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METODOLÓGICA
Resumo
Diante da necessidade educacional e da importância da escola, como principal
instituição que promove o ensino da leitura e do trabalho com a linguagem, é
fundamental que haja uma mudança metodológica no ensino de leitura, que vise a
suprimir as deficiências e que contribua para a formação de um leitor que além de
compreender o texto possa interagir a partir dele no mundo em que está inserido.
Dessa forma, a leitura aqui proposta é aquela que atribui sentido ao texto e que
seja instrumento de transformação social, principalmente porque os textos
trabalhados serão os literários, uma vez que a Literatura é arte e proporciona a
apreensão do real, de conhecimento de si mesmo e do papel que se tem a
desempenhar em determinado contexto histórico e social. Pressupõe–se, assim,
que os alunos que têm o acesso à arte, têm um ganho qualitativo na visão crítica,
no relacionamento com o mundo e, consequentemente, terão um melhor
desempenho escolar. Nessa perspectiva, pretende–se através de uma pesquisa
participativa, investigar o acesso à leitura literária no Ensino Médio, que sem
abandonar o aspecto historicizante, não se prende a ele. Para tanto, a postura
epistemológica do professor é crucial no desenvolvimento e aplicação das
metodologias, pois além de considerar a escolarização, a profissionalização e as
estratégias que contribuam para a educação do gosto literário, também se coloca
como aprendiz, já que avalia os procedimentos e reelabora a sua própria ação,
teorizando a partir dela.
Palavras-chave:
Leitura , Literatura, Metodologia.
Abstract: Before the educational need and the importance of the school as the
main institution that promotes the teaching of the reading and a work with the
language, it is fundamental that there is a methodological change in the teaching of
the reading which attempts to suppress the deficiencies and contributes to a reader
formation who besides being able to understand the text, can interact through it
with the world in which is included. In that manner, the reading proposed here is
the one which attributes meaning to the text and it is an instrument of social
change mainly because the texts studied by the students will be the literary ones,
as long as Literature is arts and this one gives them the understanding of the
reality, the knowledge of themselves and of the roles they may have to perform in
a determined historical and social context. Assuming therefore, that the students
who have access to the arts make a qualitative gain in the critical perception, in
their relationship with the world and consequently, they will have a better learning
performance. Attempting to research through a participative study, in this
perspective, to examine the access to the literary reading in High School, even
though not giving up the historicized aspect, this study does not become attached
to it. Thereby the teacher epistemological stance is crucial to the development and
the performance of the methodologies because besides considering the schooling,
the professionalization and the strategies that may contribute to an education of
the literary taste, this teacher also places himself/herself as a learner since he/she
evaluates the procedures and re-examines his/her own action by theorizing from it.
Introdução:
Para Hérbrad, o livro passou a exercer um certo poder nas políticas educacionais,
apenas o acesso a ele poderia romper com a ignorância dos quadros sociais,
desconsiderando que tanto a leitura quanto a escrita não podem ser objetos de um
procedimento espontâneo de aquisição, ou seja, o simples contato com o escrito e
a observação das leituras não são suficientes para apreendê-la, revelando-se como
um ato neutro, natural, instrumental e não como práticas sociais instituídas.
É nesta perspectiva que Britto (2003) discorre sobre a visão mitificadora da leitura,
presente no discurso corrente na escola. O mito ocorre, principalmente pela
inculcação da ideologia salvacionista da leitura capaz de levar o indivíduo a
ascender-se profissionalmente ou tornar-se mais solidário ou cidadão.
Esta concepção de leitura tem fundamento no ato de ler como hábito que se
adquire no consumo de informações pelo livro ou na aula, não considerando que a
leitura exige trabalho de reflexão diante do texto, em que o indivíduo precisa
assumir-se como co-autor da obra lida, fazendo intervenções, dialogando com o
texto a partir das suas representações de mundo, bem como considerando àquelas
que o texto traz consigo, como os interesses e compromissos dos agentes
produtores de textos.
Outro aspecto relevante abordado por Britto (2003) é a pedagogia do gosto pela
leitura que muito tem haver com a questão do entretenimento, da diversão
semelhante à cultura de massa, a linguagem é colada na oralidade e o
conhecimento reproduz o cotidiano, de senso comum, diferentemente da leitura
que exige do sujeito uma ruptura e desligamento do real, esforço e habilidades
específicas para a compreensão de um texto de forma crítica e autônoma, sem
tomar o texto como verdade absoluta.
Dessa forma a leitura aqui proposta é aquela que não visa somente a atender o
sistema vigente, aprender a ler e a escrever para ser útil ao mercado, conforme
analisa Osakabe (1983): "alfabetiza-se o indivíduo para que seja mais produtivo ao
sistema: por exemplo, para que leia e compreenda instruções escritas no trabalho,
para que leia e compreenda ordens e mandamentos que zelam a todo canto para a
manutenção da ordem. Para, além disso, a alfabetização não parece necessária: a
manipulação ativa da escrita (o ato de escrever, por exemplo) se faz dispensável
pela imposição das fórmulas já prontas, por modelos estabelecidos e consagrados
em manuais de ampla difusão (...) O que significa, em outros termos, que este (o
indivíduo) se põe em contato com um universo fechado, orgânico e coeso, que se
impõe como real o que desenraiza de seu lugar histórico e homogeneíza. Mais do
que isso, tranqüiliza-o"; mas que para além disso, através da aquisição deste
processo sejam sujeitos pensantes, indaguem sobre a condição humana e lutem
para a transformação do meio em que estão inseridos.
BIBLIOGRAFIA:
CHARTIER, Roger (org.). Práticas da leitura. São Paulo: Estação Liberdade, 2001.