Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia-a-dia e, entre eles, Ainda com base no signo linguístico, encontra-se o conceito de polis-
está o mau uso do pronome relativo e do pronome oblíquo átono. Este semia (que tem muitas significações). Algumas palavras, dependendo do
depende da regência do verbo; aquele do seu antecedente. Não se pode contexto, assumem múltiplos significados, como, por exemplo, a palavra
esquecer também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor ponto: ponto de ônibus, ponto de vista, ponto final, ponto de cruz ... Neste
semântico, por isso a necessidade de adequação ao antecedente. caso, não se está atribuindo um sentido fantasioso à palavra ponto, e sim
ampliando sua significação através de expressões que lhe completem e
Os pronomes relativos são muito importantes na interpretação de tex- esclareçam o sentido.
to, pois seu uso incorreto traz erros de coesão. Assim sedo, deve-se levar
em consideração que existe um pronome relativo adequado a cada cir- Como Ler e Entender Bem um Texto
cunstância, a saber:
QUE (NEUTRO) - RELACIONA-SE COM QUALQUER ANTECEDENTE. Basicamente, deve-se alcançar a dois níveis de leitura: a informativa e
MAS DEPENDE DAS CONDIÇÕES DA FRASE. de reconhecimento e a interpretativa. A primeira deve ser feita de maneira
QUAL (NEUTRO) IDEM AO ANTERIOR. cautelosa por ser o primeiro contato com o novo texto. Desta leitura, extra-
QUEM (PESSOA) em-se informações sobre o conteúdo abordado e prepara-se o próximo
CUJO (POSSE) - ANTES DELE, APARECE O POSSUIDOR E DEPOIS, O nível de leitura. Durante a interpretação propriamente dita, cabe destacar
OBJETO POSSUÍDO. palavras-chave, passagens importantes, bem como usar uma palavra para
COMO (MODO) resumir a ideia central de cada parágrafo. Este tipo de procedimento aguça
ONDE (LUGAR) a memória visual, favorecendo o entendimento.
QUANDO (TEMPO)
QUANTO (MONTANTE) Não se pode desconsiderar que, embora a interpretação seja subjeti-
va, há limites. A preocupação deve ser a captação da essência do texto, a
EXEMPLO: fim de responder às interpretações que a banca considerou como pertinen-
tes.
Falou tudo QUANTO queria (correto)
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria aparecer o de- No caso de textos literários, é preciso conhecer a ligação daquele texto
monstrativo O ). com outras formas de cultura, outros textos e manifestações de arte da
época em que o autor viveu. Se não houver esta visão global dos momen-
• VÍCIOS DE LINGUAGEM – há os vícios de linguagem clássicos (BAR- tos literários e dos escritores, a interpretação pode ficar comprometida.
BARISMO, SOLECISMO,CACOFONIA...); no dia-a-dia, porém , existem Aqui não se podem dispensar as dicas que aparecem na referência biblio-
expressões que são mal empregadas, e, por força desse hábito cometem- gráfica da fonte e na identificação do autor.
se erros graves como:
A última fase da interpretação concentra-se nas perguntas e opções
- “ Ele correu risco de vida “, quando a verdade o risco era de morte. de resposta. Aqui são fundamentais marcações de palavras como não,
- “ Senhor professor, eu lhe vi ontem “. Neste caso, o pronome correto exceto, errada, respectivamente etc. que fazem diferença na escolha
oblíquo átono correto é O . adequada. Muitas vezes, em interpretação, trabalha-se com o conceito do
- “ No bar: “ME VÊ um café”. Além do erro de posição do pronome, há o "mais adequado", isto é, o que responde melhor ao questionamento pro-
mau uso. posto. Por isso, uma resposta pode estar certa para responder à pergunta,
Fonte: http://www.tudosobreconcursos.com/como-interpretar-textos mas não ser a adotada como gabarito pela banca examinadora por haver
uma outra alternativa mais completa.
-o0o-
Ainda cabe ressaltar que algumas questões apresentam um fragmento
Os concursos apresentam questões interpretativas que têm por finali- do texto transcrito para ser a base de análise. Nunca deixe de retornar ao
dade a identificação de um leitor autônomo. Portanto, o candidato deve texto, mesmo que aparentemente pareça ser perda de tempo. A descon-
compreender os níveis estruturais da língua por meio da lógica, além de textualização de palavras ou frases, certas vezes, são também um recurso
para instaurar a dúvida no candidato. Leia a frase anterior e a posterior
Discurso Indireto: Consiste em o narrador transmitir, com suas A dissertação pode ser argumentativa - na qual o autor tenta persuadir
próprias palavras, o pensamento ou a fala das personagens. E- o leitor a respeito dos seus pontos de vista ou simplesmente, ter como
xemplo: finalidade dar a conhecer ou explicar certo modo de ver qualquer questão.
“Zé Lins levantou um brinde: lembrou os dias triste e passados, os
meus primeiros passos em liberdade, a fraternidade que nos reu- A linguagem usada é a referencial, centrada na mensagem, enfatizan-
nia naquele momento, a minha literatura e os menos sombrios por do o contexto.
vir”.
Quanto à forma, ela pode ser tripartida em :
Discurso Indireto Livre: Ocorre quando a fala da personagem se Introdução: Em poucas linhas coloca ao leitor os dados fundamen-
mistura à fala do narrador, ou seja, ao fluxo normal da narração. tais do assunto que está tratando. É a enunciação direta e objetiva
Exemplo: da definição do ponto de vista do autor.
“Os trabalhadores passavam para os partidos, conversando alto. Desenvolvimento: Constitui o corpo do texto, onde as ideias colo-
Quando me viram, sem chapéu, de pijama, por aqueles lugares, cadas na introdução serão definidas com os dados mais relevan-
deram-me bons-dias desconfiados. Talvez pensassem que esti- tes. Todo desenvolvimento deve estruturar-se em blocos de ideias
vesse doido. Como poderia andar um homem àquela hora , sem articuladas entre si, de forma que a sucessão deles resulte num
fazer nada de cabeça no tempo, um branco de pés no chão como conjunto coerente e unitário que se encaixa na introdução e de-
eles? Só sendo doido mesmo”. sencadeia a conclusão.
(José Lins do Rego) Conclusão: É o fenômeno do texto, marcado pela síntese da ideia
central. Na conclusão o autor reforça sua opinião, retomando a in-
TEXTO DESCRITIVO trodução e os fatos resumidos do desenvolvimento do texto. Para
Descrever é fazer uma representação verbal dos aspectos mais carac- haver maior entendimento dos procedimentos que podem ocorrer
terísticos de um objeto, de uma pessoa, paisagem, ser e etc. em um dissertação, cabe fazermos a distinção entre fatos, hipóte-
se e opinião.
As perspectivas que o observador tem do objeto são muito importan- - Fato: É o acontecimento ou coisa cuja veracidade e reconhecida;
tes, tanto na descrição literária quanto na descrição técnica. É esta atitude é a obra ou ação que realmente se praticou.
que vai determinar a ordem na enumeração dos traços característicos para - Hipótese: É a suposição feita acerca de uma coisa possível ou
que o leitor possa combinar suas impressões isoladas formando uma não, e de que se tiram diversas conclusões; é uma afirmação so-
imagem unificada. bre o desconhecido, feita com base no que já é conhecido.
- Opinião: Opinar é julgar ou inserir expressões de aprovação ou
Uma boa descrição vai apresentando o objeto progressivamente, vari- desaprovação pessoal diante de acontecimentos, pessoas e obje-
ando as partes focalizadas e associando-as ou interligando-as pouco a tos descritos, é um parecer particular, um sentimento que se tem a
pouco. respeito de algo.
Texto Base: CITELLI, Adilson; “O Texto Argumentativo” São Paulo SP, Gêneros textuais são tipos específicos de textos de qualquer natureza,
Editora ..Scipione, 1994 - 6ª edição. literários ou não. Modalidades discursivas constituem as estruturas e as
funções sociais (narrativas, dissertativas, argumentativas, procedimentais e
Texto literário e não-literário exortativas), utilizadas como formas de organizar a linguagem. Dessa
forma, podem ser considerados exemplos de gêneros textuais: anúncios,
Texto Literário: expressa a opinião pessoal do autor que também é convites, atas, avisos, programas de auditórios, bulas, cartas, comédias,
transmitida através de figuras, impregnado de subjetivismo. Ex: um ro- contos de fadas, convênios, crônicas, editoriais, ementas, ensaios, entre-
mance, um conto, uma poesia... vistas, circulares, contratos, decretos, discursos políticos
Texto não-literário: preocupa-se em transmitir uma mensagem da
A diferença entre Gênero Textual e Tipologia Textual é, no meu enten-
forma mais clara e objetiva possível. Ex: uma notícia de jornal, uma bula
der, importante para direcionar o trabalho do professor de língua na leitura,
de medicamento.
compreensão e produção de textos1. O que pretendemos neste pequeno
Linguagem verbal e não-verbal ensaio é apresentar algumas considerações sobre Gênero Textual e Tipo-
logia Textual, usando, para isso, as considerações feitas por Marcuschi
Convém afirmar que acredito que o trabalho com a leitura, compreen- Aspecto interessante a se observar é que Marcuschi afirma que os gê-
são e a produção escrita em Língua Materna deve ter como meta primordi- neros não são entidades naturais, mas artefatos culturais construídos
al o desenvolvimento no aluno de habilidades que façam com que ele historicamente pelo ser humano. Um gênero, para ele, pode não ter uma
tenha capacidade de usar um número sempre maior de recursos da língua determinada propriedade e ainda continuar sendo aquele gênero. Para
para produzir efeitos de sentido de forma adequada a cada situação espe- exemplificar, o autor fala, mais uma vez, da carta pessoal. Mesmo que o
cífica de interação humana. autor da carta não tenha assinado o nome no final, ela continuará sendo
carta, graças as suas propriedades necessárias e suficientes5.Ele diz,
Luiz Antônio Marcuschi (UFPE) defende o trabalho com textos na es- ainda, que uma publicidade pode ter o formato de um poema ou de uma
cola a partir da abordagem do Gênero Textual Marcuschi não demonstra lista de produtos em oferta. O que importa é que esteja fazendo divulgação
favorabilidade ao trabalho com a Tipologia Textual, uma vez que, para ele, de produtos, estimulando a compra por parte de clientes ou usuários
o trabalho fica limitado, trazendo para o ensino alguns problemas, uma vez daquele produto.
que não é possível, por exemplo, ensinar narrativa em geral, porque,
embora possamos classificar vários textos como sendo narrativos, eles se Para Marcuschi, Tipologia Textual é um termo que deve ser usado pa-
concretizam em formas diferentes – gêneros – que possuem diferenças ra designar uma espécie de sequência teoricamente definida pela natureza
específicas. linguística de sua composição. Em geral, os tipos textuais abrangem as
categorias narração, argumentação, exposição, descrição e injunção
Por outro lado, autores como Luiz Carlos Travaglia (UFUberlândia/MG) (Swales, 1990; Adam, 1990; Bronckart, 1999). Segundo ele, o termo Tipo-
defendem o trabalho com a Tipologia Textual. Para o autor, sendo os logia Textual é usado para designar uma espécie de sequência teorica-
textos de diferentes tipos, eles se instauram devido à existência de diferen- mente definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos
tes modos de interação ou interlocução. O trabalho com o texto e com os lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas) (p. 22).
diferentes tipos de texto é fundamental para o desenvolvimento da compe-
tência comunicativa. De acordo com as ideias do autor, cada tipo de texto é Gênero Textual é definido pelo autor como uma noção vaga para os
apropriado para um tipo de interação específica. Deixar o aluno restrito a textos materializados encontrados no dia-a-dia e que apresentam caracte-
apenas alguns tipos de texto é fazer com que ele só tenha recursos para rísticas sócio-comunicativas definidas pelos conteúdos, propriedades
atuar comunicativamente em alguns casos, tornando-se incapaz, ou pouco funcionais, estilo e composição característica.
capaz, em outros. Certamente, o professor teria que fazer uma espécie de
levantamento de quais tipos seriam mais necessários para os alunos, para, Travaglia define Tipologia Textual como aquilo que pode instaurar um
a partir daí, iniciar o trabalho com esses tipos mais necessários. modo de interação, uma maneira de interlocução, segundo perspectivas
que podem variar. Essas perspectivas podem, segundo o autor, estar
Marcuschi afirma que os livros didáticos trazem, de maneira equivoca- ligadas ao produtor do texto em relação ao objeto do dizer quanto ao
da, o termo tipo de texto. Na verdade, para ele, não se trata de tipo de fazer/acontecer, ou conhecer/saber, e quanto à inserção destes no tempo
texto, mas de gênero de texto. O autor diz que não é correto afirmar que a e/ou no espaço. Pode ser possível a perspectiva do produtor do texto dada
carta pessoal, por exemplo, é um tipo de texto como fazem os livros. Ele pela imagem que o mesmo faz do receptor como alguém que concorda ou
atesta que a carta pessoal é um Gênero Textual. não com o que ele diz. Surge, assim, o discurso da transformação, quando
o produtor vê o receptor como alguém que não concorda com ele. Se o
O autor diz que em todos os gêneros os tipos se realizam, ocorrendo, produtor vir o receptor como alguém que concorda com ele, surge o discur-
muitas das vezes, o mesmo gênero sendo realizado em dois ou mais tipos. so da cumplicidade. Tem-se ainda, na opinião de Travaglia, uma perspecti-
Ele apresenta uma carta pessoal3 como exemplo, e comenta que ela pode va em que o produtor do texto faz uma antecipação no dizer. Da mesma
apresentar as tipologias descrição, injunção, exposição, narração e argu- forma, é possível encontrar a perspectiva dada pela atitude comunicativa
mentação. Ele chama essa miscelânea de tipos presentes em um gênero de comprometimento ou não. Resumindo, cada uma das perspectivas
de heterogeneidade tipológica. apresentadas pelo autor gerará um tipo de texto. Assim, a primeira pers-
pectiva faz surgir os tipos descrição, dissertação, injunção e narração. A
Travaglia (2002) fala em conjugação tipológica. Para ele, dificilmente segunda perspectiva faz com que surja o tipo argumentativo stricto sensu6
são encontrados tipos puros. Realmente é raro um tipo puro. Num texto e não argumentativo stricto sensu. A perspectiva da antecipação faz surgir
como a bula de remédio, por exemplo, que para Fávero & Koch (1987) é o tipo preditivo. A do comprometimento dá origem a textos do mundo
um texto injuntivo, tem-se a presença de várias tipologias, como a descri- comentado (comprometimento) e do mundo narrado (não comprometimen-
ção, a injunção e a predição4. Travaglia afirma que um texto se define to) (Weirinch, 1968). Os textos do mundo narrado seriam enquadrados, de
como de um tipo por uma questão de dominância, em função do tipo de maneira geral, no tipo narração. Já os do mundo comentado ficariam no
interlocução que se pretende estabelecer e que se estabelece, e não em tipo dissertação.
função do espaço ocupado por um tipo na constituição desse texto.
Travaglia diz que o Gênero Textual se caracteriza por exercer uma
Quando acontece o fenômeno de um texto ter aspecto de um gênero função social específica. Para ele, estas funções sociais são pressentidas
mas ter sido construído em outro, Marcuschi dá o nome de intertextualida- e vivenciadas pelos usuários. Isso equivale dizer que, intuitivamente,
de intergêneros. Ele explica dizendo que isso acontece porque ocorreu no sabemos que gênero usar em momentos específicos de interação, de
texto a configuração de uma estrutura intergêneros de natureza altamente acordo com a função social dele. Quando vamos escrever um e-mail,
híbrida, sendo que um gênero assume a função de outro. sabemos que ele pode apresentar características que farão com que ele
“funcione” de maneira diferente. Assim, escrever um e-mail para um amigo
Travaglia não fala de intertextualidade intergêneros, mas fala de um in- não é o mesmo que escrever um e-mail para uma universidade, pedindo
tercâmbio de tipos. Explicando, ele afirma que um tipo pode ser usado no informações sobre um concurso público, por exemplo.
lugar de outro tipo, criando determinados efeitos de sentido impossíveis, na
opinião do autor, com outro dado tipo. Para exemplificar, ele fala de descri- Observamos que Travaglia dá ao gênero uma função social. Parece
ções e comentários dissertativos feitos por meio da narração. que ele diferencia Tipologia Textual de Gênero Textual a partir dessa
“qualidade” que o gênero possui. Mas todo texto, independente de seu
Resumindo esse ponto, Marcuschi traz a seguinte configuração teóri- gênero ou tipo, não exerce uma função social qualquer?
ca:
intertextualidade intergêneros = um gênero com a função de outro Marcuschi apresenta alguns exemplos de gêneros, mas não ressalta
heterogeneidade tipológica = um gênero com a presença de vários ti- sua função social. Os exemplos que ele traz são telefonema, sermão,
pos romance, bilhete, aula expositiva, reunião de condomínio, etc.
É comum que este texto use a técnica da pirâmide invertida: começa pelo Estes artigos, em virtude de sua intencionalidade informativa, apresentam
fato mais importante para finalizar com os detalhes. Consta de três partes uma preeminência de orações enunciativas, embora também incluam, com
claramente diferenciadas: o título, a introdução e o desenvolvimento. O frequência, orações dubitativas e exortativas devido à sua trama argumen-
título cumpre uma dupla função - sintetizar o tema central e atrair a atenção tativa. As primeiras servem para relativizar os alcances e o valor da infor-
do leitor. Os manuais de estilo dos jornais (por exemplo: do Jornal El País, mação de base, o assunto em questão; as últimas, para convencer o leitor
1991) sugerem geralmente que os títulos não excedam treze palavras. A a aceitar suas premissas como verdadeiras. No decorrer destes artigos,
introdução contém o principal da informação, sem chegar a ser um resumo opta-se por orações complexas que incluem proposições causais para as
de todo o texto. No desenvolvimento, incluem-se os detalhes que não fundamentações, consecutivas para dar ênfase aos efeitos, concessivas e
aparecem na introdução. condicionais.
A notícia é redigida na terceira pessoa. O redator deve manter-se à mar- Para interpretar estes textos, é indispensável captar a postura ideológica
gem do que conta, razão pela qual não é permitido o emprego da primeira do autor, identificar os interesses a que serve e precisar sob que
pessoa do singular nem do plural. Isso implica que, além de omitir o eu ou circunstâncias e com que propósito foi organizada a informação exposta.
o nós, também não deve recorrer aos possessivos (por exemplo, não se Para cumprir os requisitos desta abordagem, necessitaremos utilizar
referirá à Argentina ou a Buenos Aires com expressões tais como nosso estratégias tais como a referência exofórica, a integração crítica dos dados
país ou minha cidade). do texto com os recolhidos em outras fontes e a leitura atenta das
entrelinhas a fim de converter em explícito o que está implícito.
Esse texto se caracteriza por sua exigência de objetividade e veracidade:
somente apresenta os dados. Quando o jornalista não consegue compro- Embora todo texto exija para sua interpretação o uso das estratégias
var de forma fidedigna os dados apresentados, costuma recorrer a certas mencionadas, é necessário recorrer a elas quando estivermos frente a um
fórmulas para salvar sua responsabilidade: parece, não está descartado texto de trama argumentativa, através do qual o autor procura que o leitor
que. Quando o redator menciona o que foi dito por alguma fonte, recorre ao aceite ou avalie cenas, ideias ou crenças como verdadeiras ou falsas,
discurso direto, como, por exemplo: cenas e opiniões como positivas ou negativas.
O ministro afirmou: "O tema dos aposentados será tratado na Câmara dos A Reportagem
Deputados durante a próxima semana . É uma variedade do texto jornalístico de trama conversacional que, para
O estilo que corresponde a este tipo de texto é o formal. informar sobre determinado tema, recorre ao testemunho de uma figura-
chave para o conhecimento deste tópico.
Nesse tipo de texto, são empregados, principalmente, orações
enunciativas, breves, que respeitam a ordem sintática canônica. Apesar A conversação desenvolve-se entre um jornalista que representa a publi-
das notícias preferencialmente utilizarem os verbos na voz ativa, também é cação e um personagem cuja atividade suscita ou merece despertar a
frequente o uso da voz passiva: Os delinquentes foram perseguidos pela atenção dos leitores.
polícia; e das formas impessoais: A perseguição aos delinquentes foi feita A reportagem inclui uma sumária apresentação do entrevistado, realizada
por um patrulheiro. com recursos descritivos, e, imediatamente, desenvolve o diálogo. As
A progressão temática das notícias gira em tomo das perguntas o quê? perguntas são breves e concisas, à medida que estão orientadas para
quem? como? quando? por quê e para quê?. divulgar as opiniões e ideias do entrevistado e não as do entrevistador.
Contém comentários, avaliações, expectativas sobre um tema da atualida- Da mesma forma que reportagem, configura-se preferentemente mediante
de que, por sua transcendência, no plano nacional ou internacional, já é uma trama conversacional, mas combina com frequência este tecido com
considerado, ou merece ser, objeto de debate. fios argumentativos e descritivos. Admite, então, uma maior liberdade, uma
vez que não se ajusta estritamente à fórmula pergunta-resposta, mas
Nessa categoria, incluem-se os editoriais, artigos de análise ou pesquisa e detém-se em comentários e descrições sobre o entrevistado e transcreve
as colunas que levam o nome de seu autor. Os editoriais expressam a somente alguns fragmentos do diálogo, indicando com travessões a mu-
posição adotada pelo jornal ou revista em concordância com sua ideologia, dança de interlocutor. É permitido apresentar uma introdução extensa com
enquanto que os artigos assinados e as colunas transmitem as opiniões de os aspectos mais significativos da conversação mantida, e as perguntas
seus redatores, o que pode nos levar a encontrar, muitas vezes, opiniões podem ser acompanhadas de comentários, confirmações ou refutações
divergentes e até antagônicas em uma mesma página. sobre as declarações do entrevistado.
Embora estes textos possam ter distintas superestruturas, em geral se Por tratar-se de um texto jornalístico, a entrevista deve necessariamente
organizam seguindo uma linha argumentativa que se inicia com a identifi- incluir um tema atual, ou com incidência na atualidade, embora a conver-
cação do tema em questão, acompanhado de seus antecedentes e alcan- sação possa derivar para outros temas, o que ocasiona que muitas destas
ce, e que segue com uma tomada de posição, isto é, com a formulação de entrevistas se ajustem a uma progressão temática linear ou a temas deri-
uma tese; depois, apresentam-se os diferentes argumentos de forma a vados.
justificar esta tese; para encerrar, faz-se uma reafirmação da posição
adotada no início do texto. Como ocorre em qualquer texto de trama conversacional, não existe uma
garantia de diálogo verdadeiro; uma vez que se pode respeitar a vez de
A efetividade do texto tem relação direta não só com a pertinência dos quem fala, a progressão temática não se ajusta ao jogo argumentativo de
argumentos expostos como também com as estratégias discursivas usadas propostas e de réplicas.
para persuadir o leitor. Entre estas estratégias, podemos encontrar as
seguintes: as acusações claras aos oponentes, as ironias, as insinuações, TEXTOS DE INFORMAÇÃO CIENTÍFICA
as digressões, as apelações à sensibilidade ou, ao contrário, a tomada de Esta categoria inclui textos cujos conteúdos provêm do campo das ciências
distância através do uso das construções impessoais, para dar objetividade em geral. Os referentes dos textos que vamos desenvolver situam-se tanto
e consenso à análise realizada; a retenção em recursos descritivos - deta- nas Ciências Sociais como nas Ciências Naturais.
lhados e precisos, ou em relatos em que as diferentes etapas de pesquisa
estão bem especificadas com uma minuciosa enumeração das fontes da Apesar das diferenças existentes entre os métodos de pesquisa destas
ciências, os textos têm algumas características que são comuns a todas
Trata das diferentes formas de pronúncia, vocabulário e estrutura Tendência a tornar paroxítonas as palavras proparoxítonas: ar-
sintática entre regiões. Dentro de uma comunidade mais ampla, formam- ve/árvore; figo/fígado.
se comunidades linguísticasmenores em torno de centros polarizadores , Redução dos ditongos: caxa/caixa; pexe/peixe.
política e economia, que acabam por definir os padrões linguísticos
utilizados na região de diferentes lugares de sua influência e as diferenças Simplificação da concordância: as menina/as meninas.
linguísticas entre as regiões são graduais, nem sempre coincidindo. Ausência de concordância verbal quando o sujeito vem depois do ver-
Variação social bo: “Chegou” duas moças.
Agrupa alguns fatores de diversidade:o nível sócio-econômico, Uso do pronome pessoal tônico em função de objeto (e não só de su-
determinado pelo meio social onde vive um indivíduo; o grau de educação; jeito): Nós pegamos “ele” na hora.
a idade e o gênero. A variação social não compromete a compreensão Assimilação do “ndo” em “no”( falano/falando) ou do “mb” em “m” (ta-
entre indivíduos, como poderia acontecer na variação regional; o uso de mém/também).
certas variantes pode indicar qual o nível sócio-econômico de uma pessoa,
e há a possibilidade de alguém oriundo de um grupo menos favorecido Desnasalização das vogais postônicas: home/homem.
atingir o padrão de maior prestígio.
Redução do “e” ou “o” átonos: ovu/ovo; bebi/bebe.
Variação estilística
Redução do “r” do infinitivo ou de substantivos em “or”: amá/amar; a-
Considera um mesmo indivíduo em diferentes circunstâncias de mô/amor.
comunicação: se está em um ambiente familiar, profissional, o grau de
Simplificação da conjugação verbal: eu amo, você ama, nós ama, eles
intimidade, o tipo de assunto tratado e quem são os receptores. Sem levar
ama.
em conta as graduações intermediárias, é possível identificar dois limites
extremos de estilo: o informal, quando há um mínimo de reflexão do Variações regionais: os sotaques
indivíduo sobre as normas linguísticas, utilizado nas conversações
imediatas do cotidiano; e o formal, em que o grau de reflexão é máximo, Se você fizer um levantamento dos nomes que as pessoas usam para
utilizado em conversações que não são do dia-a-dia e cujo conteúdo é a palavra "diabo", talvez se surpreenda. Muita gente não gosta de falar tal
mais elaborado e complexo. Não se deve confundir o estilo formal e palavra, pois acreditam que há o perigo de evocá-lo, isto é, de que o de-
informal com língua escritae falada, pois os dois estilos ocorrem em ambas mônio apareça. Alguns desses nomes aparecem em o "Grande Sertão:
as formas de comunicação. Veredas", Guimarães Rosa, que traz uma linguagem muito característica
do sertão centro-oeste do Brasil:
As diferentes modalidades de variação linguística não existem
isoladamente, havendo um inter-relacionamento entre elas: uma variante Demo, Demônio, Que-Diga, Capiroto, Satanazim, Diabo, Cujo, Tinho-
geográfica pode ser vista como uma variante social, considerando-se a so, Maligno, Tal, Arrenegado, Cão, Cramunhão, O Indivíduo, O Galhardo,
migração entre regiões do país. Observa-se que o meio rural, por ser O pé-de-pato, O Sujo, O Homem, O Tisnado, O Coxo, O Temba, O Azara-
menos influenciado pelas mudanças da sociedade, preserva variantes pe, O Coisa-ruim, O Mafarro, O Pé-preto, O Canho, O Duba-dubá, O
antigas. O conhecimento do padrão de prestígio pode ser fator de Rapaz, O Tristonho, O Não-sei-que-diga, O Que-nunca-se-ri, O sem grace-
mobilidade social para um indivíduo pertencente a uma classe menos jos, Pai do Mal, Terdeiro, Quem que não existe, O Solto-Ele, O Ele, Carfa-
favorecida no, Rabudo.
Bibliografia Drummond de Andrade, grande escritor brasileiro, que elabora seu tex-
to a partir de uma variação linguística relacionada ao vocabulário usado em
CAMACHO, R. (1988). A variação linguística. In: Subsídios à proposta uma determinada época no Brasil.
curricular de Língua Portuguesa para o 1º e 2º graus. Secretaria da
Educação do Estado de São Paulo, p. 29-41. Antigamente
Diogo Maria De Matos Polónio Pelo contrário, as intervenções dos professores no quadro das incorre-
ções a nível da estrutura do texto, permite-nos concluir que essas incorre-
Introdução ções não são designadas através de vocabulário técnico, traduzindo, na
Este trabalho foi realizado no âmbito do Seminário Pedagógico sobre maior parte das vezes, uma impressão global da leitura (incompreensível;
Pragmática Linguística e Os Novos Programas de Língua Portuguesa, sob não quer dizer nada).
orientação da Professora-Doutora Ana Cristina Macário Lopes, que decor-
reu na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Para além disso, verificam-se práticas de correção algo brutais (refa-
zer; reformular) sendo, poucas vezes, acompanhadas de exercícios de
Procurou-se, no referido seminário, refletir, de uma forma geral, sobre recuperação.
a incidência das teorias da Pragmática Linguística nos programas oficiais
de Língua Portuguesa, tendo em vista um esclarecimento teórico sobre Esta situação é pedagogicamente penosa, uma vez que se o professor
determinados conceitos necessários a um ensino qualitativamente mais desconhece um determinado quadro normativo, encontra-se reduzido a
válido e, simultaneamente, uma vertente prática pedagógica que tem fazer respeitar uma ordem sobre a qual não tem nenhum controle.
Assim, para Charolles, micro-estrutura textual diz respeito às relações Os alunos parecem dominar bem esta regra. No entanto, os problemas
de coerência que se estabelecem entre as frases de uma sequência textu- aparecem quando o nome que se repete é imediatamente vizinho daquele
al, enquanto que macro-estrutura textual diz respeito às relações de coe- que o precede.
rência existentes entre as várias sequências textuais. Por exemplo: Ex.: A Margarida comprou um vestido. O vestido é colorido e muito e-
Sequência 1: O António partiu para Lisboa. Ele deixou o escritório mais legante.
cedo para apanhar o comboio das quatro horas.
Sequência 2: Em Lisboa, o António irá encontrar-se com amigos.Vai Neste caso, o problema resolve-se com a aplicação de deíticos contex-
trabalhar com eles num projeto de uma nova companhia de teatro. tuais.
Ex.: A Margarida comprou um vestido. Ele é colorido e muito elegante.
Como micro-estruturas temos a sequência 1 ou a sequência 2, en-
quanto que o conjunto das duas sequências forma uma macro-estrutura. Pode também resolver-se a situação virtualmente utilizando a elipse.
Ex.: A Margarida comprou um vestido. É colorido e muito elegante. Ou
Vamos agora abordar os princípios de coerência textual3: ainda:
1. Princípio da Recorrência4: para que um texto seja coerente, torna- A Margarida comprou um vestido que é colorido e muito elegante.
se necessário que comporte, no seu desenvolvimento linear, elementos de
recorrência restrita. c)-Substituições Lexicais: o uso de expressões definidas e de deíticos
contextuais é muitas vezes acompanhado de substituições lexicais. Este
Para assegurar essa recorrência a língua dispõe de vários recursos: processo evita as repetições de lexemas, permitindo uma retoma do ele-
- pronominalizações, mento linguístico.
- expressões definidas5, Ex.: Deu-se um crime, em Lisboa, ontem à noite: estrangularam uma
- substituições lexicais, senhora. Este assassinato é odioso.
- retomas de inferências.
Também neste caso, surgem algumas regras que se torna necessário
Todos estes recursos permitem juntar uma frase ou uma sequência a respeitar. Por exemplo, o termo mais genérico não pode preceder o seu
uma outra que se encontre próxima em termos de estrutura de texto, representante mais específico.
retomando num elemento de uma sequência um elemento presente numa Ex.: O piloto alemão venceu ontem o grande prêmio da Alemanha. S-
sequência anterior: chumacher festejou euforicamente junto da sua equipa.
a)-Pronominalizações: a utilização de um pronome torna possível a re- Se se inverterem os substantivos, a relação entre os elementos lin-
petição, à distância, de um sintagma ou até de uma frase inteira. guísticos torna-se mais clara, favorecendo a coerência textual. Assim,
Schumacher, como termo mais específico, deveria preceder o piloto ale-
O caso mais frequente é o da anáfora, em que o referente antecipa o mão.
pronome.
Ex.: Uma senhora foi assassinada ontem. Ela foi encontrada estrangu- No entanto, a substituição de um lexema acompanhado por um deter-
lada no seu quarto. minante, pode não ser suficiente para estabelecer uma coerência restrita.
Atentemos no seguinte exemplo:
No caso mais raro da catáfora, o pronome antecipa o seu referente.
No entanto, todas as sequências são asseguradas pela repetição do O texto será coerente desde que reconheçamos, na ordenação das
pronome na 3ª pessoa. suas sequências, uma ordenação de causa-consequência entre os estados
de coisas descritos.
Podemos afirmar, neste caso, que a repetição do pronome não é sufi- Ex.: Houve seca porque não choveu. (e não Houve seca porque cho-
ciente para garantir coerência a uma sequência textual. veu).
Assim, a diferença de avaliação que fazemos ao analisar as várias hi- Teremos ainda que ter em conta que a ordem de percepção dos esta-
póteses de respostas que vimos anteriormente sustenta-se no fato de R1 e dos de coisas descritos pode condicionar a ordem linear das sequências
R2 retomarem inferências presentes em P: textuais.
- aconteceu alguma coisa à bolacha da Maria, Ex.: A praça era enorme. No meio, havia uma coluna; à volta, árvores
- a Maria comeu qualquer coisa. e canteiros com flores.
Já R3 não retoma nenhuma inferência potencialmente dedutível de P. Neste caso, notamos que a percepção se dirige do geral para o parti-
cular.
Conclui-se, então, que a retoma de inferências ou de pressuposições 3.Princípio da Não- Contradição: para que um texto seja coerente, tor-
garante uma fortificação da coerência textual. na-se necessário que o seu desenvolvimento não introduza nenhum ele-
mento semântico que contradiga um conteúdo apresentado ou pressuposto
Quando analisamos certos exercícios de prolongamento de texto (con- por uma ocorrência anterior ou dedutível por inferência.
tinuar a estruturação de um texto a partir de um início dado) os alunos são
levados a veicular certas informações pressupostas pelos professores. Ou seja, este princípio estipula simplesmente que é inadmissível que
uma mesma proposição seja conjuntamente verdadeira e não verdadeira.
Por exemplo, quando se apresenta um início de um texto do tipo: Três
crianças passeiam num bosque. Elas brincam aos detetives. Que vão eles Vamos, seguidamente, preocupar-nos, sobretudo, com o caso das
fazer? contradições inferenciais e pressuposicionais6.
A interrogação final permite-nos pressupor que as crianças vão real- Existe contradição inferencial quando a partir de uma proposição po-
mente fazer qualquer coisa. demos deduzir uma outra que contradiz um conteúdo semântico apresen-
tado ou dedutível.
Um aluno que ignore isso e que narre que os pássaros cantavam en- Ex.: A minha tia é viúva. O seu marido coleciona relógios de bolso.
quanto as folhas eram levadas pelo vento, será punido por ter apresentado
uma narração incoerente, tendo em conta a questão apresentada. As inferências que autorizam viúva não só não são retomadas na se-
O efeito da incoerência resulta de incompatibilidades semânticas pro- É justamente tendo isto em conta que devemos ler, avaliar e corrigir os
fundas às quais temos de acrescentar algumas considerações temporais, textos dos nossos alunos.
uma vez que, como se pode ver, basta remeter o verbo colecionar para o
pretérito para suprimir as contradições. Anotações:
1- M. H. Mira Mateus, Gramática da Língua Portuguesa, Ed. Cami-
As contradições pressuposicionais são em tudo comparáveis às infe- nho, 19923, p.134;
renciais, com a exceção de que no caso das pressuposicionais é um M. H. Mira Mateus, op. cit., pp.134-148;
conteúdo pressuposto que se encontra contradito. 3- "Méta-regles de cohérence", segundo Charolles, Introduction aux
Ex.: O Júlio ignora que a sua mulher o engana. A sua esposa é-lhe problèmes de la cohérence des textes, in Langue Française, 1978;
perfeitamente fiel. 4- "Méta-regle de répétition", segundo Charolles (op. cit.);
5- "Les déficitivisations et les référentiations déictiques contextuel-
Na segunda frase, afirma-se a inegável fidelidade da mulher de Júlio, les", segundo Charolles (op. cit.);
enquanto a primeira pressupõe o inverso. 6- Charolles aponta igualmente as contradições enunciativas. No en-
tanto, vamos debruçar-nos apenas sobre as contradições inferen-
É frequente, nestes casos, que o emissor recupere a contradição pre- ciais e pressuposicionais, uma vez que foi sobre este tipo de con-
sente com a ajuda de conectores do tipo mas, entretanto, contudo, no tradições que efetuamos exercícios em situação de prática peda-
entanto, todavia, que assinalam que o emissor se apercebe dessa contra- gógica.
dição, assume-a, anula-a e toma partido dela. 7- Charolles refere inclusivamente a existência de uma "relation de
Ex.: O João detesta viajar. No entanto, está entusiasmado com a parti- congruence" entre o que é enunciado na sequência textual e o
da para Itália, uma vez que sempre sonhou visitar Florença. mundo a que essa sequência faz referência;
8- Para um esclarecimento sobre este princípio, ver O. Ducrot, Dire
4.Princípio da Relação: para que um texto seja coerente, torna-se ne- et ne pas dire, Paris, Herman, 1972 e também D. Gordon e G. La-
cessário que denote, no seu mundo de representação, fatos que se apre- koff, Postulates de conservation, Langages nº 30, Paris, Didier-
sentem diretamente relacionados. Larousse, 1973.
Ou seja, este princípio enuncia que para uma sequência ser admitida 1. Coerência:
como coerente7, terá de apresentar ações, estados ou eventos que sejam Produzimos textos porque pretendemos informar, divertir, explicar,
congruentes com o tipo de mundo representado nesse texto. convencer, discordar, ordenar, ou seja, o texto é uma unidade de significa-
do produzida sempre com uma determinada intenção. Assim como a frase
Assim, se tivermos em conta as três frases seguintes não é uma simples sucessão de palavras, o texto também não é uma
1 - A Silvia foi estudar. simples sucessão de frases, mas um todo organizado capaz de estabele-
2 - A Silvia vai fazer um exame. cer contato com nossos interlocutores, influindo sobre eles. Quando isso
3 - O circuito de Adelaide agradou aos pilotos de Fórmula 1. ocorre, temos um texto em que há coerência.
A sequência formada por 1+2 surge-nos, desde logo, como sendo A coerência é resultante da não-contradição entre os diversos seg-
mais congruente do que as sequências 1+3 ou 2+3. mentos textuais que devem estar encadeados logicamente. Cada segmen-
to textual é pressuposto do segmento seguinte, que por sua vez será
Nos discursos naturais, as relações de relevância factual são, na maior pressuposto para o que lhe estender, formando assim uma cadeia em que
parte dos casos, manifestadas por conectores que as explicitam semanti- todos eles estejam concatenados harmonicamente. Quando há quebra
camente. nessa concatenação, ou quando um segmento atual está em contradição
Ex.: A Silvia foi estudar porque vai fazer um exame. Ou também: A Sil- com um anterior, perde-se a coerência textual.
via vai fazer um exame portanto foi estudar.
A impossibilidade de ligar duas frases por meio de conectores constitui A coerência é também resultante da adequação do que se diz ao con-
um bom teste para descobrir uma incongruência. texto extra verbal, ou seja, àquilo o que o texto faz referência, que precisa
Ex.: A Silvia foi estudar logo o circuito de Adelaide agradou aos pilotos ser conhecido pelo receptor.
de Fórmula 1.
Ao ler uma frase como "No verão passado, quando estivemos na capi-
O conhecimento destes princípios de coerência, por parte dos profes- tal do Ceará Fortaleza, não pudemos aproveitar a praia, pois o frio era
sores, permite uma nova apreciação dos textos produzidos pelos alunos, tanto que chegou a nevar", percebemos que ela é incoerente em decorrên-
garantindo uma melhor correção dos seus trabalhos, evitando encontrar cia da incompatibilidade entre um conhecimento prévio que temos da
incoerências em textos perfeitamente coerentes, bem como permite a realizada com o que se relata. Sabemos que, considerando uma realidade
dinamização de estratégias de correção. "normal", em Fortaleza não neva (ainda mais no verão!).
Teremos que ter em conta que para um leitor que nada saiba de cen- Claro que, inserido numa narrativa ficcional fantástica, o exemplo aci-
trais termo-nucleares nada lhe parecerá mais incoerente do que um tratado ma poderia fazer sentido, dando coerência ao texto - nesse caso, o contex-
técnico sobre centrais termo-nucleares. to seria a "anormalidade" e prevaleceria a coerência interna da narrativa.
No entanto, os leitores quase nunca consideram os textos incoerentes. No caso de apresentar uma inadequação entre o que informa e a rea-
Pelo contrário, os receptores dão ao emissor o crédito da coerência, admi- lidade "normal" pré-conhecida, para guardar a coerência o texto deve
tindo que o emissor terá razões para apresentar os textos daquela manei- apresentar elementos linguísticos instruindo o receptor acerca dessa
ra. anormalidade.
Assim, o leitor vai esforçar-se na procura de um fio condutor de pen- Uma afirmação como "Foi um verdadeiro milagre! O menino caiu do
samento que conduza a uma estrutura coerente. décimo andar e não sofreu nenhum arranhão." é coerente, na medida que
a frase inicial ("Foi um verdadeiro milagre") instrui o leitor para a anormali-
Tudo isto para dizer que deve existir nos nossos sistemas de pensa- dade do fato narrado.
mento e de linguagem uma espécie de princípio de coerência verbal (com-
parável com o princípio de cooperação de Grice8 estipulando que, seja 2. Coesão:
qual for o discurso, ele deve apresentar forçosamente uma coerência A redação deve primar, como se sabe, pela clareza, objetividade, coe-
própria, uma vez que é concebido por um espírito que não é incoerente por rência e coesão. E a coesão, como o próprio nome diz (coeso significa
O avião (1) deixou Maringá às 7 horas de sábado e pousou no aero- Pronomes: a função gramatical do pronome é justamente substituir ou
porto de Congonhas às 8h27. Na volta, o bimotor (1) decolou para Maringá acompanhar um nome. Ele pode, ainda, retomar toda uma frase ou toda a
às 21h20 e, minutos depois, caiu na altura do número 375 da Rua Anda- ideia contida em um parágrafo ou no texto todo. Na matéria-exemplo, são
quara, uma espécie de vila fechada, próxima à avenida Nossa Senhora do nítidos alguns casos de substituição pronominal: o sogro de Name Júnior
Sabará, uma das avenidas mais movimentadas da Zona Sul de São Paulo. (4), Márcio Artur Lerro Ribeiro (5), de 57; seus (4) filhos Márcio Rocha
Ainda não se conhece as causas do acidente (2). O avião (1) não tinha Ribeiro Neto, de 28, e Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido dela
caixa preta e a torre de controle também não tem informações. O laudo (6), João Izidoro de Andrade (7), de 53 anos. O pronome possessivo seus
técnico demora no mínimo 60 dias para ser concluído. retoma Name Júnior (os filhos de Name Júnior...); o pronome pessoal ela,
contraído com a preposição de na forma dela, retoma Gabriela Gimenes
Segundo testemunhas, o bimotor (1) já estava em chamas antes de Ribeiro (e o marido de Gabriela...). No último parágrafo, o pronome pessoal
cair em cima de quatro casas (9). Três pessoas (10) que estavam nas elas retoma as três pessoas que estavam nas casas atingidas pelo avião:
casas (9) atingidas pelo avião (1) ficaram feridas. Elas (10) não sofreram Elas (10) não sofreram ferimentos graves.
ferimentos graves. (10) Apenas escoriações e queimaduras. Elídia Fiorezzi,
de 62 anos, Natan Fiorezzi, de 6, e Josana Fiorezzi foram socorridos no Epítetos: são palavras ou grupos de palavras que, ao mesmo tempo
Pronto Socorro de Santa Cecília. que se referem a um elemento do texto, qualificam-no. Essa qualificação
pode ser conhecida ou não pelo leitor. Caso não seja, deve ser introduzida
Vejamos, por exemplo, o elemento (1), referente ao avião envolvido no de modo que fique fácil a sua relação com o elemento qualificado.
acidente. Ele foi retomado nove vezes durante o texto. Isso é necessário à
clareza e à compreensão do texto. A memória do leitor deve ser reavivada Exemplos:
a cada instante. Se, por exemplo, o avião fosse citado uma vez no primeiro a) (...) foram elogiadas pelo por Fernando Henrique Cardoso. O pre-
parágrafo e fosse retomado somente uma vez, no último, talvez a clareza sidente, que voltou há dois dias de Cuba, entregou-lhes um certifi-
da matéria fosse comprometida. cado... (o epíteto presidente retoma Fernando Henrique Cardoso;
poder-se-ia usar, como exemplo, sociólogo);
E como retomar os elementos do texto? Podemos enumerar alguns b) Edson Arantes de Nascimento gostou do desempenho do Brasil.
mecanismos: Para o ex-Ministro dos Esportes, a seleção... (o epíteto ex-Ministro
dos Esportes retoma Edson Arantes do Nascimento; poder-se-iam,
a) REPETIÇÃO: o elemento (1) foi repetido diversas vezes durante o por exemplo, usar as formas jogador do século, número um do
texto. Pode perceber que a palavra avião foi bastante usada, principalmen- mundo, etc.
te por ele ter sido o veículo envolvido no acidente, que é a notícia propria-
mente dita. A repetição é um dos principais elementos de coesão do texto Sinônimos ou quase sinônimos: palavras com o mesmo sentido (ou
jornalístico fatual, que, por sua natureza, deve dispensar a releitura por muito parecido) dos elementos a serem retomados. Exemplo: O prédio foi
parte do receptor (o leitor, no caso). A repetição pode ser considerada a demolido às 15h. Muitos curiosos se aglomeraram ao redor do edifício,
mais explícita ferramenta de coesão. Na dissertação cobrada pelos vesti- para conferir o espetáculo (edifício retoma prédio. Ambos são sinônimos).
bulares, obviamente deve ser usada com parcimônia, uma vez que um
número elevado de repetições pode levar o leitor à exaustão. Nomes deverbais: são derivados de verbos e retomam a ação expres-
sa por eles. Servem, ainda, como um resumo dos argumentos já utilizados.
b) REPETIÇÃO PARCIAL: na retomada de nomes de pessoas, a repe- Exemplos: Uma fila de centenas de veículos paralisou o trânsito da Aveni-
Advérbios: palavras que exprimem circunstâncias, principalmente as Resumo, recapitulação, conclusão: em suma, em síntese, em conclusão,
de lugar: Em São Paulo, não houve problemas. Lá, os operários não aderi- enfim, em resumo, portanto, assim, dessa forma, dessa maneira, desse
ram... (o advérbio de lugar lá retoma São Paulo). Exemplos de advérbios modo, logo, pois (entre vírgulas), dessarte, destarte, assim sendo.
que comumente funcionam como elementos referenciais, isto é, como
elementos que se referem a outros do texto: aí, aqui, ali, onde, lá, etc. Causa e consequência. Explicação: por consequência, por conseguinte,
como resultado, por isso, por causa de, em virtude de, assim, de fato, com
Observação: É mais frequente a referência a elementos já citados no efeito, tão (tanto, tamanho) ... que, porque, porquanto, pois, já que, uma vez
texto. Porém, é muito comum a utilização de palavras e expressões que se que, visto que, como (= porque), portanto, logo, que (= porque), de tal sorte
refiram a elementos que ainda serão utilizados. Exemplo: Izidoro Andrade que, de tal forma que, haja vista.
(7) é conhecido na região (8) como um dos maiores compradores de
cabeças de gado do Sul (8) do país. Márcio Ribeiro (5) era um dos sócios Contraste, oposição, restrição, ressalva: pelo contrário, em contraste
do Frigorífico Naviraí, empresa proprietária do bimotor (1). A palavra região com, salvo, exceto, menos, mas, contudo, todavia, entretanto, no entanto,
serve como elemento classificador de Sul (A palavra Sul indica uma região embora, apesar de, ainda que, mesmo que, posto que, posto, conquanto, se
do país), que só é citada na linha seguinte. bem que, por mais que, por menos que, só que, ao passo que.
Conexão: Ideias alternativas: Ou, ou... ou, quer... quer, ora... ora.
Além da constante referência entre palavras do texto, observa-se na Níveis De Significado Dos Textos:
coesão a propriedade de unir termos e orações por meio de conectivos, Significado Implícito E Explícito
que são representados, na Gramática, por inúmeras palavras e expres- Observe a seguinte frase:
sões. A escolha errada desses conectivos pode ocasionar a deturpação do Fiz faculdade, mas aprendi algumas coisas.
sentido do texto. Abaixo, uma lista dos principais elementos conectivos,
agrupados pelo sentido. Baseamo-nos no autor Othon Moacyr Garcia Nela, o falante transmite duas informações de maneira explícita:
(Comunicação em Prosa Moderna). que ele frequentou um curso superior;
que ele aprendeu algumas coisas.
Prioridade, relevância: em primeiro lugar, antes de mais nada, antes
de tudo, em princípio, primeiramente, acima de tudo, precipuamente, Ao ligar essas duas informações com um “mas” comunica também de
principalmente, primordialmente, sobretudo, a priori (itálico), a posteriori modo implícito sua critica ao sistema de ensino superior, pois a frase passa
(itálico). a transmitir a ideia de que nas faculdades não se aprende nada.
Tempo (frequência, duração, ordem, sucessão, anterioridade, posterio- Um dos aspectos mais intrigantes da leitura de um texto é a verificação
ridade): então, enfim, logo, logo depois, imediatamente, logo após, a prin- de que ele pode dizer coisas que parece não estar dizendo: além das
cípio, no momento em que, pouco antes, pouco depois, anteriormente, informações explicitamente enunciadas, existem outras que ficam suben-
posteriormente, em seguida, afinal, por fim, finalmente agora atualmente, tendidas ou pressupostas. Para realizar uma leitura eficiente, o leitor deve
hoje, frequentemente, constantemente às vezes, eventualmente, por captar tanto os dados explícitos quanto os implícitos.
vezes, ocasionalmente, sempre, raramente, não raro, ao mesmo tempo,
simultaneamente, nesse ínterim, nesse meio tempo, nesse hiato, enquanto, Leitor perspicaz é aquele que consegue ler nas entrelinhas. Caso con-
quando, antes que, depois que, logo que, sempre que, assim que, desde trário, ele pode passar por cima de significados importantes e decisivos ou
que, todas as vezes que, cada vez que, apenas, já, mal, nem bem. — o que é pior — pode concordar com coisas que rejeitaria se as perce-
besse.
Semelhança, comparação, conformidade: igualmente, da mesma for-
ma, assim também, do mesmo modo, similarmente, semelhantemente, Não é preciso dizer que alguns tipos de texto exploram, com malícia e
analogamente, por analogia, de maneira idêntica, de conformidade com, de com intenções falaciosas, esses aspectos subentendidos e pressupostos.
acordo com, segundo, conforme, sob o mesmo ponto de vista, tal qual,
tanto quanto, como, assim como, como se, bem como. Que são pressupostos? São aquelas ideias não expressas de maneira
explícita, mas que o leitor pode perceber a partir de certas palavras ou
Condição, hipótese: se, caso, eventualmente. expressões contidas na frase.
Adição, continuação: além disso, demais, ademais, outrossim, ainda Assim, quando se diz “O tempo continua chuvoso”, comunica-se de
mais, ainda cima, por outro lado, também, e, nem, não só ... mas também, maneira explícita que no momento da fala o tempo é de chuva, mas, ao
não só... como também, não apenas ... como também, não só ... bem mesmo tempo, o verbo “continuar” deixa perceber a informação implícita de
como, com, ou (quando não for excludente). que antes o tempo já estava chuvoso.
Dúvida: talvez provavelmente, possivelmente, quiçá, quem sabe, é Na frase “Pedro deixou de fumar” diz-se explicitamente que, no mo-
provável, não é certo, se é que. mento da fala, Pedro não fuma. O verbo “deixar”, todavia, transmite a
informação implícita de que Pedro fumava antes.
Na leitura e interpretação de um texto, é muito importante detectar os No primeiro caso, a oração é explicativa; no segundo, é restritiva. As
pressupostos, pois seu uso é um dos recursos argumentativos utilizados explicativas pressupõem que o que elas expressam refere-se a todos os
com vistas a levar o ouvinte ou o leitor a aceitar o que está sendo comuni- elementos de um dado conjunto; as restritivas, que o que elas dizem
cado. Ao introduzir uma ideia sob a forma de pressuposto, o falante trans- concerne a parte dos elementos de um dado conjunto.
forma o ou vinte em cúmplice, urna vez que essa ideia não é posta em
discussão e todos os argumentos subsequentes só contribuem para con- d) os adjetivos
firmá -la. Os partidos radicais acabarão com a democracia no Brasil.
Por isso pode-se dizer que o pressuposto aprisiona o ouvinte ao sis- Pressuposto: Existem partidos radicais no Brasil.
tema de pensamento montado pelo falante.
Os subentendidos
A demonstração disso pode ser encontrada em muitas dessas “verda- Os subentendidos são as insinuações escondidas por trás de uma a-
des” incontestáveis postas como base de muitas alegações do discurso firmação. Quando um transeunte com o cigarro na mão pergunta: Você tem
político. fogo?, acharia muito estranho se você dissesse: Tenho e não lhe acendes-
se o cigarro. Na verdade, por trás da pergunta subentende-se: Acenda-me
Tomemos como exemplo a seguinte frase: o cigarro por favor.
Ë preciso construir mísseis nucleares para defender o Ocidente de um
ataque soviético. O subentendido difere do pressuposto num aspecto importante: o
pressuposto é um dado posto como indiscutível para o falante e para o
O conteúdo explícito afirma: ouvinte, não é para ser contestado; o subentendido é de responsabilidade
— a necessidade da construção de mísseis, do ouvinte, pois o falante, ao subentender, esconde-se por trás do sentido
— com a finalidade de defesa contra o ataque soviético. literal das palavras e pode dizer que não estava querendo dizer o que o
ouvinte depreendeu.
O pressuposto, isto é, o dado que não se põe em discussão é: os so-
viéticos pretendem atacar o Ocidente. O subentendido, muitas vezes, serve para o falante proteger-se diante
de uma informação que quer transmitir para o ouvinte sem se comprometer
Os argumentos contra o que foi informado explicitamente nessa frase com ela.
podem ser:
— os mísseis não são eficientes para conter o ataque soviético; Para entender esse processo de descomprometimento que ocorre com
— uma guerra de mísseis vai destruir o mundo inteiro e não apenas os a manipulação dos subentendidos, imaginemos a seguinte situação: um
soviéticos; funcionário público do partido de oposição lamenta, diante dos colegas
— a negociação com os soviéticos é o único meio de dissuadi-los de reunidos em assembleia, que um colega de seção, do partido do governo,
um ataque ao Ocidente. além de ter sido agraciado com uma promoção, conseguiu um empréstimo
muito favorável do banco estadual, ao passo que ele, com mais tempo de
Como se pode notar, os argumentos são contrários ao que está dito serviço, continuava no mesmo posto e não conseguia o empréstimo solici-
explicitamente, mas todos eles confirmam o pressuposto, isto é, todos os tado muito antes que o referido colega.
argumentos aceitam que os soviéticos pretendem atacar o Ocidente.
Mais tarde, tendo sido acusado de estar denunciando favoritismo do
A aceitação do pressuposto é o que permite levar à frente o debate. Se governo para com os seus adeptos, o funcionário reclamante defende-se
o ouvinte disser que os soviéticos não têm intenção nenhuma de atacar o prontamente, alegando não ter falado em favoritismo e que isso era dedu-
Ocidente, estará negando o pressuposto lançado pelo falante e então a ção de quem ouvira o seu discurso.
possibilidade de diálogo fica comprometida irreparavelmente. Qualquer
argumento entre os citados não teria nenhuma razão de ser. Isso quer Na verdade, ele não falou em favoritismo mas deu a entender, deixou
dizer que, com pressupostos distintos, não é possível o diálogo ou não tem subentendido para não se comprometer com o que disse. Fez a denúncia
ele sentido algum. Pode-se contornar esse problema tornando os pressu- sem denunciar explicitamente. A frase sugere, mas não diz.
postos afirmações explícitas, que então podem ser discutidas.
A distinção entre pressupostos e subentendidos em certos casos é
Os pressupostos são marcados, nas frases, por meio de vários indica- bastante sutil. Não vamos aqui ocupar-nos dessas sutilezas, mas explorar
dores linguísticos, como, por exemplo: esses conceitos como instrumentos úteis para uma compreensão mais
eficiente do texto.
a) certos advérbios
Os resultados da pesquisa ainda não chegaram até nós. ARTICULAÇÃO DO TEXTO: PRONOMES E EXPRESSÕES
Pressuposto: Os resultados já deviam ter chegado. REFERENCIAIS, NEXOS, OPERADORES SEQUENCIAIS.
ou
Os resultados vão chegar mais tarde. Resenha Critica de Articulação do Texto
Amanda Alves Martins
b) certos verbos Resenha Crítica do livro A Articulação do Texto, da autora Elisa Gui-
O caso do contrabando tornou-se público. marães
Pressuposto: O caso não era público antes.
No livro de Elisa Guimarães, A Articulação do Texto, a autora procura
c) as orações adjetivas esclarecer as dúvidas referentes à formação e à compreensão de um texto
Os candidatos a prefeito, que só querem defender seus interesses, e do seu contexto.
não pensam no povo.
Formado por unidades coordenadas, ou seja, interligadas entre si, o
A autora também apresenta diversas formas de classificação do dis- No capítulo que diz respeito às noções de estrutura, Elisa Guimarães,
curso e do texto, porém, detenhamo-nos na divisão de texto informativo e busca ressaltar o nível sintático representado pelas coordenações e subor-
de um texto literário ou ficcional. dinações que fixam relações de “equivalência” ou “hierarquia” respectiva-
mente.
Analisando um texto, é possível percebermos que a repetição de um Um fato importante dentro do livro A Articulação do Texto, é o valor atribuí-
nome/lexema, nos induz à lembrar de fatos já abordados, estimula a nossa do às estruturas integrantes do texto, como o título, o parágrafo, as inter e
biblioteca mental e a informa da importância de tal nome, que dentro de um intrapartes, o início e o fim e também, as superestruturas.
contexto qualquer, ou seja que não fosse de um texto informacional, seria
apenas caracterizado como uma redundância desnecessária. Essa repeti- O título funciona como estratégica de articulação do texto podendo de-
ção é normalmente dada através de sinônimos ou “sinônimos perfeitos” sempenhar papéis que resumam os seus pontos primordiais, como tam-
(p.30) que permitem a permutação destes nomes durante o texto sem que bém, podem ser desvendados no decorrer da leitura do texto.
o sentido original e desejado seja modificado.
Os parágrafos esquematizam o raciocínio do escritos, como enuncia
Esta relação semântica presente nos textos ocorre devido às interpre- Othon Moacir Garcia:
tações feitas da realidade pelo interlocutor, que utiliza a chamada “semân- “O parágrafo facilita ao escritor a tarefa de isolar e depois ajustar con-
tica referencial” (p.31) para causar esta busca mental no receptor através venientemente as ideias principais da sua composição, permitindo ao leitor
de palavras semanticamente semelhantes à que fora enunciada, porém, acompanhar-lhes o desenvolvimento nos seus diferentes estágios”.
existe ainda o que a autora denominou de “inexistência de sinônimo perfei-
to” (p.30) que são sinônimos porém quando posto em substituição um ao É bom relembrar, que dentro do parágrafo encontraremos o chamado
outro não geram uma coerência adequada ao entendimento. tópico frasal, que resumirá a principal ideia do parágrafo no qual esta
inserido; e também encontraremos, segundo a autora, dez diferentes tipos
Nesta relação de substituição por sinônimos, devemos ter cautela de parágrafo, cada qual com um ponto de vista específico.
quando formos usar os “hiperônimos” (p.32), ou até mesmo a “hiponímia”
(p.32) onde substitui-se a parte pelo todo, pois neste emaranhado de No que diz respeito ao tópico Inicio e fim, Elisa Guimarães preferiu a-
substituições pode-se causar desajustes e o resultado final não fazer com bordá-los de forma mútua já que um é consequência ou decorrência do
que a imagem mental do leitor seja ativada de forma corretamente, e outra outro; ficando a organização da narrativa com uma forma de estrutura
assimilação, errônea, pode ser utilizada. clássica e seguindo uma linha sequencial já esperada pelo leitor, onde o
início alimenta a esperança de como virá a ser o texto, enquanto que o fim
Seguindo ainda neste linear das substituições, existem ainda as “no- exercer uma função de dar um destaque maior ao fechamento do texto, o
minações” e a “elipse”, onde na primeira, o sentido inicialmente expresso que também, alimenta a imaginação tanto do leito, quanto do próprio autor.
por um verbo é substituído por um nome, ou seja, um substantivo; e,
enquanto na segunda, ou seja, na elipse, o substituto é nulo e marcado No geral, o que diz respeito ao livro A Articulação do Texto de Elisa
pela flexão verbal; como podemos perceber no seguinte exemplo retirado Guimarães, ele nos trás um grande número de informações e novos con-
do livro de Elisa Guimarães: ceitos em relação à produção e compreensão textual, no entanto, essa
“Louve-se nos mineiros, em primeiro lugar, a sua presença suave. Mil grande leva de informações muitas vezes se tornam confusas e acabam
deles não causam o incômodo de dez cearenses. por desprenderem-se uma das outras, quebrando a linearidade de todo o
texto e dificultando o entendimento teórico.
O candidato foi aprovado, mas não fez a matrícula. Conclusão: um enunciado introduzido por articuladores como portanto,
condicionalidade: essa relação é expressa pela combinação de duas logo, pois, então, por conseguinte, estabelece uma conclusão em relação a
proposições: uma introduzida pelo articulador se ou caso e outra por então algo dito no enunciado anterior:
(consequente), que pode vir implícito. Estabelece-se uma relação entre o
antecedente e o consequente, isto é, sendo o antecedente verdadeiro ou Assistiu a todas as aulas e realizou com êxito todos os exercícios. Por-
possível, o consequente também o será. tanto tem condições de se sair bem na prova.
Na relação de condicionalidade, estabelece-se, muitas vezes, uma É importante salientar que os articuladores conclusivos não se limitam
condição hipotética, isto é,, cria-se na proposição introduzida pelo articula- a articular frases. Eles podem articular parágrafos, capítulos.
dor se/caso uma hipótese que condicionará o que será dito na proposição
seguinte. Em geral, a proposição situa-se num tempo futuro. Comparação: é estabelecida por articuladores : tanto (tão)...como, tan-
to (tal)...como, tão ...quanto, mais ....(do) que, menos ....(do) que, assim
Caso tenha férias, (então) viajarei para Buenos Aires. como.
Ele é tão competente quanto Alberto.
causalidade: é expressa pela combinação de duas proposições, uma
das quais encerra a causa que acarreta a consequência expressa na outra. Explicação ou justificativa: os articuladores do tipo pois, que, porque
Tal relação pode ser veiculada de diferentes formas: introduzem uma justificativa ou explicação a algo já anteriormente referido.
conformidade: essa relação expressa-se por meio de duas proposi- Interpretar e produzir textos de qualidade são tarefas muito importan-
ções, em que se mostra a conformidade de conteúdo de uma delas em tes na formação do aluno. Para realizá-las de modo satisfatório, é essenci-
relação a algo afirmado na outra. al saber identificar e utilizar os operadores sequenciais e argumentativos
do discurso. A linguagem é um ato intencional, o indivíduo faz escolhas
O aluno realizou a prova conforme o professor solicitara. quando se pronuncia oralmente ou quando escreve. Para dar suporte a
segundo essas escolhas, de modo a fazer com que suas opiniões sejam aceitas ou
consoante respeitadas, é fundamental lançar mão dos operadores que estabelecem
como ligações (espécies de costuras) entre os diferentes elementos do discurso.
de acordo com a solicitação... MODOS DE ORGANIZAÇÃO DO TEXTO
temporalidade: é a relação por meio da qual se localizam no tempo
ações, eventos ou estados de coisas do mundo real, expressas por meio Oliveira, (2003:41) fazendo alusão a Charaudeau (1992) obser-
de duas proposições. va:
Quando Os modos de organização do discurso ( o narrativo, o descritivo, o
Mal argumentativo e o enunciativo) são maneiras de estruturar o texto, visan-
Oliveira.Helênio (2004), discutindo conceitos básicos em análise As dissertações escolares, normalmente, costumam ser estruturadas
do discurso, com base nos dois grandes critérios de classificação de em quatro ou cinco parágrafos (um parágrafo para a introdução, dois ou
textos ( o intratextual-estrutural, o que se encontra no texto; e o extratex- três para o desenvolvimento e um para a conclusão).
tual– sensível a situação comunicativa), propõe a nomenclatura “modos É claro que essa divisão não é absoluta. Dependendo do tema proposto
de organização do texto”, acrescentando a listagem de Charaudeau e da abordagem que se dê a ele, ela poderá sofrer variações. Mas é fun-
(1992) outros dois modos de organização: o expositivo e o injuntivo. damental que você perceba o seguinte: a divisão de um texto em parágra-
fos (cada um correspondendo a uma determinada ideia que nele se desen-
O modo de organização do texto narrativo é construído pela su- volve) tem a função de facilitar, para quem escreve, a estruturação coeren-
cessão, desenvolvimento de ações que formam o arcabouço de uma te do texto e de possibilitar, a quem lê, uma melhor compreensão do texto
história (no sentido estrito) – processos, sequências, tempo em andamen- em sua totalidade.
to. Parágrafo Narrativo
O Modo Descritivo tem como funcionamento identificar, distinguir,
qualificar pessoa ou objeto, os ‘seres do mundo’ (a quem Oliveira, Helê- Nas narrações, a ideia central do parágrafo é um incidente, isto é, um
nio (2004 mimeo) denomina “objeto da descrição” ). Na descrição confec- episódio curto.
cionamos uma espécie de retrato através de palavras. Tempo estático. Nos parágrafos narrativos, há o predomínio dos verbos de ação que se
referem a personagens, além de indicações de circunstâncias relativas ao
Discorrendo sobre o texto descritivo, Oliveira, Helênio (mimeo) destaca fato: onde ele ocorreu, quando ocorreu, por que ocorreu, etc.
importantes fatores que normalmente não são levados em consideração
O que falamos acima aplica-se ao parágrafo narrativo propriamente dito,
quando se aborda o M.O.D. descritivo:
ou seja, aquele que relata um fato (lembrando que podemos ter, em um
· A existência de textos iminentemente descritivos: A descrição de um texto narrativo, parágrafos descritivos e dissertativos).
tipo de rocha, da anatomia de uma espécie animal, do sistema pronominal
Nas narrações existem também parágrafos que servem para reproduzir
de dada língua etc.
as falas dos personagens. No caso do discurso direto (em geral antecedido
· O ponto de vista e o ângulo do observador afetando na seleção dos por dois-pontos e introduzido por travessão), cada fala de um personagem
atributos do objeto descrito – limitações físicas, intelectuais etc. deve corresponder a um parágrafo para que essa fala não se confunda
com a do narrador ou com a de outro personagem.
· O caráter infinito dos possíveis “objetos de descrição”, bem como os
diversos sentidos empregados na observação do objeto descrito (+ ou – Parágrafo Descritivo
sensorial)
A ideia central do parágrafo descritivo é um quadro, ou seja, um frag-
Progressão temática: é a soma das unidades temática. Toda disserta- mento daquilo que está sendo descrito (uma pessoa, uma paisagem, um
ção bem construída deve expor progressão temática. Eis a inteligente ambiente, etc.), visto sob determinada perspectiva, num determinado
maneira de trazer densidade sobre o tema proposto. momento. Alterado esse quadro, teremos novo parágrafo.
Parágrafo O parágrafo descritivo vai apresentar as mesmas características da
descrição: predomínio de verbos de ligação, emprego de adjetivos que
Os textos em prosa, sejam eles narrativos, descritivos ou dissertativos, caracterizam o que está sendo descrito, ocorrência de orações justapostas
são estruturados geralmente em unidades menores, os parágrafos, identifi- ou coordenadas.
cados por um ligeiro afastamento de sua primeira linha em relação à mar-
gem esquerda da folha. Possuem extensão variada: há parágrafos longos Frase
e parágrafos curtos. O que vai determinar sua extensão é a unidade temá-
tica, já que cada ideia exposta no texto deve corresponder a um parágrafo. Frase é um conjunto de palavras que têm sentido completo.
"O parágrafo é uma unidade de composição, constituída por um ou mais O tempo está nublado.
de um período em que desenvolve determinada ideia central, ou nuclear, a Socorro!
que se agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo senti- Que calor!
do e logicamente decorrentes dela." [GARCIA, Othon M. Comunicação em
prosa moderna. 7.ed. Rio de Janeiro: FGV, 1978, p. 203.] Oração
Essa definição não se aplica a todo o tipo de parágrafo: trata-se de um Oração é a frase que apresenta verbo ou locução verbal.
modelo - denominado parágrafo-padrão - que, por ser cultivado por bons A fanfarra desfilou na avenida.
escritores modernos, o aluno poderá (e até deverá) imitar: As festas juninas estão chegando.
Muito comum nos textos de natureza dissertativa, que trabalham com
ideias e exigem maior rigor e objetividade na composição, o parágrafo- Período
padrão apresente a seguinte estrutura:
Período é a frase estruturada em oração ou orações.
a) introdução - também denominada tópico frasal, é constituída de uma
ou duas frases curtas, que expressam, de maneira sintética, a ideia princi- O período pode ser:
pal do parágrafo, definindo seu objetivo;
- simples - aquele constituído por uma só oração (oração absoluta).
b) desenvolvimento - corresponde a uma ampliação do tópico frasal, Fui à livraria ontem.
com apresentação de ideias secundárias que o fundamentam ou esclare- - composto - quando constituído por mais de uma oração.
cem; Fui à livraria ontem e comprei um livro.
c) conclusão - nem sempre presente, especialmente nos parágrafos
mais curtos e simples, a conclusão retoma a ideia central, levando em PONTO DE VISTA DO AUTOR
consideração os diversos aspectos selecionados no desenvolvimento.
Modos de narrar - na obra Para entender o texto: leitura e redação, de
Há dois modos básicos de narrar: ou o narrador introduz-se no discur- Exemplos: “Amou daquela vez como se fosse máquina. / Beijou sua
so, produzindo-o, então em primeira pessoa, ou ausenta-se dele, criando mulher como se fosse lógico.” (Chico Buarque);
um discurso em terceira pessoa. Narrar em terceira pessoa ou em primeira “As solteironas, os longos vestidos negros fechados no pescoço, ne-
pessoa são os dois pontos de vista fundamentais do narrador. gros xales nos ombros, pareciam aves noturnas paradas…” (Jorge Ama-
do).
O narrador em terceira pessoa pode assumir duas posições diante do
que narra: Metáfora:
1) Ele conhece tudo, até os pensamentos e sentimentos dos perso- Ocorre metáfora quando um termo substitui outro através de uma rela-
nagens. Comenta, analisa e critica tudo. É como se pairasse aci- ção de semelhança resultante da subjetividade de quem a cria. A metáfora
ma dos acontecimentos e tudo visse. É chamado narrador onisci- também pode ser entendida como uma comparação abreviada, em que o
ente (que sabe tudo). conectivo não está expresso, mas subentendido.
2) O narrador também conhece os fatos, mas não invade o interior
dos personagens para comentar seu comportamento, intenções e Exemplo: “Supondo o espírito humano uma vasta concha, o meu fim,
sentimentos. Essa posição cria um efeito de sentido de objetivida- Sr. Soares, é ver se posso extrair pérolas, que é a razão.” (Machado de
de ou de neutralidade. É como se a história se narrasse sozinha. Assis).
O narrador pode ser chamado observador.
Metonímia:
O narrador em primeira pessoa está presente na narrativa. Pode ser o Ocorre metonímia quando há substituição de uma palavra por outra,
personagem principal ou um personagem secundário: havendo entre ambas algum grau de semelhança, relação, proximidade de
1) Quando é personagem principal, ele não tem acesso aos senti- sentido ou implicação mútua. Tal substituição fundamenta-se numa relação
mentos, pensamentos e intenções dos outros personagens, mas objetiva, real, realizando-se de inúmeros modos:
pode relatar suas percepções, seus sentimentos e pensamentos.
É a forma ideal de explorar o interior de um personagem. É o que - o continente pelo conteúdo e vice-versa: Antes de sair, tomamos um
ocorre em O Ateneu, de Raul Pompeia. cálice (o conteúdo de um cálice) de licor.
2) Quando o narrador é um personagem secundário, observa de den- - a causa pelo efeito e vice-versa: “E assim o operário ia / Com suor e
tro os acontecimentos. Viveu os fatos relatados, conta o que viu ou com cimento (com trabalho) / Erguendo uma casa aqui / Adiante um apar-
ouviu e até mesmo se serve de cartas ou documentos que obteve. tamento.” (Vinicius de Moraes).
Não consegue saber o que se passa na cabeça dos outros. Pode
apenas inferir, lançar hipóteses e pode ou não comentar os acon- - o lugar de origem ou de produção pelo produto: Comprei uma garrafa
tecimentos. do legítimo porto (o vinho da cidade do Porto).
- o autor pela obra: Ela parecia ler Jorge Amado (a obra de Jorge A-
O modo de narrar em primeira pessoa cria um efeito de subjetividade
mado).
maior que o modo em terceira pessoa. Este produz um efeito de sentido de
objetividade, pois o narrador não está envolvido com os acontecimentos.O - o abstrato pelo concreto e vice-versa: Não devemos contar com o
narrador pode projetar uma imagem do leitor dentro da obra e dialogar com seu coração (sentimento, sensibilidade).
esse “leitor”, prevendo suas reações. Esse leitor instalado no texto não se
confunde com o leitor real. - o símbolo pela coisa simbolizada: A coroa (o poder) foi disputada pe-
los revolucionários.
- a matéria pelo produto e vice-versa: Lento, o bronze (o sino) soa.
REESCRITURA DE FRASES E PARÁGRAFOS DO TEXTO
- o inventor pelo invento: Edson (a energia elétrica) ilumina o mundo.
Eder Sabino Carlos - a coisa pelo lugar: Vou à Prefeitura (ao edifício da Prefeitura).
6 Reescritura de frases e parágrafos do texto. - o instrumento pela pessoa que o utiliza: Ele é um bom garfo (guloso,
6.1 Substituição de palavras ou de trechos de texto. glutão).
Este ítem será abordado como um tema só, pois a separação deles Ocorre sinédoque quando há substituição de um termo por outro, ha-
está meio complicada, pois a substituição de palavras ou de trechos tem vendo ampliação ou redução do sentido usual da palavra numa relação
tudo a ver com a retextualização quantitativa. Encontramos sinédoque nos seguintes casos:
Ocorre hipálage quando há inversão da posição do adjetivo: uma qua- Exemplo: “E pela paz derradeira (morte) que enfim vai nos redimir
lidade que pertence a um objeto é atribuída a outro, na mesma frase. Deus lhe pague”. (Chico Buarque).
Exemplo: “… as lojas loquazes dos barbeiros.” (as lojas dos barbeiros Gradação:
loquazes.) (Eça de Queiros). Ocorre gradação quando há uma sequência de palavras que intensifi-
Anacoluto: cam uma mesma ideia.
Ocorre anacoluto quando há interrupção do plano sintático com que se Exemplo: “Aqui… além… mais longe por onde eu movo o passo.”
inicia a frase, alterando-lhe a sequência lógica. A construção do período (Castro Alves).
deixa um ou mais termos – que não apresentam função sintática definida – Hipérbole:
desprendidos dos demais, geralmente depois de uma pausa sensível.
Ocorre hipérbole quando há exagero de uma ideia, a fim de proporcio-
Exemplo: “Essas empregadas de hoje, não se pode confiar nelas.” (Al- nar uma imagem emocionante e de impacto.
cântara Machado).
Exemplo: “Rios te correrão dos olhos, se chorares!” (Olavo Bilac).
Silepse:
Ironia:
Ocorre silepse quando a concordância não é feita com as palavras,
mas com a ideia a elas associada. Ocorre ironia quando, pelo contexto, pela entonação, pela contradição
de termos, sugere-se o contrário do que as palavras ou orações parecem
a) Silepse de gênero: exprimir. A intenção é depreciativa ou sarcástica.
Ocorre quando há discordância entre os gêneros gramaticais (feminino Exemplo: “Moça linda, bem tratada, / três séculos de família, / burra
ou masculino). como uma porta: / um amor.” (Mário de Andrade).
Exemplo: “Quando a gente é novo, gosta de fazer bonito.” (Guimarães Prosopopeia:
Rosa).
Ocorre prosopopeia (ou animização ou personificação) quando se atri-
b) Silepse de número: bui movimento, ação, fala, sentimento, enfim, caracteres próprios de seres
Ocorre quando há discordância envolvendo o número gramatical (sin- animados a seres inanimados ou imaginários.
gular ou plural). Também a atribuição de características humanas a seres animados
Exemplo: Corria gente de todos lados, e gritavam.” (Mário Barreto). constitui prosopopeia o que é comum nas fábulas e nos apólogos, como
este exemplo de Mário de Quintana: “O peixinho (…) silencioso e levemen-
c) Silepse de pessoa: te melancólico…”
Ocorre quando há discordância entre o sujeito expresso e a pessoa Exemplos: “… os rios vão carregando as queixas do caminho.” (Raul
verbal: o sujeito que fala ou escreve se inclui no sujeito enunciado. Bopp)
Exemplo: “Na noite seguinte estávamos reunidas algumas pessoas.” Um frio inteligente (…) percorria o jardim…” (Clarice Lispector)
(Machado de Assis).
Perífrase:
Figuras de pensamento:
Ocorre perífrase quando se cria um torneio de palavras para expressar
As figuras de pensamento são recursos de linguagem que se referem algum objeto, acidente geográfico ou situação que não se quer nomear.
ao significado das palavras, ao seu aspecto semântico.
Exemplo: “Cidade maravilhosa / Cheia de encantos mil / Cidade mara-
São figuras de pensamento: vilhosa / Coração do meu Brasil.” (André Filho).
Antítese: Até este ponto retirei informações do site PCI cursos
Ocorre antítese quando há aproximação de palavras ou expressões de Vícios de Linguagem
sentidos opostos.
Ambiguidade
Exemplo: “Amigos ou inimigos estão, amiúde, em posições trocadas.
Uns nos querem mal, e fazem-nos bem. Outros nos almejam o bem, e nos Ambiguidade é a possibilidade de uma mensagem ter dois sentidos.
trazem o mal.” (Rui Barbosa). Ela geralmente é provocada pela má organização das palavras na frase. A
ambiguidade é um caso especial de polissemia, a possibilidade de uma
Apóstrofe: palavra apresentar vários sentidos em um contexto.
“Ontem eu assisti um filme de época.” (Ontem eu assisti a um filme de Parágrafos longos - em geral, as obras científicas e acadêmicas pos-
época.) suem longos parágrafos, por três razões: os textos são grandes e conso-
mem muitas páginas; as explicações são complexas e exigem várias idéias
De colocação:
e especificações, ocupando mais espaço; os leitores possuem capacidade
“Me empresta um lápis, por favor.” (Empresta-me um lápis, por favor.) e fôlego para acompanhá-los.
“Me parece que ela ficou contente.” (Parece-me que ela ficou conten- TÓPICO FRASAL
te.) A idéia central do parágrafo é enunciada através do período denomi-
“Eu não respondi-lhe nada do que perguntou.” (Eu não lhe respondi nado tópico frasal (também chamado de frase-síntese ou período tópico).
nada do que perguntou.) Esse período orienta ou governa o resto do parágrafo; dele nascem outros
períodos secundários ou periféricos; ele vai ser o roteiro do escritor na
Eco construção do parágrafo; ele é o período mestre, que contém a frase-
chave. Como o enunciado da tese, que dirige a atenção do leitor direta-
O Eco vem a ser a própria rima que ocorre quando há na frase termi-
mente para o tema central, o tópico frasal ajuda o leitor a agarrar o fio da
nações iguais ou semelhantes, provocando dissonância.
meada do raciocínio do escritor; como a tese, o tópico frasal introduz o
“Falar em desenvolvimento é pensar em alimento, saúde e educação.” assunto e o aspecto desse assunto, ou a idéia central com o potencial de
gerar idéias-filhote; como a tese, o tópico frasal é enunciação argumentá-
“O aluno repetente mente alegremente.” vel, afirmação ou negação que leva o leitor a esperar mais do escritor (uma
O presidente tinha dor de dente constantemente. explicação, uma prova, detalhes, exemplos) para completar o parágrafo ou
apresentar um raciocínio completo. Assim, o tópico frasal é enunciação,
Colisão supõe desdobramento ou explicação. A idéia central ou tópico frasal ge-
O uso de uma mesma vogal ou consoante em várias palavras é deno- ralmente vem no começo do parágrafo, seguida de outros períodos que
minado aliteração. Aliterações são preciosos recursos estilísticos quando explicam ou detalham a idéia central.
usados com a intenção de se atingir efeito literário ou para atrair a atenção
do receptor. Entretanto, quando seus usos não são intencionais ou quando Exemplos:
causam um efeito estilístico ruim ao receptor da mensagem, a aliteração Ao cuidar do gado, o peão monta e governa os cavalos sem maltratá-
torna-se um vício de linguagem e recebe nesse contexto o nome los. O modo de tratar o cavalo parece rude, mas o vaqueiro jamais é cruel.
de colisão. Exemplos: Ele sabe como o animal foi domado, conhece as qualidades e defeitos do
animal, sabe onde, quando e quanto exigir do cavalo. O vaqueiro aprendeu
“Eram comunidades camponesas com cultivos coletivos.” que paciência e muitos exercícios são os principais meios para se obter
sucesso na lida com os cavalos, e que não se pode exigir mais do que é
“O papa Paulo VI pediu a paz.”
esperado.
Uma colisão pode ser remediada com a reestruturação sintática da fra-
se que a contém ou com a substituição de alguns termos ou expressões A distribuição de renda no Brasil é injusta. Embora a renda per capita
por outras similares ou sinônimas. brasileira seja estimada em U$$2.000 anuais, a maioria do povo ganha
menos, enquanto uma minoria ganha dezenas ou centena de vezes mais.
A maioria dos trabalhadores ganha o salário mínimo, que vale U$$112
mensais; muitos nordestinos recebem a metade do salário mínimo,. Divi-
ESTRUTURA DO PARÁGRAFO dindo essa pequena quantia por uma família onde há crianças e mulheres,
O que amo em ti
Intertextualidade não é só essa pele acetinada
sempre pronta para a carícia renovada
Grosso modo, pode-se definir a intertextualidade como sendo um nem esse seio róseo e atrevido
"diálogo" entre textos. Esse diálogo pressupõe um universo cultural muito a desenhar-se sob o tecido.
amplo e complexo, pois implica a identificação e o reconhecimento de
remissões a obras ou a trechos mais ou menos conhecidos. Dependendo O que amo em ti
da situação, a intertextualidade tem funções diferentes que dependem dos não é essa pressa louca
textos/ contextos em que ela é inserida. de viver cada vão momento
nem a falta de memória para a dor.
Evidentemente, o fenômeno da intertextualidade está ligado ao
"conhecimento do mundo", que deve ser compartilhado, ou seja, comum ao
O que amo em ti
produtor e ao receptor de textos.
não é apenas essa voz leve
O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento,não se que me envolve e me consome
restringindo única e exclusivamente a textos literários. nem o que deseja todo homem
flor definida e definitiva
Na pintura tem-se, por exemplo, o quadro do pintor barroco italiano a abrir-se como boca ou ferida
Caravaggio e a fotografia da americana Cindy Sherman, na qual quem nem mesmo essa juventude assim perdida.
posa é ela mesma. O quadro de Caravaggio foi pintado no final do século
XVI, já o trabalho fotográfico de Cindy Sherman foi produzido quase O que amo em ti
quatrocentos anos mais tarde. Na foto, Sherman cria o mesmo ambiente e enigmática e solidária:
a mesma atmosfera sensual da pintura, reunindo um conjunto de É a Vida!
elementos: a coroa de flores na cabeça, o contraste entre claro e escuro, a (Geraldo Chacon, Meu Caderno de Poesia, Flâmula, 2004, p.37)
sensualidade do ombro nu etc. A foto de Sherman é uma recriação do
quadro de Caravaggio e, portanto, é um tipo de intertextualidade na
pintura. MADRIGAL MELANCÓLICO
Na publicidade, por exemplo, em um dos anúncios do Bom Bril, o ator O que eu adoro em ti
se veste e se posiciona como se fosse a Mona Lisa de Leonardo da Vinci e não é a tua beleza.
cujo slogan era " Mon Bijou deixa sua roupa uma perfeita obra-prima". A beleza, é em nós que ela existe.
Esse enunciado sugere ao leitor que o produto anunciado deixa a roupa A beleza é um conceito.
bem macia e mais perfumada, ou seja, uma verdadeira obra-prima (se E a beleza é triste.
referindo ao quadro de Da Vinci). Nesse caso pode-se dizer que a Não é triste em si,
intertextualidade assume a função de não só persuadir o leitor como mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.
também de difundir a cultura, uma vez que se trata de uma relação com a
arte (pintura, escultura, literatura etc). (...)
Tipos de intertextualidade
O que eu adoro em tua natureza,
Pode-se destacar sete tipos de intertextualidade: não é o profundo instinto maternal
em teu flanco aberto como uma ferida.
Epígrafe - constitui uma escrita introdutória a outra.
nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
Citação - é uma transcrição do texto alheio, marcada por aspas. O que eu adoro em ti – lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em ti, é a vida. (Manuel Bandeira, Estrela da Vida
Paródia - é uma forma de apropriação que, em lugar de Inteira, José Olympio, 1980, p.83) Poderia haver formas mais simples
endossar o modelo retomado, rompe com ele, sutil ou abertamente. Ela de aprender esse conteúdo.
perverte o texto anterior, visando à ironia,ou à crítica.
Significado Implícito e Explícito
Pastiche - uma recorrência a um gênero.
Tradução - a tradução está no campo da intertextualidade Observe a seguinte frase:
porque implica recriação de um texto. Fiz faculdade, mas aprendi algumas coisas.
Leitor perspicaz é aquele que consegue ler nas entrelinhas. Caso con-
Quando um único significante remete a vários significados, dizemos Sobreposto ao significado denotativo implanta-se o significado conota-
que ocorre a polissemia. tivo, que consiste num novo plano de conteúdo investido no signo como um
todo.
Significação contextual
Acabamos de dizer que é muito comum um único significante evocar Duas palavras podem ter a mesma denotação e conotação com-
vários significados e que, nesse caso, ocorre a polissemia. Mas isso não pletamente diversa, e essa propriedade pode servir para deixar clara a
chega a constituir problema para a clareza e objetividade da comunicação diferença entre essas duas dimensões do signo linguístico que estamos
porque a polissemia, em geral, fica neutralizada pelo contexto. tentando explicar. Citemos, por exemplo, as palavras docente, professor e
instrutor, que denotam praticamente a mesma coisa: alguém que instrui
Por contexto, entendemos uma unidade linguística de âmbito maior, na alguém; as três palavras são, entretanto, carregadas de conteúdos conota-
qual se insere outra unidade de âmbito menor. Dessa forma, a palavra tivos diversos, sobretudo no que diz respeito ao prestígio e ao grau de
(unidade menor) se insere no contexto da frase (unidade maior); a frase se respeitabilidade que cada um desperta. Assim também policial e meganha
insere no contexto do período; o período se insere no contexto do parágra- têm a mesma denotação e conotações francamente distintas.
fo e assim por diante.
O sentido conotativo varia de cultura para cultura, de classe social pa-
Uma vez inserida no contexto, a palavra perde o seu caráter po- ra classe social, de época para época. A palavra filósofo entre os gregos
lissêmico, isto é, deixa de admitir vários significados e ganha um sig- tinha uma carga conotativa muito mais prestigiosa que entre nós. Saber
nificado especifico no contexto. É o significado definido pelo contexto que depreender a força conotativa das palavras em cada tipo de cultura é
se denomina significado contextual. indispensável para usá-las bem. Imagine-se, num restaurante, o freguês
chamar o garçom e devolver a carne alegando que ela está fedendo. Se
Inserindo a palavra linha, de que acabamos de falar, num contexto, ela disser cheirando mal em vez defedendo, mantém a denotação e evita o
assumirá um significado apenas e por isso deixará de ser polissêmica. impacto conotativo grosseiro do verbo feder.
O uso do vocábulo fora de um desses critérios e até mesmo em critério Os elementos relacionadores não são, todavia, obrigatórios; geralmente
inadequado à situação será erro. Cuidado! estão presentes a partir do segundo parágrafo. No exemplo a seguir, o
* CARNEIRO, Agostinho Dias. Redação em Construção. 2ª ed. São parágrafo demonstrativo certamente não constitui o 1º parágrafo de uma
Paulo: Moderna, 2001. redação.
por: Claudia Simionato Exemplo de um parágrafo e suas divisões
A análise sintática, assim como as outras referentes à língua, é um e- “Nesse contexto, é um grave erro a liberação da maconha. Provocará
xercício muito próximo da matemática, pois envolve um raciocínio lógico do de imediato violenta elevação do consumo. O Estado perderá o precário
tipo: "se você encontrar tal elemento, então admita que esse elemento é controle que ainda exerce sobre as drogas psicotrópicas e nossas institui-
um objeto tal". Promover esse tipo de raciocínio no estudo das sentenças é ções de recuperação de viciados não terão estrutura suficiente para aten-
desenvolver uma análise formal, porque as categorias sintáticas são for- der à demanda. Enfim, viveremos o caos.”
mas que não dependem do conteúdo que expressam. Em outros níveis de (Alberto Corazza, Isto É, com adaptações)
Português para Concursos 35 A Opção Certa Para a Sua Realização
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Elemento relacionador : Nesse contexto. os receptores da mensagem frequentemente conhecem o termo em ques-
tão na língua nativa de sua comunidade linguística, mas nem sempre
Tópico frasal: é um grave erro a liberação da maconha. conhecem o termo correspondente na língua ou dialeto estrangeiro à
Desenvolvimento: Provocará de imediato violenta elevação do consu- comunidade com a qual ele está familiarizado. Em nível político, um barba-
mo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce sobre as rismo também pode ser interpretado como uma ofensa cultural por alguns
drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não receptores que se encontram ideologicamente inclinados a repudiar certos
terão estrutura suficiente para atender à demanda. tipos de influência sobre suas culturas. Pode-se assim concluir que o
conceito de barbarismo é relativo ao receptor da mensagem.
Conclusão: Enfim, viveremos o caos. Noely Landarin
Em alguns contextos, até mesmo uma palavra da própria língua do re-
VÍCIOS DE LINGUAGEM ceptor poderia ser considerada como um barbarismo. Tal é o caso de um
cultismo (ex: “abdômen”) quando presente em uma mensagem a um
Ambiguidade
receptor que não o entende (por exemplo, um indivíduo não escolarizado,
Ambiguidade é a possibilidade de uma mensagem ter dois sentidos.
que poderia compreender melhor os sinônimos “barriga”, “pança” ou “bu-
Ela geralmente é provocada pela má organização das palavras na frase. A
cho”).
ambiguidade é um caso especial de polissemia, a possibilidade de uma
palavra apresentar vários sentidos em um contexto.
Cacofonia
A cacofonia é um som desagradável ou obsceno formado pela união
Ex:
das sílabas de palavras contíguas. Por isso temos que cuidar quando
“Onde está a vaca da sua avó?” (Que vaca? A avó ou a vaca cria- falamos sobre algo para não ofendermos a pessoa que ouve. São exem-
da pela avó?) plos desse fato:
“Onde está a cachorra da sua mãe?” (Que cachorra? A mãe ou a “Ele beijou a boca dela.”
cadela criada pela mãe?)
“Bata com um mamão para mim, por favor.”
“Este líder dirigiu bem sua nação”(“Sua”? Nação da 2ª ou 3ª pes- “Deixe ir-me já, pois estou atrasado.”
soa (o líder)?).
Obs 1: O pronome possessivo “seu(ua)(s)” gera muita confusão por ser “Não tem nada de errado a cerca dela“
geralmente associado ao receptor da mensagem. “Vou-me já que está pingando. Vai chover!”
Obs 2: A preposição “como” também gera confusão com o verbo “co- “Instrumento para socar alho.”
mer” na 1ª pessoa do singular. “Daqui vai, se for dai.”
Não são cacofonia:
A ambiguidade normalmente é indesejável na comunicação unidirecio- “Eu amo ela demais !!!”
nal, em particular na escrita, pois nem sempre é possível contactar o “Eu vi ela.”
emissor da mensagem para questioná-lo sobre sua intenção comunicativa
original e assim obter a interpretação correta da mensagem.
“você veja”
Como cacofonias são muitas vezes cômicas, elas são algumas vezes
Barbarismo
usadas de propósito em certas piadas, trocadilhos e “pegadinhas”.
Barbarismo, peregrinismo, idiotismo ou estrangeirismo (para os latinos
qualquer estrangeiro era bárbaro) é o uso de palavra, expressão ou cons-
Plebeísmo
trução estrangeira no lugar de equivalente vernácula.
O plebeísmo normalmente utiliza palavras de baixo calão, gírias e ter-
mos considerados informais.
De acordo com a língua de origem, os estrangeirismos recebem dife-
rentes nomes:
Exemplos:
galicismo ou francesismo, quando provenientes do francês (de Gá-
lia, antigo nome da França);
“Ele era um tremendo mané!”
anglicismo, quando do inglês; “Tô ferrado!”
castelhanismo, quando vindos do espanhol; “Tá ligado nas quebradas, meu chapa?”
“Esse bagulho é ‘radicaaaal’!!! Tá ligado mano?”
Ex: ‘Vô piálá’mais tarde ‘ !!! Se ligou maluko ?
Mais penso, mais fico inteligente (galicismo; o mais adequado se-
ria “quanto mais penso, (tanto) mais fico inteligente”); Por questões de etiqueta, convém evitar o uso de plebeísmos em con-
textos sociais que requeiram maior formalismo no tratamento comunicativo.
Comeu um roast-beef (anglicismo; o mais adequado seria “comeu
um rosbife“);
Prolixidade
Havia links para sua página (anglicismo; o mais adequado seria É a exposição fastidiosa e inútil de palavras ou argumentos e à sua
“Havia ligações (ou vínculos) para sua página”. superabundância. É o excesso de palavras para exprimir poucas ideias. Ao
Eles têm serviço de delivery. (anglicismo; o mais adequado seria texto prolixo falta objetividade, o qual quase sempre compromete a clareza
“Eles têm serviço de entrega”). e cansa o leitor.
Premiê apresenta prioridades da Presidência lusa da UE (galicis-
mo, o mais adequado seria Primeiro-ministro) A prevenção à prolixidade requer que se tenha atenção à concisão e
Nesta receita gastronômica usaremos Blueberries e Grapefruits. precisão da mensagem. Concisão é a qualidade de dizer o máximo possí-
(anglicismo, o mais adequado seria Mirtilo e Toranja) vel com o mínimo de palavras. Precisão é a qualidade de utilizar a palavra
Convocamos para a Reunião do Conselho de DA’s (plural da sigla certa para dizer exatamente o que se quer.
de Diretório Acadêmico). (anglicismo, e mesmo nesta língua não
se usa apóstrofo ‘s’ para pluralizar; o mais adequado seria DD.AA. Pleonasmo vicioso
ou DAs.) O pleonasmo é uma figura de linguagem. Quando consiste numa re-
dundância inútil e desnecessária de significado em uma sentença, é consi-
Há quem considere barbarismo também divergências de pronúncia, derado um vício de linguagem. A esse tipo de pleonasmo chama-
grafia, morfologia, etc., tais como “adevogado” ou “eu sabo“, pois seriam mos pleonasmo vicioso.
atitudes típicas de estrangeiros, por eles dificilmente atingirem alta fluência
no dialeto padrão da língua. Ex:
“Ele vai ser o protagonista principal da peça”. (Um protagonista é,
Em nível pragmático, o barbarismo normalmente é indesejável porque necessariamente, a personagem principal)
Especialmente em contextos literários, musicais e retóricos, um pleo- É importante não confundir letra com fonema. Fonema é som, letra é o
nasmo bem colocado pode causar uma reação notável nos receptores sinal gráfico que representa o som.
(como a geração de uma frase de efeito ou mesmo o humor proposital). A
maestria no uso do pleonasmo para que ele atinja o efeito desejado no Vejamos alguns exemplos:
receptor depende fortemente do desenvolvimento da capacidade de inter- Manhã – 5 letras e quatro fonemas: m / a / nh / ã
pretação textual do emissor. Na dúvida, é melhor que seja evitado para não Táxi – 4 letras e 5 fonemas: t / a / k / s / i
se incorrer acidentalmente em um uso vicioso. Corre – letras: 5: fonemas: 4
Hora – letras: 4: fonemas: 3
Solecismo Aquela – letras: 6: fonemas: 5
Solecismo é uma inadequação na estrutura sintática da frase com re- Guerra – letras: 6: fonemas: 4
lação à gramática normativa do idioma. Há três tipos de solecismo: Fixo – letras: 4: fonemas: 5
Hoje – 4 letras e 3 fonemas
De concordância: Canto – 5 letras e 4 fonemas
“Fazem três anos que não vou ao médico.” (Faz três anos que Tempo – 5 letras e 4 fonemas
não vou ao médico.) Campo – 5 letras e 4 fonemas
“Aluga-se salas nesse edifício.” (Alugam-se salas nesse edifí- Chuva – 5 letras e 4 fonemas
cio.)
De regência: LETRA - é a representação gráfica, a representação escrita, de um
“Ontem eu assisti um filme de época.” (Ontem eu assisti a um determinado som.
filme de época.)
De colocação: CLASSIFICAÇÃO DOS FONEMAS
“Me empresta um lápis, por favor.” (Empresta-me um lápis, por fa-
vor.) VOGAIS
“Me parece que ela ficou contente.” (Parece-me que ela ficou con- a, e, i, o, u
tente.)
“Eu não respondi-lhe nada do que perguntou.” (Eu não lhe res-
pondi nada do que perguntou.) SEMIVOGAIS
Só há duas semivogais: i e u, quando se incorporam à vogal numa
Eco mesma sílaba da palavra, formando um ditongo ou tritongo. Exs.: cai-ça-ra,
O Eco vem a ser a própria rima que ocorre quando há na frase termi- te-sou-ro, Pa-ra-guai.
nações iguais ou semelhantes, provocando dissonância.
CONSOANTES
“Falar em desenvolvimento é pensar em alimento, saúde e edu-
cação.” b, c, d, f, g, h, j, l, m, n, p, q, r, s, t, v, x, z
“O aluno repetente mente alegremente.”
O presidente tinha dor de dente constantemente. ENCONTROS VOCÁLICOS
A sequência de duas ou três vogais em uma palavra, damos o nome de
Colisão encontro vocálico.
O uso de uma mesma vogal ou consoante em várias palavras é deno- Ex.: cooperativa
minado aliteração. Aliterações são preciosos recursos estilísticos quando
usados com a intenção de se atingir efeito literário ou para atrair a atenção Três são os encontros vocálicos: ditongo, tritongo, hiato
do receptor. Entretanto, quando seus usos não são intencionais ou quando
causam um efeito estilístico ruim ao receptor da mensagem, a aliteração DITONGO
torna-se um vício de linguagem e recebe nesse contexto o nome É a combinação de uma vogal + uma semivogal ou vice-versa.
de colisão. Exemplos: Dividem-se em:
“Eram comunidades camponesas com cultivos coletivos.” - orais: pai, fui
“O papa Paulo VI pediu a paz.” - nasais: mãe, bem, pão
- decrescentes: (vogal + semivogal) – meu, riu, dói
Uma colisão pode ser remediada com a reestruturação sintática da fra- - crescentes: (semivogal + vogal) – pátria, vácuo
se que a contém ou com a substituição de alguns termos ou expressões
por outras similares ou sinônimas. TRITONGO (semivogal + vogal + semivogal)
Ex.: Pa-ra-guai, U-ru-guai, Ja-ce-guai, sa-guão, quão, iguais, mínguam
Publicado por: eder | 18/11/2010
Quanto ao número de sílabas, o vocábulo classifica-se em: A prosódia trata da correta acentuação tônica das palavras. Cometer
• Monossílabo - possui uma só sílaba: pá, mel, fé, sol. erro de prosódia é transformar uma palavra paroxítona em oxítona, ou
• Dissílabo - possui duas sílabas: ca-sa, me-sa, pom-bo. uma proparoxítona em paroxítona etc.
• Trissílabo - possui três sílabas: Cam-pi-nas, ci-da-de, a-tle-ta.
• Polissílabo - possui mais de três sílabas: es-co-la-ri-da-de, hos-pi-ta- - “rúbrica” em vez de rubrica.
li-da-de. - “sútil” em vez de sutil.
- “côndor” em vez de condor.
TONICIDADE Por Marina Cabral
Nas palavras com mais de uma sílaba, sempre existe uma sílaba que se
pronuncia com mais força do que as outras: é a sílaba tônica. ORTOGRAFIA OFICIAL
Exs.: em lá-gri-ma, a sílaba tônica é lá; em ca-der-no, der; em A-ma-pá,
pá.
As dificuldades para a ortografia devem-se ao fato de que há fonemas
Considerando-se a posição da sílaba tônica, classificam-se as palavras que podem ser representados por mais de uma letra, o que não é feito de
em: modo arbitrário, mas fundamentado na história da língua.
• Oxítonas - quando a tônica é a última sílaba: Pa-ra-ná, sa-bor, do-
mi-nó. Eis algumas observações úteis:
• Paroxítonas - quando a tônica é a penúltima sílaba: már-tir, ca-rá-ter,
a-má-vel, qua-dro. DISTINÇÃO ENTRE J E G
• Proparoxítonas - quando a tônica é a antepenúltima sílaba: ú-mi-do, 1. Escrevem-se com J:
cá-li-ce, ' sô-fre-go, pês-se-go, lá-gri-ma. a) As palavras de origem árabe, africana ou ameríndia: canjica. cafajeste,
canjerê, pajé, etc.
ENCONTROS CONSONANTAIS b) As palavras derivadas de outras que já têm j: laranjal (laranja), enrije-
É a sequência de dois ou mais fonemas consonânticos num vocábulo. cer, (rijo), anjinho (anjo), granjear (granja), etc.
Ex.: atleta, brado, creme, digno etc. c) As formas dos verbos que têm o infinitivo em JAR. despejar: despejei,
despeje; arranjar: arranjei, arranje; viajar: viajei, viajeis.
DÍGRAFOS d) O final AJE: laje, traje, ultraje, etc.
São duas letras que representam um só fonema, sendo uma grafia com- e) Algumas formas dos verbos terminados em GER e GIR, os quais
posta para um som simples. mudam o G em J antes de A e O: reger: rejo, reja; dirigir: dirijo, dirija.
7. Quando o prefixo termina por consoante, não se usa o hífen se o É equívoco afirmar que este acordo visa uniformizar a língua, já que
segundo elemento começar por vogal. Exemplos: uma língua não existe apenas em função de sua ortografia. Vale lembrar
hiperacidez que a ortografia é apenas um aspecto superficial da escrita da língua, e
hiperativo que as diferenças entre o Português falado nos diversos países lusófonos
interescolar subsistirão em questões referentes à pronúncia, vocabulário e gramática.
interestadual Uma língua muda em função de seus falantes e do tempo, não por meio de
interestelar Leis ou Acordos.
interestudantil
superamigo A queixa de muitos estudantes e usuários da língua escrita é que, de-
superaquecimento pois de internalizada uma regra, é difícil “desaprendê-la”. Então, cabe aqui
supereconômico uma dica: quando se tiver uma dúvida sobre a escrita de alguma palavra, o
superexigente ideal é consultar o Novo Acordo (tenha um sempre em fácil acesso) ou, na
superinteressante melhor das hipóteses, use um sinônimo para referir-se a tal palavra.
superotimismo
8. Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se Mostraremos nessa série de artigos o Novo Acordo de uma maneira
sempre o hífen. Exemplos: descomplicada, apontando como é que fica estabelecido de hoje em diante
além-mar a Ortografia Oficial do Português falado no Brasil.
além-túmulo
aquém-mar Alfabeto
ex-aluno A influência do inglês no nosso idioma agora é oficial. Há muito tempo
ex-diretor as letras “k”, “w” e “y” faziam parte do nosso idioma, isto não é nenhuma
ex-hospedeiro novidade. Elas já apareciam em unidades de medidas, nomes próprios e
ex-prefeito palavras importadas do idioma inglês, como:
ex-presidente km – quilômetro,
pós-graduação kg – quilograma
pré-história Show, Shakespeare, Byron, Newton, dentre outros.
pré-vestibular
pró-europeu Trema
recém-casado Não se usa mais o trema em palavras do português. Quem digita muito
recém-nascido textos científicos no computador sabe o quanto dava trabalho escrever
sem-terra linguística, frequência. Ele só vai permanecer em nomes próprios e seus
derivados, de origem estrangeira. Por exemplo, Gisele Bundchen não vai
9. Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani: açu, deixar de usar o trema em seu nome, pois é de origem alemã. (neste caso,
guaçu e mirim. Exemplos: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu. o “u” lê-se “i”)
10. Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasio- QUANTO À POSIÇÃO DA SÍLABA TÔNICA
nalmente se combinam, formando não propriamente vocábulos, mas
encadeamentos vocabulares. Exemplos: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São
Paulo. 1. Acentuam-se as oxítonas terminadas em “A”, “E”, “O”, seguidas ou
não de “S”, inclusive as formas verbais quando seguidas de “LO(s)” ou
11. Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a no- “LA(s)”. Também recebem acento as oxítonas terminadas em ditongos
ção de composição. Exemplos: abertos, como “ÉI”, “ÉU”, “ÓI”, seguidos ou não de “S”
girassol
madressilva Ex.
mandachuva
paraquedas
paraquedista Chá Mês nós
pontapé Gás Sapé cipó
Dará Café avós
12. Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra
Pará Vocês compôs
ou combinação de palavras coincidir com o hífen, ele deve ser repetido na
linha seguinte. Exemplos: vatapá pontapés só
Na cidade, conta-se que ele foi viajar. Aliás português robô
O diretor recebeu os ex-alunos. dá-lo vê-lo avó
Só não acentuamos oxítonas terminadas em “I” ou “U”, a não ser que DIVISÃO SILÁBICA
seja um caso de hiato. Por exemplo: as palavras “baú”, “aí”, “Esaú” e “atraí-
lo” são acentuadas porque as semivogais “i” e “u” estão tônicas nestas
palavras. Não se separam as letras que formam os dígrafos CH, NH, LH, QU,
GU.
1- chave: cha-ve
2. Acentuamos as palavras paroxítonas quando terminadas em: aquele: a-que-le
palha: pa-lha
L – afável, fácil, cônsul, desejável, ágil, incrível. manhã: ma-nhã
N – pólen, abdômen, sêmen, abdômen. guizo: gui-zo
R – câncer, caráter, néctar, repórter.
Não se separam as letras dos encontros consonantais que apresentam
X – tórax, látex, ônix, fênix. a seguinte formação: consoante + L ou consoante + R
PS – fórceps, Quéops, bíceps. 2- emblema: em-ble-ma abraço: a-bra-ço
Ã(S) – ímã, órfãs, ímãs, Bálcãs. reclamar: re-cla-mar recrutar: re-cru-tar
ÃO(S) – órgão, bênção, sótão, órfão. flagelo: fla-ge-lo drama: dra-ma
I(S) – júri, táxi, lápis, grátis, oásis, miosótis. globo: glo-bo fraco: fra-co
ON(S) – náilon, próton, elétrons, cânon. implicar: im-pli-car agrado: a-gra-do
atleta: a-tle-ta atraso: a-tra-so
UM(S) – álbum, fórum, médium, álbuns.
prato: pra-to
US – ânus, bônus, vírus, Vênus.
Separam-se as letras dos dígrafos RR, SS, SC, SÇ, XC.
Também acentuamos as paroxítonas terminadas em ditongos crescen- 3- correr: cor-rer desçam: des-çam
tes (semivogal+vogal): passar: pas-sar exceto: ex-ce-to
Névoa, infância, tênue, calvície, série, polícia, residência, férias, lírio. fascinar: fas-ci-nar
3. Todas as proparoxítonas são acentuadas. Não se separam as letras que representam um ditongo.
Ex. México, música, mágico, lâmpada, pálido, pálido, sândalo, crisân- 4- mistério: mis-té-rio herdeiro: her-dei-ro
temo, público, pároco, proparoxítona. cárie: cá-rie
QUANTO À CLASSIFICAÇÃO DOS ENCONTROS VOCÁLICOS Separam-se as letras que representam um hiato.
5- saúde: sa-ú-de cruel: cru-el
4. Acentuamos as vogais “I” e “U” dos hiatos, quando: rainha: ra-i-nha enjoo: en-jo-o
DENOTAÇAO E CONOTAÇAO Assim, continuamente, novas palavras são criadas (os neologismos)
como produto da dinâmica social, e incorporados ao idioma inúmeros
A denotação é a propriedade que possui uma palavra de limitar-se a vocábulos de origem estrangeira (os estrangeirismos), que vêm para
seu próprio conceito, de trazer apenas o seu significado primitivo, original. designar ou exprimir realidades não contempladas no repertório anterior da
língua portuguesa.
A conotação é a propriedade que possui uma palavra de ampliar-se
no seu campo semântico, dentro de um contexto, podendo causar várias A redação oficial não pode alhear-se dessas transformações, nem in-
interpretações. corporá-las acriticamente. Quanto às novidades vocabulares, elas devem
sempre ser usadas com critério, evitando-se aquelas que podem ser subs-
Observe os exemplos tituídas por vocábulos já de uso consolidado sem prejuízo do sentido que
Denotação se lhes quer dar.
As estrelas do céu. Vesti-me de verde. O fogo do isqueiro.
De outro lado, não se concebe que, em nome de suposto purismo, a
Conotação linguagem das comunicações oficiais fique imune às criações vocabulares
As estrelas do cinema. ou a empréstimos de outras línguas. A rapidez do desenvolvimento tecno-
O jardim vestiu-se de flores lógico, por exemplo, impõe a criação de inúmeros novos conceitos e ter-
O fogo da paixão mos, ditando de certa forma a velocidade com que a língua deve incorporá-
los. O importante é usar o estrangeirismo de forma consciente, buscar o
SENTIDO PRÓPRIO E SENTIDO FIGURADO equivalente português quando houver, ou conformar a palavra estrangeira
ao espírito da língua portuguesa.
As palavras podem ser empregadas no sentido próprio ou no sentido
figurado: O problema do abuso de estrangeirismos inúteis ou empregados em
Construí um muro de pedra - sentido próprio contextos em que não cabem, é em geral causado ou pelo desconheci-
Maria tem um coração de pedra – sentido figurado. mento da riqueza vocabular de nossa língua, ou pela incorporação acrítica
A água pingava lentamente – sentido próprio. do estrangeirismo.
Quando analisamos o sentido das palavras na redação oficial, ressal- Os homógrafos podem coincidir ou não na pronúncia, como nos e-
tam como fundamentais a história da palavra e, obviamente, os contextos xemplos: quarto (aposento) e quarto (ordinal), manga (fruta) e manga (de
em que elas ocorrem. camisa), em que temos pronúncia idêntica; e apelo (pedido) e apelo (com e
aberto, 1a pess. do sing do pres. do ind. do verbo apelar), consolo (alívio) e
A história da palavra, em sentido amplo, vem a ser a respectiva origem consolo (com o aberto, 1a pess. do sing. do pres. do ind. do verbo conso-
e as alterações sofridas no correr do tempo, ou seja, a maneira como lar), com pronúncia diferente.
evoluiu desde um sentido original para um sentido mais abrangente ou
mais específico. Em sentido restrito, diz respeito à tradição no uso de Os homógrafos de idêntica pronúncia diferenciam-se pelo contexto em
determinado vocábulo ou expressão. que são empregados. Não há dúvida, por exemplo, quanto ao emprego da
palavra são nos três sentidos: a) verbo ser, 3a pess. do pl. do pres., b)
São esses dois aspectos que devem ser considerados na escolha des- saudável e c) santo.
te ou daquele vocábulo.
Palavras de grafia diferente e de pronúncia igual (homófonos) geram
Sendo a clareza um dos requisitos fundamentais de todo texto oficial, dúvidas ortográficas. Caso, por exemplo, de acento/assento, coser/cozer,
deve-se atentar para a tradição no emprego de determinada expressão dos prefixos ante-/anti-, etc. Aqui o contexto não é suficiente para resolver
com determinado sentido. O emprego de expressões ditas "de uso consa- o problema, pois sabemos o sentido, a dúvida é de letra(s). sempre que
grado" confere uniformidade e transparência ao sentido do texto. Mas isto houver incerteza, consulte a lista adiante, algum dicionário ou manual de
não quer dizer que os textos oficiais devam limitar-se à repetição de cha- ortografia.
vões e clichês.
Já o termo paronímia designa o fenômeno que ocorre com palavras
Verifique sempre o contexto em que as palavras estão sendo utiliza- semelhantes (mas não idênticas) quanto à grafia ou à pronúncia. É fonte
das. Certifique-se de que não há repetições desnecessárias ou redundân- de muitas dúvidas, como entre descrição (‘ato de descrever’) e discrição
cias. Procure sinônimos ou termos mais precisos para as palavras repeti- (‘qualidade do que é discreto’), retificar (‘corrigir’) e ratificar (confirmar).
das; mas se sua substituição for comprometer o sentido do texto, tornando-
o ambíguo ou menos claro, não hesite em deixar o texto como está. Como não interessa aqui aprofundar a discussão teórica da matéria,
restringimo-nos a uma lista de palavras que costumam suscitar dúvidas de
É importante lembrar que o idioma está em constante mutação. A pró- grafia ou sentido. Procuramos incluir palavras que com mais frequência
pria evolução dos costumes, das ideias, das ciências, da política, enfim da provocam dúvidas na elaboração de textos oficiais, com o cuidado de
Forma-se quando uma palavra muda de classe gramatical sem que a São, portanto, substantivos.
forma da primitiva seja alterada. a) os nomes de coisas, pessoas, animais e lugares: livro, cadeira, cachorra,
Exemplos: O infeliz faltou ao serviço hoje. (adjetivo torna-se substantivo). Valéria, Talita, Humberto, Paris, Roma, Descalvado.
Não aceito um não como resposta. (advérbio torna-se substantivo, o arti- b) os nomes de ações, estados ou qualidades, tomados como seres: traba-
go um substantiva o advérbio). lho, corrida, tristeza beleza altura.
Muitos substantivos com esta terminação apresentam mais de uma for- São invariáveis:
ma de plural: aldeão, aldeãos ou aldeães; charlatão, charlatões ou charla- a) os compostos de verbo + advérbio: o fala-pouco, os fala-pouco; o pi-
tães; ermitão, ermitãos ou ermitães; tabelião, tabeliões ou tabeliães, etc. sa-mansinho, os pisa-mansinho; o cola-tudo, os cola-tudo;
b) as expressões substantivas: o chove-não-molha, os chove-não-
3. Os substantivos terminados em M mudam o M para NS. armazém, molha; o não-bebe-nem-desocupa-o-copo, os não-bebe-nem-
armazéns; harém, haréns; jejum, jejuns. desocupa-o-copo;
4. Aos substantivos terminados em R, Z e N acrescenta-se-lhes ES: lar, c) os compostos de verbos antônimos: o leva-e-traz, os leva-e-traz; o
lares; xadrez, xadrezes; abdômen, abdomens (ou abdômenes); hífen, hí- perde-ganha, os perde-ganha.
fens (ou hífenes). Obs: Alguns compostos admitem mais de um plural, como é o caso
Obs: caráter, caracteres; Lúcifer, Lúciferes; cânon, cânones. por exemplo, de: fruta-pão, fruta-pães ou frutas-pães; guarda-
5. Os substantivos terminados em AL, EL, OL e UL o l por is: animal, ani- marinha, guarda-marinhas ou guardas-marinhas; padre-nosso, pa-
mais; papel, papéis; anzol, anzóis; paul, pauis. dres-nossos ou padre-nossos; salvo-conduto, salvos-condutos ou
Obs.: mal, males; real (moeda), reais; cônsul, cônsules. salvo-condutos; xeque-mate, xeques-mates ou xeques-mate.
6. Os substantivos paroxítonos terminados em IL fazem o plural em: fóssil,
fósseis; réptil, répteis. Adjetivos Compostos
Os substantivos oxítonos terminados em IL mudam o l para S: barril, bar- Nos adjetivos compostos, apenas o último elemento se flexiona.
ris; fuzil, fuzis; projétil, projéteis. Ex.:histórico-geográfico, histórico-geográficos; latino-americanos, latino-
7. Os substantivos terminados em S são invariáveis, quando paroxítonos: o americanos; cívico-militar, cívico-militares.
pires, os pires; o lápis, os lápis. Quando oxítonas ou monossílabos tôni- 1) Os adjetivos compostos referentes a cores são invariáveis, quando o
cos, junta-se-lhes ES, retira-se o acento gráfico, português, portugueses; segundo elemento é um substantivo: lentes verde-garrafa, tecidos
burguês, burgueses; mês, meses; ás, ases. amarelo-ouro, paredes azul-piscina.
São invariáveis: o cais, os cais; o xis, os xis. São invariáveis, também, os 2) No adjetivo composto surdo-mudo, os dois elementos variam: sur-
substantivos terminados em X com valor de KS: o tórax, os tórax; o ônix, dos-mudos > surdas-mudas.
os ônix. 3) O composto azul-marinho é invariável: gravatas azul-marinho.
8. Os diminutivos em ZINHO e ZITO fazem o plural flexionando-se o subs-
tantivo primitivo e o sufixo, suprimindo-se, porém, o S do substantivo
primitivo: coração, coraçõezinhos; papelzinho, papeizinhos; cãozinho,
Graus do substantivo
Dois são os graus do substantivo - o aumentativo e o diminutivo, os quais
cãezitos.
podem ser: sintéticos ou analíticos.
Substantivos só usados no plural
afazeres anais Analítico
arredores belas-artes Utiliza-se um adjetivo que indique o aumento ou a diminuição do tama-
cãs condolências nho: boca pequena, prédio imenso, livro grande.
confins exéquias
férias fezes Sintético
núpcias óculos Constrói-se com o auxílio de sufixos nominais aqui apresentados.
olheiras pêsames
viveres copas, espadas, ouros e paus (naipes)
Principais sufixos aumentativos
AÇA, AÇO, ALHÃO, ANZIL, ÃO, ARÉU, ARRA, ARRÃO, ASTRO, ÁZIO,
Plural dos Nomes Compostos ORRA, AZ, UÇA. Ex.: A barcaça, ricaço, grandalhão, corpanzil, caldeirão,
povaréu, bocarra, homenzarrão, poetastro, copázio, cabeçorra, lobaz, dentu-
1. Somente o último elemento varia: ça.
a) nos compostos grafados sem hífen: aguardente, aguardentes; clara-
boia, claraboias; malmequer, malmequeres; vaivém, vaivéns; Principais Sufixos Diminutivos
b) nos compostos com os prefixos grão, grã e bel: grão-mestre, grão- ACHO, CHULO, EBRE, ECO, EJO, ELA, ETE, ETO, ICO, TIM, ZINHO,
mestres; grã-cruz, grã-cruzes; bel-prazer, bel-prazeres; ISCO, ITO, OLA, OTE, UCHO, ULO, ÚNCULO, ULA, USCO. Exs.: lobacho,
c) nos compostos de verbo ou palavra invariável seguida de substanti- montículo, casebre, livresco, arejo, viela, vagonete, poemeto, burrico, flautim,
vo ou adjetivo: beija-flor, beija-flores; quebra-sol, quebra-sóis; guar- pratinho, florzinha, chuvisco, rapazito, bandeirola, saiote, papelucho, glóbulo,
da-comida, guarda-comidas; vice-reitor, vice-reitores; sempre-viva, homúncula, apícula, velhusco.
sempre-vivas. Nos compostos de palavras repetidas mela-mela, me-
la-melas; recoreco, recorecos; tique-tique, tique-tiques)
Observações:
• Alguns aumentativos e diminutivos, em determinados contextos, adqui-
2. Somente o primeiro elemento é flexionado:
rem valor pejorativo: medicastro, poetastro, velhusco, mulherzinha, etc.
a) nos compostos ligados por preposição: copo-de-leite, copos-de-leite;
Outros associam o valor aumentativo ao coletivo: povaréu, fogaréu,
pinho-de-riga, pinhos-de-riga; pé-de-meia, pés-de-meia; burro-sem-
etc.
rabo, burros-sem-rabo;
• É usual o emprego dos sufixos diminutivos dando às palavras valor a-
b) nos compostos de dois substantivos, o segundo indicando finalidade
fetivo: Joãozinho, amorzinho, etc.
ou limitando a significação do primeiro: pombo-correio, pombos-
• Há casos em que o sufixo aumentativo ou diminutivo é meramente
correio; navio-escola, navios-escola; peixe-espada, peixes-espada;
formal, pois não dão à palavra nenhum daqueles dois sentidos: cartaz,
banana-maçã, bananas-maçã.
ferrão, papelão, cartão, folhinha, etc.
A tendência moderna é de pluralizar os dois elementos: pombos-
• Muitos adjetivos flexionam-se para indicar os graus aumentativo e di-
correios, homens-rãs, navios-escolas, etc.
minutivo, quase sempre de maneira afetiva: bonitinho, grandinho, bon-
Português para Concursos 52 A Opção Certa Para a Sua Realização
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
zinho, pequenito. - o superlativo
Como regra prática, podemos propor o seguinte: quando precedidas 9. Há pouquíssimos casos em que o pronome oblíquo pode funcionar
de preposição, não se usam as formas retas EU e TU, mas as formas como sujeito. Isto ocorre com os verbos: deixar, fazer, ouvir, mandar,
oblíquas MIM e TI: sentir, ver, seguidos de infinitivo. O nome oblíquo será sujeito desse in-
Ninguém irá sem EU. (errado) finitivo:
Nunca houve discussões entre EU e TU. (errado) Deixei-o sair.
Ninguém irá sem MIM. (certo) Vi-o chegar.
Nunca houve discussões entre MIM e TI. (certo) Sofia deixou-se estar à janela.
Há, no entanto, um caso em que se empregam as formas retas EU e É fácil perceber a função do sujeito dos pronomes oblíquos, desenvol-
TU mesmo precedidas por preposição: quando essas formas funcionam vendo as orações reduzidas de infinitivo:
como sujeito de um verbo no infinitivo. Deixei-o sair = Deixei que ele saísse.
Deram o livro para EU ler (ler: sujeito) 10. Não se considera errada a repetição de pronomes oblíquos:
Deram o livro para TU leres (leres: sujeito) A mim, ninguém me engana.
A ti tocou-te a máquina mercante.
Verifique que, neste caso, o emprego das formas retas EU e TU é o-
brigatório, na medida em que tais pronomes exercem a função sintática de Nesses casos, a repetição do pronome oblíquo não constitui pleonas-
sujeito. mo vicioso e sim ênfase.
5. Os pronomes oblíquos SE, SI, CONSIGO devem ser empregados
somente como reflexivos. Considera-se errada qualquer construção 11. Muitas vezes os pronomes oblíquos equivalem a pronomes possessi-
em que os referidos pronomes não sejam reflexivos: vo, exercendo função sintática de adjunto adnominal:
Querida, gosto muito de SI. (errado) Roubaram-me o livro = Roubaram meu livro.
Preciso muito falar CONSIGO. (errado) Não escutei-lhe os conselhos = Não escutei os seus conselhos.
Querida, gosto muito de você. (certo)
Preciso muito falar com você. (certo) 12. As formas plurais NÓS e VÓS podem ser empregadas para represen-
tar uma única pessoa (singular), adquirindo valor cerimonioso ou de
Observe que nos exemplos que seguem não há erro algum, pois os modéstia:
pronomes SE, SI, CONSIGO, foram empregados como reflexivos: Nós - disse o prefeito - procuramos resolver o problema das enchen-
Ele feriu-se tes.
Cada um faça por si mesmo a redação Vós sois minha salvação, meu Deus!
O professor trouxe as provas consigo
13. Os pronomes de tratamento devem vir precedidos de VOSSA, quando
6. Os pronomes oblíquos CONOSCO e CONVOSCO são utilizados nos dirigimos à pessoa representada pelo pronome, e por SUA, quan-
normalmente em sua forma sintética. Caso haja palavra de reforço, tais do falamos dessa pessoa:
pronomes devem ser substituídos pela forma analítica: Ao encontrar o governador, perguntou-lhe:
Queriam falar conosco = Queriam falar com nós dois Vossa Excelência já aprovou os projetos?
Queriam conversar convosco = Queriam conversar com vós próprios. Sua Excelência, o governador, deverá estar presente na inauguração.
7. Os pronomes oblíquos podem aparecer combinados entre si. As 14. VOCÊ e os demais pronomes de tratamento (VOSSA MAJESTADE,
combinações possíveis são as seguintes: VOSSA ALTEZA) embora se refiram à pessoa com quem falamos (2ª
me+o=mo me + os = mos pessoa, portanto), do ponto de vista gramatical, comportam-se como
te+o=to te + os = tos pronomes de terceira pessoa:
lhe+o=lho lhe + os = lhos Você trouxe seus documentos?
nos + o = no-lo nos + os = no-los Vossa Excelência não precisa incomodar-se com seus problemas.
vos + o = vo-lo vos + os = vo-los
lhes + o = lho lhes + os = lhos COLOCAÇÃO DE PRONOMES
Em relação ao verbo, os pronomes átonos (ME, TE, SE, LHE, O, A,
A combinação também é possível com os pronomes oblíquos femini- NÓS, VÓS, LHES, OS, AS) podem ocupar três posições:
nos a, as. 1. Antes do verbo - próclise
me+a=ma me + as = mas Eu te observo há dias.
te+a=ta te + as = tas 2. Depois do verbo - ênclise
- Você pagou o livro ao livreiro? Observo-te há dias.
- Sim, paguei-LHO. 3. No interior do verbo - mesóclise
Observar-te-ei sempre.
Verifique que a forma combinada LHO resulta da fusão de LHE (que
representa o livreiro) com O (que representa o livro). Ênclise
Português para Concursos 55 A Opção Certa Para a Sua Realização
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Na linguagem culta, a colocação que pode ser considerada normal é a Não me tenho levantado cedo.
ênclise: o pronome depois do verbo, funcionando como seu complemento
direto ou indireto. O uso do pronome átono solto entre o auxiliar e o infinitivo, ou entre o
O pai esperava-o na estação agitada. auxiliar e o gerúndio, já está generalizado, mesmo na linguagem culta.
Expliquei-lhe o motivo das férias. Outro aspecto evidente, sobretudo na linguagem coloquial e popular, é o
da colocação do pronome no início da oração, o que se deve evitar na
Ainda na linguagem culta, em escritos formais e de estilo cuidadoso, a linguagem escrita.
ênclise é a colocação recomendada nos seguintes casos:
1. Quando o verbo iniciar a oração: PRONOMES POSSESSIVOS
Voltei-me em seguida para o céu límpido.
Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribu-
2. Quando o verbo iniciar a oração principal precedida de pausa:
indo-lhes a posse de alguma coisa.
Como eu achasse muito breve, explicou-se.
3. Com o imperativo afirmativo:
Quando digo, por exemplo, “meu livro”, a palavra “meu” informa que o
Companheiros, escutai-me.
livro pertence a 1ª pessoa (eu)
4. Com o infinitivo impessoal:
A menina não entendera que engorda-las seria apressar-lhes um
Eis as formas dos pronomes possessivos:
destino na mesa.
1ª pessoa singular: MEU, MINHA, MEUS, MINHAS.
5. Com o gerúndio, não precedido da preposição EM:
2ª pessoa singular: TEU, TUA, TEUS, TUAS.
E saltou, chamando-me pelo nome, conversou comigo.
3ª pessoa singular: SEU, SUA, SEUS, SUAS.
6. Com o verbo que inicia a coordenada assindética.
1ª pessoa plural: NOSSO, NOSSA, NOSSOS, NOSSAS.
A velha amiga trouxe um lenço, pediu-me uma pequena moeda de
2ª pessoa plural: VOSSO, VOSSA, VOSSOS, VOSSAS.
meio franco.
3ª pessoa plural: SEU, SUA, SEUS, SUAS.
Próclise
Os possessivos SEU(S), SUA(S) tanto podem referir-se à 3ª pessoa
Na linguagem culta, a próclise é recomendada:
(seu pai = o pai dele), como à 2ª pessoa do discurso (seu pai = o pai de
1. Quando o verbo estiver precedido de pronomes relativos, indefinidos,
você).
interrogativos e conjunções.
As crianças que me serviram durante anos eram bichos.
Por isso, toda vez que os ditos possessivos derem margem a ambigui-
Tudo me parecia que ia ser comida de avião.
dade, devem ser substituídos pelas expressões dele(s), dela(s).
Quem lhe ensinou esses modos?
Ex.:Você bem sabe que eu não sigo a opinião dele.
Quem os ouvia, não os amou.
A opinião dela era que Camilo devia tornar à casa deles.
Que lhes importa a eles a recompensa?
Eles batizaram com o nome delas as águas deste rio.
Emília tinha quatorze anos quando a vi pela primeira vez.
2. Nas orações optativas (que exprimem desejo):
Os possessivos devem ser usados com critério. Substituí-los pelos
Papai do céu o abençoe.
pronomes oblíquos comunica á frase desenvoltura e elegância.
A terra lhes seja leve.
Crispim Soares beijou-lhes as mãos agradecido (em vez de: beijou as
3. Com o gerúndio precedido da preposição EM:
suas mãos).
Em se animando, começa a contagiar-nos.
Não me respeitava a adolescência.
Bromil era o suco em se tratando de combater a tosse.
A repulsa estampava-se-lhe nos músculos da face.
4. Com advérbios pronunciados juntamente com o verbo, sem que haja
O vento vindo do mar acariciava-lhe os cabelos.
pausa entre eles.
Aquela voz sempre lhe comunicava vida nova.
Além da ideia de posse, podem ainda os pronomes exprimir:
Antes, falava-se tão-somente na aguardente da terra.
1. Cálculo aproximado, estimativa:
Ele poderá ter seus quarenta e cinco anos
Mesóclise 2. Familiaridade ou ironia, aludindo-se á personagem de uma história
Usa-se o pronome no interior das formas verbais do futuro do presente O nosso homem não se deu por vencido.
e do futuro do pretérito do indicativo, desde que estes verbos não estejam Chama-se Falcão o meu homem
precedidos de palavras que reclamem a próclise. 3. O mesmo que os indefinidos certo, algum
Lembrar-me-ei de alguns belos dias em Paris. Eu cá tenho minhas dúvidas
Dir-se-ia vir do oco da terra. Cornélio teve suas horas amargas
4. Afetividade, cortesia
Mas: Como vai, meu menino?
Não me lembrarei de alguns belos dias em Paris. Não os culpo, minha boa senhora, não os culpo
Jamais se diria vir do oco da terra.
Com essas formas verbais a ênclise é inadmissível: No plural usam-se os possessivos substantivados no sentido de paren-
Lembrarei-me (!?) tes de família.
Diria-se (!?) É assim que um moço deve zelar o nome dos seus?
Podem os possessivos ser modificados por um advérbio de intensida-
O Pronome Átono nas Locuções Verbais de.
1. Auxiliar + infinitivo ou gerúndio - o pronome pode vir proclítico ou Levaria a mão ao colar de pérolas, com aquele gesto tão seu, quando
enclítico ao auxiliar, ou depois do verbo principal. não sabia o que dizer.
Podemos contar-lhe o ocorrido.
Podemos-lhe contar o ocorrido. PRONOMES DEMONSTRATIVOS
Não lhes podemos contar o ocorrido. São aqueles que determinam, no tempo ou no espaço, a posição da
O menino foi-se descontraindo. coisa designada em relação à pessoa gramatical.
O menino foi descontraindo-se.
O menino não se foi descontraindo. Quando digo “este livro”, estou afirmando que o livro se encontra perto
2. Auxiliar + particípio passado - o pronome deve vir enclítico ou proclítico de mim a pessoa que fala. Por outro lado, “esse livro” indica que o livro
ao auxiliar, mas nunca enclítico ao particípio. está longe da pessoa que fala e próximo da que ouve; “aquele livro” indica
"Outro mérito do positivismo em relação a mim foi ter-me levado a que o livro está longe de ambas as pessoas.
Descartes ."
Tenho-me levantado cedo.
Português para Concursos 56 A Opção Certa Para a Sua Realização
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Os pronomes demonstrativos são estes: usa-se este (ou variações) para a última pessoa ou coisa e aquele (ou
ESTE (e variações), isto = 1ª pessoa variações) para a primeira:
ESSE (e variações), isso = 2ª pessoa Ao conversar com lsabel e Luís, notei que este se encontrava nervoso
AQUELE (e variações), próprio (e variações) e aquela tranquila.
MESMO (e variações), próprio (e variações) 5. Os pronomes demonstrativos, quando regidos pela preposição DE,
SEMELHANTE (e variação), tal (e variação) pospostos a substantivos, usam-se apenas no plural:
Você teria coragem de proferir um palavrão desses, Rose?
Emprego dos Demonstrativos Com um frio destes não se pode sair de casa.
1. ESTE (e variações) e ISTO usam-se: Nunca vi uma coisa daquelas.
a) Para indicar o que está próximo ou junto da 1ª pessoa (aquela que 6. MESMO e PRÓPRIO variam em gênero e número quando têm caráter
fala). reforçativo:
Este documento que tenho nas mãos não é meu. Zilma mesma (ou própria) costura seus vestidos.
Isto que carregamos pesa 5 kg. Luís e Luísa mesmos (ou próprios) arrumam suas camas.
b) Para indicar o que está em nós ou o que nos abrange fisicamente: 7. O (e variações) é pronome demonstrativo quando equivale a AQUILO,
Este coração não pode me trair. ISSO ou AQUELE (e variações).
Esta alma não traz pecados. Nem tudo (aquilo) que reluz é ouro.
Tudo se fez por este país.. O (aquele) que tem muitos vícios tem muitos mestres.
c) Para indicar o momento em que falamos: Das meninas, Jeni a (aquela) que mais sobressaiu nos exames.
Neste instante estou tranquilo. A sorte é mulher e bem o (isso) demonstra de fato, ela não ama os
Deste minuto em diante vou modificar-me. homens superiores.
d) Para indicar tempo vindouro ou mesmo passado, mas próximo do 8. NISTO, em início de frase, significa ENTÃO, no mesmo instante:
momento em que falamos: A menina ia cair, nisto, o pai a segurou
Esta noite (= a noite vindoura) vou a um baile. 9. Tal é pronome demonstrativo quando tomado na acepção DE ESTE,
Esta noite (= a noite que passou) não dormi bem. ISTO, ESSE, ISSO, AQUELE, AQUILO.
Um dia destes estive em Porto Alegre. Tal era a situação do país.
e) Para indicar que o período de tempo é mais ou menos extenso e no Não disse tal.
qual se inclui o momento em que falamos: Tal não pôde comparecer.
Nesta semana não choveu.
Neste mês a inflação foi maior. Pronome adjetivo quando acompanha substantivo ou pronome (atitu-
Este ano será bom para nós. des tais merecem cadeia, esses tais merecem cadeia), quando acompanha
Este século terminará breve. QUE, formando a expressão que tal? (? que lhe parece?) em frases como
f) Para indicar aquilo de que estamos tratando: Que tal minha filha? Que tais minhas filhas? e quando correlativo DE QUAL
Este assunto já foi discutido ontem. ou OUTRO TAL:
Tudo isto que estou dizendo já é velho. Suas manias eram tais quais as minhas.
g) Para indicar aquilo que vamos mencionar: A mãe era tal quais as filhas.
Só posso lhe dizer isto: nada somos. Os filhos são tais qual o pai.
Os tipos de artigo são estes: definidos e indefinidos. Tal pai, tal filho.
2. ESSE (e variações) e ISSO usam-se: É pronome substantivo em frases como:
a) Para indicar o que está próximo ou junto da 2ª pessoa (aquela com Não encontrarei tal (= tal coisa).
quem se fala): Não creio em tal (= tal coisa)
Esse documento que tens na mão é teu?
Isso que carregas pesa 5 kg. PRONOMES RELATIVOS
b) Para indicar o que está na 2ª pessoa ou que a abrange fisicamente: Veja este exemplo:
Esse teu coração me traiu. Armando comprou a casa QUE lhe convinha.
Essa alma traz inúmeros pecados.
Quantos vivem nesse pais? A palavra que representa o nome casa, relacionando-se com o termo
c) Para indicar o que se encontra distante de nós, ou aquilo de que casa é um pronome relativo.
desejamos distância:
O povo já não confia nesses políticos. PRONOMES RELATIVOS são palavras que representam nomes já re-
Não quero mais pensar nisso. feridos, com os quais estão relacionados. Daí denominarem-se relativos.
d) Para indicar aquilo que já foi mencionado pela 2ª pessoa: A palavra que o pronome relativo representa chama-se antecedente.
Nessa tua pergunta muita matreirice se esconde. No exemplo dado, o antecedente é casa.
O que você quer dizer com isso? Outros exemplos de pronomes relativos:
e) Para indicar tempo passado, não muito próximo do momento em que Sejamos gratos a Deus, a quem tudo devemos.
falamos: O lugar onde paramos era deserto.
Um dia desses estive em Porto Alegre. Traga tudo quanto lhe pertence.
Comi naquele restaurante dia desses. Leve tantos ingressos quantos quiser.
f) Para indicar aquilo que já mencionamos: Posso saber o motivo por que (ou pelo qual) desistiu do concurso?
Fugir aos problemas? Isso não é do meu feitio.
Ainda hei de conseguir o que desejo, e esse dia não está muito distan- Eis o quadro dos pronomes relativos:
te.
3. AQUELE (e variações) e AQUILO usam-se: VARIÁVEIS INVARIÁVEIS
a) Para indicar o que está longe das duas primeiras pessoas e refere-se Masculino Feminino
á 3ª. o qual a qual quem
Aquele documento que lá está é teu? os quais as quais
Aquilo que eles carregam pesa 5 kg. cujo cujos cuja cujas que
b) Para indicar tempo passado mais ou menos distante. quanto quanta quantas onde
Naquele instante estava preocupado. quantos
Daquele instante em diante modifiquei-me.
Usamos, ainda, aquela semana, aquele mês, aquele ano, aquele Observações:
século, para exprimir que o tempo já decorreu. 1. O pronome relativo QUEM só se aplica a pessoas, tem antecedente,
4. Quando se faz referência a duas pessoas ou coisas já mencionadas, vem sempre antecedido de preposição, e equivale a O QUAL.
Português para Concursos 57 A Opção Certa Para a Sua Realização
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
O médico de quem falo é meu conterrâneo. xões na língua portuguesa. Graças a isso, uma forma verbal pode trazer
2. Os pronomes CUJO, CUJA significam do qual, da qual, e precedem em si diversas informações. A forma CANTÁVAMOS, por exemplo, indica:
sempre um substantivo sem artigo. • a ação de cantar.
Qual será o animal cujo nome a autora não quis revelar? • a pessoa gramatical que pratica essa ação (nós).
3. QUANTO(s) e QUANTA(s) são pronomes relativos quando precedidos • o número gramatical (plural).
de um dos pronomes indefinidos tudo, tanto(s), tanta(s), todos, todas. • o tempo em que tal ação ocorreu (pretérito).
Tenho tudo quanto quero. • o modo como é encarada a ação: um fato realmente acontecido no
Leve tantos quantos precisar. passado (indicativo).
Nenhum ovo, de todos quantos levei, se quebrou. • que o sujeito pratica a ação (voz ativa).
4. ONDE, como pronome relativo, tem sempre antecedente e equivale a
EM QUE. Portanto, o verbo flexiona-se em número, pessoa, modo, tempo e voz.
A casa onde (= em que) moro foi de meu avô. 1. NÚMERO: o verbo admite singular e plural:
O menino olhou para o animal com olhos alegres. (singular).
Os meninos olharam para o animal com olhos alegres. (plural).
PRONOMES INDEFINIDOS 2. PESSOA: servem de sujeito ao verbo as três pessoas gramaticais:
Estes pronomes se referem à 3ª pessoa do discurso, designando-a de 1ª pessoa: aquela que fala. Pode ser
modo vago, impreciso, indeterminado. a) do singular - corresponde ao pronome pessoal EU. Ex.: Eu adormeço.
1. São pronomes indefinidos substantivos: ALGO, ALGUÉM, FULANO, b) do plural - corresponde ao pronome pessoal NÓS. Ex.: Nós adorme-
SICRANO, BELTRANO, NADA, NINGUÉM, OUTREM, QUEM, TUDO cemos.
Exemplos: 2ª pessoa: aquela que ouve. Pode ser
Algo o incomoda? a) do singular - corresponde ao pronome pessoal TU. Ex.:Tu adormeces.
Acreditam em tudo o que fulano diz ou sicrano escreve. b) do plural - corresponde ao pronome pessoal VÓS. Ex.:Vós adorme-
Não faças a outrem o que não queres que te façam. ceis.
Quem avisa amigo é. 3ª pessoa: aquela de quem se fala. Pode ser
Encontrei quem me pode ajudar. a) do singular - corresponde aos pronomes pessoais ELE, ELA. Ex.: Ela
Ele gosta de quem o elogia. adormece.
2. São pronomes indefinidos adjetivos: CADA, CERTO, CERTOS, CER- b) do plural - corresponde aos pronomes pessoas ELES, ELAS. Ex.: Eles
TA CERTAS. adormecem.
Cada povo tem seus costumes. 3. MODO: é a propriedade que tem o verbo de indicar a atitude do falante
Certas pessoas exercem várias profissões. em relação ao fato que comunica. Há três modos em português.
Certo dia apareceu em casa um repórter famoso. a) indicativo: a atitude do falante é de certeza diante do fato.
A cachorra Baleia corria na frente.
PRONOMES INTERROGATIVOS b) subjuntivo: a atitude do falante é de dúvida diante do fato.
Aparecem em frases interrogativas. Como os indefinidos, referem-se Talvez a cachorra Baleia corra na frente .
de modo impreciso à 3ª pessoa do discurso. c) imperativo: o fato é enunciado como uma ordem, um conselho, um
Exemplos: pedido
Que há? Corra na frente, Baleia.
Que dia é hoje? 4. TEMPO: é a propriedade que tem o verbo de localizar o fato no tempo,
Reagir contra quê? em relação ao momento em que se fala. Os três tempos básicos são:
Por que motivo não veio? a) presente: a ação ocorre no momento em que se fala:
Quem foi? Fecho os olhos, agito a cabeça.
Qual será? b) pretérito (passado): a ação transcorreu num momento anterior àquele
Quantos vêm? em que se fala:
Quantas irmãs tens? Fechei os olhos, agitei a cabeça.
c) futuro: a ação poderá ocorrer após o momento em que se fala:
Fecharei os olhos, agitarei a cabeça.
VERBO
O pretérito e o futuro admitem subdivisões, o que não ocorre com o
presente.
CONCEITO
“As palavras em destaque no texto abaixo exprimem ações, situando- Veja o esquema dos tempos simples em português:
as no tempo. Presente (falo)
Queixei-me de baratas. Uma senhora ouviu-me a queixa. Deu-me a INDICATIVO Pretérito perfeito ( falei)
receita de como matá-las. Que misturasse em partes iguais açúcar, farinha Imperfeito (falava)
e gesso. A farinha e o açúcar as atrairiam, o gesso esturricaria dentro elas. Mais- que-perfeito (falara)
Assim fiz. Morreram.” Futuro do presente (falarei)
(Clarice Lispector) do pretérito (falaria)
Presente (fale)
Essas palavras são verbos. O verbo também pode exprimir: SUBJUNTIVO Pretérito imperfeito (falasse)
a) Estado: Futuro (falar)
Não sou alegre nem sou triste.
Sou poeta. Há ainda três formas que não exprimem exatamente o tempo em que
b) Mudança de estado: se dá o fato expresso. São as formas nominais, que completam o esquema
Meu avô foi buscar ouro. dos tempos simples.
Mas o ouro virou terra. Infinitivo impessoal (falar)
c) Fenômeno: Pessoal (falar eu, falares tu, etc.)
Chove. O céu dorme. FORMAS NOMINAIS Gerúndio (falando)
Particípio (falado)
VERBO é a palavra variável que exprime ação, estado, mudança de 5. VOZ: o sujeito do verbo pode ser:
estado e fenômeno, situando-se no tempo. a) agente do fato expresso.
O carroceiro disse um palavrão.
FLEXÕES (sujeito agente)
O verbo é a classe de palavras que apresenta o maior número de fle- O verbo está na voz ativa.
CRER REQUERER
Presente do indicativo creio, crês, crê, cremos, credes, crêem Presente do indicativo requeiro, requeres, requer, requeremos, requereis. reque-
Presente do subjuntivo creia, creias, creia, creiamos, creiais, creiam rem
Imperativo afirmativo crê, creia, creiamos, crede, creiam Pretérito perfeito requeri, requereste, requereu, requeremos, requereste,
Conjugam-se como crer, ler e descrer requereram
Pretérito mais-que-perfeito requerera, requereras, requerera, requerera-
DIZER mos, requerereis, requereram
Presente do indicativo digo, dizes, diz, dizemos, dizeis, dizem Futuro do presente requererei, requererás requererá, requereremos, requere-
Pretérito perfeito disse, disseste, disse, dissemos, dissestes, disseram reis, requererão
Pretérito mais-que-perfeito dissera, disseras, dissera, disséramos, dissé- Futuro do pretérito requereria, requererias, requereria, requereríamos, requere-
reis, disseram ríeis, requereriam
Futuro do presente direi, dirás, dirá, diremos, direis, dirão Imperativo requere, requeira, requeiramos, requerer, requeiram
Futuro do pretérito diria, dirias, diria, diríamos, diríeis, diriam Presente do subjuntivo requeira, requeiras, requeira, requeiramos, requeirais,
Presente do subjuntivo diga, digas, diga, digamos, digais, digam requeiram
Pretérito imperfeito dissesse, dissesses, dissesse, disséssemos, dissésseis, Pretérito Imperfeito requeresse, requeresses, requeresse, requerêssemos,
dissesse requerêsseis, requeressem,
Futuro disser, disseres, disser, dissermos, disserdes, disserem Futuro requerer, requereres, requerer, requerermos, requererdes,
Particípio dito requerem
Conjugam-se como dizer, bendizer, desdizer, predizer, maldizer Gerúndio requerendo
Particípio requerido
FAZER O verbo REQUERER não se conjuga como querer.
Presente do indicativo faço, fazes, faz, fazemos, fazeis, fazem
Pretérito perfeito fiz, fizeste, fez, fizemos fizestes, fizeram REAVER
Pretérito mais-que-perfeito fizera, fizeras, fizera, fizéramos, fizéreis, fizeram Presente do indicativo reavemos, reaveis
Futuro do presente farei, farás, fará, faremos, fareis, farão Pretérito perfeito reouve, reouveste, reouve, reouvemos, reouvestes, reouve-
Futuro do pretérito faria, farias, faria, faríamos, faríeis, fariam ram
Imperativo afirmativo faze, faça, façamos, fazei, façam Pretérito mais-que-perfeito reouvera, reouveras, reouvera, reouvéramos, reouvéreis,
Presente do subjuntivo faça, faças, faça, façamos, façais, façam reouveram
Imperfeito do subjuntivo fizesse, fizesses, fizesse, fizéssemos, fizésseis, Pretérito imperf. do subjuntivo reouvesse, reouvesses, reouvesse, reouvéssemos, reou-
fizessem vésseis, reouvessem
Futuro do subjuntivo fizer, fizeres, fizer, fizermos, fizerdes, fizerem Futuro reouver, reouveres, reouver, reouvermos, reouverdes,
Quando se trata do primeiro dia do mês, deve-se dar preferência ao No primeiro exemplo, a palavra E liga duas palavras da mesma oração: é
emprego do ordinal. uma conjunção.
Hoje é primeiro de setembro
Não é aconselhável iniciar período com algarismos No segundo a terceiro exemplos, as palavras E e QUANDO estão ligan-
16 anos tinha Patrícia = Dezesseis anos tinha Patrícia do orações: são também conjunções.
A título de brevidade, usamos constantemente os cardinais pelos ordi- Conjunção é uma palavra invariável que liga orações ou palavras da
nais. Ex.: casa vinte e um (= a vigésima primeira casa), página trinta e dois mesma oração.
(= a trigésima segunda página). Os cardinais um e dois não variam nesse
caso porque está subentendida a palavra número. Casa número vinte e No 2º exemplo, a conjunção liga as orações sem fazer que uma dependa
um, página número trinta e dois. Por isso, deve-se dizer e escrever tam- da outra, sem que a segunda complete o sentido da primeira: por isso, a
bém: a folha vinte e um, a folha trinta e dois. Na linguagem forense, vemos conjunção E é coordenativa.
o numeral flexionado: a folhas vinte e uma a folhas trinta e duas.
No 3º exemplo, a conjunção liga duas orações que se completam uma à
outra e faz com que a segunda dependa da primeira: por isso, a conjunção
ARTIGO QUANDO é subordinativa.
Artigo é uma palavra que antepomos aos substantivos para determiná- As conjunções, portanto, dividem-se em coordenativas e subordinativas.
los. Indica-lhes, ao mesmo tempo, o gênero e o número.
CONJUNÇÕES COORDENATIVAS
Dividem-se em As conjunções coordenativas podem ser:
• definidos: O, A, OS, AS 1) Aditivas, que dão ideia de adição, acrescentamento: e, nem, mas
• indefinidos: UM, UMA, UNS, UMAS. também, mas ainda, senão também, como também, bem como.
Os definidos determinam os substantivos de modo preciso, particular. O agricultor colheu o trigo e o vendeu.
Viajei com o médico. (Um médico referido, conhecido, determinado). Não aprovo nem permitirei essas coisas.
Os livros não só instruem mas também divertem.
Os indefinidos determinam os substantivos de modo vago, impreciso, As abelhas não apenas produzem mel e cera mas ainda polinizam
geral. as flores.
Viajei com um médico. (Um médico não referido, desconhecido, inde- 2) Adversativas, que exprimem oposição, contraste, ressalva, com-
terminado). pensação: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, sendo, ao
Paranomásia Ex: "Não sopra o vento; não gemem as vagas; não murmuram os rios."
Ex: "Com tais premissas ele sem dúvida leva-nos às primícias" (Padre repetição de conectivos na ligação entre elementos da frase ou do período.
Antonio Vieira) Ex: O menino resmunga, e chora, e esperneia, e grita, e maltrata. "E sob as
Onomatopeia ondas ritmadas / e sob as nuvens e os ventos / e sob as pontes e sob o
sarcasmo / e sob a gosma e o vômito (...)" (Carlos Drummond de Andrade)
criação de uma palavra para imitar um som
Anacoluto
Ex: A língua do nhem "Havia uma velhinha / Que andava aborrecida / Pois
dava a sua vida / Para falar com alguém. / E estava sempre em casa / A termo solto na frase, quebrando a estruturação lógica. Normalmente, inicia-
boa velhinha, / Resmungando sozinha: / Nhem-nhem-nhem-nhem-nhem..." se uma determinada construção sintática e depois se opta por outra.
(Cecília Meireles) Eu, parece-me que vou desmaiar. / Minha vida, tudo não passa de alguns
anos sem importância (sujeito sem predicado) / Quem ama o feio, bonito
Linguagem figurada
lhe parece (alteraram-se as relações entre termos da oração)
Elipse
Anáfora
omissão de um termo ou expressão facilmente subentendida. Casos mais
repetição de uma mesma palavra no início de versos ou frases.
comuns:
Ex: "Olha a voz que me resta / Olha a veia que salta / Olha a gota que falta
a) pronome sujeito, gerando sujeito oculto ou implícito: iremos depois,
/ Pro desfecho que falta / Por favor." (Chico Buarque)
compraríeis a casa?
b) substantivo - a catedral, no lugar de a igreja catedral; Maracanã, no ligar Obs.: repetição em final de versos ou frases é epístrofe; repetição no início
de o estádio Maracanã e no fim será símploce. Classificações propostas por Rocha Lima.
c) preposição - estar bêbado, a camisa rota, as calças rasgadas, no lugar
de: estar bêbado, com a camisa rota, com as calças rasgadas. Silepse
d) conjunção - espero você me entenda, no lugar de: espero que você me é a concordância com a ideia, e não com a palavra escrita. Existem três
entenda. tipos:
e) verbo - queria mais ao filho que à filha, no lugar de: queria mais o filho
que queria à filha. Em especial o verbo dizer em diálogos - E o rapaz: - Não a) de gênero (masc x fem): São Paulo continua poluída (= a cidade de São
sei de nada !, em vez de E o rapaz disse: Paulo). V. Sª é lisonjeiro
b) de número (sing x pl): Os Sertões contra a Guerra de Canudos (= o livro
Zeugma de Euclides da Cunha). O casal não veio, estavam ocupados.
omissão (elipse) de um termo que já apareceu antes. Se for verbo, pode c) de pessoa: Os brasileiros somos otimistas (3ª pess - os brasileiros, mas
necessitar adaptações de número e pessoa verbais. Utilizada, sobretudo, quem fala ou escreve também participa do processo verbal)
nas or. comparativas. Ex: Alguns estudam, outros não, por: alguns estu- Antecipação
dam, outros não estudam. / "O meu pai era paulista / Meu avô, pernambu-
cano / O meu bisavô, mineiro / Meu tataravô, baiano." (Chico Buarque) - antecipação de termo ou expressão, como recurso enfático. Pode gerar
omissão de era anacoluto.
Ex.: Joana creio que veio aqui hoje.
Hipérbato O tempo parece que vai piorar
alteração ou inversão da ordem direta dos termos na oração, ou das ora- Obs.: Celso Cunha denomina-a prolepse.
ções no período. São determinadas por ênfase e podem até gerar anacolu- Figuras de palavras ou tropos
tos.
(Para Bechara alterações semânticas)
Ex: Morreu o presidente, por: O presidente morreu.
Obs1.: Bechara denomina esta figura antecipação.
Obs2.: Se a inversão for violenta, comprometendo o sentido drasticamente,
Português para Concursos 74 A Opção Certa Para a Sua Realização
APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos
Metáfora Eufemismo
consiste em "suavizar" alguma ideia desagradável
emprego de palavras fora do seu sentido normal, por analogia. É um tipo Ex: Ele enriqueceu por meios ilícitos. (roubou), Você não foi feliz nos
de comparação implícita, sem termo comparativo. exames. (foi reprovado)
Ex: A Amazônia é o pulmão do mundo. Encontrei a chave do problema. / Obs.: Rocha Lima propõe uma variação chamada litote - afirma-se algo
"Veja bem, nosso caso / É uma porta entreaberta." (Luís Gonzaga Junior) pela negação do contrário. (Ele não vê, em lugar de Ele é cego; Não sou
Obs1.: Rocha Lima define como modalidades de metáfora: personificação moço, em vez de Sou velho). Para Bechara, alteração semântica.
(animismo), hipérbole, símbolo e sinestesia. ? Personificação - atribuição
de ações, qualidades e sentimentos humanos a seres inanimados. (A lua Hipérbole
sorri aos enamorados) ? Símbolo - nome de um ser ou coisa concreta exagero de uma ideia com finalidade expressiva
assumindo valor convencional, abstrato. (balança = justiça, D. Quixote = Ex: Estou morrendo de sede (com muita sede), Ela é louca pelos filhos
idealismo, cão = fidelidade, além do simbolismo universal das cores) (gosta muito dos filhos)
Obs2.: esta figura foi muito utilizada pelos simbolistas Obs.: Para Rocha Lima, é uma das modalidades de metáfora.
Catacrese Ironia
uso impróprio de uma palavra ou expressão, por esquecimento ou na utilização de termo com sentido oposto ao original, obtendo-se, assim,
ausência de termo específico. valor irônico.
Ex.: Espalhar dinheiro (espalhar = separar palha) / "Distrai-se um deles a Obs.: Rocha Lima designa como antífrase
enterrar o dedo no tornozelo inchado." - O verbo enterrar era usado primiti-
vamente para significar apenas colocar na terra. Ex: O ministro foi sutil como uma jamanta.
Obs1.: Modernamente, casos como pé de meia e boca de forno são consi- Gradação
derados metáforas viciadas. Perderam valor estilístico e se formaram
graças à semelhança de forma existente entre seres. apresentação de ideias em progressão ascendente (clímax) ou descenden-
Obs2.: Para Rocha Lima, é um tipo de metáfora te (anticlímax)
Metonímia Ex: "Nada fazes, nada tramas, nada pensas que eu não saiba, que eu não
veja, que eu não conheça perfeitamente."
substituição de um nome por outro em virtude de haver entre eles associa-
ção de significado. Prosopopeia, personificação, animismo
Ex: Ler Jorge Amado (autor pela obra - livro) / Ir ao barbeiro (o possuidor é a atribuição de qualidades e sentimentos humanos a seres irracionais e
pelo possuído, ou vice-versa - barbearia) / Bebi dois copos de leite (conti- inanimados.
nente pelo conteúdo - leite) / Ser o Cristo da turma. (indivíduo pala classe - Ex: "A lua, (...) Pedia a cada estrela fria / Um brilho de aluguel ..." (Jõao
culpado) / Completou dez primaveras (parte pelo todo - anos) / O brasileiro Bosco / Aldir Blanc)
é malandro (sing. pelo plural - brasileiros) / Brilham os cristais (matéria pela
obra - copos). Obs.: Para Rocha Lima, é uma modalidade de metáfora.
interpenetração sensorial, fundindo-se dois sentidos ou mais (olfato, visão, Mas, enquanto o autor da primeira frase enuncia tal conceito como
audição, gustação e tato). tendo sido por ele próprio formulado, o autor da segunda o reproduz como
tendo sido formulado por outrem.
Ex.: "Mais claro e fino do que as finas pratas / O som da tua voz deliciava
... / Na dolência velada das sonatas / Como um perfume a tudo perfumava.
Estruturas de reprodução de enunciações
/ Era um som feito luz, eram volatas / Em lânguida espiral que iluminava /
Para dar-nos a conhecer os pensamentos e as palavras de persona-
Brancas sonoridades de cascatas ... / Tanta harmonia melancolizava."
gens reais ou fictícias, os locutores e os escritores dispõiem de três moldes
(Cruz e Souza)
linguísticos diversos, conhecidos pelos nomes de: discurso direto, discurso
Obs.: Para Rocha Lima, representa uma modalidade de metáfora indireto e discurso indireto livre.
Anadiplose Discurso direto
é a repetição de palavra ou expressão de fim de um membro de frase no Examinando este passo do conto Guaxinim do banhado, de Mário de
começo de outro membro de frase. Andrade:
“O Guaxinim está inquieto, mexe dum lado pra outro. Eis que suspira
Ex: "Todo pranto é um comentário. Um comentário que amargamente lá na língua dele - “Chente! que vida dura esta de guaxinim do banhado!...”
condena os motivos dados."
Figuras de pensamento Verificamos que o narrado, após introduzir o personagem, o guaxinim,
deixou-o expressar-se “Lá na língua dele”, reproduzindo-lhe a fala tal
Antítese como ele a teria organizado e emitido.
aproximação de termos ou frases que se opõem pelo sentido.
A essa forma de expressão, em que o personagem é chamado a apre-
Ex: "Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios"
sentar as suas próprias palavras, denominamos discurso direto.
(Vinicius de Moraes)
Obs.: Paradoxo - ideias contraditórias num só pensamento, proposição de
Observação
Rocha Lima ("dor que desatina sem doer" Camões)
No exemplo anterior, distinguimos claramente o narrador, do locutor, o
guaxinim.
(Celso Cunha in Gramática da Língua Portuguesa, 2ª edição, MEC- FUNÇÃO POÉTICA — pode ocorrer num texto em prosa ou em verso,
FENAME.) ou ainda na fotografia, na música, no cinema, na pintura, enfim em qualquer
modalidade discursiva que apresente uma maneira especial de elaborar o
FUNÇÕES DA LINGUAGEM código. Ela valoriza a comunicação pela forma da mensagem, ela se preocu-
As funções da linguagem têm como objetivo essencial apontar o dire- pa com a estética do texto. A linguagem é criativa, afetiva, recorre a figuras,
Acrescente-se, por fim, que a identificação que se buscou fazer das Ressalte-se que há necessariamente uma distância entre a língua fa-
características específicas da forma oficial de redigir não deve ensejar o lada e a escrita. Aquela é extremamente dinâmica, reflete de forma imedia-
entendimento de que se proponha a criação – ou se aceite a existência – ta qualquer alteração de costumes, e pode eventualmente contar com
de uma forma específica de linguagem administrativa, o que coloquialmen- outros elementos que auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a
te e pejorativamente se chama burocratês. Este é antes uma distorção do entoação, etc., para mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis
que deve ser a redação oficial, e se caracteriza pelo abuso de expressões por essa distância. Já a língua escrita incorpora mais lentamente as trans-
e clichês do jargão burocrático e de formas arcaicas de construção de formações, tem maior vocação para a permanência, e vale-se apenas de si
frases. mesma para comunicar.
Lembre-se que o padrão culto nada tem contra a simplicidade de ex- A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto oficial, conforme já
pressão, desde que não seja confundida com pobreza de expressão. De sublinhado na introdução deste capítulo. Pode-se definir como claro aquele
nenhuma forma o uso do padrão culto implica emprego de linguagem texto que possibilita imediata compreensão pelo leitor. No entanto a clareza
rebuscada, nem dos contorcionismos sintáticos e figuras de linguagem não é algo que se atinja por si só: ela depende estritamente das demais
próprios da língua literária. características da redação oficial. Para ela concorrem:
a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpretações que
Pode-se concluir, então, que não existe propriamente um "padrão ofi- poderia decorrer de um tratamento personalista dado ao texto;
cial de linguagem"; o que há é o uso do padrão culto nos atos e comunica- b) o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de entendimen-
ções oficiais. É claro que haverá preferência pelo uso de determinadas to geral e por definição avesso a vocábulos de circulação restrita,
expressões, ou será obedecida certa tradição no emprego das formas como a gíria e o jargão;
sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se consagre a c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a imprescindível
utilização de uma forma de linguagem burocrática. O jargão burocrático, uniformidade dos textos;
como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre sua compreensão d) a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos linguísticos
limitada. que nada lhe acrescentam.
A linguagem técnica deve ser empregada apenas em situações que a É pela correta observação dessas características que se redige com
exijam, sendo de evitar o seu uso indiscriminado. Certos rebuscamentos clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável releitura de todo texto redigido.
acadêmicos, e mesmo o vocabulário próprio a determinada área, são de A ocorrência, em textos oficiais, de trechos obscuros e de erros gramaticais
difícil entendimento por quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se provém principalmente da falta da releitura que torna possível sua corre-
ter o cuidado, portanto, de explicitá-los em comunicações encaminhadas a ção.
outros órgãos da administração e em expedientes dirigidos aos cidadãos.
Na revisão de um expediente, deve-se avaliar, ainda, se ele será de
Outras questões sobre a linguagem, como o emprego de neologismo e fácil compreensão por seu destinatário. O que nos parece óbvio pode ser
estrangeirismo, são tratadas em detalhe em 9.3. Semântica. desconhecido por terceiros. O domínio que adquirimos sobre certos assun-
tos em decorrência de nossa experiência profissional muitas vezes faz com
1.3. Formalidade e Padronização que os tomemos como de conhecimento geral, o que nem sempre é verda-
As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto é, obedecem de. Explicite, desenvolva, esclareça, precise os termos técnicos, o signifi-
a certas regras de forma: além das já mencionadas exigências de impes- cado das siglas e abreviações e os conceitos específicos que não possam
soalidade e uso do padrão culto de linguagem, é imperativo, ainda, certa ser dispensados.
formalidade de tratamento. Não se trata somente da eterna dúvida quanto
ao correto emprego deste ou daquele pronome de tratamento para uma A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A pressa com que
autoridade de certo nível (v. a esse respeito 2.1.3. Emprego dos Pronomes são elaboradas certas comunicações quase sempre compromete sua
de Tratamento); mais do que isso, a formalidade diz respeito à polidez, à clareza. Não se deve proceder à redação de um texto que não seja segui-
civilidade no próprio enfoque dado ao assunto do qual cuida a comunica- da por sua revisão. "Não há assuntos urgentes, há assuntos atrasados",
ção. diz a máxima. Evite-se, pois, o atraso, com sua indesejável repercussão no
redigir.
A formalidade de tratamento vincula-se, também, à necessária unifor-
midade das comunicações. Ora, se a administração federal é una, é natural AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS
que as comunicações que expede sigam um mesmo padrão. O estabele- 2. Introdução
cimento desse padrão, uma das metas deste Manual, exige que se atente A redação das comunicações oficiais deve, antes de tudo, seguir os
para todas as características da redação oficial e que se cuide, ainda, da preceitos explicitados no Capítulo I, Aspectos Gerais da Redação Oficial.
apresentação dos textos. Além disso, há características específicas de cada tipo de expediente, que
serão tratadas em detalhe neste capítulo. Antes de passarmos à sua
A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes para o texto definiti- análise, vejamos outros aspectos comuns a quase todas as modalidades
vo e a correta diagramação do texto são indispensáveis para a padroniza- de comunicação oficial: o emprego dos pronomes de tratamento, a forma
ção. Consulte o Capítulo II, As Comunicações Oficiais, a respeito de nor- dos fechos e a identificação do signatário.
mas específicas para cada tipo de expediente.
2.1. Pronomes de Tratamento
1.4. Concisão e Clareza 2.1.1. Breve História dos Pronomes de Tratamento
A concisão é antes uma qualidade do que uma característica do texto O uso de pronomes e locuções pronominais de tratamento tem larga
oficial. Conciso é o texto que consegue transmitir um máximo de informa- tradição na língua portuguesa. De acordo com Said Ali, após serem incor-
ções com um mínimo de palavras. Para que se redija com essa qualidade, porados ao português os pronomes latinos tu e vos, "como tratamento
é fundamental que se tenha, além de conhecimento do assunto sobre o direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia a palavra", passou-se a
Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a pronomes de Acrescente-se que doutor não é forma de tratamento, e sim título aca-
tratamento são sempre os da terceira pessoa: "Vossa Senhoria nomeará dêmico. Evite usá-lo indiscriminadamente. Como regra geral, empregue-o
seu substituto" (e não "Vossa ... vosso..."). apenas em comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau por
terem concluído curso universitário de doutorado. É costume designar por
Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gênero grama- doutor os bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito e em Medici-
tical deve coincidir com o sexo da pessoa a que se refere, e não com o na. Nos demais casos, o tratamento Senhor confere a desejada formalida-
substantivo que compõe a locução. Assim, se nosso interlocutor for ho- de às comunicações.
mem, o correto é "Vossa Excelência está atarefado", "Vossa Senhoria deve
estar satisfeito"; se for mulher, "Vossa Excelência está atarefada", "Vossa Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificência, empregada por
Senhoria deve estar satisfeita". força da tradição, em comunicações dirigidas a reitores de universidade.
Corresponde-lhe o vocativo:
2.1.3. Emprego dos Pronomes de Tratamento Magnífico Reitor,
Como visto, o emprego dos pronomes de tratamento obedece a secu- (...)
lar tradição. São de uso consagrado:
Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo com a hierar-
Vossa Excelência, para as seguintes autoridades: quia eclesiástica, são:
a) do Poder Executivo; Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. O vocativo cor-
Presidente da República; respondente é:
Vice-Presidente da República; Santíssimo Padre,
Ministros de Estado; (...)
Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Fede- Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima, em comunica-
ral; ções aos Cardeais. Corresponde-lhe o vocativo:
Oficiais-Generais das Forças Armadas; Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou
Embaixadores; Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal,
Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupantes de car- (...)
gos de natureza especial;
Secretários de Estado dos Governos Estaduais; Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comunicações dirigidas
Prefeitos Municipais. a Arcebispos e Bispos; Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria Reve-
b) do Poder Legislativo: rendíssima para Monsenhores, Cônegos e superiores religiosos. Vossa
Deputados Federais e Senadores; Reverência é empregado para sacerdotes, clérigos e demais religiosos.
Ministro do Tribunal de Contas da União;
Deputados Estaduais e Distritais; 2.2. Fechos para Comunicações
Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalidade óbvia de
Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais. arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os modelos para fecho que
c) do Poder Judiciário: vinham sendo utilizados foram regulados pela Portaria no 1 do Ministério da
Ministros dos Tribunais Superiores; Justiça, de 1937, que estabelecia quinze padrões. Com o fito de simplificá-
Membros de Tribunais; los e uniformizá-los, este Manual estabelece o emprego de somente dois
Juízes; fechos diferentes para todas as modalidades de comunicação oficial:
Auditores da Justiça Militar. a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da República:
Respeitosamente,
O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Chefes de b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior:
Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respectivo: Atenciosamente,
Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional, Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a autorida-
Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal. des estrangeiras, que atendem a rito e tradição próprios, devidamente
disciplinados no Manual de Redação do Ministério das Relações Exterio-
60. Ao mesmo tempo que se observa na mídia um grande número de 65) Indique o período cuja redação está inteiramente clara e correta.
matérias atinentes às Cortes de Justiça, às reformas na legislação (...) a) Resultou frustrada a nossa expectativa de adquirir bons livros, já que,
NÃO se mantém o emprego de às, no segmento acima, caso se substitua na tão decantada liquidação daquela grande livraria, só havia títulos inex-
atinentes por pressivos.
(A) alusivas. b) Os incentivos fiscais constituem uma questão complicada, pois se-
(B) concernentes. gundo alguns, a iniciativa privada recebe benefícios onde a contrapartida
(C) referentes. em criação de empregos é insuficiente.
(D) relativas. c) Naquele editorial da revista não ficou claro a posição do mesmo, seja
(E) pautadas. porque o editorialista de fato não o desejasse, ou então porque a redação
dele não o permitiu.
61. Traduz-se de modo claro, coerente e correto uma ideia do texto em: d) Com o fim do rodízio no trânsito, espera-se que ele aumente, voltando
(A) A complexidade do universo jurídico é de tal ordem, tendo em vista a a terem problemas de congestionamento justamente quando todos saem
alta especialização de seu vocabulário, razão pela qual um jornalista vê-se ou voltam para casa.
em apuros ao traduzir-lhe.
(B) Não apenas o campo jurídico: também outras áreas, como a economia 66) Indique a sequência que preenche corretamente as lacunas:
ou a medicina, onde se dispõem de termos específicos, suscitam sérios 1. Ainda _____ pouco exultava, o que agora chora.
desafios à linguagem jornalística. 2. Conversarei contigo daqui ___ pouco, disse-lhe.
(C) Há matérias especializadas que exigem dos jornalistas uma formação 3. Diz-se que os milionários portugueses, ____ muitos residentes no Brasil,
complementar, para que possam traduzir com fidelidade os paradigmas sentem saudades de Portugal.
dessas áreas. 4. O sábio francês Adhémar, que viveu _____ mais de cem anos, formulou
(D) Sem mais nem porque, alguns jornalistas passam a considerar-se a teoria dos Períodos Glaciários.
aptos na abordagem de assuntos especializados, daí advindo de que a) há - há - há - há
muitas de suas matérias desvirtuam a especificidade original. b) há - a - há - há
(E) Em sua citação, Leão Serva propõe que a incompreensibilidade de c) a - há - há - há
muitas matérias jurídicas na imprensa deve-se ao procedimento redutor d) há -a - a - há
que leva um jornalista a incapacitar-se para aprender a totalidade da
notícia. 67) Marque o conjunto de palavras que preenche as lacunas do texto,
com correção gramatical e adequação à modalidade padrão da língua:
62. Transpondo-se para a voz passiva o segmento Para esse gênero de "Como profissional de comunicação, com alguma experiência em seu uso
informação alcançar adequadamente o público leitor leigo, a forma verbal na política, tenho dificuldade em compreender o que pretendem os candi-
resultante será datos. Enganar-nos? Creio que é isso. Não ________ basta nada
(A) tenha alcançado. ________. Dizem ________. Uns, ________, de fato, nada têm a propor
(B) fosse alcançado. ou oferecer. Outros, ________ sabem falar." (S. Farhat)
(C) tenha sido alcançado. a) lhes - terem a dizer - mal - porquê - mal
(D) ser alcançado. b) lhes - ter a dizer - mal - porque - mal
(E) vier a alcançar. c) nos - termos a dizer - mau - porque - mal
d) lhos - ter a dizerem - mau - porquê - mau
63. Atente para as seguintes afirmações:
I. Haverá alteração de sentido caso se suprimam as vírgulas do segmento 68) A alternativa em que a pontuação está CORRETA é:
Um procedimento essencial ao jornalismo, que necessariamente induz à a) O padrão culto do idioma, além de ser uma espécie de marca de
incompreensão dos fatos que narra, é a redução das notícias (...). identidade, constitui recurso imprescindível para uma boa argumentação.
II. Ainda que opcional, seria desejável a colocação de uma vírgula depois Ou seja: em situações em que a norma culta se impõe, transgressões
da expressão Ao mesmo tempo, na abertura do 3o parágrafo. podem desqualificar o conteúdo exposto e até mesmo desacreditar o autor.
III. Na frase Não se trata de uma tarefa fácil, visto que a compreensão do b) O padrão culto do idioma - além de ser uma espécie de marca de
universo jurídico exige conhecimento especializado, pode-se, sem prejuízo identidade -, constitui recurso, imprescindível, para uma boa argumenta-
para o sentido, substituir o segmento sublinhado por fácil: a compreensão. ção. Ou seja: em situações, em que a norma culta se impõe, transgressões
Está correto o que se afirma em podem desqualificar o conteúdo exposto e até mesmo desacreditar o autor.
(A) I, II e III. c) O padrão culto do idioma, além de ser uma espécie de marca de
(B) I e III, somente. identidade, constitui recurso imprescindível para uma boa argumentação,
(C) I e II, somente. ou seja, em situações em que a norma culta, se impõe transgressões,
(D) II e III, somente. podem desqualificar o conteúdo exposto e até mesmo desacreditar o autor.
(E) I, somente. d) O padrão culto do idioma, além de ser uma espécie de marca de
identidade constitui recurso imprescindível para uma boa argumentação;
64. A flexão dos verbos e a correlação entre seus tempos e modos estão ou seja: em situações em que a norma culta se impõe, transgressões
plenamente adequadas em: podem desqualificar o conteúdo exposto e, até mesmo, desacreditar o
(A) Seria preciso que certos jornalistas conviessem em aprofundar seus autor...
conhecimentos na área jurídica, para que não seguissem incorrendo em
equívocos de informação. 69) Assinale a única alternativa em que a expressão "porque" deve vir
separada:
71. Em – Cartazes no interior da farmácia faziam a propaganda do medi- 78. Considere as frases:
camento – o verbo em destaque está conjugado no Esta escada tem degrau irregular.
(A) pretérito perfeito, pois apresenta um fato inesperado e incomum, ocor- O troféu vem adornado com ouro.
rido uma única vez. Elas estão corretamente escritas no plural na alternativa:
(B) pretérito imperfeito, pois se refere a um fato que era habitual no passa- (A) Estas escadas têm degraus irregulares. Os troféus vêm adornados com
do. ouro.
(C) pretérito mais-que-perfeito, pois indica fatos que aconteceram repenti- (B) Estas escadas têm degrais irregulares. Os troféis vêm adornados com
namente num passado remoto. ouro.
(D) imperfeito do subjuntivo, pois apresenta um fato provável, mas depen- (C) Estas escadas tem degraus irregulares. Os troféus vem adornados com
dente de algumas circunstâncias. ouro.
(E) futuro do pretérito, pois se refere a um fato de futuro incerto e duvidoso. (D) Estas escadas tem degrais irregulares. Os troféis vem adornados com
ouro.
72. Considere os trechos: (E) Estas escadas têm degrais irregulares. Os troféus vem adornados com
... de um remédio aparentemente capaz de mascarar os efeitos do álcool... ouro.
... por incitar os consumidores a beber e dirigir, crime previsto no Código
Penal. 79. Assinale a alternativa correta quanto ao emprego do gênero e do
Os termos em destaque expressam, respectivamente, as circunstâncias de número das palavras.
(A) afirmação e meio. (A) Os portas-retratos estavam espalhados sobre o baú.
(B) afirmação e lugar. (B) Toalhas laranja deverão recobrir as mesas usadas na próxima conven-
(C) modo e lugar. ção.
(D) modo e meio. (C) A empresa escolheu os uniformes na cor azul-marinha.
(E) intensidade e modo. (D) Os assaltantes, munidos de pés-de-cabras, invadiram o banco.
(E) As folhas de sulfite para a impressão dos convites eram bege.
73. Assinale a alternativa em que os termos em destaque, na frase a
seguir, estão corretamente substituídos pelo pronome. 80. Indique a alternativa cujas palavras preenchem, correta e respectiva-
O dono da farmácia deverá sofrer um processo por incitar os consumidores mente, as frases a seguir:
a beber. ............................o motorista chegou, já havia uma série de tarefas para ele
(A) sofrê-lo ... incitá-los realizar.
(B) sofrê-lo ... incitar-lhes Aquele que .......................... é caráter não progride na carreira profissional.
(C) sofrer-lo ... incitar-los Como ele se saiu ...............................na prova prática, não conseguiu a
(D) sofrer-lhe ... incitá-los colocação esperada.
(E) sofrer-lhe ... incitar-lhes (A) Mau ... mau ... mal
(B) Mau ... mal ... mau
74. Em – ... um remédio aparentemente capaz de mascarar os efeitos do (C) Mal ... mau ... mau
álcool... – os termos em destaque constituem uma (D) Mal ... mau ... mal
locução adjetiva. (E) Mal ... mal ... mau
Indique a alternativa cuja frase também apresenta uma locução desse tipo.
(A) A família viajou de avião à Argentina. 81. Indique a alternativa que completa a frase a seguir, respectivamente,
(B) A energia produzida pela força dos ventos é chamada de eólica. com as circunstâncias de intensidade e de modo.
(C) Ele resolveu de imediato todas as questões pendentes. Após o telefonema, o motorista partiu..................
(D) A secretária gosta de chantili em seu café. (A) às 18 h com o veículo.
(E) No fórum, as salas estavam cheias de gente. (B) rapidamente ao meio-dia.
(C) bastante alerta.
75. No texto, as palavras gaúcha e alcoolismo possuem hiato. (D) apressadamente com o caminhão.
(E) agora calmamente.
98 Palavra que NÃO pertence ao mesmo campo semântico das demais 103. A frase corretamente construída é:
é:
129. Justificam-se inteiramente ambas as ocorrências do sinal de crase 131. De acordo com o texto,
em: (A) estima-se um crescimento do impacto da pirataria sobre a economia
(A)) Os que têm pleno acesso àquilo que oferece a cesta de bens e servi- brasileira.
ços devem considerar-se à margem da pobreza. (B) o governo brasileiro adotou medidas mais eficazes no combate à
(B) Quem atribui um valor monetário à essa cesta de bens e serviços está- pirataria em 2008.
se habilitando à definir uma linha de pobreza. (C) o aumento da violência em 2008 está diretamente ligado ao aumento
(C) Não falta, à maioria das pessoas, uma definição de pobreza; o que falta da pirataria.
à uma boa definição é o rigor de um bom critério. (D) o impacto da pirataria na arrecadação de 2007 foi inferior ao que se
(D) Há quem recrimine à cultura da subsistência, imputando-lhe à respon- esperava.
sabilidade pelo mascaramento da real situação de miséria de muitos brasi- (E) o prejuízo da pirataria sobre as finanças públicas excedeu ao impacto
leiros. no setor privado.
(E) Os que têm proventos inferiores à quantia necessária para a aquisição
dessa cesta deixam de atender à todas as suas necessidades básicas. 132. Conforme o texto, pode-se inferir que os brasileiros tendem a se
convencer do caráter negativo da pirataria
135. No penúltimo parágrafo – Além disso, a pesquisa salienta que houve Ficam longe de animadores os resultados de uma pesquisa de opinião
também uma mudança de rumo nos hábitos da população, principalmente sobre ética realizada pela Universidade de Brasília entre
de baixa renda, que consumiu menos produtos piratas. – a expressão em cidadãos de todo o país e também com servidores públicos de sete unida-
destaque pode ser substituída, sem alterar o sentido do trecho, por des federativas. Só 59% dos entrevistados na população geral disseram
(A) inversão de valores. ser éticos; 26% declararam que não, e outros 13%, às vezes. Entre servi-
(B) troca de papéis. dores públicos, variam as cifras, mas não o panorama: 51% “éticos”, 19%
(C) retratação pública. “não-éticos” e 22%, às vezes. Pode-se argumentar, com razão, que o
(D) nova orientação. conceito comum sobre ética é vago, quase vazio. Um terço dos que já
(E) revolução dogmática. ouviram falar disso alegam não saber do que se trata.
136. Atendo-se apenas às regras de regência verbal e/ou nominal, a ex- Abstrações à parte, a consulta abrangeu também situações muito presen-
pressão em destaque no trecho – Em termos da demanda, Solange explica tes, como o nepotismo. No plano sociológico, pode-se
que o público não é sensível às perdas de arrecadação, aos prejuízos da até compreender que 32% dos servidores avaliem a prática como permis-
indústria ou ao potencial de corrupção existente no sistema de distribuição sível. Afinal, são seus maiores beneficiários: 37% obtiveram o emprego
e vendas de produtos piratas ou contrabandeados. – pode ser corretamen- público por indicação de parentes, políticos ou amigos, e menos da metade
te substituída, sem alteração do restante da estrutura da frase, por por concurso (44%).
(A) despreza.
(B) desconsidera. Bem mais inquietante é a popularidade do nepotismo entre cidadãos
(C) é alienado. comuns. Metade dos ouvidos afirmou que contrataria parentes para um
(D) é indiferente. cargo público, se tivessem oportunidade. A população parece inclinar-se
(E) é desinteressado. por chancelar, na esfera privada, o
que condena na vida pública.
137. Assinale a frase correta quanto ao emprego do acento indicador de
crase. Essa contradição é uma das marcas da vida nacional – e provavelmente se
(A) O título atribuído à esta pesquisa foi “O impacto da pirataria no setor de verifica, em graus variados, em outros países.
consumo no Brasil”. Cabe à lei o papel de conter as inclinações pessoais. Deixadas à vontade,
(B) As vendas de produtos piratas equivaleram à uma perda de R$ 18,6 elas corroem a possibilidade de uma nação percorrer o longo caminho
bilhões em impostos. civilizatório. (Folha de S.Paulo, 06.11.2008)
(C) A pesquisa vincula-se à Associação Nacional para Garantia dos Direi-
tos Intelectuais (Angardi). 141. De acordo com o autor, os resultados da pesquisa sobre ética não são
(D) As somas se elevam à aproximadamente R$ 93 bilhões se considerar- animadores porque
mos outros setores da indústria. (A) os valores éticos têm atingido os cidadãos comuns e não os servidores
(E) Alguns argumentos tendem à funcionar mais que outros para dissuadir públicos.
os brasileiros da compra de produtos piratas. (B) poucos não sabem o que seja ética, e muitos a têm nas suas práticas
cotidianas.
138. Considerando as regras de concordância na voz passiva, assinale a (C) há uma quantidade significativa de cidadãos que não se atêm aos
frase correta. valores éticos.
(A) Divulgou-se, recentemente, a análise de alguns números relacionados (D) a quantidade de cidadãos éticos é bem menor do que a de cidadãos
ao impacto da pirataria no Brasil. não-éticos.
(B) Uma perda de R$ 18,6 bilhões em impostos foram causados pelas (E) o sentido do conceito é muito comum, porque falta a sua devida divul-
vendas de produtos piratas no Brasil. gação.
(C) Também deve ser levado em conta, além da menor arrecadação de
impostos, a perda de receita da indústria. 142. Entende-se por nepotismo a
144. De acordo com o autor, pode-se até compreender que 32% dos 152. Assinale a alternativa falsa:
servidores avaliem a prática como permissível. Isso quer dizer que ele a ( ) o presente do subjuntivo, o imperativo afirmativo e o imperativo
(A) acredita que o nepotismo é uma forma legítima nas práticas sociais de negativo são tempos derivados do presente do indicativo;
um país. b ( ) os verbos progredir e regredir são conjugados pelo modelo agredir;
(B) entende por que os servidores aceitam o nepotismo, mas não concorda c ( ) o verbo prover segue ver em todos os tempos;
com essa prática. d ( ) a 3.ª pessoa do singular do verbo aguar, no presente do subjuntivo é
(C) justifica a opção dos servidores pelo nepotismo, declarando-a adequa- : águe ou agúe;
da e honesta. e ( ) os verbos prever e rever seguem o modelo ver.
(D) condena os servidores que se valem do nepotismo, embora o utilizasse
em seu benefício. 153. Marque o verbo que na 2ª pessoa do singular, do presente do indica-
(E) define o nepotismo como uma prática necessária à organização de uma tivo, muda para "e" o "i" que apresenta na penúltima sílaba?
sociedade. a ( ) imprimir
b ( ) exprimir
145. Para o autor, a popularidade do nepotismo entre cidadãos comuns é c ( ) tingir
bem mais inquietante. Portanto, tal situação d ( ) frigir
(A) é apreendida com indiferença por ele. e ( ) erigir
(B) aplaca a sua ansiedade.
(C) lhe traz certo desassossego. 154. Indique onde há erro:
(D) leva-o à ignorância dos fatos. a() os puros-sangues simílimos
(E) sublima seu sentimento de impotência. b() os navios-escola utílimos
c() os guardas-mores agílimos
146. O título – Vícios tolerados – pode ser entendido, quanto à ética, como d() as águas-vivas aspérrimas
uma .................... , segundo o ponto de vista expresso pelo autor. e() as oitavas-de-final antiquíssimas
Segundo as informações textuais, o espaço da frase deve ser preenchido
com 155. Marque a alternativa verdadeira:
(A) necessidade para a civilidade do país a ( ) o plural de mau-caráter é maus-caráteres;
(B) rotina moralmente adequada b ( ) chamam-se epicenos os substantivos que têm um só gênero grama-
(C) mudança comportamental aceitável tical para designar pessoas de ambos os sexos;
(D) transformação social inevitável c ( ) todos os substantivos terminados em -ão formam o feminino mudan-
(E) permissividade social indesejável do o final em -ã ou -ona;
d ( ) os substantivos terminados em -a sempre são femininos;
147. O sinônimo do termo chancelar, em destaque no 3.º parágrafo, é e ( ) são comuns de dois gêneros todos os substantivos ou adjetivos
(A) evitar. substantivados terminados em -ista.
(B) aprovar.
(C) recusar. 156. Identifique onde há erro de regência verbal:
(D) engrandecer. a() Não faça nada que seja contrário dos bons princípios.
(E) superar. b() Esse produto é nocivo à saúde.
c() Este livro é preferível àquele.
Para responder às questões de números 148 e 149, considere a informa- d() Ele era suspeito de ter roubado a loja.
ção que inicia o último parágrafo: Essa contradição é uma das marcas da e() Ele mostrou-se insensível a meus apelos.
vida nacional...
157. Abaixo, há uma frase onde a regência nominal não foi obedecida.
148. A expressão Essa contradição diz respeito Ache-a:
(A) ao comportamento dos cidadãos comuns. a ( ) Éramos assíduos às festas da escola.
(B) às formas de atuação dos servidores públicos. b ( ) Os diretores estavam ausentes à reunião.
(C) à falta de lei para inibir as inclinações pessoais. c ( ) O jogador deu um empurrão ao árbitro.
(D) à impossibilidade de uma nação se civilizar. d ( ) Nossa casa ficava rente do rio.
(E) ao descaso da população com a vida pública. e ( ) A entrega é feita no domicílio.
149. O antônimo de contradição é 158. Marque a afirmativa incorreta sobre o uso da vírgula:
(A) incoerência. a() usa-se a vírgula para separar o adjunto adverbial anteposto;
(B) desacordo. b() a vírgula muitas vezes pode substituir a conjunção e;
(C) contestação. c() a vírgula é obrigatória quando o objeto pleonástico for representado
177. Indique a alternativa correta quanto ao emprego do pronome: 186. Marque a afirmativa falsa:
a() O diretor conversou com nós dois. a ( ) o infinitivo é impessoal quando não se refere a nenhum sujeito;
b() Vou consigo ao teatro hoje à noite. b ( ) os tempos compostos são formados pelos verbos auxiliares e o
c() Esta pesquisa é para mim fazer até o final da semana. particípio do verbo principal;
d() Nada de sério houve entre eu e você. c ( ) o verbo pôr e derivados pertencem à segunda conjugação;
e() Informa a todos que Vossa Santidade está doente. d ( ) o modo indicativo expressa ordem, advertência ou pedido;
e ( ) "entregado" é o particípio regular do verbo "entregar".
178. Classifique corretamente os encontros vocálicos das palavras abai-
xo: 187. Indique o erro:
irmão ; saúde ; queijo ; Paraguai a() enxame é o coletivo de peixes.
a ( ) ditongo ; ditongo ; tritongo ; tritongo b() alma é o substantivo concreto.
b ( ) ditongo ; hiato ; ditongo ; tritongo c() viuvez é substantivo abstrato.
c ( ) hiato ; ditongo ; tritongo ; ditongo d() país é substantivo comum.
d ( ) ditongo ; hiato ; tritongo ; tritongo e() pianista é substantivo sobrecomum.
e ( ) hiato ; hiato ; ditongo ; ditongo
188. Ache o único substantivo feminino:
179. Ache a afirmativa falsa: a() guaraná d ( ) teorema
a() num encontro consonantal, cada letra representa um fonema; b() cal e ( ) trema
b() na palavra "creme" há um encontro consonantal; c() telefonema
c() dígrafo e encontro consonantal são a mesma coisa;
d() os dígrafos podem representar consoantes ou vogais; 189. Indique onde há erro no grau dos adjetivos em destaque:
e() nem sempre ocorre a separação nos encontros consonantais. a() Ele revelou-se um ótimo ator. (superlativo absoluto irregular)
b() Ele é tão inseguro quanto o irmão. (comparativo de igualdade).
180. Qual a palavra abaixo cuja formação não se deu por derivação c() Dizia-se o melhor de todos. (superlativo absoluto regular)
prefixal? d() Pedro é bastante rápido. (superlativo absoluto analítico)
a ( ) antebraço e() Ela é a menos esperta do grupo. (superlativo relativo de inferiorida-
b ( ) infeliz de)
c ( ) renascer
d ( ) somente 190. Ache a palavra erradamente grafada:
e ( ) repor a() esculpir ; borburinho
b() regresso ; louça
181. Qual o significado do radical "cefalo" da palavra "cefaleia"? c() ameixa ; agachar
a() cavalo d() sujeito ; magistral
b() cabeça e() obsceno ; mansidão
c() célula
d() sofrimento 191. Quem se intromete faz uma ...
e() origem a() intromição d ( ) intromissão
b() intromisção e ( ) intromicção
182. Encontre o vocábulo erradamente separado em sílabas: c() intromisão
a() pneu - má - ti - co
b() ap - to 192. Ache a palavra que foi incorretamente grafada sem hífen:
c() coi - sas a() autopeça d ( ) subdiretor
d() a – ve – ri – guou b() contragolpe e ( ) ultramar
e() egíp – cios c() contrasenso
183. Indique o termo erradamente classificado: 193. Encontre a palavra que não tem relação com as outras:
O belo viajante saiu rapidamente. a() livreco d ( ) florzinha
a ( ) O = artigo definido, masculino, singular. b() lugarejo e ( ) mulherona
b ( ) belo = adjetivo uniforme, singular. c() saleta
c ( ) viajante = substantivo simples, comum, derivado, concreto, masculi-
no singular. 194. Marque onde o termo em destaque não é um artigo:
d ( ) saiu = verbo irregular, na 3.ª pessoa do singular do pretérito perfeito a() Os alunos compraram o livro.
do indicativo. b() Eu li a revista e a deixei sobre a mesa.
e ( ) rapidamente = advérbio de modo. c() Ela pegou uns jornais e os entregou ao dono.
d() Nós recebemos o dinheiro que estava no banco.
184. Ache onde o modo da forma verbal em destaque está incorreto: e() O dono da festa falou calorosamente.
a() Não saia da sala! (imperativo)
b() Espero que ele venha à reunião. (subjuntivo) 195. Qual o pronome de tratamento adequado a um sacerdote?
c() Quem lhe deu essa notícia? (indicativo) a() Vossa Santidade
d() Diga-nos a sua opinião. (subjuntivo) b() Vossa Magnificência
e() Gostaria que ele ficasse aqui. (indicativo) c() Vossa Eminência
d() Vossa Reverendíssima