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C([0, 1]) e o teorema da aproximação de

Weierstrass
MAT 0317 - Topologia

15 de junho de 2009

O objetivo destas notas é estudar certas propriedades do espaço C([0, 1])


— em especial, o teorema da aproximação de Weierstrass e alguns resultados
a ele relacionados. A principal referência utilizada na composição deste texto
é o livro Introduction to topology and modern analysis, de G. F. Simmons.

1 Preliminares
Sejam X um conjunto e f : X → R uma função. Dizemos que uma sequência
(fn )n∈N de funções de X em R converge uniformemente para f se, e somente
se, para todo ε > 0, existe n0 ∈ N tal que, quaisquer que sejam n ≥ n0 e
x ∈ X, tem-se |fn (x) − f (x)| < ε.

Lema. Sejam X um espaço topológico e (fn )n∈N uma sequência de funções


contínuas de X em R que converge uniformemente para uma função f : X →
R. Então f é uma função contínua.

Demonstração. Fixe x0 ∈ X e ε > 0 arbitrários. Como (fn )n∈N converge


uniformemente para f , existe n0 ∈ N tal que, para quaisquer n ≥ n0 e
x ∈ X, ocorre |fn (x) − f (x)| < 3ε ; em particular, |fn0 (x) − f (x)| < ε
3
para
todo x ∈ X. Agora, como fn0 é contínua, existe uma vizinhança V de x0 em
X tal que fn0 [V ] ⊆ ]fn0 (x0 )− 3ε , fn0 (x0 )+ 3ε [, i.e., tal que |fn0 (x)−fn0 (x0 )| < ε
3
para todo x ∈ V . Temos então que, ∀x ∈ V ,
|f (x) − f (x0 )| ≤ |f (x) − fn0 (x)| + |fn0 (x) − fn0 (x0 )| + |fn0 (x0 ) − f (x0 )| <
ε ε ε
< 3
+ 3
+ 3
= ε.

1
Assim, f é contínua em x0 e, como x0 ∈ X foi tomado de maneira arbi-
trária, segue que f é contínua. q.e.d.

2 O espaço C(X)
Seja X um espaço topológico. Denotaremos por C(X) o conjunto de todas
as funções contínuas e limitadas1 de X em R. Defina, ∀f, g ∈ C(X),

d(f, g) = sup{|f (x) − g(x)| : x ∈ X} ≥ 0.

Temos que d é uma métrica sobre C(X):


É claro que, para quaisquer f, g ∈ C(X), tem-se que d(f, g) = d(g, f ) e
que d(f, g) = 0 ⇔ f (x) − g(x) = 0 ∀x ∈ X ⇔ f = g. Além disso, dadas
f, g, h ∈ C(X) arbitrárias,

d(f, h) = sup{|f (x) − h(x)| : x ∈ X} ≤


≤ sup{|f (x) − g(x)| + |g(x) − h(x)| : x ∈ X} ≤
≤ sup{|f (x) − g(x)| : x ∈ X} + sup{|g(x) − h(x)| : x ∈ X} =
= d(f, g) + d(g, h).

Proposição. (C(X), d) é um espaço métrico completo.

Demonstração. Seja (fn )n∈N uma sequência de Cauchy em (C(X), d). Para
cada x ∈ X, temos que (fn (x))n∈N é uma sequência de Cauchy em R,
pois |fm (x) − fn (x)| ≤ sup{|fm (x′ ) − fn (x′ )| : x′ ∈ X} = d(fm , fn ) para
m, n ∈ N quaisquer; logo, como R é um espaço métrico completo, existe
limn→∞ fn (x) =: f (x) ∈ R.
Definimos assim uma função f : X → R. Vamos provar que f ∈ C(X) e
n→∞
que fn −→ f em (C(X), d).
Afirmação 1: (fn )n∈N converge uniformemente para f .

Fixe ε > 0 arbitrário. Como (fn )n∈N é uma sequência de Cauchy, existe
n0 ∈ N tal que, para quaisquer m, n ≥ n0 , tem-se d(fm , fn ) < 2ε . Fixe
1
Dado um conjunto A, uma função f : A → R é dita limitada se, e somente se, existe
M > 0 tal que f [A] ⊆ [−M, M ].

2
agora x ∈ X e n ≥ n0 arbitrários. Para todo m ≥ n0 , tem-se que
ε
|fm (x) − fn (x)| ≤ sup{|fm (x′ ) − fn (x′ )| : x′ ∈ X} = d(fm , fn ) < ,
2
logo fm (x) ∈ ]fn (x) − 2ε , fn (x) + 2ε [ para todo m ≥ n0 , e segue então
da definição de f que f (x) = limm→∞ fm (x) ∈ [fn (x) − 2ε , fn (x) + 2ε ].
ε
Assim, |f (x) − fn (x)| ≤ 2
< ε e, como x e n foram tomados de maneira
arbitrária, a afirmação está provada.

Segue então do lema da seção anterior que f é contínua. Provaremos


agora que f é limitada.
Como (fn )n∈N é uma sequência de Cauchy, existe m0 ∈ N tal que, para
quaisquer m, n ≥ m0 , ocorre d(fm , fn ) < 1; em particular, d(fm0 , fn ) < 1
para todo n ≥ m0 . Assim, se M > 0 é tal que fm0 [X] ⊆ [−M, M], tem-se
que fn [X] ⊆ [−M − 1, M + 1] para todo n ≥ m0 , e segue então da definição
de f que f [X] ⊆ [−M − 1, M + 1]. Portanto, f é limitada.
n→∞
Temos então que f ∈ C(X). Provemos, finalmente, que fn −→ f em
(C(X), d) — o que conclui a demonstração.
Fixe ε > 0 arbitrário. Pela afirmação 1, existe n0 ∈ N tal que, para
quaisquer n ≥ n0 e x ∈ X, vale |fn (x) − f (x)| < 2ε ; logo, para todo n ≥ n0 ,
ε
tem-se que d(fn , f ) = sup{|fn (x) − f (x)| : x ∈ X} ≤ 2
< ε. Como ε é
n→∞
arbitrário, segue que fn −→ f em (C(X), d), como desejado. q.e.d.

Note que, dadas f ∈ C(X) e uma sequência (fn )n∈N em C(X), temos que
n→∞
fn −→ f em (C(X), d) se, e somente se, (fn )n∈N converge uniformemente
para f . Em virtude disso, a topologia τd sobre C(X) associada à métrica d é
chamada topologia da convergência uniforme2 em C(X).

3 O teorema da aproximação de Weierstrass


Nosso primeiro — e principal — objetivo nesta seção é provar o teorema da
aproximação de Weierstrass. Para tanto, será utilizado o seguinte resultado:
2
Deste ponto em diante, esta será sempre a topologia considerada sobre o conjunto
C(X).

3
Lema. Para todo n ≥ 1, vale a seguinte igualdade de polinômios na variável
x: n    2
X n k n−k k x(1 − x)
x (1 − x) −x = .
k=0
k n n

Demonstração. Sabemos que


n  
X n k
x (1 − x)n−k = (x + (1 − x))n = 1n = 1.
k=0
k

Tomando a derivada em ambos os lados desta igualdade, obtemos


n  
X n
[kxk−1 (1 − x)n−k + xk (n − k)(1 − x)n−k−1 (−1)] = 0 ⇒
k=0
k

n  
X n k−1
⇒ x (1 − x)n−k−1 [k(1 − x) − x(n − k)] = 0 ⇒
k=0
k
n  
X n k−1
⇒ x (1 − x)n−k−1 (k − nx) = 0.
k
k=0

Multiplicando ambos os lados por x(1 − x), obtemos


n  
X n
xk (1 − x)n−k (k − nx) = 0
k=0
k

e, novamente tomando a derivada em ambos os lados (sendo xk (1 − x)n−k


um dos fatores considerados), segue que
n  
X n
[xk−1 (1 − x)n−k−1 (k − nx)2 − nxk (1 − x)n−k ] = 0 ⇒
k=0
k

n   n  
X n k−1 n−k−1 2
X n k
⇒ x (1 − x) (k − nx) = n x (1 − x)n−k = n.
k k
k=0
|k=0 {z }
=1
x(1−x)
Finalmente, basta multiplicar ambos os lados por n2
para obter
n    2
X n k n−k k x(1 − x)
x (1 − x) −x = .
k n n
k=0

q.e.d.

4
Podemos agora demonstrar o teorema principal desta seção. Para tanto,
vamos introduzir a seguinte notação: dada uma função f : [0, 1] → R, o
n-ésimo polinômio de Bernstein associado a f é o polinômio na variável x
n    
f
X n k n−k k
Bn = x (1 − x) f .
k=0
k n

Teorema (Weierstrass). Dada uma função contínua f : [0, 1] → R, existe


uma sequência de funções polinomiais de [0, 1] em R que converge uniforme-
mente para f .

Demonstração. Fixe ε > 0 arbitrário. Provaremos que existe n ≥ 1 tal


que, para todo x ∈ [0, 1], tem-se |Bnf (x) − f (x)| < ε — o que conclui a
demonstração.
Tome n ≥ 1 arbitrário. Para todo x ∈ [0, 1], temos que
n     X n  
f
X n k n−k k n k
Bn (x) − f (x) = x (1 − x) f − x (1 − x)n−k f (x) =
k n k
k=0
|k=0 {z }
=1
n      
X n k n−k k
= x (1 − x) f − f (x) ,
k=0
k n
logo

X n     
n k k
|Bnf (x) − f (x)| = x (1 − x)n−k f

− f (x) ≤

k=0
k n
n    
X n k
≤ xk (1 − x)n−k f − f (x) .
k=0
k n
Como f é contínua e [0, 1] é compacto, então f é uniformemente contínua;
logo, existe δ > 0 tal que, para quaisquer a, b ∈ [0, 1] com |a − b| < δ, tem-se
|f (a) − f (b)| < 2ε .
Seja  
X n k
k n−k
An (x) = x (1 − x) f − f (x) .
0≤k≤n
k n
| nk −x|≥δ
Temos então que, para todo x ∈ [0, 1],
n    
f
X n k
n−k k
|Bn (x) − f (x)| ≤ x (1 − x) f − f (x) =
k=0
k n

5
 
X n k
k n−k
= An (x) + x (1 − x) f − f (x) ≤
0≤k≤n
k n
| nk −x|<δ
X n ε ε
≤ An (x) + xk (1 − x)n−k · ≤ An (x) + .
0≤k≤n
k 2 2
| n −x|<δ
k

| {z }
≤1

Se provarmos então que existe n ≥ 1 tal que, para todo x ∈ [0, 1], ocorre
An (x) < 2ε , obteremos o desejado.
Seja M > 0 tal que f [[0, 1]] ⊆ [−M, M] — um tal M existe pois, como
[0, 1] é compacto, sua imagem por uma função contínua também é compacta,
e em particular é limitada em R. Temos então que
 
X n k
k n−k
An (x) = x (1 − x) f − f (x) ≤
0≤k≤n
k n
| {z }
| nk −x|≥δ ≤2M

X n
≤ 2M · xk (1 − x)n−k =
k
0≤k≤n
| nk −x|≥δ
2M X n
= 2 · xk (1 − x)n−k δ 2 ≤
δ k
0≤k≤n
| nk −x|≥δ
2M X n 
k
2
k n−k
≤ 2 · x (1 − x) −x .
δ 0≤k≤n
k n
| nk −x|≥δ
Assim, decorre do lema anterior que

2M x(1 − x)
An (x) ≤ ·
δ2 n
1
e, como 0 ≤ x(1 − x) ≤ 4
para todo x ∈ [0, 1], segue então que

M
An (x) ≤ .
2δ 2 n
M ε M
Portanto, se tomarmos n ≥ 1 tal que 2δ2 n
< 2
, i.e., tal que n > δ2 ε
,
ε
teremos que An (x) < 2
para todo x ∈ [0, 1], satisfazendo então a condição
requerida. q.e.d.

6
Note que, como toda função contínua definida num compacto a valores
reais é limitada, este teorema pode ser enunciado da seguinte maneira:

Teorema (Weierstrass). Seja

P = {p ∈ C([0, 1]) : p é uma função polinomial}.

Então P é denso em C([0, 1]).

Com esta formulação, podemos então enunciar o seguinte

Corolário. C([0, 1]) é um espaço topológico separável.

Ideia da demonstração. Seja PQ o subconjunto de P constituído pelas funções


polinomiais de coeficientes racionais. Como PQ é enumerável, o resultado
estará demonstrado se provarmos que PQ é denso em P, ou seja, que, dados
ε > 0 e uma função polinomial f em C([0, 1]), existe uma função polinomial
com coeficientes racionais g ∈ C([0, 1]) tal que, para todo x ∈ [0, 1], tem-se
|f (x) − g(x)| < ε. Para tanto, deve-se usar o fato de que Q é denso em R.

3.1 Generalizações
A título de curiosidade, apresentaremos — sem demonstração — alguns re-
sultados que, num certo sentido, generalizam o teorema da aproximação de
Weierstrass.
Para enunciar o primeiro deles, utilizaremos a seguinte notação: para cada
α ≥ 0, denotaremos por pα a função em C([0, 1]) definida por pα (x) = xα
para todo x ∈ [0, 1].
Note que C([0, 1]) — ou, de modo mais geral, C(X) — é um espaço vetorial
com as operações de soma e produto por escalar definidas ponto a ponto.
Tendo isso em vista, o teorema da aproximação de Weierstrass pode ser
enunciado da seguinte maneira:

Teorema (Weierstrass). O subespaço de C([0, 1]) gerado por {pn : n ∈ N}


é denso em C([0, 1]).

O próximo teorema fornece uma resposta à seguinte pergunta: se 0 =


α0 < α1 < α2 < . . ., sob quais condições tem-se que o subespaço de C([0, 1])
gerado por {pαn : n ∈ N} é denso em C([0, 1])?

7
Teorema (Müntz-Szasz). Nas condições acima, seja S o subespaço gerado
por {pαn : n ∈ N}.
P∞ 1
(a) Se a série n=0 αn é divergente, então S é denso em C([0, 1]).
P∞ 1
(b) Se n=0 αn é convergente e α ∈ R+ \ {αn : n ∈ N}, então pα ∈
/ S.

Passemos agora ao teorema de Stone-Weierstrass, que é provavelmente a


generalização mais conhecida do teorema da aproximação de Weierstrass. O
objetivo deste teorema é obter um resultado análogo ao resultado original de
Weierstrass para o espaço C(X), sendo X um espaço de Hausdorff compacto
arbitrário, ao invés de C([0, 1]). Naturalmente, o conceito de função poli-
nomial pode não fazer sentido tendo-se um espaço de Hausdorff compacto
qualquer como domínio, de modo que serão necessárias algumas definições.
Seja X um espaço topológico. Dizemos que A ⊆ C(X) é uma subálgebra
de C(X) se, e somente se, A é um subespaço vetorial de C(X) tal que, para
quaisquer f, g ∈ A, a função f · g — definida em cada x ∈ X por (f · g)(x) =
f (x)g(x) — é também um elemento de A.
Dizemos ainda que uma subálgebra A ⊆ C(X) separa pontos se, e somente
se, para quaisquer x, y ∈ X distintos existe f ∈ A tal que f (x) 6= f (y).
Estamos agora em condições de enunciar o teorema.

Teorema (Stone-Weierstrass). Sejam X um espaço de Hausdorff com-


pacto e A uma subálgebra de C(X) que separa pontos e que contém uma
função constante não-nula. Então A é densa em C(X).

Note que o teorema da aproximação de Weierstrass pode ser obtido a


partir do teorema de Stone-Weierstrass tomando-se X = [0, 1] e A = P.

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