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A reforma protestante

• Por volta de 1210, a suntuosidade das construções e as vastas terras da Igreja


Católica Romana já impressionavam e revelavam a riqueza da instituição eclesiástica.
Durante o século XIII, São Francisco pregou a pobreza. Na mesma época, Domingos
de Gusmão, depois São Domingos, defendeu a mendicância e a simplicidade. Os dois
santos reuniram fiéis e questionaram a estrutura administrativa e financeira da Igreja a
que pertenciam.

• No final do século XIV, uma profunda crise abalou o catolicismo: a Igreja dividiu-se
entre dois papas. Urbano VI assumiu o poder em Roma, em 1378, e quatro meses
depois um grupo de cardeais insatisfeitos entronizou Clemente VII, em Avignon. Parte
da França, os reinos de Castela e a Escócia apoiavam o papa de Avignon, enquanto o
Sacro Império, os reinos do norte da península Itálica e a Inglaterra estavam entre os
defensores do papado romano. Era o chamado "grande cisma do Ocidente", que
expunha as divergências internas da Igreja e os vínculos políticos de seus diversos
setores. Dois papas, com suas respectivas organizações eclesiásticas, lutavam entre si,
excomungavam os adversários e os denunciavam como heréticos.
• A disputa envolveu ordens religiosas, bispados, conventos e mosteiros até
1417, quando o papado foi reunificado em Roma. As insatisfações
doutrinárias e a reclamação por uma redistribuição de poder dentro da Igreja,
no entanto, persistiam. No final do século XV, as autoridades eclesiásticas
pareciam ainda mais distantes da valorização da pobreza e até das doutrinas e
ensinamentos que difundia. Muitos membros do clero desconsideravam
regras de conduta, como o celibato, e participavam abertamente da venda de
relíquias e funções religiosas. Eles também interferiam em assuntos políticos
e negociavam indulgências (perdões) para os pecados que os fiéis
cometessem.

• Esse comportamento era criticado dentro e fora da instituição. Muitos


defendiam a necessidade de reformas. Por exemplo: Se a Igreja era uma guia
espiritual, por que exigia dinheiro de seus seguidores e por que concentrava
tantos desses recursos no seu próprio interior, em vez de distribuí-los aos
necessitados?
• O humanista e monge Erasmo de Roterdã (1466-1536), em sua obra O elogio da
loucura (1509), satirizou a corrupção na Igreja e propôs que a instituição retomasse o
Evangelho como princípio de todas as suas ações, afastando-se das preocupações
materiais. Erasmo defendia também a tolerância religiosa e a liberdade de
pensamento. Uma de suas principais realizações foi a nova tradução do Novo
Testamento para o grego, publicada em 1516. A tradução continha muitas anotações
do monge, auxiliando a leitura e orientando a compreensão do texto. Calcula-se que
mais de 3 mil exemplares tenham sido impressos nos primeiros três anos de difusão da
obra.

• No mesmo ano da publicação da edição de Erasmo, encerrou-se o Concílio de


Latrão, que se iniciara em 1512 e debatera as relações entre o papado e as dioceses. As
decisões do concílio reafirmaram o poder papal sobre o conjunto da Igreja, rejeitando
a autonomia dos prelados locais. No mesmo encontro, os religiosos discutiram a
possibilidade de reformas no interior da instituição e chegaram a autorizar mudanças
no funcionamento interno da Igreja. O papa Leão X, no entanto, desconsiderou as
decisões reformistas e estabeleceu, através de bula papal, a determinação de que toda
obra impressa deveria receber autorização eclesiástica para circular.
• O luteranismo: O monge germânico Martinho Lutero (1483-1546) leu a tradução do
Novo Testamento e outros escritos de Erasmo e reconheceu, neles, preocupações
semelhantes às que tinha em relação aos rumos da Igreja. Lutero também havia
acompanhado o concílio e discordava amplamente de suas decisões. Ele era teólogo e
recusava o princípio católico de que a salvação dependia da fé, das obras humanas e
da graça divina. Para Lutero, apenas a fé levava à salvação: Deus oferecera a fé
através do sacrifício de Cristo e não cabia aos homens discutir ou explicar sua
natureza e seus motivos. Desde o nascimento, já estava definido se cada um de nós
seria salvo ou não. Não saberíamos até a hora da morte se estávamos predestinados ao
Céu ou ao Inferno e nenhum gesto nosso alteraria a vontade divina.

• Com tais afirmações, ele rejeitava o pensamento escolástico de São Tomás de


Aquino, que celebrava as boas ações, o conhecimento e as informações como caminho
para a salvação. Segundo Lutero, a fé exigia total abnegação e entrega, ao mesmo
tempo que cada indivíduo era responsável por sua escolha religiosa. Ao contrário do
que defendia a Igreja, ao afirmar que apenas ela podia interpretar e explicar a Bíblia,
ele sustentava que todos os homens, religiosos ou leigos, deviam ter acesso às
Escrituras, para que compreendessem individual e livremente a palavra de Deus.
• Pelas idéias de Lutero, a salvação dos homens não dependia mais da
intervenção e da concordância dos membros da Igreja. O clero, portanto,
tornava-se desnecessário, assim como o sacramento da confissão. De forma
ainda mais profunda, Lutero refutava a concepção, defendida pela Igreja, de
que as pessoas teriam, após a morte, três destinos possíveis: o Céu, o Inferno
e o Purgatório.

• Os justos iriam para o Céu e os pecadores sem perdão possível seriam


enviados ao Inferno. O Purgatório era o destino de quem podia merecer o
Céu, mas ainda não era suficientemente puro. Tratava-se, portanto, de um
estágio provisório no caminho da salvação. Sua duração variava conforme os
pecados que cada um devia expiar e os castigos que devia sofrer. As
indulgências tinham justamente a função de abreviar os anos de Purgatório.
Ao comprá-las, o católico reduzia a espera para chegar ao Paraíso. Para o
teólogo germânico, porém, se a salvação não dependia dos homens, nem da
intermediação eclesiástica, as indulgências não tinham nenhum valor.
• Uma insatisfação mais ampla e difusa somava-se aos debates doutrinários,
em boa parte da Europa ocidental e central. As cidades haviam crescido, os
Estados organizavam-se e a interferência política das autoridades
eclesiásticas parecia restringir a ação de reis e nobres. Estes também
desejavam receber parte dos tributos pagos à Igreja e ter acesso às terras
controladas pela instituição.

• A burguesia ascendente, por seu lado, sentia-se limitada pela condenação


católica da usura e da busca do lucro financeiro. Os camponeses e
trabalhadores urbanos, afetados pela carestia(encarecimento do custo de
vida), realizavam contínuas sublevações, que, mesmo sem projetos políticos
claros, revelavam a instabilidade social do período. Embora a presença da
Igreja, expressa nas construções e nos rituais majestosos, fosse ostensiva, nos
meios populares persistiam outras religiosidades, que incluíam práticas
mágicas, devoções e idolatria.
• As denúncias contra a corrupção de clérigos católicos acabaram por
canalizar todas essas insatisfações. Em 1517, Lutero reagiu à presença, em
Wittenberg, de um enviado do arcebispo local, que fora à cidade com a
incumbência de vender indulgências e, assim, obter recursos para a
construção da nova Basílica de São Pedro, em Roma. A obra era importante,
aos olhos de seus defensores, para celebrar a reunificação do papado, ocorrida
um século antes. A reformulação, porém, era muito onerosa, daí a necessidade
de arrecadar mais dinheiro.

• Contrário à venda de indulgências, Lutero afixou, na porta do castelo de


Wittenberg, 95 teses. Ele afirmava, em suas teses, que esse comércio de
perdões não tinha fundamentação teológica e favorecia a corrupção. A
questão das indulgências era apenas o ponto de partida para que o monge
germânico expusesse suas discordâncias doutrinárias e práticas com a Igreja
de Roma.
• Alguns historiadores afirmam que os embates políticos e sociais e a rejeição à
intromissão da Cúria nas dioceses e nos assuntos internos dos Estados tiveram
papel tão decisivo no reformismo quanto a negociação de indulgências ou as
reformulações doutrinárias.

• De fato, quando o papa reagiu às teses e pregações de Lutero, ameaçando-o com


a excomunhão, o teólogo recorreu aos príncipes germânicos. Ele publicou, em
1520, o texto À nobreza cristã da nação alemã, em que contestava os tributos
cobrados pela Igreja e denunciava sua atuação política. Ao mesmo tempo,
reiterava sua obediência aos príncipes. Estes rapidamente o apoiaram,
interessados nas vantagens que a Reforma luterana lhes proporcionaria. Uma vez
definido o rompimento, eles podiam incorporar os tributos religiosos à
arrecadação real, confiscar as terras da Igreja e facilitar sua luta contra o esforço
expansionista de Carlos V, imperador católico do Sacro Império, que tentava
ampliar seus domínios na região. Após décadas de luta, os príncipes conseguiram
confirmar sua autonomia, e o próprio Carlos V reconheceu, em 1555, o direito de
que cada governante determinasse a religião a ser seguida por seus súditos.
• Também os pobres viram, nas ideias de Lutero, a inspiração para resistir
aos poderes políticos locais. Em 1524, valendo-se de críticas luteranas às
ambições políticas e financeiras dos governantes, quase 300 mil
camponeses rebelaram-se contra seus senhores. Lutero, politicamente
dependente dos príncipes germânicos que o mantinham protegido da
perseguição do papa, rejeitou qualquer vínculo de suas propostas com a
luta popular.

• Independentemente de sua situação e de sua posição política, o programa


reformista já ultrapassara suas preocupações pessoais e tornava-se cada
vez mais forte e amplo. Na metade do século XVI, quase todo o norte da
atual Alemanha havia sido convertido ao protestantismo e outras regiões
da Europa debatiam as ideias reformistas.
• Calvinismo: Enquanto alguns europeus adotavam as orientações de
Lutero e de seus primeiros seguidores, outros mantinham-se fielmente
ligados à Igreja de Roma. Na França, os protestantes eram reprimidos com
violência e perseguidos pelo poder real e pelo poder eclesiástico. O
teólogo e humanista francês João Calvino (1509-1564) converteu-se ao
luteranismo aos 24 anos e precisou sair de seu país para escapar à
repressão.

• Calvino exilou-se em Genebra, a convite do pregador Guilherme Farel,


que havia divulgado os preceitos reformistas na cidade. Genebra
transformara-se numa república havia pouco tempo e era controlada por
um conselho geral. O conselho adotara o protestantismo, confiscara as
propriedades da Igreja e, com as receitas obtidas com o confisco, havia
implantado um amplo sistema de instrução pública e organizado obras de
assistência social.
• Apesar de ter enfrentado a oposição de alguns setores burgueses da cidade,
Calvino conseguiu, após 1541, iniciar uma ampla reestruturação eclesiástica e
religiosa. Ele defendia a absoluta soberania de Deus e a completa submissão dos
homens a Ele. À semelhança do que Lutero havia afirmado, Calvino também
acreditava que a virtude, as boas ações, o arrependimento e as penitências não
facilitavam o ingresso no reino do Céu. Era a escolha divina que permitiria, a
alguns, o acesso ao Paraíso. Para Calvino, a igreja dividia-se em dois segmentos.
De um lado, a "igreja invisível", que reunia aqueles que estavam predestinados à
salvação. De outro, a "igreja visível", que incluía todos os que aguardavam a
morte para conhecer seu destino maravilhoso ou terrível. Nenhuma pessoa sabia
previamente o que Deus havia determinado para seu destino, por isso, era
necessário atuar na "igreja visível", sem saber se pertencia à "invisível".

• A igreja calvinista impunha disciplina e conduta social rigorosas, em público e


na intimidade. As atitudes individuais revelavam o esforço de combater o mal
dentro e fora de si e de agir conforme as convicções religiosas.
• O trabalho era tratado, por Calvino e seus seguidores, como um valor
supremo. Ele representava a capacidade que os homens tinham de
administrar os bens de Deus na Terra. O sucesso nas atividades
profissionais demonstrava, assim, a competente e cuidadosa observação
da vontade divina. Segundo essa lógica, certas práticas condenadas pelos
católicos, como a obtenção de lucro e a cobrança de juros, deviam ser
permitidas e respeitadas. A própria riqueza individual, também rejeitada
no catolicismo, assumia a conotação de sinal da graça divina.

• Com seus preceitos, a doutrina calvinista facilitava e justificava a


atuação dos comerciantes e dos banqueiros. Em virtude disso, alguns
pensadores afirmaram que o calvinismo oferecia a ética religiosa
adequada para o desenvolvimento do capitalismo.
• Reforma católica: A Igreja Católica viu-se obrigada a promover mudanças internas,
em resposta tanto ao movimento protestante como à necessidade de se adaptar aos
novos tempos e corrigir algumas condutas.

• O conjunto dessas mudanças ficou conhecido como a Reforma Católica, ou


Contrarreforma, e incluiu reformulações de ordem doutrinal e administrativa. Naquele
contexto as metas da Igreja passaram a ser o combate à heresia protestante – e à
proliferação da nova religião no continente europeu –, a reafirmação dos dogmas da
Igreja e a vigilância sobre as práticas religiosas dos fiéis.

• Essa nova orientação foi decidida no Concílio de Trento, assembleia de religiosos


que se reuniu de 1545 a 1563. Dispôs-se nessa reunião também sobre o que não
sofreria mudança: manteve-se o latim como a língua litúrgica e dos textos bíblicos e
reafirmaram-se a infalibilidade do papa, a proibição do casamento para padres e
freiras e a importância das práticas piedosas e da participação nos sacramentos para a
salvação da alma (batismo, crisma, eucaristia, matrimônio, confissão, ordem, extrema-
unção).
•Além disso, restabeleceu-se o Tribunal do Santo Ofício (a Inquisição),
responsável por julgar católicos acusados de atos considerados contrários à fé, e
elaborou-se o Index librorum prohibitorum, lista de livros proibidos que podiam
ser retirados de circulação e queimados e cujos autores eram submetidos a
julgamento.

• Na lista dos livros proscritos figurava O príncipe, de Maquiavel, entre outros.


Os tribunais da Inquisição contavam com o apoio de alguns Estados monárquicos
na medida em que estes se encarregavam de prender, degredar e por vezes até
executar os condenados.

• A Reforma Católica pôde contar, ainda, com a Companhia de Jesus, fundada em


1534 pelo espanhol Inácio de Loyola. Seus membros, os jesuítas, destacavam-se
por seu papel missionário na América, África e Ásia e pela ação educativa
desenvolvida em seus colégios. Eram conhecidos também por seguir uma
disciplina rígida, que lembrava a das organizações militares.
•No Novo Mundo, os jesuítas incumbiam-se da cristianização dos nativos.
Para os reinos ibéricos, a expansão de seus territórios implicava também a
ampliação das fronteiras da fé, por meio da inclusão de milhares de novos
seguidores e da afirmação das instituições eclesiásticas. A participação dos
jesuítas, encarregados da catequese dos indígenas, da formação de
religiosos e da educação dos colonos laicos, foi decisiva nesse sentido.

• Assim, ao mesmo tempo que fortaleciam a combatida Igreja Católica, as


Coroas de Portugal e da Espanha assumiam definitivamente o papel de
instrumentos para a salvação da humanidade. Evidentemente isso
representava um reforço ao poderio monárquico. Seus reis, de forma
semelhante ao que ocorria com os papas, começaram a ser definidos como
"vice-cristos", delegados de Deus na Terra.

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