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Conselho Federal de Economia

A história do Plano Real


Contribuição de Décio Pizzato
29 de June de 2009

Neste artigo, o economista Décio Pizzato fala sobre erros cometidos em planos econômicos anteriores e o sucesso do
Plano Real. "No meu ver o mais importante legado do Plano Real não está no seu impacto na economia, mas ter
conseguido apagar a inflação da memória de toda população brasileira", afirma o colunista. "Até 1994 os jovens com até 30
anos jamais tinham convivido com uma economia desindexada. Hoje os jovens não têm a menor idéia do que foi
conviver com alterações de preços mensais e até diários".

Neste dia 1º de julho completa-se quinze anos da implantação do Plano Real, a melhor vitória sobre a inflação. O século
passado, em sua segunda metade, esteve repleto de ações frustradas no combate a inflação, tanto que esta se tornou
endêmica. As primeiras tentativas foram através de controle dos preços, quando foi criada a Comissão de Fiscalização do
Abastecimento e Preços - COFAP, mais tarde substituída pela Superintendência Nacional do Abastecimento –
SUNAB. Eram instituições que visavam à fiscalização dos abusos praticados ao consumidor. No período militar, a essa se
acrescentou a CIP – Comissão Interministerial de Preços, buscando coibir práticas de elevação de preços nas
indústrias, que poderiam se refletir em inflação.

Foi entre 1986 e 1991 que o país foi transformado em laboratório de experiência para planos político-econômicos de
combate à inflação, mais voltados para espetáculos de mágica do que para resultados concretos. O Governo Sarney, foi
pródigo em criar esses, o primeiro dele foi o Plano Cruzado baseado na troca de moeda e em congelamento de preços. O
resultado foi o desabastecimento e a criação de mercados paralelos para se obter suprimentos. Plano usado
eleitoralmente, seguido pelo Plano Cruzado II, que desfez tudo o que havia sido implantado no anterior. Veio a seguir o
Plano Bresser, de curtíssima duração. O Governo Sarney fez mais uma tentativa com o Plano Verão, com os mesmos
resultados.

O governo que se seguiu criou os Planos Collor I e II, sendo o primeiro a loucura do confisco da poupança dos
investidores. Foram planos de choque heterodoxos, que acabaram descumprindo as relações contratuais até então
existentes. O que melhor exemplifica a malvadeza dos planos do Governo Collor, foi o expurgo da correção monetária
sobre depósitos do FGTS. Era mais uma vez a classe trabalhadora pagando um altíssimo preço por planos sem
consistência e copiados de outros países. Como se o Brasil guardasse as mesmas semelhanças. O Supremo Tribunal
Federal veio a reconhecer que a diferença deveria ser reposta na conta do trabalhador.

O Plano Real iniciado em 1º de julho de 1994 foi um programa econômico realizado em etapas. Ressalta-se neste a
remontagem do padrão monetário brasileiro. Os primeiros passos desse plano foram dados ainda em junho de 1993, no
governo Itamar Franco, com o Programa de Ação Imediata – PAI. Sem choques heterodoxos, como os planos
antecedentes, o governo assumiu que a principal causa da inflação era o descontrole financeiro e administrativo do setor
público. O fundamental do PAI não foi deflagrar um combate à inflação, mas sim adotar medidas capazes de resgatar a
ética e a credibilidade das instituições, que haviam sido manchadas pelos escândalos dos desvios das verbas públicas e
pela manipulação do Orçamento. Foram naquela ocasião estabelecidas as seguintes metas:

a) Corte nos gastos públicos;

b) Recuperação da Receita Tributária;

c) Fim da inadimplência dos Estados e municípios;

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d) Controle e rígida fiscalização dos bancos estaduais;

e) Saneamento dos bancos federais; e

f) Privatização.

O governo encontrava dificuldades política para aprovação do ajuste fiscal, a que se somou o pouco tempo devido às
eleições majoritárias que aconteceriam em outubro de 1994. Para acelerar o processo foi instituída a Unidade Real de
Valor – URV que definiu as linhas gerais do plano de estabilização. As bases eram um Orçamento equilibrado para
1994, a criação de um Fundo Social de Emergência e um conceito operacional para a condução do plano.

O governo constatou que o critério de calculo da URV deveria ser um parâmetro para quebrar a inércia inflacionária e
medir a inflação corrente, mas acabou medindo a inflação passada. Ao contrário do que os técnicos imaginavam, a URV
não seguiu o comportamento do dólar. O governo fixou uma cesta de índices para URV, de forma não prevista o câmbio
passou a refletir o movimento da URV, e não o inverso.

A URV entrou efetivamente em funcionamento em 01/03/94 com o valor de CR$ 647,50 (a MP foi transformada em Lei
com o nº 8.880, de 27/05/1994). A partir desta data o Banco Central começou arbitrar o valor da mesma.

O primeiro mês de vigência da URV registrou uma forte aceleração nos preços resultados de remarcações preventivas. Ao
lançar a URV, o governo pretendia fixar na sociedade o conceito de moeda estável para, em seguida, dar início à reforma
monetária, com a troca de Cruzeiros Reais para Reais, através de uma paridade fixa entre o Cruzeiro Real e a URV, e
depois entre a URV e o Real. Depois de observar os resultados inócuos das últimas tentativas de se acabar com a
indexação, a equipe econômica optou pela estratégia inversa. Como os institutos de pesquisa não conseguiam medir a
inflação em tempo real, era preciso garantir o poder de compra da moeda gerando então um processo de super indexação.
A divulgação dos valores diários da URV continham a inflação futura.

A grande novidade da URV foi sua inserção no padrão monetário do País, dotada de uma das características da moeda: a
unidade de conta. Embora inicialmente sendo vedado o seu poder liberatório como meio de pagamento, continha a
previsão quando a URV fosse emitida como moeda, mas com o nome de Real. Assim a Unidade Real de Valor era uma
moeda virtual, não existia fisicamente.

Vale aqui um parêntese: a União Europeia, ao dar início em 1º/01/1999 à terceira e última parte da unificação econômica e
monetária, criando o Euro como moeda única, o fez também sem circulação física. Ao ser dado o início das taxas de
conversão fixas e irreversíveis entre as moedas nacionais dos países membros e o Euro este nascia como uma moeda
virtual, semelhante a nossa URV, guardadas as proporções devidas. Haviam os brasileiros antecedidos os europeus em
cinco anos.

Para não haver ruptura nos contratos e preços, retroage a tabela da URV a 01/01/93, de modo que a sociedade como um
todo, pudesse fazer os seus ajustes nos preços desta nova paridade, sem choques.

Uma inflação elevada e contínua deteriora a moeda, que é um dos símbolos mais importantes da soberania e identidade
de um país. Conceber e administrar um plano de estabilização em um país que em oito anos trocou cinco vezes de moeda
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e conviveu com seis planos econômicos não foi uma tarefa simples. Ao entrar na era do Real, o Brasil retornou ao padrão
monetário que vigorou mais tempo na história de sua economia: 134 anos. De 1808 até os dias de hoje foram nove
moedas diferentes:

Denominação

Período

Alterações

Real
Desde a chegada de D. João VI (1808) no

Brasil até set/1942

Cruzeiro
A partir de out/1942

Cruzeiro Novo
A partir de nov/1965
Corte de três zeros

Cruzeiro
A partir de mar/1970

Cruzado
A partir de fev/1986
Corte de três zeros

Cruzado Novo
A partir de jan/1989
Corte de três zeros

Cruzeiro
A partir de mar/1990

Cruzeiro Real
A partir de ago/1993
Corte de três zeros

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Real
A partir de jul/1994
R$ = Cr$ 2.750,00

*A forma popular de usar o seu plural era réis, e a unidade já elevada era chamada popularmente de
“mirreis”, significando Mil Réis. Fonte Andima

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A maior lição aprendida pelos formuladores do Plano Real com o fracasso dos planos anteriores foi que medidas
impostas unilateralmente implicam em violência jurídica e resistência da sociedade. Assim, temendo mais um fracasso,
o governo vinha dando declarações publicas sobre as medidas a serem implantadas, de modo que quando foi baixada a
Medida Provisória que instituiu o Plano Real não havia em seu texto nenhuma surpresa. Tanto que em maio de 1994 o
governo fixou a data de 1º de julho para início da implantação do Plano.

No meu ver o mais importante legado do Plano Real não está no seu impacto na economia, mas ter conseguido apagar
a inflação da memória de toda população brasileira. Até então era comum para qualquer pessoa ajustar preços fazendo o
cálculo de cabeça, pois bastava cortar três zeros para saber quanto algo valia na nova moeda. Ao fixar a paridade de
Um Real em CR$ 2.750,00, esse cálculo já não era mais possível ser facilmente feito. Até 1994 os jovens com até 30
anos jamais tinham convivido com uma economia desindexada. Assim havia uma cultura inflacionária desenvolvida
com sistemática indexação, criando um disfarce para a deterioração provocada pela aceleração dos preços, levando a
sociedade a conviver com índices mensais de 50% da forma mais tranqüila. Hoje os jovens não têm a menor idéia do
que foi conviver com alterações de preços mensais e até diários. A cultura da inflação foi perdida quinze anos atrás.

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(*) Economista, articulista do Jornal do Comércio (Porto Alegre) desde 1995. Faz palestras sobre economia
contemporânea para cursos de graduação e pós-graduação (RS). Atua como consultor de cenários de econômia
contemporânea brasileira.

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