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Limpeza, Desinfecção e
Esterilização de Materiais
de Uso Hospitalar
Uma importante medida de prevenção de infecções hospitalares é a aplicação adequada das técnicas de
limpeza, desinfecção e esterilização dos materiais de uso hospitalar. A utilização correta destas técnicas
depende, no entanto, do conhecimento dos profissionais e dos procedimentos adequados.
A enfermeira Kazuko Uchikawa Graziano abordou este assunto em entrevista à Prática Hospitalar e destacou a
importância de uma estrutura física adequada, recursos humanos qualificados, maquinário e insumos
necessários, procedimentos bem definidos e controle de qualidade dos resultados, para que haja a garantia da
efetividade das ações e conseqüentemente redução das infecções em ambientes hospitalares.
- Artigos críticos: aqueles que entram em contato com tecidos estéreis do corpo humano, isentos de colonização.
Ex.: material para cirurgia via laparoscópica e via artroscópica, entre outros.
- Artigos semicríticos: aqueles que entram em contato com mucosa colonizada. Ex.: gastroscópio, colonoscópio,
acessórios dos ventiladores.
- Artigos não-críticos: aqueles que entram em contato apenas com a pele íntegra do paciente ou não entram em
contato com ele, como o material usado para higienização, termômetro, esfigmomanômetro, oxímetro de pulso,
comadre, papagaio, criado-mudo, entre outros.
Esta classificação é adaptada daquela proposta por Spaulding em 1968 e oficialmente adotada pelo Ministério
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de Saúde do Brasil.
Se o artigo for termossensível, há que se recorrer à esterilização gasosa automatizada, por meio de óxido de
etileno, plasma de peróxido de hidrogênio ou vapor a baixa temperatura com o gás formaldeído. Para cada um
dos métodos gasosos, deve-se considerar as suas vantagens e as desvantagens. O uso de soluções químicas
para esterilização, como pelo glutaraldeído a 2% por oito a dez horas, pelo ácido peracético a 0,2% por uma
hora ou por formalina aquosa a 10% ou alcoólica a 8%, ambas as concentrações, por 18 horas, ou ainda usando
as pastilhas de paraformaldeído (3%, 50°C, quatro horas e 100% de umidade relativa), devem apenas
restringir-se às situações emergenciais e não de rotina, por serem métodos manuais, sujeitos a muitos erros
operacionais, além dos riscos tóxicos para o paciente, para os profissionais e para o ecossistema.
E para coroar, temos os indicadores biológicos, que são suspensões de esporos bacterianos do Bacillus
stearotermophyllus numa concentração de 106-7 UFC (Unidades Formadoras de Colônias) que, considerando
todas as variáveis intervenientes no processo de esterilização, atestam a efetividade do processo.
Há métodos em que nenhum monitoramento é possível, como a esterilização por meio do glutaraldeído ou ácido
peracético.
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Enfa. Kazuko - Os riscos de doenças de alta transmissibilidade, como hepatites (tanto a B como a C) e síndrome
da imunodeficiência adquirida são reais. Os EPI não protegem dos acidentes perfurocortantes, mas sim do
contato da matéria orgânica contaminada com as mucosas e com a pele com possíveis microfissuras. Neste
sentido, são EPI obrigatórios para a limpeza de artigos as luvas grossas de borracha de cano longo, confortáveis
para o manuseio dos materiais. Caso as luvas disponíveis sejam as do tipo “para a coleta do lixo”, o funcionário
não irá utilizá-las, pois torna-se impossível a manipulação do material. Outro item obrigatório é o óculos de
proteção ou máscara facial, pois há constatação de aquisição de HIV e HBV por respingos de matéria orgânica
em mucosa ocular. Outros itens de EPI desejáveis para o procedimento de limpeza são: máscara, touca, avental
e cobertura para calçados impermeáveis, podendo estas últimas serem substituídas por botas de borracha.
Todas as vezes em que é exigido o enxágüe dos materiais com técnica asséptica usando água destilada
esterilizada há o risco deste enxágüe ser insuficiente.
Se o equipamento for autoclavável e a Instituição hospitalar disponibilizar uma autoclave de ciclo rápido a
segurança do processamento aumenta.
P. H. - Qual a diferenciação da esterilização por autoclave a vapor e a esterilização sem ser por autoclave?
Enfa. Kazuko - A esterilização a vapor é insuperável quanto à segurança, possibilidade de monitorização do
processo, baixo custo e rapidez. Sua restrição é a temperatura de 134°C para os artigos termossensíveis,
devendo estes ser processados por métodos gasosos, que têm muitas desvantagens, como tempo longo para
processamento se for em óxido de etileno, porque é processado fora do hospital, e o retorno do material é
demorado em função do longo tempo necessário para a aeração; alto custo do processo quando se trata da
esterilização por plasma de peróxido de hidrogênio, fazendo algumas comparações.
Muitos submetem o laparoscópio à desinfecção de alto nível. É arriscado pelo nível de segurança alcançado e
também por ser processo manual e, neste caso, há a exigência do enxágüe com técnica asséptica com água
destilada esterilizada.
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Enfa. Kazuko - O resultado é o risco de infecção para o paciente, apesar de nem sempre se constatar com
nexo causal, porque a infecção hospitalar é multicausal, que depende da imunidade do paciente, sua idade,
agressividade do procedimento invasivo, qualidade técnica de quem fez o procedimento e muitos outros fatores.
Não se deve esquecer que há também o risco de infecção para os profissionais de saúde que manipulam aquele
material contaminado.
P. H. - Como a sra. analisa a postura dos profissionais em relação ao manuseio de materiais e adequação dos
mesmos em ambientes hospitalares?
Enfa. Kazuko - Há contrastes. Há serviços que nada deixam a desejar. São modelos! E como é importante
ter-se exemplos bem-sucedidos! Porém, há outros que se perdem em rituais inúteis, ou pior, realizam
processamento inadequado e, portanto, de risco.
São necessários: estrutura física adequada, recursos humanos qualificados, maquinário e insumos necessários,
procedimentos bem definidos e controle de qualidade dos resultados, para que haja a garantia da efetividade das
ações.
Sinto que essa diferença está atrelada à atenção e valorização dada por parte da administração do hospital para
a prática do reprocessamento, porém, depende muito também do potencial de liderança e do “fazer valorizar” do
enfermeiro encarregado deste setor.
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