MUDANÇAS DA BASE TECNOLÓGICA NA PRODUÇÃO CANAVIEIRA DO
BRASIL: um olhar sobre as atuais perspectivas para o mercado de trabalho
* Fernanda Goulart Duarte, Universidade de Brasília, Centro de Desenvolvimento Sustentável- CDS/UnB, fefernandinha22@yahoo.com.br
* Jean François Tourrand, Centro de Cooperação
Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento- CIRAD, França, e Centro de Desenvolvimento Sustentável-CDS/UnB tourrand@aol.com
* Laura Maria Goulart Duarte, Universidade de
Brasília, Centro de Desenvolvimento Sustentável- CDS/UnB lauraduarteunb@yahoo.com.br
RESUMO
Tendo em vista o choque da oferta e do preço de petróleo em 1970, a crescente
preocupação com as questões ambientais e a necessidade de reduzir as emissões de CO2,, coloca-se como um dos principais campos de estudo e de discussão o desenvolvimento de energias renováveis a partir da produção de agroenergéticos. Os biocombustiveis aparecem como uma alternativa promissora de geração de energia limpa. Considerando a abertura de mercado para a exportação do etanol brasileiro, dentre outros fatores, a estrutura do setor canavieiro vem se modificando, notadamente pelo aumento do processo de concentração da produção; pela mecanização do corte e plantio da cana-de-açúcar e pela utilização de novas tecnologias, como tratores monitorados por satélites, colheitas de precisão e máquinas de adubagem com controle eletrônico, co-geração de energia elétrica por meio do bagaço da cana e a hidrolise. A discussão sobre a expansão desse setor no Brasil apresenta muitas controvérsias, especialmente quando o mesmo é analisado sob o ponto de vista multidimensional, ou seja, a partir das diferentes dimensões que envolve: a social, ambiental, econômica, política, entre outras. Dentre elas, destaca- se a polêmica sobre a mudança da base tecnológica na produção de cana-de- açúcar e os impactos causados, sobretudo, no mercado de trabalho. É neste contexto que se insere o presente estudo, tendo como objetivo geral analisar as atuais perspectivas para o mercado de trabalho no setor canavieiro do Brasil, em especial da produção de cana-de-açúcar no Brasil, considerando as novas dinâmicas advindas com a modernização tecnológica. A base metodológica para esse estudo fundamentou-se em pesquisa bibliográfica e documental. Fizeram parte do referencial teórico-conceitual, dentre outros, os autores: Afrânio Garcia Júnior, Célio Berman, João Nildo Vianna, Márcia Azanha Ferraz de Moraes e Ricardo Abramovay. Como principais fontes de dados foram utilizados: o Anuário Estatístico da Agroenergia e o Balanço Nacional da Cana de Açúcar e Agroenergia, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) do Brasil; o Mapa do Emprego Formal (MTE); a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA); o Balaço Energético Nacional (BEN); o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além de uma Introdução Geral e das Considerações Finais, este artigo é constituído dos seguintes capítulos: Setor Sucroalcooleiro no Brasil – panorama geral e perspectivas; As relações de Trabalho no Campo e no Setor Canavieiro no Brasil; Mudanças tecnológicas na Produção da Cana-de-açúcar: perspectivas para o mercado de trabalho. Dentre as discussões apresentadas, destaca-se a polêmica sobre o uso de terras para o cultivo e a mudança da base tecnológica, sobretudo sobre os impactos ambientais e socioeconômicos. Algumas alternativas vêm sendo debatidas com vistas a evitar uma catástrofe social advinda da supressão de empregos no setor. Considerando que a colheita mecanizada é tida como um procedimento limpo com alto percentual de seqüestro de carbono, uma delas seria a venda desse percentual no mercado de carbono de forma a proporcionar a aposentadoria ou a capacitação para outro tipo de mercado de trabalho aos trabalhadores canavieiros.