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- Um elemento de catarse
Funções de linguagem
funções = objetivos
A linguagem possui varias funções, isto é, vários objetivos. Quando a usamos, temos a
intenção de mencionar, convencer, explicar algo, etc.
1. Função emotiva – Emissor expõe sua opinião, seus sentimentos. Normalmente o texto está
em 1ª. Pessoa.
2. Função conativa ou apelativa – O objetivo é convencer o receptor para que ele mude de
opinião, compre algo, vote em alguém, va a algum lugar etc.
Texto Literário
Na denotação aparece:
Na conotação aparece:
EX: Os anos que você esteve ao meu lado foram anos dourados.
Texto não-literário
GÊNEROS LITERÁRIOS
Objetivo:
Mostram a definição dos gêneros Épico, lírico e dramático, suas origens e como
foram usadas pelos escritores e também suas principais características.
Pré-requisito:
GÊNEROS LITERÁRIOS
CLASSIFICAÇÃO:
A partir do século XVI deu-se mais ênfase ao estudo especifico dos gêneros
literários. Embora a origem deles tenha por base a obra república, do filósofo grego, Platão
(428 a.c – 347 a.C.)
Foi com Platão e também Aristóteles que surgiu a classificação dos gêneros literários
em épico, lírico e dramático.
Para Platão, toda manifestação artística tem por base falsas situações, como se
fossem imitações transitórias.
De Platão ate hoje, já surgiram outras definições dobre o estudo dos gêneros
literários. Os gêneros literários podem ser definidos em três grandes grupos: épico, lírico e
dramático.
O gênero épico pode ser definido pelo seu aspecto narrativo e pela sua vinculação
aos fatos históricos ou pelas realizações humanas, que são reveladas pelo artista como
observados que mostra em sua obra o mundo exterior.É uma representação do mundo
objetivo e da ação do homem, nas suas relações com a realidade.
Principais Formas
Em Versos:
Romance:
Em Prosa:
- Romance:
- Da ação
- Do tempo
- Do espaço
- Dos personagens
Novela:
É uma história onde logo no inicio já se pode ter uma compreensão dos fatos.
Diferente do romance, onde é preciso ter, lido todos os capítulos para entender a história.
Conto:
Crônica
GÊNERO LÍRICO
Por envolver a musicalidade, a mensagem devia ter uma linguagem precisa, tendo
cada palavra seu significado.
(Oswaldo de Andrade)
Este texto em verso, é denominado poema. E o autor usou de diversas figuras para
dar a idéia da simplicidade mostrou o “eu” do autor.
CARACTERÍSTICAS DO POEMA
- Ritmo: É o real conteúdo da poesia dado pela repetição mais ou menos regular da
intensidade poesia
- Metro: É a divisão das sílabas. A medida vazia do sentido reproduzida pelo número
regular de sílabas.
- Rima: É a regularidade sonora que pode estar tanto no meio como no final do
verso, quando não há rima, chama-se verso branco.
GÊNERO DRAMÁTICO
Até início do século XIX, dominava as teorias de Aristóteles, que dividia as peças
teatrais em tragédias e comédia. O gênero dramático procura representar o conflito do
homem com seu mundo.
O objetivo dessa nova forma de teatro era fazer o espectador analisar e refletir
sobre o mundo que o cerca. O teatro foi visto como um meio de comunicação, onde não só
transmite, mas também recebe e faz o ouvinte escutar e agir.
Características:
b)Épico ou narrativo: demostra uma visão mais racional e objetiva da realidade; mais
universal; retrata o mundo exterior: fatos, acontecimentos; predomina na prosa, mas
há poemas épicos (epopéia, romance, conto, crônica, novela).
Romance: narrativa em prosa, com um único núcleo narrativo central; número maior de
personagens; análise psicológica das personagens.
Novela: narrativa em prosa com vários núcleos narrativos interligados e independentes.
Conto: narrativa curta tomada perto do clímax; conflito central que deve ser resolvido, poucas
personagens.
Crônica: episódio da vida real, tema do cotidiano, conflito não precisa ser resolvido.
MÓDULO 4 – HUMANISMO
HUMANISMO
FIGURAS DE LINGUAGEM
As figuras de linguagem são recursos usados para dar maior ênfase ou sentido á
expressão. O estudo dessas figuras ajuda a entender melhor os recursos utilizados pelos
escritores em seus textos. Veja algumas das figuras de linguagem mais usadas:
Aliteração
Ocorre aliteração quando há repetição da mesma consoante ou de consoantes similares,
geralmente em posição inicial da palavra.
Exemplo:
"Toda gente homenageia Januária na janela."
(Chico Buarque)
COMPARAÇÃO
METÁFORA
Esta é a substituição de um termo por outro com o qual há uma relação de sentido.
CATACRESE
É como uma metáfora do dia-a-dia.Seu objetivo é desviar uma palavra do seu sentido
próprio para dar nome a outra coisa que não tem nome específico.
EUFEMISMO
IRONIA
É uso de palavras, expressões, mas que querem dizer o contrario do que está sendo
dito.
EX: Com governo honesto e sem corrupção não precisa ter medo do futuro.
ANTÍTESE
É usado para opor dois termos na mesma frase ou parágrafo, enfatizando seus
contrastes.
ELIPSE
É quando uma ou mais palavras são omitidas na frase, mas que são subentendidas.
ANÁFORA
HIPÉBOLE
PROSOPOPÉIA
Gradação
Ocorre gradação quando há uma seqüência de palavras que intensificam uma mesma idéia.
Exemplo:
"Aqui... além... mais longe por onde eu movo o passo."
Polissíndeto
Ocorre polissíndeto quando há repetição enfática de uma conjunção coordenativa mais vezes
do que exige a norma gramatical (geralmente a conjunção e). É um recurso que sugere
movimentos ininterruptos ou vertiginosos.
Exemplo:
"Vão chegando as burguesinhas pobres,
e as criadas das burguesinhas ricas
e as mulheres do povo, e as lavadeiras da redondeza."
(Manuel Bandeira)
Paradoxo
Ocorre paradoxo não apenas na aproximação de palavras de sentido oposto, mas também na
de idéias que se contradizem referindo-se ao mesmo termo. É uma verdade enunciada com
aparência de mentira. Oxímoro (ou oximoron) é outra designação para paradoxo.
Exemplo:
"Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;" (Camões)
Assonância
Ocorre assonância quando há repetição da mesma vogal ao longo de um verso ou poema.
Exemplo:
"Sou Ana, da cama
da cana, fulana, bacana
Sou Ana de Amsterdam.” (Chico Buarque)
Onomatopéia
Ocorre quando uma palavra ou conjunto de palavras imita um ruído ou som.
Exemplo:
"O silêncio fresco despenca das árvores.
Veio de longe, das planícies altas,
Dos cerrados onde o guaxe passe rápido...
Vvvvvvvv... passou."
(Mário de Andrade)
Silepse
Ocorre silepse quando a concordância não é feita com as palavras, mas com a idéia a elas
associada.
a) Silepse de gênero
Ocorre quando há discordância entre os gêneros gramaticais (feminino ou masculino).
Exemplo:
"Quando a gente é novo, gosta de fazer bonito."
(Guimarães Rosa)
b) Silepse de número
Ocorre quando há discordância envolvendo o número gramatical (singular ou plural).
Exemplo:
Corria gente de todos lados, e gritavam."
(Mário Barreto)
c) Silepse de pessoa
Ocorre quando há discordância entre o sujeito expresso e a pessoa verbal: o sujeito que fala ou
escreve se inclui no sujeito enunciado.
Exemplo:
"Na noite seguinte estávamos reunidas algumas pessoas."
(Machado de Assis)
QUINHENTISMO (séc. XVI): conjunto de textos sobre o Brasil, que evidenciaram a condição
Brasileira de colônia de exploração.
- Características :
oposição à cultura teocentrica da Idade Media
Antropocentrismo e paganismo
Ânsia de viver
Valorização da beleza
Culto da literatura greco-latina
Preocupação formal
Autores e Obras: Principal: Luís de Camões (Os Lusíadas)
- Características :
Vocabulário selecionado
Gosto por inversões sintáticas
Figuração excessiva
Sugestões sonoras e cromáticas
Gosto por construções complexas e raras
Conflito espiritual
Consciência da efemeridade do tempo
Morbidez
Gosto por raciocínios complexos, intrincados.
Autores e Obras
ARCADISMO: (1768 – 1808) Movimento que propõe uma volta aos modelos clássicos (Grécia
e Roma). FATOR HISTÓRICO: ciclo do ouro e Inconfidência Mineira.
Características: valorização da vida no campo, crítica a vida nos centros urbanos (fugere
urbem = fuga da cidade), uso de apelidos, objetividade, idealização da mulher amada,
abordagem de temas épicos, linguagem simples, pastoralismo e fingimento poético.
vocabulário simples, linguagem objetivas , clara , formal .
natureza estática
frases na ordem direta
ausência quase total de figuras de linguagem
manutenção de formas clássicas
pastoralismo
bucolismo
elementos da cultura greco-latina
convencionalismo e idealização amorosa
racionalismo
paganismo
Autores e Obras: Cláudio Manoel da Costa (autor de Obras Poéticas), Tomás Antônio
Gonzaga (autor de Liras, Cartas Chilenas e Marília de Dirceu)
3ª Geração - conhecida como geração condoreira, poesia social ou hugoana. textos marcados
por crítica social. Castro Alves, o maior representante desta fase, criticou de forma direta a
escravidão no poema Navio Negreiro.
Autores e Obras
- Gonçalves Dias: considerado o primeiro poeta genuinamente nacional, deixou obra vasta
destacando-se Primeiros Cantos (1847)
- Alvares de Azevedo: maior nome da geração mal-do-século. Escreveu Lira dos Vinte
Anos (1853), Noite na Taverna (1855)
- Castro Alves: expoente da geração condoreira denunciou a escravidão, defendeu a
liberdade e exaltou a mulher. O navio Negreiro
- José de Alencar: defensor de uma literatura realmente brasileira, que aliasse consciência
nacional ao rigor estético. De sua vasta e influente obra, O
Guarani(1857), Iracema (1865), Ubirajar (1874), O Sertanejo (1875).
- Manuel Antônio de Almeida: deixou Memórias de um Sargento de Milícias(1855), importante
retrato do Rio de Janeiro do período joanino.
Realismo Naturalismo
Retrato Fiel do Personagem Visão determinista e mecanicista do
homem
Lentidão Narrativa Centificismo
Veracidade
Detalhes Específicos
Dom Casmurro
Realismo. A história toda se passa no Rio de Janeiro do Segundo Império e conta a história de
Bento e Capitolina, esta sendo descrita por José Dias, agregado da mãe de Bento, como tendo
"olhos de cigana"; a infância, onde surge a paixão com Capitu, primeiro estranha e depois mais
bem definida, a juventude de Bento no Seminário ao lado de Escobar, seu melhor amigo até a
morte deste por afogamento, o casamento de Bentinho e Capitu, após a mãe deste cumprir a
promessa de enviar um rapaz ao serviço da Igreja mandando um "enjeitadinho" ao seminário
no lugar de Bento e a separação devido ao ciúme de Bentinho por Capitu com Escobar, mesmo
depois deste morrer. Ele manda então a esposa e seu filho para a Europa por causa do ciúme,
quase matando-os antes envenenados. Seu encontro com o filho, muitos anos mais tarde, é
frio e distante, já que a todo o instante ele o compara com Escobar, seu melhor amigo que ele
achava o ter traído e ser o pai do então já jovem estudante de Arqueologia, que falece, meses
depois numa escavação no estrangeiro, sem jamais ver o pai novamente. Um romance
psicológico, sob o ponto de vista de Bentinho, nunca se tem certeza de que Capitolina traiu-o
ou não. A favor da tese da traição existe o fato que Bento sempre parece falar a verdade, as
semelhanças achadas por Bento entre seu filho e Escobar e o fato que os outros descreviam
Capitu como maliciosa quando esta era jovem. Contra a tese existe que Capitu reclamou de
seu ciúme e nunca efetivamente fez muita coisa que desse motivo de suspeita, exceto uma vez
em que manteve um segredo com Escobar, que era casado. Este humilde escritor acha que
Bento não foi traído, mas isso é essencialmente pessoal.
Realismo. A história é narrada por Brás Cubas, um defunto autor que após narrar sua morte e
funeral começa a contar a sua vida. Conta a infância, as travessuras, o primeiro namoro com
Marcela (interesseira e bela, fica pobre e feia), um namoro com Eugênia (que acaba pobre) e
mais tarde seu noivado com Virgília. Como Virgília casa com outro eles mais tarde se tornam
amantes. O romance era ajudado por Dona Plácida (que também morre pobre) e acaba quando
esta vai para o Norte com o marido. Conta então seu reencontro com o amigo Quincas Borba
(primeiro na miséria, depois rico, depois miserável e louco), que lhe expõem sua filosofia, o
Humanitismo. Cubas passa seguir o Humanitismo. Já deputado, não se reelege ou se torna
ministro e funda um jornal de oposição baseado no Humanitismo. Mais velho se volta para a
caridade e morre logo após criar um emplasto que curaria a hipocondria e lhe traria fama.
Quincas Borba
Realismo. Continuação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba conta a história
do ex-professor primário Pedro Rubião de Alvarenga, que após cuidar do filósofo Quincas
Borba até a morte, recebe dele toda a fortuna sob a condição de tomar conta do cachorro, que
também tem o nome de Quincas Borba. Rubião muda-se então para o Rio. No caminho
conhece o casal Sofia e Cristiano Palha. Apaixonado por Sofia e ingênuo, Rubião vai sendo
explorado e aproveitado por todos os amigos, que lhe tomam dinheiro emprestado, lhe pedem
favores, jantam em sua casa mesmo quando ele não está, etc. Vai envolvendo-se sem sucesso
com a política e perdendo muito dinheiro com gastos exagerados e empréstimos. Cristiano e
Sofia (que não corresponde o amor) vão se aproveitando dele muito mais, subtraindo-lhe a
fortuna, saindo do estado original de dívidas para um de opulência no final. A medida que o
tempo passa, a decadência material e o desespero de não ter correspondido seu amor leva
Rubião a enlouquecer. Enquanto no começo travava "discussões" com Quincas Borba (o cão),
depois começa a pensar ser Napoleão III e Sofia sua esposa Eugênia. Passa a nomear todos
nobres e generais, ter visões, falar sozinho. Quando ao final é internado num manicômio, sua
fortuna não é mais 1% do que antes fora. Ele foge do manicômio e volta para Barbacena, de
onde saíra após enriquecer, levando apenas Quincas Borba. Enlouquecido e pobre, é recolhido
pela comadre e morre louco, corando-se Napoleão III, repetindo incessantemente nos seus
últimos dias a célebre frase "Ao vencedor, as batatas!" Narrado em terceira pessoa, cheio de
ironia sofisticada, uma personagem feminina dissimulada, uma dúvida constante (Quincas
Borba é o título por causa do cão ou do filósofo?), esta é uma das melhores e mais famosas
obras de Machado de Assis.
Esaú e Jacó
Realismo. Contada como que por um autor que teve acesso ao Memorial do Conselheiro
Aires, usa o volume último de seus cadernos. Começa contando a história de Natividade que,
grávida de gêmeos em 1871, consulta uma vidente. Esta lhe diz que seus filhos, apesar de
estarem brigando em seu ventre, terão grande futuro. Ao sair, de tão feliz, dá uma esmola
grande a um mendigo ("para as almas", mas ele guarda o dinheiro). Desde quando nascem os
jovens Pedro e Paulo tornam-se contrários. As disputas uterinas tornam-se políticas já que
Paulo é republicano e Pedro monarquista, Pedro tornar-se-á advogado, Paulo médico. Eles
estudam separados (Paulo em São Paulo, Pedro no Rio) e conhecem em 1888 a filha de um
casal de políticos, Flora, pela qual se apaixonam. E ela corresponde o amor aos dois. Assim os
irmãos desunidos unem-se e competem pelo amor de Flora. O Conselheiro Aires, amigo das
duas famílias, trabalha junto com os pais dela para que ela escolha um ou nenhum, mas
escolha. Assim transcorre o tempo com os irmãos discutindo a política desde a Abolição,
passando pela Proclamação da República e a queda de Deodoro (os pais de Pedro e Paulo e
os de Flora são políticos e nunca parecem saber quem estará no poder). A distância por vezes
separa o trio, mas eles permanecem (des)unidos. Flora é cortejada por outras, incluindo
Nóbrega, o mendigo de 1871 enriquecido mais tarde, mas ela rejeita a todos. Quando em 1892,
durante o estado de sítio declarado por Floriano Peixoto, Flora morre, os irmãos se unem na
dor e reconciliam-se. Um mês depois renasce a inimizade. Mais um ano e tornam-se deputados
(em partidos opostos, logicamente). Quando a mãe morre, pede que ambos tornem-se amigos
e eles juram que o farão. No ano seguinte são vistos sempre juntos na Câmara. No seguinte
àquele, desentendem-se novamente. Uma maravilhosa mostra da capacidade de Machado de
Assis, esta obra foge do maniqueísmo do esquema gêmeo bom - gêmeo mau, mantendo
sempre o ponto de vista que, apesar das divergências ou por causa delas, Pedro e Paulo são
dois lados da mesma moeda. É eficiente também em mostrar os anos de transição do Império
para a República.
Memorial de Aires
O Cortiço
Naturalismo. O Cortiço conta principalmente duas histórias: a de João Romão e Miranda, dois
comerciantes, o primeiro o avarento dono do cortiço, que vive com uma escrava ao qual ele
mente liberdade. Com o tempo sua inveja de Miranda, menos rico mas mais fino, com um
casamento de fachada, leva-o a querer se casar com sua filha (e tornar-se Barão no futuro, tal
qual Miranda se torna no meio da história). Isto faz com que ele se refine e mais tarde tente
devolver Bertoleza, a escrava, a seu antigo dono (ela se mata antes de perder a liberdade). A
outra história é a de Jerônimo e Rita Baiana, o primeiro um trabalhador português que é
seduzido pela Baiana e vai se abrasileirando. Acaba por abandonar a mulher, parar de pagar a
escola da filha e matar o ex-amante de Rita Baiana. No pano de fundo existem várias histórias
secundárias, notavelmente as de Pombinha, Leocádia e Machona, assim como a do próprio
cortiço, que parece adquirir vida própria como personagem.
Preocupada com a forma e a objetividade; a “arte pela arte”, com seus sonetos
alexandrinos perfeitos. Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de Oliveira formam a Trindade
Parnasiana.
O soneto, a métrica alexandrina (12 sílabas poéticas), a rima rica, rara e
perfeita, tudo isso se contrapondo aos versos livres e brancos dos românticos. Em suma, é o
endeusamento da Forma.
Alberto de Oliveira. Obras principais: Meridionais (1884), Versos e Rimas (1895), Poesias
(1900), Céu, Terra e Mar (1914), O Culto da Forma na Poesia Brasileira (1916).
- Olavo Bilac. Obras principais: Poesias (1888), Crônicas e novelas (1894), Crítica e fantasia
(1904), Conferências literárias (1906), Dicionário de rimas (1913), Tratado de versificação
(1910), Ironia e piedade, crônicas (1916), Tarde (1919).
- Francisca Júlia. Obras principais: Mármores (1895), Livro da Infância (1899), Esfínges (1903),
Alma Infantil (1912).
- Vicente de Carvalho. Obras principais: Ardentias (1885), Relicário (1888), Rosa, rosa de amor
(1902), Poemas e canções, (1908), Versos da mocidade (1909), Páginas soltas (1911), A voz
dos sinos, (1916).
Características Literárias
- A 1ª fase é a de ruptura com o passado. Humor, uso do coloquial,
primitivismo, vanguardas, tudo é válido para criar uma literatura em
sintonia com os novos tempos.
- Na 2ª fase se estabelecem o romance regionalista, que retrata uma certa
região do pais, e a prosa intimista, que estuda o homem urbano.
- A 3ª fase nega algumas das propostas da 1ª e retorna o uso cuidadoso e
consciente da palavra. O número de correntes literárias e autores cresce, o
que torna difícil classificar essa fase.
Autores e Obras
- Mário de Andrade: deixou uma obra vasta e muito influente, onde os
destaques são Paulicéia. Ex: Macunaíma (1928)
- Oswald de Andrade: incorporou elementos das vanguardas européias em
seus poemas. Pau Brasil(1925)
- Manuel Bandeira: deixou obra lírica, precisa e simples, mas muito bem
construída. Ex: (1936),Itinerário de Pasárgada (1954)
- Graciliano Ramos: expoente do romance regional e de análise
psicológica. Ex: São Bernardo (1934)
- Carlos Drummond de Andrade: considerado o maior poeta da literatura
brasileira, deixou obra que expressa a angústia do homem contemporâneo.
Ex: A Rosa do Povo(1945)
- João Cabral de Melo Neto: um dos poetas brasileiros mais importantes,
deixou obra sem exageros sentimentais, precisa e seca. Ex: Morte e Vida
Severina (1956)
- Clarice Lispector: autora de obra voltada ao intimismo e ao mergulho na
psique dos personagens. Ex: A Hora da Estrela (1977).
- Guimarães Rosa: usando o sertão mineiro como cenário, criou obra que
investiga temas universais. Ex: Tutaméia (Terceiras Estórias) (1967).
Essa época foi marcada pelas oposições e pelos conflitos espirituais. Esse
contexto histórico acabou influenciando na produção literária, gerando o
fenômeno do barroco. As obras são marcadas pela angústia e pela oposição
entre o mundo material e o espiritual. Metáforas, antíteses e hipérboles são
as figuras de linguagem mais usadas neste período. Podemos citar como
principais representantes desta época: Bento Teixeira, autor de
Prosopopéia; Gregório de Matos Guerra ( Boca do Inferno ), autor de várias
poesias críticas e satíricas; e padre Antônio Vieira, autor de Sermão de Santo
Antônio ou dos Peixes.
Resumos de Obras
A HORA DA ESTRELA de Clarice Lispector
A obra inicia com um prefácio, em forma de dedicatória, em que ela se propõe uma reflexão
desenvolvida através dos verbos dedicar, dedicar-se e meditar. A seguir, uma seqüência de
subtítulos que sugerem vários aspectos do livro: A culpa é minha /ou/ A hora da estrela /ou/ Ela
que se arranje /ou/ O direito ao grito etc.
A narrativa é lenta, em conseqüência das inúmeras digressões do narrador Rodrigo S.M
(Descrever me cansa, (...). Como é chato lidar com fatos, o cotidiano me aniquila, estou com
preguiça de escrever esta história...). Há mistura de notações generalizantes (Às vezes só a
mentira salva, "O sofrimento é sempre um encontro consigo mesmo: sofrer amadurece") com
indicações nuas e cruas (Depois que ele desapareceu, eu, para não sofrer, me divertia amando
mulher. O carinho de mulher é muito bom mesmo, eu até aconselho porque você é delicada
demais para suportar a brutalidade dos homens e se você conseguir uma mulher vai ver como
é gostoso, entre mulheres o carinho é mais fino). Há registros íntimos (Escrevo por não ter
nada a fazer no mundo: sobrei...) e observações de pertinência social (Nascera inteiramente
raquítica, herança do sertão, (...). Essa moça não sabia que ela era assim como um cachorro
não sabe que é cachorro, (...) nem se dava conta de que vivia numa sociedade técnica onde
ela era um parafuso dispensável).
Há vários trechos em que se fazem considerações sobre o papel do escritor brasileiro
moderno e a condição indigente da população brasileira:
Antecedentes meus do escrever? Sou um homem que tem mais dinheiro do que os que
passam fome, o que faz de mim de algum modo um desonesto. (...) através dessa moça dou o
meu grito de horror à vida. A vida que tanto amo. São abundantes as reflexões sobre a figura
feminina, sua condição social e individual, sua condição humana transcendental: Teria ela o
sensação de que vivia para nada? Nem posso saber, mas acho que não (...). Mas eu que não
chego a ser ela, sinto que vivo para nada, (...). Quando acordava não sabia mais quem era. Só
depois é que costumava datilografar; ouvia freqüentemente a Rádio Relógio, não só para saber
as horas, mas para aprender coisas curiosas, que ela achava sempre lindas. Teve um
namorado, Olímpio de Jesus, também nordestino, operário de metalúrgica cujo sonho era ser
açougueiro e mais tarde deputado. Acabou abandonando o namoro com Macabéa para ficar
com uma amiga dela, Glória, uma carioca, oxigenada, de família classe média baixa. Sentindo-
se infeliz, Macabéa, a conselho de Glória, foi consultar uma cartomante, Madama Carlota, que
acertou tudo a respeito de seu passado e predisse coisas maravilhosas em relação ao seu
futuro. Ao sair da casa da mulher, Macabéa foi atropelada e acabou morrendo, eis a Hora da
estrela, quando um fotógrafo registra sua trajédia...
AMAR, VERBO INTRANSITIVO de Mário de Andrade
É um romance que conta a história de Fraülein e Carlos. Fraülein é contratada pelo pai de
Carlos, Sousa Costa, rico burguês de origem portuguesa, para ensinar a arte do amor ao filho.
As preocupações do pai dirigem-se à possibilidade do filho perder-se em encontros com
prostitutas comuns ou mesmo ficar doente. Fraülein é introduzida na casa da família como
governanta e procura manter uma postura discreta diante dos familiares, principalmente por
causa da três irmãs do rapaz. Segue suas atividades ensinando alemão e piano para as moças
e para Carlos. Aos poucos vai se insinuando para o rapaz, que acaba sendo tomado de amores
pela governanta. Dona Laura, mãe de Carlos, percebe o envolvimento do filho e conversa com
Fraülein. Sousa acaba contando para a mulher o trato feito e o motivo de suas preocupações
com o filho. O casal decide pela permanência de Fraülein. Fraülein e Carlos vivem um idílio
amoroso, mantido em segredo, o rapaz aproveita as horas de estudo sozinhos na biblioteca do
pai para amar a governanta. Depois passa a encontrá-la em seu próprio quarto. Como já havia
combinado antes com Fraülein, Sousa surpreende o filho num desses encontros e manda a
governanta embora. Carlos sofre muito com a separação, mas acaba aceitando as saudades e
prosseguindo sua vida de menino rico. Fraülein continua sua profissão tomando outro aluno,
Luís, para ensinar a arte do amor. Os dois se encontram durante um carnaval, rapidamente
cada um segue seu caminho.
A ROSA DO POVO de C. Drummond de Andrade
Este é o mais extenso e o mais variado dos livros de Drummond ( 55 poemas, alguns longos).
Nele desfilam os principais temas de sua obra; o verso livre e a estrofação irregular alternam
com versos de métrica tradicional dispostos em estrofes regulares; o estilo ora é
"puro"(elevado, "poético" ), ora é "mesclado"(mistura de elevado e vulgar, sério e grotesco).
Livro difícil, é dos mais discutidos e apreciados da poesia moderna brasileira.
Os poemas de A rosa do povo foram escritos nos anos sombrios da ditadura de Vargas e da
Segunda Guerra Mundial. Os acontecimentos provocam o poeta, que se aproxima da ideologia
revolucionária anticapitalista de inspiração socialista, e manifesta sua revolta e sua esperança
em poemas indignados e intenso.
Temas: eu- estar no mundo ( o amor, a família, o tempo, a velhice), a metapoesia (poesia pela
própria poesia), eu igual ao mundo,...
Portanto, em A rosa do povo, o poeta testemunha sua reação ante a dor coletiva e a miséria do
mundo moderno, com seu mecanismo, seu materialismo, sua falta de humanidade. Essa fase
enriqueceu sua essencialidade lírica e emocional, e, através da profunda consciência artística,
o poeta atingiu a plenitude, a cristalização, a humanização, sob a forma suave e terna, em que
o itabirano mergulha no lençol profundo de sua província e de seus antepassados, para melhor
compreender a "máquina do mundo", a angústia de seu tempo, o desarvoramento do homem
contemporâneo, com um largo sentimento de fraternidade.
Sua inocência é tão etérea quanto sua forma incognoscível; sua percepção
não é suficiente para captar sua imensa fragilidade ("a cauda ameaça deixá-lo
ir sozinho").Num processo de gradação, consegue ser "todo graça", embora
"as pernas não ajudem / e seu ventre balofo / se arrisque a desabar / ao mais
leve empurrão". O ventre, refúgio da vida, é preenchido também de doçura...
mas ainda falta, sempre falta, e ele ainda está "faminto" Como não é visto,
corre o risco de ser empurrado; como é apenas costurado, corre o risco de
arrebentar e desabar. Mesmo assim, sustenta "sua mínima vida", mesmo que
não haja "...na cidade / alma que se disponha / a recolher em si/ desse corpo
sensível / a fugitiva imagem".
1835 – Pedro de Albuquerque Santiago casa-se com D. Maria da Glória Fernandes. Tendo
nascido morto o primeiro filho, ela promete a Deus que se o segundo vingar e for varão, fará
dele um padre.
1859 – Bentinho sai do seminário. Também sai seu grande amigo Ezequiel Escobar.
1863 – Bento termina seus estudos superiores em São Paulo e volta para casa.
1865 – Bentinho e Capitu casam-se. Também Ezequiel Escobar se casa com Sancha, uma
amiga de Capitu.
1867 – Nasce o filho do casal, recebendo na pia batismal o primeiro nome do amigo Ezequiel
Escobar.
1871 - Ezequiel Escobar morre afogado pelas ondas revoltas do mar num dia de ressaca.
Durante o velório fala-se do "recente" gabinete Rio Branco.
1872 – Capitu chama a atenção do marido para a grande semelhança dos olhos de Ezequiel
com os do falecido Ezequiel Escobar. Separação disfarçada: Bentinho manda mulher e filho
para a Suíça. Morre D. Glória. José Dias também falece. Capitu morre e o filho, já adulto, volta
ao Brasil e fica com Bentinho durante seis meses. Ezequiel viaja para o Oriente Médio e morre
na Palestina, sendo enterrado nas imediações de Jerusalém.
1897 – Bentinho, viúvo e solitário, resolve escrever um livro sobre sua vida.
O último parágrafo é um atestado de que ainda continua acreditando que foi enganado pela
mulher e pelo amigo: "... uma coisa fica, e é a suma das sumas, ou o resto dos restos, que a
minha primeira amiga e o meu maior amigo, tão extremosos e tão queridos também, quis o
destino que acabassem juntando-se e enganando-me... A terra lhes seja leve".
Rapsódia escrita em 1926 e publicada em 1928, traz uma variedade de motivos populares que
Mário de Andrade juntou de acordo com as afinidades existentes entre eles. Trata-se de uma
espécie de "coquetel" do folclórico e do popular do Brasil. Mário de Andrade mistura o
maravilhoso e o sobre-humano ao retratar as façanhas de um herói que não apresenta
rigorosos referenciais espaço-temporais – Macunaíma é o representante de todas as épocas e
de todos os espaços brasileiros. Macunaíma, que leva o subtítulo de "herói sem nenhum
caráter", é também o nome do personagem central, um herói ameríndio que trai e é traído, que
é preguiçoso, indolente, mas esperto e matreiro, individualista e dúbio. Destituído da auréola
idealizada dos românticos, Macunaíma é o índio moderno, múltiplo e contraditório. Nasce na
selva, filho de uma índia tapanhumas, fala tardiamente e só anda quando ouve o som do
dinheiro. Vira príncipe e trai o irmão Jiguê ao brincar com as cunhadas, primeiro Sofará e
depois Iriqui. Vira homem e mata a mãe, enganado por Anhangá. Casa-se com Ci, a mãe do
mato, guerreira amazonas da tribo das Icamiabas. Macunaíma torna-se o Imperador do Mato
Virgem. Após seis meses, tem um filho. A criança morre, transformando-se em planta do
guaraná. Ci, cansada e desiludida, vira a estrela Beta da Constelação Centauro. Antes de
morrer, porém, Ci deixa ao esposo a muiraquitã, uma pedra talismã que lhe daria a garantia de
felicidade. Mas o herói perde a pedra que acaba nas mãos do rico comerciante peruano
Venceslau Pietro Pietra, colecionador de pedras em São Paulo. Em companhia de seus dois
irmãos – Maanape e Jiguê – vem para São Paulo a fim de reconquistar a pedra, que simboliza
seu próprio ideal. Porém, Venceslau, que está disfarçado de comerciante, é na verdade o
gigante Piaimã, comedor de gente; por isso, as investidas de Macunaíma contra ele não dão
resultado. Só depois de apelar para a macumba Macunaíma consegue derrotar o gigante.
Reconquistada a pedra, Macunaíma retorna ao Amazonas e se deixa atrair pela Iara, perdendo
definitivamente a pedra. Como já não vê mais graça no mundo, vai para o céu, onde se
transforma em estrela da Constelação Ursa Maior, ficando relegado ao brilho inútil das estrelas.
Memórias Póstumas de Brás Cubas, de 1881, é considerada a obra divisora de águas não só
da literatura brasileira, marcando o início da estética realista, como também da literatura
machadiana, pois estabelece a ruptura do escritor com os padrões românticos. Ao substituir a
linearidade da narrativa, a preferência pela ação e a leve caracterização das personagens por
uma lógica independente da cronologia, que permite ao narrador viajar pelo tempo sem perder
o rumo dos acontecimentos, torna possível a inserção de cuidadosas reflexões em qualquer um
dos capítulos, ou permite a condução dos acontecimentos sem ficar à mercê da necessidade
de encadear os assuntos um após outro. Porém, a grande ruptura ocorre na preferência do
autor não pelo enredo, mas pela caracterização das personagens, analisadas através de seus
aspectos comportamentais, isto é, através da postura que assumem diante dos acontecimentos
e da sociedade em que vivem. A obra é narrada em primeira pessoa, por um morto que se
propõe analisar a si e aos outros. Começa de sua morte e seu delírio e num salto retorna à
infância, relatando seus amores adolescentes pela prostituta espanhola Marcela, e a ruptura do
caso amoroso, quando o pai decide enviá-lo à Europa. Seu envolvimento com Virgília, esposa
de Lobo Neves, aborda o problema banal de um caso de adultério e é motivo de inúmeras
reflexões do narrador. Importante também é a amizade do narrador com Quincas Borba,
filósofo mentor da teoria do humanitismo, cuja síntese está na frase: "Ao vencedor, as batatas".
Nessa viagem que Brás Cubas faz em torno de sua própria vida, as constantes de Machado de
Assis vão sendo marcadas: pessimismo, ironia e humor, principalmente no último capítulo,
quando afirma com profundo niilismo: "Não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa
miséria".
Com 148 capítulos curtos e em sua segunda experiência com foco narrativo em 1ª pessoa,
Machado de Assis escreve Dom Casmurro, o mais famoso de seus romances. Através do
narrador-personagem é desvendada ao leitor somente uma parcela da realidade, impregnando
a narrativa de subjetivismo, unilateralidade e ambigüidade. Bento (Dom Casmurro) resolve
reconstruir sua vida a partir do fracasso de seu casamento com Capitu. Marcado pelo ciúme
doentio, expressão da insegurança do protagonista, Bento passa a acreditar na traição de sua
esposa com Escobar, o amigo que o acompanha desde os tempos de seminário. Se houve ou
não traição, o volume não deixa claro, mas o interessante da obra é o estudo dos aspectos
psicológicos, responsável pela perfeita análise das seqüelas que dominam a mente corroída
pelo ciúme. Acrescenta-se a elaboração de uma das mais fortes personalidades femininas que,
página por página, é reconstruída, sedimentada pela obsessão de um homem que jamais
conseguiu esquecê-la.
Características:
Estilo: linguagem elaborada com precisão e rigor matemático, cerebrina, concreta, realista; todo
adorno e elemento desnecessário é subtraído, recriando-se, através de palavras, a mesma
atmosfera de seca, privação e morte que acompanha o retirante.
Estrutura: peça teatral (auto de natal), construída a partir de dezoito subitens que assinalam a
jornada de Severino. Cada subitem equivale a um pequeno ato ou cena, em que se narram
aspectos relativos às pessoas, à miséria e à região que é focalizada pelo escritor.
Composição das cenas: primeiras doze cenas, narram as peregrinações do herói, iniciadas
com um prólogo em primeira pessoa, explicando quem é ele e a que vem. O protagonista
assiste às diferentes formas de morte com que se depara em sua trajetória, não participando
da ação, exceto em três de seus encontros: na 2ª cena, em que dois homens transportam um
defunto numa rede; na 6ª cena, quando conversa com uma carpideira; e, na 12ª cena, ao
encontrar o mestre carpina. Nas restantes, Severino apenas contempla a morte morrida ou
matada, mas morte fruto da miséria, da fome, da seca, da problemática distribuição de rendas
do Nordeste, dos problemas sociais... Seis cenas finais: em que constam o anúncio do
nascimento, as loas, a predição das ciganas e a entrega das oferendas. Arremata a peça uma
breve conclusão.
É uma coletânea de contos que apresenta características bastante singulares, uma vez que as
personagens se juntam para contar fatos macabros passados em suas vidas ou criados a partir
da imaginação. Assim, cada caso configura um conto, sendo que o primeiro "Uma noite do
século" e o último "Ultimo beijo de amor" acabam por reunir as personagens. Os outros contos
são: Solfieri, Bertram, Gennaro, Claudius Hermann, Johann. Dessa forma a independência de
cada texto, se tomados os narradores e os elementos narrativos separadamente, desaparece
quando surge um narrador em terceira pessoa que reúne as personagens na taverna. Nesse
caso a independência seria aparentemente anulada em função da unidade. Álvares de
Azevedo, na verdade, monta um mosaico narrativo, fazendo com que as personagens circulem
entre os vários textos, criando para alguns leitores e críticos a possibilidade de classificar o
texto como novela, se tomado como um todo. Mas a presente obra apresenta sete partes que
podem ser consideradas como contos. Cada parte apresenta uma epígrafe (citação de um
texto que se enquadra com o tema do conto), e ainda uma epígrafe geral. A epígrafe geral
refere-se à aparição do pai de Hamlet, da obra homônima de Shakespeare. Traduz a idéia de
medo, fantasia, noite, que dominará o tom geral da obra. Tudo começa numa taverna, onde
vários personagens (protagonistas do contos) se reúnem para contar episódios de suas vidas
entre baforadas em cachimbos e copos de vinho (tudo bem no clima spleen = tédio da vida, do
Romantismo). O tom geral dos contos é melancólico e macabro (relativo à idéia de morte que
paira no ar e que vem se confirmar no final).
II
Do Espanhol as cantilenas
Requebradas de langor,
As andaluzas em flor!
Ou do golfo no regaço
De Nelson e de Aboukir.. .
O Francês — predestinado —
E os loureiros do porvir!
Os marinheiros Helenos,
III
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!
IV
Em sangue a se banhar.
Horrendos a dançar...
E ri-se Satanás!...
Se é loucura... se é verdade
Combatem na solidão.
Se eu deliro... ou se é verdade
VI
OS LUSÍADAS (episódios "Inês de Castro" - III, 118 a 135 e "O Velho do Restelo" - IV, 90 a
104) – Camões
Nota Preliminar
Escrito nos raros intervalos de folga de uma carreira fatigante, este livro, que a princípio se
resumia à história da Campanha de Canudos, perdeu toda a atualidade, remorada a sua
publicação em virtude de causas que temos por escusado apontar.
Demos - lhe, por isto, outra feição, tomando apenas variante de assunto geral o tema, a
princípio dominante, que o sugeriu.
A civilização avançará nos sertões impelida por essa implacável "força motriz da História" que
Gumplowicz, maior do que Hobbes, lobrigou, num lance genial, no esmagamento inevitável das
raças fracas pelas raças fortes.
A campanha de Canudos tem por isto a significação inegável de um primeiro assalto, em luta
talvez longa. Nem enfraquece o asserto o termo-la realizado nós filhos do mesmo solo, porque,
etnologicamente indefinidos, sem tradições nacionais uniformes, vivendo parasitariamente à
beira do Atlântico, dos princípios civilizadores elaborados na Europa, e armados pela indústria
alemã — tivemos na ação um papel singular de mercenários inconscientes. Além disto, mal
unidos àqueles extraordinários patrícios pelo solo em parte desconhecido, deles de todo nos
separa uma coordenada histórica — o tempo.
Denunciemo-lo.
E tanto quanto o permitir a firmeza do nosso espírito façamos jus ao admirável conceito de
Taine sobre o narrador sincero que encara a História como ela merece:
“il s’ irrite contre les demi vérités que sont des demi faussetés, contre les auteurs qui n’altèrent
ni une date, ni une généalogie, mais dénaturent les sentiments et les moeurs, qui gardent le
dessin des événements et en changent la couleur, qui copient les faits et défigurent l'âme; il
veut sentir en barbare, parmi les barbares, et, parmi les anciens, en ancien. "
Euclides da Cunha.
PALHA E SOFIA
SOCIEDADE
Por Outro lado, a ingenuidade de Rubião
torna-o presa fácil de várias outras pessoas
interessadas e oportunistas, que se
aproximam dele para explorá-lo
financeiramente.
LOUCURA
A FILOSOFIA
Características:
Estilo: linguagem enxuta e seca, primando pela escolha do vocábulo exato e correto. Frases
curtas e tensas, nascidas da necessidade de dar vazão ao ato de escrever e de analisar o
mundo rude.
Narrador: em primeira pessoa, Paulo Honório é o protagonista da história por ele narrada.
Cenário: fazenda São Bernardo, na região de Viçosa, Alagoas. O tempo da narração coincide
com a eclosão da Revolução de Outubro de 1930.
Personagens: Paulo Honório, marcado pelo signo da posse, é exemplo de um homem que luta
para obter o que deseja. Partidário da opinião do que os fins justificam os meios, enriquece,
compra e reconstrói a fazenda objeto de todas as suas lutas. Sente necessidade de preparar
um herdeiro para as terras, por isso casa-se. Por não conseguir exercer sua vontade férrea
sobre a mulher, começa a sentir um ciúme doentio. Madalena: professora primária de vasta
cultura, tendendo a difundir idéias socialistas. Procura ser justa com os trabalhadores braçais
da fazenda, como Marcelino, a velha Margarida, entre outros; divide suas opiniões com o ex-
proprietários das terras e professor Luís Padilha. Encontra diálogo entre os freqüentadores
mais cultos de S. Bernardo, como o advogado Nogueira, o Pe. Silvério, o jornalista Gondim,
provocando o ciúme do marido que a acua cada vez mais, levando-a ao suicídio.
Enredo: Paulo Honório resolve repassar a sua vida a partir do fracasso de seu casamento.
Remonta ao passado, permitindo ao leitor o conhecimento do meio bruto que lhe calcificou a
alma, pois o personagem conhece, desde cedo, a mais dura realidade da vida. No intervalo que
o faz passar de trabalhador braçal a dono de fazenda, vai sendo sedimentada a mente doentia
e possessiva do protagonista. Sentindo necessidade de preparar um herdeiro para a fazenda,
casa-se com Madalena, mulher de boa índole e idéias humanitárias. Da diferença de caráter de
ambos, surge o ciúme doentio do narrador.
É a história da retirada de uma família de nordestinos: Fabiano, sinha Vitória, o menino mais
novo, o menino mais velho e a cachorra Baleia. O motivo da retirada é a seca. Desde o início
tomamos contato com a terra árida do sertão e o sofrimento da família de Fabiano. Não existe
comunicação entre os membros da família. As crianças não possuem nomes, acentuando o
processo de animalização das personagens para ressaltar a vida mesquinha dos retirantes. Ao
contrário, a cachorra possui nome e pensamento (humanização dos animais). A mãe é
obrigada a matar o papagaio para alimentar a família. Fabiano mal sabe expressar-se, embora
admire os que conseguem falar bem. Tenta imitar as palavras difíceis. É preso pelo soldado
amarelo, que representa a autoridade do governo. A prisão foi injusta, o que leva Fabiano a
analisar sua situação de homem-bicho, considerando-se vencido e sem ilusões em relação à
vida dos filhos. Sinha Vitória, como o marido, é impaciente com as crianças. Sua ignorância é
menor que a do marido. Consegue raciocinar com clareza e sabe contar. Baleia consegue
pensar e sentir como um ser humano. Fica doente, o que leva Fabiano a pensar que está com
hidrofobia e matá-la. A agonia do animal desperta o processo de auto-análise. A cachorra não
entende os motivos do dono. Fabiano reencontra o soldado amarelo perdido na caatinga e
percebe a possibilidade de vingança num local onde sua superioridade física é evidente. Mas
acaba ensinando o caminho ao soldado. A seca volta e prenuncia a miséria e a fome. As
árvores enchem-se de aves de arribação. Fabiano volta a analisar sua vida. Sinha Vitória
mostra-se otimista em relação ao futuro e transmite um pouco de paz ao marido. Os retirantes
deixam a casa da fazenda onde vivem por causa da seca e retomam a andança sem destino
do início da obra.