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História Medieval i
2014
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EDITORA UNIMONTES
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Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Idade média: introdução e debate . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Os reinos e impérios medievais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.3 Os bárbaros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.5 Os Árabes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
O(s) Feudalismo(s) Ocidental(is): Constituição e características . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
História - História Medieval I
Apresentação
Caro(a) acadêmico(a):
Bom trabalho!
Os autores
9
História - História Medieval I
Unidade 1
Idade média: introdução e debate
1.1 Introdução
Nesta primeira unidade, lançaremos as bases para uma boa análise do mundo medieval. In-
troduziremos discussões acerca dos preconceitos gerados em torno do mundo medieval, bem
como do imaginário desses preconceitos. Após essa discussão introdutória, apresentaremos me- DICA
todologias de análises acerca de materiais cinematográficos medievais, que poderão ser traba-
Na mitologia grega,
lhados em sala de aula. Sendo assim, nosso foco principal é teorizar acerca das discussões que Europa era o nome
envolvem o mundo medieval. de uma bela princesa
fenícia, raptada por
Zeus, que a levou à ilha
de Creta. Ali se uniram
◄ Figura 1:
Representação de Vila
Medieval.
Fonte: Disponível em
http://www.meionorte.
com/danielcristovao/
densidade-demografica-
na-primeira-idade-me-
dia-77799.html. Acesso
em 23/11/2010
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UAB/Unimontes - 3º Período
Figura 2: Castelo ►
construído no período
medieval
Fonte: Disponível em
http://www.historiadetu-
do.com/idademedia.jpg.
Acesso em 23/11/2010
DICA
No período medieval,
representantes da es-
colástica apropriavam-
se da cultura clássica
(greco-romana) para
defenderem a fé cató- Acerca da Idade Média (V-XV), é conveniente frisar que existe uma generalização preconcei-
lica. Com o desenvol- tuosa que vincula esse período ao atraso. A esse respeito, a historiografia destaca que o termo
vimento do comércio medieval é tido como pejorativo,assim como o próprio apelido de “idade das trevas”, ambos cria-
e a urbanização, surgiu dos por renascentistas e até mesmo defendidos por historiadores até o século XIX. Os primeiros
o Renascimento (XIV),
e a maior parte dos detinham a percepção preconceituosa de que aquele momento do passado havia regredido, até
renascentistas eram mesmo por não deter as obras clássicas da antiguidade romana e grega. Seria uma sociedade
intelectuais da própria na qual a servidão estava aparente e os meios de produção eram os mais rudimentares, além do
Igreja Católica que, com fato de as vilas serem isoladas e não desenvolvidas. Povoados imensos se resguardavam atrás de
a mudança de realida- seus castelos e de bosques “mal assombrados”. Portanto, o sentido básico mantinha-se renascen-
de histórica, construí-
ram uma “nova lógica tista: a “Idade Média” teria sido uma interrupção no progresso humano inaugurado pelos gregos
burguesa” que condu- e romanos e retomado pelos homens do século XVI. Percebamos, portanto, que a significação
ziu o mundo ocidental. do período medieval como atrasado foi elaborada por um conjunto de pensadores que queriam
Para tanto, construíram afirmar o ideal de uma sociedade predominantemente burguesa, dita como “moderna”, como
o ideal de Idade Média um período de maior desenvolvimento, cujo tempo realidade é caracterizado entre os séculos
como “idade das trevas”
ou “noite dos mil XV e XVIII.
anos”. A partir de tais Em termos de periodização, a Idade Média é dividida em Alta Idade Média (V ao X) e Baixa
informações, convém Idade Média (XI ao XV). A disciplina Medieval I privilegiará a ascensão e constituição do feuda-
problematizarmos: De- lismo, enquanto Medieval II (outra disciplina) dará ênfase à crise feudal, característica da Baixa
vemos transmitir para Idade Média (XI ao XV). Logo, o estudo do mundo medieval ocidental leva-nos a analisar a Euro-
nossos alunos a Idade
Média como “idade das pa após a decadência de Roma (séc. V), ocasionada a partir das invasões bárbaras. Considerando
trevas”? Qual a impor- que essas invasões se seguem pela Alta Idade Média (V-X), é conveniente perceber que o mundo
tância das mudanças feudal ocidental constitui-se a partir desses conflitos.
históricas para alterar- Após essa breve situação vocabular e histórica, atenhamo-nos ao final da sociedade roma-
mos nossa maneira de na: Quais os fatores que desencadearam a queda do Império Romano? O que contribuiu para
pensar? Como as elites
constroem seu predo- a chegada da sociedade medieval? Quais os limites e projeções do feudalismo? Esse é o nosso
mínio, “seu mundo” por trabalho neste momento.
meio da educação e da O Império Romano, com o passar dos anos e das conquistas, encaminhava-se à chamada
história? Pax romana (III), período de diminuição de guerras e, consequentemente, de diminuição dos
aprisionamentos de escravos adquiridos nas mesmas. A crise da escravidão, os excessivos gastos
com guerras e a tentativa de manutenção dos privilégios aos burocratas provocaram a retração
da produção e a aceleração do processo inflacionário, fatores que fizeram com que a crise econô-
mica se generalizasse.
Segundo Perry (1989), em Passagens da Antiguidade ao Feudalismo, a crescente expansão
de Roma trouxe mais conquistas e menos controle das áreas conquistadas. Com o distanciamen-
to das terras, aliado ao crescente volume cultural, e com a chegada das primeiras ondas de inva-
sões bárbaras e as constantes trocas de imperadores, o fim do grandioso Império aproximava-se
tanto quanto o passar dos anos:
Mediante imigrações pacificas ou invasões, diversos povos germânicos (que os romanos
chamavam de bárbaros) foram ocupando o Império Romano do Ocidente. As invasões germâ-
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História - História Medieval I
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UAB/Unimontes - 3º Período
damentou, por exemplo, o surgimento do arianismo. A força das “armas” condicionava uma redis-
tribuição de terra desigual. Diferentemente, a segunda onda de invasões demarca ainda mais os
contornos iniciados pela primeira. A população dividida passa a fugir para o campo e refugiar-se
dos conflitos. O medo “do saque e da violência” leva os nobres a firmarem pactos de vassalagem.
Nesse momento devemos lembrar nossa afirmação inicial: muito embora seja adotado o feuda-
lismo analogamente com o período do ano V ao X, intitulado como Alta Idade Média, ele só re-
ceberá contornos visíveis a partir do século IX, após o governo de Carlos Magno. Na sequência,
percebamos, de maneira objetiva, as principais contribuições das invasões para a constituição do
feudalismo ocidental mais bem identificado entre os séculos IX e XI:
Figura 4: ►
Representação das
invasões Bárbaras em
Roma
Fonte: Disponível em
http://upload.wikimedia.
org/wikipedia/com-
mons/9/95/Vandalen.jpg.
Acesso em 23/11/2010
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História - História Medieval I
b. Romano
• O sistema de colonato: O colono ou camponês era obrigado a se fixar na terra, sob a tutela
do proprietário. Essa relação contribuiu para o surgimento da servidão.
• Villas: Com as invasões bárbaras, as villas (grandes propriedades rurais) passaram a ser o
centro das atividades econômicas e um refúgio para os camponeses, fato que contribuiu
para a servidão e descentralização.
• Igreja Católica: Com a desestruturação do Império Romano, a Igreja Católica passou a do-
minar o cenário político, cristianizando bárbaros, controlando territórios, interferindo em
guerras, monopolizando o conhecimento e determinando até sucessões monárquicas.
◄ Figura 6:
Representação
organizacional de um
feudo
Fonte: Disponível em
http://www.professoracla-
ra.com/imagens/feudal/
feudo-des.JPG. Acesso em
23/11/2010
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UAB/Unimontes - 3º Período
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História - História Medieval I
Atividade
Observe uma sugestão
de análise:
Objeto: Filme “O Gla-
diador”
Delimitação da análi-
se: tema específico de
aula: Crise do Império
1º. passo - Explicar aos alunos o contexto de produção do filme: o ano de 2000. ‘Destacar Romano e Invasões
que, após a queda da URSS e os avanços da globalização, inúmeros problemas como a intolerân- Bárbaras
cia, corrupção e violência marcaram as vidas de inúmeros “cidadãos do mundo”. Nesse contex- Época de produção do
filme: Ano 2000
to, há a saga de “Maximus” – o Gladiador– lutando contra o imperador de Roma. (È importante
lembrar-se de que George W. Bush, por exemplo, estava sendo eleito no “Império Americano” e
acusado de corrupção).
Obs: Perceber que apenas a comparação “Queda do Império Romano versus Queda do Im-
pério Americano” já daria uma aula.
2º. passo - Após contextualizar a produção do filme, apresentá-lo pedindo aos alunos para
prestarem atenção nos aspectos que geraram a decadência de Roma, apesar de o filme fazer re-
ferência aos Imperadores que governam o Império no Principado (Século II d.c).
3º. passo - A partir da exposição dos alunos sobre os problemas de Roma, iniciar uma expo-
sição da matéria.
4º. passo - Propor um exercício em forma de redação para que os alunos estabeleçam um
diálogo entre a produção (período em que o filme é lançado) e a matéria (decadência do Império
Romano).
Obs: Caso considere o filme longo, é interessante selecionar trechos. Porém, na propos-
ta de aula sugerida, era imprescindível que o aluno assistisse ao filme. Assim sendo, o filme
ganhará mais sentido, e os alunos poderão perceber a História como disciplina marcada pela
criticidade.
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UAB/Unimontes - 3º Período
Poderíamos citar inúmeros outros exemplos, principalmente no que diz respeito a filmes.
Seria possível apresentar uma vasta filmografia que retrata as mais variadas passagens e fatos
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História - História Medieval I
históricos. Como quase sempre os filmes apresentam uma visualização mais facilitada (muito
embora alguns carreguem romances que, geralmente, chamam a nossa atenção para outros as-
pectos que não os de aproximar a História teórica, textual de imagens e ações contextualizadas
epicamente), resolvemos apresentar, aqui, um desenho animado cujo foco seria a faixa etária
infantil. Na série Shrek, vários contos são retratados em uma abordagem crítica e atual; porém,
pressupostos do imaginário medieval, como o medo, os “castelos” distantes, as insurreições po-
pulares e mesmo a caracterização mítica do Ogro, são fundamentais para a produção do filme.
A trilogia apresenta-nos uma crítica, na qual os diversos contos conhecidos no mundo in-
fantil tomam rumos nunca pensados. Príncipes tornam-se vilões, fadas são maldosas, e monstros,
como o próprio Shrek, um ogro, chegam ao ponto de se tornarem um príncipe, ao menos politi-
camente. Apesar da estranheza que nos salta aos olhos, um misto de medievalidade e contem-
poraneidade dá um ar sarcástico aos diversos personagens das histórias infanto- juvenis.
Ineditismo à parte, podemos fazer a seguinte análise acerca do terceiro filme intitulado
Shrek Terceiro:
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UAB/Unimontes - 3º Período
QUADRO 1
Terceiro filme intitulado Shrek Terceiro
Assim, nesse quadro, é possível perceber várias características que permeiam o imaginário
medieval. Os reinos distantes, a tradição oral, as relações entre nobres, as revoltas populares, o
constante medo de conflitos e a valorização das tradições e das posses de terras são constan-
temente percebidas nas “brincadeiras” que a série Shrek faz com outros contos tradicionais. Ao
propormos tal reflexão, buscamos evidenciar a possibilidade de aprender características do mun-
do medievo de desenhos ou filmes, fato que facilita a dinâmica de sala de aula. Ou seja, um es-
tudioso/estudante do período medieval pode se valer das produções audiovisuais para lecionar
e apresentar características da Idade Média ou do feudalismo ocidental de forma mais atrativa
para seu alunado.
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História - História Medieval I
Referências
BACZKO, Bronislaw. Imaginação social. In: ROMANO, Ruggiero (org.). Enciclopédia Einaudi. Lis-
boa: Imprensa Nacional; Casa da Moeda, 1985. v.5.
BLOCH, Marc. Os Reis Taumaturgos: o caráter sobrenatural do poder régio, França e Inglaterra.
Júlia Mainardi (trad). 2ª reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
COTRIM, Gilberto. História global: Brasil e geral. São Paulo: Saraiva, 2007.
DARNTON, Robert. O Grande Massacre de Gatos: e outros episódios da História Cultural Fran-
cesa. São Paulo: Graal, 1988.
ENZENSBERGER, Hans Magnus. Guerra Civil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
NAPOLITANO, Marcos. A história depois do papel. In: Fontes históricas. São Paulo: contexto,
2006.
PERRY Anderson. Passagens da antiguidade ao feudalismo. 2 ed. São Paulo: Brasiliense, 1989.
296 p.
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História - História Medieval I
Unidade 2
Os reinos e impérios medievais
2.1 Introdução
Nesta unidade, o tema abordado será os reinos medievais, entre eles, os germanos, os esla-
vos, os escandinavos, os árabes e outros. Ao discutir os reinos medievais, deve-se levar em consi-
deração que o estudo permeará o declínio do mundo antigo e a transição do escravismo para o
feudalismo. DICA
Nesse sentido, num primeiro momento, o nosso estudo será sobre os bárbaros, com ênfase John Updiker, um
nos francos e, num segundo momento, sobre os impérios árabe e bizantino com o objetivo de romancista norte-ame-
compreender esses povos e sua atuação no período medieval. ricano do século XX,
afirma que “Homens
famintos são bons
soldados”. A partir da
“bárbaras”
De acordo com o Dicionário Aurélio (2001, p: 88), bárbaro significa inculto, selvagem, bruto,
grosseiro, com nível cultural inferior. Já civilizado é abordado como um estado de progresso e
cultura social, com nível cultural superior (Ibid. p.157). Dica
Nessa veia, discutir esses conceitos, sobretudo o termo bárbaro, é fundamental para com- Procure se informar
preensão desta unidade. sobre quem foram os
helenos. Faça essa pes-
De acordo com Guerras (1987), o termo bárbaro é uma herança grega. Segundo Heródoto,
quisa em dicionários
os gregos chamavam “bárbaros” aqueles que falavam uma língua diferente da sua. Essa era uma históricos, internet e
prática originária grega. Então, “bárbaro”, em grego, seria aquele que possuía uma língua incom- em Perry Anderson no
preensível, que não compartilhava nem os costumes dos helenos. livro Passagem da anti-
A concepção adotada pelos romanos compreendia os “bárbaros” como os estrangeiros não güidade ao feudalismo.
assimilados, ou seja, OS OUTROS, dos quais era necessário se defender.
De acordo com Guerras (1987, p. 7), durante o Renascimento, movimento cultural datado
de 1350 a 1600, o termo bárbaro tinha sentido pejorativo, ou seja, significava inculto, selvagem,
bruto e grosseiro. Essa significação era difundida no Renascimento para designar os povos que
puseram fim ao Império Romano e iniciaram a “Idade das Trevas”.
Os motivos que remetiam a esse significado consistiam na não aceitação do diferente. O es-
trangeiro, entidade não coerente e possuidor de nível cultural inferior é antagônico: “nós – eles”.
Os homens renascentistas viviam numa época de revalorização do mundo clássico, grego e
romano, apogeu da cultura humana, e, por outro lado, consideravam a Idade Média revestida de
caráter negativo, um período de barbárie, no qual a humanidade alcançou o estado mais baixo
de cultura. Da mesma forma, a palavra invasão que acompanha os bárbaros, ou seja, “a invasão
dos bárbaros” implicava uma ideia de violência e de choque militar.
O Iluminismo e a ilustração no século XVIII reafirmam a postura do Renascimento.
No século XIX, o Romantismo resgata a Idade Média. Por isso, os povos bárbaros passaram a
ser o sopro de vitalidade frente à civilização decadente do Império Romano. Nesse novo quadro,
a palavra “invasões” também foi trocada por “migrações”. Ou seja, o Império Romano não foi as-
sassinado, mas morre de morte natural.
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UAB/Unimontes - 3º Período
No século XX, os bárbaros eram, até recentemente, estudados em função de sua relação
DICA antagônica com o Império Romano. Atualmente, os bárbaros são vistos em sua individualidade,
Assista ao filme Átila, O portadores de uma cultura própria.
Huno, dirigido por Dick
Lowry, conta uma his-
tória que gira em torno
de Átila, relatando 2.2.2 Os povos bárbaros
como foi a sua cami-
nhada para tornar-se
um dos maiores líderes Os povos denominados “bárbaros” são:
da história. Com seus • Germanos: ostrogodos, visigodos, francos, lombardos, anglos, saxões, alamanos, turíngios,
pais mortos no início suevos e vândalos;
do filme, ele é criado • Eslavos: russos, poloneses, thecos, eslovacos, ucranianos;
pelo seu tio, que já tem
um sucessor para o • Tártaro-mongois: hunos, magiares, turcos e búlgaros.
trono. Como guerreiro, Assim sendo, depois dessa discussão, fica claro que o termo “bárbaro” não é o que a primeira
conseguiu impor medo impressão nos orienta a conceber: BÁRBAROS?
até na gigante Roma,
que, com sua crueldade
e esperteza, vai tentar
de tudo para não ser Figura 16: Os Reinos ►
atacada pelos exércitos Bárbaros
do guerreiro principal. Fonte: Disponível em
http://www.historianet.
com.br/conteudo/default.
aspx?codigo=79. Acesso
em 23/11/2010
DICA
O termo BÁRBARO
dá margem a muitos
significados. Reflita
um pouco, a partir das
leituras e do estudo
2.3 Os bárbaros
acerca desse termo, e
veja como concebê-lo
inserido no contexto da
Idade Média.
Entre os povos bárbaros, o estudo será focado no reino carolíngio por causa da sua atuação
no período medieval, que possibilita à Europa Ocidental uma nova configuração.
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História - História Medieval I
a) Civilização Islâmica
De origem semita (hebreus, árabes e etíopes), com descendentes de Ismael, filho de Abraão
e Agar, tendo o idealismo de uma nova dinâmica de religião.
b) Civilização Cristã Ocidental
Retardatária, pois apresentava economia menos avançada, bem como deficiências no go-
verno e na religião, tendo como base unificadora o Cristianismo e a língua latina.
c) Civilização Bizantina
A decadência do Império Romano do Ocidente deu origem ao Império Romano do Oriente,
cuja divisão foi determinada por Teodósio no século IV. É formada por Egito, Grécia, Síria-Palesti-
na, Mesopotâmia e Ásia Menor. A língua predominante é o grego.
Gibbon, de acordo com Burns (1981), menosprezava a Civilização Bizantina, a qual hoje é
vista com mais interesse.
O Império Bizantino apresenta as seguintes características:
• Não é inovador;
• Viveu sob ameaças externas e debilidades internas;
• Sobreviveu por um milênio;
• Prosperou e influenciou o mundo ao seu redor;
• Preservou o pensamento grego antigo;
• Criou obras de arte e levou a cultura a povos pagãos (eslavos).
É impossível fixar uma data precisa para o começo da Civilização Bizantina, pois constituiu o
sucessor ao Estado Romano. As datas variam de um historiador para outro.
Quando do Império Romano unificado, as características bizantinas já haviam emergido na his-
tória romana com Dioclesiano (284–
305). É Constantino quem muda a
capital Roma para Constantinopla, tor- ◄ Figura 24: Conquista de
nando-a o centro do mundo bizantino Justiniano
durante o seu governo no período de Fonte: Disponível em
306 a 337. www.historianet.com.br/
Justiniano (527–565), impera- conteudo/default.aspx .
Acesso em 23/11/2010
dor oriental, considerou-se herdeiro
de Augusto e lutou para reconquis-
tar o Ocidente. Ocorrerá, então, a
cristalização do novo modo de viver.
Heráclio ascende ao poder em 610.
Sua dinastia é oriunda do Oriente.
Ele falava grego e seguiu a política
oriental no Ocidente. Figura 25: Heráclio I
Fonte: Disponível em
maltez.info/.../500-
2.4.1 Reinado de Heráclio 999/610-19.htm. Acesso
em 23/11/2010
▼
De acordo com Burns (1981), Heráclio governou de 610 a 642. Du-
rante o período de 610 a 1071, prevalecerá a história política e militar
com a característica de resistência às invasões vindas do Oriente.
No período em que Heráclio está no trono, a existência do Império
Bizantino é ameaçada pelos persas. Porém, há uma inversão da situação,
reduzindo a Pérsia a um estado vassalo. Heráclio governa até 641 em gló-
ria, mas, em 650, os árabes avançaram com rapidez e submeteram maior
parte dos territórios bizantinos ao poder deles. Em 677, os árabes tentam
conquistar Constantinopla, mas fracassam. Em 717, novamente, os ára-
bes tentam atacar assinalando um novo ponto baixo na fortuna do Impé-
rio. Porém, essa ameaça é neutralizada pelo Imperador Leão, o Isauriano
(717–741). Esse fato é importante porque permitiu ao Império Bizantino
durar mais alguns séculos, assim com ajudou a salvar o Ocidente.
Decênios seguintes, os bizantinos reconquistam a maior parte da
Ásia Menor e tornam a tomar dos árabes a maior parte da Síria. No sé-
culo XI, os turcos seljúcidas aniquilam os bizantinos em Manzikert (Ásia
Menor), ocupando as províncias restantes do Oriente.
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UAB/Unimontes - 3º Período
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História - História Medieval I
A agricultura era a base da economia bizantina. Porém, apresenta uma história de luta: pe- DICA
quenos camponeses versus grandes proprietários de aristocracias e mosteiros ricos. Até o século
As descobertas arqueo-
XI, o campesinato era livre e sobrevive, mas, com a legislação estatal, os resultados são danosos.
lógicas aproximam o
Os camponeses não se interessam em resistir aos inimigos. passado do presente
A derrota de Manzikert colaborou na destruição do campesinato livre e possibilitou o do- e vice-versa. Reflita
mínio estrangeiro no comércio bizantino, como de Veneza e de Gênova, entrepostos comerciais, acerca das questões
ainda com privilégios dentro dos territórios bizantinos depois de 1204. A riqueza estava canali- suscitadas a partir da
figura 28.
zada para o exterior. O Império estava destruído por dentro (venezianos) e avassalado por fora
(turcos).
2.4.5 Religião
Conforme Burns (1981) e Roncinman (1961), a religião era o centro da sobrevivência bizan- DICA
tina. Os bizantinos brigam por obscuras questões religiosas. Os litígios religiosos eram agrava-
A figura 28 retrata uma
dos pelo fato de os imperadores tomarem parte ativa, pois eles exerciam poder na vida da Igreja. Igreja construída du-
Eram considerados “semelhantes a Deus”. Porém, os imperadores não podiam obrigar os súditos rante o Império Bizan-
a acreditar naquilo que eles criam. A paz religiosa era um refinamento de fórmulas doutrinárias tino, entre os séculos
no século VIII, mas destroçada pelas controvérsias iconoclastas. VI e VII d.C., descoberta
em uma obra para
construção de casas em
Nes Harim, a 20 km de
Jerusalém, Israel.
31
UAB/Unimontes - 3º Período
Os iconoclastas desejam proibir o culto dos ícones. Esse movimento foi iniciado pelo Impe-
rador Leão, o Isaurino, e mantido por seu filho Constantino V (740 -775).
As motivações que levaram a essa questão foram:
DICA
a) Pontos teológicos:
Converse com os • Sabor de paganismo;
colegas, amigos, pais e
parentes sobre o que é
• Nada produzido por mãos humanas devia ser adorado;
um império. Como eles • Proibição do culto de imagens esculpidas nos dez mandamentos;
veem os impérios?De • Como Leão, o Isaurino, salvou Constantinopla do Islã, para os muçulmanos, que alegavam
quantos impérios a ser as imagens “obras de satã”, essa seria uma resposta às principais críticas do Islã ao cristia-
história nos conta? Dis- nismo.
cuta sobre a ascensão e
queda desses impérios.
b) Pontos financeiros e políticos:
Qual o maior império • Movimento religioso novo: os imperadores podem reafirmar controle sobre a Igreja e com-
dos dias atuais? Como bater força crescente dos mosteiros;
eles se comportam? • Os mosteiros defendem a causa e as imagens. Constantino V persegue os mosteiros e se
apropria de suas riquezas.
• A questão iconoclasta é resolvida no século IX, tendo, entre as suas consequências, as se-
guintes:
• Destruição, por ordens imperais, de objetos de arte religiosa. As imagens que sobreviveram
provêm da Itália e da Palestina, estando fora do alcance dos imperadores iconoclastas;
• Cisma religioso entre o Ocidente e Oriente. O Papa, até o século VIII, era aliado dos bizan-
tinos e não aceitava o iconoclasmo. Ele não aceitava e questionava os iconoclastas porque
considerava o culto dos santos, bem como as pretensões de primazia papal, baseadas na
suposta descendência de São Pedro. Logo, os papas do século VIII combatem o iconoclasmo
bizantino e se voltam para os reis francos em busca de apoio. Isso agrava as relações do Oci-
Figura 29: Pinturas em
painel portátil com a
dente e Oriente;
imagem de Cristo. • Reafirmação da tradição. As experiências com questões religiosas servem para ritualizar a
Fonte: Disponível em tradição. Essa atitude deu força à religião bizantina para pôr fim na controvérsia e na heresia,
www.patyeregina-arte- ganhando novos fiéis nos séculos IX e X, bem como inibiu a livre especulação, não só em
bizantina.blogspot.com. religião, mas em assuntos intelectuais;
Acesso em 23/11/2010
▼ • Triunfo da piedade contemplativa bizantina. Os ícones não serviam para ser adorados, mas
para levar à morte e à contemplação do mate-
rial ao imaterial.
32
História - História Medieval I
2.5 Os Árabes
◄ Figura 30: Arquitetura.
De acordo com Burns (1981), o Islã é consi- Igreja de Santa Sofia
derado um fenômeno. Fonte: Disponível em
Seu ponto de origem é a vida de Maomé patyeregina-artebizanti-
na.blogspot.com/. Acesso
no século VII. A religião de Maomé representa em 23/11/10
força ponderável no mundo moderno. Os cren-
tes do Islã são conhecidos como muçulmanos
ou maometanos.
Nesse contexto, os muçulmanos abraçam
a mesma religião e o mesmo modo de viver. O
Islã exige dos fiéis certas formas de culto, assim
como um conjunto de normas sociais e cultu-
rais, possuindo a experiência em construir uma
sociedade no âmbito mundial. Sua base é a sua
identidade que demanda requisitos religiosos
e um código de existência cotidiana. Tudo isso Figura 31: Arábia
na prática tem êxito garantido durante séculos, Fonte: Disponível em
http://html.rincondelvago.
assim como apresenta características diversas com/germanos-bizanti-
de tempo e lugar, porém sempre com sentido nos-arabes.html. Acesso
de comunidade, independentemente de quais- em 23/11/2010
quer raças, línguas e localizações geográficas. ▼
O Islã tem influência na história da África,
da India, da Europa e da Ásia ocidental.
33
UAB/Unimontes - 3º Período
Conforme Burns (1981) e Giordani (1985), Maomé muda o nome de Yathrib para Medina,
que significa a “Cidade do Profeta”, e se torna governante da cidade. Tudo isso tem um grande
significado para a história, pois Maomé começa conscientemente a organizar seus convertidos
em uma comunidade política e religiosa. Porém, Maomé necessitava encontrar um meio de sus-
tento para seus primeiros seguidores em Meca. Esses primeiros seguidores foram aqueles que
34
História - História Medieval I
migraram em 622 para Yathrib. Maomé também desejava vingar-se dos Qoreish que ainda não
haviam aderido à sua fé. Por isso, chefiava seguidores em ataques contra caravanas Qoreish que
seguiam além de Meca. Os Qoreish se esforçaram para se defender, mas o grupo de Maomé, ani-
mado de entusiasmo religioso, conseguiu derrotá-los.
Em 630, várias batalhas ocorreram no deserto, e Maomé entra triunfante em Meca. Os Qo-
reish se submetem a fé de Maomé, e a Caaba é preservada. Com a tomada de Meca, outras tribos
também aceitam a nova religião.
Em 632, Maomé morre, porém a sua fé já é bem aceita. Inclusive, Maomé consegue unificar
a Arábia através da fé islâmica.
As doutrinas do Islã são extremamente simples. Islã significa submissão, por isso a fé islâmi-
ca exige submissão a Deus, ou seja, ao Deus único, Alá, o Deus criador todo poderoso, o mesmo
dos cristãos e dos judeus.
A crença dos muçulmanos consiste em:
• Maomé é o último e maior profeta e não o próprio Deus;
• Pregação do monoteísmo estrito, ou seja, homens e mulheres estão sujeitos a Deus, pois o
juízo divino estava eminente;
• Os mortais poderiam fazer as opções fundamentais: ou iniciarem uma vida a serviço de
Deus, uma vida bem-aventurada. Em troca, os fiéis teriam a concessão da vida eterna no pa-
raíso, canal de delícias; ou não estarem a serviço de Deus, ou seja, serem iníquos e, por isso,
condenados e mandados ao reino de fogo e de tortura eterna.
As medidas práticas para o exercício da nova religião eram:
• Os ensinamentos são encontrados no Corão, compilação das revelações feitas por Deus a
Maomé, a escritura definitiva do Islã;
• Dedicação rigorosa à retidão moral e à compaixão;
• Fidelidade aos mandamentos religiosos: regime de orações e jejuns; peregrinação a Meca e
recitação frequente de partes do Corão.
O Islã apresenta cinco pilares que constituem cinco deveres básicos de cada muçulmano:
• Recitar e aceitar o credo (Chahada ou Shahada);
• Orar cinco vezes ao longo do dia (Salá,Salat ou Salah);
• Pagar esmola (Zakat ou Zakah);
• Observar o jejum no Ramadão (Saum ou Siyam)
• Fazer a peregrinação a Meca (Haj) se tiver condições físicas e financeiras.
35
UAB/Unimontes - 3º Período
De acordo com Burns (1981), as semelhanças do Islã com o judaísmo e o cristianismo não é
casual. Maomé é influenciado pelas religiões anteriores, pois havia muitos judeus em Meca e Me-
dina e também conhecia o pensamento cristão.
Os principais pontos de contato entre o Islã e as duas religiões são:
• Estrito monoteísmo;
• Ênfase na moralidade e na compaixão pessoal;
• Adesão às escrituras reveladas, o Corão, suprema autoridade religiosa. O velho e o novo tes-
tamento são considerados como livros de inspiração divina.
As derivações do Islã e do Cristianismo consistem em:
• Juízo final e ressurreição do corpo;
• Recompensas e punições: céu/inferno;
• Crença em anjos;
• Pregava religião sem sacramentos ou sacerdotes. Todo crente é responsável por suas atitu-
des e comportamentos, pois é um estudioso da religião e pode comentar problemas da fé e
da lei islâmicas;
• Muçulmanos oram juntos em mesquita, nada similar à missa. Há a ausência de clero.
A similaridade entre o Islã e o Judaísmo é:
• Ligação entre a vida religiosa e sociopolítica da comunidade inspirada por Deus.
A diferença entre Islã e Judaísmo é:
• O Islã aspira ao universalismo, à unificação do mundo, que transborda a fronteira da Arábia.
• Jesus Cristo ser um profeta e não ser filho de Deus. As diferenças entre Islã e Cristianismo são:
Com a morte de Maomé, de acordo com Burns (1981), tem início a transformação do Islã
em força mundial. Os árabes não tinham conceito claro de sucessão política, nem sabiam que a
comunidade de Maomé sobreviveria e muito menos tomaram providências futuras nesse senti-
do. Porém, os seguidores mais próximos, liderados por Abu-Bakr e um fervoroso discípulo Omar,
nomearam Abu-Bakr, califa, que significa “representante do profeta”. Abu-Bakr serviu como che-
fe religioso e político supremo dos muçulmanos. Ele, como califa, lançou campanha militar para
subjugar tribos árabes.
36
História - História Medieval I
Após a morte de Abu-Bakr, conforme Burns (1981), Omar o sucede. Ele continua a dirigir in-
vasões árabes nos impérios vizinhos. Em 636, eles aniquilam o exército bizantino na Síria e do-
minam a Antioquia, Damasco e Jerusalém. Em 637, destroem o principal exército dos persas e
investem contra a capital persa, Ctesifonte. Capturado, o centro administrativo do Império Persa
deixa de oferecer resistência, após tantas lutas. Em 651, completa a conquista árabe a todo o Im-
pério Persa. O Império Bizantino tem dificuldades para dominá-lo, pois se centra em torno da
distante Constantinopla. Em 646, os árabes tomam o Egito e o norte da África dos bizantinos. Em
711, os árabes atravessam o Mediterrâneo e entram na Espanha. Em menos de um século, o Islã
conquista a antiga Pérsia e boa parte do velho mundo romano.
▲
2.5.9 Divisão entre Xiitas e Sunitas Figura 36: Estrutura
religiosa e civil do Islão.
Fonte: Disponível em
Conforme Burns (1981) e Giordani (1985), os árabes ampliam conquistas e enfrentam as pre-vestibular.arteblog.
primeiras divisões políticas de gravidade. Em 644, morre o Califa Omar, que é substituído por com.br/89/. Acesso em
Uthman. Uthman pertencia à família dos Omíadas, clã abastado de Meca que, de início, não ha- 23/11/2010
via aceitado a fé de Maomé.
Insatisfeitos com Uthman, os árabes se reuniram em torno de Ali, primo e genro do profeta e
líder apropriado para a causa. Uthman foi assassinado em 656 por amotinados. Partidários de Ali
acabam elegendo-o para Califa. Porém, a família e seguidores de Uthman não aceitam Ali. Ocorrem
muitas revoltas, e Ali acaba sendo assassinado. O grupo de Uthman sai vitorioso nesses embates.
Em 661, um membro da família Omíada assumiu a função de califa. Essa família governou
até 750. Partidários de Ali não aceitam derrota. Então, cristaliza-se um partido religioso minoritá-
rio, ou seja, os Xiitas. Os Xiitas se apresentam da seguinte forma:
• Só Ali e descendentes de Ali podiam ser Califas ou exercer qualquer autoridade sobre a co-
munidade muçulmana;
37
UAB/Unimontes - 3º Período
DICA
XIITAS E SUNITAS Figura 37: Sunitas e ►
Em face do enforca- Xiitas observam a
mento de Saddan crença e a organização
Hussein, muita gente política muçulmana de
ainda não entende a formas distintas.
diferença entre Xiitas Fonte: Disponível em
e Sunitas. A partir da http://www.mundoedu-
leitura do texto, tente cacao.com.br/curi osida-
des/sunitas-x-xiitas.htm.
rever jornais, revistas Acesso em 23/11/10
e outras fontes que
abordem o assunto,
reveja seus conceitos e
fique informado acerca
desse assunto, reveja
seus conceitos e fique
informado acerca desse
assunto.
2.5.11 Os Abássidas
Em 750, conforme Burns (1981) e Giordani (1985), ocorre a ascensão de uma nova família, os
Abássidas. As características do governo dos Abássidas são:
38
História - História Medieval I
DICA
Procure em bibliote-
ca, internet e outros
instrumentos de busca
informações acerca da
• Realce aos elementos persas e aos bizantinos, sobretudo nas artes; literatura dos árabes.
• Mudança de capital. O segundo Califa Abássida construiu nova capital, Bagdá, no Iraque,
perto das ruínas da antiga capital persa;
• Desenvolvimento de sua própria administração muçulmana, imitando o absolutismo persa;
• Rodeamento de complexas cerimônias palacianas;
• Patrocínio de uma literatura sofisticada, cujo maior exemplo foi o conjunto de textos que
ficou conhecido, posteriormente, no Ocidente como “Mil e uma noites”.
De um ponto de vista ocidental, o Califado Abássida foi importante. A orientação oriental
amenizou a pressão sobre o Mediterrâneo. Tudo isso significou:
• Estado Bizantino conseguiu reviver;
• Os francos adquirem força própria.
ATIVIDADE
Procure mais informa-
ções sobre os mongóis.
2.5.12 História política Islâmica após a queda do Império Abássida Veja sobre esse assunto
em: GUERRAS, Maria
Sonsoles. Os Povos
bárbaros. 3 ed. São
No século X, conforme Burns (1981), o poder Abássida declina, consistindo num período de
Paulo: Ática, 1995. 86 p.
descentralização. Segue-se a relação das motivações: (Série princípios 126) e
• Empobrecimento gradual de sua base econômica: a agricultura; GIORDANI, Mário Curtis.
• Os Califas Abássidas têm o hábito de se cercarem de soldados turcos, que compreenderam História dos reinos bár-
poder assumir o poder real do estado por conta do poder a eles delegado. baros: acontecimentos
políticos. Petrópolis, RJ:
Em 945, o Império Abássida esfacelou-se, no momento em que uma Tribo Turca Xiita captu-
Vozes, 1970.
ra Bagdá, tornando-se governantes nominais até seu califado ser arruinado com a destruição de
Bagdá pelos Mongóis em 1258.
De 945 ao século VI, ocorreram os seguintes fatos:
• A vida política islâmica foi marcada pelo localismo com diferentes reis fracos, geralmente
turcos, assumindo o poder em várias áreas;
39
UAB/Unimontes - 3º Período
Aqueles que abordam a história islâmica com preconceitos modernos têm uma grande sur-
presa. Constata-se que, desde a época de Maomé até 1500, a cultura e a sociedade islâmica fo-
ram extremamente cosmopolitas e dinâmicas. Maomé não era árabe do deserto, mas citadino e
comerciante imbuído de ideias avançadas. Razões pelas quais a cultura islâmica era cosmopolita:
• Herdou a satisfação de Bizâncio e da Pérsia;
• Permaneceu centralizada nas encruzilhadas do comércio a longa distância entre o Extremo
Oriente e Ocidente;
• Contrabalançava a próspera vida urbana com a agricultura;
• Havia grande mobilidade geográfica, devido à importância do comércio;
• Ensinamentos de Maomé estimulavam a mobilidade social. O Corão pregava a igualdade de
todos os muçulmanos. O resultado de tudo isso consistia que, na corte de Bagdá e nos Esta-
dos Muçulmanos descentralizados, tinham oportunidades para pessoas talentosas;
• Alfabetização disseminada. Muitos subiam socialmente através da educação;
• Os cargos raramente eram vistos como hereditários, e “homens novos” podiam ascender a
eles mediante esforço e capacidade;
• Muçulmanos mostravam tolerância para com outras religiões e permitiam espaço para ju-
deus e cristãos. Os cristãos eram considerados “gente do livro”, porque a Bíblia era precurso-
ra do Corão.
40
História - História Medieval I
41
UAB/Unimontes - 3º Período
b) Dos Sufis
Os Sufis
• Eram místicos, comparados aos monges cristãos, e diferentes, por não serem celibatários,
assim como não se retiravam da vida da comunidade;
• Valorizavam a contemplação e o êxtase;
Figura 44: Sufis: • Não tinham programa comum e, na prática, comportavam-se de forma diferente: como os
dervixes rodopiantes
com as danças;
dervixes rodopiantes com as danças; como os faquires, encantadores de serpentes; e como
faquires, encantadores os dedicados à meditação.
de serpentes; e os Enfim, coexistência dos Ulama e Sufis consistia no pluralismo cultural muçulmano.
dedicados à meditação,
respectivamente.
Fonte: Disponível em 2.5.16 A cultura Muçulmana
http://www.chaplaincyins-
titute.org/topic/world-
-religions. Acesso em A cultura muçulmana é bastante diversificada, conforme Burns (1981).
23/11/10 Vejamos o enfoque em algumas áreas:
▼ Nas artes
a) Arquitetura
• Influenciada pelos persas e bizantinos;
• Foram construídos palácios e mesquitas.
b) Escultura e pintura
• O Corão proibia a representação de seres humanos para evitar idolatria.
c) Música
• Instrumento de corda: Rebad, similar ao violino moderno e “AL ud”, ou seja, alaúde;
• Destaque médico.
d) Literatura
• Rica, de colorido variado e imaginação;
• Influência persa. Exemplos: Rubay-
yat; As mil e uma noites e Livro dos reis.
Nas Ciências
Figura 45: As mil e uma ► a) Astronomia
noites • A obra de Ptolomeu, conhecida
Fonte: Disponível em como “Almagesto”, foi traduzida;
http://site.margari-
tasemcensura.com/ • Observatórios astronômicos foram
viagem/o-alhambra-pala- fundados;
ce-luxo-da-mil-e-uma-noi- • O calendário e o sistema de álgebra
tes-em-granada. Acesso
em 20 de maio de 2009. – Al Batani, Omar e Alberuni foram de-
senvolvidos.
b) Matemática
• Utilização de algarismos “arábicos”
tomados dos hindus;
• A geometria e a álgebra foram de-
senvolvidas.
42
História - História Medieval I
c) Química
• Descoberta do álcool, fósforo, benzina, mercúrio e ácido sulfúrico. DICA
d) Medicina Assista ao filme Lawren-
• Obtenção de bastante progresso; ce da Arábia, dirigido
• Destaques: Rhazes, Averróis, filosofia comentada de Aristóteles, e Avicena. por David Lean, em
1962. Esse filme apre-
senta uma visão oci-
Na economia dental do mundo árabe
a) Agricultura e, por isso mesmo,
• Irrigação do solo; está sujeito a muitas
• Uso de nora, ou seja, roda d’água. críticas. Mesmo assim,
b) Indústria vale a pena assistir e
discutir, pois conta a
• Grande progresso; história lendária de um
• Possuía centros como Damasco, Mossul, Bagdá, Toledo e Córdova; militar e escritor inglês
• Fabricação: tapetes, tecidos de algodão e de seda, armas, vidros, porcelanas, móveis, papéis, que se apaixona pela
perfumes, açúcar e conservas. cultura árabe e passa a
c) Comércio viver no deserto com
os mercadores e suas
• Os navios árabes frequentavam os portos do Mar Vermelho, do Golfo Pérsico e do Oceano caravanas de camelos,
Índico carregados de tecidos, especiarias, perfumes, medicamentos e joias; nos primeiros anos do
• Nas transações comerciais, no início, usavam-se peças de ouro e prata dos bizantinos. Mais século XX.
tarde, cunharam-se moedas.
Referências
BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental. 23. ed. Porto Alegre: Globo, 1981.
GIORDANI, Mário Curtis. História dos reinos bárbaros: acontecimentos políticos. Petrópolis, RJ:
Vozes, 1970. 216 p.
KOSMINSKY, Eugenii Alekseevich. História da idade média. Lisboa, Porto: Centro do Livro Brasi-
leiro, [19--]. 278 p.
MELLO, José Roberto. O Império de Carlos Magno. São Paulo: Ática, 1990. 80 p.
PERRY, Anderson. Passagens da antiguidade ao feudalismo. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1989.
296 p.
43
História - História Medieval I
Unidade 3
O(s) Feudalismo(s) Ocidental(is):
Constituição e características
3.1 Introdução
O feudalismo é originário da crise do Império Romano, que, apesar de processual, é esta-
belecido no século V. Inúmeros povos “bárbaros”, ao invadirem o Império Romano e a Europa,
criavam um “ambiente” plural que marcaria a história dos povos europeus nos séculos posterio-
res. Desse modo, a hegemonia das leis e os costumes romanos duelavam com a diversidade dos
povos que invadiam a Europa. Nesse caminho, formavam-se “feudalismos”.
É importante perceber que as diferenciações étnicas, culturais e religiosas entre os povos da
Europa atualmente têm vínculo direto com a desestruturação do Império Romano e as invasões
bárbaras. Conforme expresso na Unidade II, os diversos reinos e impérios que se formaram na
Idade Média, em seus primeiros quinhentos anos, vão reafirmar a realidade dos “feudalismos”.
Na região ibérica e especificamente no condado portucalense (atual Portugal), por exem-
plo, o feudalismo, com as características apresentadas nos livros didáticos, praticamente não se
desenvolveu. Considerando em linhas gerais que a feudalização (ver Unidade I) se completa no
século IX, em “Portugal”, as invasões muçulmanas (invasões bárbaras) no século VIII fizeram com
que a relação de suserania e vassalagem se enfraquecesse e a centralização política e o desenvol- Figura 46: Exemplo de
vimento do comércio se dessem precocemente. Ou seja, esse é um dos fatores primordiais para divisão de terras para a
que Portugal formasse seu Estado Nacional no século XIV antes de qualquer outro país. Portanto, produção agrícola.
é importante perceber também esta diversidade de especificidades que as regiões da Europa ti- Fonte: Disponível em
nham, mesmo em época medieval. Então, por que estudamos feudalismo apenas com as carac- http://1.bp.blogspot.
com/_xVssAC1a3mk/
terísticas gerais? RvGW_KTpVcI/AAAAA-
Como a resposta se faz extensa, vamos expor três fatores: AAAADI/Iy4_nnjpgBA/
• A hegemonia cultural da Igreja Católica e a tentativa de transformar a Igreja Católica em s320/20040707a_
feudalismo_3%5B1%
uma homogeinizadora e dominadora das culturas “bárbaras”; 5D.jpg. Acesso em
• A análise de historiadores marxistas no século XX que procuraram pensar o feudalismo 23/11/2010
como modo de produção. Estudo marcante e importante, mas que mascarou algumas parti- ▼
cularidades dos feudalismos;
• A escassez de fontes.
45
UAB/Unimontes - 3º Período
QUADRO 2
DICA
Sistema trienal de campos
Os servos não tinham a
propriedade ou a posse 1º ANO 2º ANO 3º ANO
da terra e estavam pre-
sos a ela, ou seja, não Campo I trigo cevada pousio
podiam ser vendidos,
como se fazia com Campo II cevada pousio trigo
os escravos, mas não
tinham liberdade para Campo III pousio trigo cevada
abandonar as terras Fonte: PEDRO, LIMA, 2004.
onde haviam nascido.
Em número reduzido,
os vilões descendiam A hierarquia social era definida pela posse de terra, expressão de riqueza, influência, autori-
dos pequenos pro- dade e poder político. A sociedade era predominantemente estamental (pouca mobilidade so-
prietários romanos. cial). Nessa medida, a sociedade era dividida em dois grupos: senhores (nobreza palaciana e cle-
Caracterizavam-se rical) e servos e vilões.
por terem entregado
suas propriedades a A principal característica do modo de produção feudal era a relação de servidão. Os servos
um senhor em troca trabalhavam para sua subsistência. Ou seja, por não possuírem terras, deviam obrigações rotinei-
de proteção; contudo, ras a seus senhores e a Igreja. Os feudos eram autossuficientes. Assim, além da produção rural,
não estavam presos às vários objetos eram produzidos artesanalmente. O excedente de produção nutria o desenvolvi-
terras onde passaram a mento do mercado/comércio.
trabalhar.
Segundo Karl Marx, a crise feudal seria proveniente da evolução do próprio sistema. Ou seja,
uma possível ampliação do excedente de produção poderia fazer com que a busca por riquezas
se desse pela busca do lucro e não apenas pela produção nas terras. Dessa maneira, afirmou que
“o modo de produção se desenvolve e este desenvolvimento é o germe de sua própria crise”.
DICA
Observe que, segundo
Perry (1989), o modo
de produção feudal
define-se pelo Princípio
Jurídico de proprie-
dade escalonada ou
3.3.1 Política e sociedade
condicional. Portanto,
não havia propriedade
privada absoluta e Na Alta Idade Média (V-X), a política feudal, principalmente após a morte de Carlos Magno,
incondicional. consolida-se como descentralizada. Nela, os nobres ou senhores feudais detêm a autoridade nos
limites do seu feudo. O processo de suserania e vassalagem marca a política feudal. Nele, o suse-
rano, que doa a terra a um vassalo, transfere a responsabilidade da administração para ele. Em
46
História - História Medieval I
47
UAB/Unimontes - 3º Período
48
História - História Medieval I
a ordem dos que rezam (clero), dos que trabalham (servos e vilões) e a dos que combatem (no-
breza). Porém, cabe ressaltar que os indivíduos do “baixo clero” tinham, muitas vezes, uma con-
dição um pouco melhor do que a de um servo “comum”, fato que apresenta uma fragilidade na
dinâmica social, colocando em “xeque” a ideia de sociedade estamental. Em contrapartida, a Igre-
ja Católica procura impor as suas ideias às camadas, divulgando a premissa de que cada pessoa
tem um importante papel na sociedade e de que não havia a possibilidade de troca de responsa-
bilidades, já que essa era a vontade divina. Tínhamos, assim, o controle por parte da Igreja não só
no imaginário social, como também através do Tribunal da Santa Inquisição.
3.4.1 Filosofia
49
UAB/Unimontes - 3º Período
50
História - História Medieval I
51
UAB/Unimontes - 3º Período
exemplo, nos microscópios e telescópios, não devemos nos esquecer de que grande contribui-
ATIVIDADE ção estes devem à descoberta dos óculos do período medieval. Assim como eles, as variadas téc-
nicas, como a agrícola, a lida com o ferro e, principalmente, as técnicas de navegação.
Pesquise acerca dos
diversos esportes do
período medieval. A
título de exemplifica- 3.4.4 Guerra e armamento
ção, na figura 59 temos
o esporte conhecido
como Justa. É importante lembrar que boa parte do imaginário do cavaleiro é deste período. Em um pe-
ríodo cercado de lutas constantes por causa das invasões, o cavaleiro adquire um posto digno
de status como nunca antes visto. Por isso, é de presumir que foi de grande desenvolvimento,
DICA além das técnicas, a lida com armas de guerra. O Médio Oriente e a Península Ibérica, pelo fato
O Mundo Feminino: As de terem sido locais de grandes batalhas, foram as áreas responsáveis por boa parte do desen-
mulheres desempenha- volvimento bélico.
ram funções importan- Com a contenção das invasões no século IX, o povo europeu continua a conviver novamen-
tes na sociedade me-
te com as batalhas violentas das Cruzadas do período da Baixa Idade Média. Quando da invasão
dieval. As camponesas
auxiliavam sua família da Península Ibérica por parte das hostes mouras, o povo dominante eram os Visigodos, cujos
nas tarefas agrícolas exércitos se apoiavam, essencialmente, numa infantaria pesada e muito lenta. Os exércitos mou-
cotidianas, enquanto as ros, todavia, utilizavam uma cavalaria extremamente veloz, com armamento defensivo muito
pertencentes às famí- ligeiro, o que lhes permitia uma rápida evolução no terreno e que deu a estes exércitos a van-
lias nobres se encarre-
tagem, pelo menos numa fase inicial, e permitiu a conquista da maior parte da península a um
gavam da tecelagem e
da organização da casa, ritmo apenas observado nos conflitos contemporâneos.
orientando o trabalho
das servas. Muitas eram
artesãs. Nos grandes
feudos da Idade Média,
existiam oficinas,
produtos como: pentes,
cosméticos, sabão e
vestuário com mão de
obra inteiramente fe-
minina. Mas, todas elas,
desde as servas até as
mulheres da alta nobre-
za, estavam submetidas
aos pais e maridos.
3.4.5 Gastronomia
52
História - História Medieval I
Segundo nos aponta Grieco (1998), um fato curioso era o de que, ao observarmos a mesa da
sociedade no final da Idade Média para o início do Renascimento, notaríamos que, quanto mais
subíamos na escala social, mais refinada era a mesa e mais recursos eram destinados aos pratos
refinados. Ele percebeu que isso poderia ser visto claramente na diferenciação no consumo de
pães. Algo em torno de 32% do orçamento de capatazes eram destinados aos alimentos; de 47%
para os boieiros e arrieiros; e chegava a 52% entre os pastores. Logo, o autor afirma que:
Quanto mais baixa a posição social do indivíduo, mais o pão representava uma
parte importante do regime alimentar e, inversamente, essa proporção dimi-
nuía à medida que se subia na escala social (GRIECO, 1998, 883p).
◄ Figura 59: Na
contemporaneidade,
a rememoração dos
jogos medievos são
motivos da presença de
inúmeros turistas nos
locais que ainda detêm
parte dos monumentos
e representações do
período medieval.
Fonte: Disponível em
http://www.cm-obidos.
pt/_DI/NEWS/644_700_
mercado- medieval-01.jpg
.Acesso em 23/11/2010
53
UAB/Unimontes - 3º Período
O War (Grow, EUA, 1952) é um dos jogos de tabuleiros mais famosos no mundo, no qual,
a partir de um mapa mundi, cada jogador recebe uma carta com um determinado objetivo e
quem completá-lo primeiro e declará-lo cumprido é o vencedor. Em suas várias versões, o jogo
apresenta sempre uma temática específica, em que o jogador, estrategicamente, encaminha seu
jogo. Em 2007, foi lançada no Brasil a versão War: Império Romano, uma versão que trata do Im-
pério Romano em seu apogeu:
Referências
BLOCH, Marc. Os Reis Taumaturgos: o caráter sobrenatural do poder régio, França e Inglaterra.
Júlia Mainardi (trad). 2ª reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
FRANCORUM, Carmem Ad Rotbertum Regem. In: Jaime Pinsky (org). Modo de produção feudal.
4. ed. São Pualo: Global, 1986.
GRIECO, Allen F.In: FLANDRIN, Jean-Louis; MONTANARI, Massimo (org). História da Alimenta-
ção. São Paulo: Estação Liberdade, 1998, 883 p.
PEDRO, Antonio; LIMA, Lizânias de Souza. História da civilização ocidental. São Paulo: FTD,
2004.
PERRY, Anderson. Passagens da antiguidade ao feudalismo. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1989.
296 p.
54
História - História Medieval I
Resumo
Unidade I
Nesta unidade você aprendeu:
• que a sociedade medieval surgiu da crise do Império Romano que impulsionou diversos fa-
tores até o ponto de dar os contornos que a Alta e Baixa Idade Média viveram;
• que o preconceito gerado, às vezes de forma inocente ou imperceptível, levava-nos à crença
de que a humanidade passou por longos anos obscuros. Anos estes que chegavam a ser co-
nhecidos como Idade das Trevas;
• Que as características da idade Média muitas vezes são vinculadas ao feudalismo. E que,
mesmo que não seja algo aparente, são duas coisas distintas, uma completa a outra;
• que as diversas representações midiáticas ou orais relacionadas ao período, são importan-
tes meios de ensino e aprendizagem. E, dessa forma, você aprendeu como trabalhar com o
imaginário medieval e os contos/desenhos animados de forma a tornar o ensino de História
mais sensível ao mundo do “fazer História”.
Unidade II
Nesta unidade você aprendeu:
• que os povos bárbaros não devem ser compreendidos como incultos, selvagens, brutos e
grosseiros. Os motivos que remetiam a esse significado consistiam na não aceitação do dife-
rente ou o estrangeiro;
• que, entre os povos denominados “bárbaros”, havia os francos, que construíram um grande
império na Idade Média no ocidente;
• que o Império Bizantino atuou como uma muralha contra o Islã do século VII ao XI, ajudan-
do a preservar a independência do ocidente;
• que o Ocidente aprendeu com o Islã em várias esferas, sobretudo na esfera econômica, as-
sim como preservou e expandiu o conhecimento filosófico e científico dos gregos quando
estava quase todo esquecido no Ocidente. No Mundo Islâmico havia unidade dentro de
uma multiplicidade. Essa era uma marca islâmica. O Islã gerou uma sociedade diversificada,
legando descobertas e realizações originais.
Unidade III
Nesta unidade você aprendeu:
• a diversidade de características do feudalismo na Europa, que varia em relação ao tempo e
lugar. Fato que vinculasse as invasões bárbaras.
• quais as características e nomenclaturas do Modo de Produção Feudal, enquanto política,
Sociedade, economia, Cultura e Religião;
• que a crise do modo de produção feudal foi impulsionado por sua própria forma de exis-
tência.
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História - História Medieval I
Referências
Básicas
BLOCH, Marc. Os Reis Taumaturgos: o caráter sobrenatural do poder régio, França e Inglaterra.
Júlia Mainardi (trad). 2ª reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental. 23. ed. Porto Alegre: Globo, 1981.
GIORDANI, Mário Curtis. História do Mundo Árabe Medieval. 4 ed. Petrópolis: Vozes, 1985.
PERRY, Anderson. Passagens da antiguidade ao feudalismo. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1989.
296 p.
Complementares
DARNTON, Robert. O Grande Massacre de Gatos: e outros episódios da história cultural france-
sa. São Paulo: Graal, 1988.
GIORDANI, Mário Curtis. História dos reinos bárbaros: acontecimentos políticos. Petrópolis, RJ:
Vozes, 1970. 216 p.
KOSMINSKY, Eugenii Alekseevich. História da idade média. Lisboa, Porto: Centro do Livro Brasi-
leiro, [19--]. 278 p.
MELLO, José Roberto. O Império de Carlos Magno. São Paulo: Ática, 1990. 80 p.
PEDRO, Antonio; LIMA, Lizânias de Souza. História da civilização ocidental. São Paulo: FTD,
2004.
Suplementares
HISTÓRIA VIVA, Revista. Idade Média desconhecida. Ano I. nº 5. São Paulo: Duetto. Março 2004.
MONTEIRO, Hamilton M. O Feudalismo: Economia e Sociedade. 2. ed. São Paulo: Ática, 1995.
SILVA, Francisco C. Teixeira da. Sociedade Feudal, 4. ed. São Paulo: Brasiliense, 1988.
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História - História Medieval I
Atividades de
Aprendizagem - AA
1) A partir do debate construído acerca do (pré)conceito da Idade Média, disserte sobre suas ex-
periências como cidadão “leigo”, após o contato com todo o debate historiográfico.
3) Faça um exercício mental retrospectivo e cite os vários contos e/ou desenhos animados, filmes
ou telenovelas que fizeram parte da sua percepção acerca do período medieval.
6) O Reino Franco constituiu um grande império na Idade Média. Acerca do Império Franco, mar-
que V (verdadeiro) ou F (falso).
a. ( ) As tribos francas partiram do Vale do Rio Reno e se expandiram pelo território grego
nos séculos IV e V.
b. ( ) Clóvis uniu as várias tribos francas e conquistou a maior parte da Gália.
c. ( ) Ao aprovar a ascensão real de Pepino, o papado esperava um aliado na sua luta contra
os lombardos, que haviam conquistado grande parte da Itália no século VI e tinham ambi-
ções em relação ao território pontifício.
d. ( ) Apesar de o Império Franco possuir um território grande demais, era fácil governá-lo,
pois havia uma estrutura adequada para esse fim.
e. ( ) Após a morte de Carlos Magno em 814, seu filho Luís, o Piedoso, herdou o trono. Ele
pretendia preservar o Império, mas essa tarefa era possível pelo vigor do Império.
7) Após a leitura e estudo do texto e de outras bibliografias, discorra sobre a importância do Im-
pério Bizantino para o Ocidente.
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