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Do amargo do café á alvura das saias das yaôs para fazer um Estado Laico!

Permito-me aqui ir ‘nas águas’1 do Historiador Simas2 (2011), e defender que todas as
pessoas deveriam ser iniciadas por uma yalorixá3 nas coisas do candomblé e da encantaria;
onde seriam civilizadas pelo tambor, alumbradas4 pelas saias rodadas das yaôs5; educadas
pela gentileza doce dos ijexas6 e pela formosura das mestras de encanto e entre uma
curimba7 e outra ouvir o ‘Rei do Baião’; assim em todo dia da Consciência Negra
ofereceriam um café amargo, bem forte, ao tempo, para que nele bebessem as santas almas
benditas; pretos velhos encantados para que protejam o nosso País e o povo das convulsões
sociais da discriminação e do racismo. Faço este projeto no ‘epicentro’ da decisão d’um
magistrado carioca que subtraiu da Umbanda e do Candomblé o conceito de ‘religiões’ pois;
no seu entendimento, essas manifestações com origem na matriz afro-brasileira não possuem
um livro litúrgico. A ‘Vossa Excelência’, ao sentenciar, não levou em conta a transmissão
oral dos conhecimentos; aquela que é ensinada de geração em geração pelos mais antigos
para alguém de sua confiança escolhida/o antes de seu óbito; e que os estudiosos denominam
oralidade! Estarei expandindo meu conhecimento em relação à Cultura Africana, e me
preparando para um mestrado, desenvolvendo uma revisão bibliográfica e uma pesquisa
exploratória no viés das Identidades, Pluralidade Cultural e Ações Afirmativas. Tendo
como objetivo geral: o empoderamento contra a discriminação existente junto às crianças

1
‘ir nas águas’; fala-se de ‘ir’ no axé; na sorte do orixá que comanda a vida da pessoa a qual você se refere.
2
Luiz Antonio Simas é mestre em História Social pela UFRJ e professor de História do ensino médio. É
considerado um dos profissionais mais importantes do Rio de Janeiro em sua área de atuação. Desenvolve
pesquisas sobre a cultura popular carioca, mais especificamente nos campos do futebol e da música popular.
Foi o responsável pela pesquisa da exposição Todas as Copas, evento realizado no Brasil e nos Estados Unidos
durante a Copa do Mundo de 1994. Seu trabalho foi considerado pela FIFA como um dos mais completos
levantamentos já realizados sobre a história dos mundiais de futebol. Entre seus livros publicados temos
Pedrinhas Miúdas, onde encontramos uma pequena epistola denominada ‘Meu moleque’ dirigida ao seu
primogênito no dia 13 de maio de 2011.
3
Na língua yorubá significa mãe, bem como a junção Iaiá ou Yayá ("mamãe", forma carinhosa de falar com a
mãe, ou com a senhora da fazenda, muito usada pelos escravos). Palavra utilizada em muitos segmentos das
religiões afro-brasileiras, principalmente no Candomblé.
4
Que se alumbrou que foi colocado sob a luz (local alumbrado); a referência às saias das yaôs deve-se ao fato
delas apresentarem uma alvura que chega a doer nos olhos.
5
ìyàwó, Iyawô, Yao ou Iaô palavra de origem yorubá, é a denominação dos filhos de santo já iniciados e que
tenham passado pelo ritual da ‘Feitura de Santo’, e que ainda não completaram o período de 7 anos da
iniciação. Antes da iniciação são chamados de abíyàn ou abian.
6
O Ijexá, dentro do Candomblé é essencialmente um ritmo que se toca para Orixás, Oxum, Osain, Ogum,
Logum-edé, Exu, Oba, Oyá-Yansan e Oxalá. Ritmo suave, mas de batida e cadência marcadas de grande
beleza, no som e na dança. O Ijexá é tocado exclusivamente com as mãos, os aquidavis ou baquetas não são
usados nesse toque, sempre acompanhado do Gã (agogô) para marcar o compasso. O Ijexá resiste atualmente
como ritmo musical presente nos Afoxés. O Afoxé Filhos de Gandhi da Bahia é talvez o mais tenaz dos grupos
culturais brasileiros na preservação desse ritmo.
7
Curimba é o nome dado ao grupo responsável pelos toques e cantos sagrados dentro de um ‘terreiro’ num
ritual da Umbanda. É ele que percute os atabaques (instrumentos sagrados de percussão).
em idade escolar; quando seus pares precisam ‘fazer o Santo’8. Objetivos específicos:
esclarecer sobre a cultura religiosa dos afrodescendentes; cumprir a legislação que versa
sobre o ensino da História e cultura afro-brasileira, africana e indígena ressaltando a
importância dessas culturas na formação da sociedade brasileira, com base na Lei 11.645/08
e alterações; estimular a criação no ambiente escolar de uma sociedade brasileira mais justa,
mais respeitosa e menos violenta e isenta de racismo; promover a inclusão social na
perspectiva da diversidade cultural. Demo (1999) provoca uma reflexão trazendo a
necessidade de desmistificar a pesquisa e torná-la algo mais próximo do dia a dia de
educadores e educandos, visando que os conteúdos sejam mais bem contextualizados e
tenham mais significado na vida cotidiana. O estudo será realizado por meio de entrevistas
com cinco crianças em idade escolar, praticantes do candomblé, residentes em Águas
Lindas/GO; com seus genitores, com seus professores e com seus respectivos zeladores de
Santo. Axé!

8
‘fazer o Santo’, diz-se da iniciação litúrgica dentro do Candomblé e/ou Umbanda, ritual este que se
assemelharia ao batismo nas religiões cristãs.
Referências Bibliográficas

DEMO, Pedro. Pesquisa Princípio Científico e Educativo São Paulo: Cortez, 2006.
SIMAS, Luiz Antonio. Epistola: Meu Moleque in PEDRINHAS MIUDINHAS: ensaios sobre ruas,
aldeias e terreiros. Rio de Janeiro: Mórula Editorial, 2013.

Bibliografia Consultada e/ou Sugerida

ABREU, Martha, SOIHE, Raquel, TEIXEIRA, Rebeca (Orgs). Cultura política e leituras do passado:
historiografia e ensino de história. .Rio de Janeiro: 2ed. José Olympio, 2010.
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Educação e Cultura/Conselho Nacional de Educação. Brasília, 2005.
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educação quilombola. Brasília: UNESCO: MEC/Secad, (Coleção Educação para Todos: vol. IX),
2006.
_______________Diretrizes Curriculares para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o
Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília: DF, Outubro, 2004.
_______________Lei nº 10.639 de 9 de janeiro de 2003. Brasília, 2003.
_______________Lei nº 11.645 de 10 de março de 2008. Brasília, 2008.
_______________SDH/PR. Diversidade Religiosa e Direitos Humanos.DVD/Folder Brasília, 2006.
_______________Orientações e Ações para a Educação das Relações Étnico-Raciais. Brasília:
MEC/Secad, 2006.
BRASÍLIA, Secretaria de Estado de Educação. Sugestões para o professor de Ensino Religioso.
Brasília: SEE/DF, mimeo, 2006.
CAPUTO, Stela Guedes. Educação nos terreiros e como a escola se relaciona com crianças do
candomblé. Rio de Janeiro: FAPERJ / PALLAS, 2012.
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Relações Étnico-Raciais. Ministério da Educação e Cultura/ Secretaria da educação Continuada,
Alfabetização e Diversidade Brasília: MEC/SECAD, 2006.
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