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Controvérsias

Forças intermitentes podem ser convenientes


no tratamento ortodôntico

Por Alberto Consolaro*

Interromper a ação de uma força ortodôntica contí- des escolares e lazer. A colaboração do paciente era
nua e dissipante para novamente aplicá-la nos mesmos fundamental, mas muitas vezes não era obtida.
dentes, depois de um período de tempo, pode ser neces- Na atualidade, na finalização dos casos clínicos, a
sário e/ou inevitável, mas também pode ser optativo. ancoragem temporária pode ser feita na intercuspida-
Em casos de traumatismos, quebras de aparelhos fi- ção com o uso alternado de elásticos intermaxilares
xos, descolagem e outros tipos de acidentes é inevitá- nos dentes antagonistas.
vel que por, pelo menos, alguns minutos, horas ou até Nas primeiras horas da movimentação induzida,
dias ocorra a interrupção da força contínua, constante em condições clínicas de movimentos de inclinação,
ou dissipante. Em casos de problemas periodontais, o deslocamento dentário pode ser até de 0,9mm, mas
alterações endodônticas, fraturas coronárias e outras isto ocorre pela compressão do ligamento periodontal,
situações, em que para o profissional atuar deve-se re- pela rotação radicular no alvéolo e pela deflexão ós-
mover o aparelho ou desativar a força aplicada, a inter- sea4. Mas algumas dúvidas ainda persistem:
rupção é necessária.
Os aparelhos ortodônticos podem ser removíveis
* Quanto tempo demora para o osso alveolar ser
reabsorvido pelas células ósseas e sua morfologia mu-
e o seu uso, contínuo ou intermitentemente, inter- dar e situar o dente em uma posição nova e estável?
rompido. Se isto pode melhorar ou dificultar a movi-
mentação dentária, quanto à velocidade e redução da
* Qual o intervalo de tempo em que uma força
contínua dissipante pode ser reaplicada no mesmo
freqüência de reabsorções dentárias, ainda é objeto de dente, com o mínimo dano à raiz, ligamento periodon-
muita discussão e controvérsia. tal e osso alveolar?
Nos aparelhos fixos, o uso de elásticos e de mini-
implantes propicia a oportunidade de aplicar forças
* Estas repetidas aplicações de forças e períodos
de interrupção promoveriam reabsorções radiculares?
contínuas que podem sofrer períodos de interrupção, Em syllabus de 1975, Andrews2 sugeriu um perío-
sem a remoção dos mesmos. Estas interrupções são do mínimo de 10h para ativar a reabsorção óssea pe-
freqüentemente denominadas períodos de inativação los clastos na superfície do alvéolo, durante a movi-
ou de repouso. mentação dentária induzida sob forças constantes.
Há alguns anos, atrás o uso de aparelhos extrabu- A eliminação do estresse mecânico pela suspensão da
cais era generalizado e os períodos de inativação das força, mesmo após um curto período de tempo, se-
forças eram comuns, quando removidos para ativida- ria suficiente para interromper a atividade clástica.

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Forças intermitentes podem ser convenientes no tratamento ortodôntico

Uma nova aplicação de forças requeriria uma retomada b) nos períodos de 10, 15, 20 e 25h as movimen-
do processo desde o seu início. tações dentárias não apresentaram diferenças signi-
A “teoria das 10 horas” formulada por Andrews 2
ficantes, pois permaneceram no mesmo patamar das
determinou clinicamente a necessidade do uso contí- 10h de movimentação;
nuo de aparelhos ortodônticos removíveis, se o obje- c) as forças contínuas sem períodos de repouso
tivo fosse a movimentação dentária. Por outro lado, proporcionaram maiores movimentações. Após 10h de
a teoria das 10h dá suporte à ancoragem temporária força contínua dissipante e repouso de 5h, a quanti-
na intercuspidação, como o uso alternado de elásticos dade de movimentação foi menor nas reativações em
intermaxilares nos dentes antagonistas na finalização períodos de 5 e 10h de força.
de casos clínicos, movimentando apenas os dentes de As conclusões foram:
interesse, sem efeitos colaterais indesejáveis nos de- 1. Para uma movimentação dentária efetiva, as
mais dentes que não se quer movimentar. forças devem ser contínuas. Os períodos de repouso
O tempo de 10h estabelecido por Andrews se apro- 2
devem ser mínimos e a interrupção da força não favo-
xima do observado por Roberts et al. , que preconizaram 4
rece a movimentação dentária;
a utilização do aparelho extrabucal entre 10 e 12h para 2. Nas primeiras 20h, microscopicamente sem
a manutenção da ancoragem e um mínimo de 12h para alterações ósseas, a movimentação ocorreu pela com-
desencadear a resposta biológica capaz de promover pressão do ligamento e pela deflexão óssea e não pela
a movimentação dentária satisfatória. Uma condição ação de células clásticas e conseqüente reabsorção ós-
favorável de neoformação e reabsorção requer alguns sea alveolar;
dias de força contínua dissipante para que os osteo- 3. A deflexão óssea nos lados de pressão e tensão
blastos e clastos adquiram condições máximas de fun- está intimamente relacionada com a pressão radicular
ção. Do início da histogênese do osteoblastos, quando e o estiramento das fibras periodontais.
passa da fase de pré-osteoblastos, até sua maturação, A falta de movimentação dentária induzida, com
são necessários aproximadamente 72h. Os clastos por base na reabsorção óssea nas primeiras 20 horas, revela
sua vez, em um espaço periodontal sob estresse, alcan- que a interrupção das forças pode ser conveniente cli-
çam sua função máxima por volta de 48h. nicamente na ancoragem temporária, como na inter-
Apesar de amplamente difundida, a “teoria das 10 cuspidação, com uso alternado de elásticos intermaxi-
horas” só foi microscopicamente estudada em 1996, lares nos dentes antagonistas, facilitando a finalização
quando Cuoghi , em sua tese de doutorado em maca-
3
de casos clínicos. Os dentes utilizados na ancoragem
cos, quantificou a movimentação dentária nas primeiras durante a intercuspidação voltam a sua posição origi-
24h e estudou microscopicamente os fenômenos teci- nal, pois o seu movimento baseou-se exclusivamente
duais induzidos, para esclarecer a conveniência do uso na compressão periodontal e na deflexão óssea. A mo-
clínico de forças contínuas ou intermitentes. Sob força bilização celular e tecidual para iniciar esta movimen-
contínua dissipante analisou-se a movimentação depois tação requer um período muito maior que 10 horas.
de 5, 10, 15, 20 e 25h. Na situação de força contínua in- Outro enfoque sobre as forças contínuas ou inter-
termitente os períodos foram: 10h de força com 5h de mitentes está na observação que o emprego de forças
repouso, 10hF/10hR, 10hF/5hR/5hF e 10hF/5hR/10hF. descontínuas promoveu menor freqüência de reabsor-
Os resultados nas primeiras 25 horas revelaram que: ções radiculares em pré-molares humanos movimen-
a) a movimentação dentária induzida atingiu seu tados por 9 semanas1. Em um dos lados, a força aplica-
pico máximo após 10h de força contínua dissipante; da com elásticos foi contínua por 24h/dia, no outro a

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força era aplicada a cada 12h. mente analisadas. Os cementoblastos que apresenta-
No trabalho em macacos de Cuoghi pode-se ver 3
vam-se eliminados pela pressão, após 5 e 10 horas de
que as superfícies radiculares em nenhum momento repouso, estavam substituídos e reposicionados com
das primeiras 20 horas de movimentação apresentaram morfologia muito parecida a de um dente sob condi-
reabsorções dentárias, mesmo quando microscopica- ções de normalidade, sem movimento dentário.

0,9
0,81
0,79
0,8

0,7
0,62
0,6

0,5 0,47
mm
0,46
0,4 0,37

0,3 0,31

0,2

0,1
0,02
0
0hF 5hF 10hF 15hF 20hF 25hF
TEMPO

Força Contínua Dissipante


Período de Repouso
Período de Reativação

Figura 1 - A movimentação dentária induzida por forças contínuas nos dentes de macacos depois de 10, 15 e 20 horas mantinha o mesmo patamar sem diferença
estatisticamente significante entre este períodos. Depois de 5 horas de repouso, mesmo 10 horas depois da reativação da força, o nível de movimentação dentária
não chegava próximo ao obtido pela aplicação de força contínua. Depois de 10 horas de força contínua e repouso de 10 horas, os dentes voltaram à posição original
(de Cuoghi, 1996).

REFERÊNCIAS
1. ACAR, A.; CANYUREK, U.; KOCAAGA, M.; ERVERDI, N. Continuous vs. disconti- 4. ROBERTS W. E.; GARETTO, L. P.; KATONA, T. R. Principles of orthodontic biome-
nuous force application and root resorption. Angle Orthod, Appleton, v. 69, chanics: metabolic and mechanical control mechanisms. In: CARLSON, D. S.;
p.159-163, 1999. Discussion, 1634. GOLDSTEIN, S. A. Bone biodynamics in orthodontic and orthopedic treatment.
2. ANDREWS, L. F. FORCES (tenhours theory) in the straigthwire appliance: sylla- Ann Arbor: Center for Human Growth and Development. University of Michi-
bus of philosophy and techniques. San Diego: [s.n.], 1975. gan, 1992. (Craniofacial Growth Series, v.27).
3. CUOGHI, O. A. Avaliação dos primeiros momentos da movimentação dentária in-
duzida: estudo microscópico em macacos Cebus apella. 1996. Tese (Doutorado)–
Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, Bauru, 1996.

Prof. Dr. Alberto Consolaro*


Professor Titular em Patologia Bucal pela Faculdade de Odontologia
de Bauru - FOB-USP - e-mail: alberto@fob.usp.br

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