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PLANEJAMENTO E ESTRATÉGIAS NA NUTRIÇÃO DE BOVINOS A PASTO


Fabiano Alvim Barbosa1
Décio Souza Graça2
Guilherme Moreira de Souza3

1 - Médico Veterinário, M.Sc. Nutrição Animal, Doutorando Produção Animal, Escola de Veterinária - UFMG, Bolsista CNPq - fabianoalvim@unb.br.
2 - Médico Veterinário, PhD - Professor Adjunto - Escola de Veterinária - UFMG.
3 - Médico Veterinário, mestrando em Zootecnia - Escola de Veterinária - UFMG.

CENÁRIO DO SETOR AGROPECUÁRIO BRASILEIRO

A economia brasileira tem passado por rápidas transformações nos últimos anos. Neste contexto ganham espaço novas concepções, ações e atitudes,
em que produtividade, custo e eficiência se impõem como regras básicas de sobrevivência em um mercado cada vez mais competitivo e globalizado (IEL et
al., 2000). A conscientização dos pesquisadores, técnicos e produtores rurais envolvidos nesse sistema, bem como, o ajuste para este novo cenário é
primordial para a competitividade da atividade.

O agronegócio tem tido papel da maior importância nas contas externas do País. Em 2004, suas exportações alcançaram cifras acima de US$ 33
bilhões, permitindo um superávit de US$ 29 bilhões ou 25% a mais que o saldo apurado no ano anterior. O Brasil manteve a liderança mundial na
quantidade de carne bovina exportada, com 1,9 milhão de toneladas. A receita cambial foi de US$ 2,5 bilhões. O expressivo crescimento do agronegócio
elevou sua participação no PIB brasileiro, ou seja, na soma de todas as riquezas produzidas no País, para 33,8% em 2003. Em outras palavras, um em
cada três reais gerados pela economia brasileira tem origem no agronegócio (Brasil, 2004). Como mostrado no gráfico 1, os maiores crescimentos na
pecuária ocorreram nos setores de insumos e no primário, isto é, nas propriedades rurais, sendo assim, a necessidade do planejamento na propriedade
rural passa a ser uma ferramenta fundamental para o sucesso da atividade.

Gráfico 1 – Taxa de crescimento por setor do Agronegócio.

Fonte: CNA/ CEPEA-USP, 2005.

Com este crescimento do setor agropecuário, devido ao maior uso de tecnologia nas fazendas, houve um aumento na produtividade e
conseqüentemente maior taxa de abate nos últimos anos, como demonstra a tabela 1. No entanto, o consumo interno per capita continuou estabilizado,
devido principalmente, ao menor poder de compra da população e também pelo menor preço de outros tipos de carne (suínos e aves). Com isto, gerou
uma necessidade na abertura de novos mercados, principalmente o internacional, o que elevou a exportação brasileira em equivalente carcaça (1.300 mil
ton em 2003 para 2.100 ton em 2005) tornando-o maior exportador mundial. O aumento na produtividade é um caminho necessário para se manter no
sistema de produção com boas taxas de rentabilidade. Entretanto, este aumento deve ser acompanhado de um maior consumo em ambos mercados
(mercado interno e externo), caso contrário, gera um excesso de produção e queda nos preços dos produtos (arroba de boi e vaca, preço do bezerro, entre
outros).

Tabela 1 – Balanço da pecuária bovina de corte.

2003 2004 2005

Habitantes (milhões) 177,4 180,0 182,6

Rebanho bovino (milhões) 189,1 192,5 195,5

Taxa de abate - % 19,91 21,51 22,03

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Abate (milhões) 37,6 41,4 43,1

Produção Carne - mil ton. eq. carc. 7.700 8.350 8.750

Consumo interno – mil ton. eq. carc 6.462,9 6.548,9 6.700,0

Consumo per capita (kg eq. carc.) 36,4 36,4 36,7

Exportação - mil ton. eq. carc. 1.300,8 1.854,4 2.100,0

Importação - mil ton. eq. carc. 63,7 53,3 50,0

Exportação – US$ milhões 1.509,7 2.457,3 2.782,7

Importação – US$ milhões 60,2 72,2 67,7

Fonte: CNPC, 2005.

PLANEJAMENTO

Planejar é a palavra apropriada para se projetar um conjunto de ações para atingir um resultado claramente definido, quando se tem plena certeza da
situação em que as ações acontecerão e controle quase absoluto dos fatores que asseguram o sucesso no alcance dos resultados (Alday, 2000).

Segundo Souza et al. (1988) o planejamento estratégico é um instrumento elaborado para que o empresário possa visualizar sua atuação futura, sendo
assim, normalmente, é projetado para longo prazo, com uma abordagem global, definindo o que produzir e o quanto produzir nos anos seguintes.

Algumas etapas são importantes para estabelecer o planejamento estratégico:

a) Determinação dos objetivos - É o ponto principal do planejamento, com definições genéricas, como os propósitos da empresa relacionados ao ramo
de atuação, pretensão futura, busca pelo lucro, segurança, prestígio, social entre outros.

b) Análise do ambiente externo - É necessária a busca de informações mais precisas possíveis com relação às ameaças, oportunidades e restrições
no cenário nacional e mundial que possam aumentar ou diminuir a rentabilidade da atividade. Fatores como preço das commodities, juros, balança
comercial, análise de mercado (oferta e demanda), estudo de tendências futuras, barreiras alfandegárias, taxas de exportações e importações, entre
outras.

c) Análise interna da empresa - É uma análise dos recursos existentes na empresa como os físicos, financeiros, administrativos, mercadológicos,
humanos. Sendo necessário levantar suas disponibilidades, necessidades, fornecedores, etc.

d) Geração e avaliação das metas e estratégias - Segundo Veloso (1997), citados por Barioni et al. (2003), para a determinação das metas alguns
fatores deverão ser avaliados como:

1. recursos disponíveis na fazenda – solos, vegetação, relevo, animais, recursos hídricos, recursos financeiros disponíveis, mão-de-obra
qualificada, estradas, energia elétrica, benfeitorias, etc;
2. imposições ambientais, legais e de mercado;
3. objetivos do empreendedor.

Após estabelecer os objetivos, analisando a empresa e o ambiente externo, utilizando as informações de pesquisas e de experimentação, alem da
experiência das pessoas envolvidas nos processos decisórios deverão ser definidas as estratégias para alcançar as metas propostas no projeto.

Definido o projeto, as metas e as estratégias a serem seguidas, a próxima etapa e a implantação das estratégias que deverão ser executadas pelos
gerentes, técnicos e funcionários da propriedade. Um ponto fundamental neste ponto é a coleta de dados de produção (técnicos e econômicos), para o
monitoramento e avaliação das metas planejadas com as realizadas. Pelo monitoramento consegue-se avaliar quais os pontos críticos do sistema e a
eficiência das estratégias utilizadas. Este e o ponto de ajuste onde deverão ser corrigidos os desvios ocorridos, e as estratégias poderão, ainda, ser
substituídas. Ou corrigir os erros cabíveis e continuar com a mesma estratégia.

O planejamento nutricional

O primeiro passo para iniciar o planejamento nutricional de um novo projeto é levantar os recursos físicos da propriedade (benfeitorias, tipos de solos,
espécies forrageiras, recursos hídricos, tamanho da área, topografia) e as características climáticas da região. É fundamental a planta planialtimétrica
(mapa) para levantamentos do inventário, de índices de produção de matéria seca das forrageiras por área, para recomendações de correções e
adubações de solos, planejamento de novas espécies forrageiras, divisão de áreas, entre outros (Barbosa, 2004b).

Após conhecer a propriedade e as particularidades da região deve-se determinar o sistema de produção de acordo com os objetivos do proprietário,
análises de mercado, recursos financeiros disponíveis, condições ambientais, físicas e externas à propriedade (Barbosa, 2004b).
O planejamento forrageiro deverá proporcionar quantidade anual adequada de forragem à demanda dos animais no sistema, seja por pastagens
extensivas ou, em sistemas mais intensificados, por meio de rotação, adubação e irrigação de pastagens, ou ainda, suplementação volumosa no cocho
(Barbosa, 2004b).

A falta de informações sobre a distribuição do crescimento das forragens ao longo do ano é, atualmente, a principal limitação para o planejamento de
sistemas pastoris. Estas informações podem ser conseguidas por meio de: (1) dados de literatura avaliando o crescimento da forragem ao longo do ano,
(2) modelos matemáticos de crescimento de pastagens, (3) dados locais de monitoramento da massa de forragem, (3) dados locais das taxas de lotação e
desempenho animal (Barioni et al., 2003).

Estes dados auxiliam o inicio do planejamento, entretanto, devido as inúmeras fontes de variações entre locais e entre anos para outro, o monitoramento
é primordial após a implantação do projeto. Metodologias para estimar a produção de forragem por métodos diretos, usando um quadrado metálico de
1m2, ou indiretos, como estimativa visual, medidor de prato ascendente e medições de altura e densidade da pastagem devem ser utilizadas para maior
precisão da informação. Outra alternativa é utilizar o monitoramento da taxa de lotação usada para estimar a demanda de forragem anual (Barioni et al.,
2003).

Outro fato importante no planejamento nutricional que está intimamente ligado à demanda e ao planejamento forrageiro é a exigência nutricional do
animal ao longo do ano. Esta exigência nutricional varia em função da idade, sexo, raça, estádio fisiológico e ganho de peso projetado (Tabela 2).
Analisando a exigência nutricional e a quantidade e qualidade da forragem ao longo do ano defini-se qual a demanda de forragem e a necessidade de
suplementação protéica, energética, mineral e vitamínica para atender aos objetivos de ganho de peso e/ou reprodução (Barbosa, 2004b).

Tabela 2. Exigências nutricionais de bovinos de corte.

Vacas2

Crescimento/
Gestação Lactação
Engorda1

Matéria Seca
2,5 - 2,9 2,1 2,1 – 2,4
Ingerida (MSI) (% PV)

Proteína Bruta (PB) (%) 7,4 – 12,6 6,5 – 8,9 7,2 – 9,8

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Prot. Deg. Rúmen (%PB) 88 – 72,4 80 80

N.D.T. (%) 50 - 70 50 - 60 50- 60

Cálcio (%) 0,2 - 0,52 0,16 - 0,27 0,28 - 0,58

Fósforo (%) 0,12 - 0,25 0,17 - 0,22 0,22 – 0,39

Magnésio (%) 0,10 0,12 0,20

Potássio (%) 0,60 0,60 0,60

Sódio (%) 0,06 – 0,08 0,06 – 0,08 0,10

Enxofre (%) 0,15 0,15 0,15

Cobalto (ppm) 0,10 0,10 0,10

Cobre (ppm) 10 10 10

Iodo (ppm) 0,50 0,50 0,50

Ferro (ppm) 50 50 50

Manganês (ppm) 20 40 40

Selênio (ppm) 0,1 0,1 0,1

Zinco (ppm) 30 30 30

Vitamina A (UI/kg) 2.200 2.800 3.900

Vitamina D (UI/kg) 275 275 275

Vitamina E (UI/kg) 15 - 60 15 - 60 15 – 60

1 - Nelore: 460 kg de peso vivo ao abate e ganho médio diário de 0,35 a 1,3 kg
2 - Nelore: 450 kg de peso vivo

Fonte: National Research Council (1996) – Comitê Americano de Nutrição Animal;


Devido ao crescimento das pastagens e sua qualidade na estação seca do ano ser bem menor, torna-se necessário assumir estratégias caso não ocorra nenhuma venda de animais
no final da estação das águas. Caso contrário, a propriedade não terá pastagem o suficiente para a demanda.

Estas estratégias podem ser:

1. utilizar pastagem diferida, isto é, vedar parte dos pastos na época das águas para sua utilização na seca;
2. suplementação volumosa com silagens ou cana-de-açúcar;
3. suplementação com rações concentradas (acima de 0,4% do peso vivo por dia).

No planejamento nutricional de sistemas mais intensivos com taxas de lotações acima de 2,0 UA por hectare deve-se considerar a necessidade de
utilização de Tecnologias como rotação e adubação de pastagens, suplementação volumosa, suplementação concentrada e em algumas situações
irrigação de pastagens e/ou culturas.

A escolha de quais estratégias utilizar no planejamento nutricional é dependente do planejamento financeiro, isto é, deve-se analisar qual a necessidade
de investimento, fluxo de caixa, a rentabilidade e o retorno do capital investido de cada estratégia dentro do sistema de produção.

Para estas simulações de planejamento as planilhas eletrônicas e softwares são importantes ferramentas para utilizar devido à maior agilidade na
geração das informações para que o proprietário tome a decisão de qual o projeto assumir (Barbosa, 2004b).

SUPLEMENTAÇÃO A PASTO

A pastagem é a base da produção de bovinos no país e o alimento de custo mais baixo quando comparado com as suplementações. A área de
pastagem, com espécies cultivadas no Brasil, está em torno de 115 milhões de hectares, enquanto a área com pastagem nativa é de 144 milhões
destacando-se nesta categoria a predominância das Brachiarias (Zimmer & Euclides Filho, 1997; Zimmer & Euclides, 2000). Estas áreas abrigam cerca
195,5 milhões de cabeças de bovinos e produção de cerca de 8,75 milhões de toneladas de equivalente carcaça (CNPC, 2005).

A capacidade de suporte das pastagens é bastante variável em função do solo, clima, estação do ano e espécie ou cultivar forrageira. O desempenho
animal necessário ou desejado e o sistema de produção adotado têm também efeito marcante sobre a capacidade de suporte.

Os resultados obtidos em pastagens de Panicum maximum cvs. Colonião comum, Tobiatã e Tanzânia, de Brachiaria decumbens e B. brizantha
apresentam valores de ganho de peso anual diferentes (Figura 2). Estes resultados demonstram que a produção animal não está correlacionada com o
total de forragem disponível nas pastagens com grande acúmulo de matéria seca morta. No entanto, ela está assintoticamente correlacionada com a
disponibilidade de materia verde seca (MVS) (Euclides, 2000). Nos pontos máximos, os ganhos diários foram de 500 g e 580 g e as disponibilidades de
MVS de 1.000 kg/ha e 900 kg/ha, respectivamente, para Brachiaria e Panicum. Acima destes valores de disponibilidade de MVS o ganho diário não foi
alterado.

Figura 2 - Relações entre os ganhos de peso diários por animal (y) e as disponibilidades de matéria verde seca (x) em pastagens dos gêneros Panicum e Brachiaria;
Fonte: Euclides & Euclides Filho (1998).

O principal problema na produtividade das pastagens é a ausência ou o uso inadequado de adubação de manutenção, resultando em queda acentuada
da capacidade de suporte e no ganho de peso animal nos três ou quatro anos após sua formação (Zimmer e Euclides Filho, 1997)
Devido à sazonalidade das gramíneas forrageiras nos trópicos, que é caracterizada pela diminuição da produção e do valor nutritivo nos períodos secos do

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ano, ocorre a desnutrição nos animais criados a pasto e conseqüentemente baixo ganho de peso, nesta época. O desenvolvimento dos bovinos pode
também ser comprometido com a ocorrência de veranicos prolongados. Estas fases negativas no desempenho do animal devem ser consideradas em um
programa de produção de carne. O ideal seria o crescimento ocorrer uniformemente durante a vida do bovino. Devido ao desequilíbrio entre os ganhos na
época das águas e da seca, é necessária a suplementação alimentar em certos períodos, para que se possa abater animais com idades inferiores a 30
meses (Carvalho et al, 2003).

Sob condições tropicais, o consumo de pasto é freqüentemente afetado adversamente por baixas concentrações de Na (Sódio), N (Nitrogênio), P
(Fósforo), S (Enxofre), Co (Cobalto), I (Iodo) e outros nutrientes, dependendo da área sob pastejo. A suplementação dos nutrientes deficientes, até o ponto
de atender plenamente as exigências, freqüentemente resulta em dramática resposta no consumo de alimentos e produção animal.

A suplementação a pasto com nutrientes específicos é necessária para obtenção de níveis satisfatórios de desempenho animal. Uma estratégia de
suplementação adequada é aquela destinada a maximizar o consumo e a digestibilidade da forragem disponível. Este objetivo pode ser atingido através
do fornecimento de todos ou de alguns nutrientes específicos, os quais permitirão ao animal consumir maior quantidade de matéria seca disponível, e
digerir ou metabolizar a forragem ingerida de maneira mais eficiente.

Continua...

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