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Diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista – TEA: Definição de critérios e

considerações sobre a prática

Julho/2018

Diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista - TEA


Definição de critérios e considerações sobre a prática

Márcia Fernandes Borges da Silva – marciafernandesbs@gmail.com


Especialização em Avaliação Psicológica
Instituto de Pós-Graduação - IPOG
Florianópolis, SC, 21 de Agosto de 2017

Resumo
O objetivo deste artigo é oferecer informações acerca do que vem a ser o Transtorno do
Espectro Autista e apresentar considerações sobre as técnicas utilizadas no processo
avaliativo no momento atual no Brasil e em alguns países. Por ser um Transtorno em
constante pesquisa em diversos países e com diferentes direcionamentos de estudos,
observa-se a necessidade de constante capacitação dos profissionais que realizam este
diagnóstico, assim como de critérios de avaliação bem definidos dentro dos padrões
mundiais. Desta forma, busca proporcionar uma reflexão sobre os aspectos que
envolvem tal diagnóstico. Através de pesquisa bibliográfica e documental, foi utilizado
banco de artigos e periódicos do google acadêmico, no período de 1998 a 2017, lume
no período de 2013 a 2017 e sites oficiais referentes ao TEA. O desenvolvimento da
pesquisa permitiu à conclusão de que as práticas de avaliação atuais no Brasil estão de
acordo com os parâmetros dos demais países, porém ainda existe a necessidade de
pesquisas atualizadas nesta área, assim como discussões sobre os procedimentos e
técnicas utilizadas entre os profissionais envolvidos.

Palavras-chave: Transtorno do Espectro Autista. Diagnóstico. Técnicas


1. Introdução

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem sido pesquisado em diversos países, em


busca de respostas sobre causas e formas de amenizar os sintomas. Dentro desta
realidade, entende-se a importância de realizar o diagnóstico deste Transtorno de forma
criteriosa e consciente desta realidade, de acordo com os constantes avanços de pesquisa
na área.

A prevalência do Autismo tem se apresentado crescente de acordo com SILVA e


MULICK, 2009:122, afirmam que os primeiros estudos epidemiológicos em 1979,
apresentaram 4 a 5 casos em cada 10.000 nascimentos, sendo em estudos posteriores
entre 2001 e 2008, apresentaram 40 e 60 casos em cada 10.000 nascimentos. Como
podemos observar, os dados sobre prevalência são investigados por pesquisadores, mas
existem poucos registros atualizados. SILVA e MULICK, 2009:122, levantam a
hipótese de que este aumento se deve ao aumento de critérios de diagnóstico, que
ampliam a quantidade de casos que antes não eram considerados ou eram

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 9, Edição nº 15 Vol. 01 julho/2018
Diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista – TEA: Definição de critérios e
considerações sobre a prática

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diagnosticados de forma equivocada. Mas os autores afirmam que ainda não temos esta
resposta.

De acordo com a Sociedade de Autismo Americana (2015), cerca de 1% da população


mundial possui transtorno do espectro do autismo, com a prevalência nos Estados
Unidos estimada em 1 em cada 68 nascimentos.

No Brasil, de acordo com MELLO, ANDRADE, HO e DIAS, 2003:45, a prevalência de


autismo é de 0,62% da população em 2010. Em Santa Catarina, como afirma
FERREIRA, 2008:58 prevalência do Autismo é de 1,31 casos a cada 10.000 pessoas,
em dados coletados nas APAEs e FCEE (Fundação Catarinense de Educação Especial).
Diante destes dados, surge o interesse por investigar em pesquisas estatísticas de
prevalência de TEA atualizados como se apresentam estes dados.

Diante deste possível de aumento na ocorrência de casos de TEA, observa-se a


necessidade de “discussões entre os profissionais da área, servindo como diretrizes para
o aprimoramento das práticas diagnósticas implementadas no Brasil como um todo”.
(SILVA e MULICK, 2009:119). Foram investigados quais procedimentos são
realizados por profissionais que atuam na avaliação de TEA em alguns países.
Constatou-se a importância da entrevista com os pais na obtenção de dados sobre a
história clínica e a funcionalidade dos indivíduos. Em diversos países, assim como no
Brasil são utilizadas escalas de observação dos comportamentos típicos de TEA, que
são baseadas em critérios de diagnóstico do CID 10 e DSM IV e DSM 5. Os autores
consideram a importância de capacitação dos profissionais nas diversas áreas, para
estarem preparados para lidar com esta demanda.

Sendo assim, o presente artigo busca oferecer informações provindas de pesquisa em


referencial teórico sobre o Transtorno do Espectro Autista, o significado do termo
Transtorno, critérios para realização do diagnóstico e apresenta considerações sobre as
técnicas utilizadas no processo avaliativo no Brasil e em alguns países e, para desta
forma, levar a uma reflexão sobre as técnicas mais adequadas para esta prática no
momento atual. Para finalizar, são apresentadas algumas considerações sobre
possibilidades de reabilitação, informação importante a ser oferecida às famílias ao ser
finalizada a avaliação.

2. Definição de Transtorno
Para melhor compreensão sobre o conceito TEA é importante que tenhamos clareza
sobre o que é Transtorno. De acordo com o DSM 5, 2014:20, Transtorno é caracterizado
por “perturbação clinicamente significativa na cognição, na regulação emocional ou no
comportamento de um indivíduo que reflete uma disfunção nos processos psicológicos,
biológicos ou de desenvolvimento subjacentes ao funcionamento mental”. Os
Transtornos sempre levam ao sofrimento ou incapacidade que afetam a funcionalidade
dos indivíduos nos seus diferentes contextos.

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Ano 9, Edição nº 15 Vol. 01 julho/2018
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É comum a ocorrência de mais de um transtorno do neurodesenvolvimento, como a


Deficiência Intelectual (Transtorno do desenvolvimento intelectual) associada a
Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) ou Transtorno de
aprendizagem, de acordo com as informações do DSM-5, 2014:31.
Para a realização do diagnóstico de transtorno, é preciso investigar a história clínica do
indivíduo, de forma criteriosa, contendo [...] “fatores sociais, psicológicos e biológicos
que possam ter contribuído para o desenvolvimento de determinado transtorno mental”
(DSM 5, 2014:19).
O Transtorno do espectro autista (TEA) está entre um grupo de transtornos do
neurodesenvolvimento que são definidos como “ um grupo de condições com início no
período do desenvolvimento. [...]. Os transtornos tipicamente se manifestam cedo no
desenvolvimento, em geral antes de a criança ingressar na escola, sendo caracterizado
por déficits no desenvolvimento que acarretam em prejuízos no funcionamento pessoal,
social, acadêmico ou profissional ” [...]. (DSM-5, 2014:31)

3. Critérios para o diagnóstico de TEA


O TEA é caracterizado por déficits na comunicação ou interação social, padrões
restritos ou repetidos de comportamento, interesses ou atividades. Os sintomas devem
aparecer no período do desenvolvimento, causam prejuízo significativo no
funcionamento social e estes sintomas não são explicados por deficiência intelectual ou
atraso global no desenvolvimento, de acordo com o DSM 5, 2014:50.
De acordo com os pressupostos do DSM 5, realizar um diagnóstico não é somente fazer
uma lista de características, mas é necessário treinamento clínico para identificar os
sinais que extrapolam os limites da normalidade. O objetivo principal de se realizar um
diagnóstico é [...] “desenvolver um plano terapêutico abrangente que esteja em
consonância com o contexto cultural e social do indivíduo. ” (DSM 5, 2014:19).
Na opinião de CZERMAINSKI, 2012:12 “a compreensão do autismo e dos transtornos
a ele associados permanece ainda hoje uma tarefa complexa, devido à heterogeneidade
clínica apresentada por indivíduos nesta condição”, segundo o qual serão abordados a
seguir.
De acordo com Ferreira, 2009:15 apud ONZI E GOMES, 2015:192, para ser realizado o
diagnóstico de TEA, é preciso muito estudo, pois cada caso tem suas diferenças, uns
apresentam certas características, outros não. Podem ser mais atentos, outros mais
sociáveis, “nem todos são iguais”.
Como podemos observar, os autores enfatizam a complexidade na realização do
diagnóstico de TEA, o que exige dos profissionais muito conhecimento acerca das
características peculiares que podem apresentar cada caso. Por este motivo, a avaliação

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deve iniciar a partir de entrevista estruturada com objetivo de realizar um levantamento


detalhado sobre a história do indivíduo.
O diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) é clínico, ou seja, realizado a
partir de entrevista com os pais ou responsáveis e da observação da criança
individualmente ou em outros contextos. Ainda não existem exames específicos para
este diagnóstico, nem marcadores biológicos. Após avaliação médica, é comum a
solicitação de exames para investigação de doenças ou síndromes associadas, de acordo
com AMORIM, AMA, 2017.
Conforme afirmam SILVA e MULICK, 2009:118, o diagnóstico de autismo em
diversos países da Europa e América do Norte (Estados Unidos e Canadá) é realizado a
partir de critérios do CID 10 e DSM-IV. Da mesma forma ocorre no Brasil.
A pesquisa bibliográfica realizada por FERREIRA, 2008:56, aponta que os critérios de
diagnóstico realizados pela FCEE (Fundação Catarinense de Educação Especial) em
Santa Catarina, estão baseados no DSM-IV e segundo a autora, é a instituição de
referência no estado na realização de diagnósticos por equipe interdisciplinar.
No presente artigo, serão considerados os critérios diagnósticos do DSM-5, 2014, por
ser o instrumento mais atualizado no momento atual.
O Transtorno do Espectro Autista é caracterizado por cinco critérios de diagnóstico de
acordo com o DSM-5:
A. Déficits persistentes na comunicação social e na interação social em
múltiplos contextos, conforme manifestado pelo que segue, atualmente ou
por história prévia
1. Déficits na reciprocidade socioemocional, [...].
2. Déficits nos comportamentos comunicativos não verbais usados para a
interação social, [...].
3. Déficits para desenvolver, manter e compreender relacionamentos, [,,,].
(DSM-5, 2014:50)
O DSM-5, 2014:50 complementa que o critério A, se refere a dificuldade destes
indivíduos para estabelecer diálogo, para compartilhar interesses, emoções e afeto.
Demonstram dificuldade em iniciar ou a apresentar respostas em interações sociais.
Também apresentam dificuldade em integrar a comunicação verbal e não verbal,
comumente utilizadas em contatos sociais. Apresentam dificuldade em manter contato
visual, podendo apresentar-se de forma anormal, assim como na linguagem corporal,
com dificuldades em compreender e utilizar gestos, expressões faciais, ou qualquer
outra forma de expressão não verbal. Os indivíduos podem apresentar dificuldades em
adequar-se nos diferentes contextos sociais ou em compartilhar brincadeiras
imaginativas, com pouco ou nenhum interesse por seus pares.

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B. Padrões restritos e repetitivos de comportamentos, interesses ou


atividades, conforme manifestado por pelo menos dois dos seguintes,
atualmente ou por história prévia [...].
1. Movimentos motores, uso de objetos ou fala estereotipados ou
repetitivos [...].
2. Insistência nas mesmas coisas, interesses nas mesmas coisas, adesão
inflexível a rotinas e padrões ritualizados de comportamento verbal ou não
verbal [...].
3. Interesses fixos e altamente restritos que são anormais em intensidade
ou foco [...].
4. Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais ou interesse por
aspectos sensoriais do ambiente [...]. (DSM-5, 2014:50)

No que se refere ao Critério B, o DSM-5, 2014:50 acrescenta que os movimentos


motores referem-se por exemplo, a balanço do corpo ou das mãos. O “uso de objetos ou
fala estereotipada” manifestam-se no cotidiano da criança na forma de práticas não
comuns como alinhar brinquedos, girar objetos, repetição de frases ou “frases
idiossincráticas” (estas podem ser manifestas por exemplo, através da repetição de
frases ouvidas em algum filme ou no seu cotidiano, geralmente utilizada de forma
descontextualizada).
As crianças com TEA, de acordo com o DSM-5,2014:50, podem apresentar reações
extremas diante de pequenas mudanças, “padrões rígidos de pensamento, rituais de
saudação, necessidade de fazer o mesmo caminho”, preferências rígidas de alimentação
ou podem apresentar “apego ou preocupação com objetos incomuns e interesses
excessivamente reduzidos ou perseverativo”. Como exemplo a ocorrência de “hiper ou
hiporeatividade”, o DSM-5:50 apresenta os exemplos: “Podem apresentar “indiferença
aparente a dor/temperatura”, apresentar ou interesses ou reações incomuns diante de
aspectos sensoriais, sons ou a texturas, explorar objetos pelo tato ou olfato de forma
excessiva, ou mesmo apresentar interesse excessivo por luzes ou movimentos.
C. Os sintomas devem ser observados no desenvolvimento, podem não se
tornar plenamente manifestos até que as demandas sociais excedam as
capacidades limitadas ou podem ser mascaradas por estratégias aprendidas
mais tarde na vida [...]. (DSM-5, 2014:50)

Sobre o critério C, cabe a reflexão de que as características das crianças com TEA
podem não ser percebidas quando as demandas sociais não oferecem exigências ou
desafios, assim como estas características podem ser “mascaradas por estratégias
aprendidas mais tarde, durante a vida”. De acordo com o DSM-5, 2014:50

D. Os sintomas causam prejuízo clinicamente significativamente no


funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes na vida do
indivíduo no presente.

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E. Essas perturbações não são mais bem explicadas por deficiência


intelectual ou atraso global do desenvolvimento [...]. (DSM-5, 2014:50)

Sobre o critério E, o DSM-5, 2014:58 afirma que Deficiência Intelectual e Transtorno


do Espectro Autista “costumam ser comórbidos”, ou seja, é comum a ocorrência dos
dois transtornos associados, em cerca de 70% dos casos. Também pode ser associado a
TDAH, “transtorno da coordenação, de ansiedade, depressivos e outros”.
Ao ser realizado o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista, deverá ser
especificado no caso de apresentar deficiência intelectual ou “comprometimento da
linguagem ou quando associado a alguma condição médica, genética ou a algum fator
ambiental” [...] (DSM-5, 2014:51) assim como se for identificado algum outro
Transtorno associado.
“O uso dos critérios do DSM envolve a evidente vantagem de criar uma linguagem
comum para comunicação entre clínicos sobre o diagnóstico de transtorno” (DSM-5,
2014:11).
Nos critérios A e B, o DSM-5, 2014:52 afirma que a gravidade deve ser especificada,
identificando “prejuízos na comunicação social e em padrões de comportamento
restritos e repetitivos. Os níveis de gravidade são apresentados na forma de tabela,
sendo o Nível 3 -“exigindo apoio muito substancial”, o Nível 2 - “exigindo apoio
substancial” e o Nível 1 - “exigindo apoio”. Portanto, o nível de gravidade aumenta
conforme a necessidade de supervisão e cuidados.
O especificador da gravidade (nível I, II ou III) pode ser citado de forma sucinta para
especificar o nível de dependência do indivíduo, estando claro que este é um fator que
pode variar de acordo com o contexto e pode variar com o tempo. A gravidade é
utilizada para definição de definição de encaminhamentos, de acordo com o DSM-5,
2014:51.
3. Prevalência
A ocorrência do Autismo tem se apresentado crescente de acordo com SILVA e
MULICK, 2009:122, afirmam que os primeiros estudos epidemiológicos em 1979,
apresentaram 4 a 5 casos em cada 10.000 nascimentos, sendo em estudos posteriores
entre 2001 e 2008, apresentaram 40 e 60 casos em cada 10.000 nascimentos. Os autores
levantam a hipótese de que este crescimento se deve ao aumento de critérios de
diagnóstico, que ampliam a quantidade de casos que antes não eram considerados ou
eram diagnosticados de forma equivocada.
De acordo com CHRISTENSEN, 2012, CDC – Centro de Controle e Prevenção de
Doenças, 2016, nos Estados Unidos, a prevalência global estimada de TEA foi de 14,6
por 1.000 crianças com idade de 8 anos, avaliadas pelos critérios do Manual
Diagnóstico de Transtornos Mentais, DSM-5.

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A Sociedade de Autismo Americana (2015) afirma que cerca de 1% da população


mundial possui transtorno do espectro do autismo, com a prevalência nos Estados
Unidos estimada em 1 em cada 68 nascimentos. Estes números apresentam aumento de
6 a 15 por cento a cada ano de 2002 a 2010, com base em números bienais do CDC,
publicado em 2012. Outro dado importante, de acordo com a Sociedade de Autismo
Americana (2015), um por cento da população adulta do Reino Unido tem transtorno do
espectro autista.
No Brasil, de acordo com MELLO, ANDRADE, HO e DIAS, 2003:45, a prevalência de
autismo é de 0,62% da população em 2010.
Conforme afirma FERREIRA, 2008:58, em Santa Catarina a prevalência do Autismo é
de 1,31 casos a cada 10.000 pessoas, em dados coletados nas APAEs e FCEE
(Fundação Catarinense de Educação Especial). Os dados estatísticos observados através
da pesquisa bibliográfica demonstram pouca atualização nas pesquisas brasileiras.
Conforme apontam SILVA e MULICK, 2009:119, devido ao aumento na incidência dos
casos de autismo, [...]“os profissionais da saúde, educação e áreas afins devem estar
preparados para se deparar com casos de autismo nas suas práticas[...]”. Observa-se que
esta afirmação de alguns autores sobre aumento na prevalência de TEA não se confirma
no Brasil devido a defasagem na atualização de dados e pesquisa.
Em países como Estados Unidos, os diagnósticos são realizados em idade média de três
a quatro anos, ou até mesmo no primeiro ano de vida, de acordo com (Charman &
Baird, 2002 apud SILVA e MULICK, 2009:118), porém no Brasil as crianças são
diagnosticadas até mesmo depois dos seis anos. Os autores apontam a necessidade de
[...]“ discussões entre os profissionais da área, servindo como diretrizes para o
aprimoramento das práticas diagnósticas implementadas no Brasil como um todo. ”
5. Considerações sobre a prática de avaliação diagnóstica de TEA:
A avaliação diagnóstica de TEA idealmente deve ser realizada por equipe
interdisciplinar que contenha psicólogo especialista e neuropediatra, segundo SILVA e
MULICK, 2009:123. Mas nem sempre é desta forma que ocorre, portanto, os autores
afirmam que ao ser realizada de forma individual por um psicólogo ou por
neuropediatra, estes devem realizar os encaminhamentos para os serviços de apoio
necessários de acordo com as necessidades de cada caso, ao ser concluída a avaliação.
É importante que os psicólogos estejam conscientes sobre quais aspectos do
comportamento devem ser observados e qual a finalidade da avaliação psicológica,
como descrito por Jorge, 2003:4. O autor ressalta a necessidade de os psicólogos, ao
avaliar autismo, tenham claro este objetivo, observando o conjunto de comportamentos
apresentados no TEA em comparação ao comportamento humano em seu
desenvolvimento normal. Sugere o agrupamento de categorias de comportamentos
como:

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Interesses e motivação; Atitudes e reação frente a um estímulo; Maturidade e


desenvolvimento mental, social, psicomotor, afetivo, em linguagem;
Aspectos emocionais e de personalidade: conflitos, defesa, caráter, aspectos
patológicos; Conduta e processos interacionais: habilidades sociais, relação
com familiares/autoridades/grupos/amigos; Capacidades cognitivas:
percepção, memória, formação de conceitos, raciocínio lógico, operações de
pensamento. (Wechsler e Guzzo, 2001; Di Lorenzo, Estevan e Oliveira,
2001; Pasqual, 2001 apud JORGE, 2003:45)
A entrevista inicial é fundamental para o diagnóstico, por ser um momento onde
informações importantes sobre a história do indivíduo serão obtidas, assim como é
possível a definição de estratégias necessárias para a avaliação e encaminhamentos para
avaliação com profissionais de outras áreas, como afirmam SILVA e MULICK,
2009:124.
A entrevista deverá conter informações sobre a história social, familiar, médica e do
desenvolvimento do indivíduo, para que ofereça as informações necessárias na análise
dos dados. Alguns instrumentos são utilizados no diagnóstico de TEA, como alguns
inventários e escalas que são utilizados em momento de entrevista com os responsáveis
pelo avaliado.
Conforme apontam SILVA e MULICK, 2009:125, os profissionais de vários países tem
utilizado escalas, entrevista e observação direta do indivíduo, para posterior análise
destes dados e definição de diagnóstico. Os autores ressaltam que as escalas e
inventários não podem ser determinantes para o diagnóstico.
De acordo com JORGE, 2003:49, alguns instrumentos são apontados pela literatura
como os mais utilizados no diagnóstico de TEA, como a CARS (Childhood Autism
Ratting Scale), ADOS (Autism Diagnostic Observation SCHedule), BRIAAC (Behavior
Rating Instrument for Autistic and other Atypical Children, E-2 (Diagnostic Checklist
for Behavior-Disturbed Children, ABC (Autistic Behavior Checklist e ADI (Autistic
Diagnostic Interview).
Após alguns anos, foram encontradas afirmações semelhantes sobre os instrumentos de
avaliação de TEA: Entre as escalas utilizadas, SILVA e MULICK, 2009 apontam a
CARS (Escala de Avaliação de Autismo na Infância, Schopler, Reichler, & Renner,
1988; PDDBI (Inventário Comportamental dos Transtornos Invasivos do
Desenvolvimento, Cohen & Sudhalter, 2005); ADI-R (Entrevista Diagnóstica para
Autismo – revisado, Lord, Rutter, & Le Couteur, 1994) e ADOS (Observação
Diagnóstica Programática para Autismo, Lord, Rutter, Dilavore, & Risi, 1999).
Observam-se que as escalas CARS, ADI e ADOS tem sido utilizadas através dos anos,
mas devemos estar sempre atentos às atualizações destes instrumentos.
A avaliação psicológica pode ser realizada utilizando escalas de observação do
desenvolvimento infantil também no caso de crianças com menos de 4 anos, sendo
algumas delas: Escalas de Aprendizado no Início da Vida, de Mullen, 1995, o Bayley

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(Scales of Infant and Toddler Development) e Bayley-III (Escalas do Desenvolvimento


Infantil, de Bayley, 2006), de acordo com SILVA e MULICK, 2009:126.
As escalas e cheklists devem responder a quatro questões: “o que observar, como
conseguir a informação e para que é aproveitada a informação, qual a implicação disso
no comportamento global da criança” (JORGE, 2003:48). Sem esta conduta avaliativa,
segundo a autora, a criança pode ser encaminhada para programas educativos não
adequados às suas necessidades individuais.
Muitos destes instrumentos foram elaborados com base nos critérios avaliativos do CID
(9 e 10) e DSM (III, III-R e IV), conforme aponta JORGE, 2003:48. É importante
considerar que algumas destas escalas foram elaboradas antes de um conceito mais
atualizado de autismo, assim como é preciso ter consciência de que os critérios do CID
10 e DSM “não definem entidades nosológicas estáticas e sofrem revisões periódicas a
partir de contribuições de pesquisas e de achados clínicos. ” (JORGE, 2003:43). Cabe a
reflexão de que o psicólogo deve observar estes aspectos na utilização destes
instrumentos.
Uma avaliação psicológica de qualidade irá fornecer os dados detalhados sobre o
funcionamento adaptativo e cognitivo do sujeito, que será fundamental para a
elaboração de um plano de intervenção individualizado, conforme descrito por SILVA e
MULICK, 2009:126.
Embora o diagnóstico seja com base em características comportamentais, a avaliação
médica é necessária para investigação de possíveis comorbidades associadas ao TEA.
Fatores médicos usualmente investigados incluem distúrbios de ordem
neurológica (como epilepsia, convulsões, esclerose tuberosa), metabólica
(como erros inatos em aminoácido, carboidrato, peptídios, metabolismo
mitocondrial, intoxicação por chumbo) e genética (como a síndrome do X
frágil ou outras mutações genéticas especialmente nos cromossomos 7 e 15)
(e.g.,Barbaresi et al., 2006; Curatolo, Porfirio, Manzi, & Seri, 2004;. Filipek
et al., 1999; Nash & Coury, 2003, apud SILVA e MULICK, 2009:125,126).
Além destes fatores médicos, os autores também apontam a necessidade de investigar
possíveis problemas sensoriais, como visão e audição, disfunções de linguagem, como
também podem ocorrer desordens de sono ou alimentares. A avaliação médica, irá
fornecer dados para o melhor entendimento do caso e posterior encaminhamentos
necessários.
[...] crianças com autismo apresentam perfis bem diversos em termos de
habilidades cognitivas, adaptativas, sociais, comunicativas e pré cadêmicas,
bem como na manifestação de variados padrões de estereotipias e problemas
de comportamento. Desse modo, faz-se necessário que mensurações diretas
do funcionamento da criança sejam obtidas para que se possa determinar que
habilidades específicas ela apresenta (suas competências) e em que áreas de
funcionamento exibe dificuldades (seus déficits). (SILVA e MULICK,
2009:126)

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A Deficiência Intelectual é o Trantorno mais comum associado ao TEA. De acordo com


(Bailey, Philips, & Rutter, 1996; Barbaresi, Katusic, Colligan, Weaver, & Jacobsen,
2005 at al SILVA e MULICK, 2009:119), cerca de 75% dos casos de autismo,
apresentam Deficiência Intelectual.
Os autores sugerem a utilização de instrumentos de investigação da inteligência como o
Stanford-Binet, Roid, 2003) ou o WISC-IV (Escala de Inteligência para Crianças de
Wechsler, 2003). No caso de crianças com dificuldades relacionadas a linguagem, os
autores sugerem a utilização de testes não-verbais, como o (Leiter – Revisado, Roid &
Miller, 2002) em conjunto com os demais instrumentos.
Porém, nos casos de maior gravidade e comprometimento, pode ser inviável a aplicação
de testes padronizados. Nestes casos o psicólogo utilizará a observação dos critérios do
DSM-5 para fundamentar o diagnóstico, com base na entrevista e observação do
indivíduo, se possível em diferentes contextos.
Desta forma, a avaliação psicológica também deve investigar o nível de funcionalidade
dos indivíduos, ou seja, deve realizar as “mensurações das habilidades adaptativas da
criança (como atuação independente da criança em áreas diversas, incluindo habilidades
físicas, comunicativas, sociais, de cuidados pessoais, domésticas, comunitárias e
vocacionais)” (SILVA e MULICK, 2009:127).
Segundo os autores, podem ser utilizados instrumentos como entrevistas e
questionários, como (Escalas de Comportamento Independente, Weatherman, & Hill,
1996) e (Escalas de Comportamento Adaptativo de Vineland, Cicchetti, & Balla, 2005).
Lembrando que o nível de funcionalidade é um dos critérios para o diagnóstico de
Deficiência Intelectual, associado a déficits nas funções intelectuais e com início no
desenvolvimento, de acordo com o APA, 2014:33.
Na realização da avaliação diagnóstica de autismo, é importante o conhecimento sobre
os variados comportamentos característicos dentro do TEA. Estas características, assim
denominadas por CZERMAINSKI, 2012:4, podem ser de ordem genética (devido a
comorbidades) ou comportamental:
Os indivíduos com PEA podem apresentar uma ampla gama de sintomas
comportamentais associados que incluem uma variedade de comportamentos
autoagressivos (e.g. bater com a cabeça); distúrbios alimentares (e.g. dieta
limitada a poucos alimentos, rituais em torno das refeições) ou do sono (e.g.
dificuldade em iniciar e manter o sono, acordar matinal prematuro, despertar
recorrente durante a noite); respostas bizarras a estímulos sensoriais (e.g.
elevado limiar à dor, hipersensibilidade aos sons ou no contacto físico,
reações exageradas à luz ou aos cheiros, fascínio por alguns estímulos);
ausência de medo a perigos reais, e um receio excessivo na resposta a objetos
inofensivos (American Psychiatric Association, 2013). Quando frustradas as
crianças com PEA muitas vezes não têm meios verbais para comunicar os
seus sentimentos e/ou necessidades e envolvem-se em comportamentos
autoagressivos como uma forma de expressar a sua frustração (Lainhart,
1999). (CZERMAINSKI, 2012:4)

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Diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista – TEA: Definição de critérios e
considerações sobre a prática

Julho/2018

Na citação acima “PEA” refere-se a “Perturbação do Espectro do Autismo”


(CZERMAINSKI, 2012:vi)
As limitações comportamentais das crianças com TEA podem estar ligadas a ocorrência
de Deficiência Mental associada, conforme citado anteriormente. Segundo a autora, a
maioria das crianças com TEA apresentam limitações na linguagem receptiva em
relação a linguagem expressiva, o que leva a déficits na realização de atividades
executivas, de acordo com Ozonoff e Jensen (1999) apud CZERMAINSKI, 2012:4).
Ressaltando que as funções executivas são responsáveis pela capacidade de realizar
problemas do cotidiano.
A capacidade de entender que as outras pessoas têm crenças, desejos e
intenções que são diferentes das suas (ou seja, uma "teoria da mente") emerge
gradualmente desde a infância e estabelece-se até a idade de 3 a 4 anos
(Wellman, 1993). Segundo Baron-Cohen, Leslie, e Frith (1985) as crianças
com PEA têm uma alteração específica no desenvolvimento da teoria da
mente. Este défice pode explicar as dificuldades que as crianças com PEA
têm na compreensão social e comunicação. O desempenho nestas tarefas foi
significativamente correlacionado com a idade mental verbal e o QI verbal
em crianças com PEA (Happe, 1995). Segundo vários autores as dificuldades
na resolução de tarefas da teoria da mente pode ser influenciada pelos défices
na atenção conjunta e nas aptidões de imitação (Mundy, Sigman, & Kasari,
1993) (CZERMAINSKI, 2012:4)
Conforme apontam SILVA e MULICK, 2009:128, ao ser confirmado o diagnóstico de
autismo, os profissionais precisam definir qual ou quais encaminhamentos serão
importantes para o indivíduo. Estes encaminhamentos podem ser para fisioterapeutas,
fonoaudiólogos, psicólogos, neurologistas, geneticistas ou profissionais que lidam com
problemas alimentares ou de sono. Os programas educacionais ou comportamentais
especializados serão fundamentais para que a criança e a sua família sejam orientados
quanto as intervenções mais adequadas de acordo com suas especificidades. Os autores
ainda afirmam a necessidade de avaliação psicológica anual para acompanhamento do
processo da criança e para auxiliar na revisão dos encaminhamentos necessários.

6. Considerações sobre a reabilitação


Como visto anteriormente, ao ser realizado o diagnóstico de TEA, o profissional ou a
equipe provavelmente dever encaminhar a criança para os atendimentos necessários, de
acordo com as características e necessidades específicas, de acordo com o nível de
desenvolvimento apresentado no momento em cada caso. Como TEA não tem cura, o
tratamento específico é importante “para atenuar os déficits apresentados”, através de
Terapia Comportamental, sendo a mais indicada em conjunto com técnicas de
condicionamento, na visão de SANTOS, 2008:194, apud ONZI e GOMES, 2015:192.
A musicoterapia tem sido utilizada em muitos países, associado a técnicas que
incentivam as potencialidades dos indivíduos com TEA. Segundo Gandim e Panek,

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2015, apud ONZI e GOMES, 2015:194, em 2015 foram realizados estudos através de
musicoterapia com 40 indivíduos com TEA. Neste estudo, foram observados que após
dois anos apresentaram melhoras em linguagem, comunicação, na cognição,
motricidade e comportamento.
Bosa (2006) descreve a influência das quatro formas básicas para o
tratamento: estimulação do desenvolvimento comunicativo e social,
aprimoramento na capacidade de solucionar problemas e do aprendizado,
minimização dos comportamentos que afetam o acesso às novas experiências
do dia a dia e auxílio á família. (ONZI e GOMES, 2015:195)
As crianças com diagnóstico de TEA, podem se beneficiar de técnicas de comunicação
alternativa, se apresentarem comprometimento na comunicação, dependendo do grau
em que estas dificuldades se apresentem, de acordo com as autoras.
Outra alternativa de tratamento, sugerida pelas autoras ONZI e GOMES, 2015:195 é o
“PECS (Picture Exchange Communication System) e a linguagem de sinais”. Este
programa foi criado em 1993 e utiliza imagens, palavras, objetos, na forma de placas,
livretos, com objetivo de facilitar a comunicação através de comunicação alternativa. A
associação entre imagens e atividades do cotidiano, “facilita tanto na compreensão
quanto na comunicação. ”
Segundo as afirmações de Whitman, 2015, apud ONZI e GOMES, 2015:195, a
linguagem de sinais é a melhor forma de tratamento, “dependendo das capacidades
cognitivas, motoras e sensoriais” do indivíduo com autismo. O programa PECS
necessita de treinamento para a utilização com os indivíduos com TEA e segundo o
autor, existem tecnologias e programas de computador que também podem ser
utilizados.
Outros programas educacionais que podem também ser utilizados com as pessoas com
TEA, conforme citam ONZI e GOMES, 2015:195, é o TEACCH (Tratamento e
Educação Relacionados a Problemas de Comunicação (Treatment and education of
Autistic and Related Communication Handicapped Children), criado em 1966, que
utiliza de rotinas estruturadas para desenvolver as habilidades diárias, que pode ser
utilizado no ambiente educacional e familiar. O TEACCH pode ser utilizado de forma
flexível, utilizando de adaptações, pois conforme as características do indivíduo, em
alguns momentos estas iniciativas podem ser necessárias.
O método ABA tem sido também utilizado, com objetivo de estimular habilidades que a
criança com autismo ainda não se apropriou, através de indicações e instruções. De
acordo com ONZI e GOMES, 2015:195, o método tem objetivo de proporcionar que as
crianças aprendam de forma prazerosa, identificando diferentes estímulos.
“As terapias de Integração sensorial (TIS), estabelecem estimulação sensorial, com
atividades lúdicas, jogos e brincadeiras que gradativamente se tornam mais desafiadoras
e complexas”. (ARAÚJO; SCHWARTZAMAN, 2011 apud ONZI e GOMES, 2015

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:196). Esta terapia busca estimular a capacidade de enfrentar desafios e buscar


estratégias no seu cotidiano.
Diante de algumas possibilidades de terapias apresentadas, observamos a necessidade
de reflexão por parte dos profissionais avaliadores, que após a realização do
diagnóstico, estes profissionais especializados deverão orientar as famílias sobre os
benefícios destes programas e técnicas que possam desenvolver as habilidades
funcionais dos indivíduos com TEA.
7. Conclusão
A partir do levantamento de dados na pesquisa bibliográfica, foi possível verificar que
os critérios de diagnóstico utilizados no Brasil e em Santa Catarina, estão de acordo
com vários países de primeiro mundo. Mas ainda é necessário o aprimoramento das
práticas de diagnóstico, com necessidade de pesquisa e discussões entre profissionais
que realizam esta avaliação para o estabelecimento de protocolos para padronização
destes procedimentos. Observa-se a ausência de dados atualizados sobre prevalência,
com necessidade de pesquisa nesta área. As pesquisas e banco de dados atualizados
sobre em nível nacional, poderia incentivar políticas públicas de atendimento as
crianças com Transtorno do Espectro Autista, assim como a qualquer outro diagnóstico.
No Brasil os diagnósticos ainda são realizados tardiamente, o que nos leva a reflexão
sobre a necessidade de atendimentos especializados a estes casos nos primeiros anos de
vida. Outra observação durante a pesquisa bibliográfica, mostrou que na realização do
diagnóstico de TEA, existe referências com indicações quanto aos instrumentos a serem
utilizados. Estas indicações estão de acordo com a maioria dos países, tratando-se de
testes cognitivos e escalas de observação de comportamentos, porém não se encontram
registros sobre a efetiva utilização destes instrumentos pelos profissionais avaliadores
desta área no Brasil. Conforme o levantamento nas referências bibliográficas, a
avaliação de TEA é basicamente clínica, através da observação e comparação com os
padrões de comportamento esperados em cada idade. Outro fator observado foi a
defasagem de atualização das escalas de observação dos comportamentos do TEA, que
ainda não acompanham a atualização do DSM 5, sendo este um dado importante a ser
observado pelos profissionais avaliadores. A constatação de que os diagnósticos no
Brasil são realizados tardiamente, por volta de seis anos, leva à reflexão sobre a
necessidade de profissionais que lidam com a educação infantil devam ser informados
quanto as características de TEA, para que sejam capazes de realizar encaminhamentos
para avaliação por profissionais habilitados. Por fim, as possibilidades de técnicas de
reabilitação apresentadas, proporciona a observação quanto a necessidade de estudo e
conhecimento por parte dos profissionais avaliadores para orientar as famílias quanto ao
método mais eficaz de acordo com as necessidades específicas de cada caso. Desta
forma, estas reflexões tem como objetivo, contribuir para as futuras pesquisas acerca da
prática no diagnóstico de autismo no Brasil.
8. Referências

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