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2. Elementos do Estado
2.1. O Povo
A. Conceito: Consiste no conjunto de nacionais de um Estado, ou seja, as pessoas ligadas a um
Estado pelo vínculo jurídico da nacionalidade. Exclui estrangeiros e apátridas.
B. Nacionalidade
a) Noção: A nacionalidade consiste num direito sobre direitos, que confere uma posição
jurídica ativa a um conjunto de pessoa, a quem é reconhecida a possibilidade de vinculares a um Estado
como membros de um povo.
b) A nacionalidade como direito-dever: A atribuição de nacionalidade fornece uma posição
jurídica ativa, que permite ao sujeito dispor de um conjunto de direitos fundamentais, e uma posição
jurídica passiva, que decorre da sujeição a um conjunto de obrigações específicas (deveres).
c) Nacionalidade e Cidadania: Note-se que, ao longo da Constituição, o termo nacionalidade
foi substituído pelo termo cidadania. Esta distinção tem, na sua base, raízes históricas: no tempo do
Estado Novo, o termo Nação, era tido como superior ao povo e como entidade diferente e
antidemocrática, pelo que, o termo nacionalidade, que deriva da Nação, é evitável.
d) Cidadania Nacional e Cidadania Europeia: A nacionalidade dos Estados da União Europeia
permite adquirir a cidadania europeia,
C. Regime de Aquisição e Perda de Nacionalidade Portuguesa
i) Lei da Nacionalidade nº 2/2006: Esta revisão constitucional levou à limitação da
discricionariedade, ou seja, do poder que o Estado dispõe para recusar a aquisição de nacionalidade.
Permitiu, ainda, a aquisição da nacionalidade através do casamento, dispostos no Artigo 2º. Por último,
segundo a ótica do professor foi um aspeto positivo, alargou o direito de aquisição de nacionalidade a
emigrantes de 2º geração.
a) Critérios para a Atribuição de Nacionalidade: A nacionalidade portuguesa pode ser atribuída
com base nos critérios do ius sanguinis (filhos de sangue português - pai e mãe portugueses), do ius solis
(nascimento em território português) e critérios mistos.
b) Aquisição Originária: A aquisição originária permite que os cidadãos sejam tidos como
cidadãos originários e está prevista no Artigo 1º da Lei da Nacionalidade.
i) Por Efeito Legal.
ii) Por Efeito da Lei e da Vontade do Requerente.
c) Aquisição Derivada: A aquisição derivada não confere a cidadania originária.
i) Por efeito da vontade.
ii) Por adopção.
iii) Por naturalização.
D. Condições dos Estrangeiros e Apátridas em Território Português (previstas no artigo 15º da
Constituição da República Portuguesa).
a) Regime constitucional de equiparação de direitos e deveres: Com base no principio da
equiparação, equipara-se o cidadão português aos estrangeiros e apátridas, por forma a que os direitos e
deveres dos segundos, em território português, seja praticamente os mesmos que os do primeiro.
b) Exceções à equiparação de direitos: É certo que, apesar de tudo, há excepções nessa
equiparação de direitos, previstas no nº 2 do artigo 15º, sendo elas: o acesso a funções de caracter não
2. Os Fins do Estado
2.1. Noção
A. Noção: Os interesses públicos de ordem geral que são prosseguidos pelo Estado.
2.2. Fins Estruturantes do Estado
A. Fins: Segurança, Justiça e Bem-estar.
a) Segurança: Este fim supõe estabilidade nacional, que é fundamental para os Estados.
b) Justiça: Este fim supõe um igual acesso a direitos e deveres.
c) Bem-estar: Este fim supõe a garantir de um nível de bem estar a todos os cidadãos.
B. Fins Específicos: Estão enunciados no artigo 9º da Constituição.
3. As Funções do Estado.
3.1. Noção.
A.Noção: São atividades jurídico-políticas desenvolvidas pela autoridade do Estado Ordenamento
ou Estado de Direito, com vista à realização dos fins estruturantes.
3.2. Concepções Doutrinais Dominantes.
A. Aristóteles: Defendia um governo temperado, que resultava da união de três formas de poder:
a Aristocracia, a Monarquia e a Poliarquia ou Democracia. Qualquer uma destas formas de poder, se
isolava, conduzia a consequências negativas: tirania, oligarquia e demagogia, respetivamente.
B. Locke: O primeiro defensor da Monarquia Constitucional, propôs, assim, um governo misto,
que corresponde ao atual modelo do Reino Unido e que se baseia na ideia de que o poder limita o poder.
Os três orgão são o Rei, a Câmara dos Lordes e a Câmara dos Comuns.
C. Montesquieu: A tripartição dos poderes por ele defendida foi desvalorizada.
D. Benjamin Constant: O primeiro grande teorizador da Monarquia Constitucional, propondo assim
um compromisso entre o poder monárquico e o poder democrático, bem como a quadripartição dos
4. Os órgãos do Estado-Ordenamento
A. Noção: Orgão é um centro autónomo e institucional de poder que exprime uma vontade
funcionam em nome de uma coletividade jurídico-pública integrada no Estado-Ordenamento.
5. Acto Jurídico-Público
2. Classificações de Constituição.
2.1. Constituição em sentido material, formal e instrumental: As Constituições, estruturalmente, podem
ser entendidas como materiais, formais ou instrumentais.
A. Constituição material como estatuto do poder político e estatuto dos cidadãos nas suas
relações com o mesmo poder: A Constituição em sentido material resume os princípios estruturantes das
sociedades modernas, sem se ter em conta o seu regime político.
a) O Estatuto do poder político: Em termos genéricos diz respeito ao estatuto identitário do
poder político e no estatuto da sociedade nas relações que estabelece com esse poder politico. Assim, é a
norma superior do funcionamento do Estado, que corresponde à coletividade e ao ordenamento jurídico.
Por ser o estatuto identitário quererá dizer-se que define o regime, o sistema de governo, a organização
territorial ou a forma do Estado.
b) O Estatuto dos cidadãos em face do poder do Estado: Em sentido material, a Constituição
engloba ainda a comunicação entre o poder político, o Estado, e a comunidade social, através da
exoneração de direitos fundamentais tanto as pessoas individuais como às pessoas coletivas. Ora, cada
sujeito dispõe de direitos fundamentais (direitos liberdades e garantias) que são posições jurídicas ativas
que lhes permitem fazer frente a entes públicos, através dos tribunais.
B. A Constituição formal: a Constituição consiste num conjunto de normas que são dotadas de
hierarquia e de força passiva superiores aos restantes actos normativos.
a) A Constituição como norma de hierarquia superior: As normas constitucionais são
hierarquicamente superiores às restantes normas, devido à sua função ordenadora. A força passiva tem que
ver, por sua vez, na resistência das normas constitucionais à revisão por normas de valor diferente - assim o
é porque o processo de revisão constitucional é um processo agravado e especial. Desta forma, infere-se
que a força passiva tem como principal objetivo garantir o primado hierárquico da Constituição. A intenção
de dificultar a revisão, através de um processo agravado e especial, é também promover consensos largos
no Parlamento. De facto, cabe referir que nem todas as constituições materiais são necessariamente
constituições formais, uma vez que as suas normas não dispõem de força passiva superior às demais leis -
é o caso da Constituição Britânica, a Israelita.
C. A Constituição instrumental
a) Noção: A Constituição instrumental consiste na Constituição como instrumento, ou seja, um
único documento que reconduz todo o texto constitucional. Não está, contudo, necessariamente associado
ao conceito de constituição em sentido formal, uma vez que existem constituições instrumentais que não o
são formalmente e vice-versa.
b) Constituições integralmente instrumentais (Constituição Espanhola, 1978),
predominantemente instrumentais (Constituição Italiana, 1947) e não instrumentais (Constituição Britânica e
Constituição Francesa de 1875): As Constituições integramente instrumentais dizem respeito aquelas cujas
normas estão integralmente reunidas num único documento. As Constituições predominantemente
instrumentais, apesar da essência das normas se encontrar reunida num único texto, existem normas
separadas desse documento (as normas extravagantes). Por fim, as Constituições não instrumentais
correspondem à soma de documentos normativos autónomos, não reunidos num documento único.
c) Receção de normas constitucionais extravagantes: A receção de normas constitucionais
extravagantes tem que ver com a atribuição de valor constitucional a normas externas à Constituição
material. São exemplos desta atribuição os estatutos das regiões com autonomia especial na Constituição
Italiana de 1947 e, ainda, as leis revolucionárias que permitem a incriminação retroativa dos agentes da ex-
PIDE/DGS, em Portugal - vai contra o artigo 29º. Estes seriam exemplos de receção simples. Quanto à
receção plena tem que ver com a atribuição de valor a normas extravagantes, as quais, apesar disso,
conservam a sua autonomia. É exemplo disso a Declaração das Nações Unidas, segundo previsto no nº2
do artigo 16º, que se afirma como parâmetro integrava a interpretativo. Este acaba por ser, assim, um
fenómeno de auto-limitação do poder constituinte.
B. Constituições programáticas:
a) Noção: são as que assumem fins de transformação social, impondo ao poder político metas
e tarefas de conteúdo ideológico, de caracter intervencionista, promovendo os direitos sociais e a
organização económica.
b) Estado social de direito e progamatismo constitucional: São constituições ditas sociais, na
orbita da Constituição de Weimar de 1919, que passaram a incorporar planos de ação estatal. E, ainda,
constituídos de Estados socialistas, como a Mexicana, fascistas, italiana de 1848, corporativas autoritárias,
portuguesa de 1933.
c) A fixação de metas, balanços, planos de ação e utopias no texto constitucional: Estas são
constituições comprometidas com a transformação coletiva, ou seja, com o objetivo do Estado em garantir
que existem meios que promovam os direitos e liberdades dos cidadãos, com especial importância para a
redução das desigualdades sociais que ainda permanecem.
d) Tipos de constituições pragmáticas: Podem variar entre posições sincréticas, como é o caso
das constituições sociais europeias, cuja extensão é moderada, e proxilas, com enunciados extensos
repletos de princípios ideológicos e tarefas sociais e estaduais. Podem, contudo, existir também
constituições programáticas intermédias, sendo uma posição intermédia entre as duas restantes.
3.3. Poder constituinte soberano e não soberano: O grau de liberdade faz variar o conceito entre não
soberano (de soberania restringida) ou soberano.
A. O poder constituinte soberano como decisão jurídica fundamental e incondicional de
fundação de uma ordem jurídica e política de domínio: A vontade do poder constituinte será livre sempre
que esta seja livre e incondicionada. São exemplos o caso norte-americano e o caso francês.
B. Exemplos de poder constituinte não soberano: O poder constituinte será não soberano
sempre que factores exteriores condicionarem a aprovação de uma Constituição na sociedade. Ora, há
vários exemplos de poderes constituintes não soberanos - o autónomo, que diz respeito à aprovação de
constituições de estados federados (Bélgica e Brasil), o de soberania suspensa, no caso do Estado se
encontrar sob ocupação militar (tutela, que limita o modelo político a adotar); o heterónomo, que ocorre
quando as bases da constituição são ditadas por outros Estados ou organizações internacionais
(heteroconstituição ou internacionalização do poder constituinte); o hetero-regulado por Constituição
Antiga, quando há um forte peso de tradições constitucionais.
2. Tipologia:
2.1. Derrogação constitucional superveniente.
a) Noção de derrogação constitucional: Também designada de auto-ruptura constitucional,
consiste numa exceção a um principio geral da constituição, que é permitida pela própria Lei fundamental.
b) Derrogações originárias e supervenientes: As derrogações poderão ser originarias, no caso de
essa exceção ser constante da Constituição originaria, do texto original. É o caso do artigo 292º, da CRP,
que confere valor constitucional a uma lei revolucionaria, que permite a incriminação retroativa dos ex-
agentes da PIDE-DGS e que por isso derroga o artigo 29º. As derrogações podem ainda ser
supervenientes, ou derivadas, se for introduzidas por uma revisão constitucional ou através da aprovação
de uma lei constitucional. É o caso da extensão do mandado do Presidente do Reich Alemão (República de
Weimar). Esta segunda modalidade de derrogação é uma espécie de revisão constitucional.
c) O caso da derrogação ao nº1 do artigo 29º da Constituição Portuguesa: No caso português há
uma derrogação constitucional originária ao artigo 29º, que impede a a incriminação retroativa. Essa
derrogação é imposta pela lei 8/75, de 25 de Julho, uma lei revolucionaria que permite a incriminação
retroativa dos ex-agentes da PIDE-DGS.
2.4. As mutações informais da Constituição: alterações no sentido das normas da Constituição sem
afectação do texto.
A. Noção: as mutações informais consistem em alterações tácitas ou implícitas consistem numa
alteração do conteúdo das normas, sem que a letra seja alterada. Neste sentido, constitui um fenómeno,
situando-se à margem do poder formal de revisão constitucional - não há um procedimento formal simples
prescrito.
a) Fontes fácticas de formação espontânea: As várias fontes de formação espontânea são o
costume (praeter e contra levem, que ainda não são altamente reconhecidos, mas consideram-se mutações
informais), as práticas, as convenções constitucionais consolidadas (alteram o sistema político - as soft law)
e ainda desuso dos princípios e regras, que geram a ineficácia constitucional.
b) Fontes - acto: As fontes acto são geradas por instituições políticas que vão desaplicando e
derrogando normas constitucionais - por exemplo, temos o direito positivo da União Europeia e as decisões
políticas e administrativas.
c) Fontes jurisprudências de base interpretativa: Constituem as sentenças aditivas de revisão
constitucional e as construtivas, provenientes dos tribunais constitucionais, e ainda as decisões do tribunal
da justiça e da união europeia.