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Análise pormenorizada.

Estância 118
Encontramos nesta estância uma referência histórica às terras ganhas pelos
portugueses na Batalha do Salado.
Este combate travou-se a 30 de Outubro de 1340, junto do rio Salado; era a resposta
cristã a uma contra-ofensiva marroquina para recuperar território peninsular, feita a
partir de Gibraltar e Algeciras. Ao rei português D. Afonso IV, desde então conhecido
por o Bravo, coube defrontar o rei de Granada, aliado dos marroquinos. A vitória
portuguesa e espanhola foi celebrada por ambos os reinos e elevada a exemplo
emblemático da cruzada cristã contra os sarracenos.
O poeta depois de ter cantado a bravura de D. Afonso IV na vitória de Salado, volta-se
para um caso com carga sociotrágica de um amor infeliz da "misera e mesquinha / que
despois de morta foi rainha". É após esta referência histórica que é "desenterrado" o
caso "triste e dino" de D. Inês. de Castro.

Estância 119
É visível nesta estância uma invocação e personificação do "fero amor" que põe
extremamente em relevo o amor como força devastadora para os "corações humanos" e
causador de muitas "lágrimas". O amor é denominado como "áspero e tirano" e é
comparado a uma "pérfida inimiga".
Nota-se ainda nesta estância que foi esta a causa principal da morte de D. Inês de Castro
("Deste causa à molesta morte sua").

Estâncias 120 e 121


Por oposição, aparece na estância 120 a descrição do estado feliz dos dois amantes, nas
terras do Mondego ("saudosos campos do Mondego"). Estes surgem apaixonados, no
entanto, o poeta logo nos avisa que esse amor é somente "engano da alma ledo e cego".
Por esse motivo, por ser tão traiçoeiro e cruel o amor nunca perdurará. Até porque "a
fortuna não [o] deixa durar muito".
Podemos encontrar nestas duas estâncias (120 e 121) uma imagem expressiva, com
contornos líricos, que faz ressaltar o sentimento amoroso: as lágrimas choradas, a
presença de confidentes ("aos montes insinando e às ervinhas"), as lembranças de seu
amor, a vivência através de recordações, pensamentos, de dia, e "doces sonhos", à noite.
No entanto, estas lembranças são apenas memórias de felicidade, pois o poeta já nos
havia "avisado" da efemeridade do amor.

Estância 122
Esta estância trata da combinação do casamento de D. Pedro com diversas "senhoras e
Princesas" que este, no entanto, rejeita pelo "puro amor" que sente por D. Inês.
Surge então a figura do Rei, D. Afonso IV ("velho pai sesudo"), sensato e prudente
começa a ouvir os murmúrios do povo que começa a estranhar esta situação.

Estância 123
Por esse motivo "tirar Inês ao mundo determina". Aparece-nos concretamente, pela
primeira vez, o desfecho que este caso trágico terá. Repare-se na reflexão incutida pelo
poeta ao leitor pela interrogação retórica sobre o uso da espada. Esta foi utilizada na luta
contra o "furor mauro" e será, agora, utilizada para assassinar uma "fraca dama
delicada". Esta contraposição surge-nos como uma reflexão/crítica do poeta que
denomina este acto de loucura ("furor").

Estâncias 124 e 125


Inês é levada à presença do Rei pelos "horríficos algozes". O Rei, "movido a piedade"
começa a hesitar em cometer acto tão cruel. No entanto, o povo "com falsas e ferozes
razões" convence-o a retomar a tarefa. Estas razões tinham, de facto motivo para existir.
Historicamente, a influência da família Castro (através de D. Inês e seus irmãos)
começava a preocupar o Rei. Os súbditos, cientes do perigo desta situação "levam" D.
Afonso IV a confirmar a sentença proferida.
D. Inês, súplica humildemente ("tristes e piedosas vozes") pela sua vida e pela de seus
filhos. Mais do que a própria morte ela teme o abandono dos filhos e as saudades de D.
Pedro.
Assim, na estância 125, D. Inês reitera o seu medo de deixar os seus "mininos"
("queridos" e "mimosos") órfãos. Apela, por isso, a D. Afonso IV, avó dos filhos de D.
Inês e D. Pedro, que não a mate.

Estâncias 126, 127, 128 e 129 (discurso de D. Inês)


Este discurso, marcadamente retórico, carregado de referências mitológicas e culturais,
parece esquecer a situação psicológica desesperada da personagem e parece destinar-se
somente a aumentar a intensidade do drama vivido pela mesma.
Do discurso de D. Inês podemos destacar a súplica que esta faz ao Rei, de modo a que
ele desista do seu intento. Para tal apresenta fortes argumentos.
Em primeiro lugar, notamos um contraste entre o procedimento do rei e a clemência das
"brutas feras". D. Inês enumera duas situações em que seres irracionais se mostraram
sensíveis à situação de seres humanos, protegendo-os:
- a rainha Assíria, cuja mãe a abandonou num monte, foi protegida e alimentada por
pombas, e
- os irmãos Rómulo e Remo, edificadores de Roma, foram alimentados por uma loba.
Em segundo lugar, D. Inês refere a situação de orfandade a que ficarão sujeitos os seus
filhos. Ela teme, não pela sua própria vida, mas pelo desamparo dos seus filhos, que
ainda em tenra idade ficariam sem protecção.
Em terceiro lugar é referida a injustiça do acto do governante e o apelo ao seu bom
senso. D. Inês refere que partindo do princípio que o Rei fora justo ao combater os
mouros, deveria também ser clemente e justo com ela, cujo único erro foi apaixonar-se
por D. Pedro.
Finalmente, D. Inês apela ao exílio como alternativa à sua execução. Ela prefere ser
posta em "perpétuo e mísero desterro", mesmo que esteja sujeita ao frio mais gelado ou
ao calor mais torrido, ou mesmo à "feridade" de "leões e tigres".

Estância 130
Perante este discurso, D. Afonso IV vacila "movido das palavras que o magoam" e
sente-se inclinado a perdoar-lhe. Nota-se, nesta estância uma desculpabilização do Rei
D. Afonso IV, a culpa da tragédia é atribuída ao "pertinaz povo" e ao "seu destino".
Assim, o rei é desculpabilizado pelo poeta e a culpa da triste sorte de D. Inês é imputada
ao povo e ao seu próprio destino.
Os algozes "arrancam as espadas" e preparam-se para executar a sentença. Repare-se no
tom reprovador dado pela interrogação final da estância. Os seus carrascos são
denominados "carniceiros".

Estância 131
Nesta estância o poeta estabelece uma relação entre este caso trágico e a história da
"linda moça Polycena". Esta era filha de Príamo e de Hécuba e casou-se secretamente
com Aquiles. No entanto, foi imolada sob o altar de Aquiles por Pirro, filho de outro
casamento de Aquiles. Esta referência clássica é uma longa comparação entre a situação
de D. Inês e a situação vivida por Polycena.

Estância 132
Esta estância reitera a ideia expressa já na segunda parta da estância 130, em que há
uma condenação do assassinos de D. Inês. Aqui, os mesmos são apelidados de "brutos
matadores".
Note-se ainda na bela imagem que o poeta nos apresenta para retratar a morte de D.
Inês: o sangue desta personagem faz encarniçar as "brancas flores".
Há, ainda, a referir os castigos que os seus algozes irão sofrer nas mãos de D. Pedro.
Estes, no entanto, não estão cientes ("não cuidados") dos mesmos.

Estâncias 133 e 134


A invocação e personificação do "Sol", a comparação da sua execução com a clássica e
cruel "mesa da Tiestes" em que este come, sem o saber, os próprios "filhos", conferem a
esta situação uma amplidão espacial e igualmente trágica.
O uso da expressão "ó concavos vales", em invocação e personificação, tem como
principal objectivo, fazer sobressair o grito final ("voz extrema") de D. Inês, ao chamar
pelo seu amor uma última vez.
Repare-se, ainda, na expressividade da comparação entre a "morta ... donzela" e a
"bonina ... maltratada". Do mesmo modo que a referida flor sucumbiu ao corte e agora
se encontra murcha e sem cor, também D. Inês faleceu, encontra-se "pálida". Repare-se,
de igual modo, na descrição de D. Inês: "Secas do rosto as rosas e perdida / A branca e
viva cor, co a doce vida".

Estância 135
Temos referência, nesta estância, ao modo como a Fonte dos Amores foi criada: esta foi
o resultado das "lágrimas choradas", pela morte de D. Inês, durante muito tempo pelas
"filhas do Mondego".
Finalmente, os próprios leitores são convidados a contemplar a "fresca fonte que rega as
flores".
Estância 136
Tal como o poeta já tinha prometido "Não correu muito tempo que a vingança / Não
visse Pedro das mortais feridas / Que, em tomando do Reino a governança, / A tomou
dos fugidos homicidas."
Os três algozes (Álvaro Gonçalves, Diogo Lopes Pacheco e Pêro Coelho), que haviam
fugido para Castela, são entregues por D. Pedro I de Castela a D. Pedro I de Portugal,
quebrando o juramento que havia feito a seu pai, em Canaveses. Por esse motivo, o
poeta refere que este acto é um "concerto ... duro e injusto", até porque atenta contra a
vida humana. Esta situação é comparada às traições da Antiguidade Clássica. Há a
alusão a um episódio da História de Roma: Lépido, António e Augusto fizeram um
acordo de paz do qual fez parte a publicação do nome dos inimigos de cada um.
Com este acordo, dois dos assassinos são apanhados e duramente castigados.

Estância 137
Nesta última estância do episódio de D. Inês de Castro, encontramos a justificação do
cognome atribuído a D. Pedro I de Portugal, "o Justiceiro". Assim, este Rei era
extremamente rigoroso ao castigar todos os tipos de crime, especialmente roubos
("latrocínios"), assassinatos e adultérios.

Nota Final:
É de salientar que a morte de D. Inês é apresentada como o assassínio de uma inocente.
O poeta não apresenta as razões de Estado que levaram a que esta situação ocorresse.

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