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07 Abril / Maio / Junho 2010
Publicação Trimestral • Série V • P.V.P €1.75
DOSSIER
O que esconde a Europa?
Visto à lupa, o continente europeu perpetua uma triste realidade: a discriminação
EDITORIAL
De que falamos quando falamos de discriminação?
Por Lucília-José Justino, Presidente da Direcção
ENTREVISTA
Olga Mariano, Presidente da Associação para o Desenvolvimento das
Mulheres e Crianças Ciganas Portuguesas (AMUCIP)
As pessoas de etnia cigana são as que mais sofrem com o racismo em Portugal. Um facto que o “Notícias
da Amnistia Internacional Portugal” foi tentar perceber melhor, nesta edição dedicada à Discriminação,
com Olga Mariano, Presidente da Associação para o Desenvolvimento das Mulheres e Crianças Ciganas
Portuguesas (AMUCIP)
Por Cátia Silva
AI: Um preconceito que, como refe- cantinho. E é por isso que, por exemplo, cigana não dá valor à escola, quando a
rimos, é especialmente sentido pela a comunidade cigana não gosta quando restante sociedade a considera indis-
comunidade cigana. Será porque têm uma mulher cigana se junta a um não pensável. É verdade?
tradições que entram particularmente cigano. Sabemos que se ele deixar de
OM: Sim, é verdade. Os nossos valores
em choque com os valores de muitas gostar dela, larga-a. Na nossa cultura
também não passam por um percurso
pessoas não ciganas? Penso, por exem- não é assim. Quando uma mulher se
escolar completo. É muito bom saber
plo, nas questões relacionadas com as junta com alguém, passa a ser a sua
ler e escrever. Os rapazes normalmente
mulheres... mulher para o resto da vida. E tem de ser
estudam para depois poderem tirar a
respeitada até ao final dos seus dias.
OM: A comunidade cigana valoriza muito carta de condução e irem para o negócio.
mais a mulher. Para o bem e para o mal. “Vestir-me de maneira diferente é o Mas para que queremos um diploma?
A mulher tem de ser respeitada pelos suficiente para a discriminação ser Para ir para a feira? Porque nós ciganos
outros homens da comunidade. No en- um facto” não somos aceites pelas entidades em-
tanto, na óptica da cultura cigana, se a pregadoras...
mulher desrespeitar essa mesma cultura AI: Não é realmente assim que muitas AI: Sentirão muito provavelmente que o
é preciso haver um processo moroso de vezes é visto o papel atribuído à mulher vosso destino está traçado à nascen-
aceitação. pela comunidade cigana. Até porque ça?
AI: Compreende que isso pode ser há outros exemplos de tradições que
OM: Exactamente. É preciso perceber
chocante para parte da sociedade por- chocam com a cultura maioritária,
tudo isto e ver que a culpa não está só
tuguesa? Porque essa cultura não é como o facto de as raparigas ciganas
no nosso lado. A culpa nunca é só de um
vista como uma forma de valorização não poderem ir à escola depois de atin-
lado.
da mulher, mas como uma limitação da girem a puberdade. É mesmo verdade?
sua liberdade... AI: Mas acredita que a culpa é nor-
OM: Até ao quarto ano de escolaridade as
malmente atribuída aos ciganos e ra-
OM: Eu não encontro esse ponto da liber- raparigas têm 10 anos e andam na esco-
ramente se questiona se pode estar a
tação da mulher... A mulher cigana pode la com colegas da sua idade, mas quan-
começar precisamente na sociedade
fazer o caminho que quiser e fazer-se do passam para o ensino Secundário vão
não cigana, é assim?
respeitar pela opção que tomou. Quando encontrar miúdos com 15 ou 16 anos, que
me tornei Presidente da AMUCIP, nos não as respeitam como é o nosso respeito OM: Sim. Nunca descascam a ceboli-
primeiros anos levei muita “pancada”. pela mulher. Como na cultura maioritária nha... Ao descascarem vão vendo o
Tanto dos ciganos, que diziam que eu é simples agarrar uma rapariga e fazer porquê das coisas.
me estava a passar para a outra banda, o que se quiser com ela, essa falta de
AI: Um bom começo seria não colocar,
como dos não ciganos, que diziam que respeito pelo corpo da mulher é temida
como disse, “tudo no mesmo saco”,
lhes estava a tentar roubar os postos pelos ciganos.
até porque a comunidade cigana difere
de trabalho. Foi um processo moroso. Já AI: Ainda no que diz respeito à escola, muito, de país para país, de região para
lá vão 11 anos e hoje estou a ser reco- e continuando a tentar desmitificar região... Não é assim?
nhecida pela minha comunidade e pela os preconceitos, refira-se que num
comunidade maioritária [não ciganos]. OM: Sim. Cada terra tem os seus usos.
estudo publicado em 2001 pelo antigo
Mas foram precisos 11 anos e não um Nós portugueses temos uns valores, se
ACIME (Alto Comissariado para a Imi-
ano e meio. Tive de demonstrar aos não for a Espanha são diferentes e se for a
gração e Minorias Étnicas), hoje ACIDI
ciganos que existimos [a AMUCIP] para países de Leste ainda são mais dife-
(Alto Comissariado para a Imigração e
deixarmos de viver de costas voltadas e rentes. E esses valores estão muito liga-
Diálogo Intercultural), se conclui que
à minha comunidade que trabalhamos dos ao crescimento do próprio país. Nós,
“os alunos de origem cigana apresen-
para que não nos olhem da forma como portugueses, ainda estamos a anos-luz
tam invariavelmente maiores taxas de
costumam olhar. de Espanha. E no Leste estão a anos-
insucesso escolar”. Mais uma imagem
-luz de nós. Não se pode dizer que existe
AI: No entanto, como disse, não foi só negativa que se associa à comunidade.
uma comunidade cigana, mas há as
discriminada pela comunidade não Consegue explicar?
comunidades ciganas. Diferem do ponto
cigana, mas também pelas próprias OM: Não é que os ciganos sejam menos geográfico onde estão inseridos, do meio
pessoas de etnia cigana, que temeram inteligentes do que os outros, porque te- económico e social e da forma de estar
que passasse “para a outra banda”. mos de tudo, mas porque ao morar em dos pais e dos antepassados.
Não concorda que, por vezes, são os determinados locais, e quando os seus
próprios ciganos que se excluem da AI: É interessante que refira a questão
pais têm uma vida profissional de no-
restante sociedade? do meio onde os ciganos estão inseri-
madismo – em que hoje estão numa feira
dos, porque é preciso não esquecer que
OM: É uma forma de defesa e não uma no Norte do país e amanhã no Algarve –,
grande parte vive em bairros sociais...
maneira de se excluírem. Nós sabemos as crianças acabam por perder o seu
que quando vamos “para lá” [fora do percurso escolar normal. OM: Claro. Já não é só a cultura cigana,
ciclo da comunidade] levamos tantas mas também a cultura de bairro. Há o
AI: A crítica normalmente associada
que mais vale ficarmos quietos no nosso isolamento desses locais. As dificul-
a estes dados é que a comunidade
06 Notícias • Amnistia Internacional
dades de acesso às principais escolas e AI: Uma vez mais podemos aqui voltar se deveria assumir, ao invés de con-
aos transportes públicos... ao preconceito, porque muitas pessoas tinuarmos de costas voltadas?
diriam que estes dados que ligam a
AI: Além disso, pelo menos em Portugal OM: O que me têm pedido no bairro da
comunidade cigana à pobreza não são
a comunidade cigana não parece ser Cucena [concelho do Seixal], onde a
verdadeiros, porque o que acontece é
tão fechada como as pessoas pensam. AMUCIP está sedeada, é que seja feita
que os ciganos não fazem descontos,
A Olga Mariano é até um bom exemplo, uma escola para raparigas. É jogar a fa-
nem pagam impostos. É até por isso que
porque tirou a carta de condução aos vor da cultura que já existe, porque passa
há críticas sobre ficarem com as habi-
18 anos, hoje trabalha e sabemos tam- por aí a abertura de mentalidades. Se eu
tações sociais quando não as merece-
bém que escolheu o seu marido. Se hoje estiver numa formação que me dê outros
riam... O que diz a estas pessoas?
uma rapariga cigana quiser estudar horizontes, os meus horizontes mudam.
mais consegue fazê-lo, por exemplo? OM: Ver para querer. É muito bom dizer Vou perceber que posso não casar aos
isso assim, de fora, mas vamos lá trocar 16 anos e posso concluir o Secundário.
OM: Com as acções de formação e os
de casa. Venham para o bairro social e Os rapazes podem ficar mais instruídos
Cursos de Formação Profissional que
eu vou para a vossa casa. Vamos tro- e depois preferirem que as suas próprias
existem e que dão equivalências, muitas
car de ordenado. Vamos trocar de lugar. mulheres sejam mais instruídas...
mulheres ciganas já têm o 9.º ano.
Ponham-se na pele do outro. Não falem
AI: Era contribuir para a mudança sem
de costas quentes, porque é bom falar do
“Eu não quero ser reconhecida como ser pela aculturação, como se tem ten-
que é desconhecido.
minoria, mas como portuguesa” tado fazer até aqui, sem grande êxito...
AI: E a verdade é que poucas pessoas
OM: Exactamente. Ao invés de quererem
sabem o que é viver em bairros soci-
AI: É algo que elas querem ou que é im- tirar uma pessoa do seu habitat e pô-la
ais...
posto pela Segurança Social? noutro, onde vai morrer à míngua, vamos
OM: Quando se fala nos bairros sociais trabalhar as coisas para darem resul-
OM: Muitas hoje querem trabalhar de fico arrepiada. Para além de serem gue- tado. De raiz. Tem de haver alicerces. E
outra forma que não na venda ambulan- tos, não fomentam a aproximação da co- a mudança tem de partir das políticas.
te, porque as feiras, as praças e os mer- munidade cigana com os não ciganos. O Tem de ser por aí.
cados estão a acabar. A grande afluência nosso Governo devia pensar duas vezes
de chineses e indianos e dos grandes AI: É até importante frisar que a cultura
antes de criar bairros sociais. Devia rea-
hipermercados vieram fazer com que maioritária devia perceber de uma vez
bilitar casas nos meios urbanos para que
a venda ambulante tenha os seus dias por todas que esta abertura e diálogo
a vizinhança fosse mista, para que dia-
contados. É preciso ter uma segunda seriam essenciais não apenas para a
logássemos e deixassem de existir mitos
ferramenta. comunidade cigana, para seu benefí-
e preconceitos. Era apostar na inserção e
cio, mas para o bem de todos. Francis-
AI: Podemos então dizer que a comuni- não na exclusão.
co Monteiro, da Pastoral dos Ciganos,
dade cigana está a mudar? AI: Considera então que a solução para disse no Programa “Rua Europa 27”
OM: Está. Na AMUCIP divulgámos que estes problemas passa por melhorar as da Antena 1: “Não pode haver paz na
íamos fazer acções de formação e re- políticas sociais? E seriam depois estas Europa sem a inclusão dos ciganos”.
cebemos cento e tal inscrições. Homens que ajudariam a mudar mentalidades... Concorda que integrar a comunidade
e mulheres. Entre os 18 e os 60 anos. A cigana é uma necessidade?
OM: Eu penso que sim, que uma coisa
comunidade está a querer mudar, mas anda com a outra. As mentalidades le- OM: Claro que sim. Tem de haver um res-
agora falta o outro lado. Tem de haver vam séculos a mudar. É das coisas mais peito mútuo. É na partilha que se ganha.
entidades empregadoras a aceitarem difíceis... As políticas de inserção, que Uma ponte faz-se de duas margens e
estas pessoas. estão a ser propostas a nível europeu, estas têm de ser unidas de um lado ao
AI: Uma mudança que é, na verdade, seriam muito importantes. outro, senão caímos ao rio.
também uma necessidade. No pro- AI: A associação que criou no ano 2000, Entrevista completa em: www.amnistia-interna-
grama “Rua Europa 27”, da Antena 1, a AMUCIP, pretende exactamente pro- cional.pt (Aprender/Revista da Amnistia Inter-
dizia-se que há em Portugal 60.000 nacional)
mover essa inserção. Como é feito?
ciganos e que a maioria se encontra
em situação de pobreza. Concorda? OM: Um dos objectivos principais é dar a
palavra à mulher e a grande aposta é no
OM: Sim. Nunca vi tanta pobreza em percurso escolar das crianças.
Portugal entre os ciganos como agora.
Durante 25 anos fui vendedora ambu- AI: No fundo, vocês ao invés de criti-
lante e nunca tive problemas em pagar carem o facto de as raparigas não po-
as minhas contas. Nunca fui rica, mas derem ir à escola, como faz a restante
Saiba mais sobre a discriminação sentida
dava para o dia-a-dia. Hoje tenho muitas sociedade, criaram condições para que pela comunidade cigana na parte do “Dos-
dificuldades... possam estudar, respeitando a sua cul- sier” desta revista.
tura. Era essa a postura que se calhar
Notícias • Amnistia Internacional 07
RETRATO
SAURO SCARPELLI, Coordenador da Campanha “Acabar com a Violência
Sobre as Mulheres”
Nasceu com o sonho de ser jogador de futebol, mas uma missão de voluntariado na Bósnia selou o
seu destino. Hoje trabalha para a Amnistia Internacional e adora o que faz. A pouco tempo de fechar
definitivamente a campanha “Acabar com a Violência Sobre as Mulheres”, falou com o “Notícias da
Amnistia Internacional Portugal”
Por Sara Coutinho
EM FOCO
Nos últimos meses, dois territórios destacaram-se pelas piores razões. A Faixa de Gaza voltou a abrir
telejornais quando o ataque israelita se voltou contra a ajuda humanitária. No Quirguistão podemos estar
perante um novo Ruanda
petições que a Amnistia Internacional está a promover em www.amnistia-interna- Refira-se que esta era a zona do país de
cional.pt (Aprender/Revista da Amnistia Internacional). onde era originário Kurmanbek Bakiev,
presidente deposto no passado dia 7 de
Abril quando diversos manifestantes in-
vadiram o complexo governamental, por
alegada corrupção. Era também no Sul
do Quirguistão que o dirigente tinha a
sua principal base de apoio.
Pela proximidade com o Uzbequistão, as
vítimas da violência estão a passar em
massa para o país vizinho. A Amnistia
Internacional tem feito pressão para que
as fronteiras continuem abertas à entra-
© Associated Press da de refugiados e pede ajuda humani-
Raparigas palestinianas atravessam uma rua inundada, após uma forte chuva que se abateu sobre o campo de refugiados onde vivem. tária urgente para o território.
10 Notícias • Amnistia Internacional
DOSSIER
Discriminação: O Que Esconde a Europa?
Naquele que é o Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social, o “Notícias da Amnistia
Internacional Portugal” foi ouvir diversos protagonistas, para tentar perceber o que o “velho Continente”
continua a encobrir: a discriminação. Fomos auscultar a situação no que diz respeito aos seis fundamentos
existentes para um tratamento diferenciado
Se olharmos para o ranking do último Por tudo isto, e por muitos outros dados O tratamento menos favorável de pes-
Índice de Desenvolvimento Humano, de que poderíamos referir, a Europa é fre- soas ou grupos tendo por base a sua
2007, anunciado no ano passado pelo quentemente tida como uma referência orientação sexual, a sua etnia ou raça, a
Programa das Nações Unidas para o De- em termos de qualidade de vida. Para sua deficiência, a sua idade, o seu géne-
senvolvimento, dos 38 Estados e regiões além disso, as instituições criadas no ro ou a sua religião ou crença é proibido
com melhor desenvolvimento humano seu seio – de que são exemplo a UE e o globalmente, pela Declaração Universal
(“Muito Elevado”) 23 são da Europa, 19 Conselho da Europa – e os Tratados até dos Direitos Humanos, e na Europa, por
pertencentes à União Europeia (UE). Os hoje produzidos têm permitido que o con- Tratados e Directivas [ver caixa “O que
oito em falta para completar os 27 Esta- tinente seja considerado um bastião do dizem as Leis”]. Traçar o retrato global
dos-membros da instituição estão entre respeito pelos Direitos Humanos. Há, no destas discriminações, sentidas em todo
os que tem um Índice de Desenvolvimento entanto, um outro lado nesta nobre Eu- o mundo, era tarefa impossível, por isso
Humano “Elevado”. Em termos de pobre- ropa, que tem ficado esquecido à medida vamos neste Dossier dedicar-nos apenas
za, o país da UE com valores mais altos é que outras prioridades vão surgindo, àquele que é o “nosso” continente: a Eu-
a Roménia, com 5,6% de pobres, quando como a tão falada “crise económica”. ropa, e particularmente aos países que
o valor mais grave é 59,8%, no Afega- Para muitos autores, a discriminação compõem a União Europeia. Até porque
nistão. A mesma tendência verifica-se se é hoje um dos mais sérios abusos aos 2010 é o Ano Europeu do Combate à Po-
olhamos, por exemplo, para questões de Direitos Humanos a ocorrer na Europa. breza e à Exclusão Social e é fundamental
Saúde, uma vez que a esperança média Pouco visível, pouco mensurável, mas percebermos que estes flagelos são, na
de vida na maioria dos países da UE é de muito sentida por quem a sofre, tem sido verdade, causa e efeito da discriminação
mais de 70 anos, quando no Afeganistão silenciada até pelas próprias vítimas, e que eles afectam, efectivamente, todos
é de 36 e na Serra Leoa de 37. por medo ou porque sabem que pouco nós!
podem fazer.
Notícias • Amnistia Internacional 11
1. Discriminação
com base na Orientação
Paulo Côrte-Real, Presidente da Direcção
da ILGA Portugal, associação que de-
fende os direitos das pessoas LGBT, lem-
A forma mais comum de discriminação
na educação é o bullying, frequentemente
traduzido em ofensas verbais que podem
bra que no Leste “há uma herança que ser proferidas por alunos, ou, como res-
Sexual pesa, pois a história da União Soviética salva o dirigente da ILGA Portugal, “às
Para os portugueses, a discriminação em relação às pessoas LGBT foi muito vezes são os professores ou os auxilia-
com base na Orientação Sexual é, dos negativa”, com várias a serem colocadas res de educação a fazerem (ou incenti-
seis tipos de fundamentos na base da em gulags (campos de trabalho). Recor- varem) os comentários homófobos”.
discriminação referidos no artigo 19.º da da até que ainda hoje, em alguns países
O insulto parece ser, aliás, a forma mais
Versão Consolidada do Tratado sobre o fora da Europa, a homossexualidade é
generalizada de discriminação com base
Funcionamento da União Europeia, a que crime, sendo punível - imagine-se – com
na orientação sexual, referem as con-
mais amplamente se sente no nosso país. pena de morte, de que é exemplo o Irão.
clusões do “Estudo sobre a População
Cientificamente não há estudos que pos- Apesar disso, o dirigente não desvaloriza
LGBT em Portugal”, tornadas públicas
sam comprovar a veracidade desta opi- a discriminação que lésbicas, gays e
em Maio pela Universidade do Minho
nião, mas ela foi defendida por 58% dos bissexuais continuam a sentir na União
com o apoio da CIG-Comissão para a Ci-
inquiridos pelo Eurobarómetro de 2009, Europeia, apelidada de homofobia ou
dadania e a Igualdade de Género. O mais
publicado pela Comissão Europeia. Um simplesmente discriminação com base
grave é que, acrescenta a Agência dos
pouco diferente é a percepção ao nível da na orientação sexual. Esta começa nor-
Direitos Fundamentais da UE, em países
restante União Europeia, pois os cidadãos malmente bem cedo, ainda na escola.
como o Chipre, Grécia, Itália, Letónia,
europeus consideram esta discriminação Foi isso que comprovou o Observatório de Lituânia, Malta, Polónia e Roménia, nos
apenas a quarta mais sentida no conti- Educação LGBT, da associação de jovens últimos anos os insultos homófobos
nente. Além disso, a divisão de opiniões é rede ex aequo, que num relatório publica- têm sido proferidos por líderes políticos
evidente: 47% dos inquiridos dizem que do em 2008 indicava que a homofobia se e figuras religiosas. Sendo assim, não
este tipo de discriminação está genera- sente de forma particular nas Universi- será talvez demasiado chocante revelar
lizada na Europa e 43% afirmam que é dades, podendo começar ainda antes, no que o bullying está também presente
rara. Facto é que os assuntos relativos Secundário. Paulo Côrte-Real explica: “é no mercado de trabalho, apesar de no
à comunidade LGBT (lésbica, gay, bis- nessa altura que muitos adolescentes ano 2000 os países da União Europeia
sexual e transgénero) são dos que mais assumem a sua homossexualidade”. terem assinado a chamada Directiva da
fragmentam o “velho continente”. Igualdade no Emprego [ver caixa “O que
Portugal está no círculo (ainda restrito) Direitos LGBT defendidos em dizem as Leis”], que proíbe esta forma de
dos sete países europeus que aprovaram discriminação, e de em Portugal a orien-
português
o casamento entre pessoas do mesmo tação sexual estar protegida pelo Código
sexo, do qual faz parte a Bélgica, Es- A Amnistia Internacional Portugal tem de Trabalho.
panha, Holanda, Islândia e Noruega (os um grupo de voluntários que se dedica a
Paulo Côrte-Real conhece bem as leis,
dois não pertencentes à UE) e Suécia. promover e defender os Direitos Humanos
mas sabe que é difícil apresentar queixa
Por outro lado, o Eurobarómetro de 2006 de lésbicas, gays, bissexuais e transgé-
“quando não se sabe o que se vai en-
procurava perceber quais os que mais neros. Conhecedores dos problemas vivi-
contrar, a nível dos Sindicatos e até
dificilmente aprovariam estas uniões e dos nos países do mar Báltico, alguns
em termos da segurança de saber que
entre eles estavam a Roménia, a Letónia elementos deste Núcleo LGBT viajaram
correrá tudo bem”. Talvez isso ajude
e o Chipre. Foram até precisamente os entre os dias 6 e 8 de Maio para Vilnius,
a explicar outra das conclusões do já
cidadãos do Leste da Europa que no na Lituânia. Ali juntaram-se a centenas
referido relatório da Agência dos Direitos
ano passado afirmaram que esta dis- de activistas, de vários países do mundo,
Fundamentais, quando este indica que
criminação se sente pouco no seu país, para pressionarem as autoridades do
“a maioria das pessoas lésbicas, gays
especialmente na Bulgária, Eslováquia país a permitirem a realização daquela
e bissexuais estão relutantes em reve-
e Estónia. Uma opinião que contrasta que é conhecida como a Marcha Baltic
lar a sua orientação sexual no local de
com o relatório “Homophobia and Dis- Pride. A concentração de defensores dos
trabalho”. O estudo da Universidade do
crimination on Grounds of Sexual Ori- Direitos LGBT, que ocorre todos os anos
Minho acrescenta mesmo que tal acon-
entation and Gender Identity in the EU num país báltico, tem sido consecuti-
tece no dia-a-dia e que a orientação
Member States”, da Agência dos Direitos vamente proibida. No entanto, todos os
sexual só é normalmente revelada aos
Fundamentais da UE, que indica que na anos a pressão exercida pela Amnistia
amigos mais íntimos. Paulo Côrte-Real
Bulgária, Letónia, Lituânia, Polónia e Internacional e por outras organizações
sabe bem que é assim e concorda com
Roménia as marchas de Orgulho LGBT acaba por surtir o efeito desejado. Este
a conclusão da Agência dos Direitos
têm sido nos últimos anos proibidas. ano repetiu-se o fado e a concentração
Fundamentais da UE: “desde cedo que
Contrariamente, na Áustria, Espanha, acabou por ser autorizada na Lituânia,
as palavras depreciativas ensinam [as
França, Holanda e Suécia os ministros sob o olhar atento dos elementos do Nú-
pessoas LGBT] a manterem-se invi-
e partidos políticos participam também cleo LGBT português.
síveis. A invisibilidade é uma «estraté-
nas chamadas Marchas Pride. gia de sobrevivência»”.
12 Notícias • Amnistia Internacional
Importante é também perceber que ela atribuída à nascença. Até hoje, qualquer do que vimos em relação à população
não é apenas perpetuada por lésbicas, pessoa que não se identifique com o LGBT, também no que diz respeito à dis-
gays e bissexuais, mas é também a res- sexo com o qual nasceu pode mudar fi- criminação étnica ou racial há divisão no
tante sociedade que insiste em mantê- sicamente, mas a lei portuguesa depois seio do continente (embora menos vin-
-los na clandestinidade. Veja-se o que não permite alterar os documentos iden- cada). Holandeses, franceses, húngaros
se descobriu no ano passado: que os tificativos. Isto faz com que uma mulher e suecos estão entre os que mais dizem
homossexuais são excluídos da doação possa ter o nome de um homem, ou vice- sentir esta forma de discriminação, com
de sangue. Perceba-se o que se passa -versa, com os problemas que isso acar- quase 80% a referir a sua existência. Na
na ginecologia ou urologia, onde há reta, no emprego, nos serviços públicos Lituânia, Polónia e Letónia apenas 20
“uma ignorância generalizada quando e até numa simples compra com cartão ou 30% dos cidadãos acreditam que a
a pessoa revela a orientação sexual”, multibanco. Uma realidade que levou já discriminação étnica ou racial está dis-
acusa Paulo Côrte-Real. Para o dirigente, a União Europeia a considerar os trans- seminada e na Bulgária e Estónia 12%
a explicação é bem simples: “durante géneros como um dos grupos que mais dizem mesmo que nem sequer existe.
muito tempo, e ainda hoje, se estuda sofre discriminação no continente eu-
com base no pressuposto de que só ropeu. José Soeiro, deputado português Em Leiria luta-se pelo fim da
existem pessoas heterossexuais”. Uma do Bloco de Esquerda, quer mudar esta discriminação racial
premissa que, para o Presidente da ILGA, realidade e a 18 de Junho apresentou ao
está no cerne da discriminação com base Parlamento português um Projecto-lei A Amnistia Internacional Portugal está
na orientação sexual. É ela que faz com que prevê a possibilidade de os transgé- representada em vários pontos do país
que nos cafés os empregados peçam aos neros adquirirem nova identidade. Até à através dos chamados Grupos Locais.
casais do mesmo sexo que não mostrem sua aprovação, diz Paulo Côrte-Real, “o Um deles preocupa-se de forma particu-
afecto. É também ela a responsável, por Estado não reconhece que estas pes- lar com a situação da comunidade ciga-
exemplo, por nos lares não se assumir que soas existem” e por isso toda a discrimi- na e acredita que é fundamental para o
dois idosos possam ser homossexuais ou nação que lésbicas, gays e bissexuais já país resolver a pobreza em que muitos
lésbicas. Paulo Côrte-Real propõe uma identificaram, ainda não se aplicam se- vivem. Conhecido por Grupo Local 32, da
conta bem simples: se pelo menos 10% quer a este género inexistente. cidade de Leiria, realizou uma parceria
da população é lésbica, gay ou bissexual, com a NAKI-Nossa Associação Kalons
Íntegros (Ciganos Íntegros), porque sabe
2.
ao entrar numa sala é preciso perceber
que uma em cada dez pessoas terá essa que é fundamental promover o diálogo
orientação sexual. Discriminação com entre ciganos e não ciganos. Neste âm-
base na Etnia ou Raça bito fomenta aulas de dança flamenca,
realiza exposições para desmistificar o
Quando se fala em discriminação, a as- modo de vida desta comunidade, entre
sociação mais imediatamente feita é muitas outras acções que visam romper
talvez ao racismo e à xenofobia. No en- de uma vez por todas com os estereótipos
tanto, ambas se referem apenas a um existentes e contribuir para a existência
tipo específico de discriminação, “funda- de uma só sociedade portuguesa.
da na raça, cor, ascendência na origem
nacional ou étnica”, refere a Convenção
Aqui é importante referir que o Euro-
Internacional sobre a Eliminação de To-
barómetro se baseia em inquéritos feitos
das as Formas de Discriminação Racial,
à população da UE. Será, por isso, inte-
de 1965. Dos seis fundamentos para a
ressante comparar as suas percentagens
discriminação, referidos no artigo 19.º
com as de um outro estudo, feito em 2009
da Versão Consolidada do Tratado sobre
pela Agência dos Direitos Fundamentais
o Funcionamento da União Europeia, a
da UE, cujo questionário é desenvolvido
que tem por base a etnia ou raça con-
© Kåre Viemose junto das vítimas da discriminação e
tinua a ser a que a média dos cidadãos
Um casal gay na Marcha Baltic Pride deste ano, na Lituânia. apenas nos países onde esta é mais
dos Estados-membros defendem estar
acentuada. “EU-MIDIS: European Union
Enquanto tal não for naturalmente assu- mais generalizada, com 61% a sentir
Minorities and Discrimination Survey” é o
mido, o dirigente diz ter a “sensação de a sua presença, refere o Eurobarómetro
nome da investigação e um dos primeiros
que está tudo por fazer, pois até agora de 2009, publicado pela Comissão Euro-
grupos analisados foi a comunidade
não existíamos sequer”. É nesse ponto peia.
cigana, também chamada romani, pre-
que está um outro grupo comummente Os portugueses concordam que esta for- cisamente porque “relataram os níveis
associado à população LGB mas que, ao ma de discriminação está disseminada, mais elevados de discriminação entre
contrário desta, pode não ter uma orien- mas não acreditam que esteja mais do os grupos investigados”. Além disso, os
tação sexual diferente: os transgéneros, que a que tem por base a orientação ciganos são a maior minoria étnica da
cuja diferença está, na verdade, na sua sexual. O mesmo acontece noutros países UE, com uma população de entre 10 a 12
identidade, que não corresponde à que foi da Europa, uma vez que, à semelhança milhões de cidadãos europeus.
Notícias • Amnistia Internacional 13
Se tudo isto não fosse suficiente para impressões digitais das pessoas desta fende, enquanto explica: “se alguma
justificar centrarmo-nos neste Dossier etnia com propósitos pouco claros; e dis- pessoa cigana estiver qualificada para
na etnia cigana, refira-se que a Amnistia cursos racistas proferidos por políticos determinado emprego e for chamada
Internacional também considera que é locais e nacionais, que têm estimulado para uma entrevista, assim que notam
a comunidade que mais privações sofre a agressividade entre os italianos face a que é cigana dizem logo que o lugar
na Europa. O Númena-Centro de Inves- estes cidadãos, muito alimentada pelos está preenchido”. Um facto compro-
tigação em Ciências Sociais e Humanas meios de comunicação social. vado pelo estudo da Agência dos Direitos
e a Amnistia Internacional Portugal con- Fundamentais da União Europeia, que
Para além destes exemplos mais extre-
cluíram em 2009 que, efectivamente, os em sete países analisados identificou o
mos, a discriminação em relação à co-
que mais sofrem de racismo e xenofobia emprego como uma das áreas onde mais
munidade cigana sente-se na Europa
no nosso país são os ciganos e os negros. se sente discriminação, a par com os
particularmente em três áreas, identi-
Além disso, a população cigana é um serviços privados.
ficadas pelo Fórum Ibérico sobre Etnia
bom exemplo dos aspectos que o Euroba-
Cigana, que decorreu em Lisboa a 8 e 9 Por último, o Fórum Ibérico referiu a
rómetro não consegue auscultar, pois
de Abril. O primeiro é a educação, em- habitação como um problema para a
enquanto neste inquérito apenas 33%
bora Olga Mariano, Presidente da As- maioria dos ciganos e Olga Mariano não
dos polacos referiam a existência de dis-
sociação para o Desenvolvimento das pode deixar de concordar. “Se quiser
criminação étnica ou racial, no “EU-MIDIS”
Mulheres e Crianças Ciganas Portugue- alugar uma casa, não alugam porque
59% dos ciganos do país garantem
sas, refira que não sente aqui “as mes- sou cigana. Se mantiver o contacto
terem-na sentido na pele. Além disso, o
mas margens de discriminação” que com a proprietária telefonicamente,
local onde esta forma de discriminação é
noutras áreas. Até porque os casos de não há problema. Quando chegamos
mais sentida é na República Checa e não
discriminação na educação têm chegado e vêem que sou cigana dizem: «peço
na Holanda, França, Hungria ou Suécia.
ao conhecimento público e prendem-se desculpa mas o meu marido só agora
A Amnistia Internacional confirma os da- com a formação de turmas específicas me disse que a casa já estava aluga-
dos e ao longo dos anos tem denunciado que agregam (ou segregam) alunos de da»”. A activista conta ainda que uma
incidentes graves ligados à comunidade minorias étnicas. Uma segregação que amiga acabou por alugar exactamente a
cigana na Bulgária, Eslováquia, Repúbli- em nada se assemelha à que ocorre na mesma casa que lhe tinha sido recusada
ca Checa e Roménia. Em todos eles é uma Eslováquia ou na República Checa, onde porque quem foi tratar do aluguer foi
constante a violência policial excessiva a Amnistia identificou escolas de ensino uma pessoa não cigana. Na compra de
sobre os ciganos e a impunidade quando especial para crianças com problemas casa, o estigma mantém-se, refere a
há crimes cometidos contra esta popula- mentais, onde 80% dos alunos são ciga- activista: “nem que leve uma carteira
ção. Um país que importa também desta- nos sem qualquer tipo de deficiência. cheia de dinheiro, dizem que «já estão
car, ainda pela negativa, é Itália, que todos vendidos». Porque se vender um
Voltando novamente às conclusões do
desde 2007 tem vindo a adoptar aquilo a andar a um cigano, já ninguém compra
Fórum Ibérico, o emprego é a segunda
que chama de “medidas de segurança”, o resto dos andares”.
área identificada como problemática
que incluem: o desalojamento forçado
e aqui Olga Mariano é bem mais pe- Realidades que contribuem para as es-
de comunidades ciganas; a recolha de
remptória. “Está mesmo à vista”, de- tatísticas mencionadas pela programa
© Zsuzsanna Ardó
Crianças brincam num depósito municipal de resíduos existente junto da sua comunidade, na Roménia.
14 Notícias • Amnistia Internacional
“Rua Europa 27” da Antena 1: dos tal. A nível nacional, o Census de 2001 como o acesso ao crédito bancário
60.000 ciganos portugueses, a maio- referia 634.408 pessoas com deficiência para compra de habitação”.
ria encontra-se em situação de pobreza. (6,1% dos portugueses). Para a maioria,
Para Humberto Santos, na base de tudo
Olga Mariano explica que a alternativa a forma mais sentida de discrimina-
isto está “a falsa ideia de confundir de-
para o povo cigano tem sido viver ex- ção prende-se com os Seguros, revela o
ficiência com doença”. Além disso, cri-
cluído da sociedade em bairros sociais, “Relatório Anual sobre a Prática de Ac-
tica: “o principal problema, no que às
porque ao contrário do que acontece com tos Discriminatórios em Razão da Defi-
pessoas com deficiência diz respeito, é
a orientação sexual, a etnia está bem ciência e do Risco Agravado de Saúde”,
a atitude paternalista, do «coitadinho»
vincada nas suas vestes, na fala e, por publicado em 2009 pelo Instituto Nacio-
que não pode ou não consegue. Este
vezes, nas feições. Em alguns países nal para a Reabilitação. Na altura, 56%
sentimento é muito negativo, na medida
da Europa, como a Eslováquia, Itália e das queixas registadas relacionavam-se
em que as pessoas com deficiência são
República Checa, esta comunidade tem com seguros e a principal acusação era a
vistas como incapazes”. Isto quando,
sido “depositada” em estabelecimen- “recusa ou penalização na celebração
acrescenta, “são os obstáculos [cria-
tos informais, muitas vezes sem acesso de contratos”. Uma discriminação que
dos], e não as pessoas, que impedem
a água potável. Os seus Governos es- tinha sido proibida em 2006, mas voltou
esta ou aquela acção”. Uma opinião
quecem que são cidadãos nacionais e a ser permitida em 2008, com o Decreto-
corroborada pelo Instituto Nacional para
solucionam o problema desalojando con- -Lei 72/2008, de 16 de Abril.
a Reabilitação, que no segundo lugar da
forme as necessidades. A União Europeia
Humberto Santos, Presidente da Di- lista de principais queixas apresentadas
tem apelado a que sejam adoptadas
recção da Associação Portuguesa de De- refere as acessibilidades. Para Humberto
medidas de integração, pois percebeu
ficientes, aponta uma das muitas conse- Santos, esta “é uma questão transver-
já que o continente só poderá viver em
quências desta forma de discriminação: sal, que tem implicações em activi-
harmonia quando resolver os problemas
“a aquisição de habitação impõe como dades tão diversas como a educação,
associados à comunidade cigana.
condição um seguro de vida”, recorda. a formação, o trabalho, a saúde, a
3.
“A recusa ou agravamento do seguro cultura, o lazer, a participação cívica”.
impede a pessoa com deficiência de Para que se perceba, refira-se que ain-
Discriminação com usufruir do regime bonificado, pelo que da há senhorios e condóminos que não
base na Deficiência tem de optar pelo regime geral, ficando permitem realizar obras para adaptar
Os cidadãos da União Europeia têm prejudicada”. Assim se explica que as os edifícios às deficiências, provocando
adquirido maior consciência face à principais queixas referidas no relatório o isolamento. Na rua, muitos trans-
discriminação com base na deficiên- do Instituto Nacional para a Reabilitação portes públicos não estão adaptados.
cia e se em 2008 já havia, em média, denunciem também a “recusa ou condi- Nos serviços, cegos e surdos não têm,
45% a defenderem que se sentia de cionamento de venda, arrendamento por vezes, informação acessível na sua
forma abrangente, no ano passado o ou subarrendamento de imóveis, bem linguagem. Entre muitas outras inaces-
valor subiu para 53%, refere o Euro-
barómetro, publicado em 2009 pela
Comissão Europeia. Uma tendência que
Portugal tem acompanhado, com 57%
dos portugueses a afirmarem que esta
discriminação se sente fortemente (uma
percentagem igual à registada para a
discriminação étnica ou racial e apenas
ultrapassada pela que tem por base a
orientação sexual). No entanto, esta não
é uma forma de discriminação consen-
sual e malteses, turcos, irlandeses, aus-
tríacos e dinamarqueses estão entre os
que menos assinalam a sua existência.
Fica por perceber se tal se prende com
o facto de, efectivamente, esses países
terem ultrapassado o problema.
Seja como for, a discriminação com base
na deficiência pode afectar mais de 50
milhões de europeus (10% da população
da UE), que segundo o Fórum Europeu
de Deficiência será o número de pes-
soas que sofrem de alguma forma de © Arquivo do Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão
deficiência: motora, sensorial ou men- A atitude paternalista, do “coitadinho”, é um dos principais obstáculos à igualdade.
Notícias • Amnistia Internacional 15
sibilidades que se sentem “mesmo nos centando que “a prática da inclusão cial destas pessoas” e o conhecimento
equipamentos mais essenciais, como nas escolas regulares é o melhor meio da realidade deveria ser essencial para a
centros de saúde, centros de emprego, de combate à discriminação e de pro- criação de políticas.
repartições de finanças, etc.”, acusa moção da eficiência e da optimização
Mais uma situação que contribui para a
Humberto Santos. de recursos”. António Vieira, professor
verdadeira bola de neve que foi criada
da Universidade Portucalense, veio a 7
Voltando ao relatório anual do Instituto em torno da discriminação com base
de Junho trazer a público mais um dado
Nacional para a Reabilitação, importa na deficiência, pois “não pode haver
preocupante relativo a Portugal: há de
referir que foram também registadas igualdade no acesso ao emprego se
momento 10.000 surdos que estão sem
queixas relativas à educação e à saúde, não há igual acesso à educação, se o
acompanhamento escolar por falta de
embora numa percentagem pouco si- meio ambiente e os transportes forem
professores que comuniquem em lingua-
gnificativa: 5% e 3%, respectivamente. inacessíveis, se as ajudas técnicas não
gem gestual. Tudo isto contribui natu-
Números que, para Humberto Santos, forem disponibilizadas e por aí em di-
ralmente para o abandono escolar, que
não espelham a total dimensão do pro- ante”. Para tudo isto, como vimos, a lei
somado à falta de informação disponível
blema, porque embora não se possa hie- não tem sido uma ajuda muito preciosa
para muitas pessoas com deficiência
rarquizar formas de discriminação que e o arquivamento de 67 (em 74) queixas
promove uma vez mais o isolamento.
são igualmente atentatórias, frisa, im- apresentadas no ano de 2008, torna-se
porta referir que “o direito à educação Quanto ao emprego, que não era sequer ainda menos inspirador.
e ao emprego são fundamentais para a referido nas queixas do relatório do Ins-
inclusão das pessoas com deficiência.
Caso estes não estejam assegurados,
estas pessoas dificilmente atingem a
tituto Nacional para a Reabilitação, há
números que falam por si: um sexto da
população da UE em idade activa possui
4. Discriminação com
base na Idade
plena cidadania”. alguma forma de deficiência e, destes,
78% estão fora do mercado de trabalho, A discriminação com base na idade ou
Começando pelas escolas, para o diri-
revela o Fórum Europeu de Deficiência. discriminação etária era, em 2009, uma
gente a situação não é tão satisfatória
A este nível, a Directiva da Igualdade realidade para mais de metade da popu-
como parece mostrar a percentagem de
no Emprego [ver caixa “O que dizem as lação portuguesa, mais concretamente
queixas apresentadas, uma vez que é
Leis”], aprovada pelos Estados da União para os 53% que consideravam que
bastante grave “[o Decreto-Lei 3/2008,
Europeia no ano 2000, deveria ter trazido esta se sente de forma generalizada,
de 7 de Janeiro] criar escolas onde, a
a solução, mas Humberto Santos revela indica o Eurobarómetro. Mesmo assim
pretexto de existirem os meios mais
que “teve pouco impacto na emprega- os lusos consideram que não é das for-
adequados, se concentram os alunos
bilidade das pessoas com deficiência”. mas mais propagadas de discriminação,
com deficiência”. Uma segregação com
Até porque, critica, “não há estudos nem colocando-a atrás da que tem por base
a qual o dirigente não concorda, acres-
estatísticas fiáveis sobre a situação so- a orientação sexual, a etnia ou raça e a
16 Notícias • Amnistia Internacional
deficiência. Ao nível da União Europeia o não significa que esta discriminação não até porque, por razões demográficas,
sentimento é um pouco diferente, pois, existisse antes disso, até porque é uma estão em maior número. “A população
em média, são 58% os cidadãos que forma de diferenciação facilmente dis- da União Europeia passou de predomi-
consideram que a discriminação com simulada. Anne-Sophie Parent diz mesmo nante nova para predominantemente
base na idade está muito propagada que ainda hoje “muitas pessoas não se velha”, refere a Directora. Uma realidade
na região, sendo apenas superada pela apercebem de que estão a ser vítimas que tende a aumentar, uma vez que se
que tem por base a raça ou etnia. No de discriminação com base na idade”. estima que em 2050 a percentagem de
entanto, uns e outros são unânimes em Para que tal não aconteça, é importante pessoas com 65 anos ou mais cresça em
referenciar a proliferação desta forma de esclarecer que esta existe sempre que 70%. Factos que a maioria dos Gover-
discriminação. houver “diferença de tratamento, nega- nos tem escolhido ignorar, ao invés de
ção de direitos ou oportunidades ou o aproveitar “o enorme recurso cultural,
Para a Plataforma Europeia AGE, que
uso de imagens estereotipadas tendo social e profissional que este grupo
reúne cerca de 150 organizações que tra-
por base apenas a idade da pessoa”, representa”, refere Anne-Sophie Parent.
balham os problemas das pessoas com
diz a dirigente da AGE. As consequências, essas, são inevitáveis
mais de 50 anos, “as percepções sobre
e a elas os Estados não têm conseguido
a discriminação com base na idade têm Tudo isto é mais facilmente identificável
voltar as costas.
[efectivamente] vindo a aumentar”, diz quando falamos de pessoas mais velhas
a Directora, Anne-Sophie Parent. Os da- e é por isso que normalmente se associa Nos últimos tempos, é comum ouvir-se na
dos do Eurobarómetro confirmam a mu- a discriminação com base na idade aos comunicação social que centenas de pes-
soas com mais de 45 anos são despedi-
das e vivem de subsídios de desemprego
até à idade da reforma, porque ninguém
lhes dá novo emprego. Para Elizabeth
Drury, investigadora, o desemprego pre-
maturo e a diferenciação no recrutamen-
to são duas das formas de discrimina-
ção com base na idade identificadas no
seu estudo “Age Discrimination Against
Older Workers in the European Union”.
Encontrá-las é até bem simples, bastan-
do abrir a parte dedicada ao emprego de
muitos jornais e verificar as limitações
etárias referidas sem subterfúgios. Isto,
refira-se novamente, quando desde o
ano 2000 os Estados da União Europeia
se comprometeram a impedir esta forma
de discriminação através da Directiva da
Igualdade no Emprego [ver caixa “O que
© Sanjit Das
dizem as Leis”].
No cerne da discriminação com base na idade estão estereótipos como o que identifica todas as pessoas mais velhas como incapazes. Se esta fosse aplicada, seria impensável
sequer imaginar que os desempregados
dança, que tem sido bastante expressiva: reformados. No entanto, Anne-Sophie mais velhos fossem retirados das es-
em 2008 a maioria dos europeus (52%) Parent alerta que “pode ser sentida tatísticas relativas ao desemprego, mas
defendia que esta forma de distinção era em qualquer idade – ou porque se é a verdade é que Elizabeth Drury refere
rara e só 42% reconhecia a sua expres- demasiado novo, ou porque se é visto que tal continua a acontecer. Comum é
sividade. Além disso, em 2009 o Euro- como sendo demasiado velho e isto também estas pessoas ficarem excluí-
barómetro registou, em todos os países pode começar aos 45 anos ou mesmo das de programas específicos para quem
da União Europeia (excepto Portugal), mais cedo”. O relatório “Study on dis- procura emprego e, mesmo empregados,
um aumento de pelo menos 10%, face crimination on grounds of religion and serem colocados de lado quando as em-
a 2008, no número de pessoas que re- belief, age, disability and sexual orien- presas apostam na formação dos seus
conheciam o crescimento da idade como tation outside of employment”, realizado trabalhadores. Tudo isto, diz Anne-Sophie
fundamento de discriminação. em 2008 pelo EPEC-European Policy Parent, tem na sua base um mesmo
Evaluation Consortium, acrescenta que pressuposto, ou melhor, estereótipo: “as
Para o Eurobarómetro, este facto é expli-
a discriminação etária afecta também pessoas mais velhas são vistas como
cado pela crise económica que assolou
adolescentes com menos de 19 anos ou conservadoras, resistentes à mudança
a Europa, pois “uma das consequên-
jovens com menos de 25 anos. e a novas ideias, incapazes de serem
cias mais sentidas da crise é que os
empregos dos europeus mais velhos Para a AGE, as consequências mais criativas, dependentes, difíceis e fisi-
estão menos seguros”. No entanto, tal graves sentem-se entre os mais velhos, camente débeis, o que as torna quase
incapacitadas”.
Notícias • Amnistia Internacional 17
© Marie Dorigny
Sessão de terapia para vítimas de violência doméstica, que é a maior causa de morte e invalidez entre mulheres dos 16 aos 44 anos.
18 Notícias • Amnistia Internacional
6.
lamento português uma representação muneração, pois muitas mulheres depen-
feminina de apenas 27,4% (63 dos 230 dem financeiramente dos companheiros, Discriminação
lugares), sendo a média mundial ainda tornando-se frágeis e vulneráveis. E tudo
mais baixa (18,8%). isso contribui para as estatísticas: “a vi- com base na Religião ou
olência contra as mulheres no espaço Crença
Números que, pelo menos em Portugal,
doméstico é «a maior causa de morte e O único fundamento para a discrimina-
deveriam ter aumentado com a Lei da
invalidez entre mulheres dos 16 aos 44 ção, dos mencionados no artigo 19.º da
Paridade, que desde 2006 prevê a re-
anos, ultrapassando o cancro, os aci- Versão Consolidada do Tratado sobre o
presentação mínima de 33% de cada um
dentes de viação e a guerra»”, afirmam Funcionamento da União Europeia, a que
dos géneros. No entanto, esta “produziu
as dirigentes da UMAR, citando a Reco- ainda não nos dedicámos neste Dossier
alguns efeitos, mas diminutos”, afir-
mendação 1582, de 2002, da Assembleia é o que se baseia na Religião ou Crença.
mam as dirigentes da UMAR, enquanto
Parlamentar do Conselho da Europa. E este continua a fomentar tratamen-
reconhecem que “nas últimas três dé-
cadas houve uma grande evolução Tudo isto ajuda a explicar mais um dado tos diferenciados, apesar da Declara-
na legislação portuguesa [ao nível da dramático divulgado pela Campanha do ção Universal dos Direitos Humanos, de
igualdade de género]”. O problema, con- Milénio das Nações Unidas: três quintos 1948, referir no seu artigo 18.º que “toda
tinuam, “é o fraco nível de aplicação da população pobre de todo o mundo são pessoa tem direito à liberdade de pen-
das leis”, porque é preciso, em primeiro mulheres. O Programa Alimentar Mundial samento, de consciência e de religião;
lugar, criar “condições sociais para o acrescenta que sete em cada 10 pessoas este direito implica a liberdade de
exercício da paridade”. E isso passa, com fome são do sexo feminino. E a isto mudar de religião ou de convicção, as-
dizem, por exemplo, “pela partilha de podemos somar: o menor acesso a cui- sim como a liberdade de manifestar a
tarefas e responsabilidades” famili- dados de saúde, que faz com que uma religião ou convicção (...) pelo ensino,
ares, uma vez que “continuam a ser as mulher morra a cada minuto por compli- pela prática, pelo culto e pelos ritos”.
mulheres a assegurar maioritariamente cações relacionadas com a gravidez ou o Na opinião da maioria dos europeus, tal
as tarefas domésticas, realizando, em parto; a exclusão do acesso à Justiça em Direito não tem sido muito violado, indica
média, mais 17 horas semanais de tra- vários países; entre muitas outras situa- o Eurobarómetro de 2009, que refere que,
balho não remunerado”. ções. Até porque, acreditam Manuela em média, 53% dos cidadãos da UE de-
Góis e Manuela Tavares: “as discrimi- fendem que a discriminação com base na
Uma visão tradicional do papel das religião ou crença é rara. Os portugueses
nações alimentam-se umas às outras,
mulheres que, segundo Manuela Góis e estão até abaixo desta média, com ape-
contribuindo para a sua reprodução”.
Manuela Tavares, ainda não se perdeu. nas 27% a garantirem a disseminação
Um ciclo que só termina quando cair
Pior ainda, acrescentam, é perceber-se desta forma de discriminação.
“o pano de fundo que persiste de uma
que estes preconceitos continuam a ser
mentalidade sexista e conservadora No seio da União Europeia, os que mais
transmitidos nas escolas portuguesas,
que se faz sentir em determinados mo- fortemente defendem a maior presença
onde “a linguagem sexista, a invisibi-
mentos de forma muito expressiva”. No desta discriminação são 59% dos ho-
lização das mulheres na História e os
entanto, acrescentam as dirigentes, há landeses, 58% dos franceses, 55% dos
manuais escolares com estereótipos
também motivos para sorrir, porque as dinamarqueses e 54% dos belgas. O
de género, reproduzem um quadro dis-
mulheres têm hoje uma maior consciên- Eurobarómetro explica o fenómeno: “são
criminatório que vai ter efeitos na for-
cia dos seus Direitos.
matação de mentalidades baseadas no
binarismo de género”. Isto quando em
Portugal são mais as mulheres do que os
homens a licenciarem-se, ao contrário do
que acontece em muitos países do mun-
do. Até porque, segundo a Campanha do
Milénio das Nações Unidas, as mulheres
representam ainda dois terços dos 960
milhões de adultos que não sabem ler
em todo o mundo e, globalmente, 70%
das crianças do sexo feminino não vão
sequer à escola.
Tudo isto acarreta consequências graves,
que se sentem em todo o Planeta e às
quais Portugal não consegue fugir. Desde
logo, a violência doméstica, que se ba-
seia exactamente “no desequilíbrio de
poderes entre mulheres e homens”, re-
forçam Manuela Góis e Manuela Tavares. © Linda Horowitz
Um bom exemplo disso é a questão da re- Um centro para acolhimento de mulheres agredidas.
Notícias • Amnistia Internacional 19
uso de véus que cubram a face em países que deu às muçulmanas”, ou seja, o véu dos”. Políticas erradas que podem muito
como a Bélgica, França ou Itália. O Imã que deixa a cara destapada. Apesar de bem ser mais “perigosas” que o uso da
da Mesquita de Lisboa esclarece: “uma defender tudo isto, o Imã teme que as burka e fazer regredir a multiculturali-
coisa é o lenço, o hijab, pois a burka proibições impostas levem ao isolamento dade que o líder religioso diz reconhecer
não é religiosa, é cultural” e começou das mulheres que querem usar burka. nos jovens de hoje: “eles convivem, não
a ser usada em países onde “poderia Até porque, recorda, contrariamente ao ligam nenhuma à diferença”.
haver razões para isso, como forma de que aconteceu em Portugal, “em alguns
protecção da mulher”. Na Europa não países do resto da Europa, como Ingla-
é essencial, reconhece, enquanto acres- terra ou França, foram criados guetos
centa que “o vestuário que Deus deu às para os muçulmanos e isso fez com que
mulheres judias e às cristãs é o mesmo se isolassem e hoje vivam marginaliza-
© Sanjit Das
Numa Europa cada vez mais envelhecida, os Governos deviam aproveitar o recurso cultural, social e profissional que os mais velhos representam, ao invés de os colocarem à margem.
Notícias • Amnistia Internacional 21
Violência Sexual
É a forma mais brutal de violência sobre
as mulheres. Com consequências graves,
© Rocío Cameros como a incapacitação física e social das
Imagem da campanha “Acabar com a Violência Sobre as Mulheres”. vítimas, a gravidez não desejada ou a
contracção de doenças sexualmente
A Organização Mundial de Saúde clas- AS ÁREAS DA CAMPANHA transmissíveis potencialmente fatais,
sifica como violência sobre as mulheres é, infelizmente, a menos denunciada por
“qualquer acto de violência com base A Campanha “Acabar com a Violência medo dos estigmas que lhe estão asso-
no género que resulte ou possa resul- Sobre as Mulheres”, ou SVAW, como ficou ciados.
tar em mal ou sofrimento físico, sexual conhecida por entre quem a trabalhou,
ou mental para as mulheres, incluindo procurou abordar a questão da violên- A Amnistia Internacional fez uma aposta
a ameaça de tais actos, coerção ou cia sobre as mulheres nas suas diversas forte no trabalho de sensibilização públi-
privação arbitrária de liberdade, quer formas e contextos de manifestação: na ca para a discriminação de género que
ocorra na vida privada ou na vida públi- família, na comunidade, nas instituições se observou estar na base deste tipo de
ca”. e empresas, em casos de custódia e em ofensas, que contemplou também em-
situações de conflito e pós-conflito ar- presas e instituições, para a adopção de
Trata-se de uma das mais vastas e per- mado. políticas de recursos humanos não dis-
sistentes violações de Direitos Humanos criminatórias.
e manifesta-se em diversos contextos,
realidade que motivou a Amnistia In- Violência na Família
ternacional a lançar, em 2004, uma As Mulheres e a Guerra
A violência no seio familiar pode assumir
campanha global centrada na violência diversas formas, desde a agressão física As violações em massa observadas em
sobre as mulheres (SVAW – Stop Violence conflitos armados por todo o mundo
à violência psicológica e, a par com a
Against Women) que, no passado dia 31 afectam, na sua maioria, mulheres e
violência do foro sexual, é uma das for-
de Março de 2010, chegou ao fim. “Foi
mas de violência que representa mais crianças. A violência física a que são,
a primeira grande campanha global da
problemas ao nível da denúncia: o medo frequente e indiscriminadamente, sujei-
Amnistia Internacional e inscreveu as
questões de género em todas as áreas de ir contra os familiares e amigos é res- tas e a violência psicológica de se verem
de trabalho da organização, obrigan- ponsável, repetidas vezes, pelo silêncio forçadas, juntamente com as suas cri-
do-nos a alterar a forma como tra- das vítimas. A Amnistia Internacional anças, a abandonarem os seus lares e
balhávamos até então”, afirma Sauro tentou quebrar esse silêncio, alertando a desempenharem várias tarefas fisica-
Scarpelli, Director da Campanha, agora para esta realidade. mente incomportáveis para assegurar o
encarregue de avaliar todo o impacto do sustento básico da sua família, são cla-
trabalho desenvolvido. ros exemplos deste tipo de violações.
22 Notícias • Amnistia Internacional
A Amnistia Internacional procurou dar mecanismos de protecção das vítimas No entanto, houve alguns obstáculos a
visibilidade a todas estas situações que desta forma de violência. transpor no arranque da campanha: “Já
se desenrolam em países em guerra, havia várias organizações dedicadas,
pressionando as autoridades a adopta- em exclusivo, à questão dos direitos das
DO FIM DA CAMPANHA
rem medidas de combate e prevenção mulheres (...) e foi um processo moroso
face a estas situações e envolvendo a Sauro Scarpelli está actualmente a explicar que o trabalho da Amnistia,
comunidade internacional na pressão trabalhar num relatório que tem como uma organização massiva e com mem-
aos governos responsáveis. objectivo avaliar o impacto da campanha bros em todo o mundo, era diferente
“Acabar com a Violência Sobre as Mu- daquele que realizavam, na medida
lheres”, reunir os resultados obtidos ao em que se centrava mais no enquadra-
Práticas Nocivas longo de mais de seis anos de campanha mento legal das questões relacionadas
A violência contra as mulheres está en- e, principalmente, retirar lições que pos- com a mulher”, explica Luísa Marques.
raizada em quase todas as culturas sob sam ser adaptadas às restantes áreas Actualmente, ambos os directores reco-
a forma de tradições, fazendo com que de trabalho da Amnistia Internacional. nhecem que a Amnistia Internacional
não sejam encaradas como formas de Num balanço preliminar da campanha, conquistou uma posição muito própria e
violência. Alguns exemplos são os casa- Sauro Scarpelli afirma: “foi possível já é, várias vezes, consultada em matéria
mentos forçados – organizados pelos observar grandes mudanças ao nível de Direitos das mulheres, tendo também
familiares dos noivos, sem o consenti- das várias legislações e políticas na- estabelecido parcerias muito salutares
mento da noiva; os “crimes de honra” cionais, mudanças nas quais a Amnis- para o trabalho nesta área.
– actos de extrema violência, geralmente tia se revê como um agente proemi-
homicídio, perpetrados por membros de nente”. De entre as mais significativas,
uma família contra uma mulher do mes- LEGADO DA CAMPANHA
Sauro Scarpelli destaca, como exemplo,
mo núcleo (irmã, filha, esposa, etc.) por as situações do Quénia – país que regis- A Campanha “Acabar com a Violência
suposta conduta imoral e nociva para a tou mudanças muito relevantes a nível Sobre as Mulheres” provocou uma mu-
honra familiar; ou a mutilação genital do enquadramento legal das ofensas do dança interna muito importante para a
feminina (MGF). foro sexual – ou da Mongólia – em que Amnistia Internacional enquanto mo-
A Amnistia Internacional procurou alertar o Parlamento aprovou uma lei no âmbito vimento: não só alterou o discurso da
os países para a prática destas formas das questões da violência doméstica. organização – que passou a centrar-se
de violência no seio das comunidades, também nos direitos sociais, económi-
Mas porque as questões de violência
apelando ao seu reconhecimento en- cos e culturais e não apenas nos civis
sobre as mulheres não são apenas prer-
quanto ofensas criminais quando as leis e políticos; e passou a dirigir-se a no-
rogativa dos países em desenvolvimento,
nacionais ainda não o previam. vos actores, como pessoas individuais
há também progressos muito positivos
e comunidades, que a par dos Governos
a registar a nível europeu. O Director da
violam os Direitos Humanos – como ins-
Infelizmente, a MGF é uma prática cor- Campanha dá o exemplo do Reino Unido,
onde se observaram grandes melhorias, creveu, com carácter permanente, as
rente em Portugal, disseminada pelas co- questões relacionadas com os direitos
munidades de imigrantes dos países que a do ponto de vista legal, no que concerne
a mulheres requerentes de asilo ou víti- das mulheres nas restantes áreas de
praticam. A secção portuguesa integrou a
campanha europeia “Fim à MGF”, que visa mas de tráfico de seres humanos. Há trabalho. “Há cerca de dez anos, não
a adopção de uma estratégia europeia para ainda a destacar os avanços registados existia pesquisa sobre estas questões
a erradicação desta prática. Esta é uma pelas secções da Amnistia Internacional (...) agora, se olharmos para o plano
campanha que vai continuar a decorrer. do Norte da Europa, que dão conta da estratégico [da Amnistia Internacio-
criação de vários abrigos para mulheres nal] para os próximos anos, existe uma
Tráfico de Mulheres vítimas de violência sexual. “Nem todas forte presença de questões de género e
as mudanças são visíveis em tão pouco de capacitação das mulheres”, explica
Mais de 80% das vítimas de tráfico de Sauro Scarpelli. A evidenciar essa alte-
seres humanos são do sexo feminino, tempo, mas houve grandes melhorias”,
constata Sauro Scarpelli. ração de discurso e como legado directo
sendo que 70% destas mulheres são tra- da campanha está a criação, na sede
ficadas com o objectivo de virem a inte- Quanto a Portugal, a Directora de Cam- da organização, de uma nova unidade
grar redes de natureza sexual. panhas da secção portuguesa, Luísa – Unidade de Género, Identidade e Sexu-
Marques, explica: “Quando a campanha alidade – que irá continuar o trabalho
Portugal é apontado em estudos interna- começou, Portugal já tinha um en- iniciado pela campanha SVAW.
cionais como uma das principais portas quadramento legal para as questões
de entrada na Europa de vítimas de tráfico de violência sobre as mulheres satis-
de seres humanos, sendo que a maioria é fatório, porque a violência doméstica já
originária do Brasil e dos países de Leste. estava contemplada na lei como crime O QUE PODE FAZER
Esta é, por isso, uma área que continuamos público (…) o trabalho que desenvolve-
a seguir de perto. mos foi, acima de tudo, de sensibiliza- A poucos dias da próxima Cimeira Or-
ção junto do público e das instituições”. dinária da União Africana, vamos exigir
A Amnistia Internacional desenvolveu É ainda importante acrescentar que a maior atenção para o problema da Mor-
campanhas de sensibilização e divulga- Amnistia Internacional procurou dar voz talidade Materna. Participe enviando
ção desta problemática, com o intuito de às próprias vítimas, para que sentissem
aumentar a pressão sobre as autoridades o postal que encontra na parte central
que podem (e devem) fazer parte do pro- desta revista, até 21 de Julho.
dos vários países no sentido de criarem cesso de resolução dos seus problemas.
Notícias • Amnistia Internacional 23
ASSEMBLEIA GERAL
DIRECÇÃO
cinema nacionais. Ilha da Cova da Mou- Tudo isto foi testemunhado pela câmara
ra: foi assim que Rui Simões apelidou o de Rui Simões e registado no Ilha da Cova GRUPOS E NÚCLEOS DA AMNISTIA INTERNACIONAL
(grupo, localidade, coordenador, email, blogue)
seu filme. da Moura, que fica para memória futura.
“Quis dar um pequeno património ao GRUPO LOCAL 01 (Lisboa)
Ilha não por opção, esclarece, mas por Coordenador a designar: grupo1.aiportugal@gmail.
necessidade: “eles só se excluem [do bairro, para que, no momento em que com; http://grupo1aiportugal.blogspot.com/
resto da sociedade] para se defende- o queiram destruir, percebam o que GRUPO LOCAL 03 (Oeiras)
rem. Como não os aceitam, fecham- estão a demolir e pensem duas vezes”, Lucília-José Justino: zjustino@gmail.com
GRUPO LOCAL 06 (Porto)
-se”. A responsabilidade, acrescenta, diz o cineasta. Quis ainda contribuir para Virgínia Silva: aiporto6@gmail.com; http://aiporto.
é nossa, que “durante cinco séculos desmistificar a ideia negativa do bairro e blogspot.com
considerámos os cabo-verdianos por- para o diálogo, esperando que, em breve, GRUPO LOCAL 14 (Lourosa)
Valdemar Mota: aigrupo14@gmail.com
tugueses e hoje dizemos que não são”. a exclusão social possa fazer parte do GRUPO LOCAL 16 (Ribatejo Norte)
Além disso, só os que estão de fora é passado. O júri do Prémio Amnistia In- Yvonne Wolf: yvonne_wolff@adsl.xl.pt
que têm uma imagem negativa do Cova ternacional reconheceu a importância do GRUPO LOCAL 18 (Braga)
José Luís Gomes: ai18portugal@hotmail.com
da Moura. “Há ali seis mil pessoas. documentário, atribuindo-lhe uma Men- GRUPO LOCAL 19 (Sintra)
Aquele bairro não vive da droga, mas ção Honrosa. Fernando Sousa: ai.grupo19@gmail.com; http://blog-
19.blogspot.com ; http://grupo19aisp.no.sapo.pt
daqueles que todos os dias se levantam GRUPO LOCAL 24 (Viana do Castelo)
muito cedo para limpar os escritórios, Mais informações sobre o filme em http://ilhada- Luís Braga: luismbraga@sapo.pt
à tarde limpar as nossas casas, ao fim covadamoura.blogspot.com/. Entrevista comple- GRUPO LOCAL 32 (Leiria)
ta a Rui Simões em: www.amnistia-internacional. Maria Fernanda Ruivo: fernanda.ruivo@sapo.pt
do dia limpar novamente os escritórios. pt (Aprender/Revista da Amnistia Internacional) GRUPO LOCAL 33 (Aveiro)
A construção civil é feita por eles...”, Alexandra Monteiro: amnistiaveiro@gmail.com;
relembra. E acrescenta que apesar de A Amnistia Internacional Portugal agradece http://amnistiaveiro.blogspot.com/
terem uma vida dura mantêm aceso um GRUPO LOCAL 34 (Matosinhos)
uma vez mais à Fundação Serra Henriques o
Querubim Reisinho: amnistia.matosinhos@gmail.
espírito comunitário que Lisboa, infeliz- patrocínio do Prémio no IndieLisboa. com; http://nucleodematosinhos.blogspot.com/
mente, perdeu.
NÚCLEO DE ALMADA
Marlene Oliveira da Conceição: ai.nucleoalmada@
Avaliar para evoluir gmail.com; http://ai-nucleoalmada.blogspot.com/
NÚCLEO DE ARCOS DE VALDEVEZ
Rui Mendes: rbritomendes@gmail.com
Por Cláudia Pedra NÚCLEO DE CASTELO BRANCO
Facilitadora durante a Auto-Avaliação de Desenvolvimento Organizacional (a designar): ai_nucleo_castelobranco@yahoo.com;
http://amnistiacastelobranco.blogspot.com/
Sem reflexão, análise e avaliação nin- mentes de conseguir uma nota conjunta NÚCLEO DE COIMBRA
Bárbara Barata: nucleoaicoimbra@gmail.com
guém (pessoa ou instituição) pode debate-se, argumenta-se, discorda-se NÚCLEO DE CRIANÇAS (Vila Nova de Famalicão)
evoluir, pois se é importante descobrir as veementemente e concorda-se em unís- Vitória Triães: aip.ibeji@gmail.com
fraquezas também o é enaltecer as for- sono, sobre aspectos cruciais da vida de NÚCLEO DE ESTREMOZ
ças. A Amnistia Internacional (AI) Portu- uma secção da Amnistia, desde como se Maria Céu Pires: amnistiaetz@gmail.com
NÚCLEO DE GUIMARÃES
gal cresceu mais uma vez em 2010. deve posicionar em termos da sociedade Cristina Lima: amnistia.guimaraes@gmail.com
civil, até como deve ser gerida a comu- NÚCLEO DO OESTE / CALDAS DA RAINHA
Há vários anos atrás a Amnesty Inter-
nicação interna. Debate-se também Teresa Mendes: ai.nucleooeste@gmail.com; http://
national desenvolveu uma ferramenta aioeste.blogspot.com
a relação com a sede da AI e de como
exemplar – a Auto-avaliação de Desen- NÚCLEO DO PORTO
flui a informação, e se são cumpridas André Rubim Rangel: nucleo.ai.porto@gmail.com
volvimento Organizacional (ADO). Pensa-
as responsabilidades de cada parte. É NÚCLEO DE TORRES VEDRAS
da durante anos e testada outros tantos,
uma sessão intensa, mas crucial, para Ana Lopes: aitorresvedras@gmail.com; htp://blog.
a AI Portugal foi a primeira secção do comunidades.net/aitorresvedras
qualquer entidade que pretenda evoluir,
mundo a aplicá-la e reaplicá-la. Numa GRUPO SECTORIAL EDUCAÇÃO PARA OS DIREITOS
pois o processo não acaba com a sessão; HUMANOS
sessão intensa, todos os participantes
esta é apenas um começo. Pós-sessão Fernanda Sousa: mfpsousa@gmail.com
da vida da secção, desde a direcção aos CO-GRUPO DA CHINA
há feedback dos participantes, do Secre-
funcionários, dos voluntários aos mem- Maria Teresa Nogueira: nogueiramariateresa@gmail.
tariado Internacional, há mudanças nos
bros dos grupos locais, têm oportuni- com
planos da AI Portugal. Há tentativas de CO-GRUPO DE CRIANÇAS
dade de avaliar o desempenho da secção
melhorar o que não correu bem, criar o Manuel Almeida dos Santos: manuelalmeidasantos@
transversalmente, tendo em vista a sua netnovis.pt
que não existe e potenciar o que já se faz
própria percepção, confrontando-a de- CO-GRUPO DA PENA DE MORTE
de bem.
pois com a informação e argumentação Coordenador a designar: ai.contrapenademorte@
gmail.com
dos outros, chegando a uma avaliação Como todos os processos não se esgota GRUPO DE JURISTAS
conjunta, obtida por consenso. Como num dia, mas há uma continuidade, uma Sónia Pires: sonia.c.pires@gmail.com
imaginam nem sempre é consensual se melhoria contínua. Por isso prossegue a NÚCLEO LGBT
uma secção conseguiu ter impacto em evolução da AI Portugal, dia a dia, com a Manuel Magalhães: lgbt.amnistia@gmail.com
termos de lóbi ou cumprir os seus objec- certeza que a próxima ADO revelará mais Se ainda não existe um grupo da Amnistia Interna-
tivos em termos de campanhas, mas o sobre a secção. Sempre. cional Portugal perto de sua casa, pode sempre ser
primor da ADO não é o resultado, mas pioneiro e começar o activismo na sua localidade.
sim o processo. Na ADO não há cargos Fale connosco pelo boletim@amnistia-internacion-
(Para consultar o relatório da ADO-Auto-avaliação al.pt ou ligando 213 861 652.
nem hierarquias – nenhuma opinião é de Desenvolvimento Organizacional, solicitar para
mais ou menos valorizada. Nos entre- o email boletim@amnistia-internacional.pt)
26 Notícias • Amnistia Internacional
JOVEM
Neste Mundial, torna-te um campeão!
Para além de Portugal, do Brasil, da
Argentina e das 29 outras equipas que GRUPOS DE ESTUDANTES DA
desde o dia 11 de Junho disputam o AMNISTIA INTERNACIONAL
Mundial de Futebol, na África do Sul, PORTUGAL
apresentamos-te uma outra: a Stand Up (Coordenadores e emails/blogues)
United!
• GE DO COLÉGIO DE SÃO MIGUEL
À semelhança dos restantes jogadores de (Fátima)
futebol, estes 11 também lutam, ao lon- Sónia Oliveira: ai_csm@live.com.pt; aia-
go do ano, em “campeonatos nacionais” teondepodemoschegar.blogspot.com
(leia-se, causas de Direitos Humanos), • GE DO COLÉGIO DIOCESANO DE NOSSA
apoiados por centenas de “adeptos” SENHORA DA APRESENTAÇÃO (Calvão)
(leia-se, activistas). Reúnem-se agora Jorge Carvalhais: amnistia@colegiocal-
neste Mundial, porque sabem que juntos vao.org
temos todos muito mais força! • GE DA ESCOLA SECUNDÁRIA DE
ALBUFEIRA
A principal diferença entre a Stand Up Rosaria Rego: grupoestudantes_esa_
United e as restantes equipas do Mundial amnistiainternacional@hotmail.com;
de futebol é que estes 11 jogadores não grupodaesaai.blogspot.com
correm atrás de uma bola, mas lutam • GE DA ESCOLA SECUNDÁRIA ANTERO
pelos Direitos Humanos e por causas ur- DE QUENTAL (S.Miguel, Açores)
gentes no seu país. Além disso, arriscam Fernanda Vicente: fpacvicente@sapo.pt
a vida pelas lutas que escolheram travar • GE DA ESCOLA SECUNDÁRIA DE
ERMESINDE
diariamente, porque não podiam, sim- Maria Arminda Sousa: ai-ese@sapo.pt;
plesmente, fingir não as ver. www.ai-ese.pt.vu
Conhece estas causas em www.amnis- • GE DA ESCOLA SECUNDÁRIA DE
tia-internacional.pt (Campanhas/Mun- FERNÃO MENDES PINTO (Almada)
dial Futebol 2010) e torna-te também um Marta Reis: amnistia.internacional@
esfmp.pt
defensor dos Direitos Humanos! Junta-te
• GE DA ESCOLA SECUNDÁRIA FILIPA DE
à equipa! Tudo o que tens de fazer é aju- VILHENA (Porto)
dar-nos a esgotar o Estádio Virtual que Carla Ferreira: carlafariaferreira@
apoia a Stand Up United. hotmail.com
Precisamos de ti para divulgar esta • GE DA ESCOLA SECUNDÁRIA MARIA
LAMAS (Torres Novas)
equipa! Fala da Stand Up United aos
Teresa Gomes: teresinha_mfrg@hotmail.
teus amigos e familiares, coloca no Fa- com
cebook, lança um Twit, anuncia no Hi5 e • GE DA ESCOLA SECUNDÁRIA SANTA
em todas as restantes redes sociais. Es- MARIA MAIOR (Viana do Castelo)
tas 11 pessoas precisam de nós! Vamos Cristina Soares: crisoaresd@hotmail.
encher o estádio até Dezembro, quando com; amnistisiados.blogspot.com
passa mais um ano desde a criação, pe- • GE DA FACULDADE DE DIREITO DE
las Nações Unidas, de uma Declaração LISBOA
que protege os Defensores dos Direitos Júlia Maurício: nucleoai.fdul@gmail.com
Humanos. Eles merecem o esforço! • GE DO ISCTE
Ana Monteiro: amnistiaiscte@yahoo.com
• ReAJ-REDE DE ACÇÃO JOVEM
COMO? Gonçalo Marcelo: redejovem.amnistia@
gmail.com; www.reajportugal.blogspot.
1. Vai a http://estadiovirtual.amnistia- 4. Adiciona uma fotografia tipo passe, com
internacional.pt/. depois de redimensionada num progra- Se ainda não existe um Grupo da Amnis-
2. Clica no estádio e depois onde diz: ma de fotografia para 32x45 pixels. tia Internacional na tua escola ou univer-
“Preencha aqui o formulário”. sidade, podes ser tu a criá-lo. Nós dize-
5. Depois é só esperar que a fotografia mos como... Escreve-nos para boletim@
3. Coloca os teus dados pessoais e es- seja colocada no estádio virtual. Recebes amnistia-internacional.pt ou telefona
colhe uma bancada do estádio. um email de aviso. para o 213 861 652.
Notícias • Amnistia Internacional 27
A Amnistia Internacional Portugal agradece a todos os que apoiam este trabalho em prol dos Direitos
Humanos. É graças ao seu contínuo apoio que a nossa secção consegue chegar mais longe no combate
às violações dos Direitos Humanos, no nosso país e em todo o mundo. Muitas são as pessoas que, por
todo o mundo, contam consigo. Obrigado
Por Departamento de Angariação de Fundos e Financeiro
EVOLUÇÃO DE MEMBROS E
APOIANTES
14.000 12.464 12.553
Apresentamos a evolução do número de 12.000 11.378
membros e apoiantes activos da secção, 10.000 8.132
ou seja, de pessoas que colaboram regu- 8.000
larmente em prol dos Direitos Humanos 6.000 4.101
através de donativos e/ou quotas de 4.000
membro. O gráfico 1 mostra o cresci- 2.000
1.777
mento desde 2005 da secção, incluindo 0
o primeiro trimestre de 2010. Ano 2005 Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009 Ano 2010
(até Março)
BOAS NOTÍCIAS
Nos últimos meses continuaram a ser cometidas violações graves aos Direitos Humanos, mas a acção dos
inconformados activistas da Amnistia Internacional trouxeram fortes argumentos para prosseguirmos
ridade”. Nesse mesmo dia foi libertado. reitos Humanos está novamente em Esta boa notícia surge depois de em
Durante todo o tempo, a mulher de Saed, paz! Março um outro prisioneiro ter sido liber-
tado. O líbio Abdul Hamid al-Ghizzawi
esteve preso durante sete anos e está
agora a viver em liberdade na Geórgia,
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA que o acolheu.
Clemência para condenado
O Governador de Oklahoma, nos Estados Unidos da América, aceitou a 19 de Maio o pedido de clemência de Richard Smith, hoje com
47 anos e há 23 no corredor da morte. O condenado ia ser executado dentro de seis dias. A acusação remonta a 1986, quando Richard
foi acusado de matar um homem. Em processo de recurso, foi contratado um psicólogo que analisou a infância e adolescência contur-
badas do prisioneiro, vítima de vários abusos, e concluiu que terá uma esquizofrenia crónica. Houve desde então pedidos de clemên-
cia, a que se juntaram os apelos dos activistas da Amnistia Internacional. A pena foi finalmente comutada para prisão perpétua sem
direito a liberdade condicional, com a qual a Amnistia não concorda, mas congratula-se por Richard estar vivo.
Notícias • Amnistia Internacional 29
APELOS MUNDIAIS
“Quando organizações como a Amnistia Internacional pedem uma assinatura, assinem. Porque estão
a fazer a diferença. Quando estava no corredor da morte na Florida iam chegando faxes, emails,
postais... Eles não liam tudo, mas viam que chegavam 10.000, 20.000 e acreditem que faz a dife-
rença...
Acham que não serve para nada? Quando o meu pai falava com as secretárias do Governador da
Florida na altura, elas diziam «quem é este espanholito que faz com que tenhamos a caixa de email e
o fax bloqueados e que todas as semanas faz chegarem centenas de assinaturas. Como podem estar
todos tão interessados nele». Acreditem, as assinaturas são fundamentais”.
Foram estas as palavras proferidas pelo espanhol Joaquín José Martinez, um inocente que esteve três anos no corredor da morte na
Florida, Estados Unidos da América. Foram ditas perante dezenas de estudantes, numa conferência que decorreu em Coimbra em
Outubro de 2009.
NAS PRÓXIMAS PÁGINAS APRESENTAMOS-LHE MAIs seis PESSOAS QUE AINDA PRECISAM DA SUA AJUDA.
CONHEÇA OS CASOS E PARTICIPE!
A SI CUSTA MUITO POUCO E PARA TODOS ELES PODE SIGNIFICAR O FIM DE UMA INJUSTIÇA!
30 Notícias • Amnistia Internacional
México
Mais dois desaparecimentos forçados
A 14 de Novembro de 2008, Carlos Guzmán Zúñiga (30 anos) e José Luis Guzmán Zúñi-
ga (32 anos), dois irmãos residentes na cidade de Juárez, no México, perto da fronteira
com os Estados Unidos da América, foram subitamente raptados por membros do exér-
cito e das forças policiais sem qualquer justificação. Os vizinhos viram os dois irmãos
a serem levados em veículos militares. Até hoje, não voltaram a ser vistos.
Quando soube do desaparecimento dos seus filhos, Javier Antonio Guzmán Márquez fez
de tudo para saber do seu paradeiro e da sua situação legal, mas nem as autoridades
militares, nem o oficial do Ministério Público conseguiram dar-lhe respostas. A 19 de
© Privado
Novembro de 2008, a família dos dois irmãos levou o assunto à Comissão Nacional de
Direitos Humanos, que encontrou provas do envolvimento do exército na detenção ilegal
dos irmãos, mas as autoridades continuam silenciosas.
A Comissão Nacional de Direitos Humanos tem, nos últimos anos, denunciado nume-
rosas situações de abusos por parte das forças militares, incluindo desaparecimentos
forçados, execuções extrajudiciais, tortura, detenções arbitrárias e buscas domici-
liárias, que têm sido feitas no contexto do aumento da violência relacionada com o trá-
fico de droga na região. Aqueles que têm feito denúncias destas violações de Direitos
Humanos têm sido sujeitos a perseguição e ameaças de violência.
Mais de um ano e meio depois, a família de Carlos Guzmán Zúñiga e José Luis Guzmán
© Privado
Zúñiga continua sem saber do que são acusados, nem se ainda continuam vivos.
Ajude-nos a acabar com estes abusos e com a total falta de respeito pela dignidade
humana. Participe! Contamos consigo!
(Postal-apelo em anexo no interior desta revista. Tudo o que tem de fazer é assinar, colocar a cidade e o país de onde envia o apelo e
a data. Depois basta enviar por correio.)
LAOS
Dois guias locais de jornalistas ainda se encontram presos
Thao Moua, de 34 anos, e Pa Fue Khang, de 40 anos, cidadãos da etnia Hmong, en-
contram-se presos por trabalharem como guias para dois jornalistas europeus que
levavam a cabo uma investigação clandestina sobre as condições de vida das comuni-
dades étnicas Hmong, que vivem escondidas nas selvas do Laos e em constante risco
de perseguição pelas forças militares do país, da etnia dominante Lao.
Os membros da expedição – os dois jornalistas, um intérprete e os dois guias – foram
capturados e o seu material confiscado a 4 de Junho de 2003. Foram julgados a 30 de
Junho, resultando na deportação dos jornalistas, a 9 de Julho, na condenação do intér-
prete, que conseguiu fugir da prisão, e Thao Moua e Pa Fue Khang, que não dispunham
© Privado de representação legal, foram condenados, respectivamente, a penas de prisão de 12
e 15 anos.
Antes ainda do julgamento há relatos de que foram agredidos pelas forças policiais
e obrigados a confessar a posse de armas, de explosivos e de drogas. Os prisioneiros
de etnia Hmong são normalmente sujeitos a um tratamento mais agressivo e correm
maior risco de tortura e negação de assistência médica.
Já condenados, foram transferidos para a Cadeia de Samkhe, onde alegadamente
foram mantidos em solitária durante meses. Depois disso, não foram divulgadas mais
informações sobre os prisioneiros, desconhecendo-se o seu paradeiro.
A Amnistia Internacional acredita que se tratou de um julgamento injusto, politica-
© Privado mente motivado.
Ajude-nos a libertar Thao Moua e Pa Fue Khang, que não cometeram qualquer crime à
luz das normas de direito internacional. Participe! Contamos Consigo!
(Postal-apelo em anexo no interior desta revista. Tudo o que tem de fazer é assinar, colocar a cidade e o país de onde envia o apelo e
a data. Depois basta enviar por correio.)
Notícias • Amnistia Internacional 31
Arábia Saudita
Execução iminente de jovem prisioneiro
Suliamon Olyfemi, de 32 anos, cidadão nigeriano, foi detido na Arábia Saudita durante
uma vaga de detenções em massa de cidadãos africanos – provenientes da Somália,
Gana e Nigéria – que decorreu em Setembro de 2002, depois da morte de um agente
policial durante uma alegada disputa com trabalhadores imigrantes.
Segundo o detido, tudo aconteceu a 28 de Setembro, quando um grupo de homens,
entre eles um polícia, chegou à zona onde vários africanos trabalhavam na limpeza de
carros e exigiram dinheiro. Começou uma luta que resultou na morte do polícia. No dia
seguinte, ocorreram centenas de detenções.
© Privado Suliamon Olyfemi manteve sempre a sua inocência e foi submetido a um julgamento
injusto conduzido em árabe, língua que não compreende, sem qualquer representação
legal ou mesmo o auxílio de um intérprete. Foi obrigado a assinar documentos cujo
conteúdo desconhecia, através de impressões digitais, que depois foram usados contra si.
Acabou por ser condenado à morte no final de 2004 e a Comissão de Direitos Humanos da Arábia Saudita declarou, em 2007, que
Suliamon Olyfemi esgotou todas as instâncias de recurso, podendo ser executado a qualquer altura. Refira-se que mais nenhum dos
detidos em 2002 recebeu semelhante punição, tendo a maioria sido deportados. Alguns receberam penas de prisão e castigos físicos
(chicotadas).
Nos primeiros três meses de 2010 foram executadas pelo menos oito pessoas na Arábia Saudita, incluindo um cidadão estrangeiro.
Teme-se agora pela vida de Suliamon Olyfemi, preso desde os seus 24 anos.
Ajude-nos a acabar com esta injustiça e com este desnecessário sacrifício da vida humana. Participe! Contamos consigo!
(Postal-apelo em anexo no interior desta revista. Tudo o que tem de fazer é assinar, colocar a cidade e o país de onde envia o apelo e
a data. Depois basta enviar por correio.)
Suazilândia
Activista sob ataque cerrado
Na Suazilândia, um dos mais pequenos países africanos, ladeado pela África do Sul e
por Moçambique, um activista político, Wandile Dludlu, de 30 anos, tem sido persegui-
do pela polícia desde que, em 2008, a organização política de que era membro, Con-
gresso da Juventude da Suazilândia, foi banida ao abrigo da Lei para a Supressão do
Terrorismo, por ser considerada “terrorista”.
O último ataque registou-se a 1 de Maio deste ano, quando vários activistas políticos
foram presos durante um comício. Wandile Dludlu esteve detido durante várias horas
e depois foi libertado sem acusação. Refira-se que, em 2009, o activista tinha já apre-
sentado duas queixas à polícia da Suazilândia por incidentes de que foi vítima.
O primeiro teve lugar a 4 de Setembro de 2009, quando o activista regressava de um
protesto na África do Sul. O seu carro foi parado pela polícia e Wandile Dludlu levado
© Privado
à força. Esteve preso durante algumas horas e depois foi levado para uma zona de
floresta, onde foi interrogado sob tortura. Foi depois largado, sem acusação, a sangrar,
desidratado e em estado de choque.
Poucas semanas depois, a 21 de Setembro, Wandile Dludlu juntou-se a outros activistas e a vários jornalistas para aguardar a li-
bertação do activista político Mario Masuku junto a um Centro de Correcção. Sem qualquer aviso, os guardas prisionais atacaram o
grupo, tendo o activista sido agredido.
As queixas apresentadas não tiveram até hoje qualquer desenvolvimento e os ataques de que Wandile Dludlu continua a ser alvo
fazem acreditar que não terá paz tão cedo. É por isso urgente mostrar que estamos atentos. Participe! Contamos consigo!
(Postal-apelo em anexo no interior desta revista. Tudo o que tem de fazer é assinar, colocar a cidade e o país de onde envia o apelo e
a data. Depois basta enviar por correio.)
32 Notícias • Amnistia Internacional
AGENDA
A AMNISTIA NOS FESTIVAIS particular, a acção que neste momento internacional de sucesso. No entanto,
DE VERÃO decorre em torno do Mundial de futebol. tornou-se conhecida não apenas pela
Para saber mais, nada melhor que dar sua beleza, mas porque revelou ter sido
Ainda mal se tinha dado o solstício de um pulinho a um destes Festivais de vítima de mutilação genital feminina
Verão e já começava a ser anunciado o Verão e juntar o agradável ao que pode aos cinco anos. Desde então tem lutado
início da época dos Festivais. Nesta al- ser muito útil. Se não puder assistir como contra esta prática, que foi trazida para
tura, que Maomé dificilmente vai à mon- fã da música e da dança, não há descul- Portugal por imigrantes dos países onde
tanha, a Amnistia Internacional resolveu pas: junte-se à nossa equipa e siga como esta é tradição. Um filme que já estreou,
que a montanha tem de ir a Maomé. É voluntário da Amnistia Internacional. To- com o apoio da Amnistia Internacional
este o espírito que tem levado a secção dos os interessados devem escrever para Portugal. A não perder.
portuguesa da Amnistia, nos últimos boletim@amnistia-internacional.pt.
anos, a percorrer os Festivais de Verão à
procura de activistas entre os amantes
da música. O DRAMA DA MUTILAÇÃO
Este ano não será excepção e a Amnistia GENITAL FEMININA
Internacional Portugal vai estar em si- Nos dias mais quentes de Verão, a Am-
multâneo em dois extremos do país. De nistia Internacional propõe que se re-
28 a 31 de Julho marcará presença bem fresque num cinema perto de si. O filme
a Norte, no Festival Paredes de Coura, e que aconselhamos não é refrescante, é
também no Sul, para o Festival Músicas verdade, mas é uma violação grave aos
do Mundo, que decorre em Sines. Com Direitos Humanos da qual todos deve-
a chegada do mês de Agosto a Amnis- mos estar bem conscientes, até porque
tia estreia-se num festival diferente, o existe em Portugal. Flor do Deserto é um
Andanças, que, como o nome indica, se filme de Sherry Horman, que retrata a
dedica principalmente a danças. Será de história verídica da modelo Waris Dirie,
2 a 8 de Agosto, em São Pedro do Sul. nascida na Somália em 1965. Depois de
Em todos estes locais vai ser divulgado o fugir para Londres, foi descoberta por
trabalho da Amnistia Internacional e, em um fotógrafo e embarcou numa carreira
ATÉ 31 DE JULHO
É MAIS FÁCIL FAZER UM DONATIVO
À AMNISTIA INTERNACIONAL PORTUGAL
Até 31 de Julho faça o seu donativo à Amnistia Internacional - Portugal na payshop, um serviço que permite
o pagamento de várias contas, bem como o carregamento de telemóveis em supermercados e quiosques bem
perto de si!
Para apoiar a Amnistia basta dirigir-se a qualquer um dos mais de 3.800 agentes payshop e pedir para fazer
um donativo, com valor mínimo de apenas 1 EURO.
O Agente payshop efectua o registo no terminal e como prova do seu donativo, entrega-lhe um recibo compro-
vativo e já está! A Amnistia Internacional agradece mais uma vez a sua contribuição.
Passe a palavra e descubra a bandeira com o símbolo payshop num agente perto de si ou em www.payshop.pt
Notícias • Amnistia Internacional 33
DEBATER A POBREZA o facto de faltarem apenas cinco anos inclui temáticas como a Democracia, as
para terminar o prazo, estabelecido pe- Minorias e os Movimentos Indígenas, a
Sendo 2010 o Ano Europeu do Combate los Estados-membros da organização Pobreza e a Desigualdade, entre outros.
à Pobreza e à Exclusão social, está a mundial em 2000, para o cumprimento A formação destina-se a investigadores,
decorrer desde o passado mês de Junho dos oito Objectivos de Desenvolvimento estudantes universitários, professores,
um ciclo de quatro encontros temáticos do Milénio. Um concurso, dirigido a ama- jornalistas, diplomatas, consultores e
sobre: “Pobreza é ficar indiferente! dores e profissionais de fotografia, que restantes interessados na temática. As
Juntos por uma Sociedade para Todos”. pretende mostrar o que de positivo se inscrições devem ser feitas até 1 de Se-
O próximo tema, que será discutido a 23 tem feito um pouco por todo o mundo. As tembro e têm um custo de 75 Euros. Mais
de Setembro, é dedicado aos mais velhos, imagens vencedoras vão estar expostas informações pelo 21 790 39 56 ou em
sob o título “Idosos: O Futuro Continua”. durante a Cimeira do Milénio que de- www.cies.iscte.pt.
Segue-se depois, a 21 de Outubro o de- corre em Setembro, em Nova Iorque. Mais
bate “Contra as Barreiras da Indiferen- informações em http://picturethis.undp.
ça” e a 18 de Novembro, para encerrar org. WORKSHOPS NA ÁREA DA SAÚDE
o ciclo, fala-se sobre “A Minha Casa é a E DA EDUCAÇÃO
Rua”. Os debates decorrem sempre entre
as 16 horas e as 17h30, no Auditório do A sexologia é uma das áreas temáticas
ISS, na Rua Castilho, n.º 5–R/C, em Lis- dos Workshops que estão a ser promovi-
boa. A entrada é gratuita, mas exige ins-
CURSO DE VERÃO dos pela APF-Associação para o Pla-
crição pelo 21 318 49 89 ou ISS-CRC@ neamento da Família. Sobre este tema,
seg-social.pt. Uma iniciativa do Centro a organização propõe falar de “Abuso e
de Recursos em Conhecimento do Insti- Violência Sexual”, nos dias 27 e 28 de
tuto da Segurança Social. Setembro, e sobre Orientação Sexual e
Transexualidade, com o workshop “No
Segredo dos Deuses”, a 18 e 19 de Ou-
UMA IMAGEM PODE VALER tubro. Ambos decorrem entre as 18 e as
MAIS QUE MIL PALAVRAS Compreender a realidade e a actuali- 21 horas, no Centro Bebés à Vista, em
Os amantes de fotografia têm até ao dade latino-americana é o objectivo do Coimbra. Esta é apenas uma das mui-
próximo dia 16 de Julho para participa- Curso de Verão “América Latina Hoje”, tas áreas temáticas propostas pela APF,
rem no concurso “Picture This: We Can que vai decorrer entre os dias 6 e 10 de neste ciclo de Workshops que são pagos
End Poverty”, promovido pelo Programa Setembro, no ISCTE-Instituto Superior de consoante o número de horas frequen-
de Desenvolvimento das Nações Uni- Ciências do Trabalho e da Empresa, em tadas. Os principais destinatários são
das. O objectivo é alertar o mundo para Lisboa. O curso, de formação intensiva, os profissionais e estudantes das áreas
da Saúde e Educação. Mais informações
em APF Centro, pelo 23 982 58 50 ou em
www.apf.pt.
A Discriminação
Por Pedro Miguel Silva Manaças (FecoPortugal)
TOME NOTA
• 17 de Julho
Dia Mundial da Justiça Internacional
• 9 de Agosto
Dia Internacional dos Povos Indígenas
• 12 de Agosto
Dia Internacional da Juventude
• 23 de Agosto
Dia Internacional da Recordação do
Tráfico Negreiro e da sua Abolição
• 30 de Agosto
Dia Internacional dos Desaparecidos
• 21 de Setembro
Dia Internacional da Paz
34 Notícias • Amnistia Internacional
CRÓNICA
DISCRIMINAÇÃO E DADOS PESSOAIS
Por Luís Novais Lingnau da Silveira
Presidente da Comissão Nacional de Protecção de Dados
TORNE-SE
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DA
AMNISTIA
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