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COM CARINHO,
O PRÍNCIPE SAPO
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Há muito tempo, quando os desejos funcionavam, vivia um rei que tinha filhas muito belas.
A mais jovem era tão linda que o sol, que já viu muito, ficava atônito sempre que iluminava seu rosto.
Perto do castelo do rei havia um bosque grande e escuro no qual havia um lagoa sob uma
velha árvore. Quando o dia era quente, a princesinha ia ao bosque e se sentava junto à fonte.
Quando se aborrecia, pegava sua bola de ouro, a jogava alto e recolhia. Essa bola era seu brinquedo
favorito. Porém, aconteceu que uma das vezes que a princesa jogou a bola, esta não caiu em sua mão, mas
sim no solo, rodando e caindo direto na água. A princesa viu como ia desaparecendo na
lagoa, que era profunda, tanto que não se via o fundo. Então, começou a chorar, mais e mais forte, e não se
consolava e tanto se lamenta, que alguém lhe diz:
— Que te aflige, princesa? Choras tanto que até as pedras sentiriam pena.
Olhou o lugar de onde vinha a voz e viu um sapo colocando sua enorme e feia cabeça fora
d’água.
— Ah, és tu, sapo - disse - Estou chorando por minha bola de ouro que caiu na lagoa.
— Calma, não chores -disse o sapo – Posso ajudar-te, porém, que me darás se te devolver a
bola?
— O que quiseres, querido sapo - disse ela - Minhas roupas, minhas pérolas, minhas jóias, a
coroa de ouro que levo.
O sapo disse:
— Não me interessam tuas roupas, tuas pérolas nem tuas jóias, nem a coroa. Porém, me
prometes deixar-me ser teu companheiro e brincar contigo, sentar a teu lado na mesa, comer em teu pratinho
de ouro, beber de teu copinho e dormir em tua cama ? Se me prometes isto, eu descerei e
trarei tua bola de ouro.
— Oh, sim- disse ela - Te prometo tudo o que quiseres, porém, devolve minha bola – mas
pensou- Fala como um tolo. Tudo o que faz é sentar-se na água com outros sapos e coachar. Não
pode ser companheiro de um ser humano.
O sapo, uma vez recebida a promessa, meteu a cabeça na água e mergulhou. Pouco depois,
voltou nadando com a bola na boca, e a lançou na grama. A princesinha estava encantada de ver seu precioso
brinquedo outra vez, colheu-a e saiu correndo com ela.
— Espera, espera - disse o sapo – Leva-me. Não posso correr tanto como tu !
Mas, de nada serviu coachar atrás dela tão forte quanto pôde. Ela não o escutou e correu
para casa, esquecendo o pobre sapo, que se viu obrigado a voltar à lagoa outra vez.
No dia seguinte, quando ela sentou à mesa com o rei e toda a corte, estava comendo em seu
pratinho de ouro e algo veio arrastando-se, splash, splish splash pela escada de mármore. Quando chegou ao
alto, chamou à porta e gritou:
— Princesa, jovem princesa, abre a porta.
Ela correu para ver quem estava lá fora. Quando abriu a porta, o sapo sentou-se diante dela e
a princesa bateu a porta. Com pressa, tornou a sentar, mas estava muito assustada. O rei se deu
conta de que seu coração batia violentamente e disse: - Minha filha, por que estás assustada? Há um gigante
aí fora que te quer levar?
— Ah, não, respondeu ela - não é um gigante, senão um sapo.
— O que quer o sapo de ti?
— Ah, querido pai, estava jogando no bosque, junto à lagoa, quando minha bola de ouro
caiu na água. Como gritei muito, o sapo a devolveu, e porque insistiu muito, prometi-lhe que seria meu
companheiro, porém, nunca pensei que seria capaz de sair da água.
Entretanto, o sapo chamou à porta outra vez e gritou:
— Princesa, jovem princesa, abre a porta. Não lembras que me disseste na lagoa?
Princesa, jovem princesa, abre a porta.
Então o rei disse:
— Aquilo que prometeste, deves cumprir. Deixa-o entrar.
Ela abriu a porta, o sapo saltou e a seguiu até sua cadeira. Sentou-se e gritou:
— Sobe-me contigo.
Ela o ignorou até que o rei lhe ordenou. Uma vez que o sapo estava na cadeira, quis sentar-
se à mesa. Quando subiu, disse:
— Aproxima teu pratinho de ouro porque devemos comer juntos.
Ela o fez, porém se via que não de boa vontade. O sapo aproveitou para comer, porém, ela
enjoava a cada bocado. Em seguida, disse o sapo:
— Como eu estou satisfeito, mas estou cansado. Leva-me ao quarto, prepara tua caminha de
seda e nós dois vamos dormir.
A princesa começou a chorar porque não gostava da idéia de que o sapo ia dormir na sua
preciosa e limpa caminha. Porém, o rei se aborreceu e disse:
— Não devias desprezar àquele que te ajudou quando tinhas problemas.
Assim, ela pegou o sapo com dois dedos e o levou para cima e a deixou num canto. Porém,
quando estava na cama o sapo se arrastou até ela e disse:
— Estou cansado, eu também quero dormir, sobe-me senão conto a teu pai.
A princesa ficou então muito aborrecida. Pegou o sapo e o jogou contra a parede.
— Cale-se, bicho odioso – disse ela. Porém, quando caiu ao chão não era um sapo, e sim um
príncipe com preciosos olhos. Por desejo de seu pai, ele era seu companheiro e marido. Ele contou
como havia sido encantado por uma bruxa malvada e que ninguém poderia livrá-lo do feitiço exceto ela.
Também disse que, no dia seguinte, iriam todos juntos ao seu reino.
Se foram dormir e na manhã seguinte, quando o sol os despertou, chegou uma carruagem
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puxada por oito cavalos brancos com plumas de avestruz na cabeça. Estavam enfeitados com
correntes de ouro. Atrás, estava o jovem escudeiro do rei, Henrique. Henrique havia sido tão
desgraçado quando seu senhor foi convertido em sapo que colocou três faixas de ferro rodeando seu coração,
para se acaso estalasse de pesar e tristeza.
A carruagem ia levar o jovem rei a seu reino. Henrique os ajudou a entrar e subiu atrás de novo, cheio
de alegria pela libertação, e quando já chegavam a fazer uma parte do caminho, o filho do rei escutou um
ruído atrás de si como se algo tivesse quebrado. Assim, deu a volta e gritou:
— Henrique, o carro está se rompendo.
— Não amo, não é o carro. É uma faixa de meu coração, a coloquei por causa da minha
grande dor quando eras sapo e prisioneiro do feitiço.
Duas vezes mais, enquanto estavam no caminho, algo fez ruído e cada vez o filho do rei
pensou que o carro estava rompendo, porém , eram apenas as faixas que estavam se desprendendo
do coração de Henrique porque seu senhor estava livre e era feliz.
Irmãos Grim
“Era uma vez uma cabra que tinha sete cabritinhos. Ela os amava com todo o amor que as
mães sentem por seus filhinhos. Um dia, ela teve que ir à floresta em busca de alimento. Então,
chamou os cabritinhos e lhes disse”:
— Queridos filhinhos, preciso ir à floresta. Tenham muito cuidado por causa do lobo. Se ele
entrar aqui, vai devorá-los todos. É seu costume disfarçar-se, mas vocês o reconhecerão pela sua
voz rouca e por suas patas pretas.
Os cabritinhos responderam:
— Querida mãezinha, pode ir descansada, pois teremos muito cuidado.
A cabra saiu e foi andando despreocupada. Não se passou muito tempo e alguém bateu à
porta dizendo:
— Abram a porta, queridos filhinhos. A mamãe está aqui e trouxe uma coisa para cada um
de vocês.
Os cabritinhos perceberam logo que era o lobo, por causa de sua voz rouca, e responderam:
— Não abriremos a porta, não! Você não é nossa mãezinha. Ela tem uma voz macia e
agradável. A sua é rouca. Você é o lobo!
O lobo, então, foi a uma loja, comprou uma porção de giz e os comeu para amaciar a voz.
Voltou à casa dos cabritinhos, bateu à porta, e disse:
— Abram a porta, meus filhinhos. A mamãe já voltou e trouxe um presente para cada um de
vocês.
Mas , o lobo tinha posto as patas na janela e os cabritinhos responderam:
— Não abriremos a porta, não! Nossa mãe não tem patas pretas como as suas. Você é o
lobo.
O lobo foi à padaria e disse ao padeiro:
— Tenho as patas feridas. Preciso esfregá-las em um pouco de farinha. O padeiro pensou
consigo mesmo: "O lobo está querendo enganar alguém". E recusou-se a fazer o que ele pedia. O
lobo, porém, ameaçou devorá-lo e o padeiro, com medo, esfregou-lhe bastante farinha nas patas.
Pela terceira vez, foi o lobo bater à porta dos cabritinhos:
— Meus filhinhos, abram a porta. A mãezinha já está aqui, de volta da floresta, e trouxe uma
coisa para cada um de vocês.
Os cabritinhos disseram:
— Primeiro, mostre-nos suas patas, para vermos se você é mesmo nossa mãezinha.
O lobo pôs as patas na janela e, quando eles viram que eram brancas, acreditaram e abriram
a porta.
Mas, que surpresa!!! Ficaram apavorados quando viram o lobo entrar.
Procuraram esconder-se depressa. Um entrou debaixo da mesa; outro se meteu na cama; o
terceiro entrou no fogão; o quarto escondeu-se na cozinha; o quinto, dentro do guarda-louça; o
sexto, embaixo de uma tina, e o sétimo, na caixa do relógio. O lobo os foi achando e comendo, um a
um. Só escapou o mais moço, que estava na caixa do relógio.
Quando satisfez o seu apetite, saiu e, mais adiante, deitou-se num gramado. Daí a pouco,
pegou no sono. Momentos depois, a cabra voltou da floresta. Que tristeza a esperava! A porta
estava escancarada. A mesa, as cadeiras e os bancos, jogados pelo chão. As cobertas e os
travesseiros, fora das camas. Ela procurou os filhinhos, mas não os achou. Chamou-os pelos nomes, mas não
responderam. Afinal, quando chamou o mais moço, uma vozinha muito sumida respondeu:
— Mãezinha querida, estou aqui, no relógio.
Ela o tirou de lá, e ele lhe contou tudo o que havia acontecido. A pobre cabra chorou ao
pensar no triste fim de seus filhinhos!!! Alguns minutos depois, ela saiu e foi andando tristemente
pela redondeza. O cabritinho acompanhou-a. Quando chegaram ao gramado, viram o lobo
dormindo, debaixo de uma árvore. Ele roncava tanto que os galhos da árvore balançavam. A cabra reparou
que alguma coisa se movia dentro da barriga do lobo.
— Oh! Será possível que meus filhinhos ainda estejam vivos, dentro da barriga do lobo?
pensou ela falando alto.
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Então, o cabritinho correu até sua casa e trouxe uma tesoura, agulha e linha. Mal a cabra fez
um corte na barriga do lobo malvado, um cabritinho pôs a cabeça de fora. Ela cortou mais um
pouco e os seis saltaram, um a um. Como ficaram contentes!!! Cada qual queria abraçar mais a
mamãe. Ela também estava radiante, contudo, precisava acabar a operação antes que o lobo
acordasse. Mandou que os cabritos procurassem umas pedras bem grandes. Quando eles as
trouxeram, ela as colocou dentro da barriga do bicho e coseu-a rapidamente. Daí a momentos, o
lobo acordou. Como sentisse muita sede, levantou-se para beber água no poço. Quando começou a
andar, as pedras bateram, umas de encontro às outras, fazendo um barulho esquisito. O lobo pôs-se a pensar:
"Estavam bem gostosinhos
Os cabritos que comi.
Mas depois, que coisa estranha!
Que enorme peso senti!”
Quando chegou ao poço e se debruçou para beber água, com o peso das pedras, caiu lá
dentro e morreu afogado. Os cabritinhos, ao saberem da boa notícia, correram e foram dançar, junto ao poço,
cantando, todos ao mesmo tempo”:
"Podemos viver,
Sem ter mais cuidado.
O lobo malvado morreu,
No poço afogado”
Irmãos Grimm
"Era uma vez um rei, tão exageradamente amigo de roupas novas, que
nelas gastava todo o seu dinheiro. Ele não se preocupava com seus soldados,
com o teatro ou com os passeios pela floresta, a não ser para exibir roupas
novas. Para cada hora do dia, tinha uma roupa diferente. Em vez de o povo
dizer, como de costume, com relação a outro rei:” Ele está em seu gabinete de
trabalho “, dizia” Ele está no seu quarto de vestir”.
A vida era muito divertida na cidade onde ele vivia. Um dia, chegaram hóspedes
estrangeiros ao palácio. Entre eles, havia dois trapaceiros. Apresentaram-se como tecelões e
gabavam-se de fabricar os mais lindos tecidos do mundo. Não só os padrões e as cores eram fora do comum,
como, também as fazendas tinham a especialidade de parecer invisível às pessoas
destituídas de inteligência, ou àquelas que não estavam aptas para os cargos que ocupavam.
"Essas fazendas devem ser esplêndidas, pensou o rei. Usando-as, poderei descobrir quais os
homens, no meu reino, que não estão em condições de ocupar seus postos, e poderei substituí-los
pelos mais capazes... Ordenarei, então, que fabriquem certa quantidade deste tecido para mim”.
Pagou aos dois tecelões uma grande quantia, adiantadamente, para que logo começassem a
trabalhar. Eles trouxeram dois teares nos quais fingiu tecer, mas nada havia em suas lançadeiras. Exigiram
que lhes fosse dada uma porção da mais cara linha de seda e ouro, que puseram
imediatamente em suas bolsas, enquanto fingia trabalhar nos teares vazios.
— Eu gostaria de saber como vai indo o trabalho dos tecelões, pensou o rei. Entretanto,
sentiu-se um pouco embaraçado ao pensar que quem fosse estúpido, ou não tivesse capacidade para ocupar
seu posto, não seria capaz de ver o tecido. Ele não tinha propriamente dúvidas a seu respeito,
mas achou melhor mandar alguém primeiro, para ver o andamento do trabalho.
Todos na cidade conheciam o maravilhoso poder do tecido e cada qual estava mais ansioso
para saber quão estúpido era o seu vizinho.
— Mandarei meu velho ministro observar o trabalho dos tecelões. Ele, melhor do que
ninguém, poderá ver o tecido, pois é um homem inteligente e que desempenha suas funções com o
máximo da perfeição, resolveu o rei.
Assim sendo, mandou o velho ministro ao quarto onde os dois embusteiros simulavam trabalhar nos
teares vazios.
— "Deus nos acuda!" Pensou o velho ministro, abrindo bem os olhos. "Não consigo ver
nada!”.
Não obstante, teve o cuidado de não declarar isso em voz alta. Os tecelões o convidaram para
aproximar-se a fim de verificar se o tecido estava ficando bonito e apontavam para os teares. O
pobre homem fixou a vista o mais que pôde, mas não conseguiu ver coisa alguma.
— "Céus , pensou ele. Será possível que eu seja um tolo? Se é assim, ninguém deverá sabêlo
e não direi a quem quer que seja que não vi o tecido”.
— O senhor nada disse sobre a fazenda, queixou-se um dos tecelões.
— Oh, é muito bonita. É encantadora!!! Respondeu o ministro, olhando através de seus
óculos. O padrão é lindo e as cores estão muito bem combinadas. Direi ao rei que me agradou
muito.
— Estamos encantados com a sua opinião, responderam os dois ao mesmo tempo e
descreveram as cores e o padrão especial da fazenda. O velho ministro prestou muita atenção a tudo o que
diziam, para poder reproduzi-lo diante do rei.
Os embusteiros pediram mais dinheiro, mais seda e ouro para prosseguir o trabalho.
Puseram tudo em suas bolsas. Nem um fiapo foi posto nos teares, e continuaram fingindo que
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teciam. Algum tempo depois, o rei enviou outro fiel oficial para olhar o andamento do trabalho e
saber se ficaria pronto em breve. A mesma coisa lhe aconteceu: olhou, tornou a olhar, mas só via os teares
vazios.
— Não é lindo o tecido? Indagaram os tecelões, e deram-lhe as mais variadas explicações
sobre o padrão e as cores.
"Eu penso que não sou um tolo, refletiu o homem. Se assim fosse, eu não estaria à altura do
cargo que ocupo. Que coisa estranha!!!...” Pôs-se então a elogiar as cores e o desenho do tecido e,
depois, disse ao rei: "É uma verdadeira maravilha!!!”.
Todos na cidade não falavam noutra coisa senão nessa esplendida fazenda, de modo que o
rei, muito curioso, resolveu vê-la, enquanto ainda estava nos teares. Acompanhado por um grupo de
cortesões, entre os quais se achavam os dois que já tinham ido ver o imaginário tecido, foi ele
visitar os dois astuciosos impostores. Eles estavam trabalhando mais do que nunca, nos teares
vazios.
— É magnífico! Disseram os dois altos funcionários do rei. Veja Majestade, que delicadeza
de desenho! Que combinação de cores! Apontavam para os teares vazios com receio de que os
outros não estivessem vendo o tecido.
O rei, que nada via, horrorizado pensou: "Serei eu um tolo e não estarei em condições de ser
rei? Nada pior do que isso poderia acontecer-me!" Então, bem alto, declarou:
— Que beleza! Realmente merece minha aprovação!!! Por nada neste mundo ele confessaria
que não tinha visto coisa nenhuma. Todos aqueles que o acompanhavam também não conseguiram
ver a fazenda, mas exclamaram a uma só voz:
— Deslumbrante!!! Magnífico!!!
Aconselharam eles ao rei que usasse a nova roupa, feita daquele tecido, por ocasião de um
desfile, que se ia realizar daí a alguns dias. O rei concedeu a cada um dos tecelões uma
condecoração de cavaleiro, para ser usada na lapela, com o título "cavaleiro tecelão". Na noite que precedeu o
desfile, os embusteiros fizeram serão. Queimaram dezesseis velas para que todos vissem
o quanto estava trabalhando, para aprontar a roupa. Fingiu tirar o tecido dos teares, cortaram a
roupa no ar, com um par de tesouras enormes e coseram-na com agulhas sem linha. Afinal,
disseram:
— Agora, a roupa do rei está pronta.
Sua Majestade, acompanhado dos cortesões, veio vestir a nova roupa. Os tecelões fingiam
segurar alguma coisa e diziam: "aqui está a calça, aqui está o casaco, e aqui o manto. Estão leves
como uma teia de aranha. Pode parecer a alguém que não há nada cobrindo a pessoa, mas aí é que
está a beleza da fazenda".
— Sim! Concordaram todos, embora nada estivessem vendo.
- Poderia Vossa Majestade tirar a roupa? Propuseram os embusteiros. Assim poderíamos vestir-lhe
a nova, aqui, em frente ao espelho. O rei fez-lhes a vontade e eles fingiram vestir-lhe peça por peça.
Sua majestade virava-se para lá e para cá, olhando-se no espelho e vendo sempre a mesma imagem,
de seu corpo nu.
— Como lhe assentou bem o novo traje! Que lindas cores! Que bonito desenho! Diziam
todos com medo de perderem seus postos se admitissem que não viam nada. O mestre de
cerimônias anunciou:
— A carruagem está esperando à porta, para conduzir Sua Majestade, durante o desfile.
— Estou quase pronto, respondeu ele.
Mais uma vez, virou-se em frente ao espelho, numa atitude de quem está mesmo apreciando
alguma coisa.
Os camareiros que iam segurar a cauda inclinaram-se, como se fossem levantá-la do chão e
foram caminhando, com as mãos no ar, sem dar a perceber que não estavam vendo roupa alguma. O
rei caminhou à frente da carruagem, durante o desfile. O povo, nas calçadas e nas janelas, não
querendo passar por tolo, exclamava:
— Que linda é a nova roupa do rei! Que belo manto! Que perfeição de tecido!
Nenhuma roupa do rei obtivera antes tamanho sucesso!
Porém, uma criança que estava entre a multidão, em sua imensa inocência, achou aquilo
tudo muito estranho e gritou:
— Coitado!!! Ele está completamente nu!! O rei está nu!!
O povo, então, enchendo-se de coragem, começou a gritar:
— Ele está nu! Ele está nu!
O rei, ao ouvir esses comentários, ficou furioso por estar representando um papel tão
ridículo! O desfile, entretanto, devia prosseguir, de modo que se manteve imperturbável e os
camareiros continuaram a segurar-lhe a cauda invisível. Depois que tudo terminou, ele voltou ao
palácio, de onde envergonhado, nunca mais pretendia sair. Somente depois de muito tempo, com o
carinho e afeto demonstrado por seus cortesões e por todo o povo, também envergonhados por se deixarem
enganar pelos falsos tecelões, e que clamavam pela volta do rei, é que ele resolveu se mostrar em breves
aparições... Mas nunca mais se deixou levar pela vaidade e perdeu para sempre a mania de trocar de roupas a
todo o momento.
Quanto aos dois supostos tecelões, desapareceram misteriosamente, levando o dinheiro e os fios de
seda e ouro. Mas, depois de algum tempo, chegou a notícia na corte, de que eles haviam
tentado fazer o mesmo golpe em outro reino e haviam sido desmascarados, e agora cumpriam uma
longa pena na prisão.
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Hans Christian Andersen
Que frio tão atroz! Caía a neve, e a noite vinha por cima. Era dia de
Natal. No meio do frio e da escuridão, uma pobre menina passou pela rua
com a cabeça e os pés descobertos.
É verdade que tinha sapatos quando saiu de casa; mas não lhe serviram por muito tempo.
Eram uns tênis enormes que sua mãe já havia usado: tão grandes, que a menina os perdeu quando
atravessou a rua correndo, para que as carruagens que iam em direções opostas não lhe
atropelassem.
A menina caminhava, pois, com os pezinhos descalços, que estavam vermelhos e azuis de
frio, levava no avental algumas dúzias de caixas de fósforos e tinha na mão uma delas como
amostra. Era um péssimo dia: nenhum comprador havia aparecido, e, por conseqüência, a menina
não havia ganho nem um centavo. Tinha muita fome, muito frio e um aspecto miserável. Pobre
menina! Os flocos de neve caíam sobre seus longos cabelos loiros, que caíam em lindos caracóis
sobre o pescoço; porém, não pensava nos seus cabelos. Via a agitação das luzes através da janela;
sentia-se o cheiro dos assados por todas as partes.
Era dia de Natal, e nesta festa pensava a infeliz menina.
Sentou-se em uma pracinha e se acomodou em um cantinho entre duas casas. O frio se
Apoderava dela e inchava seus membros; mas não se atrevia a aparecer em sua casa; voltava com
todos os fósforos e sem nenhuma moeda. Sua madrasta a maltrataria, e, além disso, na sua casa também
fazia muito frio. Viviam debaixo do telhado, a casa não tinha teto, e o vento ali soprava
com fúria, mesmo que as aberturas maiores haviam sido cobertas com palha e trapos velhos. Suas
mãozinhas estavam quase duras de frio. Ah! Quanto prazer lhe causaria esquentar-se com um
fósforo! Se ela se atrevesse a tirar só um da caixa, riscaria na parede e aqueceria os dedos! Tirou
um! Rich! Como iluminava e como esquentava! Tinha uma chama clara e quente, como de uma
velinha, quando a rodeou com sua mão. Que luz tão bonita! A menina acreditava que estava sentada em uma
chaminé de ferro, enfeitada com bolas e coberta com uma capa de latão reluzente. Luzia o fogo ali de uma
forma tão linda! Esquentava tão bem!
Mas, tudo acaba no mundo. A menina estendeu seus pezinhos para esquentá-los também,
mas a chama se apagou: não havia nada mais em sua mão além de um pedacinho de fósforo. Riscou
outro, que acendeu e brilhou como o primeiro; e ali onde a luz caiu sobre a parede, fez-se tão
transparente como uma gaze. A menina imaginou ver um salão, onde a mesa estava coberta por uma
toalha branca resplandecente com finas porcelanas, e sobre a qual um peru assado e recheado de trufas
exalava um cheiro delicioso. Oh surpresa! Oh felicidade! Logo teve a ilusão de que a ave
saltava de seu prato para o chão, com o garfo e a faca cravados no peito, e rodava até chegar a seus
pezinhos. Mas, o segundo fósforo apagou-se, e ela não viu diante de si nada mais que a parede
impenetrável e fria.
Acendeu um novo fósforo. Acreditou, então, que estava sentada perto de um magnífico
nascimento: era mais bonito e maior que todos os que havia visto aqueles dias nas vitrines dos mais
ricos comércios. Mil luzes ardiam nas arvorezinhas; os pastores e pastoras pareciam começar a
sorrir para a menina. Esta, embelezada, levantou então as duas mãos, e o fósforo se apagou. Todas as luzes
do nascimento se foram, e ela compreendeu, então, que não eram nada além de estrelas.
Uma delas passou traçando uma linha de fogo no céu.
— Isto quer dizer que alguém morreu - pensou a menina; porque sua vovozinha, que era
única que havia sido boa com ela, mas que já não estava viva, havia lhe dito muitas vezes: "Quando
cai uma estrela, é que uma alma sobe para o trono de Deus".
A menina ainda riscou outro fósforo na parede, e imaginou ver uma grande luz, no meio da qual
estava sua avó em pé, e com um aspecto sublime e radiante.
— Vovozinha! - gritou a menina. - Leve-me com você! Quando o fósforo se apagar, eu sei
bem que não lhe verei mais! Você desaparecerá como a chaminé de ferro, como o peru assado e
como o formoso nascimento!
Depois se atreveu a riscar o resto da caixa, porque queria conservar a ilusão de que via sua
avó, e os fósforos lhe abriram uma claridade vivíssima. Nunca a avó lhe havia parecido tão grande
nem tão bonita. Pegou a menina nos braços e as duas subiram no meio da luz até um lugar tão alto,
que ali não fazia frio, nem se sentia fome, nem tristeza: até o trono de Deus.
Quando raiou o dia seguinte, a menina continuava sentada entre as duas casas,com as
bochechas vermelhas e um sorriso nos lábios. Morta, morta de frio na noite de Natal! O sol
iluminou aquele terno ser, sentado ali com as caixas de fósforos, das quais uma havia sido riscada
por completo.
— Queria esquentar-se, a pobrezinha! - disse alguém. Mas , ninguém podia saber as coisas
lindas que havia visto, nem em meio de que esplendor havia entrado com sua idosa avó no reino dos
céus.
O pastor e o lobo
Um pastor de ovelhas achava a vida muito monótona. Por isso, inventava de tudo para se distrair. A sua diversão
favorita era fingir que estava em apuros.
- Um lobo! Socorro! Socorro! - costumava gritar aos quatro ventos.
Quando as pessoas do povoado vinham em seu socorro, encontravam-no perfeitamente seguro, rindo a valer.
Um dia apareceu um lobo de verdade na frente do pastor. Desesperado, ele começou a gritar como sempre fazia:
- Um lobo! Socorro! Socorro!
Desta vez ninguém veio socorrê-lo, e o pastor teve de se esconder em cima de uma moita de espinhos, enquanto o
lobo devorava todas as suas ovelhas.
sapo e o boi
O sapo coaxava no brejo quando viu um boi se aproximar do rio para beber água.
Cheio de inveja, ele disse para os amigos:
-Querem ver como eu fico do tamanho desse animal?
- Impossível! - respondeu o pato.
- Absurdo! - comentou a coruja.
- Esqueça! - disse a garça.
Então, para espanto de todos, o sapo estufou a barriga e aumentou de tamanho.
- Viram só? Eu não disse que conseguiria? - gabou-se o sapo.
- Pois fique sabendo que você não conseguiu alcançar nem as patas dele! - comentou a garça.
Inconformado, o sapo continuou a estufar.
- E agora, já estou do tamanho dele? - perguntou novamente.
- Só se for do tamanho de um bezerro - respondeu o pato. - E é bom você parar com isso antes que se machuque.
- Só vou parar quando ficar maior do que o boi! Sem dar ouvidos aos amigos, o sapo estufou tanto que explodiu como
um balão de gás.
- É nisso que dá não se conformar com o que se é... - disse a coruja, que não pensava em outra coisa a não ser
continuar sendo ela mesma.
Há muito tempo, em uma fazenda, um gato, ótimo caçador de ratos, andava fazendo um
grande estrago entre a rataria. Caçava tantos ratos que os sobreviventes estavam quase morrendo de
Como o problema havia atingido grandes proporções, os ratos resolveram marcar uma
assembléia para tentar encontrar uma saída.
Esperaram uma noite em que o gato dormiu profundamente no topo da chaminé e reuniram-se
no celeiro. A apreensão era grande, todos estavam nervosos, mas um rato teve uma idéia e falou:
A CIGARRA E A FORMIGA
A CIGARRA PASSOU TODO O VERÃO CANTANDO, ENQUANTO A FORMIGA JUNTAVA SEUS GRÃOS.
QUANDO CHEGOU O INVERNO, A CIGARRA VEIO À CASA DA FORMIGA PARA PEDIR QUE LHE DESSE O QUE
COMER.
E A FORMIGA RESPONDEU:
- MUITO BEM, POIS AGORA DANCE!
(Fábula de Esopo)
O CORVO E O PAVÃO
O pavão, de roda aberta em forma de leque, dizia com desprezo ao corvo:
_ Repare como sou belo! Que cauda, hein? Que cores, que maravilhosa plumagem! Sou das aves a mais
formosa, a mais perfeita, não?
_ Não há dúvida que você é um belo bicho _ disse o corvo.Mas, perfeito? Alto lá!
_ Quem quer criticar-me! Um bicho preto, capenga, desengonçado e, além disso, ave de mau agouro... Que
falha você vê em mim, ó tição de penas?
O corvo respondeu:
_ Noto que para abater o orgulho dos pavões a natureza lhes deu um par de patas que, faça-me o favor,
envergonharia até a um pobre diabo como eu....
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O pavão, que nunca tinha reparado nos próprios pés, abaixou-se e contemplou-os longamente. E,
desapontado, foi andando o seu caminho sem replicar coisa nenhuma.
Tinha razão o corvo: não há beleza sem senão.
( Monteiro Lobato, Fábulas)
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DIFERENÇAS
“Era, uma vez, um menino que, ainda bem pequenino, descobriu, todo contente, que palavra é que nem
gente:
Umas são festas e alegria; como palhaço e folia;
Outras são sempre tristeza, como doença e pobreza.
Percebeu o menino que a palavra carinho até as plantas entendem, todos os seres compreendem, não se
conteve e gritou:
“carinho é filho do amor!”
O menino descobriu, ficou feliz e sorriu,
Que algumas são brilho e luz como a palavra Jesus,
Outras são dura verdade, como tempo, dor, saudade;
Palavras, pura beleza, como homem e natureza.
Palavra, só emoção, como poesia e canção.
Descobriu que a mais querida é sempre a palavra VIDA.
O menino, então, dormiu e uma palavra o cobriu, lençol que não é de pano feito de paz e de sono.”
Autor: Cineas Santos.
EU E VOCÊ
CARA A CARA
NO PEGA-PEGA;
TUDO AO CONTRÁRIO
NO ESCONDE-ESCONDE
(EU NO ARMÁRIO!).
O CANÁRIO NA GAIOLA,
A FIGURINHA,
CIRANDA-CIRANDINHA,
GIRA A RODA, PULA A BOLA,
A BOLA, A BOLA.
TOCA O SINO
EU VOU-ME EMBORA
PORQUE A HORA
(AGORA)
É DA ESCOLA.
José de Nicola
JOGO DE BOLA
A BELA BOLA ROLA:
A BELA BOLA DO RAUL.
BOLA AMARELA,
A DA ARABELA.
A DO RAUL,
AZUL.
ROLA A AMARELA
E PULA A AZUL.
A BOLA É MOLE,
É MOLE E ROLA.
A BOLA É BELA,
É BELA E PULA.
A DE RAUL É DE ARABELA,
E A DE ARABELA É DE RAUL.
CECÍLIA MEIRELES
Convite
Poesia
é brincar com palavras
como se brinca
com bola, papagaio, pião.
Só que
bola, papagaio,pião
de tanto brincar
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se gastam.
As palavras não:
quanto mais se brinca
com elas
mais novas ficam.
Como a água do rio
que é água sempre nova.
Como cada dia
que é sempre um novo dia.
Vamos brincar de poesia?
José Paulo Paes
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O Boto
O Boto é um animal mamífero, parecido com um golfinho, que vive nas águas dos rios. O Boto-cor-de-rosa
rosa que deu origem à lenda do Boto vive nas águas da Bacia Amazônica Brasileira e da bacia do rio Orinoco na
Venezuela. Podem chegar a medir quase três metros na idade adulta e apresentam podem apresentar coloração rosa,
acinzentada (tucuxi) e preta.
Diz a lenda que ao anoitecer o Boto se transforma em um belo rapaz, alto e forte e sai a procura de
diversão,festas e uma namorada. Vai a várias festas, dança muito, costuma beber bastante também. Antes do
amanhecer ele tem que voltar para o rio, pois senão transforma-se em boto novamente.
Algumas pessoas relatam que o boto se transforma em um rapaz elegante, bem vestido e que sempre usa
chapéu (para esconder um orifício que possui na cabeça). Nas festas ele geralmente seduz alguma mulher bonita,
casada ou não, a convida para dançar e depois saem da festa para namorar. Antes do amanhecer ele retorna ao rio,
deixando a namorada que geralmente não torna a vê-lo. Pouco tempo depois a moça descobre que ficou grávida do
tal moço. Na região Amazônica sempre que uma moça solteira engravida suspeita-se logo que se trata de um filho do
boto.
Dizem que o boto adora as índias e gosta muito de mulheres com roupas vermelhas.
A Lenda da Mandioca
Segundo essa lenda de origem indígena, há muito tempo numa tribo indígena a filha de um cacique ficou
grávida sem nunca sem ainda ser casada.
Ao saber da notícia o cacique ficou furioso e a todo custo quis saber quem era o pai da criança. A jovem índia
por sua vez, insistia em dizer que nunca havia namorado ninguém.
O cacique não acreditando na filha rogou aos deuses que punissem a jovem índia. Sua raiva por essa
vergonha era tamanha que ele estava disposto a sacrificar sua filha. Porém, numa noite ao dormir o cacique sonhara
com um homem que lhe dizia para acreditar na índia e não a punir.
Após os nove meses da gravidez, a jovem índia deu a luz a uma menininha e deu-lhe o nome de Mani. Para
espanto da tribo o bebê era branco, muito branco e já nascera sabendo falar e andar.
Passa alguns meses, Mani então, com pouco mais de um ano de repente morreu. Todos estranharam o triste
fato, pois não havia ficado doente e nenhuma coisa diferente havia acontecido. A menina simplesmente deitou fechou
os olhos e morreu.
Toda a tribo ficou muito triste.
Mani foi enterrada dentro da própria oca onde sempre morou. Todos os dias sua mãe, a jovem índia regava o
local da sepultura de Mani, como era tradição do seu povo.
Após algum tempo, algo estranho aconteceu. No local onde Mani foi enterrada começou a brotar uma planta
desconhecida. Todos ficaram admirados com o acontecido. Resolveram, pois, desenterrar Mani, para enterrá-la em
outro lugar.
Para surpresa da tribo, o corpo da pequena índia não foi encontrado, encontraram somente as grossas raízes
da planta desconhecida. A raiz era marrom, por fora, e branquinha por dentro. Após cozinharem e provarem a raiz,
entenderam que se tratava de um presente do Deus Tupã. A raiz de Mani veio para saciar a fome da tribo. Os índios
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deram o nome da raiz de Mani e como nasceu dentro de uma oca ficou Manioca, que hoje conhecemos como
mandioca.
Caipora ou Curupira
É uma lenda de origem indígena. Também chamado de Caiçara, Pai ou Mãe-do-mato, quando se imagina ser
uma entidade mulher.
Entre os índios Tupis-Guaranis, existia uma outra variedade de Curupira, chamada Anhanga, um ser maligno
que causava doenças ou matava os índios. Há relatos de entidades semelhantes entre quase todos os indígenas das
Américas Latina e Central.
Dizem que ele é um menino de cabelos vermelhos e com os pés virados para trás, para despistar quem quiser
seguí-lo. Algumas pessoas descrevem o Curupira como um índiozinho montado em um porco selvagem, outros dizem
que tem o corpo coberto por pêlos.
Ele cuida das animais da florestas, protegendo contra a devastação das florestas e a caça de animais.
Quando entramos na mata e ouvimos barulhos estranhos pode ser ele.
Ele é tão rápido que muitas vezes ao passar pela mata, parece um vento forte.
Ao entrar numa mata deve-se levar uma oferenda para o Curupira, assim ao agradá-lo não se perderá na mata.
O Curupira tem o poder de ressuscitar qualquer animal morto sem sua permissão.
Os índios guaranis dizem que ele é o “Demônio da Floresta”. Há relatos dos jesuítas, na época da colonização
do Brasil, de que os índios temiam muito o Curupira.
MULA SEM-CABEÇA
Dizem que é uma mulher que namorou um padre e foi amaldiçoada. Daí por diante, toda madrugada de quinta
para sexta-feira ela se transforma em Mula-sem-cabeça. Ela percorre sete povoados e quem ela encontrar pelo
caminho ela ataca, come seus olhos, unhas e dedos. Quem já a viu costuma dizer que apesar do nome ela tem cabeça
sim, mas como lança fogo pelo nariz e pela boca, sua cabeça fica toda coberta por fumaça.
Nas noites em que ela aparece é possível se escutar seus relinchos e seu galope, parece um cavalo
enfurecido. Ao encontrar a mula deve-se deitar no chão, esconder unhas e dentes para não ser atacado. Se alguém
corajoso conseguir arrancar os freios da sua boca a maldição é quebrada para sempre e ela vira mulher novamente.
Saci-Pererê
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A lenda do Saci data do fim do século XVIII. Durante a escravidão, as amas-secas e os caboclos-velhos
assustavam as crianças com os relatos das travessuras dele. Seu nome no Brasil é de origem Tupi Guarani. Em muitas
regiões, o Saci é considerado um ser brincalhão enquanto que em outros lugares ele é visto como um ser maligno.
É uma criança, um negrinho de uma perna só que fuma um cachimbo e usa na cabeça uma carapuça
vermelha que lhe dá poderes mágicos, como o de desaparecer e aparecer onde quiser. Existem três tipos de Sacis: O
Pererê, que é pretinho, O Trique, moreno e brincalhão e o Saçurá, que tem olhos vermelhos. Ele também se
transforma numa ave chamada Matiaperê, cujo assobio melancólico dificilmente se sabe de onde vem. Ele adora
fazer pequenas travessuras, como esconder brinquedos, soltar animais dos currais, derramar sal nas cozinhas,
fazer tranças nas crinas dos cavalos, etc. Diz a crença popular que dentro de todo redemoinho de vento existe um
Saci. Ele não atravessa córregos nem riachos. Alguém perseguido por ele deve jogar cordas com nós em seu caminho,
porque ele vai parar para desatar os nós, deixando a pessoa fugir. Diz a lenda que, se alguém jogar dentro do
redemoinho um rosário de mato bento ou uma peneira pode capturá-lo, e se conseguir sua carapuça, será
recompensado com a realização de um desejo.
A lenda do girassol
Contam os livros antigos uma lenda que fala do amor de uma estrela pelo sol - a lenda do girassol.
Dizem que existia no céu uma estrelinha tão apaixonada pelo sol que era a primeira a aparecer de tardinha,
no céu, antes que o sol se escondesse. E toda vez que o sol se punha ela chorava lágrimas de chuva.
A lua falava com a estrelinha que assim não podia ser, que estrela nasceu para brilhar de noite, para
acompanhar a lua pelo céu, e que não tinha sentido este amor tão desmedido! Mas a estrelinha amava cada raio do
sol como se fosse a única luz da sua vida, esquecia até a sua própria luzinha.
Um dia ela foi falar com o rei dos ventos para pedir a sua ajuda, pois queria ficar olhando o sol, sentindo o seu
calor, eternamente, por todos os séculos.
O rei do vento, cheio de brisas, disse à estrelinha que o seu sonho era impossível, a não ser que ela
abandonasse o céu e fosse morar na Terra, deixando de ser estrela.
A estrelinha não pensou duas vezes: virou estrela cadente e caiu na terra, em forma de uma semente.
O rei dos ventos plantou esta sementinha com todo o carinho, numa terra bem macia. E regou com as mais
lindas chuvas da sua vida.
A sementinha virou planta. Cresceu sempre procurando ficar perto do sol. As suas pétalas foram se abrindo,
girando devagarinho, seguindo o giro do sol no céu. E, assim, ficaram pintadas de dourado, da cor do sol.
É por isso que os girassóis até hoje explodem o seu amor em lindas pétalas amarelas, inventando verdadeiras
estrelas de flores aqui na Terra.
MITO DO BOITATÁ
SALADA SALADINHA
SALADA SALADINHA
BEM TEMPERADINHA
COM SAL
PIMENTA
FOGO
FOGUINHO
REI, CAPITÃO
REI
CAPITÃO
SOLDADO
LADRÃO
MOÇA BONITA
DO MEU CORAÇÃO
SUCO GELADO
SUCO GELADO
CABELO ARREPIADO
QUAL É A LETRA
DO SEU NAMORADO?
DEDINHOS
DEDO MINDINHO
SEU VIZINHO
PAI DE TODOS
FURA BOLO
MATA PIOLHOS
MACACA SOFIA
MEIO DIA
MACACA SOFIA
PANELA NO FOGO
BARRIGA VAZIA
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CADÊ?
LÁ EM CIMA DO PIANO
TINHA UM COPO DE VENENO
QUEM BEBEU MORREU
O AZAR FOI SEU
HOJE É DOMINGO
HOJE É DOMINGO
PÉ DE CACHIMBO
CACHIMBO É DE OURO
BATE NO TOURO
O TOURO É VALENTE
BATE NA GENTE
A GENTE É FRACO
CAI NO BURACO
O BURACO É FUNDO
ACABOU-SE O MUNDO.
LÁ VEM O CROCODILO
ORANGOTANGO
AS DUAS SERPENTINHAS
A ÁGUIA REAL
O GATO
O RATO
O ELEFANTE
SÓ NÃO SE VÊ
OS DOIS PATINHOS
QUÉM QUÉM
COELHINHOS
DE OLHOS VERMELHOS
DE PÊLO BRANQUINHO
DE SALTO BEM LEVE
EU SOU COELHINHO
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SOU MUITO ASSUSTADO
PORÉM SOU GULOSO
POR UMA CENOURA
JÁ FICO MANHOSO
EU PULO PRA FRENTE
EU PULO PRA TRÁS
DOU MIL CAMBALHOTAS
SOU FORTE DEMAIS
COMI UMA CENOURA
COM CASCA E TUDO
TÃO GRANDE ELA ERA
FIQUEI BARRIGUDO.
A GALINHA DO VIZINHO
A GALINHA DO VIZINHO
BOTA OVO AMARELINHO
BOTA UM,
BOTA DOIS,
BOTA TRÊS,
BOTA QUATRO,
BOTA CINCO,
BOTA SEIS,
BOTA SETE,
BOTA OITO,
BOTA NOVE,
BOTA DEZ.
LÁ NA RUA 24
LÁ NA RUA 24
A MULHER MATOU UM GATO
COM A SOLA DO SAPATO
O SAPATO ESTREMECEU
A MULHER MORREU
O CULPADO NÃO FUI EU.
INDIOZINHOS
A CANOA VIROU
A CANOA VIROU
POR DEIXAR ELA VIRAR
FOI POR CAUSA DO ZÉ
QUE NÃO SOUBE REMAR
TIRIRI PRA LÁ
TIRIRI PRA CÁ
O ZÉ É VELHO
E NÃO QUER CASAR.
A JANELINHA
A JANELINHA FECHA
QUANDO ESTÁ CHOVENDO
A JANELINHA ABRE
SE O SOL ESTÁ APARECENDO
FECHOU, ABRIU
FECHOU, ABRIU, FECHOU
FECHOU, ABRIU
FECHOU, ABRIU, FECHOU
CORRE CUTIA
CORRE CUTIA
NA CASA TA DIA
CORRE CIPÓ
NA CASA DA AVÓ
LENCINHO NA MÃO
CAIU NO CHÃO
MOÇA BONITA
DO MEU CORAÇÃO
FUI AO MERCADO
POMBINHA BRANCA
POMBINHA BRANCA
QUE ESTA FAZENDO?
LAVANDO ROUPA
PRO CASAMENTO
VOU ME LAVAR
VOU ME SECAR
VOU NA JANELA
PRA NAMORAR
PASSOU UM HOMEM
DE TERNO BRANCO
CHAPÉU DO LADO
MEU NAMORADO
MANDEI ENTRAR
MANDEI SENTAR
CUSPIU NO CHÃO
- LIMPA AÍ SEU PORCALHÃO
TENHA MAIS EDUCAÇÃO.
FUI NO ITORORÓ
FUI NO ITORORÓ
BEBER ÁGUA, NÃO ACHEI
ACHEI BELA MORENA
QUE NO ITORORÓ DEIXEI
APROVEITA MINHA GENTE
QUE UMA NOITE NÃO É NADA
SE NÃO DORMIR AGORA
DORMIRÁ DE MADRUGADA
OH! DONA MARIA!
OH! MARIAZINHA!
ENTRARÁS NA RODA
OU FICARÁS SOZINHA
SOZINHO EU NÃO FICO
NEM HEI DE FICAR
PORQUE EU TENHO MARIA
PARA SER MEU PAR.
SE EU FOSSE UM PEIXINHO
SE EU FOSSE UM PEIXINHO
E SOUBESSE NADAR
EU TIRAVA A ANTÔNIA
LÁ DO FUNDO DO MAR.
TRAVA-LÍNGUA
TRAVA-LÍNGUA
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O doce perguntou ao doce
qual o doce que era mais doce.
O doce respondeu pro doce
que o doce mais doce
era o de batata-doce.
ARANHA E A JARRA
Debaixo da cama tem uma jarra.
Dentro da jarra tem uma aranha.
Tanto a aranha arranha a jarra,
Como a jarra arranha a aranha.
A LARGATIXA DA TIA
Larga a tia, largatixa!
Lagartixa, larga a tia!
Só no dia em que a sua tia
Chamar a largatixa de lagartixa.
CAJU
O caju do Juca
E a jaca do cajá.
O jacá da Juju
E o caju do Cacá.
LUZIA E OS LUSTRES
Luzia listra os
Lustres listrados.
MALUCA
Tinha tanta tia tantã.
Tinha tanta anta antiga.
Tinha tanta anta que era tia.
Tinha tanta tia que era anta.
MOLENGA
Maria-mole é molenga.
Se não é molenga
não é maria-mole.
É coisa malemolente,
nem mala, nem mola,
nem maria, nem mole.
NÃO CONFUNDA!
Não confunda ornitorrinco
Com otorrinolaringologista,
Ornitorrinco com ornitologista,
Ornitologista com otorrinolaringologista,
Porque ornitorrinco é ornitorrinco,
Ornitologista, é ornitologista,
E otorrinolaringologista é otorrinolaringologista.
O DESENLADRILHADOR
Essa casa está ladrilhada.
Quem a desenladrilhará?
O desenladrilhador que a desenladrilhar,
Bom desenladrilhador será !
O RATO
O rato roeu a roupa,
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Do rei de Roma.
O SABIÁ
Sabia que o sabiá
sabia assobiar?
PAPA PAPÃO
Se o papa papasse pão.
Se o papa papasse papa.
Se o papa papasse tudo,
Seria um papa papão.
PARALELEPÍPEDO
Disseram que na minha rua
Tem paralelepípedo feito de paralelogramos.
Seis paralelogramos tem um paralelepípedo.
Mil paralelepípedos tem uma paralelepipedovia.
Uma paralelepipedovia tem mil paralelogramos.
Então uma paralelepipedovia é uma paralelogramolândia?
PINGA A PIPA
Pinga a pipa.
Pia o pinto.
O pinto pia.
A pipa pinga.
PRENDEU TUDO
A lontra prendeu a
Tromba do monstro de pedra
E a prenda de prata
De Pedro, o pedreiro.
QUE BICHO É?
É crocogrilo? É cocodrilo?
É cocrodilo? É cocodilho?
É corcodilho? É crocrodilo?
É crocrodilho? É corcrodilo?
É cocordilo? É jacaré?
Será que ninguém acerta
O nome do crocodilo mané?
RIO CAPIBARIBE
O rio Capibaribe
Foi capibarizado.
Quem capibarizou
Foi o capibarizador.
SABER
Sabendo o que sei e sabendo
O que sabes e o que não sabes
E o que não sabemos, ambos saberemos
Se somos sábios, sabidos
Ou simplesmente saberemos
Se somos sabedores.
SEU TATÁ
O seu Tatá tá?
Não, o seu Tatá não tá,
Mas a mulher do seu Tatá tá.
E quando a mulher do seu Tatá tá,
É a mesma coisa que o seu Tatá tá, tá?
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TEMPO
O tempo perguntou ao tempo,
Quanto tempo o tempo tem,
O tempo respondeu ao tempo,
Que não tinha tempo,
De ver quanto tempo,
O tempo tem.
VELHO FÉLIX
Lá vem o velho Félix,
Com um fole velho nas costas,
Tanto fede o velho Félix,
Como o fole do velho Félix fede.
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FORMIGAS
O FORMIGUEIRO É COMO SE FOSSE UMA CIDADE: CADA FORMIGA TEM QUE CUMPRIR UMA FUNÇÃO. NO
CENTRO DE TUDO, ESTÁ A RAINHA, UMA FORMIGA BEM MAIOR QUE AS OUTRAS E QUE PÕE OS OVOS (OU LARVAS).
QUEM TRAZ A COMIDA PARA O FORMIGUEIRO SÃO AS OPERÁRIAS, QUE NUNCA PARAM DE TRABALHAR E ANDAM
QUASE SEMPRE EM FILAS. AS OPERÁRIAS MAIORES SÃO OS SOLDADOS: ELAS PROTEGEM O FORMIGUEIRO DOS
INIMIGOS.
DOS OVOS VÃO NASCER AS FORMIGAS ALADAS, QUE FAZEM O QUE SE CHAMA DE VÔO NUPCIAL, QUANDO SE
ACASALAM E GARANTEM A REPRODUÇÃO DA ESPÉCIE. OS MACHOS ALADOS VIVEM POUCAS HORAS, MAS UMA RAINHA
PODE DURAR QUINZE ANOS, SEMPRE BOTANDO OVOS. ENQUANTO ELA ESTIVER VIVA, O FORMIGUEIRO CONTINUA
CRESCENDO. EXISTEM FORMIGUEIROS COM 4 MILHÕES DE FORMIGAS! É POR ISSO QUE SE DIZ QUE AS FORMIGAS
FORMAM A MAIOR POPULAÇÃO DO MUNDO DE SERES VIVOS VISÍVEIS A OLHO NU.
Pedro Maia. ABC do zôo. São Paulo, Companhia das Letrinhas, 1993.
O BICHO PREGUIÇA
O BICHO PREGUIÇA VIVE NAS FLORESTAS TROPICAIS. É UM MAMÍFERO DE HÁBITOS NOTURNOS QUE PASSA O DIA
DORMINDO PENDURADO NAS ÁRVORES. FICA HORAS SEM SE MEXER E POR ISSO SUAS REAÇÕES, SUA DIGESTÃO E ATÉ SUA
RESPIRAÇÃO SÃO LENTAS. SE ALIMENTA DE FOLHAS, FRUTOS E BROTOS DE ALGUMAS ÁRVORES E PESA NO MÁXIMO 8 KG. A
FÊMEA TEM UM FILHOTE POR ANO E SEU PERÍODO DE GESTAÇÃO É DE 120 A 180 DIAS.
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PEDRO LOURENÇO