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The
Mythological Tradition and Its Place j in Renaissance Humanism and
Art. Harper torchbooks/the bollingen library harper & brothers, New
York, 1961. (Primeia publicação no francês, em 1940)
INTRODUÇÃO
“The tittle of the present work requires a certain amount of explanation. As the Middle
Ages and the Renaissance come to be better known, the traditional antithesis between
them grows less marked. The medieval period appears “less dark and static” and the
Renaissance “less bright and less sudden”. P. 3
Os deuses pagãos nunca passaram por um renascimento, por que eles permaneceram
vivos ao longo de toda idade média. Isso se dá porque, os próprios pagãos tiveram
dificuldades em definir de onde e quando veio à tona a sua própria cultura. A
interpretação disso pode seguir por três caminhos possíveis:
1-Os mitos são mais ou menos distorcidos ao longo dos fatos históricos, nos quais os
homens normais alcançaram o status de imortais.
Para Seznec, os deuses “sobreviveram” por três tradições, a histórica, a física e a moral.
A histórica é pelo aspecto histórico por trás da existência dos deuses, a física é a que
leva em consideração a existência dos deuses nas constelações, pois os astrólogos eram
também mitólogos. A moral se dá pelos modelos de virtude que os deuses dão como
exemplos, como Homero descreve os graciosos atos dos deuses. Há ainda, um outro
caminho, que une os três anteriores, o caminho enciclopédico.
“Tudo leva de volta às estrelas, e sua influência está em toda parte exercido. A
antiguidade declinante, como vimos, havia estabelecido um sistema de concordâncias
em que os planetas e os signos zodiacais serviam de base para a classificação dos
elementos, estações e humores. O espírito enciclopédico da Idade Média não estava
satisfeito apenas em reviver essa tradição, em elaborar esquemas mais ou menos
engenhosos de sua próprio para demonstrar relações numéricas entre os elementos
componentes Mundus, Annus e Homo. * Em sua preocupação preponderante com a
unificação, com a construção de uma ciência universalis, o escolasticismo desenvolveu
ainda mais as tabelas de concordância, apoiando-se em analogias cada vez mais
ilusórias ao fazê-lo. Por exemplo, Alexander Neckam, em seu De natura rerum,
apresenta de forma codificada a relação entre os planetas e as virtudes que haviam sido
estabelecidas pela primeira vez no século IX; enquanto no Convivio, Dante desenha um
paralelo entre os mesmos planetas e as sete artes liberais: "Alii sette primi (cieli)
representa o conjunto de ciências do Trivio e do Quadrivio". A gramática corresponde à
esfera da lua, dialética à esfera de Mercúrio, etc. Dante esboça, assim, um sistema
completo de conhecimento, ponto a ponto correspondente ao sistema astrológico.” P. 49
A filosofia Evemerista foi um grande ponto de apoio para os cristãos, que aceitavam os
“erros” da Antiguidade, ao considerar que os deuses eram apenas homens que
ascenderam aos céus. A origem humana dos deuses se tornou uma arma contra eles, ao
mesmo tempo que foram um instrumento de aceitação. Deu também uma certa proteção,
até mesmo garantindo a eles o direito de existir.
“[...] Paulus Orosius faz a mesma coisa. Apesar ele está escrevendo "adversus paganos"
e, sob a inspiração de Agostinho, seu livro é acima de tudo uma tentativa de desvendar o
passado, mesmo o passado da fábula e da lenda; isso é ainda mais significativo, pois
permaneceu um manual da mais alta autoridade durante a Idade Média e até o
Renascimento, passando por vinte edições no século XVI.” P. 14
No século XVII nós podemos perceber a aplicação mais clara da filosofia evemerista,
quando ele disse em seu “Etymologiae” que os deuses que os pagãos acreditavam,
foram um dia, apenas meros homens. O objetivo foi manter os personagens das fábulas
como benfeitores da humanidade, portanto, tinham todo direito de serem relembrados.
Ado de Vienne, que escreveu a “Crônicas das seis Eras do Mundo”, depois de falar de
Moisés e do êxodo, ele fala dos pagãos: “Naqueles dias, é dito, viveu Prometheus, que
acreditam ter formado o homem de argila; seu irmão, Atlas, vivendo no mesmo tempo,
foi um famoso astrólogo; o neto de Atlas, Mercúrio, era um sábio nas artes. Por essa
razão, o erro dos contemporâneos foi coloca-los, após a morte, junto com os deuses”
p15
“veremos que o euhemerismo era uma arma que corta nos dois sentidos. O que, na
intenção dos apologistas, deveria ter demolido, na verdade confirmou e exaltou. "Se a
deificação", argumentou Tertuliano, "é uma recompensa por mérito, por que Sócrates
não foi deificado por sua sabedoria, Aristides por sua justiça, Demóstenes por sua
eloqüência?" Tertuliano, em sua ironia, falou melhor do que sabia: a Idade Média estava
disposta a remediar essa injustiça. Em seu zelo supersticioso, o homem medieval estava
pronto para venerar os sábios que a própria antiguidade não havia colocado entre os
imortais.” P. 17
“ASSIM a existência dos deuses continua a ser sancionada por motivos históricos; além
disso, como na Idade Média, existe uma disposição de considerá-los os precursores da
civilização. Essa tendência já é muito evidente em Jacopo da Bergamo. Minerva, ele
diz, foi a primeira mulher para entender a arte de trabalhar em lã (f. 15); Quíron foi o
inventor da medicina (f. 18, r), Hermes Trismegisto, o primeiro astrônomo (f. 21, r),
Mercúrio, o primeiro músico (V. 20, v). Prometeu ensinou os homens a fazer fogo e
usar anéis ff. 19, r); Atlas ensinou astrologia grega (ibid.). Apolo, Esculápio, etc., são
colocados em uma seção intitulada "Viri disciplinis excellentes"; outros deuses, como
Faunus, Marte, etc., aparecem sob o cabeçalho: "Viri doctrinis excellentes ". p. 22
LIVRO II