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..::CAP. VIII–PERSONALIDADE::..

A personalidade diz respeito a um conjunto de características pessoais, persistentes e


suportadas numa coerência interna.

A personalidade é um conceito que apela ao indivíduo, à sua unicidade, no que há de


mais nuclear e específico em si mesmo, mas também à sua diferenciação, no que há de
distintivo dos outros.

A personalidade permite que nos reconheçamos e sejamos reconhecidos mesmo quando,


ao desempenhar os vários papéis sociais, usamos diferentes máscaras que representam
as diferentes personagens.

 NATUREZA DA PERSONALIDADE

A personalidade é uma construção pessoal que decorre ao longo da nossa vida. A


personalidade não se pode isolar de aspectos pessoais como a dimensão fisiológica,
emocional, intelectual, sociomoral, não sendo também independente da consciência e da
representação de si, que cada um tem, nem da sua auto-estima.

Factores Gerais Que Influenciam a Personalidade:

Analisemos então três factores gerais que influenciam a personalidade:

1. Influências Hereditárias  na determinação do temperamento estão as variações


individuais do organismo, concretamente a constituição física e o funcionamento
dos sistemas nervoso e endócrino, que são em grande parte hereditários.

2. Meio Social  o meio social – família, grupos e cultura a que se pertence –


desempenha um papel determinante na construção da personalidade. A
personalidade forma-se num processo interactivo com os sistemas de vida que a
envolvem: a família, o grupo de pares, etc. O tipo de ambiente e de clima
vivenciados influenciam a personalidade.

3. Experiências Pessoais  as experiências pessoais são todas as vivências que


ocorrem na nossa vida. A qualidade das relações precoces e o processo de
vinculação na relação da díade mãe/ filho parecem ser fundamentais na
estruturação e organização da personalidade. A complexidade das relações
familiares vai influenciar as capacidades cognitivas, linguísticas e afectivas,
processos de autonomia, de socialização, de construção de valores das crianças e
jovens.
Os psicólogos dizem ser entre os 2 e os 3 anos que começam a surgir
manifestações de afirmação do ego – personalismo. Esta é uma fase em que a
criança procura normalmente afirmar-se e exercer poder sobre a família, o que
frequentemente acontece pelo negativismo (diz não, opõe-se às ordens…).
É interessante relacionarmos o facto de nesta idade ela empregar, na linguagem
o pronome eu em vez de se referir a si na terceira pessoa. Esta fase de afirmação
corresponde também ao período edipiano na teoria psicanalítica.
Ocorrências e acasos são experiências que marcam a personalidade de quem as
vive. Mas o sentido que nós lhes atribuímos, a forma personalizada como as
representamos, o modo como conseguimos (ou não) superá-las e integrá-las na
nossa vida são também reflexo de uma personalidade.

 TEORIAS DA PERSONALIDADE

 TEORIA PSICANALÍTICA

A personalidade é orientada por forças pulsionais, marcadas pelo inconsciente, por uma
grande importância atribuída à infância e relações de objecto. Numa segunda tópica,
personalidade, comportamentos, fantasias, crenças, opções de vida… são explicados
pela dinâmica entre as instâncias do aparelho psíquico – id, ego e superego – que se
formam ao longo do desenvolvimento psicossexual.

O Princípio do Prazer e o Princípio da Realidade:

O princípio do prazer  que visa a realização imediata dos desejos, rege o inconsciente
e o id. O princípio do prazer entra em conflito com a zona consciente, dominada pelo
princípio da realidade, já que, de acordo com aquele princípio, o sujeito deverá lutar
pela satisfação pulsional.

O princípio da realidade  que domina a vida consciente e corresponde à necessidade


de adaptação ao real social, visa um comportamento controlado, adequado às exigências
desta. O ego, regido por este princípio e tendo em conta as exigências do superego, vai
avaliar quais as pulsões do id que podem ou não ser satisfeitas.

O superego que existe a partir dos 5 anos, vai impor ao ego valores morais e regras
socioculturais, levando-o a viver conflitos, ambivalências, complexos, sofrimentos, mas
também orgulho e bem-estar consigo próprio.

Através dos princípios do prazer e da realidade, Freud pretendeu explicar alguns


processos psíquicos da personalidade como conflitos, fugas e defesas, mas também
desejos, expectativas e ambições.

Personalidade e desenvolvimento psicossexual

O desenvolvimento da personalidade é, na perspectiva freudiana, centrado no


desenvolvimento psicossexual.
O desenvolvimento psicossexual faz-se através dos vários estádios que correspondem à
prevalência de diferentes zonas erógenas, isto é, de partes do corpo cuja estimulação
pode produzir uma excitação sexual.

Os entraves à satisfação pulsional podem levar a uma fixação, isto é, a que uma parte da
energia pulsional fique bloqueada, presa em determinado estádio do desenvolvimento.
Freud vive uma época e uma cultura que reprimiam fortemente a sexualidade desde a
infância. Os sintomas neuróticos, as doenças psicossomáticas, os sofrimentos causados
pela culpabilização, as passagens ao acto, as regressões… que ele encontrou nos seus
pacientes estavam relacionadas com a vida sexual.

O complexo de Édipo do rapaz e da rapariga (também denominado complexo de Electra


no processo da rapariga) é nuclear na personalidade. O ultrapassar desta triangulação
conflitual pai-mãe-filho(a) é condição necessária ao desenvolvimento do equilíbrio, à
satisfação amorosa e à maturação psíquica, já que é dele que o superego faz o seu
aparecimento.

As características da personalidade de cada um resultariam, em grande parte, das


características inatas, das relações de objecto que estabelece, das identificações, das
formas de resolução de conflitos intrapsíquicos e dos mecanismos de defesa que
privilegiou.

 TEORIA PSICOSSOCIAL DE ERIKSON

O conceito central da sua teoria é o da identidade. A identidade está relacionada com o


sentimento pessoal de se sentir como um ser único integrando o passado e antecipando
um futuro; dando um sentido histórico à existência.

A identidade constrói-se tendo em conta as representações feitas sobre nós, bem como
as interacções e os confrontos entre as representações que os outros fazem de nós e as
que nós fazemos de nós próprios.

Os contextos sociais de vida podem ou não facilitar a construção da personalidade. Os


aspectos culturais, o meio psicossocial, as influências educativas vão intervir num
desenvolvimento predeterminado reforçando, bloqueando, inibindo, estimulando.

 TEORIA DA APRENDIZAGEM SOCIAL

As correntes behavioristas tradicionais enfatizaram a acção do meio e dos processos de


aprendizagem no comportamento. Para os comportamentalistas, a personalidade é a
ponte, o mediador entre a situação e a resposta. A personalidade é encarada como o
produto da acumulação das aprendizagens por condicionamento que ocorreram ao longo
do tempo.

A teoria da aprendizagem social mantém a preocupação em assegurar a objectividade


das suas pesquisas através do estudo do comportamento observável. Como Bandura,
vão valorizar as variáveis pessoais: as expectativas, os valores, as competências, as
aptidões, os hábitos culturais. O comportamento é produto da interacção entre as
variáveis da situação (que inclui o comportamento dos outros) e as variáveis pessoais.
No processo de aprendizagem, as pessoas não têm um papel passivo: influenciam e são
influenciadas pelo meio, afectam e são afectadas pelas situações.

Bandura designou por determinismo recíproco a influência mútua entre a pessoa e o


meio.
A personalidade não é inata nem apenas determinada pelo meio: é no jogo das
interacções entre os diferentes factores e variáveis que se pode compreender o
comportamento actual das pessoas. Em todo este processo, assume particular
importância a aprendizagem por modelação.

 ROGERS E A ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA

Rogers é um humanista, acredita na capacidade natural de auto-realização do


indivíduo.
Opõe-se à ideia da pessoa como ser irracional, dominado pelas pulsões e com
dificuldades de autocontrolo. Para ele, a pessoa tenta racionalmente organizar a sua vida
para atingir os objectos pretendidos.

A personalidade é positiva, racional e realista. A pessoa é autónoma e capaz de se


desenvolver, se afirmar, se autodirigir e desfruta de um potencial de crescimento
pessoal e de uma orientação positiva.

A teoria da personalidade rogeriana baseia-se numa racionalidade centrada na pessoa e


no seu potencial de crescimento, na sua capacidade de auto-realização. A pessoa tem
competências que lhe permitem conhecer-se, aceitar-se e transformar-se. Assim, vai
resolver problemas, avaliar-se a si própria e às situações e orientar racionalmente a sua
vida. A pessoa deve atingir o “sentimento positivo de satisfação consigo mesma”. Tem,
pois, uma capacidade de auto-regulação.

Os problemas da personalidade são, em grande parte, incongruências entre a auto-


imagem, o auto-conceito e a realidade. A pessoa deve saber integrar a experiência no
conhecimento de si própria, evoluindo com confiança, realizando-se. A abordagem
centrada na pessoa deve facilitar o processo de mudança do sujeito criando as
condições psicológicas através da relação interpessoal, de autenticidade, aceitação e
empatia.

Um clima “facilitador do crescimento” deve ter estas três condições:

1. Autenticidade  é uma atitude de abertura ao outro, com expressão dos


sentimentos. Ser-se autêntico é ser-se com transparência. A autenticidade
implica a necessidade de se ser congruente entre o comportamento, os
pensamentos e as emoções.

2. Aceitação  é uma atitude de “consideração positiva incondicional”, que se


baseia numa atitude de atenção, de procura de compreensão sem crítica nem
julgamento. A pessoa precisa de ter confiança em si e de se sentir aceite pelos
outros.

3. Empatia  é uma atitude afectiva e compreensiva de comunicação interpessoal.


Procura-se a compreensão da pessoa e do seu mundo interior, como ele próprio
o entende. A compreensão por empatia exige que sejamos capazes de nos
descentrarmos para entendermos o outro do seu ponto de vista.
 MASLOW E A TEORIA DA AUTO-REALIZAÇÃO

Para este autor, é a hierarquia das necessidades – a pirâmide de Maslow – que estudaste
no capítulo sobre a motivação, que está na base da sua teoria da personalidade. A
motivação é o motor da vida das pessoas, sendo a personalidade marcada pelos
diferentes itinerários percorridos pelo indivíduo à medida que as necessidades são
satisfeitas.

“Segundo Maslow, os indivíduos auto-realizados:

• Percebem a realidade de modo preciso;


• Aceitam-se a si próprios, aos outros e ao mundo;
• São espontâneos e despretensiosos;
• Centram-se mais nos problemas do que em si próprios;
• Valorizam a solidão;
• São autónomos;
• Reagem com respeito aos mistérios da vida;
• Têm experiências fortes;
• Identificam-se com a Humanidade;
• Têm relativamente poucos amigos, mas levam-nos a sério;
• Partilham valores democráticos;
• Têm um forte sentido ético;
• Têm sentido de humor sem hostilidade;
• São criativos;
• Resistem à enculturação.

Maslow considera que as pessoas só podem desenvolver a sua criatividade se as


necessidades básicas estiverem relativamente satisfeitas. A produção artística e
científica não resultaria assim do direccionamento das energias recalcadas –
fundamentalmente de natureza sexual – para fins mais elevados.

 MURRAY E A TEORIA DAS NECESSIDADES


PSICOLÓGICAS

Murray vai considerar que só a análise aprofundada do indivíduo, enquanto pessoa,


pode conduzir ao estudo e conhecimento da personalidade. O carácter único da
personalidade leva-o ao estudo aprofundado de casos individuais. Para isso, recorrem a
vários meios: analise de dados biográficos pormenorizados, observação directa do
comportamento dos sujeitos, entrevistas efectuadas por diversos investigadores.

Para estudar a vida do indivíduo, eram analisados vários itens: o desenvolvimento na


infância, as experiências e recordações mais significativas, a história escolar do
indivíduo, as suas relações familiares e escolares, o desenvolvimento sexual, as
capacidades e interesses, os valores éticos e estéticos perfilhados.

Na sua teoria, que o autor designa por personalogia, destacam-se dois conceitos:
necessidades e pressão.
NECESSIDADES

A necessidade é uma força que pode ter origem no interior ou no exterior da pessoa,
organiza e orienta os mais diferentes processos psicológicos: a memória, o pensamento,
a percepção, a acção. Isto é, as necessidades organizam o modo como as pessoas
percebem, sentem, pensam, recordam e se comportam.

Murray identificou 12 necessidades viscerogénicas, isto é, primárias ou orgânicas e 18


necessidades psicogénicas, secundárias ou psíquicas. As primeiras estão relacionadas
com a sobrevivência: necessidade de ar, de oxigénio, de alimento, etc.

As necessidades psicogénicas, que derivam das necessidades primárias ou orgânicas,


podem em determinados momentos, inclusive, superá-las. Isto significa que nem todas
as pessoas vivem as necessidades do mesmo modo: há necessidades que podem
dominar a vida de uma pessoa e ser só relativamente sentidas por outras.

Murray considerou que certas necessidades se manifestam abertamente dado serem


aceites pela sociedade. Designa-as por necessidades abertas. Outras necessidades não
se podem exprimir em determinado contexto sociocultural, sendo reprimidas, inibidas.
São o que designa por necessidades latentes que, mantendo-se inconscientes, se
manifestam nos sonhos, nas fantasias, em sintomas neuróticos, etc.

Nalguns casos, as necessidades fundem-se, realizando-se na mesma actividade ou


objecto. Contudo, é frequente surgir um conflito quando duas necessidades apresentam
forças iguais ou semelhantes, originando assim um estado de tensão.

PRESSÃO:

Intimamente relacionado com o conceito de necessidade está o de pressão. A pressão


pode ter origem num objecto ou pessoa do meio que facilita ou dificulta a satisfação de
uma necessidade.

As necessidades exprimem-se num determinado meio ambiente, num contexto que


bloqueia ou permite a concretização de uma necessidade. Murray designa por tema-
unidade o padrão psicológico do indivíduo, que resulta da forma como ele organiza as
relações entre as suas necessidades e o contexto em que vive. É o tema-unidade que dá
continuidade à sua personalidade.

O DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE:

A personalidade de uma pessoa é produto quer do seu passado – a sua história de vida
- , quer dos objectivos que aponta para o futuro.

Murray considera que a primeira infância tem um papel fundamental na formação da


personalidade: distingue cinco estádios que deixariam marcas na personalidade sob a
forma de complexos influenciando de modo decisivo o desenvolvimento normal do
indivíduo.
A teoria de Murray sobre a personalidade reflecte a influência da psicanálise e das
teorias humanistas, destacando-se o carácter interactivo e dinâmico das suas
concepções. Alguns críticos apontam a ausência de estudos empíricos que fundamentem
a sua teoria.

Uma das aplicações mais conhecidas da teoria das necessidades é na construção do


TAT, que é um dos testes projectivos mais utilizados em que se pretende a apreensão e
interpretação dos aspectos menos visíveis da personalidade: fantasias, desejos,
conflitos…

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