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Resumo INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por finalida- A clínica ortodôntica cada vez mais
de mostrar diferentes abordagens na ver- vem sendo requisitada para trabalhar em
ticalização de molares com aparelhos fi- conjunto com outras especialidades devi-
xos e discutir, baseado em casos clíni- do às imensas possibilidades de melhoria
Reinaldo dos
cos, o tratamento ortodôntico integrado no prognóstico de tratamentos integra-
Marcos dos
R. P. Janson R. P. Janson com outras especialidades. A verticaliza- dos que a movimentação dentária pro-
ção de molares é uma terapia ortodônti- porciona. Cabe ao ortodontista cada vez
ca, muito utilizada em pacientes adultos, mais procurar conhecimentos relaciona-
de grande validade para os procedimen- dos com as outras especialidades, princi-
tos de prótese, periodontia e implante. palmente com a periodontia, a prótese e
Importantes benefícios podem ser con- a implantodontia, para que possa traçar
seguidos durante a movimentação de mo- o melhor plano de tratamento para os
lares inclinados devido à perda prema- pacientes. As oportunidades são muitas;
Paulo Martins
Ferreira tura de dentes posteriores, dos quais po- pois além da correção das más oclusões
demos citar: paralelismo dos dentes que de Cl I, Cl II e Cl III, dentárias ou
servirão de apoio à prótese fixa ou re- esqueléticas, que constituem a grande
movível, obtenção de espaço edêntulo maioria dos tratamentos ortodônticos,
adequado, eliminação ou redução de de- pode-se com movimentos específicos,
feitos ósseos verticais sem necessidade como por exemplo, com o tracionamen-
de procedimentos cirúrgicos e melhora to coronal radicular, corrigir defeitos ós-
na proporção coroa-raiz em molares com seos isolados, restaurar as distâncias bio-
envolvimento periodontal. Confeccionan- lógicas periodontais, possibilitar a restau-
do-se a prótese sobre dentes verticaliza- ração de dentes traumatizados assim
dos, seja ela fixa ou removível, restaura- como preparar o futuro local para um
se a função normal da mastigação, pois implante aproveitando-se um dente com-
se mantém as forças oclusais direciona- prometido periodontalmente. Da mesma
das ao longo eixo dos dentes preservan- maneira, com a intrusão é possível a re-
do dessa forma a saúde periodontal1, 2. abilitação do segmento poste-
FIGURAS 4, 5 - Prótese de tamanho inadequado, deficiente esteticamente e adaptada sobre dentes inclinados. O ideal
seria a verticalização dos elementos inclinados, para posteriormente realizar a prótese.
FIGURAS 6, 7 - As perdas múltiplas bilaterais posteriores ocasionaram a migração do contato oclusal para a região
anterior, causando trauma de oclusão nos dentes anteriores superiores e abertura de espaços entre eles.
A B
FIGURA 12 - A) Rx da mesma área no final do movimento de verticalização dos molares. Notar o aumento da lesão no terceiro
molar, e início de neoformação na mesial do segundo molar (setas). B) Rx 8 meses após final do movimento e já com a prótese
definitiva. O terceiro molar foi extraído. Observar o nivelamento que ocorreu no delineamento ósseo e eliminação do defeito na
mesial do segundo molar, resultado exclusivo da movimentação dentária. Não houve intervenção cirúrgica. Obs: Neste caso o ideal
teria sido extrair o terceiro molar antes da movimentação, pois poderia ter ocorrido abscesso periodontal no decorrer do tratamento.
gival se deu devido ao movimento flamação, condiciona a resposta fa- nos níveis de inserção dos tecidos
tanto no plano horizontal (distal), vorável que pode ser atingida com o moles (recessões, sondagem da
quanto no vertical (extrusão), e que movimento ortodôntico. O reconhe- profundidade de bolsa, sondagem
bolsas infra-ósseas de oito mm po- cimento de arquitetura óssea pato- do nível de inserção conjuntiva). De
dem ser reduzidas em 3,5mm com lógica é essencial no correto plane- uma maneira indireta pode-se tam-
movimentos de verticalização. jamento dos casos; e embora não bém avaliar a situação periodontal
É interessante frisar que na pre- seja comum encontrar bolsas pro- radiograficamente; AKESSON et
sença de inflamação, a relação osso fundas e defeitos ósseos nas super- al.16, para testarem a confiabilida-
alveolar – junção cemento/esmalte fícies distais de molares inclinados de do exame radiográfico no diag-
pode não ser mantida, resultando na para mesial, com ausência de den- nóstico de doenças periodontais,
perda de inserção com aumento da tes em sua área distal, quando estes realizaram estudo em 237 focos de
proporção coroa/raiz, podendo ain- estiverem presentes e esta situação lesões periodontais, em 23 pacien-
da criar ou agravar problemas de ocorrer, efeitos indesejados da ver- tes, utilizando radiografias panorâ-
furca em dentes multirradiculares.2 ticalização podem incluir o agrava- micas, periapicais e interproximais,
BURCH et al.13, em 1992, realizou mento destes defeitos. Ao detectar-se e posteriormente essas áreas foram
trabalho estudando o comportamen- essas condições e decidir-se pela exe- sondadas com campo cirúrgico
to de 20 molares inferiores com le- cução do tratamento deve-se manter aberto para medir a distância do
são de furca submetidos ao movi- rígido controle da saúde periodontal osso ao plano oclusal. Tomadas as
mento de verticalização, por meio de nesta área, com raspagem e alisamen- medidas nas radiografias e no pró-
medições de 40 locais específicos (20 to radicular freqüentes, no intuito de prio local durante a curetagem, con-
no aspecto lingual e 20 no aspecto evitar abscessos e edemas que porven- cluiu-se que a perda óssea era su-
vestibular) pré e pós-ortodontia. No tura possam ocorrer14. bestimada em 13% a 32% nas ra-
aspecto vestibular, nove tiveram diografias panorâmicas, 11% a
agravamento do quadro, um teve Avaliando o Periodonto 23% nas interproximais e 9% a
melhora e dez não demonstraram Doença periodontal é um termo 20% nas radiografias periapicais,
alterações e no aspecto lingual, nove geralmente usado para descrever do- ou seja, pelas radiografias as per-
tiveram agravamento do quadro e enças inflamatórias provocadas por das ósseas parecem menores do que
onze permaneceram inalterados. Em bactérias e que afetam as estruturas realmente são, sendo portanto ne-
relação aos resultados o autor rela- de suporte dos dentes: gengiva, in- cessário complementar-se sempre o
ciona como possíveis causadores do serção conjuntiva e osso alveolar15. diagnóstico radiográfico com a son-
agravamento a higiene inadequada, As duas principais característi- dagem clínica, antes do planeja-
presença de placa bacteriana na re- cas da periodontite, em contraste mento definitivo. Para obter-se óti-
gião de furca e forças ortodônticas com a gengivite são, pelo menos do ma avaliação das condições perio-
inadequadas, com grandes compo- ponto de vista clínico, a perda de dontais, a sondagem do aspecto
nentes de extrusão. Por isso, a te- inserção conjuntiva e a perda ós- mesial e distal do dente deve ser rea-
rapia periodontal prévia ocupa pa- sea. Para se obter avaliação satis- lizada, em conjunto com a tomada
pel de extrema importância nestas fatória, deve-se medir a severidade de Rx periapical. Com força de son-
situações, pois o preparo inicial, com da inflamação (sangramento du- dagem “normal”, a ponta da son-
redução ou eliminação total da in- rante a sondagem) e as mudanças da penetra até exatamente ou
A B
C D
FIGURA 15 - A) Radiografia de defeito ósseo na mesial do segundo molar inferior direito. B) campo cirúrgico aberto,
demonstrando a presença de defeito ósseo de 3 paredes (vestibular, lingual e mesial). C) enxerto ósseo autógeno na
área do defeito D) evidência radiográfica da correção do defeito após 9 meses.
CA
a grande dificuldade de se utilizar fios gual de coroa nos dentes de anco- mente antes do preparo dos dentes,
contínuos reside na interferência ragem anteriores, minimizando efei- para não dar tempo para que haja re-
oclusal que invariavelmente acarre- tos colaterais que porventura pos- cidiva. Não existe um tempo determi-
ta quebras e torções nos fios. Por sam ocorrer. É importante salientar nado que se deve esperar, após o final
este motivo a opção mecânica recai também que um segundo ou tercei- do movimento, para confeccionar os
sobre os fios segmentados, com alça ro molar isolado, além de inclinado provisórios, porém recomenda-se um
em “u” (Diagramas 2 e 3 e Fig.19C para mesial, costuma estar também período de 30 dias aproximadamente
e 20C.), que permitem movimenta- girado para mesial e inclinado lin- para que os dentes movimentados fi-
ção efetiva, com poucas trocas de gualmente. Portanto, para se ter um quem mais firmes, pois estes costumam
fios e sem quebras e perda de tem- bom controle desta movimentação, apresentar mobilidade às vezes exces-
po. Na escolha do fio inicial, deve o fio retangular é o mais adequado. siva no final do tratamento.
ser levado em consideração a gra- Os calibres variam, podendo ser uti-
vidade do mal posicionamento dos lizados desde os mais finos CASOS CLÍNICOS
dentes que serão verticalizados (ge- .017x.025 até mais grossos Os casos clínicos aqui apresen-
ralmente segundos e terceiros mo- .019x.025 em slots de .022x.030, tados tinham como prioridade o res-
lares). Fios redondos de grosso ca- o fio .021x.025 não é recomenda- tabelecimento da oclusão com tra-
libre (.018” ou .020”) podem ser uti- do porque ficaria difícil manter a tamento protético, e foram tratados
lizados já de início, uma vez que a passividade nos elementos de anco- ortodonticamente com a finalidade
ativação é dada pela extremidade do ragem. (casos 4 e 5) de melhorar o posicionamento den-
fio, e os dentes de ancoragem rece- Após a movimentação ortodôntica, tário dos pilares das próteses, não
beram colagem passiva. A intenção em todos os casos, o aparelho deve per- havendo portanto a intenção de cor-
nesses casos é entrar o quanto an- manecer como contenção até o mo- reção de más oclusões pré-existen-
tes com fios retangulares, pois com mento da confecção dos provisórios. tes. Deve ficar claro que se houves-
esses é possível realizar torque lin- O ideal é remover o aparelho imediata- se disfunções envolvidas ou mesmo
A B
FIGURA 16 A, B - Segundo molar inclinado para mesial devido à perda do primeiro molar.
C D
FIGURA 16 - C) Vista frontal do aparelho instalado até o canino do lado oposto ao movimento; D) vista lateral onde
pode-se notar a mecânica utilizada no início do tratamento (alça em “L”) e colagem passiva no canino inferior direito.
E F
FIGURA 16 - E) Vista lateral da complementação do movimento com molas de secção aberta (movimento) e de secção
fechada (ancoragem) para não agravar a rotação do canino. F) vista oclusal.
I J
FIGURA 16 - I) Vista frontal do trabalho finalizado e; J) radiografia periapical , onde observa-se o paralelismo entre as
raízes e topografia óssea plana entre as mesmas. A raiz do segundo pré-molar foi extraída.
Caso 2 molares inclinados, conferindo as- vez que a força derivada da mola de
Neste caso, o paciente de 48 anos pecto estético desagradável, e risco secção aberta para anterior, movimen-
havia perdido o primeiro molar per- de fratura do primeiro pré-molar ta o pré-molar para frente e não exer-
manente ainda na infância e talvez (Fig.17B). O objetivo portanto era re- ce pressão sobre o canino que, por
por isso, a disposição dentária é li- cuperar o espaço adequado para con- estar na curvatura do arco, teria ten-
geiramente diferente do usual, com fecção de dentes de tamanhos har- dência de se deslocar pela tangente.
espaço entre os pré molares e o se- mônicos, assim como verticalizar as O tratamento durou 3 meses e possi-
gundo pré-molar disposto ao lado raízes para que a força oclusal bilitou a confecção da prótese com ta-
do segundo molar (Fig.17A). Havia incidisse sobre o longo eixo dos den- manho ideal dos seus elementos (Fig.
uma prótese entre os dentes, porém tes. Como havia espaços entre o pri- 17F). Foi necessário realizar o trata-
quando foi realizada, na ausência de meiro pré-molar e o canino (Fig.17 mento endodôntico do segundo pré-
espaço edêntulo adequado, um can- C,D), não houve necessidade de an- molar devido à sensibilidade excessi-
tilever foi disposto entre os dois pré- coragem nos dentes anteriores, uma va relatada pelo paciente.(Fig.17E)
A B
FIGURA 17 - A) Rx demonstrando inclinação dos pré-molares e; B) prótese de tamanho inadequado colocada sobre
dentes inclinados.
E F
FIGURA 17 - E) Rx após final do movimento,com paralelismo entre as raízes e; F) nova prótese confeccionada com
tamanho adequado dos dentes.
Caso 3 por quatro meses (Fig. 18D) até pos- ção até a confecção do trabalho final.
Paciente de 25 anos, relatou au- sibilitar a instalação de aparelhos fi- As radiografias demonstram as mo-
sência de mastigação do lado direito, xos (Fig. 18E,F) . Uma vez instalado dificações do perfil ósseo que ocorre-
devido a oclusão insatisfatória que se o aparelho fixo, colado passivo nos ram entre a posição inicial (Fig.18I),
fazia presente. Os segundo e terceiro dentes de ancoragem, prosseguiu-se final do movimento (Fig.18J), 7 me-
molares apresentavam-se inclinados com o nivelamento até possibilitar o ses após (Fig.18L) e 1 ano pós trata-
para mesial e extremamente voltados uso de fio retangular .018”x.025”, ne- mento, ficando evidente a demora com
para lingual, com os antagonistas su- cessário para conferir torque vestibu- que ocorre a remodelação e minerali-
periores ocluindo nas superfícies lar de coroa nos dentes. No final foi zação do osso na mesial do dente ver-
vestibulares.(Fig. 18A,B,C). Para a cor- atingido bom posicionamento dentá- ticalizado e porque deve-se aguardar
reção, primeiramente foi instituído o rio, (Fig. 18G) e um pôntico suspenso de 8 a 12 meses antes de realizar pro-
uso de elásticos intermaxilares 3/16 foi adaptado para servir de conten- cedimentos cirúrgicos nestas áreas.
A B
FIGURA 18 A, B - Vista lateral e oclusal de segundo e terceiro molares inclinados para mesial e lingual.
E F
FIGURA 18 - E) Posição conseguida só com o uso de elásticos (4 meses). Foi possível um bom posicionamento vestíbulo
lingual, porém ainda permaneciam inclinados para mesial. F) Início da utilização de aparelhos fixos, que durou mais 4
meses. No final foi necessário acrescentar torque vestibular de coroa.
G H
FIGURA 18 - G e H) vista lateral da posição final dos dentes, com os molares verticalizados e dente de estoque usado
como contenção provisória.
L M
FIGURA 18 - I) Rx inicial (radiografia teve parte digitalizada devido à manchas presentes na original). J) final do
movimento ortodôntico, L) 7 meses de contenção, M) 1 ano de contenção. É importante observar nestas radiografias, a
evolução do processo reparador da neoformação óssea na mesial do segundo molar. A total maturação óssea na região
ocorreu 1 ano após a estabilização, demonstrado claramente a necessidade de esperar um período de contenção de 8
a 12 meses antes de qualquer intervenção cirúrgica na área, pois do contrário não se aproveita o potencial reparador do
movimento de verticalização dos molares.
Caso 4 realizado, era o posicionamento da com alça em “u” , que oferece a possi-
Paciente de 49 anos, apresentava furca em relação ao osso, pois de am- bilidade de pequenas ativações na sua
perda dos primeiros e segundos mo- bos os lados já se apresentavam ao ní- extremidade e também a vantagem de
lares inferiores, bilateralmente, ocor- vel ósseo (Fig. 19B-M), podendo-se su- fugir do plano oclusal evitando-se tor-
ridas há aproximadamente 10 anos. por que com a pequena extrusão que ções e quebras indesejadas. A existên-
Os terceiros molares apresentavam- caracteriza o movimento de verticali- cia de provisórios na região ântero-in-
se acentuadamente inclinados para zação pudesse haver exposição das ferior, unindo-se o canino inferior es-
mesial com os segundos molares su- mesmas. Porém, se há osso e inserção querdo ao direito e portanto formando
periores ocluindo nas suas faces conjuntiva na furca, estes sempre um bloco para ancoragem perfeito
distais (Fig.19A-H). O caso foi indi- acompanharão o movimento. Meca- (Fig.19L), possibilitou a utilização de
cado pelo protesista que pediu avalia- nicamente, optou-se por realizar a mo- fios segmentados com colagem de bra-
ção quanto à possibilidade de vertica- vimentação primeiramente de um lado quetes somente nos caninos, pré-mo-
lização dos terceiros molares, salien- e depois do outro, propiciando mais con- lares e terceiros molares, facilitando so-
tando que os mesmos constituíam pe- forto e evitando-se o descolamento de bremaneira a confecção e ativação dos
ças fundamentais na conclusão do tra- braquetes e quebra do fio, pois como a fios. O tempo de tratamento para cada
balho por estarem posicionados na mastigação dá-se justamente nesta lado foi de 3 meses. Logo após consta-
extremidade do arco após os espaços área foi possível orientar a paciente a tado o posicionamento ideal, avaliado
edêntulos . Avaliando-se clínica e realizar mastigação unilateral enquan- também pelo protesista, foram confec-
radiograficamente, observou-se que os to se trabalhava no lado oposto, com cionados provisórios unindo-se os ter-
dentes apresentavam boas condições isso o tratamento transcorreu sem con- ceiros molares aos pré-molares dando
periodontais tanto no aspecto gengival, sultas intermediárias para reparos, di- com isso estabilidade aos novos posi-
sem sangramento e com boa faixa de minuindo deste modo o tempo de ca- cionamentos dentários. Durante a mo-
gengiva inserida, quanto ósseo, não deira. A mecânica utilizada consistiu no vimentação foi realizado periodicamente
apresentando defeitos verticais profun- uso de fio NiTi .014” para iniciar o pro- o desgaste na superfície distal dos mo-
dos na face mesial. A preocupação cesso de movimentação e posteriormen- lares para evitar o trauma oclusal
maior, quanto ao movimento que seria te fio .017” x .025” de aço inoxidável (Fig.19D.)
C D
FIGURA 19 - C) Início da movimentação com utilização de alça em “u” com fio retangular .017” x .025” e D) após 3 meses, com
o dente já verticalizado. Notar o ajuste oclusal necessário durante a movimentação, devido ao componente extrusivo do movimento.
E F
FIGURA 19 - E) Provisório confeccionado; F) Rx de controle de 6 meses após o movimento. Notar a posição da inserção
conjuntiva (seta) em comparação com a inicial. Não houve deslocamento, a inserção do dente não se modifica.
G H
FIGURA 19 - G) Dente do lado oposto na mesma situação; H) notar a severidade da inclinação, com o antagonista
ocluindo sobre sua superfície distal.
R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 3, p. 87-104, maio/jun. 2001 100
I J
FIGURA 19 - I) Início do movimento, com utilização de fios contínuos e posteriormente foi utilizada alça em “u” no fio
retangular. O amálgama pré-existente foi trocado por resina para possibilitar melhor adaptação da banda; J) final do
movimento, com o dente verticalizado (4 meses).
L
FIGURA 19 L - Vista oclusal dos provisórios confeccionados.
M N
FIGURA 19 M, N - Radiografias inicial e final (após 6 meses). Houve necrose no dente 48, e portanto foi necessário o
tratamento endodôntico. As setas indicam o posicionamento da inserção conjuntiva, que permanece a mesma.
Caso 5
A paciente W.S., 27 anos, pro- pré-molar inferior esquerdo como tabelecer as guias anterior e cani-
curou tratamento odontológico de- causa provável da disfunção da no, e posteriormente restauração
vido a dores constantes na região ATM. O tratamento foi iniciado com protética, porém a paciente declinou
da ATM. Durante o exame clínico ajuste oclusal para estabilizar a oclu- quanto à cirurgia ortognática devi-
observou-se a presença de mordida são e sanar o problema da dor e pos- do a motivos financeiros e optou por
aberta anterior esquelética e ausên- teriormente foi instituído plano de realizar somente a correção ortodôn-
cia dos primeiros e segundos mola- tratamento integrado com várias es- tica do posicionamento dos molares
res inferiores bilateralmente e diag- pecialidades. A princípio foi plane- e as próteses.
nosticou-se desvio funcional da man- jado preparo ortodôntico para cirur- O tratamento ortodôntico consis-
díbula para o lado esquerdo devido gia ortognática, com objetivo de sa- tiu na bandagem dos molares e cola-
ao contato prematuro no segundo nar a mordida aberta anterior e es- gem direta de todos os dentes inferio-
R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 3, p. 87-104, maio/jun. 2001 101
res (Fig.20B), sendo que realizou-se xidável .016” e .020”, e posteriormen- dos provisórios. A reabilitação protéti-
colagem passiva do segundo pré-mo- te fio retangular .018x.025, todos com ca do plano posterior foi finalizada, e
lar inferior esquerdo ao segundo pré- alças em “u” bilaterais (Fig.20C) A no intuito de reduzir ao máximo a mor-
molar inferior direito para que a movi- verticalização dos terceiros molares dida aberta anterior, foram desgasta-
mentação nos elementos de ancora- demorou 3 meses, porém o aparelho dos os dentes posteriores, daí a neces-
gem fosse a menor possível. A princí- permaneceu na boca por mais 5 me- sidade do tratamento endodôntico dos
pio utilizou-se fio redondo de aço ino- ses, aguardando a época de confecção terceiros molares. (Fig.20J)
A B
FIGURA 20 - A) Modelo inicial com perdas bilaterais dos primeiros e segundos molares. B) Vista oclusal do aparelho
ancorado em todo o arco inferior. Colagem passiva nos dentes anteriores.
C D
FIGURA 20 - C) Vista lateral da mecânica utilizada desde o início bilateralmente (alça em “u”). Foram utilizados somente dois fios
redondos de calibre .016” e.020” D) Posição final do dente do lado direito, imediatamente antes da confecção dos provisórios.O
tempo de movimentação foi de 3 meses, porém o aparelho ficou como contenção mais 5 meses, por motivos financeiros.
E F
FIGURA 20 E, F - Vista lateral direita e esquerda da prótese final. A mordida aberta anterior esquelética foi discutida no
plano de tratamento, porém como havia necessidade de intervenção cirúrgica, a paciente descartou a possibilidade.
R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 3, p. 87-104, maio/jun. 2001 102
G H
I J
FIGURA 20 - Radiografias do lado direito G) Inicial; H) final do movimento, 3 meses; I) contenção, 6 meses; J) 10
meses, antes de a prótese ser definitivamente cimentada. Notar a evolução da neoformação óssea, com a formação do
triângulo de osso neoformado característico deste tipo de movimento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS dos dentes e diminuindo a necessi- regras normais necessárias para o
Como pôde ser avaliado por meio dade de desvitalização pulpar. Foi alinhamento e nivelamento de todos
da literatura e apresentação dos ca- demonstrado, de acordo com os ca- os dentes.
sos clínicos, a verticalização de mo- sos clínicos apresentados, que a mo- Em relação à integração com as
lares é uma terapia ortodôntica mui- vimentação ortodôntica necessária outras especialidades, todos devem
to útil no tratamento interdisciplinar, requer um período de tempo relati- estar envolvidos durante a fase de
possibilitando melhora nas condi- vamente curto, de 3 a 6 meses em planejamento, ortodontista, periodon-
ções periodontais dos dentes incli- média, e a mecânica utilizada é bas- tista, protesista e implantodontista,
nados tais como: a diminuição ou tante simples, não requerendo mui- para que se possa estabelecer o me-
eliminação de defeitos ósseos de 1 to tempo de cadeira. A opção pela lhor plano de tratamento possível. Po-
ou 2 paredes, melhora na propor- colagem passiva nos elementos de rém quando os dentes a serem mo-
ção coroa-raiz nos dentes compro- ancoragem quando se tem por fina- vimentados apresentarem comprome-
metidos periodontalmente, delinea- lidade somente a verticalização de timento periodontal, a interação com
mento correto da topografia óssea e determinados dentes, decorre da o periodontista deve ser intensifica-
gengival e melhor acesso para con- possibilidade de manter a movimen- da, tanto no ato do planejamento,
trole da higienização por parte do tação em locais específicos, diminu- precisando a necessidade de inter-
paciente e também do periodontis- indo o tempo de tratamento e os efei- venções cirúrgicas antes ou depois de
ta. Em relação ao tratamento res- tos colaterais. No caso de tratamen- iniciar o tratamento ortodôntico,
taurador, possibilita confecção de tos extensos, onde serão tratadas como no preparo inicial e controle pe-
pônticos de tamanhos adequados e más oclusões pré-existentes nos ar- riodontal durante a movimentação,
pilares de próteses paralelos e verti- cos superior e inferior, pode-se utili- sendo que o intervalo entre as con-
cais, permitindo que as forças zar a mesma mecânica, porém a sultas será estabelecido de acordo
oclusais incidam sobre o longo eixo colagem dos braquetes obedecerá as com a gravidade de cada caso.
R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 3, p. 87-104, maio/jun. 2001 103
Abstract
The present paper is intended to implant procedures. Many improve- tio of periodontally involved molars.
show different ways to accomplish the ments can be accomplished during With parallel roots, the oclusal forces
molar uprighting movement with fixed molar uprighting, like obtaining par- are directed to the long axes of the
appliances, and discuss, based on the allelism of the roots that will support teeth, allowing good function and pre-
literature and clinical cases, the inter- prosthesis, the gaining of proper eden- serving the periodontium.
disciplinary treatment. Molar tulous space, elimination or reduction
uprighting is an orthodontic therapy, of vertical bone defects without the Key-words: Interdisciplinary treatment;
very useful in adult patients, and im- need of surgical procedures in this way Molar uprighting; Minor tooth movement;
portant for prosthetic, periodontal and also obtaining a better crown-root ra- Limited orthodontics.
R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 3, p. 87-104, maio/jun. 2001 104