Sie sind auf Seite 1von 21

14/01/2021 Revitalização carece de verba à altura de sua relevância | Repórter Brasil

U a

Revitalização carece
de verba à altura de
sua relevância
20/12/03

Programa para revitalizar e buscar


a sustentabilidade da Bacia do
São Francisco é unanimidade
entre todos os envolvidos na
celeuma. Ação humana vem
provocando degredação
crescente. Plano estimou
alocação de R$ 5,2 bilhões nos
próximos dez anos para
recuperar o rio e sua área de
in uência. “Do jeito que a água
está, ela é capaz de levar apenas
doenças para onde for”. A
sentença é do indígena Ailson,
líder do povo indígena Truká que
vive na Ilha de Assunção. A ilha
ca junto ao município de
Cabrobó, deonde partirá o Eixo
https://reporterbrasil.org.br/2003/12/revitalizacao-carece-de-verba-a-altura-de-sua-relevancia/ 1/21
14/01/2021 Revitalização carece de verba à altura de sua relevância | Repórter Brasil

Norte do projeto de transposição


do Rio São Francisco.
Unanimidade em meio ao
turbilhão de estudos e opiniões
relacionadas ao Rio São Francisco,
a revitalização ainda não é uma
realidade para os que vivem e
dependem das águas de um dos
mais importantes rios do País.
Nesse quesito, promessas e
planos até bem elaborados
contrastam com a escassez de
recursos e a falta de articulação
entre os diferentes níveis de
governo. Erosão das margens do
São Francisco em Neópolis,
Sergipe (Antonio Biondi) “Há
muita conversa, muito programa,
muita a rmação de que é
prioridade. E pouco resultado
real. Quando vieram recursos,
foram poucos. Mal distribuídos e
mal investidos, acabaram
bene ciando pouca gente”,
resume Luiz Carlos Fontes,
secretário-executivo do Comitê da
Bacia Hidrográ ca do Rio São
Francisco (CBHRSF) e professor
da Universidade Federal do
https://reporterbrasil.org.br/2003/12/revitalizacao-carece-de-verba-a-altura-de-sua-relevancia/ 2/21
14/01/2021 Revitalização carece de verba à altura de sua relevância | Repórter Brasil

Sergipe (UFS). A pedido da


Agência Carta Maior, ele faz um
espécie de “raio-x” da bacia. No
Alto São Francisco (região mais
próxima às nascentes na Serra
daCanastra, em Minas Gerais), o
desmatamento é um dos maiores
problemas, secando muitas
nascentes, acabando com as
matas ciliares, ampliando a
erosão e o assoreamento do rio.
Há também os problemas
causados pela mineração, com
degradação do ambiente e mais
erosão. A situação não se refere
apenas ao São Francisco, mas
atinge todos seus principais
a uentes. Dado interessante
sobre esse trecho é que a região
metropolitana de Belo Horizonte-
MG abarca 30% da população de
toda a bacia, compreende apenas
1% de sua área total, mas é
responsável por cerca de 26% da
poluição das águas do Velho
Chico, principalmente pelo
lançamento de dejetos urbanos e
industriais nos a uentes do São
Francisco como o rio das Velhas.
https://reporterbrasil.org.br/2003/12/revitalizacao-carece-de-verba-a-altura-de-sua-relevancia/ 3/21
14/01/2021 Revitalização carece de verba à altura de sua relevância | Repórter Brasil

De acordo com o secretário-


executivo do CBHRSF, no médio e
sub-médio São Francisco, o
problema da poluição é mais
grave em Juazeiro-BA e Petrolina-
PE. “Nas grandes áreas de
agricultura irrigada, poluição
tende a se agravar também por
causa do lançamento crescente
de agrotóxicos no rio. E com o
crescimento das cidades, a
situação tende a se agravar”. O
despejo de esgoto no Velho Chico
foi alvo de uma ação conjunta do
Ministério Público de
Pernambuco com o Ministério
Público Federal que ensejou uma
liminar do início de outubro deste
ano obrigando a Companhia
Pernambucana de Saneamento
(Compesa) a suspender dentro de
um prazo de 120 dias o despejo
em Petrolina-PE de esgoto não-
tratado no leito do rio. Depois
que a liminar foi concedida, a
Compesa anunciou um
investimento de R$ 40 milhões
para os próximo cinco anos que
terá como objetivo a conclusão
https://reporterbrasil.org.br/2003/12/revitalizacao-carece-de-verba-a-altura-de-sua-relevancia/ 4/21
14/01/2021 Revitalização carece de verba à altura de sua relevância | Repórter Brasil

dos 15% restantes para que a


rede de saneamento básico possa
chegar aos 100% em Petrolina-PE.
“Estamos tentando fazer a nossa
parte, mas o Velho Chico sofre
degradações em todo o seu
curso”, aponta a promotora Ana
Rúbia Torres de Carvalho, uma
das promotoras que
acompanham o caso de Petrolina-
PE. “Antes de qualquer projeto de
transposição, o tratamento do
esgoto deveria vir em
primeiríssimo lugar. Tornar o rio
saudável deveria ser prioridade.
As demandas difusas
[atendimento de outras bacias]
vêm depois”. Apesar das
ponderações, a promotora
acredita na possibilidade de que
[…]

Programa para revitalizar e buscar a


sustentabilidade da Bacia do São Francisco é
unanimidade entre todos os envolvidos na celeuma.
Ação humana vem provocando degredação
crescente. Plano estimou alocação de R$ 5,2 bilhões

https://reporterbrasil.org.br/2003/12/revitalizacao-carece-de-verba-a-altura-de-sua-relevancia/ 5/21
14/01/2021 Revitalização carece de verba à altura de sua relevância | Repórter Brasil

nos próximos dez anos para recuperar o rio e sua


área de in uência.

“Do jeito que a água está, ela é capaz de levar


apenas doenças para onde for”. A sentença é do
indígena Ailson, líder do povo indígena Truká
que vive na Ilha de Assunção. A ilha ca junto ao
município de Cabrobó, deonde partirá o Eixo
Norte do projeto de transposição do Rio São
Francisco. Unanimidade em meio ao turbilhão
de estudos e opiniões relacionadas ao Rio São
Francisco, a revitalização ainda não é uma
realidade para os que vivem e dependem das
águas de um dos mais importantes rios do País.
Nesse quesito, promessas e planos até bem
elaborados contrastam com a escassez de
recursos e a falta de articulação entre os
diferentes níveis de governo.

Erosão das margens do São Francisco em Neópolis, Sergipe (Antonio


Biondi)

“Há muita conversa, muito programa, muita


a rmação de que é prioridade. E pouco
resultado real. Quando vieram recursos, foram
poucos. Mal distribuídos e mal investidos,
acabaram bene ciando pouca gente”, resume
Luiz Carlos Fontes, secretário-executivo do
Comitê da Bacia Hidrográ ca do Rio São
https://reporterbrasil.org.br/2003/12/revitalizacao-carece-de-verba-a-altura-de-sua-relevancia/ 6/21
14/01/2021 Revitalização carece de verba à altura de sua relevância | Repórter Brasil

Francisco (CBHRSF) e professor da Universidade


Federal do Sergipe (UFS). A pedido da Agência
Carta Maior, ele faz um espécie de “raio-x” da
bacia. No Alto São Francisco (região mais
próxima às nascentes na Serra daCanastra, em
Minas Gerais), o desmatamento é um dos
maiores problemas, secando muitas nascentes,
acabando com as matas ciliares, ampliando a
erosão e o assoreamento do rio. Há também os
problemas causados pela mineração, com
degradação do ambiente e mais erosão. A
situação não se refere apenas ao São Francisco,
mas atinge todos seus principais a uentes.

Dado interessante sobre esse trecho é que a


região metropolitana de Belo Horizonte-MG
abarca 30% da população de toda a bacia,
compreende apenas 1% de sua área total, mas é
responsável por cerca de 26% da poluição das
águas do Velho Chico, principalmente pelo
lançamento de dejetos urbanos e industriais nos
a uentes do São Francisco como o rio das
Velhas.

De acordo com o secretário-executivo do


CBHRSF, no médio e sub-médio São Francisco, o
problema da poluição é mais grave em Juazeiro-
BA e Petrolina-PE. “Nas grandes áreas de
agricultura irrigada, poluição tende a se agravar
também por causa do lançamento crescente de
agrotóxicos no rio. E com o crescimento das
https://reporterbrasil.org.br/2003/12/revitalizacao-carece-de-verba-a-altura-de-sua-relevancia/ 7/21
14/01/2021 Revitalização carece de verba à altura de sua relevância | Repórter Brasil

cidades, a situação tende a se agravar”. O


despejo de esgoto no Velho Chico foi alvo de
uma ação conjunta do Ministério Público de
Pernambuco com o Ministério Público Federal
que ensejou uma liminar do início de outubro
deste ano obrigando a Companhia
Pernambucana de Saneamento (Compesa) a
suspender dentro de um prazo de 120 dias o
despejo em Petrolina-PE de esgoto não-tratado
no leito do rio.

Depois que a liminar foi concedida, a Compesa


anunciou um investimento de R$ 40 milhões
para os próximo cinco anos que terá como
objetivo a conclusão dos 15% restantes para que
a rede de saneamento básico possa chegar aos
100% em Petrolina-PE. “Estamos tentando fazer
a nossa parte, mas o Velho Chico sofre
degradações em todo o seu curso”, aponta a
promotora Ana Rúbia Torres de Carvalho, uma
das promotoras que acompanham o caso de
Petrolina-PE. “Antes de qualquer projeto de
transposição, o tratamento do esgoto deveria vir
em primeiríssimo lugar. Tornar o rio saudável
deveria ser prioridade. As demandas difusas
[atendimento de outras bacias] vêm depois”.
Apesar das ponderações, a promotora acredita
na possibilidade de que os Estados banhados
pelo São Francisco se unam para, juntos, sanar
os problemas relativos à revitalização. “Continua
sendo o rio da unidade nacional”.
https://reporterbrasil.org.br/2003/12/revitalizacao-carece-de-verba-a-altura-de-sua-relevancia/ 8/21
14/01/2021 Revitalização carece de verba à altura de sua relevância | Repórter Brasil

Uma área chamada de Invasão, no bairro do


Tabuleiro, em Juazeiro-BA, é outro exemplo do
problema do crescimento das cidades. Há cerca
de nove anos, Maria do Bom Conselho Galdino,
nascida em Princesa Isabel-PB, veio para
Juazeiro-BA e mora na Invasão. “Meumarido
trabalhava como agricultor, só moramos no
Tabuleiro há sete meses. Tem problema de
lama, passa esgoto na casa da gente. Aqui
quando chove a água entra toda na casa da
gente. A maioria das casas não tem água. A
gente puxou água da outra rua para não car
sem”. A casa de Maria do Bom Conselho ca a
cerca de dois quilômetros da calha do Rio São
Francisco. Fica bem próximo a um curtume que
só a começou a adequar sua produção em
termos de lançamento de e uentes no rio há
aproximadamente três anos. A casa de Maria
também ca pertinho da estação de tratamento
de água e esgoto do Tabuleiro, que já está
saturada. Junto da Invasão, existe também um
lixão. O quadro da área da Invasão está longe de
ser único. Dos 504 municípios que fazem parte
da bacia do São Francisco, apenas 132
municípios possuem obras de abastecimento de
água e só 78 dispõe de serviço de esgotamento
sanitário.

https://reporterbrasil.org.br/2003/12/revitalizacao-carece-de-verba-a-altura-de-sua-relevancia/ 9/21
14/01/2021 Revitalização carece de verba à altura de sua relevância | Repórter Brasil

Área da Invasão, no Tabuleiro, em Juazeiro, Bahia (Antonio Biondi)

Ainda no médio e sub-médio, Luiz Carlos Fontes


identi ca outros dois problemas sérios: uso
inadequado do solo, sobretudo no Oeste baiano,
com os grandes projetos de agricultura;
desmatamento grave sobre as matas na Bahia
provocado pelo avanço das siderúrgicas do
Quadrilátero Ferrífero, no Norte de Minas, para a
obtenção de carvão. Outro dado importante: o
setor siderúrgico da região em questão consome
6 milhões de toneladas de carvão por ano. Para
produzir essa quantidade a cada ano, são
tombados e queimados 300 mil hectares de
cerrado. E para aumentar a produção de ferro, o
setor já tem planos de dobrar o consumo.

O sub-médio e o baixo São Francisco, observa


Luiz Carlos Fontes, concentram as barragens
(com exceção de Três Marias, que ca em Minas
Gerais). “No baixo São Francisco, os índices de
pesca chegaram a ser considerados um
fenômeno quando os lagos foram construídos.
Hoje, a produção é em torno de 10% de antes
das barragens (década de 1960). Qualidade,
quantidade e diversidade caem ano a ano. A
pesca predatória é só mais um dos fatores que
in uenciam esse quadro”. As lagoas marginais,
que cam nas áreas alagáveis das margens do
rio, segue, têm importância muito grande no

https://reporterbrasil.org.br/2003/12/revitalizacao-carece-de-verba-a-altura-de-sua-relevancia/ 10/21
14/01/2021 Revitalização carece de verba à altura de sua relevância | Repórter Brasil

ciclo de reprodução dos peixes. “Agora não há


mais cheias no baixo São Francisco, o que
prejudica muito a reprodução dos peixes.
Durante 12 anos sem cheias (1992 a 2004), as
lagoas praticamente não receberam água, foram
praticamente extintas”. Além disso, há
problemas gravíssimos de navegação no baixo
São Francisco entre a foz e a hidrelétrica de
Xingó. Estimativas apontam que, a cada ano, 18
milhões de toneladas de terra tomam o leito do
SãoFrancisco – o equivalente a 2 milhões de
caminhões caçamba – e contribuem ainda mais
para o seu assoreamento.

Ele lembra que o São Francisco é fonte de


captação para abastecimento humano. “Se
poluir o rio todo, Sergipe entra em colapso. E a
morte do rio não se dá apenas pela falta d´água
ou pela poluição desenfreada, essas mudanças
todas também podem ser entendidas como a
morte do São Francisco, e isso está na cabeça
das pessoas da região”.

Mais conhecido como seu Toinho, Antonio


Gomes dos Santos nasceu em Penedo-AL, em
1931, e é pescador “desde antes de completar 18
anos”. Toinho ressalta que “estamos aqui
passando os mesmos problemas que o povo
passa lá no Ceará. Não é que a gente não queira
mandar água para quem passa sede no Ceará,
mas nós estamos com o rio na porta e passamos
https://reporterbrasil.org.br/2003/12/revitalizacao-carece-de-verba-a-altura-de-sua-relevancia/ 11/21
14/01/2021 Revitalização carece de verba à altura de sua relevância | Repórter Brasil

os mesmos problemas que eles”. Toinho lembra


que “o rio tinha muito peixe. Criamos, eu e
minha esposa Luzinete, nove lhos e adotamos
dois. Meu patrão era o rio. Hoje, meu lho tem
um lho e não pode criá-lo pelo rio”, lamenta ele,
que já foi presidente da Federação de
Pescadores de Alagoas. “É impressionante a
quantidade de coisas que o baixo São Francisco
perdeu. Por isso a gente não concorda com a
transposição.Precisa revitalizar o rio”.

“O rio que controlava o mar. Com a construção


da barragem de Xingó, o rio secou e o mar
derrubou o nosso povoado”, conta Silvânia
Souza Barreto, de 31 anos. Nascida em Cabeço,
no município de Brejo Grande-SE, ela chegou a
morar na capital Aracaju-SE, mas voltou para
Cabeço. O povoado ca à margem do São
Francisco e está sendo “engolido” pelo mar. A
grande maioria dos moradores tradicionais de
Cabeço já se mudou para Saramen, povoado
próximo da região da foz do Rio São Francisco.
“A água que temos vem da bomba, tem umas
três no Cabeço, o pessoal não tem condições de
ter uma”, emenda Luciano Lessa da Cruz, o
Dedico, 27 anos, nascido no balneário de
Guarujá-SP e casado com Silvânia. Segundo ele,
o custo total de instalação de uma bomba não
passa de R$ 150. A água é usada para tudo:
cozinhar, beber, lavar roupa, tomar banho, etc.

https://reporterbrasil.org.br/2003/12/revitalizacao-carece-de-verba-a-altura-de-sua-relevancia/ 12/21
14/01/2021 Revitalização carece de verba à altura de sua relevância | Repórter Brasil

“Quase todo mundo vem pegar água aqui na


nossa bomba”.

Mais con itos à vista

Entre a população que será diretamente atingida


pelas obras da transposição, o povo indígena
Truká, cujas terras se situam no município de
Cabrobó-PE, de onde partirá o Eixo Norte,
promete ser um dos mais resistentes. “Com as
barragens de Itaparica e depois Sobradinho,
mais de 30 espécies de peixe sumiram da nossa
região, como o dourado, o surubim, o pintado”,
destaca Neguinho Truká que, juntamente com
Ailson, são os porta-vozes do povo.

“Com a transposição, o braço menor do rio que


forma a ilha de Assunção [que faz parte da terra
indígena pertencente aos Truká] deve sumir,
juntando a cidade à tribo”, frisa Neguinho. Em
1996, os índios retomaram a área dos invasores,
construindo em seguida um sistema de fossa
numa pequena área inicial da área que ocupam.
Lutam até hoje para ter sistema de fossa em
toda aldeia, prioridade para o povo indígena
local. “Temos cinco anos lutando para criar rede
de abastecimento na aldeia. Agora, em setembro
de 2004, a obra começou. A segunda fase
começa em 2005”, relata. “Essa transposição a
gente espera que vai dar bucho. Mas não se
cria”.

https://reporterbrasil.org.br/2003/12/revitalizacao-carece-de-verba-a-altura-de-sua-relevancia/ 13/21
14/01/2021 Revitalização carece de verba à altura de sua relevância | Repórter Brasil

Seu Toinho, pescador e a esposa, Luzinete, Penedo, Alagoas (Antonio


Biondi)

Ailson, representante dos indígenas no Comitê


de bacia, já adianta a sua posição frente à obra.
Ele acha que a transposição ainda deve passar
por um impasse jurídico. Ainda assim, já vem
mantendo contato com parlamentares para
tentar barrar o projeto. “Senão der mesmo
assim, vamos ter que tratar o caso pessoalmente
mesmo”, prevê. Ele lembra que o governo
brasileiro é signatário da Convenção 169 da
Organização Internacional do Trabalho (OIT) que
de ne como obrigatória a participação indígena
em qualquer decisão que os envolva. Nas conta
de Ailson, além do povo Truká, pelo menos cinco
nações indígenas serão afetadas com o projeto
de transposição: Pipipã, Pankararu e Kambiwá,
em Pernambuco, e o povo Tumbalalá, na Bahia.

Segundo Pedro Brito, chefe-de-gabinete do


Ministério da Integração Nacional (MIN), o
projeto de transposição não afetará os Truká por
que o Eixo Norte partirá a uma distância de
quilômetros das terras indígenas. “De longe, o
Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do projeto de
transposição do Rio São Francisco é o mais
seguro do mundo dentro dessa modalidade. Até
o impacto da poeira que vai subir com a
https://reporterbrasil.org.br/2003/12/revitalizacao-carece-de-verba-a-altura-de-sua-relevancia/ 14/21
14/01/2021 Revitalização carece de verba à altura de sua relevância | Repórter Brasil

construção civil foi contabilizada”. Para Brito, o


atual projeto de “Integração do Rio São Francisco
às BaciasHidrográ cas do Nordeste
Setentrional”, como o Ministério prefere chamar,
já é resultado de um processo de reivindicações
e participação da sociedade no debate sobre o
tema. Prova disso seria a redução da previsão de
retirada de 300 m3/s nas projeções dogoverno
anterior do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso para apenas 26 m3/s no projeto em
voga.

“A revitalização é uma decisão de governo que


independe do projeto de transposição”, garante
Brito. Ele pede mais colaboração dos Estados e
Municípios. “O papel desses entes têm sido
confortável. Pouco fazem e cobram do governo
federal a revitalização do rio”. O chefe-de-
gabinete do ministro Ciro Gomes lembra ainda
que a revitalização é um projeto complexo que
precisa buscar a sustentabilidade “para a vida”.
Ele anuncia que “o governo federal tentará
envolver todos”. Uma primeira rodada de
conversas com representantes de governadores
da região para tratar do cruzamento com os
planos estaduais de recursos hídricos já foi
realizada.

A soma da dotação do MIN e do Ministério do


Meio Ambiente prevê R$ 100 milhões para a
revitalização no Orçamento de 2005.
https://reporterbrasil.org.br/2003/12/revitalizacao-carece-de-verba-a-altura-de-sua-relevancia/ 15/21
14/01/2021 Revitalização carece de verba à altura de sua relevância | Repórter Brasil

“Pretendemos deixar todo o processo de


revitalização na mão do Comitê de Bacia”, a rma
Brito. Outros R$ 100 milhões, provenientes dos
6% do pagamento de royalties aos municípios
por parte da Chesf, precisam ser investidos na
revitalização do rio. Nesse tocante, salta aos
olhos um outro “buraco”: dos 504 municípios da
região da Bacia, apenas 27 têm conselhos
municipais do meio ambiente.“As prefeituras
precisam colaborar. Royalties estão sendo pagos
pela Chesf para investir em revitalização, mas
não retornam para o rio”, atesta o deputado
federal Fernando Ferro (PT-PE), que promete
incluir dispositivo sobre a questão dos royalties
em seurelatório nal sobre a proposta de
emenda constitucional (PEC) que cria um fundo
permanente para a revitalização.

Muito pouco para o que seria necessário

Maurício Laxe, coordenador do programa de


revitalização no MMA, aposta no núcleo de
articulação nos Estados (formado por
integrantes do MMA, do MIN e dos Ministérios
Públicos Estaduais) para o sucesso da iniciativa
gestada dentro de um Grupo de Trabalho
Interministerial instalado ainda em 2003,
aproveitando os avanços de um outro grupo que
já vinha trabalhando desde 2001. “Queremos
integrar o Sistema Nacional de Recursos Hídricos
(SNRH) com o Sistema Nacional do Meio
https://reporterbrasil.org.br/2003/12/revitalizacao-carece-de-verba-a-altura-de-sua-relevancia/ 16/21
14/01/2021 Revitalização carece de verba à altura de sua relevância | Repórter Brasil

Ambiente (Sisnama). O Programa de


Revitalização do Rio São Francisco é o único com
previsão de 20 anos que está no PPA [Plano
Plurianual 2004-2007]”, pontua Laxe.

Durante os anos de 2001 e 2002, foram


reservados R$ 70 milhões para investimento na
revitalização do Velho Chico. Deste total, R$ 30
milhões foram desviados para outras regiões
como Rio de Janeiro e Goiás. O restante, R$ 40
milhões, foi utilizado basicamente em
scalização – reforço dos órgãos estaduais de
meio ambiente (OEMAs) e instrumentalização do
Ministérios Públicos Estaduais e polícias
ambientais.

O ano de 2003, segundo Laxe, foi de


planejamento e preparação. “O programa de
revitalização foi incluído no PPA e o GTI teve
muito trabalho. O gasto foi de R$ 1,1 milhão com
diagnóstico, plano estratégico de revitalização,
palestras e seminários para mobilização
popular”.

Bomba de água em Cabeço, Brejo Grande, Sergipe (Antonio Biondi)

Neste ano, foram destinados R$ 21,2 milhões


para a revitalização. Cerca de R$ 17 milhões já
foram executados. “Esperamos a liberação de
https://reporterbrasil.org.br/2003/12/revitalizacao-carece-de-verba-a-altura-de-sua-relevancia/ 17/21
14/01/2021 Revitalização carece de verba à altura de sua relevância | Repórter Brasil

mais R$ 4,2 milhões até o m de 2004”,


complementa o coordenador. A verba foi para
ações voltadas para conservação do solo,
re orestamento, monitoramento das águas e
políticas de resíduos. “Só para o lixão de
Juazeiro, foi destinado R$ 1 milhão”.

Laxe explica que, para 2005, serão atendidos


dois tipos de demanda: a deduzida e a
espontânea. As deduzidas serão por meio da
publicação de editais nos moldes do Fundo
Nacional do Meio Ambiente (FNMA) que carão a
cargo do GTI e do Conselho Gestor do Programa
de Revitalização. A demanda espontânea deve
emergir de uma agenda de diálogos com
setoresda economia regional e outros entes da
Federação. Nesse sentido, um protocolo de
adesão dos municípios para criação de
conselhos municipais e maior participação no
Programa de Revitalização já está sendo
concluído. O programa prevê a ampliação das
áreas de proteção. Hoje, elas são apenas 33 e
ocupam menos de 1% da área total bacia. O
objetivo é ampliar as Unidades de Conservação
(UCs) para chegar ao menos aos 10%. A criação
de três corredores ecológicos e o investimento
em turismo também fazem parte do Programa
de Revitalização.

O Ministério da Cidades está destinando R$ 630


milhões só para obras de saneamento básico em
https://reporterbrasil.org.br/2003/12/revitalizacao-carece-de-verba-a-altura-de-sua-relevancia/ 18/21
14/01/2021 Revitalização carece de verba à altura de sua relevância | Repórter Brasil

80 municípios localizados na bacia do São


Francisco. Desse total, R$ 383,7 milhões referem-
se a recursos de fundos públicos – Fundo de
garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e Fundo
de Amparo ao Trabalhador (FAT) – e o restante
soma desde recursos do Orçamento Geral da
União (OGU) deste ano, restos a pagar e
empréstimos do Banco Mundial (Bird) e do
Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID).

Vale lembrar que o Plano Decenal da Bacia do


Rio São Francisco projetou os gastos necessários
para a revitalização hidroambiental – não
incluindo obras de infra-estrutura, exceto
saneamento básico – em R$ 5,2 bilhões para os
próximos dez anos. Ou seja, ainda existe uma
diferença muito larga entre o que se quer e o
que está sendo de fato destinado à recuperação
e futura sustentabilidade do São Francisco.

Voltar para a matéria Projeto de transposição


não garante água aos necessitados

Apoie a Repórter Brasil

saiba como

https://reporterbrasil.org.br/2003/12/revitalizacao-carece-de-verba-a-altura-de-sua-relevancia/ 19/21
14/01/2021 Revitalização carece de verba à altura de sua relevância | Repórter Brasil

Repórter Brasil
Quem somos

Equipe

Transparência

Doe para a RB

Contato

Especiais
A nova cara do Velho Chico

O mapa dos agrotóxicos na água

Ruralômetro

Comunidades tradicionais

Todos os especiais

Referências
Dados sobre Trabalho Escravo

Publicações

Documentos para pesquisa

Dúvidas do Trabalhador

Comunicar para Mudar

Programas
Jornalismo

Pesquisa

Educação

Documentários

Podcast

https://reporterbrasil.org.br/2003/12/revitalizacao-carece-de-verba-a-altura-de-sua-relevancia/ 20/21
14/01/2021 Revitalização carece de verba à altura de sua relevância | Repórter Brasil

Site desenvolvido por +

https://reporterbrasil.org.br/2003/12/revitalizacao-carece-de-verba-a-altura-de-sua-relevancia/ 21/21

Das könnte Ihnen auch gefallen