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PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
CURSO DE LETRAS – LICENCIATURA EM INGLÊS
Sorocaba/SP
2010
Jassiara Queiroz de Lima
SOROCABA/SP
2010
Jassiara Queiroz de Lima
Aprovado em:
BANCA EXAMINADORA:
Ass.:___________________________
Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes, UNISO
Ass.:___________________________
Prof.ª Ma. Daniela Aparecida Vendramini Zanella,
UNISO
Ass.: __________________________
2º Exam.:
Dedico este trabalho aos meus pais queridos,
Ariosvaldo e Sebastiana, à minha avó Ana, que
me deixou sua sabedoria para recordar e apegar,
aos meus padrinhos, Felizardo e Maria de
Lourdes, ao professor Luiz Fernando, à minha
irmã Ariana e minha amiga Paula, com toda
minha afeição.
AGRADECIMENTOS
Aos meus adorados pais e irmã pelo apoio massivo e por me embalaram nos
momentos difíceis.
Aos meus amigos, meus padrinhos e familiares todos que de uma forma ou
de outra contribuíram para este trabalho e por quem sou.
(Pablo Neruda)
RESUMO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 9
4 ESTRUTURAS DO TEXTO........................................................................... 10
4.1 O que é texto.......................................................................................................10
4.2 Os processos cognitivos da leitura ......................................................................12
4.3 A intertextualidade do texto .................................................................................13
4.4 Os tipos de leitores..............................................................................................15
4.5 Os tipos de leitura e suas estratégias .................................................................17
5 O HIPERTEXTO E SUAS CONCEPÇÕES ................................................... 19
5.1 Construindo o sentido na leitura hipertextual ......................................................20
6 CONCLUSÃO ............................................................................................... 29
6 REFERÊNCIAS............................................................................................. 30
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1 INTRODUÇÃO
Em consequência da utilização cada vez maior de mídias digitais que nos são
proporcionadas atualmente, o hipertexto tem levantado questionamentos em
decorrência de seu uso através de suas características distintas daquelas do texto
impresso. Ao navegar em sites hipertextuais, o leitor se depara com diversos outros
links que o levará a outros hipertextos e que dificilmente manterão uma sequência
ou evidente semelhança com o primeiro. Isso pode desestruturar a construção uma
vez que o leitor se encontra numa situação em que há diversas informações todas
aglomeradas e fragmentadas, intercaladas através dos hiperlinks. O hiperlink é um
sistema de informações dispostas pelo autor a fim de construir uma associação
entre elas e disponibilizar atalhos para outros hipertextos que podem interferir
positivamente ou negativamente na construção de sentido. Esses hiperlinks são
distribuídos de acordo com a escolha do autor e é preciso que ele os libere
respeitando uma ordem que enriqueça a navegação do leitor, e não que interrompa
as leituras. Para que isso ocorra, é importante que os hiperlinks ofereçam coesão e
coerência e que o autor use de táticas para fornecer hiperlinks que sustentem
alguma similaridade e assim evitar a não-compreensão de quem os utiliza.
No hipertexto não existe a linearidade que encontramos no texto impresso, o
que implica em uma leitura mediada por escolhas e buscas determinadas pelo leitor
que compreende seus limites e objetivos e também uma leitura que pode levar a
lugares diversos dentro da concepção do que é hipertexto e de como ele se
constitui.
Portanto, com o uso cada vez mais constante do computador para (além de
outras finalidades) a leitura de informações diversas com as quais leitores se
deparam a todo tempo no hipertexto, é preciso esboçar as distinções e similaridades
do texto convencional e do hipertexto e também importante que o usuário saiba
compreender suas limitações e oportunidades e saiba como lidar com a leitura
hipertextual.
Com a internet e a hipermídia tomando um espaço cada vez maior no mundo
hoje (mesmo que ainda haja a hierarquização do logocentrismo como o maior e mais
importante das linguagens), é importante que elas sejam usadas como meio para o
letramento vinculado a uma cultura onde o texto impresso é o que mais prevalece.
Como vimos, o hipertexto tem conceitos muito diferentes do que se diz respeito à
produção de textos em papel, como ressalta Santaella (1981) quando defende que a
leitura não se limita apenas à codificação da escrita de livros e nem a empregada no
papel, mas faz parte de uma multiplicidade de tipos de leitores.
Sendo assim, o hipertexto oferece uma outra forma de produção textual onde
o leitor não mais se limita à passividade da leitura e se norteia de acordo com as
informações que quer acessar e também há a possibilidade de adicionar suas
próprias informações ao hipertexto, onde os fragmentos são peças fundamentais
para a não-totalidade da escrita e da leitura, que leva a outros infindáveis caminhos
repletos de informações como dito anteriormente.
Partindo do tema mencionado anteriormente sobre a crescente utilização do
hipertexto e do suporte digital em geral, este estudo tem como objetivo explanar as
teorias sobre os moldes de ambos os formatos de texto, o impresso e o digital, e
examinar como é feita a construção de sentido no hipertexto, partindo do
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4 ESTRUTURAS DO TEXTO
Koch (2003) define o texto como não sendo totalizador do sentido, e sim
como uma ferramenta para tal. O texto pode ser uma forma de obtenção de pistas
que leva a leitura a lugares muito mais profundos, que é de onde se pode construir o
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sentido. Para chegar a esse nível e assim, poder construí-lo, é necessário que sejam
usadas as estratégias cognitivas e interacionais.
As estratégias cognitivas, entendidas aqui como instrução do conhecimento,
não se baseiam apenas nas construções e características dos textos, mas também
por seus leitores e seus conceitos. Estão relacionadas a objetivos, informações que
o texto oferece e questões de personalidade do leitor.
Assim sendo, pode-se dizer que o leitor adiciona à produção textual, sentidos
próprios de seu conhecimento, uma vez que o texto não oferece as informações
prontas, mas sim caminhos para a construção do sentido.
A inferência avaliativa implica uma leitura que vai além daquela somente
literal que o texto oferece. É uma inferência que ocorre quando o leitor compreende
o que está por traz do texto, seu objetivo, o que ele acarreta e o que quer passar.
“Assim, o leitor leva em conta o comportamento que não é explicitado no texto e
preenche as lacunas existentes através das inferências”. (Trevisan, 1992, p. 56) O
contexto, além do papel de cada leitor, também tem sua função no processo de
inferência, pois no ato da leitura o conhecimento prévio não acontece apenas
através da junção de palavras e frases, mas sim de acordo com as situações
contidas no texto.
Lemos 200 palavras por minuto quando o material for fácil, mais devagar
quando o material for complexo. Os olhos se movimentam muito mais
rapidamente do que a voz consegue pronunciar. (Kleiman, 2000, p. 33)
Isso significa que todo texto é um objeto heterogêneo, que revela uma
relação radical de seu interior com o seu exterior; e, desse exterior,
evidentemente, fazem parte outros textos que lhe dão origem, que o
predeterminam, com os quais dialoga, que retoma, a que alude, ou a que se
opõe. (Koch, 2003, p. 59)
Ducrot (1984 apud Koch, 2003) avalia dois tipos de polifonia: quando há um
enunciado e mais de um locutor, e quando há um enunciado e mais de um
enunciador.
Daí, Koch (2003, p.73) delimita as diferenças entre polifonia e
intertextualidade.
Longe de ter sido mera realização técnica cômoda, o livro impresso foi um
poderoso instrumento para conferir a eficácia à meditação individual, para
concentrar o pensamento que, sem ele, estaria disperso, ao mesmo tempo
que assegurava, em um tempo mínimo, a difusão de ideias, criando, entre
os pensadores, novos hábitos de trabalho intelectual. (Febvre apud
Santaella, 2004 p. 21)
Esse tipo de leitura nasce da relação íntima entre o leitor e o livro, leitura do
manuseio, da intimidade, em retiro voluntário, num espaço retirado e
privado, que tem na biblioteca seu lugar de recolhimento, pois o espaço de
leitura deve ser separado dos lugares de um divertimento mais mundano.
(...) É uma atividade de leitores sentados e imóveis, em abandono,
desprendidos das circunstâncias externas. (Santaella, 2004, p. 23)
É este, portanto, é o leitor que tem pressa, transitório, que não se permite
atrelar aos detalhes de sua leitura; o leitor mediador entre o leitor que
silenciosamente e sem correria lê os livros impressos, e o leitor da era digital;
O último leitor ao qual Santaella (2004) se atém é o leitor imersivo, digital.
O leitor imersivo, ainda que sua leitura guarde semelhanças com o texto
impresso, se diferencia porque se trata de um leitor atuante, interativo e de uma
leitura que leva a outros infindáveis caminhos repletos de informações.
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Com diferentes finalidades – ler para quê (para me informar, para estudar,
para me entreter,...); por diferentes razões – ler por quê (por obrigação, por
necessidade escolar ou do trabalho, por paixão,...); de diferentes formas,
modos, – ler como (leitura pública, leitura individual, leitura coletiva,...) (...)
Outros fatores podem ainda gerar diferentes leituras, como os suportes (um
mesmo texto pode ser lido de forma diferente dependendo de onde estiver
escrito).
A leitura de estudo, a qual tem por objetivo extrair tudo que o texto oferece,
sua ideologia, seus argumentos, suas discussões, etc. é a leitura dos estudantes e
dos intelectuais; é a leitura de quem, de acordo com Paulo Freire (2001, apud
Castello-Pereira, p. 55), assume o papel de fazê-lo, de quem tem questionamentos
sobre o mundo, faz leituras diversas sobre um mesmo assunto, dialoga com o autor
do texto e tem humildade para reconhecer que é preciso ter muitos instrumentos
para compreender um texto.
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A autora ainda acrescenta que a sublinha auxilia o leitor quando este precisa
relembrar uma ideia ou para qualquer motivo que implique na retomada do que já
havia sido lido.
Os comentários ou anotações feitos durante a leitura também ajudam na
atribuição do sentido, pois é uma forma que o leitor tem de interagir com o que está
lendo (Britto, apud Castello-Pereira, 2003).
É importante destacar que existem diversas outras estratégias, e que seu uso
vai depender de vários fatores; é possível observar também que o uso ou
conhecimento de estratégias de leitura não são determinantes ou suficientes para o
valor qualitativo da leitura. O estudante e ou leitor precisa ser dedicado, ter domínio
das habilidades de exploração de um texto, ser questionador e reflexivo, praticar e
exercitar o ato da leitura.
Outro grifo também relevante, é que essas estratégias são usadas na leitura
do texto impresso e que podem ser transferidas para a leitura do hipertexto digital,
mas que para a leitura na tela, é possível que estratégias sejam modificadas ou até
mesmo criadas.
Coscarelli (1999 apud Dias 2008, p.25) apresenta uma definição bastante
simples e objetiva do termo, apontando que hipertextos “são sistemas que
gerenciam informações armazenadas em uma rede hierárquica de nós, conectados
através de ligações.”
Já Gomes (2007, p. 41) em sua definição mais atualizada do termo, menciona
o grande valor dos links para a concepção do hipertexto.
Schnotz (apud Gomes, 2007, p. 113) destaca que a leitura é guiada diversas
vezes pelas expectativas do leitor quanto aos padrões do texto convencional.
“Assim, quanto mais um texto atender às expectativas dos padrões (genéricos),
menos será a demanda cognitiva e maior será o nível de coerência.”
A coerência é tratada por Koch mais detalhadamente (2005, apud Gomes,
2007, p. 114).
Ao navegar por toda uma rede de textos, o hiperleitor faz de seus interesses
e objetivos o fio organizador das escolhas e ligações, procedendo por
associações de ideias que o impelem a realizar sucessivas opções e
produzindo assim uma textualidade cuja coerência acaba sendo uma
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O autor não acredita que a sobrecarga seja um grande problema nas leituras
de hipertexto pelo fato de que os leitores estão sempre fazendo escolhas e tomando
decisões. Já sobre a desorientação, ele observa que pode acontecer pela
organização do hipertexto. Ele também cita Roeut e Levonen (1996) para afirmar
que a organização e estruturação no hipertexto são relevantes para o leitor. “É
importante para o leitor saber qual é a sua localização atual na rede de informações
do hipertexto, para que possa ter noção do que já leu e para que possa localizar
melhor os nós que deseja.” (Roeut e Levonen 1996, apud Dias, 2008, p.58)
Daí o autor defende que para a leitura do hipertexto ter melhor resultado, ela
precisa fornecer uma boa estrutura e que problemas nessa leitura podem ocorrer
tanto quando o leitor não é experiente como quando o hipertexto não oferece
marcas que indiquem sua construção.
Gomes (2007), porém, afirma que para a leitura hipertextual ser eficiente, é
preciso seguir alguns tipos de estratégias de leitura, pois a estrutura do hipertexto de
oferecer diversas informações não garante a compreensão da leitura nem a
aprendizagem.
O autor apresenta as pesquisas feitas por Foltz (apud Gomes, 2007), que
aponta três tipos de estratégias para a leitura: a direta do começo ao fim do texto, a
leitura na qual o leitor lê um trecho e depois retorna revendo as sentenças e a leitura
na qual o leitor volta para sentenças anteriores no momento da leitura.
Há também as estratégias voltadas para a literatura, sendo elas a casual, sem
objetivo e que o leitor clica nos links somente por curiosidade, a leitura com
finalidade de procurar informações específicas e a leitura de coautoria. Gomes
(2007) afirma que independente da estratégia usada pelo leitor, ele tem a liberdade
de escolher os caminhos da leitura e construir sentido.
O autor ainda ressalta que para o texto ter coerência, não basta apenas
fornecer informações, pois para o texto fazer sentido, o leitor precisa recorrer ao
conhecimento prévio provido por leituras de nós que fazem parte do nó mais
relevante.
sobre a diferença do texto para a sua versão eletrônica ser meramente tecnológica,
ou seja, o texto transportado do papel para o meio digital. Há de se destacar que a
versão eletrônica do texto é muito mais ágil e facilitadora e que novos gêneros tais
como o e-mail, são criados quando do texto no formato digital, e como aponta a
própria autora, “Isso certamente provoca mudanças no comportamento e no
pensamento do leitor e no produtor de textos.” (p.552), mas também afirma que as
novas modalidades de leitura advindas do meio digital não têm que substituir as
leituras do texto impresso, mas que devem ser adicionadas a ela.
Gomes (2007, p. 17), também aponta algumas similaridades entre texto e
hipertexto quanto à recepção do leitor e a interação.
Braga (2003 apud Gomes, 2007) dá enfoque para diferenças entre texto e
hipertexto quanto ao uso de outros textos, por acreditar que no hipertexto o acesso a
outro material é disponibilizado, enquanto que no texto impresso a leitura a outros
textos é apenas aconselhada e não necessariamente essencial para a leitura.
Outra característica do hipertexto que se difere do texto impresso é o limite de
associações,
o hipertexto pode remeter a associações que estão não apenas “dentro” dos
limites de um mesmo hipertexto, mas também “fora” dele (links internos e
links externos respectivamente). Segundo Braga (2003, p. 77), isso se dá
por que, enquanto na produção de textos tradicionais somos exclusivos, isto
é, selecionamos as informações, devido a questões de espaço, no
hipertexto ocorre o contrário, tendemos a ser inclusivos, devido às
facilidades do meio. (Braga, 2003 apud Gomes, 2007, p. 18)
De acordo com Araújo e Lobo-Sousa (2009), muitos dos autores que estudam
o hipertexto apresentam a intertextualidade de forma genérica, e isso acaba fazendo
com que haja uma confusão entre definições de intertextualidade e hipertexto, pelo
fato de o hipertexto ser constituído de vários documentos justapostos.
Os autores ressaltam que para tratar da intertextualidade, se faz necessário
mencionar o dialogismo bakhtiniano, retomado por Kristeva (1969) e sua definição
“todo texto se constrói como um mosaico de citações, todo texto é a absorção e
transformação de um outro texto” (apud Araújo; Lobo-Sousa, 2009, p. 568)
Araújo e Lobo-Sousa (2009, p. 568) explicam que
Gomes (2007), baseando-se em estudos feitos por Koch (2005 apud Gomes)
também ressalta a eficiência do evento dialógico na leitura do hipertexto.
Uma delas é não haver limitação do interlocutor, que pode ser qualquer um
desde que conectado à rede, já que o hipertexto não constitui um texto
realizado concretamente, mas apenas uma virtualidade.
Um link é arbitrário no sentido de que não existem regras para dizer onde o
link deve ser feito. O link pode ser feito entre dois nódulos, os quais o autor
(ou o leitor) considera ser conectado de alguma forma. Em alguns sistemas,
os links são categorizados, isto é, existem vários tipos de links e o autor
deve especificar qual tipo gostaria que fosse usado. (MCKNIGHT, DILLON e
RICHARDSON, 1991, p.3, tradução nossa)
Gomes (2007) aponta que a forma como os links são colocados nos
hipertextos vai ter efeito na construção do sentido. Marcuschi (2005, apud Gualberto,
2008) afirma que as ligações que ocorrem através dos links ajudam na construção
da coerência, pois os hiperlinks incitam expectativas por parte do leitor e,
consequentemente servem como instrumentos interpretativos. Koch (2005 apud
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Gualbert, 2008) ressalta que o link contribui para a construção da coerência porque
oferece caminhos para o leitor.
Gualberto (2008) também menciona a relevância dos links para a construção
da coerência:
Não há dúvida de que qualquer texto só adquire sentido por meio da leitura,
mas pode-se afirmar que, em função de alguns dispositivos específicos
como os hiperlinks, o hipertexto potencializa a leitura multisequencial e a
construção de sentidos, noções já presentes no suporte impresso.
(Gualberto, 2008, p. 58)
6 CONCLUSÃO
6 REFERÊNCIAS
KOCH, Ingedore Villaça. O texto e a construção dos sentidos. 7. ed. São Paulo:
Contexto, 2003.