0 Bewertungen0% fanden dieses Dokument nützlich (0 Abstimmungen)
243 Ansichten4 Seiten
O artigo descreve a evolução da teoria antropológica desde os anos 1960, dividindo-a em períodos. Nos anos 1960 surgiram a antropologia simbólica, ecologia cultural e estruturalismo. Nos anos 1970, teorias marxistas como o marxismo estrutural ganharam destaque. Nos anos 1980, houve foco na teoria da prática e na agência humana. Ao longo do texto, a autora analisa os principais pensadores e abordagens teóricas de cada período.
O artigo descreve a evolução da teoria antropológica desde os anos 1960, dividindo-a em períodos. Nos anos 1960 surgiram a antropologia simbólica, ecologia cultural e estruturalismo. Nos anos 1970, teorias marxistas como o marxismo estrutural ganharam destaque. Nos anos 1980, houve foco na teoria da prática e na agência humana. Ao longo do texto, a autora analisa os principais pensadores e abordagens teóricas de cada período.
O artigo descreve a evolução da teoria antropológica desde os anos 1960, dividindo-a em períodos. Nos anos 1960 surgiram a antropologia simbólica, ecologia cultural e estruturalismo. Nos anos 1970, teorias marxistas como o marxismo estrutural ganharam destaque. Nos anos 1980, houve foco na teoria da prática e na agência humana. Ao longo do texto, a autora analisa os principais pensadores e abordagens teóricas de cada período.
DOUTORADO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL SEMINÁRIOS AVANÇADOS EM PESQUISA DOUTORAL 1
Aluna: Katianne de Sousa Almeida
Atividade 01: Resenha do Artigo de ORTNER. Sherry B. Teoria na Antropologia desde os Anos 60
ORTNER. Sherry B. Teoria na Antropologia desde os anos 60. Disponível
em: < >. Obtido em 25 de agosto de 2020.
Sherry Ortner é uma mulher branca, antropóloga cultural norte-
americana e professora da UCLA – Universidade da Califórnia em Los Angeles. Ela nasceu em 19 de setembro de 1941 em uma família judia em New Jersey. Estudou antropologia na Universidade de Chicago sob orientação de Clifford Geertz e obteve seu PHD em Antropologia em 1970 por seu trabalho de campo entre os sherpas no Nepal. No início dos anos 1990 Ortner mudou o foco de sua pesquisa para os Estados Unidos. Seu livro mais recente trata da relação entre os filmes de Hollywood e a cultura americana. Ela também publica regularmente nas áreas da teoria cultural e teoria feminista. Quanto ao seu alinhamento teórico ela é defensora da teoria da prática. Ela está preocupada com as restrições dominantes da compreensão cultural dentro das culturas e é subversiva à ideia de cultura como sendo simplesmente reproduzida. Ortner, portanto, se concentra nas questões de resistência e transformação. Quanto ao texto, o início do artigo de Sherry Ortner parece bem sombrio e uma certa apatia pelos rumos do estado “atual” (na época em que escreveu este ensaio, precisamente em 1984) da disciplina Antropologia Social. A autora indicou que não havia, dentro do contexto contemporâneo, grandes categorias de filiação teórica. Sendo assim, considerou que o objetivo do ensaio ocupou-se em indicar as relações entre várias escolas ou abordagens teóricas, tanto durante períodos específicos quanto ao longo do tempo. Logo, o foco está centrado na elucidação das relações. O ensaio apresenta alguns tópicos em que a autora organizou suas ideias para apresentá-las segundo os períodos específicos do desenvolvimento teórico da Antropologia: 1. Os anos 60: símbolos, natureza, estrutura; 1.2. Antropologia simbólica; 1.3. Ecologia cultural; 1.4. Estruturalismo; 2. Os anos 70: Marx; 2.1. Marxismo estrutural; 2.2. Economia política; 3. Entrando nos anos 80: prática 3.1. O que está sendo explicado?; 3.2. O que é prática?; 3.3. O que motiva a ação?; 3.4. A natureza das interações entre a prática e o sistema; 4. Conclusões e perspectivas para o futuro. Importante salientar que os números são apenas uma apresentação didática da resenhista, pois a autora (Sherry Ortner) apenas coloca os tópicos em negrito. O ensaio faz parte da Revista Mana de número 17 e corresponde as páginas 419-466 publicada em 2011 em português. O original foi publicado em 1984. Quanto ao tópico “Anos 60: símbolo, natureza, estrutura é relevante destacar que houve um conjunto importante de revoluções na teoria antropológica que começou no início dos anos 60. Contudo, a revolução só foi possível graças ao kit do bricoleur teórico do final dos anos 50 que consistia de três paradigmas principais – o funcionalismo estrutural britânico, a antropologia cultural e psicocultural norte-americana e a antropologia evolucionista norte-americana. Foi essa combinação de novas ideias e agressividade intelectual que lançou os três movimentos com os quais esta narrativa começa: a antropologia simbólica, a ecologia cultural e o estruturalismo. Ao comentar sobre a antropologia simbólica Ortner apresenta os seus dois maiores expoentes: Clifford Geertz e Victor Turner. Geertz representa uma transformação da antropologia americana anterior, debruçada principalmente sobre as formas de operar da cultura, enquanto Turner representa uma transformação da antropologia britânica anterior, principalmente debruçada sobre as formas de operar da sociedade. Logo, os geertzianos eram preocupados como os símbolos operam como veículos de cultura. Entretanto para Turner os símbolos interessam não como veículos de e janelas analíticas para a cultura, mas como o que pode ser chamado de operadores no processo social, coisas que, quando colocadas juntas em certos arranjos em determinados contextos (especialmente rituais), produzem transformações que são especialmente sociais. Em relação à ecologia cultural o destaque está para a nova perspectiva que trouxe para as abordagens teóricas. Ela desloca a atenção para a relação entre o interior e o exterior; ela entende a troca entre cultura e meio ambiente como a principal fonte de mudança evolutiva. Agora, qual visão prevalecerá não será decidido sobre um pedaço de papel... Mas se a adaptação vence sobre o dinamismo interno, será porque tem certa força intrínseca e óbvia. A adaptação é real, naturalística, ancorada naqueles contextos históricos das culturas que o dinamismo interno ignora. A autora neste tópico faz uma crítica quanto as escolas: antropologia simbólica e ecologia cultural por falta de uma sociologia sistematizada, ou seja, onde estavam os grupos sociais, as relações sociais, as estruturas sociais, as instituições sociais que medeiam tanto os modos em que as pessoas pensam (cultura) quanto as maneiras com que as pessoas experimentam e agem sobre seu ambiente? No próximo tópico “Estruturalismo” a autora informa que foi o único paradigma verdadeiramente novo que se desenvolveu nos anos 60. Inspirado na linguística e na teoria da comunicação e considerando-se influenciado por Marx e Freud, Lévi-Strauss procurou estabelecer a gramática universal da cultura, as maneiras em que são criadas (pelo princípio da oposição binária) as unidades do discurso cultural, e as regras segundo as quais as unidades (os pares de termos em oposição) são dispostas e combinadas para produzir os produtos culturais concretos (mitos, regras de casamento, organização totêmica dos clãs etc.) que os antropólogos registram. Já a antropologia da década de 1970 estava vinculada de forma muito mais óbvia e transparente aos eventos do mundo real. Primeiro veio a contracultura, depois o movimento antiguerra e, em seguia, um pouco mais tarde, o movimento das mulheres. Tudo que fazia parte da ordem existente foi questionado e criticado. Na antropologia, as primeiras crítica tomaram a forma de denúncias sobre as relações históricas entre a antropologia, por um lado, e o colonialismo e o imperialismo, por outro. Os anos 70 foram fortemente influenciados pela teoria marxista, em que havia pelo menos duas escolas marxistas de teoria antropológica distintas: o marxismo estrutural e a economia política. Considero que na página 438 há uma das mensagens mais impactantes do ensaio que diz “ [...] numa quantidade de trabalhos recentes que questionam filosoficamente se é possível conhecermos verdadeiramente o outro – o exemplo principal disso é Orientalismo de Edward Said. A esta posição só podemos responder: tentem. O esforço é tão importante como o resultado, tanto para nossas teorias como para nossas práticas. A tentativa de ver outros sistemas com os pés no mesmo chão dos nativos é a base, talvez a única base, da contribuição propriamente antropológica para as ciências sociais. É essa nossa capacidade, sobretudo desenvolvida no trabalho de campo, de adotar a perspectiva do povo em terra firme que nos permite aprender qualquer coisa – mesmo na nossa própria cultura – para além do que nós já sabemos (de fato, enquanto um número crescente de antropólogos está fazendo trabalho de campo nas culturas ocidentais, inclusive nos Estados Unidos, a importância de manter a capacidade de perceber a alteridade, mesmo aqui perto, está cada vez mais clara). É essa nossa localização “no chão” que nos permite ver as pessoas não simplesmente como reprodutores e reagentes passivos a um “sistema”, mas como agentes ativos e sujeitos da sua própria história (págs. 438-439). Ao comentar sobre a antropologia da prática que didaticamente se refere aos anos 1980 ela comenta que tem havido um crescente interesse em análises centradas em algum termo de um grupo de termos inter- relacionados, a saber: prática, práxis, ação, interação, atividade, experiência, performance. Um segundo grupo de termos, muito próximos àqueles, coloca o enfoque sobre quem realiza as ações: agente, ator, pessoa, self, indivíduo, sujeito. A moderna teoria da prática busca explicar os vínculos estabelecidos entre a ação humana, por um lado, e alguma entidade global que poderíamos chamar de “o sistema”, por outro. O ponto é que os antropólogos da prática pressupõem que a sociedade e a história não são simplesmente uma soma de respostas ad hoc e de adaptações a estímulos particulares, mas que são governados por esquemas organizacionais e avaliativos. São estes (incorporados, é claro, às formas institucionais, simbólicas e materiais) que constituem o sistema. O estudo da prática, afinal de contas, é o estudo de todas as formas de ação humana, porém de um ponto de vista particular – um ponto de vista político. Em resumo a autora alia-se a Peter Berger e Thomas Luckmann quando eles dizem “a sociedade é um produto humano. A sociedade é uma realidade objetiva. O homem é um produto social”. A maioria das antropologias precedentes tem enfatizado o segundo componente desse conjunto: a sociedade (ou a cultura) foi vista como uma realidade objetiva de uma forma ou de outra, com sua própria dinâmica em boa parte divorciada da agência humana. Os antropólogos culturais e psicoculturais norte- americanos, além disso, enfatizaram o terceiro componente, as maneiras com que a sociedade e a cultura dão forma à personalidade, à consciência, aos modos de ver e sentir. Mas até pouco tempo atrás, poucos esforços haviam se dedicado a entender como a sociedade e a cultura, elas mesmas, são produzidas e reproduzidas pela intenção e a ação humanas. É em torno desta questão, a meu ver, que a antropologia dos anos 80 começa a tomar forma, enquanto, ao mesmo tempo, mantém – idealmente – um sentido das verdades das duas outras perspectivas. Desta forma, a prática é o símbolo- chave da antropologia dos anos 80, unificando estudos históricos e antropológicos.