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Tribo do Mouse
João Reginatto
Manual do Empreendedor
da Tribo do Mouse
João Reginatto
Editor, Tribo do Mouse
Março de 2010
Sumário
3 Construindo um Negócio 14
4 Em Busca do Sucesso 19
5 Apêndice: Ferramentas 23
6 Ficha Técnica 29
mudando. Mas vale à pena voltar a esse assunto batido, porque ele nos interessa
aqui. Mudanças têm acontecido em todos os aspectos da nossa vida, mas
principalmente do ponto de vista tecnológico. Essa evolução constante em
termos de tecnologias disponíveis à humanidade alterou profundamente as
regras econômicas da sociedade, e com isso as relações de trabalho. O que era
uma boa carreira para o seu pai há décadas atrás certamente não é mais para
você. O emprego estável que seu tio teve durante 30 anos não existe mais.
Essa busca incessante por satisfação, por sua vez, caiu como uma bomba no
colo de muitas empresas. Em muitos casos, é o fim do modelo 'fábrica', onde uma
empresa vende um produto ou serviço com razoável previsibilidade, tentando
incessantemente cortar custos ao longo do caminho. Durante muito tempo muita
gente sonhou trabalhar em uma empresa assim, uma ‘fábrica’. Afinal fazer o que
lhe mandam, não ter grandes responsabilidades e ainda assim ter relativa
estabilidade é um cenário que soa bem ao nosso inconsciente. Somos seres-
humanos e estabilidade nos atrai. O problema é que esse tipo de empresa
invariavelmente acaba trabalhando para manter o status quo, produzindo
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produtos medianos, para consumidores medianos. Essa estratégia é
perfeitamente correta em um ambiente estável: estabeleça confiabilidade e
previsibilidade, corte custos e lucre com isso. A novidade? Esse modelo está com
os dias contados. Os consumidores estão cada vez mais buscando algo diferente,
algo que tenha significado, algo em que eles acreditem. Aquele produto de série,
mediano, iguais aos outros, não interessa mais. As pessoas querem algo único,
significativo. Esse sentimento é então transportado para a realidade profissional
desses consumidores. E as pessoas acabam se comportando da mesma forma
com relação a suas carreiras. Se o seu sonho de carreira é ser um gestor e
manipular recursos da melhor maneira possível para executar uma tarefa
previsível, boa sorte, e continue com o seu emprego na ‘fábrica’. Se você, ao
contrário, tem vontade de liderar e criar mudanças no mundo ao seu redor,
mudanças em que você acredita, então empreender pode ser a opção que resta
para você.
Vejam bem, não estou aqui defendendo que empreender seja uma
alternativa que todos deveriam seguir. Não precisamos de 100% de
empreendedores, simplesmente não funcionaria. Também não estou dizendo que
empreender tem mais valor do que trabalhar para uma empresa ou organização
qualquer, ou que buscar estabilidade e segurança é besteira. A essa altura eu
espero que esteja claro que o conteúdo desse Manual é baseado na minha
experiência pessoal, no meu entendimento, e as coisas que mencionei
anteriormente são, bem, as minhas motivações. O importante é você perceber o
contexto onde estamos inseridos atualmente e as mudanças que estão
acontecendo - e o que elas estão causando. Cada um é senhor da sua vida
profissional e as motivações para empreender podem ser as mais variadas
possíveis. Agora se você ainda não encontrou algo pelo qual trabalhou
apaixonadamente, se ainda está em busca do seu lugar no mundo e quer fazer
algo a respeito, se está disposto a correr os riscos e no final da história ainda
ganhar um dinheirinho, de repente seja a hora de você considerar trilhar o
caminho do empreendedorismo.
A super-valorização da ‘ideia’ é mais um dos tantos mitos que faz com que
muita gente boa hesite bastante antes de empreender. A maioria das pessoas
acredita no conto de fadas que a imprensa nos apresenta dia-sim, dia-não, sobre
aquele cara normal que de repente teve uma ideia genial e virou milionário da
noite para o dia. É normal que acreditemos que as coisas funcionem assim, é do
ser-humano. Se uma ideia genial é algo que vale muito dinheiro, então
certamente não é algo que estará disponível por aí para qualquer um ter. Deve
ser muito difícil ter uma ideia genial. E se é muito difícil, porque eu sequer me 7
incomodaria tentando? Pronto, está fechado o ciclo. Temos uma desculpa para
sequer tentarmos empreender: "ah, precisa ter uma ideia genial".
Em primeiro lugar, uma ideia genial não vale uma enormidade de dinheiro.
Se valesse, existiria um mercado para ideias. E eu desafio qualquer um a tentar
ganhar a vida vendendo ideias. Se uma ideia pura e simplesmente valesse alguma
coisa, existiria um sem-número de pessoas simplesmente vendendo as suas ideias
ao invés de quebrar a cabeça durante meses tentando criar um negócio ao redor
delas. Uma idea não vale nada sem execução, e uma execução perfeita pode criar
um belo negócio a partir da mais simples das ideias. Aquele seu cunhado chato
que vive lhe dizendo que teve a ideia do Facebook bem antes do Mark Zuckerberg
não passa de um piadista. O Mark e o Facebook são o que são porque ali existia
um empreendedor capaz de executar uma visão, e não simplesmente porque ele
teve uma grande ideia.
Em segundo lugar, você não precisa esperar ter uma ideia genial para então
empreender. Muita gente tem motivação para empreender, está no período certo
da vida para isso, mas não segue adiante porque fica esperando o tal do
momento ‘Eureka!’. É um grande pecado, porque fazer algo e falhar nos dá a
oportunidade de aprender, agora não fazer nada e ficar imaginando como teria
sido é uma frustração que se leva para sempre. A verdade é que existem maneiras
de se efetivamente gerar ideias para negócios. Muitos empreendedores seguem
um processo meticuloso para decidir onde investir o seu tempo e dinheiro. A
seguir vou tentar rascunhar os passos básicos envolvidos em um processo de
geração de ideias.
Passo 2 - Brainstorming
melhoria? Existe algum problema que ninguém resolveu ainda? Alguma maneira
mais inteligente de vender um produto ou prestar um serviço? Ah, não esqueça
de comprar um quadro-branco e anotar tudo nele. E relute o máximo possível
antes de apagar qualquer coisa.
Com o tempo, a execução do passo 2 vai levar você e seu grupo para alguns
poucos domínios, e dentro daqueles domínios de interesse, algumas poucas
ideias vão emergir como as de maior potencial. Quando você tiver a sensação de
que chegou nesse ponto, é hora de seguir adiante, mesmo que você tenha o
sentimento de que nenhuma ideia é efetivamente genial (na prática você vai ver
que esse sentimento, quando vem, vem muito mais tarde no processo).
das ideias que você selecionou? Que produtos / serviços semelhantes existem?
Que empresas os fornecem, como elas os comercializam, quanto cobram, quanto
faturam? Descubra o tamanho do mercado em potencial.
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Após algum tempo você naturalmente vai convergir para uma ou duas
idéias que serão as suas preferidas. Quando isso acontecer, comemore. Você tem
Sugestões de Idéias
Se você chegou até aqui já sabe que uma idéia genial de nada vale sem
muito trabalho duro por trás. Já entendeu também qual é o processo para escolha
de boas idéias para se começar um negócio. Não custa, porém, apresentar
algumas sugestões de áreas que serão geradoras de novas empresas nos
próximos anos.
Software
3. Construindo um Negócio
"A maioria das pessoas passa uma vida inteira imaginando como deve ser correr
uma maratona. Eu vou passar o resto da minha vida me lembrando como foi 14
fantástico chegar ao fim de uma."
Corredor anônimo
Então você tem a ideia para o seu negócio, está infinitamente motivado,
falta apenas agora colocar a mão na massa para transformar a tal ideia em um
real empreendimento, correto? Falar é fácil, mas a verdade é que a construção do
negócio é obviamente a etapa mais complicada da jornada de um empreendedor.
É durante esse período que as suas habilidades serão testadas ao extremo, e
todas as probabilidades jogarão contra você. Por isso mesmo é fundamental
durante essa etapa o empreendedor ter plena consciência do que deve ser feito e
manter-se motivado e energizado como um corredor prestes a iniciar uma
maratona.
mesmo sem todas aquelas ‘firulas’ que você imaginava necessárias. Eric Ries tem
ideias muito interessantes nesse aspecto, como o que ele chama de MVP -
Minimum Viable Product (ou ‘produto mínimo viável’). Ele define o MVP como
sendo a versão de um produto que lhe permite aprender o máximo com seus
clientes aplicando o menor esforço possível. É um pouco mais complicado do que
parece, mas a idéia básica é trabalhar com uma visão mínima de produto, ao
mesmo tempo explorando ao máximo o feedback que você pode coletar de
potenciais clientes e agindo imediatamente em resposta a esse feedback. É uma
atividade até certo ponto complexa porque o empreendedor deve ter em mente
que nem tudo o que um potencial cliente (ou qualquer pessoa que esteja
avaliando o seu protótipo) sugere deve ser adotado. O empreendedor mais do
que ninguém sabe onde quer chegar com seu negócio e deve ser capaz de dizer
não para um pedido de funcionalidade sempre que entender necessário. O
importante é aprender durante o processo. O que nos leva ao segundo pilar.
tantas pessoas quanto necessário. Quando você sentir que a resposta das pessoas
ao seu produto / serviço começar a convergir para um lugar-comum, é bem
provável que você encontrou o seu mercado. É importante lembrar que esse
processo deve ser o mais formal possível, você deve documentar as conversas, os
feedbacks, as lições de cada interação. Apenas assim você conseguirá mensurar
algum progresso. Se você estiver interessado em mais informações sobre
desenvolvimento de produto e clientes, não deixe de conferir o blog “Manual da
Startup” (o endereço encontra-se no Apêndice deste documento).
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Existem outros três pontos que eu acredito serem muito importantes nessa
fase de construção do negócio. O primeiro deles é que o empreendedor tenha
consciência de que ele precisa ser um agente social. Eu conheci pessoas geniais
que falharam como empreendedores por não possuírem habilidades de
relacionamento, por não serem ‘people-persons’. Como empreendedor, você não
chegará muito longe sozinho. É fundamental que você entenda desde cedo que
você deve ser um vértice de uma rede de relacionamentos extremamente bem
amarrada. O segundo ponto é a questão da flexibilidade. A maioria dos
empreendimentos começa com uma determinada ideia de para onde vai, e acaba
evoluindo de maneira totalmente diferente. Esteja atento para esses momentos,
esteja alerta para quando um feedback de um cliente lhe apontar para um
produto / serviço ligeiramente diferente do que você tinha pensado, mas
igualmente interessante. O empreendedor deve ser apaixonado pelo que faz e
deve acreditar nos seus princípios, mas não pode ficar cego frente a um produto
que ele idealizou com tanto carinho e que agora precisa mudar. Mantenha a
cabeça aberta quando essas oportunidades aparecerem. O terceiro e último
ponto é a persistência. É até clichê falar nisso, mas todo empreendedor vai lhe
citar essa característica importante. Não se trata de não desistir nunca, mas sim
de percorrer o caminho inteiro. Não desistir nos obstáculos intermediários, que
serão muitos, e seguir em frente enquanto houver indicativos de que há valor no
seu negócio.
4. Em Busca do Sucesso
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contexto de cada empreendedor é único, e portanto ele deve criar o seu próprio
conjunto de dicas, de princípios em que ele acredita, de estratégias com as quais
ele concorda. Eu por exemplo gosto de seguir o pessoal do blog Saia do Lugar,
mas também mantenho a minha própria lista de dicas com base nos caras que eu
admiro, como o Jason Fried e o David H. Hansson da 37signals, Seth Godin, Eric
Ries, entre outros. Isso sempre ajuda a manter uma perspectiva para quando você
enfrentar um grande problema como empreendedor, simplesmente, por
exemplo, perguntando-se "o que o Jason Fried faria nesse caso?".
Tenha uma gaveta com idéias – Certa vez alguém me contou que o Woodie
Allen falou em uma entrevista que ele mantém uma gaveta cheia de idéias. Cada
vez que ele tem uma idéia sobre um filme, ele anota em um papel e joga dentro
da gaveta. Quando ele quer fazer um filme, ele simplesmente abre a gaveta e
analisa o que está lá dentro. Eu faço isso há algum tempo (exceto que eu não uso
uma gaveta, mas o Microsoft OneNote) e realmente funciona. A última que eu
anotei foi a seguinte: "Windows 7 tem biblioteca nativa para localização
geográfica". Foi uma coisa que li outro dia, me interessou, e embora eu não tenha
nenhuma aplicação imediata para essa idéia, tenho certeza que quando eu
precisar pensar em um novo empreendimento, em um novo produto / serviço, ou
qualquer outra coisa parecida, essas idéias vão me ajudar. Com o tempo você
percebe que você começa a pré-classificar essas idéias (como se houvessem
diferentes gavetas), ou seja, você anota a idéia e a coloca junto com outras idéias
sobre "sustentabilidade", ou "mídias-sociais", ou algo do tipo. Naturalmente você
cria os seus próprios centros de interesse e quando você precisar terá um bocado
de material para criar algo inovador.
Fale sobre o que você faz – Paciência se você não gosta de se vender, mas
a verdade é que você tem que falar sobre as suas qualidades, do contrário
ninguém fica sabendo. Com um empreendedor, o objetivo é um pouco diferente.
O caráter social da Internet atual permite que o José, micro-empreendedor, possa
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ser tão ou mais ‘famoso’ do que o João, mega-empresário, simplesmente pelo
fato de usar efetivamente os canais existentes. Isso faz uma enorme diferença,
afinal, quem, ou qual empresa / produto / serviço, os consumidores irão
escolher? Hoje em dia, muitos empreendimentos são conhecidos muito mais por
causa de seus empreendedores do que qualquer outra coisa. Vem-me à cabeça o
caso de Loic LeMeur, um francês radicado no Vale do Silício, e dono da Seesmic.
Quem era a Seesmic há três anos atrás? Ninguém se lembra, e eu posso dizer para
vocês que não era nada parecido com o que é hoje (tinha outra estratégia e
outros produtos). Mas Loic, através de seu blog, marcou seu nome como ‘grande
empreendedor de Internet’, a tal ponto que qualquer coisa que ele tentasse
vender teria mercado. Ele tem seguidores, ele conseguiu formar a ‘Tribo’, sobre a
qual Seth Godin fala. Hoje, o Seesmic é um dos principais clientes de Twitter no
mercado. Faça o mesmo, escreva sobre o que você faz, sobre o que você acredita.
Mostre a sua paixão por seus produtos. Compartilhe suas idéias, suas
experiências. Tudo o que você oferecer aos outros trará algum benefício em
contrapartida. Outra perspectiva interessante nessa dica é o elemento imprensa.
Nós utilizamos muito pouco a imprensa com o objetivo de divulgar iniciativas
empreendedoras no Brasil, e isso é algo que podemos consertar. A imprensa é um
elemento importantíssimo para a existência de um real ecossistema para
empreendedorismo. Felizmente (novamente por causa da Internet) temos um
bocado de gente boa querendo falar sobre isso (como os sites Startupi,
ReadWriteWeb Brasil, entre outros), então mexa-se e use esses canais.
No momento em que você pensar que pode investir seu tempo e dinheiro
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em um negócio, fracassar, e ainda assim sentir-se bem consigo mesmo, você está
pronto para empreender.
5. Apêndice: Ferramentas
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6. Ficha Técnica
twitter.com/tribodomouse
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