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BolOfSanzt Panem 88(3), 1980

ASSISTtNCIA AO DOENTE MENTAL INTERNADO. ANÁLISE DE


UMA EXPERIliNCIA DE TREINAMENTO DE ATENDENTES EM
HOSPITAL PSIQUIÁTRICO’

Maria Aparecida Minzon?

É necessário algo mals que Um programa de treinamento, ministrado


por pessoas estranhas à institui@io para modificar atitudes, quundo
PTSCprograma se concentra em pessoal de enfermagem do mais baixo
nível da escala hierárquica.

A preocupacáo constante com a modifi- pacientes dependem da estrutura social do


cacáo dos padrões de assistência oferecida hospital. Cogitou-se também de verificar
aos doentes mentais tem sido a base do se o treinamento do pessoal de enferma-
trabalho por nós desenvolvido com o pes- gem interfere na estrutura social da insti-
soal de enfermagem de hospitais psiquiá- tuicáo.
tricos há mais de 15 anos. Urna investiga-
cáo realizada em 1971 (Minzoni, M.A.)
ofereceu elementos para a caracteriza@0 A natureza do assunto
tanto das instituipóes quanro dos elemen-
tos de enfermagem que nelas atuam. A Desde a crenca em entidades malignas
pesquisa em que se baseou o presente tra- capazes de interferir no homem, modifi-
balho destinou-se a obter dados que tor- cando seu comportamento, as concepcóes
nassem possível analisar os efeieos do trei- sobre o doente mental têm evoluído con-
namento sobre o pessoal de enfermagem e forme progridem a ciência médica, as
sobre a inskuicáo onde se realizava. Para ciências sociais e a tecnologia. 0 interesse
isso, levantamos as seguintes hipóteses: a) em descrever e estudar quadros clínicos
náo há mudanca global da assistência de baseados em causas biológicas cedeu lugar
enfermagem no hospital, mas podem ocor- à compreensáo dos conflitos intrapsíqui- .
rer,mud,lncas particulares; b) as mudancas cos, com um melhor conhecimento da
obtidas no conhecimento teórico náo sáo mente e sua dinâmica. 0 homem passou a
acompanhadas por mudancas nas atitudes; ser visualizado no contexto de suas inter-
c) além do treinamento, as mudancas na relacóes e respostas, e 0 elemento impor-
assistência de enfermagem dispensada aos tante é agora 0 comportamento, e náo mais
o sistema. 0 modelo médico náo satisfaz as
novas nocóes de integracáo, equilíbrio e
adaptacáo, no qual a doenca seria a ausên-
’ Adaptado de tese de he do&& aprovada em con- cia desses estad+.
curso no Departamento de Enfermagem Psiqulátrtca da Es-
cola de Enfermanem de R~baráo Preto. USP. Atualmente, diferentes grupos enfocam
* Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem o problema do paciente mental sob dife-
Psiquiátrica e Ciências Humanas da Escola de Enfermagem
de Rlbeirão Preto. rentes ângulos. A psiquiatria e a psicologia

242
*
Minzoni ASSISTENCIA AO DOENTE MENTAL INTERNADO 243

dinâmicas se ocupam da natureza, etiolo- Um marco de referência


gia e tratamento de sua doenca, num en-
foque que procura educar o paciente, para Em nossa concepcáo, o paciente é urna
ajudá-lo a encontrar novas formas de en- pessoa cujas hábitos e costumes e cujas di-
frentar as tensóes, esperando-se ao mesmo reitos civis e sociais devem ser respeitados,
tempo que o sintoma deixe de se manifes- e que expressa a verdade em suas queixas e
tar. A psiquiatria social volta-se mais para a reacóes. Seu comportamento é a forma por
análise do hospital psiquiátrico como con- ele encontrada para comunicar seus senti-
texto vital dos pacientes. Outros mentos, emocóes, conflitos e desejos. Re-
freocupam-se tanto com as influências sulta da luta que enfrenta tanto em rela-
sócio-culturais quanto com as forcas inter- cáo a processos psicológicos internos como
nas, próprias da personalidade de cada a influências sócio-culturais. É, portanto,
um. A psiquiatria preventiva utiliza esses urna pesssoa que passa por urna experiên-
conhecimentos mas visualiza especifica- cia vital profunda. Muitos aspectos de sua
mente a manutencáo da saúde, a reducão personalidade permanecen íntegros e o
do tempo de doenca e a reabilitacão das ambiente é um elemento decisivo na de-
incapacidades. Esses três níveis de atuacáo terminacáo de seu comportamento.
sáo interdependentes e ainda não estão 0 hospital, por sua parte, é um recurso
bem estudados. terapêutico onde o paciente é participante
Assim, o tipo de assistência a ser ofere- de um processo que visa dar-lhe elementos
cido ao doente mental depende das con- para que possa ter urna vida ativa útil e, se
cepcões adotadas. 0 paciente hospitaliza- possível, feliz na comunidade externa.
c@ pode ser considerado como portador Definimos enfermagem psiquiátrica
de urna doenga que deve ser controlada, como um processo interpessoal através do qwzl
como um criminoso sujeito a isolamento’e a enfermeira assiste o paciente. Esse processo
custódia, como urna pessoa que passa por envolve observagáo, avalia@o da observa-
experiências emocionais profundas, como cáo feita e conseqiiente busca das várias
um material inerte a ser moldado, como alternativas possíveis para acáo, interven-
urna crianca mal educada e rebelde ou cáo e, em seguida, urna nova avaliacáo, na
como urna pessoa ignorante e confusa, que qual sáo procuradas as razões dos sucessos
necessita orienta@0 e conselhos, situando- e das falhas da acáo e se definem novas
se num extremo de passividade onde todos interveng6es. Não se trata, porém, de um
atuam sobre ele, ou noutro, de participan- processo exclusivo da enfermeira: existe
te ativo, onde é ao mesmo tempo objeto e porque há urna interacáo, vale dizer, urna
agente de mudanca (Levinson, D. e Gal- reciprocidade, entre ela e o paciente.
l lagher, E., 1971). Observando-se um ao outro, ambos ava-
De modo geral, aceitam-se as seguintes liam as possibiIidades recíprocas, chegam a
funcóes do hospital psiquiátrico: reclusão, urna conclusáo e executam urna ayáo.
manutencao da vida, cuidado ou hospeda- Por outro lado, assistência significafazer
gem, terapêutica reabilitadora e educativa. pelo ser humano o que ele náo pode fazer
0 hospital que desenvolve mais a fun$o por si mesmo; ujudá-lo, quando parcial-
de reclusáo (freqüentemente governamen- mente impossibilitado de cuidar de si
tal) é chamado custodial. Nele, o paciente é mesmo; orientá-lo, ivn;truClo, supervisioná-lo
tratado como cliente ou internado. Como e encaminhá-lo a outros profissionais
internado, é membro residente do hospital (Horta, W.A., 1970).
e vive num mundo restrito, com perda de Segundo esses conceitos, as principais
grande parte de seus direitos de pessoa e funsóes da enfermeira psiquiátrica na
cidadáo. assistência ao paciente hospitalizado sáo:
244 BOLETIN DE LA OFICINA SANITARIA PANAMERICANA Marzo i&l

criar e manter um ambiente terapêutico tos, que recebe pacientes do Estado, e ape-
.que facilite e propicie o desenvolvimento nas do sexo masculino. Seu quadro de en-
do ser humano, e manter com ele, indivi- fermagem compóe-se de quatro homens e.
dualmente ou em grupo, relacóes inter- duas mulheres, todos em nível de atenden-
pessoais positivas. Na execucão da pri- tes.
meira dessas funsões o enfermeiro atua Após urna observa@0 sistematizada ini-
como coordenador das diversas atividades cial do hospital e do pessoal de enferma-
e como receptor e divulgador de comuni- gem, realizamos um programa de treina-
cagóes, mediante atividades relacionadas mento com os atendentes, depois do qual
com a higiene do ambiente, rotinas, ensino foi feita urna reobserva$.o do pessoal e a
e supervisáo do pessoal auxiliar e comuni- instituicáo.
cacóes entre os diversos elementos da Para coleta de dados, foram empregados
equipe. Ao mesmo tempo, deixa que o questionários, entrevistas, observa@o, tes-
paciente participe no planejamento das tes e o treinamento. Aos médicos, ao dire-
atividades. Orienta o pessoal, para que tor e ao administrador foi aplicado um
mantenha com ele um contato humano e questionário de opiniáo sobre o doente men-
amistoso. tal. A técnica de entrevista foi utilizada com
A segunda fun@o envolve urna série de o pessoal de enfermagem, a fim de carac-
cuidados necessários para a manuten@0 terizar a populacáo e verificar suas motiva-
da integridade física e psíquica do pacien- @es para o treinamento. A observa&o, rea-
te, para a aplicacáo de terapias especiali- lizada num período de cinco dias úteis, 16
zadas e para o inter-relacionamento en- horas diarias, teve por objetivo identificar
fermeira-paciente, no qual a enfermeira as atitudes do pessoal de enfermagem be
pode, conforme as necessidades do pacien- com seu grau de conhecimentos técnicos Q1 e
te, desempenhar os papéis de irmá mais classificar a instituicáo segundo sua estru-
velha, conselheira, confidente, professora, tura e funcionamento.
definidora de limites, terapeuta, etc, Seus Para isso, foram usadas tres listas con-
esforcos têm sempre em vista manter ou tendo afirmativas ou situa@es a observar:
levar o paciente à independencia, ao cui- a lista de atitudes, com 64 atitudes possíveis
dado próprio e a formas de comportamen- do pessoal no desempenho de suas ativi- ,
to que náo o isolem dos demais. Nesse con- dades com os pacientes; a lista de técnicas de
texto, a assistência de enfermagem focaliza enferrnagem, contendo as técnicas mais sim-
o paciente como um cliente. ples aos cuidados específicos nas terapias
Segundo o hospital onde a enfermeira especializadas; e a lista de situacóes, consti-
exerce seu trabalho, suas atividades assu- tuida por 120 afirmativas referentes à or-
mem diferentes características. Se o hospi- ganizagáo do hospital, permitindo +
tal é de tipo custodial, com pacientes inter- classifká-lo como custodia& terapêutico ou
nados cabe-lhe, ainda, no contexto de urna numa situasáo indefinida entre um tipo e
terapia humanitária, a funcão de elemento de outro.
mudanca, visando proporcionar aos inter- Foram aplicados ao pessoal de enferma-
nados urna vida agradável, com mais estí- gem dois tipos de testes: um sobre percep-
mulos, menos violacáo de seus direitos @io de funcóes, que constou de urna rela-
humanos e menos restricões. &o de 40 tarefas selecionadas de acorde
com as áreas de atividade, das quais cada
Metodologia atendente assinalaria as 10 que conside-
rava mais importantes, as que mais execu-
0 estudo foi realizado em um hospital tava e as que mais gostava de executar; e
psiquiátrico com capacidade para 1.50 lei- um teste de conhecimentos teóricos básicos
*
Minzoni ASSISTi!NCIA AO DOENTE MENTAL INTERNADO 245

TABELA 1-Situat$es terapêuticas e custodiais observadas, segundo o tipo de paciente, antes e


depois do treinamento (percentagem).

Antes Depois

Situacão G P Total G P Total

Terapêutica 8.7 23,l 31,s 12,5 26,9 39,4


Custodia1 41,3 20,2 61,5 37,s 16,4 53,9
Indefinida 23 3,8 6.7 239 38 67
a Total 52,9 47,l 100,o 52,9 47,1 100,o

G = Governamental
P = Particular

TABELA 2-Opinião de médicos e administradores sobre doerqa mental (Grupo A) e sobre pessoal
de enfermagem (Grupo B).

Adminis- Médico Médico


Questóes do Grupo A Padráo Diretor trador A B

&. 0 doente mental é urna pessoa:


1. nao sabe o que faz
2. parece um animal
3. completamente lauca
4. sempre agressiva
5. com todas funcóes mentais doentes
6. mantem algumas funcóes
mentais sadias x x x x
7. às vezes parece lauco, ZISvezes sadio x x x
8. às vezes pode perder o controle x x x x

2. A doeqa mental:
1. é curável
2. é incurável sempre
3. é curável na maioria dos casos x X
4. pode ser tratada x X x X X
l 5. não tem tratamento X

3. 0 doente mental:
1. precisa ser internado sempre
2. às vezes precisa ser internado x X x x x
3. pode ser tratado em ambulatório x X x x
4. não pode ser tratado em ambulatório

4. 0 doente mental:
1. é atendido em ambulatório pós-
interna@0 x x
2. é atendido em ambulatório antes-
internacão x
3. náo há relacáo entre um e outro X
4. há relasáo entre um e outro X

’ l
d
246 BOLETIN DE LA OFICINA SANITARIA PANAMERICANA Marzo 1980

TABELA 2-(Cont.)

Adminis- Médico Médico


Questóes do Grupo B Padráo Diretor trador A B

13. 0 pessoal de enfermagem serve para:


1. manter paciente no pátio e vigiá-lo
2. manter um ambiente agradável x x x
3. dar cuidados físicos x
4. informar o médico sobre o paciente x x X X X
5. prescrever medicacao de emergên-
cia, na ausência do médico X e

6. conversar com paciente e ajudá-lo


em seus problemas x x X
7. dar atividades ao paciente x X
8. dar cuidados físicos e vigiá-los x
9. dar banho, comida e remédio x

14. 0 pessoal de enfermagem precisa saber:


1. técnicas de enfermagem x x x x
2. enfermagem psiquiátrica x x X x
3. lidar com pacientes corretamente x X x x
4. apenas ler e escrever
5. nada de enfermagem

15. No relacionamento com o paciente, o


pessoal de enfermagem:
1. precisa ser autoritário l
2. precisa ser agressivo algumas vezes
3. deve ser educado e firme x x x
4. fazer a vontade do paciente
5. respeitar os desejos do paciente x x x
6. nao deve ser educado e bom
7. nao deixar objetos pessoais com
0 paciente
8. cortar o cabelo de todos os pacientes x
9. manter objetos pessoais perto do
paciente x
10. deve ser frio e impessoal

de enfermagem psiquiátrica, constituído e aqueles específicos do quadro de enfer-


de um total de 60 quesitos de escolha múl- magem.
tipla com quatro alternativas, urna das Em relacáo ao hospital, foi feita urna
quais correta. descrigão de sua estrutura física e seu fun-
0 treinanzento foi realizado durante um cionamento e urna classifíca@o percentual
mês, com 98 horas de atividades progra- das situacões custodiais e terapêuticas en-
madas, exclusivamente para o pessoal de contradas, antes e depois do treinamento
enfermagem. (Tabela l), segundo a condicáo do pa-
ciente, vale dizer, particular ou indigente
Resultados (isto é, com permanência paga pelo go-
verno).
Foram encontrados dois tipos de resul- Os resultados do questionário de opi-
tados: aqueles que caracterizarn o hospital niáo (Tabelas 2 e 3) mostram urna incoe-
como 0 contexto no qual a popula$o atua rência entre médicos e administradores
% znzoni ASSISTENCIA AO DOENTE MENTAL INTERNADO 247

TABELA 3-Opiniáo dos médicos e administradores sobre o doente mental internado.

Adminis- Médico Médico


Questões do Grupo C Padrão Diretor trador A B

5. 0 hospital psiqui&ico de interna$ío serve:


1. para manter o doente isolado
2. para tratar o doente X. x X x
3. para tratar o doente e isolá-lo x
4. para ajudar o paciente pobre x x
5. para descansar a família do doente X
l 6. para dar lucro ao proprietário
7. para dar lucro e tratar o doente
8. para fazer caridade x

6. 0 doente mental internado:


1. pode assumir responsabilidades x x X
2. pode dar opinióes sobre o tratamenta x
3. pode se locomover pela área
hospitalar x
4. deve permanecer no pátio fechado
5. deve ter horário rígido
6. deve ter horário pré-estabelecido x x x

7. Símbolos de identidade pessoal


todos x
1. sim
< alguns X x x X
*
todos
2. nao
< alguns

8. Símbolos de localiza&io no tempo


todos X x
1. sim
< alguns X X

todos
2. náo
< alguns

9. Símbolos de localiza&io no espaco


l todos x X x x x
1. sim
< alguns
todos
2. náo
< alguns

10. Manter contatos com a família


todos X X
1. sim
< alguns x x
todos
2. náo
< alguns
248 BOLETIN DE LA OFICINA SANITARIA PANAMERICANA

TABELA 3-(Cont.)

Adminis- Médico Médico


Questóes do Grupo C Pedrão Diretor trador A B

11. Símbolos de identidade pessoal de


localzza@o no tempo e no espaco:
1. sáo importantes e necessários x x X
2. náo sáo importantes, nem
necessários
3. devem ser mantidos x x x
4. náo faz diferenca se existem +:

12. Para tratar o doente mental é preciso:


1. pessoal técnico especializado x X x x x
2. ter pessoal de enftlmagem
com preparo x x X x x
3. ter enfermeiras especializadas x x x x x
4. ter assistentes sociais, terapistas
ocupacionais, psicólogo, etc. x x x
5. ter equipe com médico, enfermeira
e atendente
6. ter só médico

quanto ao conceito de doente mental e de Mudancas esperadas e


suas necessidades como paciente inter- ocorridas
nado. 0 teste de percepgão mostrou não
haver também concordancia entre os mé- Em resumo, os dados demonstraram,
dicos, entre estes e os administradores, antes do treinamento, um hospital custo-
nem entre os administradores: todos valo- dial, com pessoal de enfermagem em nível
rizam bastante as atividades administrati- de atendentes, sem instrucáo e sem auto-
vas e dão pouco valor às atividades psicos- nomia de trabalho, pouco relacionamento
scciais. atendente-paciente e paciente-médico,
falta de definicão de funcões por parte do
pessoal de enfermagem, desconhecimento
Pessoal de enfermagem das técnicas, ausência de passagem de y
plantáo e de relatórios escritos, pouca va-
Caracterizam o pessoal de enfermagem lorizacáo das atividades sociais com execu-
a ausência de qualquier tipo de formacáo Sáo mais pronunciada de atividades custo-
ou treinamento profissional, formacáo es- diais, e atitudes inadequadas.
colar de nível primário, experiéncia má- Em observacóes realizadas urna semana,
xima de dois anos de trabalho nesse campo um mês e quatro meses após 0 programa
e idade relativamente baixa (entre 22 e 34 de treinamento organizado com base nes-
anos). Suas atitudes antes do treinamento ses dados, foram constatadas algumas mo-
eram mais custodiais que terapêuticas (Ta- dificacóes na primeira, mas náo nas sub-
belas 4 e 5) e, quanto às técnicas de enfer- seqiientes. Embora tivessem aumentado
magem, apenas a medicacáo via oral era em quase 10% as situacóes terapêuticas na
executada corretamente por todos. primeria semana após 0 treinamento, 0
l
Mznzoni ASSISTl?NCIA AO DOENTE MENTAL INTERNADO 249

TABELA 4-Atitudes custodiais e terapêuticas observadas nos atendentes, por área, antes e depois
do treinamento (percentagem).

Atitude

Terapêutica Custodia1 Total

Área Antes Depois Antes Depois Antes Depois

Necessidades básicas 24,0 15,4 10,9 63 14,6 83


Psicossocial 60.0 53,8 17,2 28,l 29,2 25,5
@nbiente 16,0 30,s - - 4,5 88
Falta - - 71,9 65,6 51.7 46.7

Total 100,o 100,o 100,o 100,o 1OO,0 1OO,0

hospital nao deixou de ser custodial, inclu- encontrarem no último grau da escala hie-
sive pelas atitudes do pessoal de enferma- rárquica, por estarem submetidos a múlti-
gem, que náo apresentaram modifica$o plo comando e por necessitarem do em-
global na assistência aos pacientes interna- prego como meio de subsistkcia-náo foi
dos. Cerca de um mês após o treinamento, a melhor escolha. Foi também um erro náo
os pacientes haviam perdido um pouco da interferir na estrutura social através das
liberdade e do conforto obtido durante o pessoas chaves da instituicáo (médicos e
p8grama e imediatamente depois. Assim, administradores), que viviam em conflito
a meta proposta-que os atendentes exerces- pela discordancia de conceitos.
sem urna terapia humanitária interferindo no Outro aspecto negativo refere-se aos
ambiente-náo foi atingida. Para isso po- treinadores, que náo se preocuparam em
dem ter concorrido muitos fatores relacio- trabalhar com as resistencias do pessoal,
nados com os treinadores, os treinandos, o que se sentiu, particularmente no caso dos
contexto no qual se realizou 0 treina- diretores, ameacado em sua autonomia e
. mento, a própria sociedade e a política de seguranca. Além disso, tratava-se de ele-
saúde do país. mentos de fora -que, após o desenvolvi-
A análise desses fatores demonstrou que mento do programa, se retiraram do con-
a centralizacáo do treinamento no grupo texto, deixando a populacáo com seus ron-
de atendentes-que, embora mais sensíveis flitos e pressões face aos problemas de
’ à mudanca, sáo mais vulneráveis, por se mudanca.
l

TABELA 5-Atitudes custodiais e terapéuticas observadas nos atendentes, segundo


seu nivel, antes e depois do treinamento (percentagem).

Atendente-Chefe Atendente

Atitudes Antes Depois Antes Depois

Terapêuticas 48,0 27,3 20.3 29,4


Custodiais 52,0 72,7 79,7 70.5

Total 100,o 1OO,0 100,o 100,o


250 BOLETIN DE LA OFICINA SANITARIA PANAMERICANA Marzo 199 0

Conclusóes Resumo

Os resultados obtidos confirmam as hi- Este trabalho refere-se a urna pesquisa


póteses levantadas no início do trabalho. sobre o treinamento de pessoal de enfer-
Náo houve mudanca global na assistência magem psiquiátrica que trabalha com pa-
de enfermagem aos pacientes. Alguns cientes internados, feita com o objetivo de
atendentes modificaram suas atitudes e averiguar se o treinamento modifica as ati-
todos melhoraram seu conhecimento, o tudes do pessoal para com os pacientes e se
que, no entanto, náo foi suficiente para influencia na estrutura funcional da insti-
reestruturar a organizacao social da insti- tuicáo no sentido de diminuir as restricõe()
tuicáo. Houve ainda um resultado náo es- Os resultados foram negativos, e sua
perado e altamente negativo: o aumento análise mostrou as razóes que levaram a
da rigidez das normas e regulamentos do isso. Esses relacionarn-se com a situagáo so-
hospital e a conseqüente demissáo do pes- ciológica da instituicáo e de seus adminis-
soal que havia sido treinado. tradores, com ascaracterísticas dos treinan-
Contudo, ainda acreditamos que os hos- dos, no contexto nospitalar, e com os trei-
pitais psiquiátricos podem ser reformados. nadores, pessoas estranhas à situacáo glo-
Resta-nos continuar com novas tentativas bal da assistência oferecida. Cl
até encontrar o melhor caminho.

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Asistencia a los enfermos mentales internados (Resumen)

Este estudio se refiere al adiestramiento de las causas se relacionaban con la situación socio-
personal de enfermería psiquiátrica que atiende lógica de la institución y de sus administradores,
a los pacientes internados y tiene por objetivo con las características de las personas capacita-
investigar si dicha preparación modifica la ac- das, tanto dentro del contexto como en relación
titud del personal con respecto a los pacientes y con los que tienen a su cargo la tarea del adies-
si afecta a la estructura funcional de la institu- tramiento, todas ellas personas que desconocían
ción en el sentido de disminuir las restricciones. la situación global de la asistencia que propor-
Los resultados que se obtuvieron fueron ne- cionaba la institución.
gativos y un análisis de los mismos mostró que

l Care of confined mental patients (Summary)

A study was made of the training given psy- to the sociological situation of the institution
chiatric nursing personnel working with con- and its administrators and to the characteristics
fined patients for the purpose of determining of the trainees, both within the context of the
whether that training modifies the staffs at- training and with respect to those in charge of
titude towards the patients and influentes the providing it, none of whom were acquainted
operational structure of the institution in terms with the overa11 situation of the care provided
of lowering restrictions. by the institution.
The results were negative, for reasons related

Assistance aux malades mentaux hospitalisés (Résumé)

Cette étude se réfère à la formation du per- analyse montre que les causes sont en relation
i sonnel infirmier psychiatrique qui soigne les avec la situation sociologique de I’institution et
malades internés. Elle a pour objectif de re- de ses administrateurs; les causes sont en re-
chercher si cette préparation modifíe l’attitude lation également avec les caractéristiques du
du personnel infirmier vis à vis des malades et personnel compétent autant à I’intérieur de
si elle affecte la structure fonctionnelle de l’ins- ce contexte qu’en relation avec les moniteurs
titution, en vue de diminuer les mesures res- chargés de leur formation. Toutes ces person-
trictives. nes ignoraient la situation global de l’assistance
Les résultats obtenus ont été négatifs et leur que fournissait I’institution.

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