A fidelidade partidária é hoje uma verdade presente no sistema eleitoral
brasileiro. Consultas ao TSE respectivamente de nº 1398/07 e 1407/07 colocaram fim às repetitivas trocas de partidos outrora realizadas pelos mandatários.
Atualmente a troca de partido, seja por mandatário eleito pelo sistema
majoritário, seja pelo sistema proporcional, gera a perda do mandato, quando requerida pela agremiação partidária, ministério público eleitoral e por aqueles que tiverem interesse jurídico perante a justiça eleitoral, desde que não atingidas as justas causas presentes na resolução 22.610/07, expedida pelo TSE e posteriormente alterada pela Resolução 22.733/08, que quando configuradas autorizam o mandatário à troca de partido sem a perda do mandato.
Consideram-se justa causa: a) a incorporação ou fusão de partido; b) a criação
de novo partido; c) a mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário; ou d) grave discriminação pessoal.
Os partidos políticos são órgãos de especial importância neste atual sistema de
representação democrática. Eles agrupam anseios e reflexões ideológicas de toda uma coletividade. Assim como os advogados são indispensáveis à administração da justiça, os partidos políticos também os são quando se trata de representação popular e de soberania popular.
Com efeito, a legislação eleitoral não contempla a hipótese de candidaturas
avulsas. Destarte, é necessária a filiação partidária de no mínimo um ano, com raríssimas exceções para a aquisição da capacidade eleitoral passiva.
Algumas reflexões podem ser apontadas para justificar a atual e acertada
posição da corte superior eleitoral, iniciando pelo entendimento de que a constante mudança partidária promovida pelos mandatários macula a configuração política escolhida pelos eleitores num sistema representacional no qual se visualizaria um esquema de freios e contrapesos, seja na deliberação de matérias de natureza administrativa seja na própria atividade legislativa. A referida condição anterior de insegurança política adstrita à infidelidade partidária não só macula a forma representativa, como também a soberania popular exercida através do prélio eleitoral, consagrando por sua vez a ilegitimidade das representações.
Outro ponto a se discutir é a relevância do partido não visualizada pelo eleitor
que, em respeito à superada insegurança política, votava na pessoa do candidato e não nas diretrizes e ideais partidários. Com efeito, o que se percebia era um indissociação entre a figura do candidato e a coisa pública. Conforme (GOMES, 2008), “ ... o debate político deve ter em foco a realização de idéias e não de projetos pessoais, ou o culto à personalidade”.
A fidelidade doutro modo trouxe o fortalecimento da figura do partido político
que com a manutenção do mandato nos casos de desfiliação injustificada vincula atuação do mandatário à um norte exaltado pelo partido e de observância obrigatória do eleitor quando da escolha representativa no pleito.
Palavras chave: Infidelidade partidária, Mandato, Partido Político.
Referências
CANDIDATO, Joel José. Direito Eleitoral Brasileiro. 11ª Ed. São Paulo: Edipro, 2005.
GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. Belo Horizonte: Ed. Del Rey, 2008.
[1]Docente, Especialista em Direito Processual, Professor de Direito