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SER CONTEMPLATIVO: olhar com o coração

“Para mim a oração é um impulso do coração, um simples olhar dirigido para o


céu... tanto no meio da tribulação como da alegria” (S. Teresinha)

O ladrão de ouro
Há muito tempo viveu, numa antiga cidade da China, um homem cuja ambição era possuir ouro.
Um dia ele se levantou ao amanhecer, vestiu-se, pôs o gorro sobre a cabeça e dirigiu-se ao
mercado.
Ao chegar diante de uma barraca onde se vendia ouro, apoderou-se de uma peça e fugiu.
Um policial o deteve.
- Como tiveste a coragem de roubar o ouro na frente de tanta gente? – perguntou o policial.
- Quando apanhei a peça de ouro, não vi as pessoas; eu só conseguia ver o ouro – respondeu.

“Sou cego. Só consigo enxergar aquilo que minhas paixões me fazem ver.
Vejo ouro em vez de jóias, clientes em vez de pessoas, corpos no lugar da beleza.
E não consigo ver o que devia: não vejo a praça, nem o mercado, nem as pessoas, nem
os policiais...
Não enxergo as paisagens, nem as árvores, nem os pássaros, nem as flores...
Não vejo a natureza, nem o céu, nem as nuvens... Não vejo rostos, nem olhares, nem
sorrisos.
Só consigo ver ambição, loucura, orgulho. Só vejo o reflexo amarelo do vil metal.
E procuro agarrá-lo, esquecido de tudo. E pago por isso com minha liberdade.
Sou cego. Não percebo, não me dou conta, não faço contato.
Passo pela vida sem saber por onde passo; ando sem reconhecer o caminho; vivo sem
viver.
Quando ando pelas ruas, não vejo as pessoas; quando ouço as palavras, não entendo o
seu significado...
Sempre com pressa, sempre de passagem, sempre aturdido, sempre correndo para fazer
algo que, uma vez feito, vejo que não valia
a pena, e vou depressa fazer outra coisa, ou talvez repetir e mesma coisa com igual
loucura, igual intensidade e igual cegueira.
Corrida louca e cheia de ações insensatas. Já perdi o sentido da proporção na vida, o
horizonte, a perspectiva, a distância.
O sentido da totalidade, da majestade da vida, da eternidade, do tempo.
Na praça do mercado, o pedaço de ouro é nada mais do que um fraco reflexo,
insignificante entre as mercadorias, as barracas, os
vendedores.
Se eu tivesse a serenidade de ver tudo e de assimilar tudo, com uma consciência sadia,
o ouro não tomaria minha atenção, e eu não
perderia a cabeça.
O equilíbrio na vida resulta do olhar inteiro, imparcial, universal. É preciso olhar tudo,
sentir tudo, pensar tudo. Assim, as coisas voltam a seus respectivos lugares, a
paisagem se ordena, a vida recupera seu sentido.
Saber olhar é saber viver”. (Carlos Vallés).

É uma grande arte a de descobrir a essência das coisas, de olhar a fundo, de


chegar ao final.
Sempre nos deixamos levar por impressões externas, pela opinião dos outros,
pelo capricho... somos nadadores de superfície, especialistas do vulgar. Não é
assim que se entende a vida.
“Olhar o mundo como sacramento de Deus”. Tudo está inundado de Deus; tudo é
sagrado; nada é profa-
no.Deus ama deixando traços e pegadas de sua perfeição divina
em suas criaturas. O mundo é lugar do encontro com Deus.
Ter um olhar contemplativo é “encontrar Deus em todas as coisas e todas as coisas em
Deus”.
Deus “habita” nas criaturas, no ser humano...
Deus é o princípio vital de tudo; as criaturas são o que são devido à presença
de Deus nelas.
O valor e o significado últimos de todas as coisas provém não delas mesmas, mas
da presença de Deus em seu interior; todas as coisas são “santificadas”
porque nelas está Deus.
A pessoa contemplativa, movida por um olhar novo entra em comunhão com a
realidade tal como ela é.
Para o contemplativo, Deus é seu lar, e Deus está em todas as partes.
Os discípulos de Buda estavam ao redor de uma flor.
Todos estiveram olhando-a por longo tempo. Um olhou-a com inteligência séria e especulativa.
E, enquanto a olhava, preparou uma magistral conferência, alto conteúdo filosófico, sobre o
“conceito e essência das flores”.
Outro, renomado poeta, foi tecendo, enquanto a olhava, um belíssimo poema.
Um terceiro, pedagogo, arrancou da flor uma surpreendente parábola para contar aos seus
alunos.
Em suma, todos contemplaram a flor procurando tirar algo dela para deslumbrar logo os seus.
Todos, menos Buda que, alheio a todo proveito ou utilidade, contentou-se simplesmente, em olhá-
la.
Olhava-a; Olhava-a; Olhava-a; e, de tempos em tempos, o rosto se lhe incendia e... sorria.
Nada mais. Ninguém o ouviu dizer nada.
Entretanto “só ele olhou a flor”.

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