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DIREITO PENAL

DIREITO
PENAL

ECP – Renato Ferreira Pinheiro Página 1


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1. AÇÃO: comportamento positivo: fazer, realizar algo. Nessa
DIREITO PENAL hipótese, a lei determina um não-fazer e o agente comete o delito
PROF. RENATO FERREIRA PINHEIRO justamente por fazer o que a lei proíbe. 10

1. PENAL (PARTE GERAL) 2. OMISSÃO: comportamento negativo: abstenção, um não fazer.


Classificados: a) omissivos próprios ou puros: nos quais inexiste um
APLICAÇÃO DA LEI PENAL dever jurídico de agir, ou seja, não há norma impondo um dever de
fazer. Assim, só existirá essa espécie de delito omissivo quando o
1. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: não há crime sem lei anterior que o próprio tipo penal descrever uma conduta omissiva. Ex.: crime de
defina. Não há pena sem prévia cominação legal. 1 omissão de socorro (art. 135). Nesses delitos, a simples omissão
constitui crime, independentemente de qualquer resultado posterior.
A) PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE: por este princípio é necessário que a b) omissivos impróprios ou comissivos por omissão: são aqueles
lei já esteja em vigor quando o fato for praticado, pois a relação para os quais a lei impõe um dever de agir e, assim, o não-agir
jurídica é definida pela lei vigente na data do fato (tempus regit constitui crime, na medida em que leva à produção de um resultado
actum). 2 que o agir teria evitado. Esses crimes não estão previstos na Parte
Especial como tipos penais autônomos. A verificação deles decorre
B) PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL: apenas lei em sentido formal pode da norma do art. 13, § 2º, do Código Penal. 11
descrever condutas criminosas. É vedado ao legislador utilizar-se de
decretos, medidas provisórias ou outras formas legislativas para ● RESULTADO: é a modificação que o crime provoca no mundo
incriminar condutas. 3 exterior. Pode consistir em uma morte, como no crime de homicídio
(art. 121), em uma redução patrimonial, como no furto (art. 155) etc.
12
TEMPO DO CRIME: considera-se praticado o crime no momento da
ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. 4
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES SEGUNDO O RESULTADO
LUGAR DO CRIME: considera-se praticado o crime no lugar em que
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se 1. CRIMES MATERIAIS: são aqueles em relação aos quais a lei
produziu ou deveria produzir-se o resultado. 5 descreve uma ação e um resultado, e exige a ocorrência deste para
que o crime esteja consumado. 13 Exemplo: art. 171, do CP.
MACETE
2. CRIMES FORMAIS: são aqueles em relação aos quais a lei
LUTA: lugar do crime ubiqüidade e tempo do crime atividade. descreve uma ação e um resultado, mas a redação do dispositivo
deixa claro que o crime consuma-se no momento da ação, sendo o
resultado mero exaurimento do delito. Ex.: o art. 159 do Código Penal
TEORIA DO CRIME descreve o crime de extorção mediante seqüestro: seqüestrar pessoa
(ação) com o fim de obter qualquer vantagem como condição ou
CONCEITO: crime é um fato típico e antijurídico (ilícito). A preço do resgate (resultado). O crime, por ser formal, consuma-se no
culpabilidade, como veremos, constitui pressuposto da pena. 6 exato momento em que a vítima é seqüestrada. A obtenção do
resgate é irrelevante para o fim da consumação, sendo, portanto,
O conceito de contravenção penal, "… em ponto menor, podem mero exaurimento.14
apresentar todos os característicos do delito. A contravenção, como
se costuma dizer, é um crime anão. Baldados serão os esforços para 3. CRIMES DE MERA CONDUTA: são aqueles em relação aos quais a lei
substancialmente querer diferenciá-los… A diferença é quantitativa: a descreve apenas uma conduta e, portanto, consumam-se no exato
contravenção é crime menor, é menos grave que o delito”7, ou seja, momento em que esta é praticada.
não possui diferença qualitativa do de crime. Ex.: violação de domicílio (art. 150), no qual a lei incrimina a imples
conduta de ingressar ou permanecer em domicílio alheio sem
A) FATO TÍPICO: é o fato material que se amolda perfeitamente aos
autorização do morador.15
elementos constantes do modelo previsto na lei. Os elementos são:
a) conduta dolosa ou culposa; b) resultado (só nos crimes materiais); ● NEXO CAUSAL: é o elo de ligação concreto, físico, material e
c) nexo causal (só nos crimes materiais) e d) tipicidade. 8 natural que se estabelece entre a conduta do agente e o resultado
naturalístico, por meio do qual é possível dizer se aquela deu ou não
● CONDUTA: para a teoria finalista, atualmente adotada, não se causa a este. 16
pode dissociar a ação da vontade do agente, já que a conduta é
precedida de um seu raciocínio que o leva a realizá-la ou não. Em TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES: foi a teoria adotada pelo
suma, conduta é o comportamento humano voluntário e consciente art. 13, caput, do Código Penal no que se refere ao nexo de
(doloso ou culposo) dirigido a uma finalidade. Assim, o dolo e a culpa causalidade. É também chamada de teoria da conditio sine qua non.
fazem parte da conduta (que é 1º requisito do fato típico) e, dessa Para essa teoria, causa é toda circunstância antecedente, sem a qual
forma, quando ausentes, o fato é atípico. 9 o resultado não teria ocorrido. Isso leva à conclusão de que toda e
qualquer contribuição para o resultado é considerada causa. Todas

10
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
1
Art. 1º, do Decreto-Lei n. 2.848/40. 2003, p.39.
2 11
CAPEZ. Fernando. Curso de Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 2001, p.39. GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
3 2003, p.39.
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 2003, 12
p.23. GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
4 2003, p.36.
Art. 4º, do Decreto-Lei n. 2.848/40. 13
5 GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
Art. 6º, do Decreto-Lei n. 2.848/40.
6
2003, p.10.
JESUS. Damásio Evangelista. Direito Penal. Vol. 1. São Paulo: Malheiros, 14
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
2003, p. 151.
7
2003, p.10.
Direito Penal, 1º vol., Saraiva, 1976, p.103. 15
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
8
CAPEZ. Fernando. Curso de Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 2001, p.96. 2003, p.10.
9 16
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 2003, CAPEZ. Fernando. Curso de Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 2001,
p.36. p.121.

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as causas são igualmente contributivas para a produção do
resultado. 17
ESPÉCIES DE CULPA
Art. 13 [...]
§ 1º A superveniência de causa relativamente independente exclui 1. CULPA CONSCIENTE: o agente prevê o resultado, mas espera que
a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos ele não ocorra. Há a previsão do resultado, mas ele supõe que
anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. (Código poderá evitá-lo com sua habilidade. O agente imagina sinceramente
Penal) que poderá evitar o resultado. Difere do dolo eventual, porque neste
o agente que atua com dolo eventual é indiferente que o resultado
● TIPICIDADE: é o nome que se dá ao enquadramento da conduta ocorra ou não. 26
concretizada pelo agente na norma penal descrita em abstrato. Em
suma, para que haja crime é necessário que o sujeito realize, no 2. CULPA INCONSCIENTE: o agente não prevê o resultado, que,
caso concreto, todos os elementos componentes da descrição típica. entretanto, era objetiva e subjetivamente previsível. 27
Quando ocorre esse enquadramento, existe a tipicidade. 18
3. CULPA PRÓPRIA: é aquela em que o sujeito não quer e nem
COMPONENTES DO TIPO assume o risco de produzir o resultado. 28

1. ELEMENTARES: são os componentes fundamentais da figura 4. CULPA IMPRÓPRIA: também chamada de culpa por extensão, por
típica sem os quais o crime não existe. As elementares estão sempre assimilação, por equiparação. É aquela em que o agente supõe estar
no caput do tipo incriminador, que, por essa razão, é chamado de agindo acobertado por uma excludente de ilicitude (descriminante
tipo fundamental. 19 putativa) e, em razão disso, provoca intencionalmente um resultado
ilícito. Apesar da ação ser dolosa, o agente responde por crime
2. CIRCUNSTÂNCIAS: são todos os dados acessórios da figura típica, culposo na medida em que sua avaliação acerca da situação fática
cuja ausência não a elimina. Sua função não é constituir o crime, foi equivocada. 29
mas tão somente de influir no montante da pena. 20
► CRIME PRETERDOLOSO: é aquele em que o agente, ao praticar
MANEIRAS DA ADEQUAÇÃO TÍPICA uma conduta dolosa, acaba por produzir um resultado mais grave do
que o desejado, em virtude de uma intensificação culposa. Exemplo:
1. IMEDIATA OU DIRETA: quando houver uma perfeita um sujeito desfere um soco na vítima, que perde o equilíbrio, bate a
correspondência total da conduta ao tipo. Ela decorre da autoria cabeça e morre. 30
(realização da conduta descrita no tipo) e da consumação do ilícito
penal. 21 ERRO DE TIPO

2. MEDIATA OU INDIRETA: quando a materialização da tipicidade CONCEITO: é o que incide sobre as elementares ou circunstâncias
exige a utilização de uma norma de extensão, sem a qual seria da figura típica, sobre os pressupostos de fato de uma causa de
absolutamente impossível enquadrar a conduta no tipo. É o que justificação ou dados secundários da norma penal incriminadora. 31
ocorre nas hipóteses de participação (art. 29) e tentativa (art. 14, II).
22 1. ERRO DE TIPO ESSENCIAL: há erro de tipo essencial quando a falsa
percepção impede o sujeito de compreender a natureza criminosa do
► CRIME DOLOSO: o art. 18, I, do Código Penal, diz que há crime fato. Ex.: matar um homem supondo tratar-se de animal bravio. Recai
doloso quando o agente quer o resultado (dolo direto) ou quando sobre elementos ou circunstâncias do tipo penal ou sobre os
assume o risco de produzi-lo (dolo eventual). 23 pressupostos de fato de uma excludente da ilicitude. Apresenta-se
sob duas formas: a) erro invencível (ou escusável); b) erro vencível
(ou inescusável). Há erro invencível (escusável ou inculpável)
DOLO GERAL: ocorre quando o agente, supondo já ter alcançado o
quando não pode ser evitado pela normal diligência. Qualquer
resultado por ele visado, pratica nova ação que efetivamente o
pessoa, empregando a diligência ordinária exigida pelo ordenamento
provoca. Ex: alguém efetua disparos contra a vítima e, supondo que
jurídico, nas condições em que se viu o sujeito, incidiria em erro. Há
esta já esteja morta, atira-a o cadáver, o agente acabou matando a
erro vencível (inescusável ou culpável) quando pode ser evitado pela
vítima e, em razão do dolo geral, responde por homicídio doloso
diligência ordinária, resultando de imprudência ou negligência.
consumado (e não por tentativa de homicídio em concurso com
Qualquer pessoa, empregando a prudência normal exigida pela
homicídio culposo). 24
ordem jurídica, não cometeria o erro em que incidiu o sujeito. O erro
essencial invencível exclui o dolo e a culpa. Na verdade, não há
► CRIME CULPOSO: no crime culposo, o agente não quer nem propriamente “exclusão” de dolo e culpa. Quando incidente o erro de
assume o risco de produzir o resultado, mas a ele dá causa, nos tipo essencial invencível, o sujeito não age dolosamente ou
termos do art. 18, II, do Código Penal, por imprudência, negligência culposamente. Daí não responde por crime doloso ou culposo. O erro
ou imperícia. 25 essencial vencível exclui o dolo, mas não a culpa, desde que previsto
em lei o crime culposo. 32
17
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
2003, p.41. 2. ERRO DE TIPO ACIDENTAL: erro de tipo acidental é o que não versa
18
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva, sobre elementos ou circunstancias do crime, incidindo sobre dados
2003, p.45.
19 26
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva, GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
2003, p.46. 2003, p.55.
20 27
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva, GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
2003, p.46. 2003, p.55.
21 28
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva, GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
2003, p.46. 2003, p.55.
22 29
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva, GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
2003, p.47. 2003, p.55.
23 30
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva, CAPEZ. Fernando. Curso de Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 2001,
2003, p.50. p.174.
24 31
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva, JESUS. Damásio Evangelista. Direito Penal. Vol. 1. São Paulo: Malheiros,
2003, p.51. 2003, p. 304.
25 32
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva, JESUS. Damásio Evangelista. Direito Penal. Vol. 1. São Paulo: Malheiros,
2003, p.51. 2003, p. 304.

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acidentais do delito ou sobre a conduta de sua execução. Não agora retomá-lo. Nesse caso, todas as elementares do tipo do furto
impede o sujeito de compreender o caráter ilícito de seu foram inteiramente realizadas. 38
comportamento. Mesmo que não existisse, ainda assim a conduta
seria antijurídica. O sujeito age com consciência do fato, enganando- ITER CRIMINIS
se a respeito de um dado não essencial ao delito ou quanto à
maneira de sua execução. O erro não exclui o dolo. 33 1º FASE (COGITAÇÃO): nessa fase o agente está apenas pensando
em cometer o crime. O pensamento é impunível. No pensamento não
► ERRO SOBRE O OBJETO ( ERROR IN OBJECTO): o agente imagina estar há conduta. 39
agindo um objeto material, mas atinge outro. Ex.: uma pessoa,
querendo furtar um aparelho de videocassete, entra na casa da 2º FASE (PREPARAÇÃO): esta fase compreende a prática de todos os
vítima e, por estar escuro o local, acaba pegando um aparelho de atos necessários ao início da execução. Exs.: alugar uma casa, onde
som. O erro é irrelevante e o agente, conforme já mencionado, será mantido em cativeiro o empresário a ser seqüestrado; conseguir
responde pelo crime. 34 um carro emprestado para ser usado em um roubo a banco etc. São
atos que antecedem a execução e, portanto, não são puníveis. Há
► ERRO SOBRE A PESSOA (ERROR IN PERSONA): o agente com a casos excepcionais, entretanto, em que o ato preparatório por si só já
conduta criminosa visa a certa pessoa, mas por equívoco atinge constitui crime, como, no crime de quadrilha ou bando (art. 288), em
outra. Ex.: querendo matar João, o sujeito efetua um disparo contra que seus integrantes são punidos pela simples associação, ainda
Antonio, que muito se assemelha fisicamente a João. Nesse caso, o que não tenham começado a cometer os crimes para os quais se
sujeito responde pelo homicídio. 35 reuniram. 40

O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta 3º FASE (EXECUÇÃO): começa aqui a agressão ao bem jurídico.
de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou Inicia-se a efetiva lesão ao bem tutelado pela lei. O agente começa a
qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente realizar a conduta descrita no tipo (o verbo descrito na lei). 41
queria praticar o crime. ( art. 20, § 3º, Código Penal)
4º FASE (CONSUMAÇÃO): quando todos os elementos (objetivos,
► ERRO NA EXECUÇÃO (ABERRATIO ICTUS): ocorre quando o agente, subjetivos e normativos) do tipo são realizados. 42
querendo atingir determinada pessoa, efetua o golpe, mas, por má
pontaria ou por outro motivo qualquer (desvio do projétil, desvio da TENTATIVA: nos termos do art. 14, II, do Código Penal, considera-
vítima), acaba atingindo pessoa diversa da que pretendia. 36 se tentado o crime quando o agente inicia a execução, mas não
consegue consumá-lo por circunstâncias alheias à sua vontade. 43
Art. 73. Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de
execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia Há crimes, entretanto, em que o legislador equipara o crime tentado
ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado ao consumado, punindo-os com a mesma pena. É o que ocorre, por
o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 exemplo, no crime do art. 352 do Código Penal, que pune com
deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o detenção de 3 meses a 1 ano o preso que se evade ou tenta evadir-
agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. se usando de violência contra a pessoa. Quando o legislador pune
igualmente o crime tentado e o consumado, a doutrina chama o delito
de crime de atentado. 44
► RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO (ABERRATIO CRIMINIS): o agente
quer atingir um bem jurídico, mas atinge bem de natureza diversa.
Ex.: uma pessoa, querendo cometer crime de dano, atira uma pedra CLASSIFICAÇÃO
em direção ao bem, mas, por erro de pontaria, atinge uma pessoa
que sofre lesões corporais. Nesse caso, o agente só responde pelo 1. TENTATIVA IMPERFEITA OU INACABADA: quando o agente não pratica
resultado provocado na modalidade culposa, e, ainda assim, se todos os atos executórios. Há interrupção do próprio processo de
previsto para a hipótese (art. 74), ou seja, responde por crime de execução. Ex.: uma pessoa, querendo matar a vítima, atira contra
lesões culposas, que absorve a tentativa de dano. Veja-se, esta, mas é impedida, por terceiros, de efetuar novos disparos. 45
entretanto, que, se não existir previsão legal de crime culposo para o
resultado provocado, não se aplica a regra da aberracio criminis, 2. TENTATIVA PERFEITA, ACABADA OU CRIME FALHO: quando o agente
respondendo o sujeito pela tentativa de dano (pois, caso contrário, o prática todos os atos executórios e, mesmo assim, não consegue
fato ficaria sem punição). 37 consumar o crime. Ex.: o sujeito descarrega sua arma contra a
vítima, mas esta não é atingida de forma fatal. 46
Art. 74. Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ: o agente que,
erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do
voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o
pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como
resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. 47
crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a
regra do art. 70 deste Código. (Código Penal)
38
CAPEZ. Fernando. Curso de Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 2001,
CRIME CONSUMADO: é aquele em que foram realizados todos os p.191.
elementos constantes de sua definição legal. Exemplo: o crime de 39
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
furto se consuma no momento em que o agente subtrai, para si ou 2003, p.62.
para outrem, coisa alheia móvel, ou seja, no exato instante em que o 40
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
bem sai da esfera de disponibilidade da vítima, que, então, precisará 2003, p.62.
41
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
2003, p.62.
42
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
33 2003, p.63.
JESUS. Damásio Evangelista. Direito Penal. Vol. 1. São Paulo: Malheiros,
43
2003, p. 357. GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
34 2003, p.64.
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
44
2003, p.60. GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
35 2003, p.64.
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
45
2003, p.60. GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
36 2003, p.64.
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
46
2003, p.60-61. GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
37 2003, p.64.
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
47
2003, p.61. Art. 15, do Decreto-Lei n. 2.848/40.

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► ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL: determina o art. 23, III, do
Enquanto na desistência voluntária o agente se omite e não CP, que não há crime quando o sujeito pratica o fato em estrito
prossegue no iter criminis, no arrependimento eficaz o agente, após cumprimento do dever legal. É causa de exclusão da antijuridicidade.
ter encerrado o iter (tentativa perfeita), resolve realizar uma nova Há casos em que a lei impõe determinado comportamento, em face
ação para evitar a consumação do delito. 48 do que, embora típica a conduta, não é ilícita. Exemplos de dever
legal imposto a funcionário ou agente do Estado. a) fuzilamento do
ARREPENDIMENTO POSTERIOR: nos crimes cometidos sem violência condenado pelo executor: a conduta do carrasco é típica, uma vez
ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, que se enquadra na descrição do crime de homicídio (art. 121,
até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do caput); a antijuridicidade é excluída pelo cumprimento do dever legal;
agente, a pena será reduzida de um a dois terços. 49 b) morte do inimigo no campo de batalha; c) prisão em flagrante
realizada pelo policial. A excludente ocorre quando há um dever
CRIME IMPOSSÍVEL: ocorre crime impossível quando a conduta do imposto pelo direito objetivo. 56
agente jamais poderia levar o crime à consumação, quer pela
ineficácia absoluta do meio, quer pela impropriedade absoluta do ► EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO: o art. 23, III, parte final, do CP
objeto. 50 determina que não há crime quando o agente pratica o fato no
exercício regular de direito. A expressão direito é empregada em
B) ANTIJURÍDICO (ILÍCITO): é a relação de contrariedade entre o fato
sentido amplo, abrangendo todas as espécies de direito subjetivo
típico e o ordenamento jurídico. A conduta descrita em norma penal (penal ou extrapenal). Desde que a conduta se enquadre no
incriminadora será ilícita ou antijurídica quando não for exercício de um direito, embora típica, não apresenta o caráter de
expressamente declarada lícita. 51 antijurídica. Ex.: a) prisão em flagrante realizada por um particular; b)
liberdade de censura prevista no art. 142 do CP; c) direito de
CAUSAS EXCLUDENTES DA ILICITUDE retenção permitido pelo CC; d) direito de correção do pai em relação
ao filho. 57
► ESTADO DE NECESSIDADE: o art. 24 do Código Penal considera em
estado de necessidade quem pratica o fato criminoso para salvar de OFENDÍCULOS: são aparatos facilmente perceptíveis destinados à
perigo atual (que não provocou por sua vontade, nem podia de outro defesa da propriedade e de qualquer outro bem jurídico. Exemplo:
modo evitar) direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas cacos de vidro ou pontas de lança em muros e portões, telas
circunstâncias, não era razoável exigir-se. Existe estado de elétricas, cães bravios. Como se trata de dispositivos que podem ser
necessidade, portanto, quando alguém, para salvar um bem jurídico visualizados sem dificuldade, passam a constituir exercício regular do
próprio ou de terceiro (exposto a uma situação de perigo), sacrifica direito de defesa da propriedade, já que a lei permite até mesmo o
outro bem jurídico. 52 desforço físico para a preservação da posse (CC, art. 502). Há quem
os classifique como legítima defesa preordenada, uma vez que,
► LEGÍTIMA DEFESA: nos termos do art. 25 do Código Penal, age embora preparados com antecedência, só atuam no momento da
em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios agressão. 58
necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu
ou de outrem. Assim, diante de uma injusta agressão, não se exige o CULPABILIDADE: é a reprovação da ordem jurídica em face de estar
commodus discessus, ou seja, a simples e cômoda fuga do local. Por ligado o homem a um fato típico e antijurídico. Reprovabilidade que
isso, se uma pessoa empunha uma faca e vai em direção à outra, e vem recair sobre o agente, ensinava Aníbal Bruno, porque a ele
esta, para repelir a agressão, saca um revólver e mata o agressor, cumpria conformar a sua conduta com o mandamento do
não comete crime, por estar acobertado pela legítima defesa. 53 ordenamento jurídico, porque tinha a possibilidade de fazê-lo e não o
fez, revelando no fato de não o ter feito uma vontade contrária àquela
A legítima defesa pressupõe a agressão consistente em um ataque obrigação. 59
provocado e praticado por pessoa humana. Ataques de animais não
autorizam legítima defesa. Quem mata animal alheio que contra ele ELEMENTOS DA CULPABILIDADE: para essa teoria, a culpabilidade, que
investe age em estado de necessidade. Observe-se, contudo, que se não é requisito do crime, mas simples pressuposto da aplicação da
o animal irracional é instigado por uma pessoa, pode-se falar em pena, possui os seguintes elementos: a) imputabilidade; b) potencial
legítima defesa, posto que o animal aí serviu de instrumento para a de consciência da ilicitude; c) exigibilidade de conduta diversa. 60
ação humana. 54
A) IMPUTABILIDADE: é a possibilidade de se atribuir a alguém a

 DIFERENÇAS ENTRE ESTADO DE NECESSIDADE E LEGÍTIMA DEFESA : são responsabilidade por algum fato, ou seja, o conjunto de condições
inúmeras as diferenças as principais são: a) no estado de pessoais que dá ao agente a capacidade para lhe ser juridicamente
necessidade, há um conflito ente bens jurídicos; na legítima defesa, imputada a prática de uma infração penal. O Código Penal não define
ocorre uma repulsa contra um ataque; b) no estado de necessidade, a imputabilidade. Ao contrário, enumera apenas as hipóteses de
o bem é exposto a risco; na legítima defesa, o bem sofre uma inimputabilidade. Em princípios, todos são imputáveis, exceto
agressão atual ou iminente; c) no estado de necessidade, o perigo aqueles abrangidos pelas hipóteses de inimputabilidade enumeradas
pode ser proveniente de conduta humana ou animal; na legítima na lei, que são as seguintes: a) doença mental ou desenvolvimento
defesa, a agressão deve ser humana; d) no estado de necessidade, mental incompleto ou retardado; b) menoridade; c) embriaguez
a conduta pode atingir bem jurídico de terceiro inocente; na legítima completa, proveniente de caso fortuito ou força maior; d)
defesa, a conduta pode ser dirigida apenas contra o agressor. 55 dependência de substância entorpecente. 61

55
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
48
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 2003, p.81.
2003, p.68. 56
JESUS. Damásio Evangelista. Direito Penal. Vol. 1. São Paulo: Malheiros,
49
Art. 16, do Decreto-Lei n. 2.848/40. 2003, p. 397.
50 57
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva, JESUS. Damásio Evangelista. Direito Penal. Vol. 1. São Paulo: Malheiros,
2003, p.64. 2003, p. 398.
51 58
JESUS. Damásio Evangelista. Direito Penal. Vol. 1. São Paulo: Malheiros, CAPEZ. Fernando. Curso de Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 2001,
2003, p. 155. p.246.
52 59
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva, JESUS. Damásio Evangelista. Direito Penal. Vol. 1. São Paulo: Malheiros,
2003, p.74. 2003, p. 155.
53 60
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva, GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
2003, p.77-78. 2003, p.86.
54 61
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva, GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
2003, p.78. 2003, p.86.

ECP – Renato Ferreira Pinheiro Página 5


DIREITO PENAL
Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença mental ou Autoria colateral: duas pessoas querem praticar um crime e agem
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ao mesmo tempo sem que uma saiba da intenção da outra e o
ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter resultado decorre da ação de apenas uma delas, que é identificada
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. no caso concreto. Autoria mediata: na autoria mediata, o agente
Art. 27. Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente serve-se de pessoa sem discernimento para executar para ele o
inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação delito. O executor é usado como mero instrumento por atuar sem
especial. vontade ou sem consciência do que está fazendo e, por isso, só
Art. 28. Não excluem a imputabilidade penal: responde pelo crime o autor mediato. 68
I - a emoção ou a paixão;
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de 2. CO-AUTOR: todos os agentes, em colaboração recíproca e
efeitos análogos. visando ao mesmo fim, realizam a conduta principal [...] a
§ 1º. É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, contribuição dos co-autores no fato criminoso não necessita,
proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou contudo, ser materialmente a mesma, podendo haver uma divisão
da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato dos atos executivos. Exemplo: no delito de roubo, um dos co-autores
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. emprega violência contra a vítima contra a vítima e o outro retira dela
um objeto; no estupro, um constrange, enquanto o outro mantém
B) POTENCIAL DE CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE: estabelece o art. 21 do conjugação carnal com a ofendida, e assim por diante. 69
Código Penal que o desconhecimento da lei é inescusável. Presume
a lei, portanto, que todos são culpáveis. Ocorre, entretanto, que o 3. PARTÍCIPE: partícipe é quem concorre para que o autor ou co-
mesmo art. 21, em sua 2ª parte, determina que o erro sobre a autores realizem a conduta principal, ou seja, aquele que, sem
ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena, e, se evitável, poderá praticar o verbo (núcleo) do tipo, concorre de algum modo para a
diminuí-la de 1/6 a 1/3. 62 produção do resultado. 70
COMUNICABILIDADE E INCOMUNICABILIDADE DE ELEMENTARES E

Art. 21. O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a CIRCUNSTÂNCIAS: não se comunicam as circunstâncias e as condições

ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. 71
diminuí-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único. Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se 2. PENAL (PARTE ESPECIAL)
omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível,
nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência. 1. CRIMES CONTRA A PESSOA

C) EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA: consiste na expectativa social


1.1 HOMICÍDIO
de um comportamento diferente daquele que foi adotado pelo agente.
Somente haverá exigibilidade de conduta diversa quando a
coletividade podia esperar do sujeito que tivesse atuado de outra
forma. 63 é a assassinato da vida humana extra-uterina praticada por
outra pessoa.
Art. 22. Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita
● SUJEITO ATIVO: qualquer pessoa.
obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior
hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.
● SUJEITO PASSIVO: qualquer pessoa. (quando o sujeito passivo for
o Presidente da República, Presidente da Câmara dos Deputados,
CONCURSO DE PESSOAS: ocorre o concurso de pessoas (ou Presidente do Senado Federal, o delito configura crime contra a
concurso de agentes, co-delinqüência quando uma infração penal é Segurança Nacional – Lei n. 7.170/83).
cometida por duas ou mais pessoas. 64
● EXECUÇÃO: o crime pode ser executado por ação ou omissão (é
CLASSIFICAÇÃO admitida a tentativa de homicídio).
A) MONOSSUBJETIVOS OU DE CONCURSO EVENTUAL: que podem ser
● CONSUMAÇÃO: com a morte (a pessoa é considerada
cometidos por uma só pessoa. Ex.: homicídio. Nesse caso não há juridicamente morta com a cessão da atividade encefálica – Lei n.
concurso de agentes. É possível, entretanto, que várias pessoas 9.434/97).
matem a vítima, hipótese em que haverá o concurso. O homicídio é,
portanto, um crime de concurso eventual. 65 ● ELEMENTO SUBJETIVO: é o dolo que consiste no animus necandi
ou animus occidendi (intenção de matar).
B) PLURISSUBJETIVOS OU DE CONCURSO NECESSÁRIO: que só podem ser
praticados por duas ou mais pessoas. São, portanto, crimes de HOMICÍDIO PRIVILEGIADO: se o agente comete o crime impelido por
concurso necessário. Ex.: crime de quadrilha (art. 288), que motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de
pressupõe a união de pelo menos quatro pessoas; crime de rixa (art. violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o
137), que exige pelo menos três pessoas. 66 juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço (causa especial de
diminuição da pena).
1. AUTOR: só pode ser considerado autor aquele que pratica o
verbo do tipo, ou seja, a conduta principal nele descrita. Mandante e HOMICÍDIO QUALIFICADO: no crime de homicídio simples a pena é de
autor intelectual não são autores, mas partícipes, pois não realizam o reclusão de 6 a 20 anos, todavia, quando homicídio é qualificado a
núcleo da ação típica. 67 pena será reclusão de 12 a 30 anos. O homicídio é qualificado
quando cometido: 1. mediante paga ou promessa de recompensa, ou
por outro motivo torpe; 2. por motivo fútil; 3. com emprego de veneno,
62
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
67
2003, p.92. CAPEZ. Fernando. Curso de Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 2001,
63 p.290.
CAPEZ. Fernando. Curso de Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 2001,
68
p.275. GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
64 2003, p.98-99.
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
69
2003, p.94. CAPEZ. Fernando. Curso de Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 2001,
65 p.291-292.
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
70
2003, p.94. CA
66 PEZ. Fernando. Curso de Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 2001, p.292.
GONÇALVES. Victor Eduardo Rios. Direito Penal. São Paulo: Saraiva,
71
2003, p.94. Art. 1º, do Decreto-Lei n. 2.848/40.

ECP – Renato Ferreira Pinheiro Página 6


DIREITO PENAL
fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de
que possa resultar perigo comum; 4. à traição, de emboscada, ou - incapacidade para as ocupações habituais por + de 30 dias ? é
mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne quando o ofendido não pode retornar a todas as suas comuns
impossível a defesa do ofendido; 5. para assegurar a execução, a atividades corporais antes de transcorridos 30 dias, contados da data
ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime. da lesão; a incapacidade não precisa ser absoluta, basta que a lesão
caracterize perigo ou imprudência no exercício das ocupações
HOMICÍDIO QUALIFICADO-PRIVILEGIADO: o privilégio pode concorrer com habituais por mais de 30 dias.
as qualificadoras de natureza objetiva, mas não com as de natureza
subjetiva. Ex.: o pai que mata usando fogo o estuprador da filha. - exame complementar ? é um segundo exame pericial que se faz
logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime e não
HOMICÍDIO CULPOSSO: se o homicídio é culposo, ou seja, quando o da respectiva lavratura do corpo de delito, para avaliar o tempo de
agente não queria o resultado, porém este poderia ser previsível ou o duração da incapacidade; quando procedido antes do trintídio é
agente agiu com imprudência, imperícia ou negligência a pena será suposto imprestável, pois aberra do texto legal; se realizado muito
de detenção de um a três anos. tempo depois de expirado o prazo de 30 dias ele será imprestável,
impondo-se, por isso, a desclassificação para o dano corporal mais
CAUSA DE AUMENTO DE PENA: no homicídio culposo, a pena é leve (exceção: quando os peritos puderem verificar permanência da
aumentada de 1/3, se o crime resulta de inobservância de regra incapacidade da vítima para as suas ocupações habituais - ex.:
técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar detecção radiológica de calo de fratura assestado em osso longo,
imediato socorre à vítima, não procura diminuir as conseqüências do posto que essa modalidade de lesão traumática sempre demanda
seu ato, ou foge para evitar a prisão em flagrante. Sendo doloso o mais de 30 dias para consolidar); existe outras formas de exame
homicídio, a pena é aumentada de 1/3 se o crime é praticado contra complementar que não a que se faz para verificar a permanência da
pessoa menor de 14 anos ou maior de 60 anos. inabilitação por mais de 30 dias, como a investigação levada a efeito
a qualquer tempo, para corrigir ou complementar laudo anterior, ou
Perdão judicial: na hipótese do homicídio culposo, o juiz poderá logo após um ano da data da lesão, objetivando pesquisar
deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem permanência da mesma.
o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne
desnecessária. - perigo de vida ? é a probabilidade concreta e objetiva de morte (não
pode nunca ser suposto, nem presumido, mas real, clínica e
obrigatoriamente diagnosticado); é a situação clínica em que
1.2 INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO
resultará a morte do ofendido se não for socorrido adequadamente,
em tempo hábil; ele se apresenta como um relâmpago, num átimo,
Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio ou no curso evolutivo do dano, desde que seja antes do trintídio - ex.:
para que o faça. hemorragia por seção de vaso calibroso, prontamente coibida;
traumatismo cranioencefálico, feridas penetrantes do abdome, lesão
Aumento de pena: a pena é duplicada: a) se o crime é praticado por de lobo hepático, comoção medular, queimaduras em áreas extensas
motivo egoístico e b) se a vítima é menor ou tem diminuída, por corporais, colapso total de um pulmão etc.
qualquer causa, a capacidade de resistência.
- debilidade permanente de membro, sentido (são as funções
1.3 INFANTICÍDIO perceptivas que permitem ao indivíduo contatar os objetos do mundo
exterior) ou função (é o modo de ação de um órgão, aparelho ou
A mãe que mata o filho no estado puerperal, o próprio filho sistema do corpo) ? é a lesão conseqüente à fraqueza, à debilitação,
durante ou logo após o parto (nunca antes do parto) ao enfraquecimento duradouro, mas não perpétuo ou impossível de
tratamento ortopédico, do uso da energia de membro, sentido ou
função, sem comprometimento do bem-estar do organismo, de
1.4 ABORTO
origem traumática; por permanente entende-se a fixação definitiva da
incapacidade parcial, após tratamento rotineiro que não logra o
ABORTO resultado almejado, resultando, portanto, verdadeira enfermidade; a
Provocado pela gestante (auto-aborto) Art. 124, CP ablação ou inutilização de um órgão duplo, mantido o outro íntegro e
Com o consentimento da gestante Art. 124, CP não abolida a função, constitui lesão grave (debilidade permanente);
Provocado por terceiro com o consentimento da Art. 126, CP a ablação ou inutilização de um órgão duplo e debilitação da forma
gestante do órgão remanescente, trata-se de lesão gravíssima (perda de
Provocado por terceiro sem o consentimento da Art. 125, CP membro, sentido ou função); a eliminação ou inutilização total de um
gestante órgão ímpar que tenham suas funções compensadas por outros
Qualificado Art. 127, CP órgãos, bem como a diminuição da função genésica peniana
Legal Art. 128, CP conseqüente a um traumatismo, tratam-se de lesão grave (debilidade
permanente); a perda de dente, em princípio, não é considerada
1. 5 LESÕES CORPORAIS lesão grave, nem gravíssima, compete aos peritos odontólogos
apurar e afirmar, de forma inconteste, a debilidade da função
é resultado de atentado bem sucedido à integridade corporal ou mastigadora; a perda de dente poderá eventualmente integrar a
psíquica do ser humano. qualificadora deformidade permanente se complexar o ofendido a
ponto de interferir negativamente em seu relacionamento econômico
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem e social.

- LEVES ? são as lesões corporais que não determinam as - aceleração de parto ? consiste na antecipação quanto à data ou
conseqüências previstas nos §§ 1°, 2° e 3°, do art. 129 do CP; são ocasião do parto, mas necessariamente depois do tempo mínimo
representadas freqüentemente por danos superficiais para a possibilidade de vida extra-uterina e desencadeada por
comprometendo a pele, a hipoderme, os vasos arteriais e venosos traumatismos físicos ou psíquicos; na aceleração do parto, o
capilares ou pouco calibrosos - ex.: o desnudamento da pele ou concepto deve nascer vivo e continuar com vida, dado o seu grau de
escoriação, o hematoma, a equimose, ferida contusa, luxação, maturação; no aborto, o concepto é expulso morto, ou sem
edema, torcicolo traumático; choque nervoso, convulsões ou outras viabilidade, se sobreviver.
alterações patológicas congêneres obtidas à custa de reiteradas
ameaças. - GRAVÍSSIMAS - são os danos corporais resultantes das
conseqüências previstas pelo § 2°:
- GRAVES ? são os danos corporais resultantes das conseqüências
previstas pelo § 1°: - incapacidade permanente para o trabalho ? é caracterizada pela

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DIREITO PENAL
inabilitação ou invalidez de duração incalculável, mas não perpétua, Quanto a objetividade jurídica do furto é preciso ressaltar uma
para todo e qualquer trabalho. divergência na doutrina: entende-se que é protegida diretamente a
posse e indiretamente a propriedade ou, em sentido contrário, que a
- enfermidade incurável ? é a ausência ou o exercício imperfeito ou incriminação no caso de furto, visa essencial ou principalmente a
irregular de determinadas funções em indivíduo que goza de tutela da propriedade e não da posse. É inegável que o dispositivo
aparente saúde. protege não só a propriedade como a posse, seja ela direta ou
indireta além da própria detenção
- deformidade permanente ? é o dano estético irreparável pelos
meios comuns, ou por si mesmo, capaz de provocar sensação de Furto de Uso: Que é a subtração de coisa apenas para usufruí-la
repulsa no observador, sem contudo atingir o aspecto de coisa momentaneamente, está prevista no art. 155 do Código Penal
horripilante, mas que causa complexo ou interfira negativamente na Brasileiro, para que seja reconhecível o furto de uso e não o furto
vida social ou econômica do ofendido; se o portador de deformidade comum, é necessário que a coisa seja restituída, devolvida, ao
permanente se submeta, de bom grado, à cirurgia plástica corretora, possuidor, proprietário ou detentor de que foi subtraída, isto é, que
a atuação do réu, amiúde, será considerada gravíssima, todavia, será seja reposta no lugar, para que o proprietário exerça o poder de
desclassificada para lesão corporal menos grave, se ainda não foi disposição sobre a coisa subtraída. Fora daí a exclusão do “animus
prolatada a sentença. furandi” dependerá de prova plena a ser oferecida pelo agente.

Lesão corporal seguida de morte: reclusão, de quatro a doze anos. Furto Noturno: É furto agravado ou qualificado o praticado durante o
repouso noturno, aumenta-se de 1/3 artigo 155 §1º , a razão da
Diminuição de pena: Se o agente comete o crime impelido por majorante está ligada ao maior perigo que está submetido o bem
motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de jurídico diante da precariedade de vigilância por parte de seu titular.
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o
juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Basta que ocorra a cessação da vigilância da vítima, que, dormindo,
não poderá efetivá-la com a segurança e a amplitude com que a
Lesão corporal culposa faria, caso estivesse acordada, para que se configure a agravante do
repouso noturno.
Violência Doméstica Repouso noturno é o tempo em que a cidade repousa, é variável,
dependendo do local e dos costumes.
Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão,
cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, Furto privilegiado ou mínimo: está expresso no § 2º do artigo 155:
ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de “Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o
coabitação ou de hospitalidade: juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa”.

Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias Furto qualificado:


são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um 1. se o crime é cometido com destruição ou rompimento de
terço). obstáculos à subtração da coisa; está hipótese trata da destruição,
isto é, fazer desaparecer em sua individualidade ou romper, quebrar,
Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço rasgar, qualquer obstáculo móvel ou imóvel a apreensão e subtração
se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. da coisa.

2. CRIMES CONTRA A HONRA 2. Há abuso de confiança quando o agente se prevalece de


qualidade ou condição pessoal que lhe facilite à pratica do furto.
A calúnia consiste em atribuir , falsamente , à alguém a Qualifica o crime de furto quando o agente se serve de algum artifício
responsabilidade pela prática de um fato determinado definido como para fazer a subtraçãoi.
crime . Na jurisprudência temos “a calúnia pede dolo específico e
exige três requisitos : imputação de um fato + qualificado como crime 3. A terceira hipótese é o emprego de chave falsa.
+ falsidade da imputação” ( RT 483/371 ) . Constitui chave falsa qualquer instrumento ou engenho de que se
sirva o agente para abrir fechadura e que tenha ou não o formato de
A difamação, por sua vez, consiste em atribuir a alguém uma chave, podendo ser grampo, pedaço de arame, pinça, gancho,
fato determinado ofensivo à sua reputação. etc. O exame pericial da chave ou desse instrumento é
indispensável para a caracterização da qualificadora
A injúria, de outro lado, consiste em atribuir a alguém
qualidades negativas, que ofenda sua dignidade ou decoro. 4. A Quarta e última hipótese é quando ocorre mediante concurso de
duas ou mais pessoas, quando praticado nestas circunstâncias, pois
isto revela uma maior periculosidade dos agentes, que unem seus
esforços para o crime.
3. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
No caso de furto cometido por quadrilha, responde por quadrilha pelo
Considera-se patrimônio de uma pessoa, os bens, o poderio artigo 288 do Código Penal Brasileiro seguido de furto simples,
econômico, a universalidade de direitos que tenham expressão ficando excluída a qualificadoraii,
econômica para a pessoa.
Concurso de qualificadoras, o agente incidindo em duas
3.1 FURTO qualificadoras, apenas uma qualifica, podendo servir a outra como
agravante comum.
Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: pena – reclusão,
de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa Furto de coisa comum: Este crime está definido no art. 156 do
Código Penal Brasileiro, que diz: “Subtrair o condômino, co-herdeiro,
O conceito de furto pode ser expresso nas seguintes palavras: furto é ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a
a subtração de coisa alheia móvel para si ou para outrem sem a coisa comum: pena – detenção, de 6 (seis) meses à 2 (dois) anos,
pratica de violência ou de grave ameaça ou de qualquer espécie de ou multa”.
constrangimento físico ou moral à pessoa. Significa pois o
assenhoramento da coisa com fim de apoderar-se dela com ânimo A razão da incriminação é de que o agente subtraia coisa que
definitivo. pertença também a outrem. Este crime constitui caso especial de
furto, distinguindo-se dele apenas as relações existentes entre o
agente e o lesado ou os lesados.

ECP – Renato Ferreira Pinheiro Página 8


DIREITO PENAL

3.2 ROUBO Ocorre latrocínio ainda que a violência atinja pessoa diversa
daquela que sofre o desapossamento da coisa. Haverá no entanto
Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave um só crime com dois sujeitos passivos.
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer
meio, reduzido à impossibilidade de resistência: pena – reclusão, de 3.3 EXTORSÃO
4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa
Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito
Trata-se de crime contra o patrimônio, em que é atingido também a de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer,
integridade física ou psíquica da vítima. tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa

É um crime complexo, onde o objeto jurídico imediato do crime é o Extorsão mediante seqüetro: Seqüestrar pessoa com o fim de
patrimônio, e tutela-se também a integridade corporal, a saúde, a obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou
liberdade e na hipótese de latrocínio a vida do sujeito passivo. preço do resgate

Como no Furto, a conduta é subtrair, tirar a coisa móvel alheia, mas Extorsão indireta: Exigir ou receber, como garantia de dívida,
faça-se necessário que o agente se utilize de violência, lesões abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a
corporais, ou vias de fato, como grave ameaça ou de qualquer outro procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro:
meio que produza a possibilidade de resistência do sujeito passivo
3.4 DANO
1. A primeira hipótese é se a violência ou ameaça é exercida com
emprego de arma. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
Neste caso é necessário o efetivo emprego da arma, seja para Dano qualificado: com violência à pessoa ou grave ameaça; com
caracterizar a ameaça, seja para a violência. O fundamento da emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não
agravante reside no maior perigo que o emprego da arma constitui crime mais grave; contra o patrimônio da União, Estado,
proporciona. Município, empresa concessionária de serviços públicos ou
sociedade de economia mista e por motivo egoístico ou com prejuízo
2. A Segunda hipótese é se há o concurso de duas ou mais pessoas. considerável para a vítima.
Ocorre aqui a mesma relevância da situação já estudada no crime
de furto, ou seja, agindo os agentes entre duas ou mais pessoas,
3.5 APROPRIAÇÃO INDÉBITA
quando praticado nestas circunstâncias, pois isto revela uma maior
periculosidade dos agentes, que unem seus esforços para o crime.
Roubo em que o co-partícipe não tenha sido identificado e Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a
denunciado, mesmo assim aplica-se a qualificadora. detenção.

3. se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente 3.6 ESTELIONATO


conhece tal circunstância, é a terceira hipótese.
Nítida esta aqui a intenção da lei penal em proteger o transporte de Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio,
dinheiro, jóias, ouro, etc. O ofendido deve estar transportando induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou
valores de outrem, e não próprios. qualquer outro meio fraudulento:
Apenas incide a qualificadora quando o agente tem consciência de
que a vítima está em serviço de transporte de valores. 3.7 RECEPTAÇÃO

Roubo e lesão corporal grave: Da violência resulta lesão corporal Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio
de natureza grave, fixando-se a pena num patamar superior ao ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que
fixado anteriormente, aqui reclusão de 5 (cinco) à 15 (quinze) anos, terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte:
além da multa.
4. CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
É indispensável que a lesão seja causada pela violência, não
estando o agente, sujeito às penas previstas pelo dispositivo em
estudo, se o evento decorra de grave ameaça, como enfarte, 4.1 MOEDA FALSA
choque ou do emprego de narcóticos. Haverá no caso roubo
simples seguido de lesões corporais de natureza grave em Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-
concurso formal. moeda de curso legal no país ou no estrangeiro:
Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa
A lesão poderá ser sofrida pelo titular do direito ou em um terceiro ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz
na CIRCULAÇÃO moeda falsa.
Roubo e morte o chamado “latrocínio” : A segunda parte do §
em estudo, comina-se pena de reclusão de 20 à 30 anos se resulta Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou
a morte, as mesmas considerações referentes aos crimes alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é
qualificados pelo resultado, podem ser aqui aplicadas. punido com detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa.

O artigo da Lei 8072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), em 4.2 CRIMES ASSIMILADOS AO DE MOEDA FALSA
conformidade com o artigo 5º XLIII, da Constituição Federal
Brasileira, considera crime de latrocínio Hediondo. Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com
fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em
Nos termos legais o Latrocínio não exige que o evento morte seja nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à
desejado pelo agente, basta que ele empregue violência para circulação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir à circulação
roubar e que dela resulte a morte para que se tenha caracterizado o cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos para o fim
delito. de inutilização:
É indiferente porém, que a violência tenha sido exercida para o fim O máximo da reclusão é elevado a 12 (doze) anos, se o crime é
da subtração ou para garantir, depois desta, a impunidade do crime cometido por funcionário que trabalha na repartição onde o dinheiro se
ou a detenção da coisa subtraídaiii . achava recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em razão do cargo.

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prejuízo alheio, documento público ou particular verdadeiro, de que
4.3 PETRECHOS PARA FALSIFICAÇÃO DE MOEDA não podia dispor:

Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou 4.12 FALSA IDENTIDADE
guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto
especialmente destinado à falsificação de moeda: Atribuir-se ou atribuir a terceiro FALSA IDENTIDADE para obter
vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a
4.4 EMISSÃO DE TITULO AO PORTADOS SEM PERMISSÃO LEGAL outrem:

Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale ou título que Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de
contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que reservista ou qualquer documento de identidade alheia ou ceder a
falte indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago: outrem, para que dele se utilize, documento dessa natureza, próprio
ou de terceiro:
Quem recebe ou utiliza como dinheiro qualquer dos documentos
referidos neste artigo incorre na pena de detenção, de 15 dias a 3 4.13 FRAUDE DE LEI SOBRE ESTRANGEIRO
meses, ou multa.
Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no território nacional,
4.5 FALSIFICACAO DE PAPÉIS PÚBLICOS nome que não é o seu:

Falsificar, fabricando-os ou alterando-os, ou Utilizá-los: Atribuir a estrangeiro falsa qualidade para promover-lhe a entrada em
a) selo postal, estampilha, papel selado ou qualquer papel de emissão território nacional:
legal, destinado à arrecadação de imposto ou taxa;
b) papel de crédito público que não seja moeda de curso legal; Prestar-se a figurar como proprietário ou possuidor de ação, título ou
c) vale postal; valor pertencente a estrangeiro, nos casos em que a este é vedada
d) cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou por lei a propriedade ou a posse de tais bens:
de outro estabelecimento mantido por entidade de direito público;
e) talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo a 4.14 ADULTERAÇÃO DE SINAL E IDENTIFICADOR DE VEICULO AUTOMOTOR
arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou caução por que o
poder público seja responsável; Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal
f) bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte identificador de veículo automotor, de seu componente ou
administrada pela União, por Estado ou por Município: equipamento:

Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, com o fim de Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em
torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua razão dela, a PENA É AUMENTADA de um terço.
inutilização, ou utilizá-los depois de alterados
Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribui para o
4.6 FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO licenciamento ou registro do veículo remarcado ou adulterado,
fornecendo indevidamente material ou informação oficial.
Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar
documento público verdadeiro, incluindo-se neste caso o testamento 5. USO DE DOCUMENTO FALSO
particular e os livros mercantis:
CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS
Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se
do cargo, AUMENTA-SE A PENA de sexta parte.
5.1 PECULADO
4.7 FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PARTICULARES
Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro
bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do
Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
documento particular verdadeiro:
Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo
4.8 FALSIDADE IDEOLÓGICA a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que
seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade
Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem:
que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação Atenuantes: Se a reparação do dano precede à sentença irrecorrível,
ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante: EXTINGUE A PUNIBILIDADE; se lhe é posterior, REDUZ DE
METADE A PENA IMPOSTA.
Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se
do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de Mediante Erro de Outrem: Apropriar-se de dinheiro ou qualquer
registro civil, AUMENTA-SE A PENA de sexta parte. utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem:
5.2 INSERÇÃO DE DADOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES
4.9 FALSO RECONHECIMENTO DE FIRMA OU LETRA
Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados
Reconhecer, como verdadeira, no exercício de função pública, firma falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas
ou letra que o não seja: informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o
fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para
4.10 USO DE DOCUMENTO FALSO causar dano:

Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados 5.3 EXTRAVIO, SONEGAÇÃO OU INUTILIZARÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO

4.11 SUPRESSÃO DE DOCUMENTOS Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda
em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:
Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em

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DIREITO PENAL
5.4 EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS PÚBLICAS 5.17 DESOBEDIÊNCIA

Dar verbas rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei: Desobedecer a ordem legal de funcionário público:

5.5 CONCUSSÃO 5.18 DESACATO

Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão
da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem dela:
indevida:
5.19 TRÁFICO DE INFLUENCIA
5.6 EXCESSO DE EXAÇÃO
Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou
Exigir tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por
indevido, ou, quando devido, Empregar na cobrança meio vexatório funcionário público no exercício da função:
ou gravoso, que a lei não autoriza:
Desviar, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu 5.20 CORRUPÇÃO ATIVA
indevidamente para recolher aos cofres públicos:
Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para
5.7 CORRUPÇÃO PASSIVA determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício:
A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou
Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica
ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, infringindo dever funcional.
vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
5.21 CONTRABANDO OU DESCAMINHO
5.8 FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO
Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, no todo ou em
Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela
ou descaminho (art. 334) saída ou pelo consumo de mercadoria:
Incorre na mesma pena quem:
5.9 PREVARICAÇÃO a) pratica navegação de cabotagem, fora dos casos permitidos em lei;
b) pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando ou
Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou descaminho;
praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse c) vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de qualquer forma,
ou sentimento pessoal. utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade
comercial ou industrial, mercadoria de procedência estrangeira que
introduziu clandestinamente no País ou importou fraudulentamente ou
5.10 CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA
que sabe ser produto de introdução clandestina no território nacional
ou de importação fraudulenta por parte de outrem;
Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado d) adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou alheio, no
que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria de
competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade procedência estrangeira, desacompanhada de documentação legal,
competente: ou acompanhada de documentos que sabe serem falsos.

5.11 ADVOCACIA ADMINISTRATIVA 5.22 IMPEDIMENTO, PERTURBAÇÃO OU FRAUDE DE CONCORRÊNCIA

Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a Impedir, perturbar ou fraudar concorrência pública ou venda em
administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário: hasta pública, promovida pela administração federal, estadual ou
municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou procurar afastar
5.12 VIOLÊNCIA ARBITRAL concorrente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude
ou oferecimento de vantagem:
Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la:
5.23 SUBTRAÇÃO OU INUTILIZARÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO
5.13 ABANDONO DE FUNÇÃO
Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial, processo ou
Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei: documento confiado à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou
de particular em serviço público:
5.14 VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL
5.24 SONEGAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA
Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva
permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer
CRIMES PRATICADOS POR PARTICULARES CONTRA A ADM. PÚBLICA acessório, mediante as seguintes condutas:
a) omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de
informações previsto pela legislação previdenciária segurados
5.15 USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA
empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo
ou a este equiparado que lhe prestem serviços;
Usurpar o exercício de função pública: b) deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade
da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas
5.16 RESISTÊNCIA pelo empregador ou pelo tomador de serviços;
c) omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos,
Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de
funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja contribuições sociais previdenciárias:
prestando auxílio:

ECP – Renato Ferreira Pinheiro Página 11


DIREITO PENAL
É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e
confessa as contribuições, importâncias ou valores e presta as
informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou
regulamento, antes do início da ação fiscal.

É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de


multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que:
O valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou
inferior àquele estabelecido pela previdência social,
administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de
suas execuções fiscais.

- Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento


mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o
juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou aplicar apenas
a de multa.

- O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas


mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos benefícios da
previdência social.

Todos os direitos reservados. É vedada a reprodução total ou


parcial desta apostila, sem a autorização do autor, sob as penas
da lei.

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