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O LONGO CAMINHO PARA CASA

“Partiu, então, e foi ao encontro de seu pai” (Lc 15,20).

A volta do filho pródigo está cheia de ambiguidades. Está viajando na direção


certa, mas que confusão!
Sabe que ainda é o filho, mas reconhece que perdeu a dignidade de ser
chamado “filho”; prepara-se para aceitar o status de “empregado” de modo
que possa sobreviver.
Há arrependimento, mas não um arrependimento à luz do amor imenso de um
senhor misericordioso. É um arrependimento que satisfaz ao próprio ego e
permite sobreviver.
A figura do filho pródigo, no momento em que é abraçado pelo pai: seu rosto,
sua roupa, seus pés, mostra-nos como termina quem dá ouvidos às promessas de
felicidade do mundo.
A figura do pai que o acolhe: seu rosto, seus olhos, suas mãos, mostra-nos que,
quaisquer que tenham sido os caminhos do nosso afastamento e os abismos da
nossa perdição, sempre podemos empreender o caminho da volta. As portas da
sua casa e do seu coração estão sempre abertas para acolher-nos, seus braços
estão sempre abertos para abençoar-nos. Suas palavras serão sempre as
mesmas:
“Tu és meu filho muito amado”.
Jesus aponta que o caminho da volta para Deus é o mesmo que o caminho para
uma nova infância.
“Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como as crianças, de
modo algum entrareis no Reino dos Céus” (Mt. 18,3).
Jesus não pede que nós continuemos criança, mas que nos transformemos em criança. Tornar-nos criança
é viver à procura de uma segunda inocência, ou seja, a candura a que se chega por opção consciente.

Contemplando a cabeça do jovem que volta, podemos ver retratada a segunda


infância. Parece a cabeça de um bebê que acaba de sair do útero materno; está
ainda húmida e o rosto parece o de um feto.
Estaria Rembrandt retratando não somente a volta ao pai, mas também a volta
ao seio de Deus, que é Mãe e Pai ao mesmo tempo?
No abraço do pai que acolhe o filho que estava morto e o faz viver de novo
realizam-se as palavras de Jesus a Nicodemos sobre a necessidade de “nascer
de novo”.
O ponto de partida para a recuperação da sua dignidade foi a recordação da sua relação com o pai.
Foi a memória dessa relação que o salvou da destruição total e o reconduziu para o caminho da vida.
As recordações das experiências da infância tem um papel decisivo no processo de conversão.
O jovem rico conserva, fincada no coração “como um cravo de ternura”, a lembrança das experiências
positivas da sua relação com o pai nos anos da infância e adolescência.
Por isso, aflora nele a consciência viva de que tivera um pai, que o tinha amado desinteressadamente e que
tinha respeitado sempre sua liberdade.

Porque não rompe totalmente o vínculo com seu pai, pôde tomar a decisão de
voltar.
Significativamente, no quadro de Rembrandt, o único sinal de dignidade que
resta é a pequena espada presa na cintura. Mesmo em meio à sua degradação,
ele se apegou ao fato de que ainda era o filho de seu pai. De outra forma ele
teria vendido sua preciosa espada, símbolo de sua filiação.
A espada está lá para mostrar que, apesar de ter voltado como mendi-
go e pária, ele não havia esquecido que ainda era filho de seu pai.
Na oração: um dos grandes desafios da vida espiritual é o de rece-
ber o perdão de Deus. Há alguma coisa em nós que faz
com que nos apeguemos aos nossos êrros e impede-nos de deixar
Deus banir o nosso passado e nos oferecer um recomeço inteiramen-
te novo. Às vezes até parece que queremos provar a Deus que a nos-
as miséria é grande demais para acolher o dom da total filiação.
Receber o perdão exige uma absoluta aceitação para deixar Deus
ser Deus e fazer toda a cura, restauração e re-criação. Enquanto eu
mesmo quiser fazer isso, só obtenho soluções parciais, como a de ser um empregado. Descobrir
as alegrias da segunda infância: conforto, misericórdia e até uma visão mais clara de Deus.
Será que almejo ser completamente perdoado de modo que se torne possível começar uma nova
vida? Desejo mesmo voltar a ter a responsabilidade de filho?

Pedir a graça: pedir a graça de sentir-me ansiosamente esperado, entranhavelmente acolhido,


aben-
çoado e perdoado por Deus meu Pai.

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