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É então na consequência dessa decisão que criamos este documento, onde vamos dar a
conhecer as fases do progresso de análise dos respectivos questionários bem como os
resultados obtidos com o mesmo.
17-27
28-37
38-47
48-57
58-67
Segundo esta divisão partimos para algumas subdivisões dos inquiridos por sexo e
diferenciando ainda a existência ou não de filhos, tornando ainda mais fácil a análise do
questionário que desenvolvemos.
Masculino Feminino
9
8 8
8
7 7
7
6
6
5
5
4
3 3
3
2
2
1
1
0
17-27 28-37 38-47 48-57 58-67
Gráfico 1
Prosseguiremos então com o estudo dos elementos dos diferentes sexos fazendo referência
as respostas dadas pelos inquiridos de uma forma sintética, ou seja, apresentando o resultado
geral que deriva do estudo particular de cada um dos casos.
Violência Infantil Área de Projecto
Sexo em estudo: Feminino
Todos eles foram ainda subdividos em duas secções: com e sem filhos (Gráfico 2)
Com filhos
33%
Sem filhos
Gráfico 2
Verificamos, pelo estudo dos questionários, que não obtemos uma unanimidade quanto a
profissões, pois todos os inquiridos apresentam respostas diferentes desde professores até
empregados domésticos/de limpeza, passando por lavandeiras, auxiliares de acção directa,
contabilistas, engenheiros, estudantes, entre outros, a dissonância neste ponto é relativamente
significativa.
30
em %
20
10 4 4
0 0
0
Conversar Chamar a Gritar com Bater-lhe Outro Sem efeito
atenção ela
Gráfico 3
Nota: Foram contabilizadas como “Outro” todas as respostas que contivessem outra qualquer opção
escrita pelo inquirido, mas também todos os questionários que apresentam mais do que uma opção
seleccionada.
Violência Infantil Área de Projecto
“Durante a sua infância, tem memória dos castigos que lhe eram aplicados?
Quais? Sente que tiveram influência na sua vida?”
As respostas que obtivemos variam um pouco. Enquanto os inquiridos das camadas mais
jovens (até cerca dos 27 anos) não se recordam de ter sofrido castigos ou nada mais além das
chamadas de atenção e das conversas que tentavam ensiná-los a distinguir os
comportamentos mais correctos das más atitudes, aqueles com idades mais avançadas
argumentam que, no seu tempo, devido a falta de cultura, a violência mais grave ou mais
ligeira e os castigos domésticos eram a forma encontrada para punir uma acção menos própria
por parte da criança.
De uma forma geral, quem realmente sofreu castigos, sanções e actos de violência sente
que a influência que tiveram para a sua vida futura foi positiva, porque ajudaram num
crescimento mais correcto no que toca a comportamentos. Uma minoria relata que nenhum
efeito causou para a sua vida a existência desse tipo de atitudes por parte dos pais.
Quanto à terceira questão, decidimos obter informação acerca da opinião dos inquiridos
sobres castigos corporais propriamente ditos.
Como era esperado pela parte do grupo, a resposta para esta questão apresenta um grau
elevado de unanimidade, uma vez que se refere a actos de violência explícita, no próprio corpo
da vítima. Assim sendo, as mulheres não concordam com a punição, por meios físicos, das
crianças que frequentam os infantários nem mesmo nas próprias casas, argumentando que
existem formas mais pacíficas de resolver os problemas. Esta resposta vai de encontro ao
representado no anterior gráfico (gráfico 3) que demonstra quais as melhores formas
seleccionadas para o fazer e, além disso, como é verificável, não houve indivíduos que
preferissem para tal “Gritar com ela” ou “Bater-lhe”, logo, é eficaz falar numa opinião
generalizada contra a violência, embora este facto não a faça desaparecer do nosso
quotidiano.
“Na sua opinião ter medo dos pais é o mesmo que respeitá-los?”
4%
4% 11%
81%
Gráfico 4
Como é possível verificar, a maior parcela aponta para o resultado esperado pelo grupo, ou
seja, a maioria das inquiridas consegue perceber que existem diferenças significativas entre as
demonstrações de medo e de respeito que as crianças aparentam quando confrontadas pelos
pais, em situações mais ou menos violentas.
As três questões restantes podem ser agrupadas, isto é, a conclusão apresentada deriva de
uma acumulação de todas as respostas a ambas as três perguntas que finalizam o inquérito
realizado.
“Pensa que as crianças esquecem facilmente uma agressão ou que isso deixa
marcas para a vida?”
“Se concorda que deixa marcas para a vida, porque é que continua a existir
violência infantil?”
“Pensa que a violência prepara melhor uma criança para a vida futura?”
Todas as nossas questionadas têm uma opinião unificada sobre o facto de ser verídica a
perenidade das agressões nos seres humanos em pleno crescimento e formação de
personalidade que são as crianças, uma vez que o termo “agressão” supõe violência física ou
psicológica acentuada, defendendo que a mesma continua a existir porque as mentalidades
portuguesas são retrógradas e não apresentam cultura suficiente para que se apliquem outro
tipo de tratamento quando os menores se comportam de forma incorrecta.
São apontados outros factores como a falta de paciência, as frustrações pessoais, o facto
de antigamente ser socialmente aceite e a falta de compreensão, tolerância e atenção dentro
dos núcleos familiares para justificar também a continuidade de tais actos numa sociedade que
se diz moderna, em pleno estado evolutivo.
Nenhuma delas defende também que na base da preparação de um bom futuro esteja a
violência contra crianças sem possíveis elementos de defesa, uma vez que é claramente
possível dizer, como já foi referido, que todos os elementos femininos apresentam uma
delineada posição contra a violência infantil.
Violência Infantil Área de Projecto
Sexo em estudo: Masculino
Passando agora para a análise dos questionários referentes aos elementos do sexo
masculino, desenvolveremos as questões de maneira similar ao anteriormente apresentado.
Uma vez que as respostas não apresentam grande discrepância é possível que se encontrem
descritas análises muito similares às presentes no questionário feminino.
Também estes foram sujeitos a subdivisão entre as secções com e sem filhos,
representando os resultados no seguinte gráfico:
39%
Com filhos
Sem filhos
61%
Gráfico 5
60
52
50
40 35
30
em %
20
13
10
0 0
0
Conversar Chamar a Gritar com ela Bater-lhe Outro
atenção
Gráfico 6
Nota: Foram contabilizadas como “Outro” todas as respostas que contivessem outra qualquer opção
escrita pelo inquirido, mas também todos os questionários que apresentam mais do que uma opção
seleccionada.
Violência Infantil Área de Projecto
Um pouco diferente do caso feminino, este conjunto de questionários debruça-se
maioritariamente sobre a opção conversar. Facto curioso, uma vez que como poderemos
observar na pergunta seguinte, este sexo admite ter sofrido mais agressões físicas durante a
infância do que o caso anteriormente tratado. Assim sendo, será caso para repensar se a
mudança de mentalidades masculinas, que costumam ser tomadas como mais duras e
violentas, não estarão realmente a dar um passo de mudança, não desejando para os seus
aquilo que eles próprios experimentaram de negativo.
“Durante a sua infância, tem memória dos castigos que lhe eram aplicados?
Quais? Sente que tiveram influência na sua vida?”
Nesta segunda pergunta o caso masculino apresenta uma maioria que afirma ter recebido
castigos mais físicos, dos quais ainda têm memória, mas poucos dizem ter sido factor de
influência na vida futura. Predominantemente em idades mais jovens os castigos são de ordem
mais pacífica, como a privação de algumas actividades de que gostavam.
Podemos então verificar que a infância que os questionados desejam dar aos seus filhos
vai, como aconteceu no caso feminino, de encontro aos resultados da primeira pergunta
(Gráfico 6), onde mais de metade das escolhas reside na opção “Conversar”.
“Na sua opinião ter medo dos pais é o mesmo que respeitá-los?”
4%
13%
83%
Gráfico 7
“Se concorda que deixa marcas para a vida, porque é que continua a existir
violência infantil?”
“Pensa que a violência prepara melhor uma criança para a vida futura?”
Este conjunto de respostas é em tudo semelhante ao caso feminino, uma vez que todos os
inquiridos concordam que as agressões a crianças deixam marcas para vida, excluindo um
caso em que o individuo em questão salienta a capacidade de esquecimento e afirma que a
maior parte é passível de se desenvolver e integrar, apagando do passado essas más
memórias.
Justificam a perenidade dos factos com o modelo de imitação que os seres humanos levam
da sua educação para educar os seus, a falta de cultura, de amor e de capacidade de
entendimento e conversação entre os membros das famílias, e ainda, diferente do caso
feminino, acrescentam as drogas e o álcool como possíveis causadores de distúrbios
familiares. Existem ainda dois casos em que afirmam que o homem é um “animal esquisito” e
um “ser estúpido” e que por isso não controla atitudes de violência, que efectivamente fazem
parte da sua natureza mas que podem perfeitamente ser controladas.
Indo um pouco mais longe do que no caso das mulheres o sexo masculino afirma ainda que
esse tipo de atitude não prepara melhor a criança para uma vida futura e que pode ter sim
consequências contrárias daquelas que esperamos e tornar os nossos filhos também seres
violentos.
Em conclusão:
Podemos dizer, então, depois de uma análise pormenorizada de todos os casos que
recolhemos não existe, felizmente grandes diferenças de opinião. É um princípio bom para
concluirmos que a maior parte dos seres humanos não acredita na violência como forma de
educação e é igualmente positivo na medida em que, em contraste com outros estudos na área
que tivemos oportunidade de consultar, vai de encontro ao que especialistas dizem e que está
provado que a maior parte pensa, isto é, as opiniões que recolhemos nos meros 50
questionários realizados na zona de Bonfim, Rio Mau e centro histórico do Porto são
generalizáveis e estendem-se a toda uma população de portugueses.
Mas, como é também possível verificar, tanto o questionário como os estudos que
consultamos abordam mentalidades e não atitudes. E, embora se deduza que estes dois
conceitos são complementares e indissociáveis, é possível apurar que a taxa de actividades
violentas para com as crianças ainda não é nula, e novos casos surgem todos os dias.
Apresentam-se então duas situações contraditórias: por um lado, os indivíduos pensam que a
violência não é melhor método educativo, mas por outro alguns deles têm que ser, logicamente
praticantes deste tipo de tratamento, ou não ouviríamos já falar desta realidade tão cruel, que
continua e teme-se que continuara, perpetuamente, a afectar não só a realidade portuguesa
mas também a realidade mundial.