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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL


DOUTORADO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL
SEMINÁRIOS AVANÇADOS EM PESQUISA DOUTORAL 1

Aluna: Katianne de Sousa Almeida


Atividade 01: Resenha do Artigo de ORTNER. Sherry B. Teoria na
Antropologia desde os Anos 60

ORTNER. Sherry B. Teoria na Antropologia desde os anos 60. Disponível


em: < >. Obtido em 25 de agosto de 2020.

Sherry Ortner é uma mulher branca, antropóloga cultural norte-


americana e professora da UCLA – Universidade da Califórnia em Los
Angeles. Ela nasceu em 19 de setembro de 1941 em uma família judia em
New Jersey. Estudou antropologia na Universidade de Chicago sob
orientação de Clifford Geertz e obteve seu PHD em Antropologia em 1970
por seu trabalho de campo entre os sherpas no Nepal.
No início dos anos 1990 Ortner mudou o foco de sua pesquisa
para os Estados Unidos. Seu livro mais recente trata da relação entre os
filmes de Hollywood e a cultura americana. Ela também publica regularmente
nas áreas da teoria cultural e teoria feminista.
Quanto ao seu alinhamento teórico ela é defensora da teoria da
prática. Ela está preocupada com as restrições dominantes da compreensão
cultural dentro das culturas e é subversiva à ideia de cultura como sendo
simplesmente reproduzida. Ortner, portanto, se concentra nas questões de
resistência e transformação.
Quanto ao texto, o início do artigo de Sherry Ortner parece bem
sombrio e uma certa apatia pelos rumos do estado “atual” (na época em que
escreveu este ensaio, precisamente em 1984) da disciplina Antropologia
Social. A autora indicou que não havia, dentro do contexto contemporâneo,
grandes categorias de filiação teórica. Sendo assim, considerou que o
objetivo do ensaio ocupou-se em indicar as relações entre várias escolas ou
abordagens teóricas, tanto durante períodos específicos quanto ao longo do
tempo. Logo, o foco está centrado na elucidação das relações.
O ensaio apresenta alguns tópicos em que a autora organizou
suas ideias para apresentá-las segundo os períodos específicos do
desenvolvimento teórico da Antropologia: 1. Os anos 60: símbolos, natureza,
estrutura; 1.2. Antropologia simbólica; 1.3. Ecologia cultural; 1.4.
Estruturalismo; 2. Os anos 70: Marx; 2.1. Marxismo estrutural; 2.2. Economia
política; 3. Entrando nos anos 80: prática 3.1. O que está sendo explicado?;
3.2. O que é prática?; 3.3. O que motiva a ação?; 3.4. A natureza das
interações entre a prática e o sistema; 4. Conclusões e perspectivas para o
futuro. Importante salientar que os números são apenas uma apresentação
didática da resenhista, pois a autora (Sherry Ortner) apenas coloca os tópicos
em negrito. O ensaio faz parte da Revista Mana de número 17 e corresponde
as páginas 419-466 publicada em 2011 em português. O original foi
publicado em 1984.
Quanto ao tópico “Anos 60: símbolo, natureza, estrutura é
relevante destacar que houve um conjunto importante de revoluções na teoria
antropológica que começou no início dos anos 60. Contudo, a revolução só
foi possível graças ao kit do bricoleur teórico do final dos anos 50 que
consistia de três paradigmas principais – o funcionalismo estrutural britânico,
a antropologia cultural e psicocultural norte-americana e a antropologia
evolucionista norte-americana. Foi essa combinação de novas ideias e
agressividade intelectual que lançou os três movimentos com os quais esta
narrativa começa: a antropologia simbólica, a ecologia cultural e o
estruturalismo.
Ao comentar sobre a antropologia simbólica Ortner apresenta os
seus dois maiores expoentes: Clifford Geertz e Victor Turner. Geertz
representa uma transformação da antropologia americana anterior,
debruçada principalmente sobre as formas de operar da cultura, enquanto
Turner representa uma transformação da antropologia britânica anterior,
principalmente debruçada sobre as formas de operar da sociedade. Logo, os
geertzianos eram preocupados como os símbolos operam como veículos de
cultura. Entretanto para Turner os símbolos interessam não como veículos de
e janelas analíticas para a cultura, mas como o que pode ser chamado de
operadores no processo social, coisas que, quando colocadas juntas em
certos arranjos em determinados contextos (especialmente rituais), produzem
transformações que são especialmente sociais.
Em relação à ecologia cultural o destaque está para a nova
perspectiva que trouxe para as abordagens teóricas. Ela desloca a atenção
para a relação entre o interior e o exterior; ela entende a troca entre cultura e
meio ambiente como a principal fonte de mudança evolutiva. Agora, qual
visão prevalecerá não será decidido sobre um pedaço de papel... Mas se a
adaptação vence sobre o dinamismo interno, será porque tem certa força
intrínseca e óbvia. A adaptação é real, naturalística, ancorada naqueles
contextos históricos das culturas que o dinamismo interno ignora.
A autora neste tópico faz uma crítica quanto as escolas:
antropologia simbólica e ecologia cultural por falta de uma sociologia
sistematizada, ou seja, onde estavam os grupos sociais, as relações sociais,
as estruturas sociais, as instituições sociais que medeiam tanto os modos em
que as pessoas pensam (cultura) quanto as maneiras com que as pessoas
experimentam e agem sobre seu ambiente?
No próximo tópico “Estruturalismo” a autora informa que foi o único
paradigma verdadeiramente novo que se desenvolveu nos anos 60. Inspirado
na linguística e na teoria da comunicação e considerando-se influenciado por
Marx e Freud, Lévi-Strauss procurou estabelecer a gramática universal da
cultura, as maneiras em que são criadas (pelo princípio da oposição binária)
as unidades do discurso cultural, e as regras segundo as quais as unidades
(os pares de termos em oposição) são dispostas e combinadas para produzir
os produtos culturais concretos (mitos, regras de casamento, organização
totêmica dos clãs etc.) que os antropólogos registram.
Já a antropologia da década de 1970 estava vinculada de forma
muito mais óbvia e transparente aos eventos do mundo real. Primeiro veio a
contracultura, depois o movimento antiguerra e, em seguia, um pouco mais
tarde, o movimento das mulheres. Tudo que fazia parte da ordem existente
foi questionado e criticado. Na antropologia, as primeiras crítica tomaram a
forma de denúncias sobre as relações históricas entre a antropologia, por um
lado, e o colonialismo e o imperialismo, por outro.
Os anos 70 foram fortemente influenciados pela teoria marxista,
em que havia pelo menos duas escolas marxistas de teoria antropológica
distintas: o marxismo estrutural e a economia política.
Considero que na página 438 há uma das mensagens mais
impactantes do ensaio que diz “ [...] numa quantidade de trabalhos recentes
que questionam filosoficamente se é possível conhecermos verdadeiramente
o outro – o exemplo principal disso é Orientalismo de Edward Said. A esta
posição só podemos responder: tentem. O esforço é tão importante como o
resultado, tanto para nossas teorias como para nossas práticas. A tentativa
de ver outros sistemas com os pés no mesmo chão dos nativos é a base,
talvez a única base, da contribuição propriamente antropológica para as
ciências sociais. É essa nossa capacidade, sobretudo desenvolvida no
trabalho de campo, de adotar a perspectiva do povo em terra firme que nos
permite aprender qualquer coisa – mesmo na nossa própria cultura – para
além do que nós já sabemos (de fato, enquanto um número crescente de
antropólogos está fazendo trabalho de campo nas culturas ocidentais,
inclusive nos Estados Unidos, a importância de manter a capacidade de
perceber a alteridade, mesmo aqui perto, está cada vez mais clara). É essa
nossa localização “no chão” que nos permite ver as pessoas não
simplesmente como reprodutores e reagentes passivos a um “sistema”, mas
como agentes ativos e sujeitos da sua própria história (págs. 438-439).
Ao comentar sobre a antropologia da prática que didaticamente se
refere aos anos 1980 ela comenta que tem havido um crescente interesse em
análises centradas em algum termo de um grupo de termos inter-
relacionados, a saber: prática, práxis, ação, interação, atividade, experiência,
performance. Um segundo grupo de termos, muito próximos àqueles, coloca
o enfoque sobre quem realiza as ações: agente, ator, pessoa, self, indivíduo,
sujeito.
A moderna teoria da prática busca explicar os vínculos
estabelecidos entre a ação humana, por um lado, e alguma entidade global
que poderíamos chamar de “o sistema”, por outro. O ponto é que os
antropólogos da prática pressupõem que a sociedade e a história não são
simplesmente uma soma de respostas ad hoc e de adaptações a estímulos
particulares, mas que são governados por esquemas organizacionais e
avaliativos. São estes (incorporados, é claro, às formas institucionais,
simbólicas e materiais) que constituem o sistema.
O estudo da prática, afinal de contas, é o estudo de todas as
formas de ação humana, porém de um ponto de vista particular – um ponto
de vista político.
Em resumo a autora alia-se a Peter Berger e Thomas Luckmann
quando eles dizem “a sociedade é um produto humano. A sociedade é uma
realidade objetiva. O homem é um produto social”. A maioria das
antropologias precedentes tem enfatizado o segundo componente desse
conjunto: a sociedade (ou a cultura) foi vista como uma realidade objetiva de
uma forma ou de outra, com sua própria dinâmica em boa parte divorciada da
agência humana. Os antropólogos culturais e psicoculturais norte-
americanos, além disso, enfatizaram o terceiro componente, as maneiras
com que a sociedade e a cultura dão forma à personalidade, à consciência,
aos modos de ver e sentir. Mas até pouco tempo atrás, poucos esforços
haviam se dedicado a entender como a sociedade e a cultura, elas mesmas,
são produzidas e reproduzidas pela intenção e a ação humanas. É em torno
desta questão, a meu ver, que a antropologia dos anos 80 começa a tomar
forma, enquanto, ao mesmo tempo, mantém – idealmente – um sentido das
verdades das duas outras perspectivas. Desta forma, a prática é o símbolo-
chave da antropologia dos anos 80, unificando estudos históricos e
antropológicos.

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