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como queerfobia
XX Introdução
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Sobre a imbricação entre gênero e racismo no contexto da temporalidade en-
quanto capacitismo geopolítico, ver Lugones (2007).
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Ver, por exemplo, Campbell (2009) e Snyder e Mitchell (2006).
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A teorização interseccional é atribuída predominantemente a Kimberlé
Crenshaw (1989, 1991), que pesquisou a dinâmica excludente de mulheres
negras no sistema previdenciário estadunidense. Porém, essa teorização foi
construída durante anos de ativismo das mulheres negras: pelo menos des-
de o pronunciamento de Sojourner Truth (1851), a Declaração da Coletiva do
Rio Combahee (1981 [1977]) e os escritos de Audre Lorde (por exemplo, 1981,
1984) e Gloria Anzaldúa (por exemplo, 2009 [1991]) – esta, por sua vez, elabo-
rando sobre a perspectiva do conhecimento pré-asteca sobre a irredutibilidade
semântica.
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O epistema é geralmente definido como o paradigma do conhecimento pre-
valente em cada contexto histórico específico, mas na concepção de Foucault é
também o poder normativo de limitar ou definir o que é legível e pensável, bem
como o que passa a ameaçar tal estabilidade (FOUCAULT, 1966, 1980).
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Um exemplo é a supressão da problemática do racismo sob a justificativa de
que raça é um construto cultural. Tal supressão é criticada, por exemplo, em
Moya e Hames-Garcia (2000).
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A respeito da distinção entre tradução e transcodificação em Spivak, ver Spivak
(2005) e Ávila (2013).
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Ver, entre outras, Spivak (1988) e Espinosa-Miñoso (2009).
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Ver, entre outras, Spivak (2005) e Ávila (2013).
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Ver, por exemplo, Moraga e Anzaldúa (1981); Barnard (2004); Lugones
(2007); Haritaworn, Erdem e Tauqir (2008); Haritaworn et al. (2011); Koyama
(2006); e Roen (2006).
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Ver Lorde (2007, p. 48). Sobre a imbricação entre feminismo e anticapacitis-
mo, ver Garland-Thomson (2002).
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A perspectiva anticapacitista em Anzaldúa, informada pelo conhecimento
pré-asteca, é o tema de outro artigo em preparação, o qual deverá contribuir para
o projeto interseccional defendido aqui.
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Ver Anzaldúa (2009, p. 164).
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A tradução desse termo, ou de seu sinônimo, ableism (Campbell, 2009), é
necessariamente polivalente. Ao lado de capacitismo e eficiência compulsória, o
termo eficiencismo melhor enfatiza o construto dicotômico da deficiência. Ao
contrário do inglês, em que o binômio ableism vs. disabilism ecoa o binômio
ability vs. disability, em português o binômio capacitismo vs. incapacitismo
não ecoa o binômio eficiência vs. deficiência. Além disso, o termo capacidade é
geralmente utilizado em referência à dicotomia lesão vs. deficiência. [Esses bi-
nômios são marcados pela barra na escrita pós-estruturalista, mas, seguindo a
orientação da Comissão de Acessibilidade do Fazendo Gênero 10, evito utilizar
a barra aqui; em seu lugar, utilizo a abreviatura “vs.”.]
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Para Rich (2003), a invisibilidade lésbica é construída discursivamente, for-
jando a inexistência da diferença lésbica, enquanto a visibilidade reduz a lés-
bica a objeto do olhar e produz, por contraste, a suposta normalidade da hete-
rossexualidade.
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Sandra Azerêdo (2010) traduz por encrenca de gênero, e não problemas de
gênero, o termo gender trouble (BUTLER, 1990), situando, assim, o problema
na máquina normativa e não nos sujeitos por ela reduzidos como sendo pro-
blemáticos.
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Utilizo o termo pessoas com deficiência, segundo definido por entidades repre-
sentativas de pessoas assim categorizadas (ver Sassaki, 2003). Porém, aponto
para uma problemática levantada pela perspectiva pós-estruturalista em rela-
ção à ontologia da deficiência reiterada por esse termo, como será esclarecido
neste artigo.
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Refiro-me a toda a obra extensa de Jacques Derrida e Michel Foucault, bem
como Judith Butler (1990, 1993).
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Ver Mitchell e Snyder (1997, p. 6).
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XX Comentários finais
XX Referências
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New York: Peter Lang Publishing, 2004. p. 1-18.
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