O educador deve apresentar o método estatístico a seus
alunos já na educação infantil, ensinar a criança que o mundo irá colocar a ela meios para que possa resolver seus problemas cotidianos. Fazer com que a criança compreenda que números, gráficos e tabelas são algo real e presente nas diversas situações da vida e ensiná-la a interpretá-los e a usá-los de forma crítica na solução de questões e problemáticas que surgirão a sua volta, primeiramente no seu cotidiano escolar, familiar e depois no seu cotidiano social. A estatística serve para interpretar tudo, desde ações, acontecimentos, pessoas, escrita e sons. Na sociedade a qual está inserido, o homem precisa estar apto a analisar as informações colocadas pelo meio e assim tomar suas resoluções de forma crítica e consciente. De acordo com Crespo (2009,p.3), “ a Estatística é uma parte da Matemática Aplicada que fornece métodos para a coleta,organização, descrição, análise e interpretação de dados e para a utilização dos mesmos na tomada de decisões.” Os gráficos e tabelas são um dos recursos mais utilizados no ensino da estatística. Ao trabalhar com a criança por meio deles a mesma consegue relacionar a sua linguagem cotidiana com a linguagem matemática. A diferença entre tabela e gráfico fica bem clara já na sua definição, ou seja, tabela é um quadro composto por colunas e linhas que contém dados referentes a uma pesquisa ou situação. Já o gráfico é a forma mais fácil de interpretar os dados estatísticos, pois se utiliza da linguagem visual. Citarei situações educacionais onde o método estatístico pode ser utilizado na educação infantil, séries iniciais e finais do Ensino Fundamental, o professor poderá começar a apresentação do método por intermédio de problemáticas levantadas nos jogos e brincadeiras, assim juntamente com os alunos formular perguntas que interessem aos mesmos com relação à brincadeira, auxiliá-los na coleta de dados e na formação de gráficos e tabelas. Ao brincar ou jogar pedagogicamente a criança entra em contato com o conhecimento de forma concreta e facilitada, cabe ao educador mostrar as crianças que aprender matemática pode ser prazeroso e fácil. “Quando brinca, a criança se defronta com desafios e problemas, devendo constantemente buscar soluções para as situações a ela colocadas.” (KÁTIA STOCCO SMOLE, MARIA IGNEZ DINIZ E PATRICIA CÂNDIDO) Algumas brincadeiras que podem ser usadas em sala de aula e que levam a criança à formação do conhecimento matemático estatístico são: jogos de bola de gude, com bola, brincadeiras de corda e uma brincadeira que é muito conhecida e abrangente a AMARELINHA, que segundo Kamii, propicia o desenvolvimento das crianças de várias maneiras, pois é um jogo que: • Estimula a comparação constante entre as ações dos jogadores; • Apresenta comparações que podem estimular anotações gráficas do desempenho de cada um para outras comparações posteriores; • Exige que os jogadores pesquisem e descubram a quantidade de força que devem usar ao jogar a pedra para acertar o alvo; • Exige estruturação dos movimentos corporais que permitirão as ações de pular no diagrama, o que auxilia o desenvolvimento do raciocínio espacial; • Colabora para o desenvolvimento e memorização da sequência numérica. Independente de que brincadeira, jogo ou atividade que se irá realizar, o docente deve procurar sempre incluir seu aluno em todo o processo, desde a construção do material que será usado até a finalização da brincadeira. P a ra a co n st ru çã o d a a ma re l i n h a u ti l i za re mo s o s s e g u i n t e s m a te r i a i s: ca i xa d e p a p e l ã o ; ca i xa d e l e i t e ; co rd ã o ; fo l h a s u sa d a s ; l á p i s d e c o r ; ti n ta g u a ch e ; c o l a co l o ri d a ; g l i tt e r ; c a n e ti n h a ; g i z d e c e r a ; te so u ra ; b a rb a n t e o u c o rd a d e v a ra l e co l a b ra n ca . In i ci e co m a s c ri a n ça s, p i n ta n d o a s ca i xa s d e p a p e l ã o c o m g u a c h e , a p ó s p e rf u r e o p a p e l ã o d e fo rm a q u e e l a s p o s sa m a l i n h a v á - lo depois. D e i xe as cr i a n ça s co n to rn a re m os n ú me ro s e os d e c o r a re m co m ca n e t i n h a , co l a co l o ri d a e g l i t te r. P a r a re l a ci o n a r a e s c r i ta d o n ú m e ro co m su a q u a n ti d a d e d e se n h e e st re l a s , c o ra çõ e s , b o r b o l e ta s e f o r ma s g e o mé tr i c a s n a ca i xa d e l e i t e , r e co rt e , o u d e i x e i a s c r i a n ça s t e n t a r e m re c o r ta r e co l e n o p a p e l ã o . A l é m d a s fi g u r a s r e co rt a d a s n a ca i xa d e l e i t e , p e ç a a s cri a n ç a s p a r a f a z e re m d e s e n h o s d e a co r d o co m a q u a n ti d a d e . P a ra i s to a p r o v e i te fo l h a s q u e j á fo ra m u t i l i za d a s e d e se n h e n o v e r so c o m c a n e t i n h a , l á p i s d e co r e g i z d e ce ra . A s c ri a n ça s re co r ta m e v o c ê c o l a n a a m a re l i n h a . P a r a to rn á - l a ma i s re si s te n t e p a sse d u r é x l a r g o ou i m p e r me a b i l i ze co m co l a branca. Ao final as cri a n ç a s c o s t u r a ra m. A n e xo 1 . A s re g ra s e m t o d o o j o g o d e ve m se r d i scu ti d a s co m o g ru p o , p r o c u r a n d o a d e q u á -l a s a i d a d e d o s me sm o s . N e s te ca so e s ta m o s p r o p o n d o a A M A R E L I N H A , p a ra cri a n ç a s n a fa i xa e t á ri a d e 5 a n o s . P a r a e s te p ú b l i co a l vo f o i e l a b o ra d a a s s e g u i n t e s r e g r a s : • C a d a a l u n o , n a su a ve z d e ve j o g a r u ma p e d ri n h a d e ma n e i ra a n ã o to ca r n a s l i n h a s , l o g o a cri a n ça d e v e ch e g a r a té a p e d ri n h a p u l a n d o s o b r e o s p é s s e m to ca r n a s l i n h a s. • Ga n h a rá o j o g o q u e m ch e g a r a o C É U se m q u e i ma r . • L o g o co n f o r me o a l u n o fo r ma rca n d o p o n to s e l e d e v e co l o cá -l o n a ta b e l a . A p ó s o j o g o s e rá f e i to co l e t i va me n te a a n á l i se d o s d a d o s c o n ti d o s n a ta b e l a p a r a e mp re g á - l o s n o g rá fi co . ANEXO 2 Sendo assim ao propor a brincadeira AMARELINHA o professor poderá ensinar a criança uma matemática alcançável, auxiliando a criança a desenvolver noções numéricas, de medidas e geométricas. Por meio da brincadeira a criança aprende a contagem seqüencial numérica, a reconhecer algoritmos, noção espacial, coordenação, lateralidade, aprende a comparar quantidades, formular métodos de jogar, auxilia na interação social da turma... Outra brincadeira bem conhecida é o jogo da velha, ele também pode ser empregado no ensino do método estatístico, aqui o realizaremos nos anos iniciais do ensino fundamental. Este jogo da velha será realizado com o corpo, o professor com o auxilio dos alunos desenhará no chão da escola, na sala de aula ou até mesmo em um papel pardo, um retângulo com as seguintes dimensões, anexo 3. As regras são as mesmas do jogo no tabuleiro, porém é necessário acrescentar a intencionalidade de registro na tabela. Esta será da seguinte forma: • Divida a turma formando grupos de 4 e 5 alunos. Cada equipe receberá uma tabela para registrar o nome dos participantes e quantas vezes ganharam, perderam ou deu velha. • Após o jogo cada grupo apresentará sua tabela e coletivamente os dados serão colocados no gráfico. Anexo 4.
Já o jogo que utilizaremos para os anos finais do ensino
fundamental será o FUTEBOL DE CANUDOS, a seguir apresentaremos as etapas do jogo. • Na primeira etapa elencar com os alunos alguns times que fazem parte do campeonato Brasileiro. Lembre de pesquisar antecipadamente para o caso de necessitar complementar a lista, pois a mesma precisa ter a quantidade de alunos. Organizar um sorteio no qual cada criança ficará responsável por pesquisar sobre determinado time, a pesquisa deverá ter a bandeira do time, sua história, curiosidades, vitórias e hino. Depois será elaborada uma tabela de jogos e a turma coletivamente escolherá um nome para o campeonato e o mesmo deverá ser dividido por séries, exemplo A,B,C... • Para a segunda etapa cada série deverá confeccionar seu campo de futebol usando materiais alternativos. Aproveite para também redigir em conjunto as regras do jogo que poderão ser: duração de cada jogo, se os pontos serão corridos ou por eliminatórias. Além de que cada série irá fazer sua tabela de jogos. • Já a terceira etapa consiste na apresentação dos times e inicio do campeonato. 1. Ao final do campeonato os gráficos serão elaborados de acordo com os critérios escolhidos pelos alunos. Também será levado em conta se for um campeonato por pontos ou por eliminatórias, pois os resultados serão diferentes. No caso do campeonato por pontos cada série fica encarregada de fazer seu gráfico de acordo com o desempenho dos times componentes. Já no campeonato por eliminatórias cada série faz um gráfico de seu desempenho, já na final será feito um gráfico coletivo no qual constará evolução dos times. Anexo 5. Outra forma de usar o método estatístico é no cotidiano de sala de aula, onde o professor conduz os alunos ao levantamento de dados, formulando questões de interesse da turma, formando quadros com tabelas e gráficos que mostrem os resultados encontrados. Ao realizar este tipo de trabalho o aluno aprende a ouvir e respeitar a opinião do outro, aprende noções numéricas, de medidas e geométricas, desenvolve esquema de soluções do problema apresentado, desenvolve a escrita verbal e numérica, compreende que gráficos e tabelas trazem dados reais e que eles mesmos podem realizá-los. Um exemplo legal para educação infantil é pedir que as crianças descubram quantas letras tem o seu nome e de seus amigos, e em cima disso formular questões como: Quais nomes começam com vogal? Quantos nomes começam com vogal? Quais nomes começam com consoantes? Quantos nomes começam com consoantes? Quantos amiguinhos têm o mesmo nome? Quantos amiguinhos os nomes começam com a mesma letra? E assim por diante conforme a curiosidade e interesse das crianças, depois pedir que façam um gráfico mostrando em ordem crescente os nomes que tem mais letras. Já nos anos iniciais do ensino fundamental podemos estimular questionamentos referentes a hora do recreio, tais como: Quantos trazem lanches de casa? Quantos utilizam o lanche da escola? Quantos preferem não comer na hora do lanche? Quantos compartilham o seu lanche com o amigo? Quais os alimentos saudáveis aparecem no seu lanche? Quais os alimentos não saudáveis aparecem no seu lanche? Depois de levantarmos as questões a serem respondidas pelos alunos a tabela poderá ser montada de forma individual.O gráfico será elaborado coletivamente com os dados da tabela. ANEXO 5.
Nos anos finais do ensino fundamental poderemos elaborar
uma tabela, cujo tema será a rotina dos alunos extra classe, como por exemplo se estudam , se fazem cursos, que cursos fazem, se utilizam a internet, o quanto a utilizam, estabelecer estes questionamentos com os alunos de acordo com seus interesses. No primeiro momento esta tarefa, tanto tabela como gráfico, será realizada de forma individual.Posteriormente uniremos todos os dados levantados, resultando assim em um único gráfico. ANEXO 6. Também podemos ensinar o método estatístico no cotidiano escolar e familiar, ao pedir que as crianças pesquisem problemáticas que envolvam determinado eixo, que coletem dados, estipulem métodos de alcançar o objetivo desejado e que busquem soluções que resolvam o problema levantado. Desenvolvendo na criança uma mente critica e consciente, aumentando seu conhecimento matemático, aprimorando a lingüística, formando um cidadão capaz de tomar decisões e de resolver seus problemas cotidianos, mostrando que não existe somente uma resposta concreta. “A construção ou a produção do conhecimento do objeto implica o exercício da curiosidade, sua capacidade crítica de “tomar distância” do objeto, de observá-lo, de delimitá-lo, de cindi-lo de “cercar” o objeto ou fazer sua aproximação metódica, sua capacidade de comparar, de perguntar.” PAULO FREIRE A estatística como método educacional deve estar presente desde a educação infantil, auxiliando na aprendizagem, não só numérica, mas também, por exemplo, na aprendizagem escrita, aprender estatística é conhecer o mundo de forma visual, é ler nas entrelinhas, é aprender a interpretar de forma crítica a sociedade e seus problemas, mas principalmente aprender a usá-la no seu cotidiano pessoal. REFERÊMCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• Paulo Freire, Pedagogia da Autonomia: saberes
necessários à prática educativa. 36ªedição, São Paulo: Editora Paz e Terra. • Kátia Stocco Smole, Maria Ignez Diniz, Patrícia Cândido, Brincadeiras Infantis nas aulas de Matemática: matemática de 0 a 6. Porto Alegre: Ed. Artemed, 2008. • Constance Kamii, A criança e o Número. 36ªedição, Editora: Papirus. • Crespo Antônio Arnot, Estatística Fácil. 19ª edição, Ed. Saraiva, 2009.