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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÀO PAULO

" ^ TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO


^ j 1 ACÓRDÃO / DECISÃO MONOCRÂTICA

Vistos, relatados e discutidos estes autos de

APELAÇÃO CÍVEL n° 122.337-4/2-00, da Comarca de AGUDOS, em

que são apelantes COMPANHIA CERVEJARIA BRAHMA e OUTRA, sendo

apeladas REVENDEDORA DE BEBIDAS ENTRE RIOS LTDA. e OUTRA:

ACORDAM, em Sétima Câmara de Direito Privado do

Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, proferir a

seguinte decisão: "negaram provimento ao recurso da ré e

deram provimento, em parte, ao apelo da autora, v.u.", de

conformidade com o relatório e voto do Relator, que integram

este acórdão.

O julgamento teve a participação dos

Desembargadores ARTHUR DEL GUÉRCIO e SOUSA LIMA.

São Paulo, 8 de maio de 2002.


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

Apelação Cível n° 122.337-4/2

COMARCA DE AGUDOS.
APTES: COMPANHIA CERVEJARIA BRAHMA (E OUTRO).
APDOS: REVENDEDORA DE BEBIDAS ENTRE RIOS LTDA. (E
OUTRO).

V O T O N° 13.682

Contrato - Distribuição de bebidas -


Resilição unilateral por parte da
fabricante - Pretendida indenização -
Ação julgada parcialmente procedente
- Confirmação da decisão, com
dosagem diversa do "quantum" devido
- Indenização devida afim de evitar-se
o locupletamento indevido pela
fabricante de bebidas - Recurso da ré
desprovido, o da autora provido
parcialmente.

Por julgada parcialmente procedente ação


indenizatória promovida por revendedora de bebidas, ante a resilição
unilateral e sem causa, contra a fabricante de bebida, recorrem ambas as
partes, após propositura e rejeição de Embargos de^E^laraçãet-^
/ /^\ r I *
í )/ 1
IfTjl TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SAO PAULO

^ * ^ Apelação Cível n° 122337-4/2

Recorre a fabricante, argüindo preliminar de falta de


interesse processual da revendedora, ante a transação extrajudicial havida
entre as partes, quanto ao contrato havido, dando a revendedora quitação
total de seus haveres.

No mérito, alude tratar-se de ação indenizatória


decorrente da não renovação de contrato de revenda e distribuição de
bebidas, outrora mantida entre as partes, em razão de denúncia imotivada
efetivada pela recorrente.

Diz que a resilição estava prevista em contrato,


decorrendo daí não poder-se falar em dever de pagar danos morais pela
sua ocorrência, como também lucros cessantes, somente devidos em
decorrência de ato ilícito.

Refere, no pertinente, julgados e doutrina.

Contraria, em seguida, o valor fixado à titulo de


indenização, por ausência de embasamento legal, referindo não poder
haver indenização por captação de clientela, clientela esta, então perdida,
pois continua a apelada no mesmo ramo, agora com a Schincariol, nada
havendo que reparar, outrossim, a título de parte do fundo do comércio,
por inexistir pedido quanto a isto, tendo, neste ponto, h^vkte-juteamento
"extra-petita". / ^y^" \\
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Apelação Cível n°122.337-4/2

Por sua vez, as autoras recorrem, insatisfeitas com a


exclusão da lide da Transportadora HO Ltda., pois que criada para o bem
das partes, e ao contrário do afirmado, havia contrato desta
Transportadora com a fabricante de bebidas Brahma, pois o contrato
previa a distribuição, por veículos dela recorrente; deu-se redução da
margem de lucros, justamente na época que a recorrida exigia ingentes
investimentos, por renovação da frota e reforma de instalações; tendo
ocorrido, outrossim, julgamento ultra petita, quando da exclusão da
Transportadora da lide, pela condenação nas verbas da sucumbência,
pois limitou-se a Brahma a requerer sua exclusão.

Dizem que o próprio cancelamento imotivado do


contrato pode ser considerado ato ilícito, a invasão de área seria
transgressão contratual, pois não lhe fora paga a margem, e se os valores
de tais itens não foram informados na inicial é porque dependia de
apreciação de documentos que se encontravam na contabilidade da ré.

Afirmam que o mesmo enfoque pode ser dado à


parte em que a sentença deixou de reconhecer o direito a ressarcimento
dos valores pagos à titulo de indenização trabalhista aos funcionários que
tiveram de ser dispensados em virtude do cancelamento do contrato.
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Apelação Cível n° 122.337-4/2

Pretendem se reconheçam como leoninas as


cláusulas contratuais que as prejudicam, pois se trata de contrato de
adesão, patente o desequilíbrio pela rescisão, pois evidente a intenção da
fabricante de assenhorar-se de sua clientela, cadastro e fundo de
comércio, sem indenizá-la.

Batem-se para ver reconhecido o direito à


indenização por dano moral, posto que o cancelamento ocorrido, deixou
sem trabalho os sócios da apelante, que tiveram que começar do zero.

Pretendem reaver a totalidade da taxa de


propaganda, pois sempre de sua responsabilidade a divulgação junto à
clientela.

Insistem em reaver a margem reduzida, não


reclamada na época, para não perder a concessão, querem receber lucros
cessantes, por imotivado o cancelamento do contrato, como também
querem ser indenizados pela invasão de território, efetivado por meio de
vendas diretas a supermercados e festas regionais.

Pleiteiam a majoração da multa, pois fixadas sobre o


valor do lucro líquido auferido pelas apelantes nos últimos 12 meses,
quando já sofriam toda sorte de restrições por parte da^peTSdaTN
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Apelação Cível n° 122.337-4/2

Recursos tempestivos, com preparo e contrariados.

É o relatório.

Pretenderam os autores, indenização por diversos


motivos, posto rescindido unilateralmente contrato de revenda e
distribuição de bebidas.

Dizem que representavam a fabricante de cerveja


Brahma desde 1978, em área delimitada e exclusiva, renovado o
contrato, por prazo indeterminado, até fevereiro de 1996.

Tinham por contrato, o direito de comercializar os


produtos fabricados pela ré no território determinado pelas cidades de
Barretes, Alberto Moreira, Ibita, Colina, Colômbia, Guaíra e Jaborandi,
por isto tinham autorização de fazer uso das marcas, rótulos, sinais de
propaganda e modelo industrial de vasilhames de propriedade da ré,
aclarando que era essa a sua única atividade.

Para tanto tiveram que proceder a construção de


instalações conforme as exigências da ré, com contratação de pessoal
especializado, com a tarefa de difundir, revender e distribuir produtos
fabricados pela Brahma, tendo inclusive constituíd?f~eflípresa de
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Apelação Cível n°122.337-4/2

distribuição, com aquisição de veículos, que tinham que ser renovados de


tempos em tempos.

Tiveram que sujeitar-se às exigências da ré, em


aditamentos ao contrato primitivo, cedendo vantagens e território para
não paralisar suas atividades, ocorrendo então, após inúmeros atos
abusivos, que por notificação, dá a Brahma por resilido o contrato à
partir de 25.02.96, causando-lhe enormes prejuízos, razão pela qual
promoveram esta ação, elencando suas pretensões.

Por primeiro, deve-se admitir mantinham as partes


um contrato de tipo especial, denominado de revenda e distribuição - fls.
66/69.

Por ele, como ali estabelecido a distribuidora se


encarregava, por sua conta e risco, da revenda e distribuição dos
produtos fabricados pela Brahma, em território delimitado, obrigando-se
a tantas e tamanhas restrições, além da obediência às normas gerais -
fls. 70/73, que poder-se-ia afirmar ter-se ela tornado verdadeira vassala
da fabricante, não fosse o seu interesse em sujeitar-se a tudo, porque
assim lhe convinha.

Estabeleceu-se, também, a possibilidade de rescisão


unilateral e imotivada do contrato, de tal sorte que à/Brahma sojse exigia

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Apelação Cível n°122.337-4/2

a fabricação dos produtos, reservado tudo o mais, desde a retirada na


fábrica, que fica em Agudos, para venda à clientela por ela angariada,
utilizando transporte seu, mantendo estoque próprio de vasilhame,
procedendo a publicidade e promoção dos produtos da linha Brahma,
estendendo a freguesia dentro do seu campo de atuação.

A promoção institucional da marca era de obrigação


da fabricante, de princípio.

Ganhava a distribuidora, após a aplicação de vultoso


capital para sua instalações e veículos, pelo que vendia.

De temporário, o contrato passou a tempo


indeterminado, rescindível então, mediante notificação por qualquer das
partes, o que ocorreu em 06.07.95 - fls.l 13/115.

Posteriormente, por aditamentos, tomou a si a


fabricante, o fornecimento para supermercados e festas sob a alegação de
que a demanda nestes estabelecimentos e ocasiões era grande e não teria
a revendedora estoque para atendimento.

Ajustou-se, também no tempo, co-participação em


propaganda, promoção e publicidade, abrigando-se a distribuidora, a
arcar com parte do custo de tais despesas - fls. 109^Í2. \
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Apelação Cível n° 122337-4/2

Deu-se então, a rescisão do contrato, pela Brahma.

Esta, em resposta, argüiu a falta de interesse


processual, o que repete, à guisa de preliminar no seu recurso, porquanto
houvera transação extrajudicial, dando-lhe a distribuidora quitação plena
e total.

Os recibos estão, em cópia, as fls. 159/160 e embora


dada plena, geral e irrevogável quitação, do que ali se pagou, como
referido na r. sentença recorrida, a quitação fora pelo vasilhame, aliás
como explicitado.

Pagou, portanto, a Brahma, por vasilhame que até


então era utilizado pela distribuidora, em seu campo de atuação, pois por
contrato, fora abrigado a distribuidora à princípio, a adquiri-lo.

Não se pode, num documento especial e restrito em


que se fala em pagamento por vasilhame, entender-se que se dava
quitação de direitos, não materiais, possivelmente existentes, pela
rescisão unilateral da revenda.

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Apelação Cível n°122337-4/2

Ademais, como salientado em contra-razões, o


distrato, como o contrato, pela sua importância, exige certo rito, e que
sejam legítimas as partes.

Se para firmar o contrato, exigiu-se correta


representação da parte contratada, efetuando-se o distrato, da mesma que
o contrato - artigo 1093 do Código Civil, dever-se-ia então exigir o
representante legal da contratada, o que não foi feito, ponto este que
restou inconteste.

Rejeita-se, por tais razões, a preliminar do recurso


da fabricante.

Noutro passo, ineludível, malgrado o entendimento


esposado pela recorrente-fabricante, que o contrato havido entre as
partes, possui todas as características do contrato de adesão.

"O contrato de adesão não encerra novo tipo


contratual ou categoria autônoma de contrato, mas somente técnica
de formação do contrato, que pode ser aplicada a qualquer
categoria ou tipo contratual, sempre que seja buscada a rapidez, na
conclusão do negócio, exigência das economias de escala".
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Ada Pellegrini Grinover e outros, em Código


Brasileiro de Defesa do Consumidor - "Rio - Forense Universitária, 1991
-pág. 383.

No caso, inegável não ter havido a apregoada


liberdade dos aderentes ao contrato, na definição e apreensão das
disposições clausuladas.

Orlando Gomes, em "Contratos" - Editora Forense -


Rio - 17a Edição - 1996 - pág. 118 (atualizada por Humberto Theodoro
Júnior) em ratificação ao entendimento de Ada, refere que os contratos
de adesão distinguem-se por três traços característicos:

"1) a uniformização;
2) a predeterminação;
3) a rigidez"

E continua: "O traço distintivo dominante é o


preestabelecimento, por uma das partes, das cláusulas dos contratos
a serem estipulados em série (...)".

Quando da contratação, aderiu a distribuidora às


disposições preexistentes e impostas pela fabricante, não se lhe dando a
possibilidade de discussão sobre o estatuído no contratóTn^entretanto,

(Jh«
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•W*- Apelação Cível n° 122337-4/2

somos levados a concluir, ante o tipo de contrato havido, que não


obstante guardava ainda, a contratante, a distribuidora, boa dose de
liberdade, pois era de seu interesse receber a representação daquela
empresa, que possui já produtos consagrados, nos idos de 1978; ademais,
as exigências ali impostas era comum a todas às fabricantes de bebidas,
pelo que, convinha-lhe sujeitar-se, sem que tal fato se constituisse em
extirpação total da vontade.

Obrigou-se, não para pagar, mas para ganhar


dinheiro.

Outrossim, não é de reconhecer-se nulas cláusulas


contratuais, pois ai se inviabilizaria o contrato, tantos os permeios de
obrigações e vantagens da distribuidora.

Ressalte-se não poder, por outro lado, beneficiar-se a


distribuidora, das normas contidas no Código de Defesa do Consumidor,
não porque, ainda não existente em 1978, porque de cumprimento
continuado, alcançaria as relações das partes, mas tão só e sobretudo
porque não pode a distribuidora ser catalogada de consumidor, nos
estritos termos do Código de Defesa do Consumidor, porque não era, em
sua atuação empresarial, destinatário final, (artigo 2o).
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Apelação Cível n° 122.337-4/2

Tem-se então, como válida e eficaz a cláusula de


rescisão contratual, porque também favorecia à própria distribuidora,
caso quisesse mudar de produto.

Se válida a cláusula, não sujeita a matéria ao Código


de Defesa do Consumidor, a grande indagação é, se não obstante isto;
devida é indenização pela Brahma, pela rescisão unilateral e imotivada ?
E qual o alcance de tal dever ?

No que pertine à Transportadora, H.O. LTDA.


também recorrente, nenhum reparo merece a r. sentença de primeiro
grau, pois nenhum contrato tinha ela com a fabricante de bebidas.

A obrigação do transporte era da distribuidora,


permitia-se no contrato, constitui-se empresa para tal fim, mas isto não
leva a erigir a Transportadora em contratada.

Trabalhava e relacionava-se ela com a Distribuidora,


era estranha à fabricante, nenhum direito tinha, pelo que correto o
decreto de carência da ação e sua condenação na sucumbência, uma vez
vencida.

Não há negar-se, no entanto, ter-se beneficiado a


Brahma do trabalho de campo da distribmdorafyÊste^f-Jongos anos

( 4 \/ 12
m?YM TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

"?••.• Apelação Cível n° 122337-4/2

suportou as despesas de organização exigida diga-se, por demais pesada,


procedia à reforma e melhora das instalações, procedia a captação de
clientela, em trabalho diuturno e exaustivo, pelas estradas das cidades de
sua circunscrição, sujeitava-se às intempéries da economia e até da falta
de produto, por vezes; procedera a angariação de clientela com
promoções, com empréstimos de utensílios e máquinas para eventos e
festas, arcando até, depois de certo tempo, com os gastos de publicidade
e propaganda.

O contrato fora unilateralmente e injustificadamente


rompido pela Brahma, para atender à conveniência mercadológica dela,
ponto este inconteste, posto sabido ter ela assumido diretamente aquela
região, que diga-se, já abocanhara bons pedaços, quando impôs, por
aditamentos, a perda para a distribuidora, da venda e representação, para
supermercados e festas.

Locupletou-se a Brahma com a atividade mercantil


da distribuidora, pois assumindo sua clientela, deixou de ter despesas de
intermediação.

Causou a fabricante ingente prejuízo à


distribuidora.
ip|*j| TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO
^ * Apelação Civel n° 122.337-4/2

À lei repudia o enriquecimento sem causa, tal


princípio decorre do sistema jurídico Pátrio.

Noutro passo, por estabelecido no artigo 121, do


Código Comercial: "as regras e disposições do direito civil para os
contratos em geral são aplicáveis aos contratos comerciais, com as
modificações e restrições estabelecidas neste código".

A verdade é que não há negar-se direito à


indenização, quando constatado o desequilíbrio contratual representado
pelo pesado ônus à distribuidora e enriquecimento ilícito, por
aproveitamento de trabalho anterior, pelo fabricante, que ao fim, rescinde
o contrato por que não lhe convém mais continuar com a avença, e fica
com toda a clientela angariada mediante atuação da distribuidora.

A rescisão, outrossim, ocorre após quase 20 anos,


por sucessivos contratos com prazo certo, para depois tornar-se por prazo
indeterminado, quando lícito era a distribuidora imaginar que depois de
todo aquele seu trabalho, como diz, diuturno, na obtenção e manutenção
de clientela, embora houvesse no contrato cláusula de rescisão, tal
situação perduraria, pois não dera causa, de modo algum ao rompimento,
e nem ferira o código de normas que lhe foi impostojjelafabricante de
bebidas. / \ J—_
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Apelação Cível n°122337-4/2

O rompimento do contrato, após alguns qüinqüênios


de investimento, que passará a fabricante, a custo zero, e que se
beneficiará de todo o trabalho desenvolvido, sem possibilidade da
distribuidora reaver o dispêndio havido, leva à obrigação, é certo, à
indenização.

A Constituição Federal nos seus artigos 170 e 173,


consagra a livre concorrência e reprime o abuso do poder econômico que
visa a dominação dos mercados, a eliminação da concorrência e ao
aumento arbitrário dos lucros.

O seu parágrafo 4o, artigo 173, assim estabelece:

"A lei reprimirá o abuso do poder econômico que


vise à dominação do mercado, à eliminação da concorrência e ao
aumento arbitrário dos lucros".

Ocorrendo qualquer das hipóteses acima elencadas,


embora assegurada, é certo, a livre iniciativa, possibilita a ordem
constitucional, a intervenção do Estado para evitar as distorções
provocadas pelo abuso do poder econômico, em que o poder mais forte
supera o agente econômico mais fraco.
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Apelação Cível n°122.337-4/2

Assim, embora indubitável o direito da fabricante


em dar por rescindido o contrato de representação, impõe-se-lhe, em
hipótese como a ocorrida no caso dos autos, a obrigação de indenizar.

Se assim é, no entretanto, não se chega à todos os


pedidos da inicial.

Bem decidida a pretensão, na sentença, no que


pertine ao pedido de indenização pela retenção de vasilhames rejeitados e
dos seus cacos, como também das restituições das receitas financeiras
havidas pela ré, decorrentes da antecipação do ICMS devido a
substituição tributária, pois necessária à própria atividade, mesmo
porque, na r. sentença acentuado, tais pedidos, feitos genericamente, sem
especificações de suas ocorrências, não são passíveis de apuração nestes
autos e nem mesmo em liquidação de sentença, por falta dos necessários
dados.

Não são indenizáveis também, as despesas com o


aviamento e manutenção da frota, os custos com as adaptações dos
estabelecimentos, com as cores, símbolos da ré e equipamentos para
melhor acondicionar os produtos, pois eram necessários para a
manutenção da concessão, bem como para cumprir o objetivo, que era a
representação, em troca da exclusividade de representação, ertfendendo-

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^ • ^ ^ Apelação Cível n° 12233 7-4/2

se, que, esta era da própria atividade da distribuidora, necessárias para


qualquer desemprenho, e desta atividade auferira lucros.

Da pretensão de reaver parte da taxa de propaganda,


também não tem a distribuidora, qualquer direito, pois dela se
beneficiou, uma vez que, quanto mais conhecidos os produtos da ré,
maior era seu ganho, ademais, caso fosse de direito seu, deveria ter-se
insurgido na época, o que não foi feito, concluindo-se ter havido
concordância com ela.

O mesmo se diga quando se refere à pretendida


indenização pela redução da margem de lucro sobre as vendas, pois se
não lhe conviesse, deveria ter denunciado o contrato na época, o que
também inocorreu.

Não assiste razão, ainda, à autora, quando pretende


reparação pelas indenizações trabalhistas e previdenciárias devidas a seus
ex-empregados, pois, não há como estabelecer-se qualquer vínculo da
fabricante com tais trabalhadores, utilizados para a própria atividade dela
distribuidora, e da qual, como já dito, auferiu lucro.

Noutro passo, como já fixado, a resilição estava


prevista no contrato, e se tratava de previsão lícita, atflrjuívèla ambas as
IPIsl TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SAO PAULO
^ * * Apelação Cível n° 122337-4/2

partes, pelo que indevida a pretendida indenização por danos morais,


que, a final só são decorrentes de ato ilícito.

O mesmo se diga dos pretendidos lucros cessantes,


que exige conduta ilícita, inocorrente no caso, pois prevista a resilição.

Não procede o pedido, outrossim, no que trata das


vendas feitas diretamente pela fabricante, aos supermercados e festas
especiais, já porque aceitas tais condições por aditivo ao contrato
principal, não denunciado na época, e porque, não se constituía tal
conduta, em concorrência desleal, e que em suma, com a maior
publicidade, só veio em benefício da marca, e por via de conseqüência, à
própria distribuidora, que via o produto mais conhecido, e forçava maior
consumo dentro de sua rede de distribuição.

Não pode, outrossim, pretender a distribuidora haver


indenização, por seus sócios, como dito, que ficaram sem emprego, após
tantos anos, pois que, não pode ele pleitear direito alheio, nos precisos
termos do artigo 6o do Código de Processo Civil, pois não há admitir-se a
confusão entre as pessoas físicas dos sócios, e a pessoa jurídica da qual
participam.

A r. sentença só merece reparo quanto~ào\ valor da


indenização, pois tomados como referência os úl^os/I^jneses do
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Apelação Cível n° 122.337-4/2

contrato, quando noticia há, e não houve no pertinente contrariedade, nos


últimos 6 meses, quando já efetivada a notificação, diminuiu a ré, o
fornecimento de bebidas.

Melhor fixar-se nos 12 meses antes do último


semestre de vigência do contrato, pois corresponde, é certo, ao
movimento normal de fornecimento e distribuição dos produtos.

Assim, rejeitadas as preliminares, nega-se


provimento ao recurso da ré, e dá-se parcial provimento ao apelo da
autora, para o fim acima, especificado.

GLIERI
ator

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