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do Homem
André Henrique
A Natureza tem sido objeto das reflexões do h o- “A antropologia é a ciência do fenômeno humano.
mem desde que a linguagem iluminou -lhe o cérebro Em contraste com as disciplinas que limitam po r-
com o magnífico poder da representação. O mito ções de entendimento no fenômeno, a antropologia
nos permitiu apreender conteúdos da realidade e considera a história, a psicologia, a sociologia, a
tão logo construímos uma história da natureza bu s- economia, etc., não como domínios, mas sim como
camos construir nela a história de nós mesmos. componentes de um fenômeno global.
Edgar Morim
Afinal, quem somos? — tornou-se a pergunta
em O Homem e a Morte.
central do homem que percebia a si mesmo como
único, distinto mesmo de seus sem elhantes, idios- Como estudo do fenômeno humano, a antrop o-
sincrático, singular... logia se propõem a estudá -lo em todas as suas
As tradições mitológicas das civilizações antigas dimensões. Aqui encontramos conflitos entre as
apontam para a herança divina que portamos. Cada diversas visões sobre a natureza humana. Ora visto
mito da criação humana encerra uma representação como um complexo puramente biológico, outr as,
de conceitos construídos a partir da percepção da como um diáfano componente espiritual que mil a-
natureza das coisas acrescida do poder criativo que grosamente se mostra pela vontade misteriosa de
a linguagem lhe proporcionava. Deus, o problema do ser humano tem merecido a
atenção de diversas escolas do pensamento. Pod e-
Muitos séculos depois, a questão de nossa ide n-
remos agrupar tais visões — conforme proposta do
tidade permanece tão válida como outrora. Mais
prof. J. Herculano Pires 1 — da seguinte forma:
até... Reconhecer nossa verdadeira natureza torna -
se na atualidade a questão fundamental de cuja
resposta derivam nossas ações, nossa ética, no s- A Antropologia Materialista
sos ideais. Reduzindo o homem a um complexo físico -
O homem é o que ele faz de si. E ele faz aquilo químico e apresentando o Espírito como um epif e-
que acredita ser. nômeno, esta abordagem busca equacionar a
Máquinas? Deuses? Réprobos? Afinal, quem questão humana dentro da lógica mecanicista bu s-
somos? cando na fisiologia cerebral a explicação última da
realidade humana.
O presente trabalho pretende elucidar particular i-
dades desta questão. Traremos à bai la conceitos
que grassam na cultura ocidental. E embora influe n- A Antropologia Espiritualista
ciados por correntes do pensamento oriental, este Propõem um Ser Espiritual cuja existência e s-
não será objeto direto de nossas cogitações. A fil o- tende-se para além da vida física; porém, negli-
sofia espírita servirá como pano de fundo para o gencia aspectos importantes acerca do mundo m a-
desenvolvimento de nossas idéias. Sobre os seus terial por considerá-lo de menor importância.
postulados analisaremos, construiremos e refutar e-
mos conceitos acerca da natureza do homem. Uma nova antropologia...
Nosso propósito? Edificar, com os elementos ora A visão espírita do homem propõem uma nova
existentes, uma concepção abrangente acerca da antropologia — talvez a retomada do conceito fu n-
natureza humana. Uma concepção conspirante. damental dela. Reconhecendo as dimensões espiri-
Erguida contra as noções estabelecidas que apr e- tual e material do ser humano, propõem -se a um
sentam o homem como um objeto, máquina ou estudo abrangente acerca da natureza humana.
complexo exclusivamente material. Pretendemos Transformando o antropus num conceito espiritual,
incendiar a apatia. Lutamos por entronizar o conce i-
to de que somos um projeto de transformação, s o- 1< PIRES, J. Herculano. PARAPSICOLOGIA HOJE E AM A-
mos um processo em construção; somos um d evir. NHÃ. pp 13 a 17. 9ª ed. Edicel. São Paulo. 1987.
A Visão Espírita do Homem página - 4
num processo de desenvolvimento de um ser bio - cia estava passível de explicação pelo modelo co m-
psico-sócio-espiritual, a nova antropologia Aprox i- putacional de Von Neuwman:
ma-se do o Espiritismo já que este é definido como PROCESSADOR + MEMÓRIA + SISTEMAS DE
o “a ciência que estuda a origem, natureza e dest i- ENTRADA E SAÍDA DE INFORMAÇÕES
nação dos Espíritos, bem como suas relações com
o mundo corporal.” — conforme o assinala seu cod i- Nesta concepção a mente humana aparec ia co-
ficador. mo um epifenômeno cuja existência era derivada da
manutenção da memória que possibilitava, media n-
te o condicionamento, automatizar re s-
O HOMEM COMO CONCEIT O postas para os eventos ocorridos no
“...o entendimento da natureza tem sua finali- mundo externo, primeiramente, e no
dade dirigida ao entendimento da natureza mundo interno após um certo desenvo l-
humana, e da condição humana enquanto nat u- vimento. Assim, cada parte da memória
ral.” humana, estaria gravada em algum
Jacob Bronowski - lugar específico do cérebro, segundo a
em A Escalada Humana concepção de algumas correntes do
pensamento. A especialização cerebral
— entre o lado direito e esquerdo do
A linguagem é uma das grandes conquistas cérebro — apresentam na atualidade o
humanas. Através dela representamos e sign i- desenvolvimento contemporâneo de tais
ficamos o mundo. utilizamo-la como instrumen- concepções.
to de acesso à realidade das coisas e mesmo Uma das mais eminentes personal i-
de acesso à nós mesmos. Falar de conceitos dades no desenvolvimento destes co n-
significa articular símbolos. É disto que trata- ceitos foi o neurocirurgião canadense
remos agora. Diversos símbolos dispostos de Wilder Penfield. Nos anos 20, com e x-
forma organizada, estruturados dentro de um periência envolvendo epilépticos, Penf i-
contexto cultural específico e que pretendem a eld descobriu que ao estimular det ermi-
representação, ainda que parcial, d aquilo que nadas regiões do cérebro, seus pacie n-
fomos, somos ou viremos a ser. Aqui nos to r- tes recordavam-se de fatos específicos
namos sujeitos e objetos de nossas próprias em suas memórias. A repetição do e s-
definições. tímulo ocasionava a lembrança detalh a-
da dos mesmos episódios.
Conceito Biológico A este respeito ele escreveria em
Seguindo as tradições da ciência mecanici s- 1975:
ta o ser humano foi tomado como uma mera “De imediato, ficava evidente que
máquina biológica, um organismo complexo não se tratavam de sonhos. Eram
com sistemas de funções específicas. ativações elétricas de um registro
O grande elemento capaz de diferenciar o seqüencial de consciência, um r e-
homem de outros organismos superiores era just a- gistro que tinha sido formulado d urante a expe-
mente a incrível complexidade de seu cérebro, t o-
riência anterior do paciente. Este revivia tudo
mada então como a máquina central do complexo
biológico humano. Explicar o c érebro significava, em aquilo de que tinha consciência naquele perí o-
última instância, explicar o homem. Mesmo os co n- do de anterior como num flashback cinemato-
ceitos de consciência e mente encontravam, no gráfico.”3
paradigma materialista, a solução de continuidade
suposta na explicação do mecanismo cerebral.
A esse respeito, Jonh Eccles — eminente neuro-
fisiologista — se pronuncia nos seguintes termos:
“É essencial que todas as considerações
sobre o problema mente-cérebro se fundamen-
tem no conhecimento da compreensão científi-
ca do cérebro e nas várias atividades que são
tidas como envolvidas na produção da exper i-
ência consciente”2
O conceito biológico do homem-cérebro deu ori-
gem à concepção de um ser mecânico cuja existê n-
carar o fato de ser o homem um membro das Soc i- estudo do espírito, tido como elemento sobrenatural.
edade Cósmica o Espiritismo nos remete à uma O estabelecimento da premissa materialista como
instância superior da análise sociológica. Tal análise fundamento da explicação da natureza — inclusive
nos remete à uma nova ordem de idéias de cuja a humana — proposta por Tomas Hobbes, no séc u-
abrangência extraímos: o processo reencarnatório, lo XVII trouxe força income nsurável ao conceito do
a participação na sociedade terrena e espiritual, o homem como máquina e inaugurava o moderno
trabalho dentro e fora do corpo físico — como expe- esforço de explicar o homem como um conjunto de
riências de aprendizagem através das quais o ser causas e efeitos fisiológicos a lhe determinarem a
edifica-se a si mesmo pela convivência social. existência.
Caberia ao século XIX a definição de um novo
Conceito Psicológico paradigma no contexto da ciência. Derivado das
O homem é um ser psicológico. Guarda pesquisas com os fenômenos mediúnicos, o
em si mesmo um universo inteiro a ser prof. H. Denizard Rivail viria propor a adoção
explorado. Seus motivos, suas pulsões e do Espírito como uma das potências da Nat u-
mesmo sua vontade apresentam -se como reza, retirando-lhe o caráter de sobrenatural e
variáveis complexas que lhe determinam o resolvendo a descontinuidade existente entre
caráter. A psicologia — ou o estudo da matéria e espírito. Publicando a obra “O Livros
alma — propõem-se a elucidar os movi- dos Espíritos “— em 1857, com o pseudônimo
mentos ou processos ocorridos no contexto de Allan Kardec — restabelecia no homem sua
da mente. Fundamentando o estudo desses dimensão espiritual ao passo em que dispunha
processos mentais, essa ciência da alma essa dimensão para o estudo da ciência. E
consolidou-se nos trabalhos de Sigmund além disso propôs que:
Freud, psiquiatra tcheco que em 1900, com “O Espiritismo é uma ciência q ue trata
a obra “A Interpretação do Sonhos” , da natureza, da origem e da destinação
inaugura um novo capítulo no livro da hist ó- dos Espíritos, e das suas relações com o
ria do pensamento humano. mundo corporal. " - Allan Kardec 9
Vale salientar que a visão espírita não co n-
A composição do pensamento humano trapõem corpo e alma, conforme podemos
norteia-se por padrões que nos são acess í- encontrar em O Livro dos Espíritos item VI da Intr o-
veis ao conhecimento imediato e que co mpõem dução:
nossa consciência. Freud foi o pr imeiro a identificar
que, no entanto, além dos motivos e padrões da
“Há no homem três coisas:
consciência, influenciam -nos sobremaneira outros 1º, o corpo ou ser material análogo aos
motivos e outros padrões existente num plano me n- animais e animado do mesmo princípio vital;
tal distinto a que ele denominou i nconsciente. A 2º a alma ou ser imaterial, Espírito e n-
psicologia passou a ver o complexo humano como carnado no corpo;
um conjunto de forças e definiu seus objeto de pe s- 3º, o laço que prende a alma ao corpo,
quisa — a psicologia humana — como o esforço princípio intermediário entre a matéria e o E s-
para representar e equacionar tais forças de modo a pírito.”
oferecer um nítida compreensão do homem e de Com esta visão o Espiritismo recolocaria o Esp í-
seus comportamentos. rito como elemento natural, passível de pesquisa
Apesar das diversas visões da psicologia — adi- pela ciência — embora não acessíveis aos mét o-
ante, no item A PSICOLOGIA HUMANA, veremos um dos científicos de então.
conjunto de escolas psicológicas — é fácil notar a im-
O conceito espiritual do homem se propõem a
portância do conceito psicológico do homem como o
representar o homem como tendo uma dimensão
elemento representativo dos movimentos da alma
pronunciada que lhe extrapola o corpo físico, ant e-
humana, movimentos estes responsáveis por suas
cedendo e sobrevivendo a ele. Esta perspectiva tem
pulsões, seus interesses e mesmo suas vontades.
aos poucos se consolidado como uma visão científi-
ca moderna. O declínio dos conceitos newtonianos -
Conceito Espiritual cartesianos - fundamentalmente mecanicistas —
A crença na imortalidade da alma é o fundame n- deu azo ao surgimento de novas visões que hoje
to mais antigo de que o homem via a si próprio c o- consolidam tal aspecto espiritual do ser humano. Os
mo algo mais além do corpo. Tal crença mistura -se esforços de Stanislav Grof, Roberto Assaglioli, Pie r-
com a própria história da cultura humana.. re Weil, Elizabeth Kübbler-Ross, Hellen Wambach,
O conceito espiritual apresenta-se nas diversas Raymond Moody Jr., Carlis Osis, Ian Stevenson,
representações que o homem fazia de si. Porém, Hernani Guimarães Andrade — entre outros — no
com o advento do paradigma mecanicista o aspecto sentido da pesquisa moderna do Espírito, tem surt i-
espiritual foi extremamente relegado. Primeiro com
a divisão cartesiana de corpo e alma, que deixou
para a ciência o estudo do corpo e para a religião o 9< KARDEC, Allan - O QUE É O ESPIRITISMO. I.D.E. pp. 10
15ª ed. São Paulo. 1983.
A Visão Espírita do Homem página - 8
mais amplo possível — promove, ao longo do tem- ID — onde estão os instintos básicos da organ i-
po, a melhoria de todos os envolvidos no processo, zação biológica e que se manifestação de modo
constituindo-se este desenvolvimento no propósito desconhecido;
da vida. A este processo denominamos INTEGR A- EGO — o elemento de contato com a realidade
ÇÃO EXISTENCIAL. das coisas, onde se desdobram os processos con s-
cientes. Funciona como uma “camada” que dá fo r-
A PSICOLOGIA HUMANA ma e direção às forças propulsoras do ID, de onde
ele retira as energias de realização.
“Uma imagem nova da psique humana tem sido das
mais significativas contribuições da moderna pe s- SUPEREGO — “É o depósito dos códigos mo-
quisa da consciência à emergente visão científica do rais, modelos de conduta e dos constructos que
mundo. constituem as inibições da personalidade.” 18
Stanislav Grof - Em Alem do Cérebro Freud identifica uma cadeia de extrema vincul a-
ção biológica com relação aos processos mentais.
O propósito da representação de uma psicologi a
Estabelece o conceito das pulsões de vida (libido) e
humana vem de encontro aos nossos anseios de
de morte (que não recebeu denominação específ i-
compreender a complexidade do ser humano. Os
ca) como energias propulsoras das atividades de
modelos ora representados constituem — em nossa
formação e desenvolvimento da personalidade.
opinião particularíssima — as grandes vertentes do
pensamento psicológico vigente. Apresentamo -los
sob a epígrafe de cartografias por entendê-los como
mapas de representação da estrutura psicológica A cartografia de C. J. Jung
humana. Para Jung os arquétipos desempenham papel
Destacamos, porém, que foge ao fundamental na compreensão do ser
escopo deste trabalho uma análise humano. Em sua cartografia da psique
minuciosa de cada modelo aprese n- humana Jung retrata cinco arquétipos:
tado, excetuando-se obviamente, o PERSONA — A forma através da
modelo espírita. 14 qual nos apresentamos no palco da
vida. Segundo a definição do próprio
A cartografia de S. Freud Jung19:
Com base no pressuposto de um “(...) um complexo funcional a que se
determinismo psíquico — no qual se chegou por motivos de adaptação ou de
admite não haver descontinuidade na necessária comodidade”
vida mental já que para cada pe nsamento, memória EGO — É “(...) o centro da consciência e um dos
revivida, sentimento ou ação, podemos encontrar maiores arquétipos da personalidade. Ele forn ece
uma causa — Freud estabeleceu a existência na um sentido de consistência e direção em nossas
psique humana dos seguintes processos: vidas conscientes. 20”
Consciente — “uma pequena parte da mente, SOMBRA — uma parte do inconsciente na qual
incluí tudo do que estamos cientes num dado m o- residem aspectos inaceitáveis, até para nós mes-
mento”15 mos, de nossa individualidade.
Inconsciente — onde “estão elementos instint i- ANIMA ou ANIMUS — aparece como uma par-
vos, que nunca foram conscientes e que não estão cela complementar de nossa individualidade. Apr e-
acessíveis à consciência” 16 senta-se como um elemento do inconsciente com
Pré-consciente — “uma parte do inconsciente, as tendências complementares às apresentadas
mas uma parte que pode tornar -se consciente com pelo EGO.
facilidade.” 17 SELF — aparece como o nosso EU INTEGRAL,
E com base neles estabeleceu a primeira cart o- um elemento norteador de nosso processo de ind i-
grafia da psique. A estrutura da personalidade ap a- viduação. Na definição de Jung 21: “consciente e
rece em Freud composta por três instâncias: inconsciente não estão necessariamente em opos i-
ção um ao outro, mas complementam -se mutua-
mente para formar uma tota lidade :o SELF.”
“Pode surpreender que eu diga, baseado em minha “919. Qual o meio prático mais eficaz que
prática profissional, assim como na de meus col e- tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir
gas psicólogos e psiquiatras, que o problema fu n- à atração do mal?
damental do homem, em meados do século XX, é o - Um sábio da antigüidade vo -lo disse:
vazio. Com isso quero dizer não só que muita gente Conhece-te a ti mesmo.”
ignora o que quer. mas também que freqüentemente Assim, o Espiritismo propõem a estruturaçã o de
não tem uma idéia nítida do que sente.” um processo contínuo de conhecimento e auto -
Rollo May em O Homem à Procura de Si Mesmo. avaliação com fins de melhoria continuada acerca
daquilo que somos intelectual e moralmente.
O Sentido da Vida em Frankl
O Dr. Viktor Frankl é um dos sobreviventes de
Auschwitz. Responsável pelo desenvolvimento de A Verdade e a Vida no Caminho de Jesus
uma nova linha de terapia à qual ele denominou
LOGOTERAPIA — ou a terapia do sentido.
Na primavera de 1977 o Dr. Frankl escreveu 24: 625. Qual o tipo mais perfeito que
“(...) o homem não pode mais ser co n- Deus tem oferecido ao ho-
mem para lhe servir de guia e
siderado apenas como uma criatura cujo int e- modelo?
resse fundamental é o de satisfaze r as pul- R. - Jesus.
sões, de gratificar os instintos, ou então, dentro "O LIVRO DOS ESPÍ-
de certos limites, reconciliar entre si o ID, o RITOS" item 625.
EGO e o Superego, nem a presença humana
pode ser entendida simplesmente como o r e-
sultado de condicionamentos ou de reflexos
condicionados. Neste âmbito, ao contrário, o
homem se revela como um ser em busca de A mensagem do Cristianismo permanece um
convite para o desenvolvimento das potencialidades
um sentido.” humanas mais profundas. Desde o “ amar a Deus
Esta busca de um sentido resulta na transform a- sobre todas as coisas e ao próximo como a si me s-
ção da experiência de vida num processo de real i- mo” e passando pelo “Conhecereis a verdade e ela
zação real; de autorealização e autoatualização. vos tornará livres”, vemos Movimento Cristão uma
O Espiritismo destaca este aspecto como sendo proposta de transformação no homem.
fundamental para o equilíbrio humano: a necessid a-
de de um sentido para a vida. E nesse particular, na
“Vós sois deuses!” — asseverava Jesus.
medida em que estende a vida para além das fro n- Convocando-nos para iniciar o nosso processo
teiras da morte e estabelece uma cadeia de dese n- de melhoria pessoal, o Cristianismo nos faz ver a
volvimento ontológico, a Doutrina Espírita viabiliza a nós mesmos como uma promessa de evolução.
integridade do equilíbrio pela extrapolação da per s- Crer que a mensagem de Jesus reveste de caráter
pectiva humana dando ao ser um significado real passivo, indutora de um estado de expectativa in o-
para sua vida: a construção de si mesmo! perante face à vida, é ignorar a essência mesma do
Cristianismo: o esforço de melhoria íntima na dir e-
ção de promover o amor a si; ao próximo e a Deus.
May e o Homem a procura de Si
Mas quem é este homem?
O HOMEM COMO FENÔMEN O, AGENTE E
Em 1969 o Dr. Rollo May, psicólogo norte - PROJETO
americano publicou uma obra que guarda interesse
até os presentes dias: O HOMEM A PROCURA DE
SI MESMO. Nesta obra o Dr. May estabelece que o O Projeto Existencial
grande conflito da era moderna foi a perda de si O homem se mostra na visão espírita, como um
mesmo. projeto de si mesmo. Um arcabouç o iniciado pela
Estabelecendo a rotina, a angústia, o medo e a natureza; dotado de consciência e responsabilizado
solidão como os elementos respo nsáveis pela neu- pelo seu próprio desenvolvimento ulterior.
rose contemporânea, propõem que o Através das experiências reencarnatórias vai ele
(re)conhecimento de si mesmo seja a via de recup e- adquirindo novas compreensões sobre a natureza
ração da integridade humana na atualidade. de si e das coisas; vai efetuando suas mudanças de
No item 919 de O Livro dos Espíritos, encontr a- comportamento, melhorando-se, expandindo-se...
mos a preocupação dos prepostos espirituais no
sentido de efetivar a transformação humana: