distorção harmônica nas barras de baixa tensão ficaram acima do valor individual de 3%,
mas abaixo do limite global de 5%. Isso se deve pelo fato de haver contribuição de
aproximadamente 2% de distorção harmônica originária da barra da concessionária.

Se o objetivo fosse reduzir a distorção harmônica para valores até o limite individual (3%) a
potência do filtro seria muito grande, e no transformador TR01 haveria necessidade da
instalação de capacitores com reatores de dessintonia, o que poderia inviabilizar o projeto.

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Com os componentes dimensionados e, a partir do fluxo de carga, com todas as cargas,
obtemos as correntes harmônicas absorvidas pelo filtro em % da corrente fundamental:

Tabela 8.35 correntes harmônicas absorvidas pelo filtro harmônico do trafo TR02

CORRENTE
ORDEM (%) DE I
HARMÔ FUNDAMENTA
NICA (h) L
1 100,00
2 0,05
3 0,00
4 4,10
5 58,50
6 0,00
7 5,90
8 0,90
9 0,00
10 0,40
11 5,70
12 0,00
13 2,60
14 0,50
15 0,00
17 2,40
19 1,60
23 1,40
25 1,20
29 1,00
31 1,00

Fazendo as devidas multiplicações das correntes harmônicas da tabela acima pelas


impedâncias corrigidas do reator e do capacitor, e do resistor, obtemos os valores
absorvidos para cada componente:

• O capacitor deve ter a tensão nominal mínima, como a somatória algébrica de todas as
tensões harmônicas que estarão sob este capacitor.

n
1
VCAP _ mínimo = ∑ IhFiltro x
i =1 ωh C

• O reator deverá ter uma corrente rms mínima como a corrente rms total absorvida pelo
filtro.

n
I L _ mínimo = ∑ Ih
i =1
2
Filtro

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• O resistor deverá ter uma potência mínima calculada a partir da corrente rms absorvida
pelo filtro, ou seja:

( )
n
PR _ mínimo = ∑ Ih 2 Filtro x R
i =1

De posse de tais valores e sabendo das tolerâncias de fabricação dos componentes dados
nos capítulos 3 e 4, obtemos os valores de projeto do estágio dessintonizado:

Tabela 8.36 resultado da simulação – características de projeto

TENSÃO NOMINAL DO SISTEMA (kV) 0,440


POT. CAPACITOR (Mvar) 0,270
TENSÃO NOMINAL DO CAPACITOR (kV) 0,660
FREQUÊNCIA DO SISTEMA (Hz) 60,000
TOLERÂNCIA NA CAPACITÂNCIA (+/- %) 1,000
INDUTOR SÉRIE (mH) 0,17900
Q DO INDUTOR 30,000
TAP DO INDUTOR (+/- %) 0,000
RESISTOR SÉRIE (Ω) 0,010

FREQUÊNCIA DE RESSONÂNCIA (Hz) 293,4


ORDEM DE RESSONÂNCIA (h) 4,90
CORRENTE TOTAL DO FILTRO IRMS (kA) 0,189159183
CORRENTE SOBRE O INDUTOR IRMS (kA) 0,189159183
POTÊNCIA SOBRE O RESISTOR RMS (W) 357,8119665
TENSÃO 1φ SOB O INDUTOR - FASE - RMS (kV) 0,036471214
TENSÃO 1φ SOB O CAPACITOR - LINHA - RMS (kV) 0,266836383
Σ ARITIMÉTICA - TENSÃO SOB O CAPACITOR (kV) 0,304521626
Σ ARITIMÉTICA - TENSÃO SOB O CAPACITOR PICO (kV) 0,430658613
TENSÃO RMS 3φ SOB O CAPACITOR (kV) 0,462174173
Σ ARITIMÉTICA - CORRENTE SOB O INDUTOR (kA) 0,305663861

POTÊNCIA MÍNIMA DO RESISTOR (W) 614,042


TENSÃO TRIFÁSICA MÍNIMA DO
CAPACITOR (kV) 0,528
CORRENTE MÍNIMA DO FILTRO IRMS @
131% (kA) 0,248
CORRENTE NOMINAL DO INDUTOR IRMS
(kA) 0,298
CORRENTE MÁXIMA DO INDUTOR IRMS
(kA) 0,328
CORRENTE DO ALIMENTADOR IRMS @
135% (kA) 0,256
REATÂNCIA INDUTIVA XL @ 60Hz (W) 0,067
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2) Dimensionamento dos componentes de manobra, proteção, e alimentação do banco de
capacitores e do filtro harmônico.

Com base nas correntes harmônicas absorvidas pelos estágios e demais componentes,
calculam-se os componentes, cujos resultados são dados nas tabelas 8.37 e 8.38.

Tabelas 8.37 resumo - componentes do banco de capacitores do trafo TR1


Nº Banco de capacitores Tipo / valor
Corrente rms
1 (A) 105,1 Corrente Total
Corrente rms + Ajuste térmico do
2 31% (A) 137,68 disjuntor NÃO APLICADO
Corrente rms + Condutores de
3 35% (A) 141,89 alimentação 3x(1x# 70,0 mm2)
Corrente rms + Contator de
4 44% (A) 151,34 manobra 3RT10 55
Corrente rms + Disjuntor de
5 50% (A) 157,65 proteção NÃO UTILIZADO
Corrente rms + Fusível de NH-01 3NA3 140 (gL/gG
6 65% (A) 173,42 proteção 200A)

Tabela 8.38 resumo - componentes do filtro harmônico “passa-baixa”


Nº Banco de capacitores dessintonizado (estágios) Tipo / valor
Corrente rms
1 (A) 189,2 Corrente Total
Corrente rms + Ajuste térmico do
2 31% (A) 271,62 disjuntor 0,90 x IN (283,5 A)
Corrente rms + Condutores de
3 35% (A) 279,91 alimentação 3x(1x# 185,0 mm2)
Corrente rms + Contator de
4 44% (A) 298,57 manobra 3RT10-66
Corrente rms + Disjuntor de 3VT8431 320 A (37,5
5 50% (A) 311,01 proteção kA/440V)
Corrente rms + Fusível de
6 65% (A) 342,11 proteção Não aplicado

Nota: No dimensionamento dos alimentadores, utilizaram-se os cabos Pirelli / Prysmian, 0,6/1 kV


Eprotenax, TA = 30º C, instalação em eletrocalha (B1 da NBR 5410), e fator de correção
para agrupamento da tabela 42 da NBR 5410. Todos dados constantes no anexo A.

3) Corrente transitória de energização e suportabilidade do disjuntor: Conforme tabela 8.39.

I SC
Imax (A) = 2 . I SC .I1 (4.3) f (Hz) = f S . (4.6)
I1

∂i ∂i
Dj max ≥ Calculado (4.20)
∂t ∂t

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Tabela 8.39 resumo - suportabilidade do disjuntor do filtro harmônico amortecido
Nº Banco de capacitores dessintonizado (estágios) Tipo / valor
Frequência
1 Transitória (Hz) 241,251 Obs.: Disjuntor com
ICC 3φ - entrada do características
2 filtro (kA) 7,928 Conforme equações térmicas e
dinâmicas
3 ∂i/∂t do filtro 2,437 4.3, 4.6 e 4.20 adequadas
∂i/∂t do disjuntor >
4 ∂i/∂t disjuntor 19,993 ∂i/∂t do filtro.

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Figura 8.15 – Resultado do fluxo de carga harmônico

Na figura 8.15 pode-se verificar o resultado do fluxo harmônico para alimentação da carga
do transformador TR02 através do grupo gerador.

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Figura 8.16 – Resultado do fluxo de carga harmônico com alimentação pelo grupo gerador

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Exemplo 5) Fábrica de Papel e Papelão: Sistema de médio porte. Filtragem dos
harmônicos através de três filtros harmônicos sintonizados (com 2 estágios cada filtro); 01
banco de capacitores em média tensão; 01 banco de capacitores dessintonizado de baixa
tensão; diversos bancos fixos e automáticos em baixa tensão.

Dados do sistema

As tabelas 8.40 a 8.46 dão as características dos componentes e do sistema elétrico, bem
como o espectro das fontes harmônicas.

Tabela 8.40 resumo - características do PAC (ponto de acoplamento comum) CPFL


Carga ID Tensão nominal (kV) SCC3φ (MVA) X/R 3φ SCC 1φ (MVA) X/R 1φ
Concessionária CPFL 11,400 112,90 1,93 30,8 1,73

Tabela 8.41 resumo - características dos transformadores de força


Tensão Tensão Potência Tipo
Trafo ID primária (kV) secundária (kV) (kVA) Z% X/R (núcleo) Configuração
1 TR1 11,400 0,380 2500 5,750 10,67 Envolvido ΔYG -30º
2 TR2 11,400 0,380 2500 6,500 10,67 Envolvido ΔYG -30º
3 TR3 11,400 0,380 1500 4,860 7,10 Envolvido ΔYG -30º
4 TR4 11,400 0,380 2500 5,950 10,67 Envolvido ΔYG -30º
5 TR5 11,400 0,380 2500 6,070 10,67 Envolvido ΔYG -30º
6 TR6 11,400 0,380 2500 6,020 10,67 Envolvido ΔYG -30º
7 TR7 11,400 0,380 2500 6,500 10,67 Envolvido ΔYG -30º
8 TR-Ondl 11,400 0,380 1500 4,870 7,10 Envolvido ΔYG -30º
9 TrCart 11,400 0,220 150 3,500 3,60 Envolvido ΔYG -30º
10 TrCald 11,400 0,380 150 5,200 5,10 Envolvido ΔYG -30º
11 TrLagoa 11,400 0,380 150 5,200 5,10 Envolvido ΔYG -30º

Tabela 8.42 resumo - características das carga motoras e não lineares


Tensão
Carga / nominal Potência Potência Potência Xd’’
Trafo ID (kV) Tipo (hp) (kW) (kVA) η% F.P. IP/IN (pu)
1 TR01 Eq-Novo 0,380 Motor 800,00 596,50 848,37 100 0,92 5,90 0,17
Conversor
2 TR01 Convers-N1 0,380 AC/DC 68,00 170,00 100 0,40
3 TR01 SoftNovo 0,380 SoftStart 389,84 443,00 100 0,88
Inversor de
1 TR02 GP70+H07 0,380 frequência 31,92 56,00 100 0,57
2 TR02 L1-MP12 0,380 Motor 1808,30 1349,00 1873,61 100 0,72 5,90 0,17
3 TR02 L2-MP12 0,380 Motor 372,70 278,00 323,26 100 0,86 5,90 0,17
1 TR03 MP-13 0,380 Motor 1662,20 1240,00 1409,10 100 0,88 5,90 0,17

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Tabela 8.42 resumo - características das carga motoras e não lineares
Tensão
Carga / nominal Potência Potência Potência Xd’’
Trafo ID (kV) Tipo (hp) (kW) (kVA) h% F.P. IP/IN (pu)
Inversor de
2 TR03 RegenN-T3 0,380 frequência 240,30 267,00 100 0,90
LoadT4- Conversor /
1 TR04 Final 0,380 Inversor 945,00 1350,00 100 0,70
Inversor de
2 TR04 RegenT4 0,380 frequência 300,00 375,00 100 0,80
LoatT5- Conversor /
1 TR05 Futuro 0,380 Inversor 1175,30 1679,00 100 0,70
Inversor de
2 TR05 RegenT5 0,380 frequência 200,20 286,00 100 0,70
LoadT6- Conversor /
1 TR06 Final 0,380 Inversor 1329,95 1985,00 100 0,67
Inversor de
2 TR06 RegenT6 0,380 frequência 320,00 400,00 100 0,80
1 TR07 MP2-TR7 0,380 Motor 765,40 571,00 704,94 100 0,81 5,90 0,17
2 TR07 MP21-TR7 0,380 Motor 323,10 241,00 297,53 100 0,81 5,90 0,17
SoftNovo-
3 TR07 T7 0,380 SoftStart 248,00 310,00 100 0,80
Inversor de
1TR-Ondl Load-Ondul 0,380 frequência 344,50 650,00 100 0,53
1 TrCart MotCart 0,220 Motor 30,80 23,00 26,50 100 0,868 5,90 0,17
1 TrCald MotCald 0,380 Motor 106,40 78,00 97,50 100 0,80 5,90 0,17
1 TrLagoa Mot Lagoa 0,380 Motor 147,50 110,00 137,50 100 0,80 5,90 0,17

Tabela 8.43 resumo - características dos bancos de capacitores


Tensão
Capacitores Trafo ID Potência (kvar) nominal (kV) OBS
Automático TR02 BCAT2 1100,00 0,380
Automático TR03 BCAT3 300,00 0,380
Automático TR07 BCAT7 350,00 0,380
Fixo TrCart CapCart 20,00 0,220
Fixo / Solidáriio TrCald CapCald 30,00 0,380
Fixo TrLagoa CapLagoa 80,00 0,380
Semi-Automático Geral MT Banco-MT 2400,00 11,400 Manobrável

Tabela 8.44 resumo - características dos filtros harmônicos e bancos


dessintonizados
Potência Tensão Reator Resistor
Filtros Trafo ID (kvar) nominal (kV) (μ H) (mΩ)
Solidário TR04 FiltroT4-1 240,00 0,380 70,000 9,000
Solidário TR04 FiltroT4-2 240,00 0,380 70,000 9,000
Solidário TR05 FiltroT5-1 240,00 0,380 70,000 9,000
Solidário TR05 FiltroT5-2 240,00 0,380 70,000 9,000
Solidário TR06 FiltroT6-1 200,00 0,380 84,000 11,000
Solidário TR06 FiltroT6-2 200,00 0,380 84,000 11,000
Automático (7x50) TR-Ondl BCAD-TrOnd 350,00 0,380 663,000 0,000

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Tabela 8.45 resumo - cabos de alimentação
Alimentadores Trafo Circuito ID Configuração Comprimento (m)
Máquina de 3x(8x# 400,00 mm2)
papel TR02 Geral ALMP1-1 0,6/1kV EPR 30,000
Máquina de 3x(8x# 400,00 mm2)
papel TR03 Geral ALMP1-2 0,6/1kV EPR 30,000
Máquina de 3x(8x# 400,00 mm2)
papel TR04 Geral ALMP1-3 0,6/1kV EPR 30,000
Máquina de 3x(8x# 400,00 mm2)
papel TR05 Geral ALMP3 0,6/1kV EPR 30,000
Máquina de 3x(8x# 400,00 mm2)
papel TR06 Geral ALMP2-2 0,6/1kV EPR 30,000
3x(1x# 50,00 mm2)
Banco MT Geral Capacitor AL-BSAMT 8,7/15 kV EPR 15,000
3x(3x# 240,00 mm2)
Filtro TR04 FiltroT4 AL-FiltroT4 0,6/1kV EPR 30,000
3x(3x# 240,00 mm2)
Filtro TR05 FiltroT5 AL-FiltroT5 0,6/1kV EPR 30,000
3x(3x# 240,00 mm2)
Filtro TR06 FiltroT6 AL-FiltroT6 0,6/1kV EPR 8,000
Banco TR- AL- 3x(2x# 300,00 mm2)
dessintonizado Ondl BCAD-TrOnd BCADTrOnd 0,6/1kV EPR 30,000

Tabela 8.46 resumo - espectro harmônico das cargas não lineares


Espectro harmônico
Carga /
Trafo TR01 TR01 TR02 TR03 TR04 TR04
Ordem
harmônica Convers- RegenN- LoadT4-
(h) N1 SoftNovo GP70+H07 T3 Final RegenT4
1 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000
2 0,500 1,000 1,700 0,190 2,500 0,190
3 2,000 1,550 1,100 0,560 1,200 0,560
4 0,100 0,900 0,900 0,360 1,100 0,360
5 30,000 29,000 27,750 2,130 14,500 2,130
6 0,200 5,500 0,160 0,440 0,400 0,440
7 9,000 3,100 3,450 0,970 1,600 0,970
8 0,300 0,500 0,040 0,190 0,600 0,190
9 0,800 0,400 0,420 0,290 0,700 0,290
10 0,700 0,600 0,040 0,190 0,100 0,190
11 6,100 4,900 8,740 0,820 2,500 0,820
12 0,800 0,400 0,430 0,530 0,100 0,530
13 2,200 2,500 2,500 0,870 0,700 0,870
14 0,500 0,250 0,300 0,330 0,500 0,330
15 0,500 0,350 0,490 0,360 0,500 0,360
17 2,100 1,150 4,620 0,150 0,600 0,150
19 0,700 1,000 2,050 0,870 0,300 0,870
23 1,000 0,350 3,430 0,110 0,300 0,110
25 0,800 0,350 1,180 0,560 0,100 0,560
29 0,300 0,350 2,660 0,240 0,400 0,240
31 0,320 0,250 1,150 0,340 0,200 0,340
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Tabela 8.46 resumo - espectro harmônico das cargas não lineares (continuação)
Espectro harmônico
Carga /
Trafo TR05 TR05 TR06 TR06 TR07 TR-Ondl
Ordem
harmônica
(h) LoatT5-Futuro RegenT5 LoadT6-Final RegenT6 SoftNovo-T7 Load-Ondul
1 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000
2 2,500 0,190 0,100 0,190 1,000 2,100
3 1,200 0,560 0,800 0,560 1,550 1,300
4 1,100 0,360 0,200 0,360 0,900 1,600
5 14,500 2,130 9,400 2,130 29,000 23,900
6 0,400 0,440 0,100 0,440 5,500 1,700
7 1,600 0,970 0,600 0,970 3,100 9,000
8 0,600 0,190 0,100 0,190 0,500 1,000
9 0,700 0,290 0,500 0,290 0,400 0,700
10 0,100 0,190 0,100 0,190 0,600 0,800
11 2,500 0,820 3,700 0,820 4,900 1,700
12 0,100 0,530 0,100 0,530 0,400 0,200
13 0,700 0,870 0,800 0,870 2,500 1,300
14 0,500 0,330 0,100 0,330 0,250 0,200
15 0,500 0,360 0,400 0,360 0,350 0,200
17 0,600 0,150 2,000 0,150 1,150 1,100
19 0,300 0,870 0,600 0,870 1,000 0,300
23 0,300 0,110 1,400 0,110 0,350 0,500
25 0,100 0,560 0,600 0,560 0,350 2,800
29 0,400 0,240 1,000 0,240 0,350 0,500
31 0,200 0,340 0,500 0,340 0,250 0,300

Para o exemplo 5, o diagrama unifilar com todas as cargas, filtros e bancos de capacitores é
o que e encontra na figura 8.16.

Diferente dos demais exemplos, o dimensionamento dos filtros harmônicos (com exceção
do banco dessintonizado de 350 kvar) não objetiva a correção do fator de potência, mas sim
a redução dos níveis harmônicos nas barras dos transformadores TR4, TR5 e TR6 aos
valores normalizados. Neste caso, o fator de potência desses transformadores ficará abaixo
do valor limite de 0,92 indutivo. A compensação do fator de potência da fábrica é uma
combinação de bancos de baixa e média tensão, além dos filtros harmônicos.

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Figura 8.16 – Diagrama unifilar da fábrica de papel e papelão – exemplo 5

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Solução:

Com base nas fórmulas 7.23 e 7.24, na sintonia, XC=XL e


1 1 1
= 2πfL ∴ f = →L=
2πfC 2π C.L 4π f R .C
2 2

A frequência de sintonia do filtro, geralmente é projetada entre 2 e 4% abaixo da frequência


natural do sistema, e portanto: fR = 0,96 x 5,00 = 4,80ª h.

Onde:
fR = frequência de ressonância (para o exemplo 4,80)
f = frequência do sistema (para o exemplo 60 Hz)
C = capacitância

Resolvendo:

5.1) Filtro sintonizado do trafo TR 04

Potência efetiva total de 480 kvar / 380 Volts, dividido em 2 estágios iguais de 240 kvar /380
Volts, sintonia na 4,80ª harmônica.

V2 3802
XC = 2
→ X C = → X C = 0,605 Ω e
QC 2400002
1 1
C= →C = → C = 4384,434 μF
2 π 60 X C 2 x π x 60 x 0,605

1
L= → L = 0,06965 mH → L ≈= 70 μH
4 π (4,80 x 60) 2 x 4384,434 − 6
2

XL = 0,070 mH (0,026 Ω @60 Hz)

Nota: Como os dois estágágios do filtro são de mesma potência e características, não é necessário
calcular o 2º estário

5.2) Filtro sintonizado do trafo TR 05

Potência efetiva total de 480 kvar / 380 Volts, dividido em 2 estágios iguais de 240 kvar /380
Volts, sintonia na 4,80ª harmônica.

V2 3802
XC = 2
→ X C = → X C = 0,605 Ω e
QC 2400002
1 1
C= →C = → C = 4384,434 μF
2 π 60 X C 2 x π x 60 x 0,605

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1
L= → L = 0,06965 mH → L ≈= 70 μH
4 π (4,80 x 60) 2 x 4384,434 − 6
2

XL = 0,070 mH (0,026 Ω @60 Hz)

Nota: Como os dois estágágios do filtro são de mesma potência e características, não é necessário
calcular o 2º estário

5.3) Filtro sintonizado do trafo TR 06

Potência efetiva total de 400 kvar / 380 Volts, dividido em 2 estágios iguais de 200 kvar /380
Volts, sintonia na 4,80ª harmônica.

V2 3802
XC = 2
→ X C = → X C = 0,722 Ω e
QC 2000002
1 1
C= →C = → C = 3673,937 μF
2 π 60 X C 2 x π x 60 x 0,722

1
L= → L = 0,08312 mH → L ≈= 84 μH
4 π (4,80 x 60 ) 2 x 3673,937 − 6
2

XL = 0,084 mH (0,03167 Ω @60 Hz)

Nota: Como os dois estágágios do filtro são de mesma potência e características, não é necessário
calcular o 2º estário

Os resistores de amortecimento devem ser calculados posteriormente após a determinação


dos ângulos de impedância de 5ª harmônica nas barras dos trafos TR4 (BUS-BT4), TR5
(BUS-BT5) e TR6 (BUS-BT6). Primeiramente efetua-se o fluxo de carga harmônico com
todas as cargas, todos os bancos de capacitores e filtros.

A partir do fluxo de carga harmônico, determina-se a impedância própria das barras


[Z 44 ] , [Z 55 ] , [Z 66 ] para a 5ª harmônica. Os valores obtidos são:
Barra 44 = 85,06;
Barra 55 = 85,08;
Barra 66 = 85,44.

Com base nas equações 7.25 e 7.39:

5 − 4,8
Para todos os filtros, calcula-se o desvio δ: δ = → δ = 0,04
5

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Calcula-se o fator de qualidade Q ótimo:

1 + cos φsn 1 + cos (85,06)


Filtro do TR4: Q = →Q= → Q =13,63
2δ sin φsn 2 x 0,04 x sin (85,06)

1 + cos φsn 1 + cos (85,08)


Filtro do TR5: Q = →Q= → Q =13,62
2δ sin φsn 2 x 0,04 x sin (85,08)

1 + cos φsn 1 + cos (85,44 )


Filtro do TR6: Q = →Q= → Q =13,54
2δ sin φsn 2 x 0,04 x sin (85,44)

Cálculo do resistor de amortecimento R:

Filtro do TR4:
X X xh 0,026 x 4,80
R= 0 →R= L →R= → R = 0,092 Ω → R = 9 m Ω
Q Q 13,63

Filtro do TR5:
X X xh 0,026 x 4,80
R= 0 →R= L →R= → R = 0,093 Ω → R = 9 m Ω
Q Q 13,62

Filtro do TR6:
X X xh 0,03167 x 4,80
R= 0 →R= L →R= → R = 0,0112 Ω → R = 11m Ω
Q Q 13,54

5.4) Banco de capacitores dessintonizado

Para o banco de capacitores dessintonizado do transformador da onduladeira, será adotada


como freqüência de sintonia do conjunto h = 3,40. A potência de cada estágio será de 50
kvar (7 x 50 kvar / 380 V).

Com base nas fórmulas 7.23, 7.24 e 7.27, na sintonia, XC=XL e


1 1 1
= 2πfL ∴ f = →L=
2πfC 2π C.L 4π f R .C
2 2

Onde:
fR = frequência de ressonância (para o exemplo 3,40)
f = frequência do sistema (para o exemplo 60 Hz)
C = capacitância

Resolvendo:

V2 3802
XC = 2
→ X C = → X C = 2,888 Ω e
QC 500002
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1 1
C= →C = → C = 918,484 μF
2 π 60 X C 2 x π x 60 x 2,888

1
L= → L = 0,66269 mH
4 π (3,40 x 60) 2 x 918,484 − 6
2

XL = 0,663 mH (0,25 Ω @60 Hz)

Resumindo: Cada estágio do banco de capacitores dessintonizado será de 50 kvar / 380


Volts, com indutância de dessintonia de 0,663 mH.

Efetua-se novamente o fluxo harmônico, com todas filtros harmônicos, bancos de


capacitores de baixa e média tensão, determinando as distorções harmônicas em todos os
barramentos e as correntes absorvidas pelos filtros harmônicos.

Tabela 8.47 - Distorções harmônicas - valores medidos


TRAFO POTENCIA BARRA TENSÃO DISTORÇÃO
ID (kVA) ID (kV) (THDV %)
TR2 2500 BUS-BT2 0,380 9,00
TR3 1500 BUS-BT3 0,380 11,10
TR4 2500 BUS-BT4 0,380 13,50
TR6 2500 BUS-BT6 0,380 13,30
TR7 2500 BUS-BT7 0,380 8,10
TR-Ondl 1500 BUS-BTOndul 0,380 12,60

Tabela 8.48 Distorções harmônicas - valores simulados com capacitores e filtros harmônicos
TRAFO POTENCIA BARRA TENSÃO DISTORÇÃO
ID (kVA) ID (kV) (THDV %)
MÉDIA 112,90 11,400 2,00
TENSÃO BUS-CPFL
TR1 2500,00 BUS-BT1 0,380 1,60
TR2 2500,00 BUS-BT2 0,380 3,80
TR3 1500,00 BUS-BT3 0,380 3,50
TR4 2500,00 BUS-BT4 0,380 2,00
TR5 2500,00 BUS-BT5 0,380 2,50
TR6 2500,00 BUS-BT6 0,380 3,80
TR7 2500,00 BUS-BT7 0,380 2,40
TR-Ondl 1500,00 BUS-BTOndul 0,380 4,50
TrCart 150,00 BUS-BTCart 0,220 2,70
TrCald 150,00 BUS-BTCald 0,380 2,50
TrLagoa 150,00 BUS-BTLagoa 0,380 3,80

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Tabela 8.49 resumo - correntes harmônicas absorvidas - filtros harmôncos e banco dessintonizado
Espectro
harmônico TR04 TR05 TR06 TR Onduladeira

Ordem Banco Banco


harmônica dessintonizado dessintonizado
(h) FiltroT4-1 FiltroT4-2 FiltroT5-1 FiltroT5-2 FiltroT6-1 FiltroT6-2 (estágio) (total)
100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
1
0,85 0,85 0,45 0,45 0,22 0,22 1,34 0,24
2
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
3
5,77 5,77 4,74 4,74 4,90 4,90 2,80 2,32
4
62,76 62,76 75,68 75,68 63,22 63,22 10,86 5,23
5
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
6
2,35 2,35 5,69 5,69 5,04 5,04 0,96 0,63
7
0,86 0,86 0,81 0,81 0,28 0,28 0,10 0,26
8
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
9
0,10 0,10 0,55 0,55 0,57 0,57 0,46 0,13
10
1,94 1,94 2,04 2,04 3,31 3,31 0,22 0,27
11
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
12
0,60 0,60 1,72 1,72 2,09 2,09 0,05 0,28
13
0,41 0,41 0,59 0,59 0,13 0,13 0,17 0,08
14
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
15
0,58 0,58 0,21 0,21 2,14 2,14 0,06 0,00
17
0,24 0,24 1,09 1,09 1,13 1,13 0,10 0,07
19
0,25 0,25 0,11 0,11 1,60 1,60 0,02 0,00
23
0,08 0,08 0,52 0,52 0,67 0,67 0,02 0,00
25
0,36 0,36 0,19 0,19 1,04 1,04 0,02 0,00
29
0,19 0,19 0,25 0,25 0,49 0,49 0,00 0,00
31

Fazendo as devidas multiplicações das correntes harmônicas da tabela acima, para cada
filtro harmônico ou banco dessintonizado, pelas respectivas impedâncias corrigidas do
reator, do capacitor, e do resistor, obtemos os valores absorvidos para cada componente:

• O capacitor deve ter a tensão nominal mínima, como a somatória algébrica de todas as
tensões harmônicas que estarão sob este capacitor.

n
1
VCAP _ mínimo = ∑ IhFiltro x
i =1 ωhC

• O reator deverá ter uma corrente rms mínima como a corrente rms total absorvida pelo
filtro.

n
I L _ mínimo = ∑ Ih
i =1
2
Filtro

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• O resistor deverá ter uma potência mínima calculada a partir da corrente rms absorvida
pelo filtro, ou seja:

( )
n
PR _ mínimo = ∑ Ih 2 Filtro x R
i =1

De posse de tais valores e sabendo das tolerâncias de fabricação dos componentes dados
nos capítulos 3 e 4, obtemos os valores de projeto do estágio dessintonizado:

Nota: Por uma questão de padronização de projeto, e como as cargas dos transformadores TR4 e
TR5 possuem características elétricas semelhantes e as correntes harmônicas dos filtros
dos trafos TR4 e TR5 são próximas, os dois (2) filtros terão a mesma característica elétrica.

5.5) Filtro harmônico dos transformadores TR4 e TR5:

Tabela 8.50 resultado da simulação – características de projeto

TENSÃO NOMINAL DO SISTEMA (kV) 0,380


POT. CAPACITOR (Mvar) 0,720
TENSÃO NOMINAL DO CAPACITOR (kV) 0,660
FREQUÊNCIA DO SISTEMA (Hz) 60,000
TOLERÂNCIA NA CAPACITÂNCIA (+/- %) 1,000
INDUTOR SÉRIE (mH) 0,070
Q DO INDUTOR 30,000
TAP DO INDUTOR (+/- %) 0,000
RESISTOR SÉRIE (Ω) 0,009

FREQUÊNCIA DE RESSONÂNCIA (Hz) 287,29


ORDEM DE RESSONÂNCIA (h) 4,8
CORRENTE TOTAL DO FILTRO IRMS (kA) 0,471501675
CORRENTE SOBRE O INDUTOR IRMS (kA) 0,471501675
POTÊNCIA SOBRE O RESISTOR RMS (W) 2000,824464
TENSÃO 1φ SOB O INDUTOR - FASE - RMS (kV) 0,039231895
TENSÃO 1φ SOB O CAPACITOR - LINHA - RMS (kV) 0,23189905
Σ ARITIMÉTICA - TENSÃO SOB O CAPACITOR (kV) 0,270495737
Σ ARITIMÉTICA - TENSÃO SOB O CAPACITOR PICO (kV) 0,38253874
TENSÃO RMS 3φ SOB O CAPACITOR (kV) 0,401660937
Σ ARITIMÉTICA - CORRENTE SOB O INDUTOR (kA) 0,730279693

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POTÊNCIA MÍNIMA DO RESISTOR (W) 3433,615
TENSÃO TRIFÁSICA MÍNIMA DO CAPACITOR (kV) 0,469
CORRENTE MÍNIMA DO FILTRO IRMS @ 131% (kA) 0,618
CORRENTE NOMINAL DO INDUTOR IRMS (kA) 0,742
CORRENTE MÁXIMA DO INDUTOR IRMS (kA) 0,817
CORRENTE DO ALIMENTADOR IRMS @ 135% (kA) 0,637
REATÂNCIA INDUTIVA XL @ 60Hz (W) 0,026

5.5.1) Dimensionamento dos componentes de manobra, proteção, e alimentação do banco


de capacitores e do filtro harmônico.

Com base nas correntes harmônicas absorvidas pelos estágios e demais componentes,
calculam-se os componentes, cujos resultados são dados nas tabelas 8.51 e 8.52.

Tabela 8.51 resumo - componentes do filtro harmônico "passa-baixa" TR4 e TR5


Nº 1º e 2º Estágios de 240 kvar do filtro harmônico Tipo / valor
1Corrente rms (A) 471,50 Corrente Total
2Corrente rms + 31% (A) 617,67 Ajuste térmico do disjuntor 0,80 x IN (283,5 A)
3Corrente rms + 35% (A) 636,53 Condutores de alimentação 3x(2x# 240,0 mm2)
4Corrente rms + 44% (A) 678,96 Contator de manobra NÃO UTILIZADO
3WL 800A, 65 kA,
Microprocessado, LSIG,
5 Corrente rms + 50% (A) 707,25 Disjuntor de proteção Motorizado
6 Corrente rms + 65% (A) 777,98 Fusível de proteção NÃO UTILIZADO

Nº 1º e 2º Estágios de 240 kvar do filtro harmônico Tipo / valor


6 Corrente rms (A) filtro 943,00 Corrente Total
7 Corrente rms + 35% (A) 1273,05 Condutores de alimentação 3x(4x# 240,0 mm2)

Nota: No dimensionamento dos alimentadores, utilizaram-se os cabos Pirelli / Prysmian, 0,6/1 kV


Eprotenax, TA = 30º C, instalação em eletrocalha (B1 da NBR 5410), e fator de correção
para agrupamento da tabela 42 da NBR 5410. Todos dados constantes no anexo A.

5.5.2) Corrente transitória de energização e suportabilidade dos disjuntores: Conforme


tabela 8.52.

Nota: É importe observar que, neste projeto, os filtros harmônicos dos três transformadores são
compostos por dois estágios, e que suas manobras são denominadas de “back-to-back”
conforme definido no capítulo 4. Deve-se, portanto, calcular as correntes e frequências
transitórias de energização em “singelo” e de “back-to-back”, verificando a suportabilidade
do equipamento de manobra.

• - Cálculo das correntes de energização em singelo e ”back-to-back”:

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Dados: Indutância de 70 μH (por estágio);
Indutância dos cabos entre os estágios do filtro desconsiderada;
Indutância de 0,70 μH/m entre os barramentos dos estágios do filtro, com 2 metros de
distância (tabela 4.1).

I SC
Imax (A) = 2 . I SC .I1 (4.3) f (Hz) = f S . (4.6)
I1

∂i ∂i
Dj max ≥ Calculado (4.20)
∂t ∂t

kVLL .I1
Imax (A) = 1235 (da equação 4.8 ,modificada)
LEQ
e a frequência:
fs.kVLL
f (kHz) = 13,5 (da equação 4.9 ,modificada)
LEQ .I1

Tabela 8.52 resumo - suportabilidade do disjuntor do filtro harmônico amortecido


Assim. Inst.
DADOS DE CURTO CIRCUITO 3 φ (kA) Simétrico Pico Assim. Eficaz 1/2 ciclo
SAÍDA DO TRAFO 46,555 100,346 57,949

ENTRADA DO FILTRO 44,120 92,234 57,949


FILTRO SOB INDUTOR 19,302 27,338 53,263
FILTRO SOB RESISTOR 43,660 90,764 19,302
FILTRO BARRAMENTO DOS CAPACITORES 6,581 12,354 7,461

CORRENTE NOMINAL DO FILTRO @ 60 Hz 0,3824 rms (kA)


CORRENTE TOTAL 2 ESTÁGIOS @ 60 Hz 0,7648 rms (kA)

CAPACIDADE DINÂMICA DOS DISJUNTORES E EQUIPAMENTOS DE MANOBRA


65 kA
∂i/∂t (A/ms) Máximo do Disjuntor 34,654 short-circuit Frequency = 60 Hz

TRANSITÓRIO DE ENERGIZAÇÃO 1º ESTÁGIO


CORRENTE TRANSITÓRIA 1/2 Ciclo 3 Ciclos 30 Ciclos
kA (Pico) 5,809 5,808 5,795

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Tabela 8.52 resumo - suportabilidade do disjuntor do filtro harmônico amortecido
(continuação)
FREQUÊNCIA TRANSITÓRIA (Hz) ∂i/∂t (A/ms) 1º ESTÁGIO DO FILTRO
644,4665 23,523

TRANSITÓRIO DE ENERGIZAÇÃO 2 ESTÁGIOS (BACK-TO-BACK)


FREQUÊNCIA TRANSITÓRIA
CORRENTE TRANSITÓRIA 1/2 Ciclo (Hz)
kA (Pico) 1,259 277,251

∂i/∂t (A/ms) TODOS ESTÁGIOS DO FILTRO 2,1924

Resultado ICC: ICC do disjuntor > ICC no filtro. Disjuntor c/ ICW adequado. Resultado dinâmico:
“Rate of Change” adequado. ∂i/∂t do disjuntor > ∂i/∂t do filtro.

5.5) Filtro harmônico do transformador TR6:

Tabela 8.53 resultado da simulação – características de projeto

TENSÃO NOMINAL DO SISTEMA (kV) 0,380


POT. CAPACITOR (Mvar) 0,600
TENSÃO NOMINAL DO CAPACITOR (kV) 0,660
FREQUÊNCIA DO SISTEMA (Hz) 60,000
TOLERÂNCIA NA CAPACITÂNCIA (+/- %) 1,000
INDUTOR SÉRIE (mH) 0,08400
Q DO INDUTOR 30,000
TAP DO INDUTOR (+/- %) 0,000
RESISTOR SÉRIE (Ω) 0,011

FREQUÊNCIA DE RESSONÂNCIA (Hz) 287,3


ORDEM DE RESSONÂNCIA (h) 4,80
CORRENTE TOTAL DO FILTRO IRMS (kA) 0,370904169
CORRENTE SOBRE O INDUTOR IRMS (kA) 0,370904169
POTÊNCIA SOBRE O RESISTOR RMS (W) 1513,268931
TENSÃO 1φ SOB O INDUTOR - FASE - RMS (kV) 0,034241926
TENSÃO 1φ SOB O CAPACITOR - LINHA - RMS (kV) 0,23111196
Σ ARITIMÉTICA - TENSÃO SOB O CAPACITOR (kV) 0,265046312
Σ ARITIMÉTICA - TENSÃO SOB O CAPACITOR PICO (kV) 0,374832088
TENSÃO RMS 3φ SOB O CAPACITOR (kV) 0,400297657
Σ ARITIMÉTICA - CORRENTE SOB O INDUTOR (kA) 0,586333256

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POTÊNCIA MÍNIMA DO RESISTOR (W) 2596,921
TENSÃO TRIFÁSICA MÍNIMA DO CAPACITOR (kV) 0,46
CORRENTE MÍNIMA DO FILTRO IRMS @ 131% (kA) 0,486
CORRENTE NOMINAL DO INDUTOR IRMS (kA) 0,584
CORRENTE MÁXIMA DO INDUTOR IRMS (kA) 0,643
CORRENTE DO ALIMENTADOR IRMS @ 135% (kA) 0,501
REATÂNCIA INDUTIVA XL @ 60Hz (W) 0,032

5.5.1) Dimensionamento dos componentes de manobra, proteção, e alimentação do banco


de capacitores e do filtro harmônico.

Com base nas correntes harmônicas absorvidas pelos estágios e demais componentes,
calculam-se os componentes, cujos resultados são dados nas tabelas 8.54 e 8.55.

Tabela 8.54 resumo - componentes do filtro harmônico "passa-baixa" TR6


Nº 1º e 2º Estágios de 240 kvar do filtro harmônico Tipo / valor
1Corrente rms (A) 370,9 Corrente Total
2Corrente rms + 31% (A) 485,88 Ajuste térmico do disjuntor 0,60 x IN (283,5 A)
3Corrente rms + 35% (A) 500,72 Condutores de alimentação 3x(2x# 240,0 mm2)
4Corrente rms + 44% (A) 534,1 Contator de manobra NÃO UTILIZADO
3WL 800A, 65 kA,
Microprocessado, LSIG,
5 Corrente rms + 50% (A) 556,36 Disjuntor de proteção Motorizado
6 Corrente rms + 65% (A) 611,99 Fusível de proteção NÃO UTILIZADO

Nº 1º e 2º Estágios de 240 kvar do filtro harmônico Tipo / valor


6 Corrente rms (A) filtro 741,81 Corrente Total
7 Corrente rms + 35% (A) 1001,4 Condutores de alimentação 3x(3x# 240,0 mm2)

Nota: No dimensionamento dos alimentadores, utilizaram-se os cabos Pirelli / Prysmian, 0,6/1 kV


Eprotenax, TA = 30º C, instalação em eletrocalha (B1 da NBR 5410), e fator de correção
para agrupamento da tabela 42 da NBR 5410. Todos dados constantes no anexo A.

5.5.2) Corrente transitória de energização e suportabilidade dos disjuntores: Conforme


tabela 8.55.

Nota: É importe observar que, neste projeto, os filtros harmônicos dos três transformadores são
compostos por dois estágios, e que suas manobras são denominadas de “back-to-back”
conforme definido no capítulo 4. Deve-se, portanto, calcular as correntes e frequências
transitórias de energização em “singelo” e de “back-to-back”, verificando a suportabilidade
do equipamento de manobra.

• - Cálculo das correntes de energização em singelo e ”back-to-back”:

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Dados: Indutância de 84 μH (por estágio);
Indutância dos cabos entre os estágios do filtro desconsiderada;
Indutância de 0,70 μH/m entre os barramentos dos estágios do filtro, com 2 metros de
distância (tabela 4.1).

I SC
Imax (A) = 2 . I SC .I1 (4.3) f (Hz) = f S . (4.6)
I1

∂i ∂i
Dj max ≥ Calculado (4.20)
∂t ∂t

kVLL .I1
Imax (A) = 1235 (da equação 4.8 ,modificada)
LEQ
e a frequência:
fs.kVLL
f (kHz) = 13,5 (da equação 4.9 ,modificada)
LEQ .I1

Tabela 8.55 resumo - suportabilidade do disjuntor do filtro harmônico amortecido


Assim. Pico
DADOS DE CURTO CIRCUITO 3 φ (kA) Simétrico 1/2 ciclo Assim. Eficaz 1/2 ciclo
SAÍDA DO TRAFO 46,161 99,602 57,522

ENTRADA DO FILTRO 43,768 91,605 57,522


FILTRO SOB INDUTOR 16,603 23,491 52,898
FILTRO SOB RESISTOR 43,315 90,156 16,603
FILTRO BARRAMENTO DOS CAPACITORES 5,614 10,475 6,336

CORRENTE NOMINAL DO FILTRO @ 60 Hz 0,3158 rms (kA)


CORRENTE TOTAL 2 ESTÁGIOS @ 60 Hz 0,6316 rms (kA)

CAPACIDADE DINÂMICA DOS DISJUNTORES E EQUIPAMENTOS DE MANOBRA


65 kA
∂i/∂t (A/ms) Máximo do Disjuntor 34,654 short-circuit Frequency = 60 Hz

TRANSITÓRIO DE ENERGIZAÇÃO 1º ESTÁGIO


CORRENTE TRANSITÓRIA 1/2 Ciclo 3 Ciclos 30 Ciclos
kA (Pico) 5,258 5,257 5,247

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Tabela 8.55 resumo - suportabilidade do disjuntor do filtro harmônico
amortecido (continuação)
FREQUÊNCIA TRANSITÓRIA (Hz) ∂i/∂t (A/ms) 1º ESTÁGIO DO FILTRO
706,3290 23,335

TRANSITÓRIO DE ENERGIZAÇÃO 2 ESTÁGIOS (BACK-TO-BACK)


FREQUÊNCIA
CORRENTE TRANSITÓRIA 1/2 Ciclo TRANSITÓRIA (Hz)
kA (Pico) 1,144 308,085

∂i/∂t (A/ms) TODOS ESTÁGIOS


DO FILTRO 2,1924

Resultado ICC: ICC do disjuntor > ICC no filtro. Disjuntor c/ ICW adequado. Resultado dinâmico:
“Rate of Change” adequado. ∂i/∂t do disjuntor > ∂i/∂t do filtro.

Tabela 8.56 resumo - componentes do banco dessintonizado


Nº Banco de capacitores dessintonizado (estágios) Tipo / valor
1 Corrente rms (A) 82,8 Corrente Total
2 Corrente rms + 31% (A) 108,47 Ajuste térmico do disjuntor
3 Corrente rms + 35% (A) 111,78 Condutores de alimentação 3x(1x# 50,0 mm2)
4 Corrente rms + 44% (A) 119,23 Contator de manobra 3RT10 55-1AN11 220V/60HZ
5 Corrente rms + 50% (A) 124,2 Disjuntor de proteção
6 Corrente rms + 65% (A) 136,62 Fusível de proteção NH-00 160A (gL/GG) 3NA3 836

Nº Banco de capacitores dessintonizado (todos os estágios)


1 Corrente rms (A) 576,8 Corrente Total
2 Corrente rms + 31% (A) 755,61 Ajuste térmico do disjuntor
3 Corrente rms + 35% (A) 778,68 Condutores de alimentação 3x(2x# 300,0 mm2)
4 Corrente rms + 50% (A) 865,2 Disjuntor de proteção
5 Corrente rms + 65% (A) 951,72 Fusível de proteção 6 x NH-03 500A 3ENA3 365

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Figura 8.17 – Resultado final do fluxo de carga harmônico do exemplo 5

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9. Sistema de Compensação de Reativos e Filtragem de Harmônicos – Especificações

O diagrama unifilar básico do equipamento encontra-se na figura 9.1 no final da folha de


especificações. As harmônicas absorvidas pelo filtro, bem como os dados de alimentação
da concessionária em 13,2 kV encontram-se no final da folha de especificações.

FOLHA DE ESPECIFICAÇÃO

I. NORMAS E UNIDADES A SEREM ADOTADAS

As unidades a serem utilizadas serão as do sistema métrico.

Todos os equipamentos, componentes e materiais utilizados, bem como a fabricação,


ensaios, condições de serviço e desempenho, deverão estar de acordo com as últimas
revisões das normas aplicáveis da ABNT (ou normas internacionais onde as normas
brasileiras forem omissas), destacando-se as seguintes:

Filtros Harmônicos
IEEE Std 1531-2003 Guide for Application and Specification of Harmonic Filters
Capacitores
NBR-5060-ABNT Guia para Instalação e Operação de Capacitores de Potência
Procedimento;
NBR-5282-ABNT Capacitores de Potência - Especificação;
Os capacitores, em particular, deverão atender as exigências da norma IEC 871-1 (média
tensão e IEC 831-1 para a baixa tensão).
Disjuntores
NBR 7180 Disjuntores de Alta tensão
Reatores
NBR-5119 Reatores para Sistemas de Potência - Especificação;
NBR-7569 Reatores para Sistemas de Potência - Método de Ensaio;
IEC-289/88 Reactors.
Transformadores de Corrente
NBR-6821-ABNT Transformadores de Corrente - Ensaios;

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NBR-6856-ABNT Transformadores de Corrente - Especificação.

Seccionadora e Chave de Aterramento


NBR 6935-ABNT Seccionadora, Chave de Terra e de Aterramento Rápido -
Especificação.
Pára-Raios
IEC 60099-4 Surge arresters - Part 4: Metal-oxide surge arresters without gaps for a.c.
systems
IEC 60099-5 Surge arresters - Part 5: Selection and application recommendations
(ANSI/IEEE - C62-11-1978 - Standard for Metal-Oxide Surge Arresters for AC Power
Circuits.)
Isoladores
NBR-5032-ABNT Isoladores para LT's e SE's de AT - Especificação;
NBR-5034-ABNT Buchas para Tensões Alternadas Superiores a 1kV - Especificação;
NBR-6882-ABNT Isoladores Tipo Pedestal - Padronização.
Estruturas Metálicas de Suporte
NBR-6923-ABNT Revestimento de Zinco - Especificação;
NBR-7400-ABNT Revestimento de Zinco - Método de Ensaio.
Diversos
NBR-6936-ABNT Técnicas de Ensaios Elétricos de Alta Tensão - Padronização.
NBR-14039-ABNT Instalações Elétricas de Média Tensão de 1,0 kV a 36,2 kV.

II. CONDIÇÕES GERAIS DE INSTALAÇÃO

Condições Ambientais
As seguintes condições ambientais, deverão ser consideradas como normais de
funcionamento:
• Altitude máxima: ........................................................... < 1000 m
• Temperatura ambiente máxima: ........................................... 40ºC
• Atmosfera: ................................ Pó em suspensão não condutivo
• Umidade relativa do ar: .......................................................... 85%
• Proximidade do mar: ............................................................. Não

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Sistema Elétrico
• Tensão: ............................................................................. 13,2kV
• Nível de curto-circuito trifásico:
− Assimétrico de pico: ...................................................... 6,6 kApico
− Simétrico: .................................................................... 2,1 kArms
Nota: As correntes de curto circuito são baixas em função da disponibilidade de
fornecimento da concessionária. A Capacidade térmica mínima de projeto deverá ser de 10
kA com valor dinâmico de 31 kA pico, prevendo futura alteração no alimentador da
concessionária.

III. CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS DOS COMPONENTES DO BANCO DE


CAPACITORES

São apresentadas a seguir as principais características construtivas requeridas para os


equipamentos do sistema de correção de reativos.

Banco de Capacitores
Características Gerais das Unidades Capacitivas
• Deverão resistir à corrosão, devendo ainda atender às condições para a instalação
mencionada nesta especificação;
• Em um mesmo banco as unidades capacitivas deverão ter mesmas características e
dimensões;
• As unidades capacitivas deverão possuir olhal de levantamento e alças de fixação
capazes de assegurar um perfeito contato elétrico da carcaça com a estrutura ou RACK;
• O líquido isolante deverá ser biodegradável não acumulável e não tóxico, não sendo
aceitos compostos a base de bifenis (askareis);
• As unidades capacitivas deverão possuir resistência de descarga interna que assegure
a redução da tensão residual nas condições especificadas na NBR-5282.
• As unidades capacitivas deverão possuir potência nominal conforme especificações
dadas adiante.

Transformador de Corrente de Neutro

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• Deverá ser do tipo encapsulado em epóxi, para instalação na interligação do neutro do
banco (ligação do banco em dupla estrela).

Estruturas, Isoladores, Interligações


• O FORNECEDOR deverá apresentar em sua proposta de fornecimento um arranjo
orientativo para o banco de capacitores, indicando a disposição dos componentes com os
espaçamentos mínimos requeridos;
• Os capacitores deverão ser montados em uma ou mais plataformas (RACK'S),
constituídas de perfis de aço galvanizado a fogo, a estrutura de elevação para suportar e
interligar os RACK'S, deverá atender aos seguintes requisitos;
a) Assegurar altura mínima das partes energizadas com relação ao solo;
b) Servir de suporte e fixação para os dispositivos de manobra e outros acessórios;
c) Suportar esforços devida ação do vento, de 70kgf/m2, além das sobrecargas durante
a montagem.
• Os isoladores deverão possuir classe de isolamento compatível com a do banco, e
características eletromecânicas de acordo com as normas aplicáveis da ABNT;
• Deverão ser fornecidos conectores para ligação dos condutores de alimentação e
todas interligações com equipamentos de manobra e proteção, conector de aterramento,
caixas de junção e outros componentes necessários à sua completa montagem;
• As características dos componentes do banco e sua disposição no arranjo deverão
ser objeto de aprovação por parte do cliente.

Placas de identificação
• O Banco de Capacitores, assim como as unidades e acessórios deverão
ser identificados com placa em aço inoxidável contendo o especificado na NBR-5282;
• O Transformador de Corrente deverá ser fornecido com placa de identificação de aço
inoxidável fixada por meio de parafusos ou rebites. Não serão aceitas placas de
identificação coladas. A placa deverá conter no mínimo, as seguintes informações:
Designação: "TRANSFORMADOR DE CORRENTE";
a) Nome do fabricante;
b) Número de série, tipo e modelo do fabricante;
c) Data de fabricação;
d) Tensão nominal de operação;
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e) Classe de tensão nominal;
f) Relação de transformação nominal;
g) Tensão suportável de impulso;
h) Precisão, fator de sobrecorrente e carga nominal;
i) Normas aplicáveis.

Acabamento e pintura
• Ferragens e estruturas de aço, deverão ser galvanizadas a quente por imersão,
segundo as normas aplicáveis;
• As superfícies externas dos capacitores deverão ser limpas por jato de areia ou
desengraxamento e decapagem, e submetidas a tratamento equivalente a fosfatização, com
posterior aplicação de composto anticorrosivo, base e pintura final na cor cinza claro
MUNSELL N6.5.
Ensaios
Todas unidades capacitivas deverão ser submetidas a ensaios de rotina previstos na NBR-
5282 executados conforme NBR-5289, em presença de inspetor, com custo incluso no
preço do equipamento.

Reatores
Características Construtivas
• Os reatores para sintonia do filtro harmônico deverão ser de núcleo de ar, isolação a
seco;
• O enrolamento deverá ser constituído de condutores de alumínio, com indutância
conforme indicado nas Folhas de Dados desta especificação;
• O reator deverá ser fornecido com todos os isoladores necessários a sua completa
montagem no campo, devendo a proposta incluir as características destes isoladores e
bases de fixação.

Terminais e Ligações
• As ligações às buchas, tap's (se existentes) e às placas terminais deverão ser feitas por
meio de conexões aparafusadas ou do tipo grampo;
• Todas as demais deverão ser feitas por meio de solda forte (solda amarela) ou por
compressão;

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• Não serão aceitas conexões feitas por meio de solda fraca (solda branca);
• As ligações do tipo grampo ou aparafusadas deverão possuir dispositivos que não
permitam o seu afrouxamento devido a vibrações.

Acabamento e Pintura
• Onde aplicável, as superfícies internas e externas deverão receber tratamento e
pintura de acordo com os requisitos da NBR-5119, os quais deverão ser detalhadamente
descritos na proposta para aprovação. A pintura final de acabamento deverá ser com tinta a
base de pó de epóxi, na cor cinza claro MUNSELL N6.5;
• As peças de material ferroso não pintadas deverão receber tratamento e proteção
superficial adequados;

Ensaios
Os ensaios de recebimento compreendem a execução de todos os ensaios de rotina
indicados no item 14 da NBR-5119.

Pára-raios
Tipo ZnO Polimérico, 10kA, para instalação ao tempo, e demais características conforme
Folha de Dados. Não serão aceitos Pára-raios de porcelana.

IV. INTERTRAVAMENTOS
A seccionadora de entrada, a chave tetrapolar de aterramento do banco de capacitores e os
contatos de portões de acesso ao local de instalação do equipamento, se existentes,
deverão possuir intertravamento com o disjuntor do cubículo de alimentação.

V. ENSAIOS
• Os ensaios, onde aplicáveis, deverão atender às normas da ABNT;
• Todos os equipamentos deverão ser submetidos a ensaios de rotina, com presença
obrigatória de inspetor da, sendo os custos inclusos no preço do equipamento;
• Deverá ser fornecido relatório contendo a descrição de todos os ensaios realizados,
resultados obtidos, resumo dos cálculos efetuados e interpretação dos resultados onde
necessário.

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VI. DOCUMENTAÇÃO TÉCNICA REQUERIDA

O FORNECEDOR deverá emitir para aprovação:

• Desenhos de arranjos com vista frontal, planta e vista lateral, mostrando as entradas e
saídas de alimentação, com indicação das principais dimensões.
• Lista de componentes com itens e indicação de fabricante, tipo e principais características
dos componentes.
• Bases para chumbação (requisitos para o projeto civil).
• Diagrama: unifilar, trifilar e funcional, completos com todas as principais características
dos equipamentos indicados.
• Esquema de princípio e operação de intertravamento entre equipamentos.
• Diagrama de bornes de interligação e de saída.
• Lista de plaquetas de identificação.
• Procedimento para instalação, manutenção e posta-em-marcha.
• Relatório de testes certificados dos componentes principais e do conjunto de manobra.

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ANEXO I
FOLHA DE DADOS – FILTRO DE 5ª ORDEM, 2,050 MVAr EFETIVOS

I.1 Filtro de Correntes Harmônicas


• Potência efetiva:.......................................................... 2,050MVAr
• Tensão de trabalho: .......................................................... 13,2kV
• Corrente RMS nominal: ......................................................... 95A
• Freqüência nominal: ............................................................ 60Hz
• Ordem harmônica de ressonância: ......................................... 4,8
• Freqüência de ressonância: ............................................... 288Hz
I.2 Especificação do Banco de Capacitores
• Quantidade: ................................................................. 01 sistema
• Tipo de Ligação:.......................................... Dupla Estrela Isolada
• Características Nominais:
− Potência Trifásica: .............................................................. 3,60 MVAr
− Tensão de fase:........................................................................ 17,5kV
− Tensão de linha: ..................................................................... 10,10kV
− Quantidade de Capacitores: ............................................................ 12
− Potência Unitária dos Capacitores: :..................................... 300 kVAr
− Freqüência Nominal:................................................................... 60Hz
• Capacitância
− Capacitância Total: ................................................................. 13,21μF
− Tolerância de cada unidade individual:................................... 0 a +5%
− Tolerância por fase do banco: ..................................................... +3%
− Tolerância de capacitância entre fases: ...................................... +3%
• Temperatura Ambiente:.................................................... ≤ 40oC
• Perdas a 20ºC, inferior a:................................ 0,5W/kVAr

• Nível de isolação contra terra


− NBI (1,2 x 50μs):........................................................................ 95kV
− Freqüência Industrial (1 minuto): ................................................ 34kV
• Projeto: ................................................. Margem dobrada

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• O conjunto deverá ser montado em estrutura elevada, com isoladores do tipo
pedestal, isolando o RACK do filtro harmônico da base.

I.3 Especificação do Reator para Filtros de Harmônicos

• Quantidade: .................................................. 03 unidades


• Tensão nominal do sistema: ...................................13,2kV
• Construção: ............................ Núcleo de ar, Monofásico
• Meio magnético: ........................................................... ar
• Ventilação: ........................................................ ar natural
• Indutância
− Valor nominal:........................................................................ 9,21mH
− Reatância nominal (60 Hz) : ................................................ 3,472mΩ
− Tolerância por fase: ..................................................................... ±3%
− Corrente nominal RMS: .............................................................. 149A
− Corrente máxima de serviço: :................................................... 164A
− Fator de Qualidade: ........................................................................ 10
− Tapes: ..................................................................(0;+1,5;-1,5;+3;-3%)
• Corrente de curto-circuito
− Térmica (1s): .............................................................................. 2,5kA
− Dinâmica (pico assimétrica):.............................................. 7,60kApico
Nota: As correntes de curto circuito são baixas em função da disponibilidade de
fornecimento da concessionária. A Capacidade térmica mínima de projeto deverá ser de 10
kA com valor dinâmico de 31 kApico, prevendo futura alteração no alimentador da
concessionária.

• Temperatura Ambiente: .......................................... ≤ 40oC


• Nível de isolação contra terra
− NBI:..............................................................................................95 kV
− Freqüência Industrial: ..................................................................36 kV

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ANEXO II
FOLHA DE DADOS – DEMAIS COMPONENTES

II.1 Chave Seccionadora Unipolar


• Instalação:.............................................................. Ao tempo
• Acionamento: ....................................................... Sem carga
• Classe de tensão: ......................................................... 15kV
• Corrente nominal (mínimo): ........................................ 400A
• Corrente suportável de curta duração (1s):................ 12,5kA
• Corrente momentânea: ................................................. 20kA
• NBI: ............................................................................ 110kV
• Tensão suportável à freqüência nominal
− Sob chuva (10 segundos):........................................................... 38kV
− A seco (1 minuto):........................................................................ 38kV
• Freqüência nominal: .................................................... 60Hz
• Número de pólos:.............................................................. 01

II.2 Chave de Aterramento do Banco de Capacitores


• Instalação:.............................................................. Ao tempo
• Acionamento: ....................................................... sem carga
• Tensão nominal: ........................................................... 15kV
• Tensão suportável de impulso atm. (1,2 x 50μs): ....... 110kV
• Tensão Suportável a Freq. Industrial
− Sob chuva (10 segundos):........................................................... 38kV
− A seco (1 minuto):........................................................................ 38kV
• Corrente térmica de curta duração (1s): ....................... 20kA
• Corrente de crista de curta duração:............................. 50kA
• Número de pólos:.............................................................. 03
• Contatos auxiliares: .......................................... 2NA+2NF(1)
• Deverá possuir dispositivo para travamento a cadeado (alavanca de operação
travada nas posições "aberta" ou "fechada"). Não serão aceitos intertravamentos tipo “kirk”.

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Esta chave deverá ser ainda intertravada com a seccionadora tripolar, de modo a impedir o
fechamento de ambas simultaneamente.

Nota: (1) Para se evitar uma eventual operação em carga, além dos contatos auxiliares
normais, a chave deverá ser fornecida com 02 contatos auxiliares passantes destinados a
comandar a abertura do disjuntor de alimentação do sistema de correção de reativos. Estes
contatos deverão fechar temporariamente na tentativa de se operar a chave (abrindo-a ou
fechando-a) devendo ocorrer o fechamento antes que as lâminas saiam ou penetrem nos
contatos fixos das mesmas, no circuito de força.

II.3 Transformador de Corrente de Desbalanço de Neutro do Banco de Capacitores


• Material isolante: ................ a seco (encapsulado em epóxi)
• Tipo de instalação: ............................................... ao tempo
• Fator térmico: .................................................................. 1,2
• NBI (1,2 x 50μs): .......................................................... 110kV
• Tensão Suportável a Freq. Industrial (1 minuto): ........... 38kV
• Freqüência nominal: .................................................... 60Hz
• Classe de isolação: ....................................................... 15kV
• Corrente prim. Nominal: ................................................ 50A
• Corrente secundária nominal: .......................................... 5A
• Corrente térmica Ith. (80xIn): .......................................... 4kA
• Corrente dinâmica (crista):......................................... 62,5kA
• Classe de exatidão: .................................................... 10B50

II.4 Pára-Raios
• Tipo: ZnO Polimérico
• Instalação: ......................................................................... externa
• Tensão nominal (Ur RMS):.................................................... 15kV
• Freqüência nominal: ............................................................. 60Hz
• Máxima tensão contínua de operação (kV RMS): .............. 12,7kV
• Máxima tensão residual (kV pico) ......................................54,9 kV
• Corrente nom. de descarga (onda 8/20μs):.........................49,5kA

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II.5 Disjuntor de Média Tensão (manobra do filtro)
• Meio extintor:....................................................................... Vácuo
• Corrente nominal: ................................................................ 630A
• Tensão nominal: ................................................................ 17,5kV
• Tensão de isolamento: ......................................................... 38kV
• Tensão de isolamento (pico): ............................................ 17,5kV
• Capacidade de Interrupção simétrica: ................................. 25 kA
• Capacidade de Interrupção assimétrica: ............................. 28 kA
• NBI: 95 kV
• Freqüência nominal: ............................................................. 60Hz

II.5 Sistema de proteção


Deverá ser composto por relés indiretos com as seguintes funções ANSI:

• Sobrecorrente temporizado e instantâneo de fase: ............. 50/50


• Sobrecorrente temporizado e instantâneo de fase: ........ 50/51GS
• Desequilíbrio de neutro: ........................................................... 61
• Sub e sobre-tensão: ............................................................ 27/59

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Figura 9.1 – Diagrama unifilar básico do filtro harmônico

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Figura 9.2 – Diagrama unifilar básico da instação

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Dados da concessionária:
• Tensão de fornecimento: 13,2 kV
• Scc 3φ = 48,01 e X/R = 3,68
• Scc 1φ = 11,45,0 e X/R = 3,68

Tabela 9.1 correntes harmônicas absorvidas pelo filtro

CORRENTE
ORDEM (%) DE I
HARMÔ FUNDAMENTA
NICA (h) L
1 100,00
2 0,15
3 0,00
4 1,10
5 17,5
6 0,00
7 4,00
18 0,40
9 0,00
10 0,10
11 4,40
12 0,00
13 4,60
14 0,30
15 0,00
17 2,70
19 0,60
23 2,00
25 1,60
29 0,70
31 0,30

Especificação de filtro harmônico tipo “BAND PASS” para indústria de componentes para
rolamentos industriais.

Documento de propriedade da Engematec® Capacitores, não podendo ser alterado sem


prévia autorização.

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10. Conclusão

Procurou-se enfatizar neste curso a necessidade não só de medições de grandezas


elétricas, mas principalmente dos níveis harmônicos, pois a proliferação de controle em
estado sólido vem se tornando constante nas indústrias em geral, e podem gerar sérios
riscos e danos aos equipamentos elétricos e principalmente pessoas.

O fenômeno de ressonância nada mais é do que um casamento de impedâncias, e quando


isto ocorre, há a máxima transferência de energia entre a fonte e os componentes do
sistema elétrico; geralmente há a queima dos equipamentos elétricos e em alguns casos a
“explosão” do banco de capacitores.

O trabalho do técnico é o de avaliar com cuidado a aplicação de capacitores em sistemas


de potência visando efetuar uma correção do fator de potência de forma segura e eficaz. Os
investimentos em equipamentos para a correção do fator de potência não são pequenos, e
portanto deve-se ter especial atenção no projeto atentando principalmente nas normas
técnicas aplicáveis

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Referências Bibliográficas

[1] Eletrônica de Potência; Rashid, Muhammad H. – Makron Books

[2] Capacitor for Industry; Bloomquist, W. R. – John Wiley & Sons

[3] Máquinas Elétricas; Fitzgerald, A. E. – McGraw Hill

[4] Aneel Resolução N.º 456, de 29 de Novembro de 2000 - Agência Nacional de


Energia Elétrica

[5] Matlab 6; The MathWorks, Inc.

[6] IEEE Std 1036-1992, IEEE Guide for Application of Shunt Power Capacitors

[7] IEC 831-1, Shunt power capacitores of the self-healing type for a.c. systems having
a rated voltage up to and including 1000V.

[8] IEEE Std 18, IEEE Standard for Shunt Power Capacitors

[9] NBR 5060, Guia para Instalação e Aplicação de Capacitores de Potência

[10] PSCAD/EMTDC Version 3.0.8, Manitoba HVDC Research Centre Inc.

[11] Resolução Nº 505, de 26 de novembro de 2001, do Departamento Nacional de


Águas e Energia Elétrica – DNAEE; ANEEL - níveis de conformidade tensão de
energia elétrica em regime permanente.

[12] Electrical Power Systems Quality; Dugan, R. C. ; McGranaghan, M. F.; Beaty, H. W.

[13] ANSI/IEEE Std 446-1987, IEEE Recommended Practice for Emergency and
Standby Power Systems for Industrial and Commercial Applications

[14] NBR 5410, Instalações Elétricas de Baixa Tensão

[15] IEEE C.37.99.1999, IEEE Guide for the Protection of Shunt Capacitor Banks

[16] Capacitores de Potência, ITEL – São Paulo

[17] NBR 5282 Capacitores de Potência em Derivação , Especificação (complementar).

[18] IEEE Std 519-1992 Recommended Practices and Requeriments for Harmonic
Control in Electrical Power Systems

[19] NEMA - National Electrical Manufacturers Association Electrical - Power Systems


Quality - Application Guide For AC Adjustable Speed Drive Systems

[20] IEEE C57.12.00-1987, IEEE Standard General Requeriments for Liquid-Immersed


Distribution, Power, and Regulating Transformers (ANSI)

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[21] NEMA - National Electrical Manufacturers Association - MG1-1998 Motors and
Generators

[22] NBR 14.664 Grupos geradores - Requisitos gerais para telecomunicações

[23] Portaria nº 140 de 23/03/2002, da Aneel, autorizando a utilização dos


procedimentos da rede básica em caráter provisório.

[24] “Critérios e Procedimentos para o Atendimento a Consumidores com Cargas


Especiais- Revisão 1” ; Nov/97; GGOI/SCEL e GCPS/CTST.

[25] “Termo de Referência – Grupo de Trabalho Especial de Qualidade de Energia


Elétrica”; GAT-Junho/1999.

[26] IEC 1000-2-2 ELECTROMAGNETIC COMPATIBILITY (EMC) Section 2:


Compatibility levels for low-frequency conducted disturbances and signalling in
public low voltage power supply systems.

[27] Power System Harmonic Anaysis; Arrillaga, Jos; Smith, Bruce C; Watson, Neville R;
Wood, Alan R

[28] IEEE Std 141-1986, IEEE Reccommended Practice for Electric Distribution for
Industrial Plants

[29] IEEE Std C37.09-1999, IEEE Standard Test and Procedure for AC High-Voltage
Circuit Breakers Rated on Symmetrical Current Bases

[30] ANSI C37.06-1997, Ac High- Voltage Circuit Breakers on a Symmetrical Current


Basis - Preferred Ratings and Related Required Capabilities

[31] IEC 261-1 , Low-Voltage Fuses, International Electrotenicnichal Comission

[32] Microsim Schematics, Version 6.0, Microsim Corporation

[33] Power Syetem Harmonic; Arrillaga, J, Bradley, D. A.; Bodger. P. S.

[34] ANSI C57.12.10-1988 American National Standard for Transformers - 230kV and
blow 833/958 through 8333/10 417 KVA, Single-Phase, and 750/862 through 60
000/80 000/100 000 KVA, Three-Phase without Load Tap Changing ; and
3750/4687 through 60 000/80 000/100 000 KVA with Load Tap Changing - Safety
Requirements
[35] Industrial Power System Handbook; Beeman, Donald

[36] IEEE Std 518-1982, IEEE Guide for the instalation of Electrical Equipment to
Minimize Electrical Noise to Controllers from External Sources

[37] IEC 60947 Low-voltage switchgear and controlgear

[38] Harmônicos em Sistemas Industriais; Dias, Guilherme Alfredo Dentzien – 2ª Edição

Curso Compensação de Reativos e Filtragem de Harmônicos em Sistemas Elétricos de Potência


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[39] Harmônicos em Sistemas de Energia Elétrica, Apostila de Mestrado - Universidade
Estadual de Campinas, Unicamp

[40] IEEE Std 1159-1995; IEEE Recommended Practice for Monitoring Electric Power
Quality

[41] http://www.wikipedia.org/wiki/Fourier

[42] Standard Handbook for Electrical Engineers; Knowlton, A. E.

[43] Instalações Elétricas; Creder, Hélio , 13ª edição

[44] Qualidade da Energia Elétrica em Instalações Industriais; da Silva, Dr. José Ernani.

[45] Transitórios Eletromagnéticos em Sistemas de Potência – Júnior, Luiz Cera Zanetta


– EDUSP

[46] ANSI/IEEE C.37.012-1979 – IEEE Application Guide for Capacitance Current


Swtching for AC High-Voltage Circuit Breakers Rated on a Symmetrical Current
Basis

[47] Correntes de curto-circuito em redes trifásicas – Roeper, Richard - Siemens

[48] IEEE STD C57.110-1998 - IEEE Recommended Practice for Establishing


Transformer Capability When Supplying Nonlinear Load Currents

[49] Resolução 676/2003 ANEEL

[50] Method of Symmetrical Co-Ordinates Applied to the Solution of Poliphase Networks;


Fortescue, C. L. ; AIEE 28/06/1918 pp1027 – 1141

[51] Introdução a Sistemas Elétricos de Potência, Componentes Simétricas; Oliveira,


Schmidt, Kagan, Robba

[52] Symmetrical Components for Power Systems Engineering; Blackburn, J. Lewis

[53] Direct Current Transmission Volume I; Kimbark, Edward Wilson

[54] Power Transmission by Direct Current; Uhmann, Erich – Springer-Verlarg Berlin


Heidelberg New York 1975

[55] LSD 8-1999 A NEMA Lighting Systems Division Document – Power Quality
Implications of Compact Fluorescent Lamps in Residences; Lamp Section NEMA

[56] Stanley, C.H., Price, J.J. and Brewer, G.L. (1971) Design and performance of a.c.
filters for 12-pulse HVdc schemes, IEE Conf. Publ., 154, 158-61

[57] Ainsworth, J. D. (9165) Filters, damping circuits and reactive voltamperes in HVdc
convertors, in High Voltage Direct Current Convertors and Systems (B. J. Cory. ed.)
Macdonald, London, pp. 137-74
Curso Compensação de Reativos e Filtragem de Harmônicos em Sistemas Elétricos de Potência
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AUTOR:

Engenheiro Eletrônico formado pela Universidade Paulista , atuante desde 1987 na análise
de sistemas elétricos, com ênfase em projetos e aplicação de capacitores em sistemas de
potência, filtros harmônicos e qualidade da energia elétrica. Ministra cursos desde 1992
sobre a aplicação de capacitores nas indústrias e sistemas de potência; participou e efetuou
grandes projetos de bancos de capacitores e filtros harmônicos, principalmente em regime
de “turn-key”, destacando-se: Akzo Nobel; Alcan Alumínio, Aventis Farmacêutica,
Continental S/A, Cargill Agrícola, Fernandes Papéis, Grupo Polimix, Monsanto do Brasil,
RAC - Jornal Correio Popular S/A, Saint Gobain, Shopping Iguatemi, Unilever (Cica S/A),
Usina São João, Yakult, entre grandes indústrias e corporações. Responsável pelo
departamento de Engenharia da Engematec® Equipamentos.

Diversas Palestras, destacando:


- Qualidade da Energia Elétrica “Conseqüências e Soluções”, 15/07/2004 Hotel Guanabara
Palace Rio de Janeiro (principais participantes – Light, Laboratórios Glaxo, Fiocruz, Casa da
Moeda do Brasil, Nestlé, etc).
- Qualidade da Energia elétrica - “Cases” - Hotel Sol Inn Barão Geraldo em 17/03/2005
(principais participantes – Itautec, Petrobrás, Schneider)
- Correção do Fator de Potência e a Eficiência Energética – Escola Senai Roberto Mange
desde 2004.
- Curso: Correção do Fator de Potência e Aplicação de Capacitores na Presença de
Harmônicos; Tavares, Paulo Henrique; Target/ABNT desde 2004.
Membro de grupos de Estudos da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) –
CB3: Comissão Brasileira de Eletricidade.
Membro da Comissão Técnica do VI Seminário Brasileiro sobre Qualidade da Energia
Elétrica – SBQEE (Belém – PA, 21 a 24 de Agosto de 2004).
- Workshop: Harmônicos nos Sistemas Elétricos e a Correção do Fator de Potência,
10/2006, Case RAC (Jornal Correio Popular) – Hotel Vila Rica Campinas - SP.
- Seminário SmartTech 10 anos (software PTW 32 da SKM – USA); Harmônicos em
sistemas industriais - "Cases e Soluções"; Blue Tree Tower SP, 28/11/2007(principais
participantes - SmartTech, Petrobrás, Vale do Rio Doce, Engepower, etc)
- Professor de Cursos da Norma Regulamentadora NR 10.
- Cursando as matérias do MSc. em Sistemas Elétricos de Potência – Unicamp.

Atualmente Engenheiro responsável pelo departamento de Engenharia da Engematec®


Capacitores. Av Gov. Pedro de Toledo, 2020 , Bonfim Campinas – SP, fone (19) 3242-
9176.

WWW.ENGEMATEC.COM.BR, suporte@engematec.com.br .

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