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DIRETRIZES DE AÇÃO DA PASTORAL DA SAÚDE – CNBB

DOCUMENTO ELABORADO NA III ASSEMBLÉIA NACIONAL DA


PASTORAL DA SAÚDE – CNBB
SÃO PAULO, 3-4 DE SETEMBRO DE 1997
O QUE É PASTORAL DA SAÚDE
É a ação evangelizadora de todo o povo de Deus comprometido em
promover, preservar, defender, cuidar e celebrar a vida, tornando presente no
mundo da saúde a ação libertadora de Jesus, nas seguintes dimensões:
I – Solidária- vivência e presença samaritana junto aos doentes e
sofredores nas instituições de saúde, na família e comunidade (portadores do
vírus HIV, AIDS, portadores de deficiências, drogas, alcoolizados, etc.). Visa
atender a pessoa integralmente, nas dimensões física, psíquica, social e
espiritual.
II – Comunitária – visa a promoção e educação para a saúde relaciona-
se com saúde pública e saneamento básico, atuando na preservação das
doenças. Procura valorizar o conhecimento, sabedoria e religiosidade popular
em relação à saúde.
III- Político-institucional – atua junto aos Órgãos e instituições, públicas
e privadas que prestam serviço e formam profissionais na área de saúde. Zela
para que haja reflexão bioética, formação ética e uma política de saúde sadia.
OBJETIVO GERAL
Evangelizar com renovador ardor missionário o mundo da saúde, à luz
da opção preferencial pelos pobres e enfermos, participando da construção de
uma sociedade justa e solidária a serviço da vida.
DIMENSÕES
I – DIMENSÃO SOLIDÁRIA
A.OBJETIVO ESPECÍFICO
1.Sensibilizar a sociedade e a Igreja a respeito dos sofrimento,
denunciando a marginalização dos doentes, portadores de deficiências e idosos
e de maneira especial, em face das novas formas de sofrimento e de doenças
contemporâneas (AIDS, doentes mentais e terminais, etc.)
2.Zelar pela humanização e evangelização as instituições de saúde,
visando ao bem-estar global de todos os que nele se encontram (profissionais,
funcionários, doentes e familiares).
3.Proporcionar atendimento pastoral aos doentes internados e a
domicílio.
4.favorecer políticas de humanização, colocando o doente como razão
de ser das instituições de saúde, no resgate da dignidade humana, no processo
de fortalecer a fé e a esperança cristã.
5.Sensibilizar e integrar a comunidade e as instituições de saúde, uma
vez que estas fazem parte dela.
6.Preparar agentes de pastoral da saúde para anunciar a Boa Nova ao ser
humano, diante do confronto com o sofrimento, a doença e a morte, bem como
no respeito ao sigilo ético em relação às informações confiadas.
7.Relacionar-se com as diferentes tradições religiosas num diálogo que
respeite a liberdade de consciência.
8.Celebrar nas instituições de saúde (hospitais, ambulatórios, posto de
saúde) e comunidade datas significativas relacionadas como mundo da saúde,
tais como Natal, Páscoa, Dia do enfermo (São Camilo), Dia Mundial da saúde
(7 de abril), Dia do médico, Dia do Enfermeiro...
9.Contribuir para a humanização e evangelização das estruturas,
instituições e profissionais da saúde, atuando junto aos mesmos no seu
processo de formação profissional a fim de cultivar valores humanos, éticos e
cristãos.
B.ATIVIDADES A DESENVOLVER:
1.Junto aos doentes e familiares:
1.1. atender os doentes nas casas, acompanhando-os no cotidiano e
fortalecendo seu relacionamento com os familiares s comunidade;
1.2. visitar os doentes que estão hospitalizados de forma sistemática e
organizada, acompanhando especialmente os que estão em
situações críticas. Preparar os agente de pastoral para atua nas
unidades especiais;
1.3. programar e realizar celebrações litúrgicas criativas (missas,
cultos e outros), que resgatem a dimensão celebrativa da vida
numa perspectiva de fé e esperança;
1.4. acompanhar os familiares dos doentes, ajudando-os nos
momentos difíceis especialmente quando da perda de entes
queridos (Pastoral da Esperança);
1.5. possibilitar aos doentes e recepção dos sacramentos e
sacramentais quando o desejarem;
1.6. acompanhar solidariamente, de modo especial os doentes
terminais e os idosos da comunidade com de cuidados de saúde;
1.7. elaborar subsídios (livretos, mensagens, boletins etc.), que
transmitam esperança, solidariedade e fé.
2.Junto à comunidade com seus agentes, por meio da:
2.1. promoção e encontros e parcerias com grupos paroquiais,
movimentos eclesiais e ecum6enicos bem como outras entidades, para um
trabalho de sensibilização na perspectiva de promover a saúde (educação
preventiva) e cuidar solidariamente dos doentes;
2.2. formação humana e cristã dos agentes de Pastoral da Saúde que são
da comunidade e prestam serviço voluntário nas instituições de saúde ou nos
domicílios;
2.3. organização de reuniões, dias de formação e treinamento em termos
de aconselhamento e atendimento pastoral, para capacitação humana, afetiva,
ética e técnica das pessoas que desejarem prestar esse serviço;
2.4. estímulo para que s profissionais da saúde prestem serviço de
educação e cuidados de saúde em comunidades carentes, favelas, periferias e
zonas rurais;
2.5. empenho na criação de associações católicas de profissionais da
saúde.
3.Junto aos profissionais da saúde e servidores das instituições de saúde,
com ações que:
3.1. priorizem o atendimento pastoral aos profissionais da saúde que
atuam nas instituições de saúde;
3.2. programem e realizem, cursos, debates e círculos de estudos sobre
assuntos de interesse ao mundo da saúde tais como: ética, bioética, relações
humanas, evangelização, catequese, temas da Campanha da Fraternidade, cura
na perspectiva bíblica, sofrimento humano na perspectiva cristã entre outros;
3.3. engajem os profissionais da saúde e servidores no processo de
humanização e evangelização.
3.4. criem uma equipe multidisciplinar de apoio à Pastoral da Saúde.
II- DIMENSÃO COMUNITÁRIA
A.OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
1.Conscientizar a comunidade a respeito do direito à saúde e o dever de
lutar por condições mais humanas de vida, terra, trabalho, salário justo,
moradia, alimentação, educação, lazer, saneamento básico e preservação da
natureza.
2.Priorizar ações de educação, implementando uma verdadeira cultura
de saúde, com ênfase preventivas, permeadas pelos valores da justiça,
eqüidade e solidariedade.
3.Resgatar e valorizar a sabedoria e a religiosidade popular,
relacionadas com a natureza dos dons da mãe natureza e conservação do meio
ambiente.
4.Refletir, à luz da fé cristã e da pessoa de Jesus, a realidade da saúde e
da doença, bem como as implicações da ciência, tecnologia e bioética.
Implementar os valores éticos da solidariedade e cidadania, visando à
construção de uma sociedade justa e solidária.
5.Incentivar e desenvolver a formação e capacitação contínua dos
agentes de pastoral da saúde, nos aspectos humanos, técnicos, éticos e cristãos
criando-se centros regionais de formação de agentes de pastoral.
6.Estar atento para as diferentes práticas alternativas de saúde, não
pertencem a nossa cultura, que não usadas sem a necessária fundamentação e
comprovação científica e que causam extranhesa, insegurança, desconfiança e
descrédito da ação pastoral na comunidade, evitando-se assim o fanatismo e
dogmatismo.
7.Priorizar a educação transformadora, a partir da comunidade, sob o
critério dos valores da justiça, solidariedade e mística cristã.
B. ATIVIDADES A DESENVOLVER:
1.Junto aos doentes e familiares:
1.1.oferecer presença e ajuda na solução dos seus problemas de saúde,
numa atitude solidária e fraterna, mas permitir igualmente, que ele seja agente
do seu processo de decisão quanto ao tratamento imediato e quanto a sua
conduta posterior;
1.2. garantir das entidades prestadoras de serviços, através da
participação comunitária, o cumprimento de sua missão na prestação de
serviços que integrem os cuidados e assistência aos doentes e a população
local;
1.3. denunciar situações de cuidados precários de saúde, mau
atendimento nas instituições de saúde, a não distribuição eqüitativa dos
recursos, as cobranças indevidas e existência de preconceitos quanto isso
ocorrer;
1.4. conscientizar em relação às práticas alternativas de saúde, a respeito
de seus valores e limites questionando-as e orientando-as com a necessária
fundamentação e conservação científica.
1.5. esclarecer os doentes e familiares a respeito de seus direitos.
2.Junto à comunidade com os seus agentes, por meio da:
2.1.motivação, organização e engajamento em ações educativas,
utilizando-se de reuniões, palestras, cursos, sobre saúde e suas diferentes
práticas;
2.2.garantia da continuidade das ações, na medida em que se
complexificam, ou na medida em que se simplificam os recursos necessários,
bem como apoio técnico e operacional para o desenvolvimento de tais ações
resoluções dos problemas;
2.3.dsenvolviemnto da reflexão ética sobre os aspectos envolvido na
prestação dos serviços de saúde à comunidade pelo Estado, bem como das
relações de trabalho estabelecidas entre técnicas e comunidade;
2.4. acompanhamento das ações dos agentes de pastoral da saúde,
através do conhecimento da realidade de saúde com informações precisas que
possibilitem a tomada de decisão, avaliação e planejamento das atividades;
2.5. incentivo a criação de grupos e/ou associações de apoio a doentes
crônicos e seus familiares.
3.Jutno aos profissionais da saúde e servidores das instituições de saúde
em ações que:
3.1.desenvolvam a função de ligação entre a população e os serviços de
saúde implantados, nas suas atividades cotidianas, e nos Conselhos locais e
distritais de saúde;
3.2.capacitem a população a cuidar de sua saúde, transmitindo-lhes
informações e conhecimentos, ao mesmo tempo em que desenvolvam a
efetiva consolidação da assistência à saúde local;
3.3.promovam espaços de avaliação, planejamento e supervisão de todo
processo que for desencadeado, com fins de aprofundamento, treinamento e
atualização;
3.4.busquem atendimento humanitário através de adequadas condições
de trabalho, apoiando e valorizando os profissionais da área da saúde;
3.5.ajudem a entender a saúde como direito fundamental da pessoal
humana, cultivo de estilos saudáveis de vida e a ter uma boa qualidade de
vida, para além das ações imediatas de cura.

III – DIEMNSÀO POLÍTICO INSTIRUIONAL


A – OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1.Considerar a saúde como um direito fundamental da pessoa humana
estreitamente vinculado à solidariedade e eqüidade.
2.participar ativa e criativamente nas instâncias oficiais que decidem a
política de saúde da Nação, estado, região e município.
3.apoiar e criar espaços de luta política e solidariedade em favor da
vida, valorizando as organizações populares e suas iniciativas.
4. recuperar o compromisso constitucional da Seguridade Social,
definida como um conjunto de ações do Poder Público e da sociedade,
destinado a assegurar o direito à saúde, previdência e assistência social.
5.Envolver-se nas ações de política de saúde relacionadas com
elaboração do orçamento da saúde, formação e participação nos conselhos:
locais, distritais, municipais, estaduais e nacionais.
6.Acompanha e colaborar nas atividades dos Conselhos de Saúde no
exercício do controle social, exigindo prestação de contas, em relação à
qualidade dos serviços prestados.
7.Exigir que o Estado garanta os serviços básicos de saúde à população,
reforçando a idéia de que a saúde pública é um direito social.
8.Estabelecer canais de comunicação som as instituições públicas e
privadas que atuam na área da saúde e educação.
9.Definir estratégias e mecanismo que possibilitem ampliar a base de
sustentação política para as novas práticas de saúde, considerando a
participação dos gestores e prestadores de serviços e dos usuários dos
processo.
10.Considerar, à luz do princípio da eqüidade, que a realidade de
situação desiguais (diferença sociais, econômicas, culturais, etc.), exigem
intervenções e ações diferenciadas para a solução dos problemas.
11.Articular a pastoral da saúde em outras pastorais, movimentos,
organismos e instituições, a fim de viabilizar recursos materiais, financeiros,
humanos, bem como ações e projetos comuns.
12.Cuidar para que no âmbito do relacionamento e parcerias com os
poderes públicos, a pastoral da saúde não substitua o que é função do Estado.
12.Possibilitar a formação específica dos agentes de pastoral da saúde
que atuam como conselheiros, acompanhando-os e avaliando-os
periodicamente.
13.Incentivar para que nas universidades e instituições de ensino
católicas, bem como nos seminários, sejam introduzidos cursos de
aprofundamento em Pastoral da Saúde.
B – ATIVIDADES A DESENVOLVER:
1.Junto aos doentes e familiares:
1.1.educar através de campanhas informativas, cursos, encontros a
respeito de doenças, prevenção e promoção de saúde;
1.2.conscientizar para o novo conceito de saúde como qualidade de vida
e estilos de vida saudáveis, além de valorizar a perspectiva holística, isto é,
vendo o ser humano nas suas dimensões físicas, psíquicas, social e espiritual.
2.Junto à comunidade com seus agentes, por meio da:
2.1.diculgação de dados e informações sobre a realidade da saúde no
país;
2.2.formação dos Conselhos de Saúde, locais, distritais, municipais e
estaduais;
2.3.acompanhamento e divulgação das atividades do Conselho de Saúde
visando o aumento do controle social;
2.4.orientação dos agentes de pastoral da Saúde em política de saúde
especialmente no que se refere a: Conselho gestor de hospitais; consórcios
ambulatórios e especialidades, unidades básicas de saúde e normas
operacionais do Ministério da Sáude
3.Junto aos profissionais da saúde e servidores das instituições de saúde,
com ações que:
3.1.possam se articular com os serviços básicos de saúde do município,
no gerenciamento de unidade ambulatórios e hospitalares, respeitando os
princípios do SUS (eqüidade, universalidade, integralidade, descentralização);
3.2.façam transparecer a efetiva retaguarda institucional garantida por
lei;
3.3.expressem e assumam a perspectiva de ver saúde como qualidade de
vida e o cultivo de estilos de vida saudáveis;
3.4.garantam práticas de prevenção da doença, acompanhando o
desenvolvimento dos demais temas vinculados aos direitos fundamentais;
3.5.integrem equipes de saúde com distintos profissionais, necessários à
realização de ações definidas para a solução dos problemas;
3.6.avaliem periodicamente o impacto das ações de saúde sobre a
realidade local, revendo constantemente o seu planejamento;
3.7.colaborem na formação ética dos futuros profissionais da saúde,
levando em conta as necessidades sociais. Formar profissionais da saúde para
fazer o que? No interesse de quem? A partir de que critérios e valores?;
3.8.divulquem as atividades desenvolvidas junto à comunidade,
garantindo informações e efetivando o controle social na saúde.

VISTAR OS DOENTES UMA OBRA DE MISERICÓRDIA


MIGUEL LUTRINGER

I – NO TEMPO DE JESUS NÃO SE VISITAVAM DOENTES


Havia muita gente na pior no tempo de Jesus, No meio da multidão de
pessoas aflitas, destacavam-se os doentes. Não havia instituições para receber
cuidados de saúde. Muitas vezes as famílias abandonavam seus doentes. O
leprosos eram obrigados a mendigar para sobreviver. As doenças atingiam os
pobres mais do que as outras camadas sociais por causa da própria pobreza.
Elas os arrastavam para todo tipo de degradação no plano somático e
psicólogo. As doenças eram atribuídas ao demônio, aos espíritos maus. Esta
representação mental da doença gerava superstições e agravava a sorte dos
doentes.
Jesus tinha compaixão da multidão e curava os doentes (Mt. 14,14). O
que caracterizava a atitude de Jesus, não era a piedade (outros manifestavam
os mesmos sentimentos), mas sua profunda estima pelas pessoas que
encontrava. Dirigia-se a elas respeitando sua liberdade e oferecendo-lhes a
libertação presente e futura; ele convidava a sermos como Deus: “Vós pois,
sede perfeitos como vosso Pai do céu é pereito”( Mt 5,48).
Jesus nunca se dirigia a uma pessoa sem levar em conta sua dimensão
social, comunitária, psicológica e espiritual. Dodd, referindo-se aos
evangelistas Mateus e Marcos, nota: “Tal é o sentido das palavras como tudo
o que fizerdes a um de meus irmãos como estes, é a mim que o fazeis
(Mt25,40), ou quem acolher em meu nome uma criança como esta é a mim
que acolhe”(Mt 9,37). Esta reflexão permite entender porque os evangelistas
dão tanta importância à ligação de Jesus com os rejeitados e sua compaixão
pelos sofredores e humildes. Ele criava uma solidariedade com os que
pertenciam pela graça de Deus ao novo Israel, mesmo que o Israel existente (a
instituições judaica) pudesse não os reconhecer.
Por sua vez, Leon-Dufour assinala: O reino futuro não se constrói
independentemente da comunidade dos homens... Continua fundamentado na
pessoa de Jesus, que valoriza toda pessoa humana, colocando-se em
comunhão com Aquele cuja paternidade pode unir todos os homens.”
II – A PARÁBOLA DO JUÍZO FINAL ( MT 2SJI-46)
A) Estrutura
Apresenta-se como um texto construído com todo rigor. É colocada no
fim do evangelho para fazer parecer, antes do drama da Paixão, que a morte na
cruz não é um encerramento, mas um tempo em que Cristo aparece como
Servidor sofredor, como o redentor que, vindo da parte de Deus, fez-se
Salvador. O anúncio de sua Ressurreição será o final de uma releitura pelos
Apóstolos e pelos primeiros discípulos dos ensinamentos e dos atos do Mestre.
Este será o tempo da revelação clara, da profunda coerência entre as palavras
ditas pelo Cristo e sua ação.

B) Interpretação
Todos os exegetas sublinham que Cristo Jesus identificou-se de maneira
privilegiada com os mais indigentes de seu tempo. Mas isto seria truncar as
coisas esquecendo que o Cristo identifica todas as pessoas consigo mesmo. É
uma característica quase fundadora da fé.
Desde o início do cristianismo homens e mulheres agiram neste sentido,
servindo-se das parábolas do Mestre. Sem descontinuidade, a Igreja por meio
de seus pastores, suscitou, encorajou, o exercício das obras de misericórdia ou
de caridade tais como são descritas em Mt 25. Bem perto de nós, a
Constituição Pastoral sobre a Igreja no Mundo de Hoje (Gaudium et Spes §27)
convida cada um de nós a considerar seu próxima, sem exceção, como outro
eu, levando em consideração antes de tudo a sua vida e os meios necessários
para mantê-la com dignidade. Sobretudo nos nossos tempos, temos a
imperiosa obrigação de nos tornarmos próximos de qualquer homem,
indistintamente; e se ele se achega a nós devemos servi-lo efetivamente que
seja um velho abandonado por todos, ou um estrangeiro injustamente
discriminado ou um exilado, uma criança nascida de união ilegítima sofrendo
imerecidamente por um pecado que não cometeu, seja um faminto que
interpela a nossa consciência recordando a voz do Senhor: “todas as vezes
que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o
fizestes”(Mt 25, 40).
Desde o tempo dos evangelhos até hoje e ainda amanhã, a parábola nos
provocará a ver qual é a atitude que temos para com o próximo. O critério de
avaliação poderia ser a lista das obras de misericórdia para entrar no reino.
Aproximar-se do irmão é uma recomendação evangélica. Jeremias assinala:
“Teu companheiro , diz Jesus nesta parábola (do Juízo Final) pode ser depois
teu compatriota, mas é preciso não parar ai. O mesmo devem ser todos os que
têm necessidade de teus cuidados.”
Aproximar-se de todos os que têm necessidade de ajuda é um apelo
feito à comunidade; jamais um indivíduo sozinho poderia saldar esta
obrigação.
No hospital, ir ao encontro de quem precisa de ajuda pode parecer de
estar sozinho. Mas não fazemos a experi6encia que uma pessoa doente
empobrece rapidamente em suas relações? O fardo a carregar é pesado, e
inclui ao mesmo tempo uma marginalização social, em que se mistura um
sentimento cruel de se acreditar excluído da salvação de Deus.
Todos os homens são irmãos em Jesus Cristo. São Paulo o dirá à sua
maneira aos Colossenses: “Já que sois eleitos, santificados, amados por Deus,
revesti-vos então de sentimentos de compaixão, de bondade, de humildade, de
doçura, de paciência...”(Cl 3,12).
No domingo da ressurreição Jesus confidencia às santas mulheres: “Ide
anunciai a meus irmãos que eles devem partir para a Galiléia, e lá me verão”
Mt 28,10 e na Galiléia ele lhes dirá: Ide, pois, pelo mundo inteiro, fazei
discípulos... Mt 281,9).

C) Os tempos da volta de Cristo serão inevitáveis.


Participando da existência humana estamos caminhando para Deus que
nos oferece a vida eterna. A escatologia, caminho em direção da realização em
Deus, não tem por função nos resignar ao além da vida terrestre. Ela quer, ao
contrário, nos ajudar a participar dia a dia e a viver em uma perspectiva de
Salvação, de Ressurreição. Neste sentido, a parábola nos pede para
desenvolver uma atitude de vigilância par anão fraquejar no reconhecimento
do Cristo em nossos irmãos, começando pelos aflitos. Estar orientado para
Deus é julgar que o tempo presente é importante, que ele é próprio para
introduzir a misericórdia, lá onde se vive a comunhão. A parábola quer
promover a fraternidade e evitar cair na negligência em fazer o bem. Os
Padres Conciliares diziam: “para que este exercício da caridade esteja sempre
acima de toda crítica e se apresente como tal, é necessário ver no próximo a
imagem de Deus segundo a qual foi criado e o cristo nosso Senhor a quem se
oferece de fato tudo o que foi aos pobres a liberdade e a dignidade da pessoa
socorrida deve ser respeitada com a maior delicadeza”( A-A -§8).

D) Meditar para encontrar o Cristo nos irmãos.


O Cristo identifica todo ser humano a si. Isto induz no plano ético
comportamentos fraternos. Entretanto a parábola leva mais longe, ela orienta
nosso íntimo, nosso coração, para o Cristo mesmo e podemos dizer, para ele
só, Nele se atingem as obras do Pai, nele se abre o caminho para o próximo.
Estamos no coração da fé. A reflexão cristã se alimenta na Palavra de Deus.
Ela irriga nossa experiência de Deus criador de todas as coisas; esclarece as
relações humanas em todas as suas dimensões: trabalho, saúde, oração,
escolhas éticas etc. Nesta ótica S. João insiste: “Bem amados, amemo-nos uns
aos outros, porque o amor vem de Deus, e quem ama é nascido de Deus e
conhece a Deus.
Quem não ama não conhceu a Deus, porque Deus é amor”. ( 1 Jo 4, 7-8)
Aprofundar a Palavra de Deus em comunidade, em equipe e
individualmente é a tarefa de toda pessoa que recebeu do bispo uma missão
pastoral. O Cristo convida a permanecer em sua palavra, é por outro lado, uma
condição para ser e permanecer seu discípulo (Jo 8,31). Antes de dar seu
mandamento aos Apóstolos, Jesus faz um gesto de força simbólica
inesgotável: o lava-pés. É depois que ele diz: “Amai-vos uns aos outros,
como eu vos amei, vós também amai-vos uns aos outros” (Jo 13,34)
Não podemos refletir na reciprocidade da relação sem entender este
mandamento novo. Esta novidade, para nos afirma e nos renovar, conduz à
contemplação do Cristo. Perto dele recebemos e aprendemos a coerência entre
o dizer e a fazer. É a fonte do amor.. Fazendo assim há crescimento, a fé toma
o caminho da humildade, terreno por excelência da reciprocidade. “Vinde
benditos de meu Pai, porque estava estava enfermo e me visitastes”. A visita
não se tornará utilitária porque ela oferece uma garantia de participação no
Reino? O risco de inverter a mensagem é real.
Vejamos mais de perto o texto. Seis obras são identificadas e, entre elas,
duas não se referem diretamente ao Capelão, como dar de comer, de beber,
vestir acolher. Os versículos 39 e 43 falam com efeito de visitar os
prisioneiros e os doentes. Não levamos em conta senão a visita aos doentes.
As seis obras dizem respeito à sobrevivência das pessoas e sua inserção social
e sua dignidade de pessoa humana. Todos os seis gestos são gestos de amor, e
ao mesmo tempo, são um ato de justiça que honram um direito das pessoas
mais que ser uma fonte de benefício. Perguntamos porque a visita aos doentes
é considerada como uma resposta a uma aflição. A presença junto ao doente
visa situações regulamentadas pelo direito. Curar e cuidar dos doentes não é
competência de todos, ao contrário da visita. Por outro lado como nota J. L.
Frahier, nem todas as visitas se colocam no mesmo pe. Uma é a visita do
médico sem eu serviço, outro o encontro com os funcionários que executam as
prescrições, outra a visita de um membro da equipe da capelania. Mas todas as
visitas rompem, de qualquer maneira, o isolamento, a solidão que acompanha
toda doença. Ser cuidado corresponde a um direito, não ser abandonado á sua
solidão, a outro.
O direito à saúde é uma expressão inadequada, faria entender que existe
um direito a não estar doente! De fato, não podemos prestar senão cuidados e
tratamentos disponíveis.
Quebrando o isolamento do doente, restituímos a ele um lugar social. A
restituição imposta pela necessidade de cuidados: ficar em seu quarto, ficar no
leito, etc. evolui muitas vezes para a solidão. Estar por muito tempo sozinho,
diante de uma parede do quanto de hospital assusta. Como o tempo passa
devagar é sempre o mesmo ambiente, tem-se tempo para pensar. “Quantas
coisas me, passam pela cabeça” diz um doente.
A angústia gera a dúvida que se instala sobre o êxito de um tratamento;
as dificuldade pessoais, as do ambiente familiar são elementos que vão se
juntar acentuando o isolamento.
A palavra do Rei: “Eu estava enfermo e você me visitaste” não é uma
palavra que afugenta a fatalidade da solidão? Ao mesmo tempo, nos coloca
em uma escala de valor diferente daquela que gosta de se satisfazer no modelo
dominante-dominado. A misericórdia que consiste em ter um coração
semelhante ao de Deus, manifesta-se em Cristo. Ela convida a sair de si e a
propor fraternalmente ao outro este mesmo caminho. Cada um: visitado e
visitador levar consigo reflexos de defesa de si, que se dobra sobre si mesmo,
e que pode levar a uma negação de si.
A resposta à questão do risco do utilitário está lá: o outro, o doente, não
é o bode expiatório das minhas fragilidades, de minhas experiências e de meus
limites nem de meu impulso de onipotência.
A solidão deteriora a personalidade, é o resultado da falência da relação
e da comunicação. O evangelho abre, por ouro lado, as contradições do
homem a se olhar no irmão, a se encontrar e a se ajudar mutuamente em vista
da contemplação de Deus e evangelizar-se mutuamente.
O dia a dia convida à presença gratuita. A bênção cairá, nos diz a
parábola, sobre os que souberam estar presentes ao outro com o coração, sem
julgar. Manifestará o que, no momento da ação estava escondido e atestará de
maneira esplendorosa que as realidades do mal não foram banalizadas. Mas
principalmente, ela revelará que a vida recebida de Deus é mais forte do que a
morte, e que a marca de Deus no ser humano é a fonte e o fundamento da
fraternidade. Esta presença gratuita e amorosa assinala a qualidade da relação
estabelecida.
Aumôneries des hopitaux Out. 1996 p. 11-15.
Trazido pelo Pe. Geraldo Bogoni

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