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RESUMO:
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Anais do V Congresso de Letras da UERJ-São Gonçalo
isso aconteça, é necessário lançar um olhar para o que foi dito antes
e abrir espaço para o que será dito no meio ou depois do texto, para
que se tenha um significado dos signos. Um conjunto de signos ou
um “outro” texto se formou, com sentidos plurais e diversos.
Essa reflexão sobre o estudo de um texto pode ser classificada
em coerência semântica, sintática, estilística, pragmática.
A coerência semântica é a relação de sentido entre palavras
numa frase ou entre os conectivos dos blocos do texto. São palavras
que pertencem ao mesmo campo semântico ou que são representadas
por sinônimos.
a coerência sintática se refere aos conectivos gramaticais. È
representada pela coesão para que se tenha a coerência semântica.
Os artigos definidos e indefinidos apontam para o gênero dos subs-
tantivos, buscando identificá-los. Os pronomes têm a função de
substituir ou determinar os nomes e realizam a coesão textual.
A coerência estilística se volta ao estilo do usuário em que ele
seleciona ou escolhe elementos lingüísticos - palavras, estruturas
frasais - para formar o texto. Há o estilo que segue a norma de um
determinado contexto ou registro lingüístico. No entanto, sabemos
que mais de um estilo ou uso da língua não prejudica a coerência do
texto como sinônimo de interpretação.
A coerência pragmática compreende uma seqüência de falas,
que vêm seguir uma ordem e uma apropriação em relação à situação
comunicativa. Quando isso não ocorre, dizemos que houve uma
incoerência.
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A coerência, portanto, é formada pelos planos semântico,
pragmático, estilístico, sintático ou gramatical. Temos o fator coe-
rência em um texto, quando esses elementos textuais interagem e
estabelecem uma ação conjunta, ao longo do texto, apontando para
uma compreensão e interpretabilidade textual.
A leitura e a interpretação de um texto é sempre renovada em
diferentes contextos e segundo o momento social, político e cultural
de uma época, pois a experiência de cada um de nós se enriquece à
medida que nos deparamos com os acontecimentos do cotidia-
no.extos produzidos em décadas passadas são submetidos a um novo
olhar. O tempo passa e, juntamente, com ele os leitores. Olhar o
texto “de novo” renova sempre a leitura e possibilita re-leituras. O
inconsciente registra informações as quais não foram percebidas
pelo leitor durante o ato de leitura. Os textos de Rachel de Queiróz,
José Lins do Rego e Alice Walker não somente são relidos por di-
versas gerações, mas reescritos, pois outros textos foram surgindo a
partir dessas obras.
Ler é dialogar com o mundo, enquanto um mosaico de textos,
agindo e atribuindo sentido às imagens, aos gestos e aos sinais, em
geral, que se afirmarão como texto. As cenas do cotidiano obtêm
plena existência através do leitor. A estrutura do texto, organizada a
partir do mundo real, é reorganizada pelo leitor real, que se posicio-
na diante da realidade da qual também faz parte.
Nos textos figurativos, as cores, os traços, a tonalidade das co-
res, as linhas formam o discurso, através da associação entre esses
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elementos. Imagens “organizadas” representam Uma leitura, entre-
tanto, é possível percebermos traços, que se opõem ao sentido co-
mum dessa cadeia semântica, contribuindo para enriquecer a leitura:
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do implica afirmar que o texto é um conjunto formado de partes
solidárias, ou seja, que o sentido de uma depende das outras” (FIO-
RIN, 1990, p. 21).
O livro “O Prazer do Texto”, de Roland Barthes, apresenta o
texto de prazer e o texto de fruição. Este é aquele que desconforta,
faz mover ou aparecer as bases da cultura, da história, do estado
psicológico do leitor, da consistência de seus valores e de suas lem-
branças, “a palavra lembrança, originária do termo latino MEMO-
RARE, está associada à imagem e à percepção” (ROCHA, 2002, p.
28), levando o receptor a entrar em crise com a linguagem. E, aque-
le, o texto de prazer é o que contenta ou agrada, vem da cultura e
liga-se a uma prática prazerosa ou confortável da leitura. Roland
Barthes escreve:
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Esta nos remete para o que foi dito antes, e aquela faz referência ao
que vai ser dito.
A coesão é, portanto, uma relação semântica dentro do sistema
da língua que compreende o léxico-gramatical. Vejamos alguns me-
canismos de coesão que têm sido considerados fundamentais na
lingüística textual ou na teoria do texto: a referência, a substituição,
a elipse, a conjunção e a coesão lexical.
A referência divide-se em pessoal – pronomes pessoais e de-
monstrativos –, demonstrativa – pronomes demonstrativos e advér-
bios –, e comparativa se volta à similaridade entre duas palavras. È
uma espécie de coesão que se classifica em anáfora (antes) e catáfora
(depois).
A substituição leva em consideração a presença de uma pala-
vra ou de uma oração no lugar de outra, procurando redefinir, de
algum modo, o que foi dito. Diferentemente da referência (identida-
de), a substituição é aquele termo que redefine ou se opõe ao refe-
rente. Ainda no item da substituição, temos a elipse que acontece
quando um termo ou um item lexical é omitido.
A conjunção serve para fazer ligações entre termos da oração.
Estes marcadores ora negam uma ação, ora afirmam outra ação, a-
pontando para o sentido do texto. Tais conectores podem ser mas, e,
depois etc e as principais conjunções (aditiva, causal, adversativa,
temporal).
A coesão lexical (reiteração) é a repetição da mesma palavra
ou de um sinônimo no uso de expressões ou termos pertencentes à
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mesma cadeia semântica.
A relação entre coerência e coesão é passível de reflexões de
textos que são coesos, mas não tem coerência, podendo ser encon-
trados, na publicidade e até na música popular brasileira. Esta liga-
ção da coerência com a coesão carece sempre de um novo olhar crí-
tico diante dos textos. A coesão, como sabemos, se afirma a partir
dos seus conectivos, visivelmente, inseridos nos períodos e nas ora-
ções. Já a coerência segue o designado princípio da interpretação,
que é percebido no deslocamento dos elementos gramaticais, na
frase, na oração e no período. A coesão, então, contribui para a afir-
mação do sentido do texto. Enfim, estamos diante de duas palavras,
que percorrem os parágrafos de um escrito, em diferentes níveis, e
que dependem, para se constituírem, num grau de textualidade satis-
fatória, do conhecimento de mundo do leitor.
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Referências Bibliográficas