ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

CLA
Nº 70026707059
2008/CRIME

LEI DOS AGROTÓXICOS. COMPETÊNCIA.

Compete às 5ª, 6ª, 7ª e 8ª Câmaras Criminais julgar
o delito previsto no art. 15 da Lei 7.802/89.
Competência declinada.

APELAÇÃO CRIME QUARTA CÂMARA CRIMINAL

Nº 70026707059 COMARCA DE AUGUSTO PESTANA

LAURI JANDIR HAAS APELANTE

MINISTÉRIO PÚBLICO APELADO

ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos.
Acordam os Desembargadores integrantes da Quarta Câmara
Criminal do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, declinar da
competência em favor da 5ª, 6ª, 7ª ou 8ª Câmara Criminal, com a
conseqüente redistribuição, nos termos dos votos emitidos em sessão.
Custas na forma da lei.
Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes
Senhores DES. JOSÉ EUGÊNIO TEDESCO (PRESIDENTE E REVISOR) E
DES. ARISTIDES PEDROSO DE ALBUQUERQUE NETO.
Porto Alegre, 06 de novembro de 2008.

DES. CONSTANTINO LISBÔA DE AZEVEDO,

Relator.

RELATÓRIO
DES. CONSTANTINO LISBÔA DE AZEVEDO (RELATOR)
Lauri Jandir Haas foi denunciado na Comarca de Augusto
Pestana como incurso nas do art. 15 da Lei nº 7.802/89.

1
 ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

CLA
Nº 70026707059
2008/CRIME

Segundo a denúncia, entre os meses de outubro e novembro

de 2006, em horário indeterminado, na Localidade denominada Boca da
Picada, interior do Município de Augusto Pestana/RS, o denunciado deu
destinação a embalagens vazias de agrotóxicos em desacordo com
exigências estabelecidas na legislação pertinente, depositando vasilhames
próximo 50 metros de um curso d’água e outros ao lado do referido curso
d’água (Auto de Constatação Ambiental das fls. 20/21).
Na ocasião, o denunciado abandonou diversas embalagens
vazias de agrotóxicos das marcas Glifos, Trop, Nimbus, Priori Extra e outras
embalagens (levantamento fotográfico da fl. 19), em sua propriedade rural,
local situado em meio aberto, próximo a um curso d’água, não as
devolvendo ao estabelecimento adequado, conforme determina o artigo 6º,
§2º, da Lei 7802/89.
Recebida a denúncia, o réu foi citado e interrogado,
apresentando alegações preliminares, com rol testemunhal.
Na audiência de instrução e julgamento, em consonância com
a Lei nº 11.719/08, foram inquiridas duas testemunhas da acusação e três
da defesa. As partes não requereram diligências. Em alegações finais orais,
a Dra. Promotora de Justiça pediu a condenação do réu, nos termos da
denúncia; a defesa, a absolvição, por ter ficado esclarecido que o
denunciado não efetuou a prática delituosa de descarte de embalagens.
Daí, a Magistrada proferiu sentença, condenando o réu à pena
de dois anos de reclusão e 10 dias-multa, à razão de 1/30 do salário-mínimo
vigente à época do fato, substituindo a pena privativa de liberdade por
prestação de serviço à comunidade e prestação pecuniária, incurso nas
sanções do art. 15 da Lei nº 7.802/89.
Irresignado, interpõe o condenado, por petição,
tempestivamente, recurso de apelação, alegando que não há elementos
probatórios suficientes para embasar um veredicto condenatório.
2
 ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

CLA
Nº 70026707059
2008/CRIME

A Dra. Promotora de Justiça contra-arrazoou, pugnando pela

manutenção da sentença.
A Dra. Procuradora de Justiça emitiu parecer, opinando pelo
improvimento da apelação.
É o relatório.

VOTOS
DES. CONSTANTINO LISBÔA DE AZEVEDO (RELATOR)
Observo, de início, que esta Câmara não tem competência
para julgar o presente apelo.
Efetivamente, a competência da 4a Câmara Criminal está
determinada no art. 12, inciso II, da Resolução nº 01/98, com a redação
dada pelas Resoluções nº 02/00 e nº 01/06, cuja enumeração é taxativa, não
admitindo ampliação.
“II - À 4ª Câmara:
1- competência originária para as infrações penais
atribuídas a Prefeitos Municipais (Constituição Federal, art. 29, inciso X);
2- competência recursal para as seguintes infrações:
a) crimes de responsabilidade e funcionais praticados por
ex-prefeitos;
b) crimes contra a incolumidade pública (Código Penal -
Título VIII);
c) crimes contra a Administração Pública (Código Penal -
Título XI);
d) crimes de parcelamento de solo urbano (Lei n.º
6.766/79);
e) crimes contra a ordem tributária (Lei n.º 8.137/90);
f) crimes de abuso de autoridade (Lei n.º 4.898/65);
3
 ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

CLA
Nº 70026707059
2008/CRIME

g) crimes contra a economia popular e os definidos no

Código de Proteção e Defesa do Consumidor (Leis n.º 1.521/51 e n.º
8.078/90);
h) crimes ambientais (Lei n.º 9.605/98);
i) crimes contra licitações públicas (Lei n.º 8.666/93)
(...)
Parágrafo único – A subclasse ‘Crimes contra o Patrimônio’,
compreendendo somente os crimes de furto (art. 155, caput, §§ 1º, 2º, 3º, 4º
e 5º; e art. 156, ambos do Código Penal) e roubo (art. 157, caput, §§ 1º, 2º e
3º, do Código Penal), serão distribuídos a todas as Câmaras da Seção
Criminal e atuarão como fator de equalização na igualdade da distribuição
entre os Desembargadores integrantes da respectiva Seção”.
Como se pode ver, não estão relacionados os crimes da Lei nº
7.802/89.
Na verdade, compete às 5ª, 6ª, 7ª e 8ª Câmaras Criminais
julgar o delito previsto no art. 15 da Lei nº 7.802/89, nos precisos termos do
art. 12, incisos II e III, letra c, da referida resolução.
Dessarte, declino da competência em favor da 5ª, 6ª, 7ª ou 8ª
Câmara Criminal, com a conseqüente redistribuição.
DES. JOSÉ EUGÊNIO TEDESCO (PRESIDENTE E REVISOR) - De acordo.
DES. ARISTIDES PEDROSO DE ALBUQUERQUE NETO - De acordo.
DES. JOSÉ EUGÊNIO TEDESCO - Presidente - Apelação Crime nº
70026707059, Comarca de Augusto Pestana: "À UNANIMIDADE,
DECLINARAM DA COMPETÊNCIA EM FAVOR DA 5ª, 6ª, 7ª OU 8ª
CÂMARA CRIMINAL, COM A CONSEQÜENTE REDISTRIBUIÇÃO, NOS
TERMOS DOS VOTOS EMITIDOS EM SESSÃO."\LOP
Julgador(a) de 1º Grau: SIMONE BRUM PIAS