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1.

Na loja de móveis AAA os vendedores foram obrigados pela gerência a intensificar as vendas
dos móveis produzidos pela empresa BBB, induzindo os clientes, sempre que houvesse
promoção. Para tanto, foram obrigados a utilizar bonés e camisas com propaganda da empresa
BBB e por esta fornecidos. Após dois anos, com promoções bimensais, observou-se o grande
número de vendas dos móveis produzidos pela empresa BBB, o que motivou o seu crescimento a
ponto de ampliar seu parque industrial, bem como o crescimento da loja de móveis AAA.

Os vendedores resolveram ajuizar reclamação trabalhista em face da empresa BBB, requerendo


vínculo de emprego e, conseqüentemente, pleiteando comissões e percentagens por todas as
vendas realizadas durante aqueles anos, bem como os consectários, inclusive FGTS.

Pergunta-se: Os vendedores encontram âncora para tal pleito?

1. Caros colegas Guilherme e Ruberval.

A falta de vivência na área trabalhista, aliada a curiosidade, levou-me, há alguns anos, a


frenquentar um curso de direito do trabalho, onde o professor, Dr. Luciano Viveiros, parecia ser
bastante polêmico. Ele foi consultor da IOB e ministrou aulas em grandes centros de excelência.
Era amado e odiado, no bom sentido, é claro.

Possuia várias teses interessantes. Uma delas é a tese sobre o direito comparado, buscando na
Espanha o instituto da "ajenidad".

A turma se dividia em vários momentos. Por isso resolvi fazer tal pergunta neste forum.

Creio que as respostas estarão sempre corretas, sejam elas SIM ou NÃO. Dependerá bastante do
ângulo de visão.

Eis o texto extraído de seu livro intitulado "Direito do Trabalho - Conflitos - Soluções -
Perspectivas". (Caso haja interesse, pois é uma obra antiga, poderei envia-la por e-mail, pois um
disquete acompanhava o livro).

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Ajenidad

1ª Situação: Gerubal Pascoal, Aderbal Amaral, Marçal Faiçal, Gal Miral e outros eram
vendedores do departamento de móveis do Magazine Nappin S.A. Atendendo à direção da
empresa, o supervisor daquele setor reuniu seus vendedores e informou-os de que,
bimestralmente, aquela loja de departamento faria promoção dos Móveis Gircular. Assim, exigiu
que todos persuadissem os clientes a adquirir aquela linha de móveis e, para isto, seriam também
obrigados a vestir camisetas e bonés promocionais, enquanto durasse a promoção. Tal trabalho
foi realizado e durante vários anos perduraram aquelas promoções bimestrais. As vendas
atingiram seu ápice e os resultados foram excelentes, tanto para as lojas Nappin quanto para
Móveis Gircular que, conseqüentemente, triplicou suas vendas e remodelou seu parque
industrial, transformando-se em pouco tempo numa das primeiras no ramo mobiliário.

Certo dia, Gerubal Pascoal e seus colegas vendedores resolveram ajuizar reclamação trabalhista
em face de Móveis Gircular, requerendo vínculo de emprego e, conseqüentemente, pleiteando
comissões e percentagens por todas as vendas realizadas durante aqueles anos, bem como os
consectários, inclusive FGTS.

Questiona-se: Seria procedente tal reclamação?

Solução: Durante a prestação laboral pode-se desempenhar atividades paralelas, inclusive para
mais de um empregador, contanto que não contravenham as disposições contidas na lei, bem
como as estabelecidas no contrato de emprego. Não existe nenhum preceito legal que proíba tal
situação. E, se entre as partes contratantes nada ficou estabelecido com respeito à proibição de
tal conduta, concluímos que não há nenhum impedimento em trabalhar para dois empregadores
ao mesmo tempo.

Diante do exposto, observamos que Gerubal Pascoal e seus colegas desempenhavam atividades
paralelas. Baseando-se no conceito de ajenidad, depreendemos que aquelas vendas
compulsórias incorporaram ao patrimônio de Móveis Gircular um plus, do qual os vendedores
das Lojas Nappin nem sequer tiveram participação. Houve a utilidade patrimonial do trabalho,
que restou incorporada ao patrimônio do alheio. Aquele plus seria um indício de que existiu uma
prestação de serviços, sem dúvida, ensejando uma relação jurídica entre os vendedores do
magazine e Móveis Gircular.

Não se pode olvidar, também, que aqueles empregados portavam materiais promocionais de
Móveis Gircular na época das promoções; conseqüentemente, fizeram propaganda do alheio.
Ora, seria ingenuidade crer que não havia a utilização deles para promover outra empresa, haja
vista que nada ficou estabelecido sobre participações naquelas vendas específicas, que
resultaram enriquecendo o patrimônio de outro empregador - Móveis Gircular.

Finalmente, a Justiça do Trabalho poderia reconhecer vínculo de emprego entre Móveis Gircular
e os vendedores das Lojas Nappin, por ajenidad. Em tempo, o próprio Artigo 8º da CLT faculta
a utilização do direito comparado visto que tal preceito é oriundo do direito espanhol.

2ª Situação: Gerubal Pascoal era bilheteiro da Viação Coneta Transportes Rodoviários.


Trabalhava em um guichê do Terminal Tietê, em São Paulo. A Viação Coneta participava da
Ponte Rodoviária Rio-São Paulo, da qual também faziam parte a Expresso Vrasileiro e a Viação
Icapemirim. A Ponte Rodoviária atendia à demanda do eixo Rio-São Paulo, sendo que as
participantes optaram por um sistema de rodízio, no qual era escolhida a empresa que estivesse
disponível, de conformidade com o horário das viagens e demais disposições técnicas
estabelecidas, para colocar seus ônibus em serviço.

Gerubal Pascoal vendia constantemente bilhetes para outras empresas, principalmente para a
Viação Icapemirim, à qual destinava o maior número de coletivos para atender à demanda.
Nunca se viu tantos bilhetes vendidos para a Viação Icapemirim, ainda mais nos finais de
semana e vésperas de feriado, transformando a empresa numa geradora de lucros excepcionais.
Esta aumentou seu patrimônio assustadoramente e seus proprietários estavam cada vez mais
ricos.

Cansado de vender bilhetes para a Viação Icapemirim e receber apenas o


salário pago pela Coneta Transportes, Gerubal Pascoal resolveu ajuizar reclamação trabalhista
em face da Viação Icapemirim. Requereu vínculo de emprego e todos os títulos contratuais como
horas extras e comissões, o que achava justo, bem como as demais verbas consectárias e FGTS.

Questiona-se: Gerubal Pascoal lograria êxito em tal reclamação?

Solução: Pelo que se pode depreender do caso em tela, havia uma relação de emprego, paralela,
onde Gerubal Pascoal desempenhava o papel de vendedor em favor de outrem, inclusive porque
sua empresa andou diminuindo as atividades e, concomitantemente, outra começou a exigir sua
força de trabalho cada vez mais. Não há dúvida da existência da utilidade patrimonial do
trabalho, neste caso.

A Viação Icapemirim incorporava ao seu patrimônio um plus incomensurável, aumentando a sua


frota de ônibus e o seu caixa, pelas excelentes vendas registradas. Gerubal Pascoal
desempenhava seu trabalho enriquecendo outrem, neste sentido a ajenidad caracteriza a
utilização do trabalho pelo alheio.

Portanto, a Justiça do Trabalho poderia reconhecer a existência de relação de emprego entre


Gerubal Pascoal e a Viação Icapemirim, amparando-se no direito comparado previsto no Artigo
8º da CLT.

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