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.: Professora Patrícia Lamadrid :.

05/07/2010 - Apresentação e discursiva Administração Pública AFRFB comentada


Caro concurseiro,

Talvez você já me conheça como professora de Discursivas em parceria com a Gisele Sulsbach, mas hoje não
vamos falar sobre isso, e sim sobre Administração Pública.

Administração Pública???

Sim. Além de ministrar os cursos práticos de redação junto com a Gi, vou começar a trabalhar a parte de
Administração Pública, individualmente, aqui no site.

No entanto, antes de falar mais sobre esse projeto, gostaria de me apresentar para aqueles que ainda não me
conhecem e também de passar algumas informações novas para aqueles que já sabem um pouco sobre mim.

Meu nome é Patrícia Lamadrid, sou paulistana e tenho 27 anos. Fui aprovada no último concurso para Auditor-
Fiscal da Receita Federal do Brasil com a maior nota das provas discursivas (194,75 de 200 pontos) e há 4
dias assumi meu cargo na Inspetoria da Receita Federal em São Paulo.

Antes de me tornar Auditora, no entanto, minha trajetória esteve ligada à área de Administração. Essa ligação
começou já no meu primeiro curso superior, que foi de Engenharia de Produção na Poli-USP. Para quem não é
da área, esclareço que apesar de ser um curso de Engenharia, ele tem muito a ver com Administração. Tanto
que os outros engenheiros (mecânicos, elétricos, etc.) costumam dizer que Engenharia de Produção não é um
curso de Engenharia “de verdade”, e sim um curso de Administração com algumas matérias de cálculo a mais.
Confirmando essa tese, ao me formar em 2006, fui trabalhar com administração - mais especificamente com
a parte de estratégia - numa consultoria chamada McKinsey & Co. Apesar de gostar muito do que eu fazia lá,
depois de dois anos, cansada das viagens e das longas horas de trabalho, decidi sair e estudar para concurso
público para ter melhor qualidade de vida. Durante meu período de estudo, ficou claro que, graças à minha
intensa experiência na McKinsey, eu tinha uma enorme facilidade com as matérias de Administração Geral e
Pública. Tanto que gabaritei a prova objetiva de Administração Geral do concurso para Analista Tributário da
Receita Federal do Brasil - ATFRB, cargo que acabei não assumindo. Essa intimidade com a Administração me
faz ter vontade de manter contato com a disciplina. Mas, agora que entrei para o serviço público, quero me
especializar na vertente pública da matéria.

Portanto, eis que estou aqui hoje, me apresentando para você como nova professora de Administração Pública
do Ponto.

Para inaugurar esta nova empreitada, e aproveitando meu conhecimento sobre redação, hoje vamos
comentar a questão discursiva de Administração Pública que foi cobrada no último concurso para AFRFB.

Como há poucos meses eu também estava estudando para concurso e como fazer a prova que vamos
comentar hoje foi uma experiência recente para mim, vou falar sobre ela da perspectiva de candidata. Com
isso, espero passar para você não só os aspectos objetivos (conteúdo) que determinam o sucesso em uma
prova, mas também o lado subjetivo (psicológico), que, acredite, conta tanto quanto o primeiro na hora do
exame.

Vejamos então o enunciado da questão que será objeto do nosso estudo de hoje:

“Questão Discursiva 3 - Administração Pública

A seguinte afirmativa está repleta de erros conceituais. Identifique-os, fundamentando sua argumentação:

‘Pelo fato de integrar, nos termos do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, o chamado Núcleo
Estratégico, a fiscalização tributária se reveste de um caráter eminentemente burocrático. Por conseguinte, seu
processo de modernização deve ser refratário à incorporação de novas técnicas gerenciais, limitando-se ao
desenvolvimento de ferramentas de acesso aos dados fiscais do contribuinte, a exemplo do que ocorre, há
mais de uma década, com a declaração do imposto de renda via internet.”

Essa questão é interessante porque fugiu ao padrão de enunciado que a ESAF usou na maioria - quatro de seis
- das redações do concurso para AFRFB. Em geral, a banca estabeleceu um assunto geral para a questão e fez
perguntas específicas divididas em itens (a, b, c) dentro daquele assunto geral. Isso facilita a sua vida, porque
para organizar a sua redação, é só fazer um parágrafo para cada item. Aqui, no entanto, não havia itens, e sim
uma única afirmativa, na qual você deveria identificar erros conceituais, sendo que o examinador não deu nem
a dica de quantas seriam essas incorreções.

A primeira dificuldade era, portanto, achar quantos e quais eram os erros conceituais do texto. Então, vamos a
eles.

O primeiro erro era a afirmação de que a fiscalização tributária integra o Núcleo Estratégico. Na verdade, o

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Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado - PDRAE restringe o NÚCLEO ESTRATÉGICO à cúpula do
governo. Trata-se dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público, do Presidente da República e de
seus ministros e assessores diretos. Portanto, a fiscalização tributária não entra aqui, mas sim no setor das
ATIVIDADES EXCLUSIVAS, que presta os serviços que só o Estado pode realizar por envolverem o poder
extroverso, de regulamentar, fiscalizar e fomentar.

Aproveitando o ensejo para fazer uma revisão, lembro que temos ainda outros dois setores: o dos SERVIÇOS
NÃO EXCLUSIVOS, em que o Estado atua em paralelo com o setor privado na prestação de serviços que
envolvem direitos humanos fundamentais ou que possuem “economias externas” relevantes; e o da
PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS PARA O MERCADO, caracterizado pelas atividades econômicas voltadas para
o lucro, ou atividades de empresa, que ainda permanecem no aparelho do Estado.

O segundo erro era afirmar que a fiscalização tributária tem caráter eminentemente burocrático, quando na
verdade tem caráter gerencial. Isso porque a fiscalização tributária, como as demais Atividades Exclusivas de
Estado, busca prestar um serviço de qualidade a custo baixo aos cidadãos. Busca, portanto, eficiência. Logo, a
administração deve ser necessariamente gerencial.

Aproveitando novamente para fazer uma revisão rápida dessa parte da matéria, lembre que o único setor que
mantém o caráter burocrático, ainda que aliado ao gerencial, é o Núcleo Estratégico, porque para este a
efetividade é o princípio administrativo fundamental.

O terceiro erro era afirmar que o processo de modernização da fiscalização tributária deve ser refratário à
incorporação de novas técnicas gerenciais. Ao ler esta frase pela primeira vez, não tive certeza do que a
palavra “refratário” queria dizer e tive que parar para pensar um pouco.

Quando pensamos em refratário, a primeira idéia que nos vem à mente é a daqueles pratos usados para servir
à mesa, certo? Esse é o uso mais comum dessa palavra. Esses pratos têm como principal característica reter
o calor da comida e conservá-la aquecida durante a refeição. Por isso é que são chamados refratários, porque
impedem a passagem do calor da comida para o ar que está ao redor. Refratário, portanto, em seu sentido
mais geral, quer dizer algo que retém, que conserva, que impede a passagem ou, em outras palavras, que é
pouco permeável.

Voltando à afirmativa que estávamos analisando, compreendemos agora que ela poderia ser reescrita da
seguinte forma, sem prejuízo de seu sentido original: “o processo de modernização da fiscalização tributária
deve ser pouco permeável à incorporação de novas técnicas gerenciais”. Ora, mas se nós acabamos de ver
que a fiscalização tributária busca a eficiência e tem caráter gerencial, ela não pode impedir a incorporação de
novas técnicas gerenciais. Pelo contrário, ela deve buscar se atualizar, como vem acontecendo através da
incorporação de ferramentas típicas da administração de empresas, tais como o Balanced Score Card, a
reengenharia e a qualidade.

O quarto e último erro era afirmar que o processo de modernização da fiscalização tributária deve se limitar ao
desenvolvimento de ferramentas de acesso aos dados fiscais do contribuinte. Mais uma vez, se a fiscalização
tributária tem caráter gerencial, ela deve ser permeável à incorporação de novas técnicas gerenciais. E não só
na área de informática, mas em todas as áreas, como, por exemplo, recursos humanos, gestão do
conhecimento e planejamento estratégico.

Agora que já falamos sobre todos os erros, mas antes de apresentar a solução desta questão, gostaria de
fazer alguns comentários gerais.

Como você deve ter percebido, todos os erros da frase estavam conectados entre si, encadeados. Ou seja, a
constatação de um erro decorria da constatação do anterior. Para saber que a fiscalização tributária tinha
caráter gerencial, era preciso saber que ela pertencia ao setor das Atividades Exclusivas, e não ao Núcleo
Estratégico. Para saber que ela deveria ser permeável a novas técnicas gerenciais, era preciso saber que ela
tinha caráter gerencial. E assim por diante, conforme o esquema abaixo.

Pertencer ao setor das Atividades Exclusivas → ter caráter gerencial → ser permeável a novas técnicas
gerenciais → modernizar todas as áreas.

Como a conexão entre os erros era muito próxima, uma das maiores dificuldades desta questão era
separá-los. Eu, por exemplo, fiquei em dúvida se eram três ou quatro erros, porque o terceiro e o quatro, na
minha opinião, poderiam ser vistos como um só. No entanto, eu sabia que tinha que tomar uma posição - ou
eram três, ou eram quatro erros - e afirmá-la claramente na minha resposta. Isso porque o corretor com
certeza teria a versão dele e estaria procurando uma resposta objetiva e clara na minha redação. Acabei
optando pela solução mais detalhista, decidindo que eram quatro erros, e acertei, mas isso não era assim tão
fácil.

Estruturar esta redação também era um pouco mais complicado do que costuma ser nas questões usuais da
ESAF. Como comentei no início, o enunciado padrão dessa banca costuma vir dividido em itens, daí você só
tem que fazer um parágrafo para cada item e arrematar com uma introdução e uma conclusão. Neste caso,
como não havia itens, era preciso adotar outra forma de organização para o texto. Uma boa solução era fazer
um parágrafo para cada um dos quatro erros. Isso torna mais fácil para o corretor achar o que ele está
procurando na sua redação e, se é mais fácil, ele fica bem-humorado e, como conseqüência, tendencioso a te
dar uma nota boa!

Também era meio difícil fazer a introdução e a conclusão desta redação, porque não havia um assunto geral a
ser introduzido, nem uma tese a ser retomada na conclusão. A solução que eu achei foi: usar a introdução
para afirmar que eram quatro erros; e usar a conclusão para reescrever a afirmativa da forma correta.

Segue abaixo a minha redação com algumas pequenas correções. Essas adaptações foram necessárias porque
eu tive dois erros que me tiraram dois pontos, mas queria apresentar para vocês o que seria um exemplo de
redação nota dez para esta questão.

Depois da redação, segue um quadro sinóptico com os conceitos de Administração Pública que discutimos
hoje.

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Um abraço e até a próxima.

Patrícia Lamadrid

REDAÇÃO:

“ A afirmativa transcrita no enunciado apresenta quatro erros conceituais.


O primeiro erro é a afirmação de que a fiscalização tributária integra o Núcleo Estratégico do Estado,
quando na verdade pertence às Atividades Exclusivas do Estado. O Núcleo Estratégico congrega agentes
políticos e seus assessores, sendo responsável pelas decisões políticas fundamentais e pela formulação de
políticas públicas. A fiscalização, por outro lado, é atividade administrativa, que trata da execução das políticas
formuladas pelo Núcleo Estratégico e aplica, para isso, o poder extroverso de que só o Estado dispõe.
Outra imprecisão é afirmar que a fiscalização tem caráter burocrático, quando na verdade tem caráter
gerencial. Isso porque a fiscalização tributária, como as demais Atividades Exclusivas de Estado, busca prestar
um serviço de qualidade a custo baixo aos cidadãos. Busca, portanto, eficiência. Logo, a administração deve
ser necessariamente gerencial.
Também é incorreto afirmar que o processo de modernização da fiscalização tributária deve ser
refratário à incorporação de novas técnicas gerenciais, pois a administração gerencial vem trazendo consigo
ferramentas típicas da administração de empresas, como o Balanced Score Card, a reengenharia e a qualidade.
Por fim, é impróprio limitar o processo de modernização da fiscalização tributária ao desenvolvimento
de ferramentas de acesso aos dados fiscais do contribuinte. Além de incorporar novas tecnologias relacionadas
à informação, a fiscalização tributária pode ganhar eficiência atualizando-se em outras áreas, como, por
exemplo, recursos humanos, gestão do conhecimento e planejamento estratégico.
Melhor seria dizer, então, que a fiscalização tributária integra o setor das Atividades Exclusivas de
Estado, tem caráter gerencial e deve incorporar novas técnicas gerenciais em diversos setores.”

QUADRO SINÓPTICO:

* Setores do Aparelho de Estado:

1) Núcleo estratégico: cúpula do governo → PL, PJ, MP, Presidente, ministros e assessores

2) Atividades Exclusivas: só o Estado pode exercer porque envolve o poder extroverso → regulamentação,
fiscalização e fomento

3) Serviços Não Exclusivos: Estado e particulares podem exercer; envolvem direitos humanos fundamentais
e economias externas. Ex: universidades, hospitais, centros de pesquisa e museus.

4) Produção de bens e serviços para o mercado: atividade de empresa, que visa lucro, mas permanece
com o Estado. Ex: infra-estrutura.

* Tipos de Gestão:

1) Núcleo Estratégico: caráter misto entre administração pública burocrática e gerencial (princípios da
efetividade e da eficiência)

2) Atividades Exclusivas, Serviços Não Exclusivos e Produção de bens e serviços para o mercado: caráter de
administração pública gerencial (princípio da eficiência)

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