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PATOLOGIA GERAL - DB-301, UNIDADE III, FOP/UNICAMP 13

ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA

CISTOS ODONTOGÊNICOS

INTRODUÇÃO
São cistos resultantes da proliferação de remanescentes epiteliais associados à formação dos
dentes. O epitélio presente em cada um dos cistos odontogênicos é derivado de uma das seguintes fontes:
lâmina dentária, órgão do esmalte e de bainha de Hertwig. Os remanescentes epiteliais presentes na
maxila e mandíbula são originais do ectoderma que reveste os processos embrionários que irão formar
a face e boca ou de tecido epitelial que participa na odontogenese. A presença pura e simples de restos
epiteliais seria insuficiente para explicar a formação de um cisto. É necessária a ação de um agente,
inflamatório por exemplo, capaz de estimular e determinar a proliferação desses remanescentes. Tal
condição é freqüente nos maxilares, onde infecções e traumas são capazes de desencadear a resposta
inflamatória.

Classificação:
Cisto da Lâmina Dentária
Cisto Primordial (Queratocisto)
Cisto Dentígero
Cisto de Erupção
Cisto Periodontal Apical
Cisto Periodontal Lateral
Cisto Gengival do adulto
Cisto Odontogênico Calcificante

CISTO DA LÂMINA DENTÁRIA (Cisto gengival do recém-nascido)


a) Características clínicas e patogenia: São assim denominados os cistos encontrados na grande
maioria dos recém-nascidos (80%), apresentando-se como pequenos nódulos esbranquiçados, localizados
nos rebordos alveolares dos maxilares. O cisto da lâmina dentária tem sua origem a partir da proliferação
de remanescentes da lâmina dentária, denominados restos de Serres, provenientes do processo involutivo
(degeneração e lise) da lâmina dentária. Alguns remanescentes epiteliais têm a capacidade de proliferar,
queratinizar e formar pequenos cistos.
Como este cisto aparece em indivíduos muito jovens, é assintomático e tem o seu rompimento
espontâneo pouco tempo depois de surgir, muitas vezes passa despercebido.

b) Aspectos histológicos. Os cistos podem apresentar formas redondas ou ovais, e nos cortes
histológicos encontramos um delgado revestimento de epitélio estratificado pavimentoso com superfície
paraqueratótica. A cavidade cística usualmente é preenchida por queratina descamada e, freqüentemente,
contém células inflamatórias.
c) Tratamento. Não há indicação de nenhuma terapêutica específica para o tratamento dos cistos
gengivais.

NÓDULOS DE BOHN E PÉROLAS DE EPSTEIN


Existe uma certa confusão entre os Nódulos de Bohn e Pérolas de Epstein em relação ao Cisto da
Lâmina Dentária. As Pérolas de Epstein são nódulos císticos que ocorrem ao longo da rafe palatina
mediana, e, não são de origem odontogênica (procedem dos remanescentes epiteliais aprisionados na rafe
palatina mediana), enquanto que os Nódulos de Bohn, encontrados na fase vestibular e lingual do rebordo
alveolar
e no palato, têm como origem remanescentes de epitélio glândulas (glândulas mucosas).
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CISTO PRIMORDIAL (QUERATOCISTO)


a) Características clínicas e patogenia
O cisto primordial é pouco freqüente, assintomático a menos que se torne secundariamente
infectado e, raramente apresenta manifestações clínicas evidentes. Quando alcança um grande tamanho,
geralmente envolvendo o ramo ascendente da mandíbula, pode apresentar tumefação e relato de dor. A
mandíbula é mais envolvida em relação à maxila, ocorrendo a maior freqüência na região de 3º molar
inferior (76%), podendo, entretanto, desenvolver em qualquer parte dos maxilares, inclusive na linha
média da mandíbula e maxila. A lesão é mais comum em homens do que em mulheres, e é diagnosticada
usualmente entre a 2ª e 3ª décadas.
Cistos primordiais múltiplos fazem parte da síndrome de Gorlin-Goltz (síndrome dos carcinomas
basocelulares nevóides), que além dos cistos apresenta as seguintes características clínicas:
1) alterações cutâneas (nevo basocelular, disceratose palmo-plantar e calcinose de derme);
2) alterações esqueléticas (prognatismo mandibular, costela bífida, crânio volumoso etc.);
3) alterações oftalmológicas (cegueira congênita e estrabismo, Hipertelorismo);
4) alterações endócrinas (hipogonodismo no homem, fibromas e cistos calcificados em ovário e útero nas
mulheres, etc.) e,
5) alterações neurológicas (retardamento mental, hidrocefalia congênita etc.).
Este cisto apresenta uma tendência em particular a recidiva após o tratamento cirúrgico. Parece não
haver nenhuma correlação entre o tamanho ou localização e a sua recorrência.
O desenvolvimento deste cisto parece estar ligado a um distúrbio do desenvolvimento, originário
do epitélio odontogênico, e as evidências apontam para duas origens principais: da lâmina dentária ou seus
remanescentes e de extensões das células basais do epitélio bucal sobrejacente. Alguns autores
determinam mais especificamente a origem do cisto, atribuindo o seu desenvolvimento a degeneração do
retículo estrelado do órgão do esmalte. Assim, não haveria a formação nem do esmalte nem da dentina, e o
cisto resultaria da falha do desenvolvimento de um dente normal do arco dentário ou de um
supranumerário.
b) Características radiográficas
A imagem radiográfica apresenta áreas de lise óssea radiolúcidas arredondadas ou ovóides, uni ou
multiloculares, com contornos nítidos (margem esclerosada radiopaca), podendo, em determinadas partes,
apresentar limites não precisos (difusos). A presença de margem recortada sugere uma atividade desigual
de crescimento em diferentes partes do revestimento cístico. Também pode ser observado expansão de
cortical óssea, normalmente discreta, voltada tanto para o lado lingual como vestibular. Nos cistos que
envolvem extensas áreas de mandíbula, pode ocorrer o deslocamento do canal alveolar inferior, reabsorção
de cortical, bem como a perfuração óssea.
c) Aspectos Histológicos
Este cisto, geralmente apresenta parede fina, tendo na superfície interna uma camada de poucas
células (de 5 a 8 camadas celulares) de epitélio pavimentoso estratificado, com presença de paraqueratina
(80% dos casos), mas às vezes de ortoqueratina, regularidade de camada basal e ausência de projeções.
d) Tratamento
O sucesso no tratamento deste cisto tem suscitado muita discussão entre os cirurgiões buco-
maxilo-faciais. Têm sido relatado sucessos e fracassos com procedimentos de enucleação e de
marsupialização. Isto porque o êxito no tratamento não depende exclusivamente do procedimento
terapêutico escolhido, mas também de outros fatores que são fundamentais para o sucesso do tratamento.
Por exemplo, nos cistos grandes ou naqueles de difícil acesso, a enucleação deve ser cuidadosa e realizada
de forma a remover todos os fragmentos do revestimento cístico, caso contrário, a possibilidade de
recidivarem após o tratamento é grande. Outro dado importante que deve ser observado, tanto nos cistos
multilobulares como uniloculares, é a presença de margens recortadas. Parede com limites difusos,
observada na radiografia, propicia maior dificuldade ao cirurgião na sua remoção, podendo determinar
futura recidiva do cisto.
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Certamente, cada cisto e cada paciente deve ser considerado individualmente, e um planejamento
cuidadoso do caso deve ser feito. Independente da forma cirúrgica escolhida, o paciente deve ter o
acompanhamento pós-cirúrgico realizado regularmente.

CISTO DENTÍGERO (Folicular)


a) Características clínicas e patogenia:
É um tipo de cisto odontogênico com um índice de incidência maior que o primordial, sendo
mais freqüente em adolescentes e adultos jovens. A lesão envolve a coroa de um dente não irrompido
(dente normal ou supra numerário), prendendo-se em seu colo e estando associada em maior
porcentagem a 3os molares inferiores, vindo em uma ordem decrescente, caninos superiores, pré-
molares inferiores e 3os molares superiores. Raramente está associado a um dente decíduo.
O cisto dentígero tem um crescimento lento, assintomático, podendo ocasionar, com o seu
aumento progressivo, grandes perdas ósseas, expansão da cortical e deslocamento de dentes vizinhos.
Algumas teorias foram lançadas na tentativa de explicar o surgimento desse cisto. A mais
aceita delas, atribui a provável origem do cisto no resultado de uma alteração no epitélio reduzido do
órgão de esmalte, após a completa calcificação da coroa do dente.
A possibilidade do cisto dentígero originar ameloblastoma (tumor odontogênico), parece não
possuir evidência para fundamentar tal hipótese. Observações histológicas não fornecem bases para
esse tipo de afirmação.
b) Características Radiográficas
A imagem radiográfica da lesão, mostra uma área radiolúcida bem delimitada, usualmente
unilocular, associada a coroa de um dente não erupcionado. O cisto tem margens esclerosadas bem
definidas, (o que denota crescimento lento), podendo, algumas vezes, apresentar dentes adjacentes
com reabsorção. O cisto dentígero é capaz de resultar grandes perdas ósseas, quando localizado na
região de 3os molares, podendo destruir todo o ramo mandibular, processo coronóide e côndilo. Cistos
grandes apresentam expansão de cortical óssea e conseqüente deformidade local pode aparecer em
alguns casos.
c) Aspectos Histológicos
O cisto dentígero não apresenta característica histológica alguma própria, que possa ser
diferenciado de outros cistos odontogênicos. O exame histopatológico desse cisto, mostra uma delgada
parede fibrosa, constituída por fibroblastos jovens, distribuídos em um estroma rico em ácido
mucopolissacarídeo. O revestimento interno é constituído por uma fina camada de células (2-3) de
tecido epitelial pavimentoso estratificado (na realidade, epitélio reduzido do esmalte) em projeções. É
comum a descontinuidade do revestimento epitelial e a presença de infiltrado na cápsula subjacente.
d) Tratamento
O tratamento do cisto dentígero é eminentemente o cirúrgico, com a enucleação cuidadosa de
lesão juntamente com o dente envolvido. Nos casos em que existe a possibilidade do dente envolvido
ocupar sua posição no arco dental, a técnica recomendada é a da marsupialização, com exposição de
cavidade, de modo que o dente possa irromper. Nesses casos, o acompanhamento ortodôntico pós-
operatório é essencial para garantir ao dente um espaço na arcada.

CISTO DE ERUPÇÃO
a) Características clínicas e patogenia
O cisto de erupção é uma variedade de cisto dentígero associado a um dente decíduo ou
permanente em processo de erupção. É uma lesão extra-óssea localizada entre o epitélio reduzido do
órgão de esmalte e a coroa do dente, causada pelo acúmulo de exsudato, com freqüência hemorrágica,
o que confere à gengiva a cor azulada (esta é a razão pela qual este cisto recebe o nome de "hematoma
de erupção").
b) Aspectos histológicos
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O revestimento epitelial do cisto, originário do epitélio reduzido do esmalte, é constituído por 2


a 3 camadas celulares de epitélio estratificado e, pela presença constante de células inflamatórias
agudas.
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c) Tratamento
Normalmente o cisto se rompe, devido ao traumatismo mastigatório; o dente erupciona e a
lesão desaparece. Quando isto não acontece, o aumento do volume gengival pode provocar dor, sendo
necessária a ulotomia.

CISTO PERIODONTAL APICAL


Conteúdo já ministrado em Patologia Pulpar e Periapical.

CISTO PERIODONTAL LATERAL E CISTO GENGIVAL DO ADULTO


a) Características clínicas e Patogenia:
Estas lesões continuam provocando o interesse dos pesquisadores quanto a origem, a forma de
desenvolvimento e a relação que elas guardam entre si e com outros tipos de cistos.
Wysocki et al. (1980) postulam, com base nas similaridades clínicas e morfológicas, que o
cisto gengival do adulto e o cisto periodontal lateral têm a mesma histogênese e que representam as
manifestações intra-ósseas (Cisto Periodontal Lateral) e extra-ósseas (Cisto Gengival do Adulto) da
mesma lesão.
Nxumalo & Shear (1992) e Altini & Shear (1992) concordam que as duas lesões
provavelmente são da mesma família e Buchner & Hansen (1979) consideram que elas têm a mesma
origem epitelial.
A ocorrência mais freqüente dos cistos gengival do adulto e cisto periodontal lateral, é por
volta da quarta década, e, localizados, preferencialmente, nas áreas de pré-molares e caninos
inferiores, seguido pela região anterior da maxila.
Embora haja pouca dúvida de que os cistos periodontais laterais sejam de origem
odontogênica, existem controvérsias sobre o epitélio odontogênico do qual eles surgem.
Três são as mais prováveis possibilidades da origem dos cistos :
1) epitélio reduzido do esmalte,
2) remanescentes da lâmina dental e
3) restos de Malassez.
Com relação a segunda hipótese, o cisto periodontal lateral e o cisto gengival do adulto teriam
a mesma descendência: seriam originários do epitélio reduzido do esmalte, somente que, no cisto
periodontal lateral, isto ocorreria antes da erupção do dente, enquanto que no cisto gengival do adulto,
após a erupção do dente.
b) Características Radiográficas :
No caso da lesão extra-óssea (Cisto Gengival do Adulto), pode não ocorrer alteração
radiográfica alguma, ou existir apenas uma leve sombra arredondada indicativa de erosão óssea
superficial.
Quando a lesão está localizada no interior do osso (Cisto Periodontal Lateral), as radiografias
mostram uma área radiolúcida arredondada ou ovóide, bem definida por uma margem esclerosada.
Geralmente não ultrapassam 1cm de diâmetro, e estão localizados entre o ápice e margem cervical do
dente. O Cisto Periodontal Lateral apresenta imagem radiográfica semelhante a variedade colateral do
Cisto Primordial, podendo somente diferenciá-los após o exame histológico.
c) Aspectos Histológicos
As duas lesões apresentam características histológicas muito semelhantes. De uma forma geral,
elas apresentam um revestimento epitelial com poucas camadas de células, sem projeções e com focos
de espessamento (placas) para o interior do lúmen. Este espessamento ou placa epitelial presente nas
duas lesões (Cisto Gengival do Adulto e Cisto Periodontal Lateral), é que levam alguns autores a
concluírem que os dois cistos se originam do mesmo epitélio. As células da placa às vezes são
fusiformes, grandes e claras, ricas em glicogênio, com um aspecto de edema intracelular, além de
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apresentarem o núcleo pequeno e picnótico. A cápsula do cisto pode exibir uma zona de hialinização,
focos de calcificação e restos de lâmina dentária.
d) Tratamento:
Na forma extra-óssea a remoção é realizada através de excisão cirúrgica. Quando está
localizada no interior ósseo é tratado por enucleação cirúrgica, procurando evitar, sempre que possível,
danos ao dente próximo a lesão.

CISTO ODONTOGÊNICO CALCIFICANTE


a) Características clínicas e Patogenia
O Cisto Odontogênico Calcificante é uma lesão considerada rara, representando cerca de 1%
dos cistos dos maxilares. Foi descrita por Gorlin et al., em 1962, que consideraram "lesão peculiar que
ocupa uma posição anômala entre cisto e neoplasia". Realmente este cisto tem muitas características
de um tumor odontogênico e, de fato, tem sido assim classificado pelo Centro de Referência
Internacional para a Definição e Classificação Histológica dos Tumores Odontogênicos, Cistos dos
Maxilares e Lesões Afins da OMS (Pindborg & Kramer, l971).
A área mais afetada por este cisto é a região anterior, sendo que nenhuma lesão foi descrita
posteriormente ao primeiro molar (Buchner 1991, Buchner et al. 1991).
Este cisto tem manifestação clínica caracterizada pelo aumento de volume, usualmente sem
sintomatologia.
A maioria das lesões (1/3), desenvolvem-se em regiões extra ósseas e, distribuídas igualmente
pela maxila e mandíbula (região anterior). Com relação à idade, parece haver uma distribuição
bimodal com picos na segunda e sexta décadas.
Quanto a patogenia da lesão, existe dificuldade na sua elucidação, devido as propriedades do
epitélio que reveste o cisto em induzir à formação de tecidos dentários e da freqüente associação com
outros tumores odontogênicos. Nos casos em que há esta associação, o tumor odontogênico se
desenvolveria secundariamente ao Cisto Odontogênico.
Devido as diversas possibilidades que o Cisto Odontogênico Calcificante pode ser encontrado,
Praetorius et al. (1981) sugeriram esta classificação:
Tipo 1, com os seguintes padrões:
Tipo 1A - unicística simples;
Tipo 1B - produtos de odontoma;
Tipo 1C - com proliferação ameloblastomatosa.
Tipo 2 - Considerado uma neoplasia com algumas características microscópicas do cisto
odontogênico calcificante, apresenta epitélio ameloblastomatoso e o desenvolvimento de um cisto é
um aspecto secundário.
Este Tipo 2 apresenta um comportamento parecido com o Ameloblastoma (agressividade local),
razão pela qual, alguns autores sugerem a esta variedade de Cisto Odontogênico Calcificante, o termo
Ameloblastoma Dentinogênico de Células Fantasmas.
Os cistos odontogênicos calcificantes distribuem-se igualmente pela maxila e mandíbula (como
foi dito anteriormente, pela região anterior), sem predileção por sexo e 1/3 dos casos têm situação
extra-óssea.
b) Características Radiográficas
As lesões intra-ósseas podem apresentar diversas imagens radiográficas. Usualmente aparecem
como uma área radiolúcida, de contorno regular e bem demarcado. Em outros casos, podem apresentar
margens irregulares e pouco definidas. Em geral, quantidades de corpúsculos calcificados, de tamanho
e opacidade variável, são observados no interior da área radiolúcida, podendo, algumas vezes, ocupar a
maior parte da lesão. É comum a associação do cisto com dente incluso ou odontoma (complexo).
c) Aspectos Histológicos
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A lesão mostra um revestimento epitelial com a camada basal constituída de células cúbicas ou
colunares, e camada de células semelhantes às do retículo estrelado, do órgão do esmalte. O aspecto
mais notável deste cisto é a presença de células fantasmas. Estas células são queratinizadas, com
aspecto eosinófilo, apresentando perda de detalhes e da manifestação de contornos nucleares e
citoplasmáticos. No interior das células fantasmas inicia-se a deposição de sais de cálcio, sob a forma
de poeira, a qual vai se agregando e formando massas maiores.
É comum encontrarmos na cápsula cística, a presença de calcificação distrófica, dentinóide,
ilhotas de epitélio, cristais de colesterol e por vezes de pigmento melânico.
d) Tratamento
Os Cistos Odontogênicos Calcificantes são tratados por enucleação cirúrgica, sendo raras as
recidivas.

CISTOS FISSURAIS OU DE DESENVOLVIMENTO

INTRODUÇÃO:
São verdadeiros cistos que desenvolvem na linha de fusão dos ossos da face decorrente do
aprisionamento de remanescentes epiteliais provenientes do ectoderma durante os processes
embrionários da boca e face.

CISTO DO CANAL INCISIVO (conduto incisivo, conduto nasopalatino)


Dentre os cistos fissurais é o mais freqüente estando localizado no interior do canal
nasopalatino ou nas suas proximidades. É originário da proliferação de restos epiteliais encontrados no
canal nasopalatino. Este canal é uma estrutura embrionária, revestida por tecido epitelial, formando
duas passagem, uma de cada lado do septo nasal, ligando a cavidade oral a nasal. O desenvolvimento
de um cisto nesta região mediana do palato, próxima as raízes dos incisivos centrais, pode provocar a
divergência das raízes destes dentes. Este cisto pode aparecer em qualquer idade, mesmo em pessoas
muito jovens. Na maioria dos casos é assintomático podendo apresentar tumefação no palato, próximo
a papila palatina. Ocasionalmente, estes cistos podem ser descobertos quando do exame radiográfico
de rotina. A imagem radiográfica mostra uma destruição óssea na linha média do palato acima das
raízes dos incisivos centrais representada por uma imagem radiolúcida, de forma arredondada, ovóide
ou cordiforme.

CISTO PALATINO MEDIANO


O cisto palatino mediano é uma lesão pouco freqüente encontrada na região mediana do palato
duro. É proveniente do epitélio aprisionado na linha de fusão dos processos palatinos da maxila.
Geralmente é assintomático, podendo apresentar na região mediano do palato, uma área de tumefação
extensa facilmente observada clinicamente. A imagem radiográfica mostra uma área de destruição
óssea radiolúcida, de forma arredondada e contorno bem delimitado apresentado por uma linha de
esclerose ósseo radiopaca. A remoção cirúrgica com curetagem é o tratamento indicado para estes
casos de cistos fissurais.

CISTO GLÓBULO - MAXILAR


O cisto glóbulo maxilar raramente apresenta sintomatologia sendo praticamente todos os casos
descobertos acidentalmente através de radiografias de rotina. O seu desenvolvimento se dá geralmente
entre os incisivos lateral e o canino superior e são originários de proliferação de restos epiteliais
confinados na linha de fusão do processo maxilar com o processo nasal mediano (fissura glóbulo-
maxilar). Como nos demais cistos fissurais é desconhecido a causa da proliferação destes restos de
tecido epitelial aprisionado na linha de fusão. Quando suspeita-se da existência de um cisto desta
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natureza há necessidade de um exame clínico e radiográfico cuidadoso para eliminar-se a hipótese de


cisto apical envolvendo o incisivo lateral. A imagem radiográfica deste cisto é característica
apresentando uma área radiolúcida de contorno nítido, com formato de "pêra", podendo ser unilateral
ou bilateral. A remoção cirúrgica é o tratamento indicado, e sempre que possível, conservar os dentes
adjacentes envolvidos.

CISTO NASOLABIAL (Nasoalveolar)


Ao contrário dos cistos fissurais descritos anteriormente, em que a imagem radiográfica é
primordial para o seu diagnóstico, no cisto nasolabial muito raramente vamos encontrar algum
comprometimento ósseo. O diagnóstico é eminentemente clínico caracterizando-se pelo edema
localizado na região da prega mucolabial podendo estender-se para o assoalho do nariz. Embora este
cisto tenha o seu desenvolvimento processado externamente ao tecido ósseo, sua provável origem é
atribuído a remanescentes epiteliais alojados na junção dos processos globular, nasal lateral, e maxilar.
O cisto deve ser removido através de uma enucleação cirúrgica.

CISTO MANDIBULAR MEDIANO


A origem deste cisto é discutível. Se considerarmos o seu desenvolvimento originário de restos
epiteliais aprisionados na fissura mediana da mandíbula, quando da fusão dos arcos mandibulares, este
é realmente um cisto de desenvolvimento. Contudo, esta lesão pode representar perfeitamente um cisto
odontogênico do tipo primordial ou periodontal lateral. Na falta de uma melhor definição de sua
origem, este cisto permanece enquadrado dentre os fissurais. É um cisto pouco freqüente não
apresentando, na maioria das vezes, expansão perceptível clinicamente de cortical óssea. Isto dificulta
o seu descobrimento, sendo muitas vezes encontrados quando de radiografias de rotina. É importante
salientar que embora a lesão esteja localizada entre os incisivos inferiores, estes dentes apresentam
vitalidade, salvo associação de outro processo patológico. A imagem que a radiografia pode apresentar
é a de uma área de destruição óssea, radiolúcida, de bordos nítidos, podendo ser unilocular ou
multilocular. O tratamento é cirúrgico, com preservação dos dentes adjacentes, quando possível.

CISTO DO DUCTO TIREOGLOSSO


Este cisto é originário da proliferação de remanescentes epiteliais do trato tireoglosso
embrionário (do forame cego da língua e a glândula tireóide). É um cisto raro que pode ocorrer em
qualquer idade, mas usualmente os casos relatados referem-se a indivíduos jovens. O seu
desenvolvimento é lento, assintomático, podendo variar de tamanho e posição ao longo do trajeto entre
o forame cego na língua e a região da glândula tireóide. O cisto apresenta uma massa tecidual, na linha
média, de consistência firme a palpação, móvel, e dependendo da sua localização pode trazer
dificuldade na deglutição. Em alguns casos pode ocorrer infecção secundária com formação de fistula
com drenagem na pele ou mucosa oral. O tratamento para o cisto do ducto tireoglosso é a excisão
cirúrgica total e cuidadosa evitando-se, assim, a recidiva que é freqüente neste tipo de cisto. Embora,
raro, têm sido relatados casos de carcinomas desenvolvendo-se a partir de restos do trato tireoglosso.

CISTO LINFOEPITELIAL
(Cisto branquial, cisto cervical benigno lateral, cisto da fenda bronquial).
Este cisto tem sido descrito como originário da proliferação de restos de tecidos provenientes
dos arcos bronquiais ou das bolsas faringeanas. Há contudo, considerável evidência da histogênese,
que este tipo de cisto tem como origem a proliferação de resto epiteliais de glândulas salivares inclusos
nos nódulos cervicais. O cisto localiza-se na porção lateral do pescoço, próximo ao ângulo da
mandíbula. O seu desenvolvimento é lento e assintomático, constituindo-se em uma massa móvel e de
pouca consistência à palpação, que pode ter duração de semanas a muitos anos. O tratamento
preconizado é a enucleação cirúrgica cuidadosa, a fim de, evitar-se recidiva.
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CISTO DERMÓIDE
Embora receba o nome de cisto dermóide ou epidermóide, na realidade é uma forma de
teratoma cístico originário do epitélio germinativo embrionário. Pode desenvolver em diversas áreas
do corpo, porém, é na boca a localização mais freqüente. O assoalho de boca, a região submandibular e
sublingual, são os locais comuns de ocorrência. O desenvolvimento se dá geralmente em jovens, mas
nas regiões bucais pode acarretar um deslocamento de estruturas teciduais subjacentes causando
dificuldade na deglutição e na fonação. O tratamento do cisto dermóide e a sua remoção cirúrgica com
prognóstico muito bom, raramente tendo recidiva.

“CISTO“ ÓSSEO SIMPLES


(Cisto traumático, cisto ósseo solitário, cisto hemorrágico, cavidade óssea idiopática).
Na realidade esta lesão não se constitui propriamente em um cisto verdadeiro. Desenvolve-se
no interior dos maxilares e em outros ossos do esqueleto. Possui uma camada de tecido conjuntivo que
a reveste não apresentado tecido epitelial, como nos cistos. A etiologia é desconhecida, embora
inúmeras teorias tenham sido apresentadas. A mais aceita é aquela que atribui o desenvolvimento deste
"cisto" a partir de uma hemorragia intramedular produzida por trauma. Muitas vezes, o paciente não
tem lembrança de ter recebido nenhum traumatismo no local da lesão. A teoria traumática explica a
formação do “cisto” a partir de uma injúria, não necessariamente intensa, mas suficiente para provocar
uma hemorragia intramedular. Ao invés de uma reparação tecidual com formação de tecido conjuntivo
e posterior formação do tecido ósseo, haveria degeneração do coágulo e da medula óssea provocando
necrose das trabéculas ósseas com reabsorção tecidual. Esse processo destrutivo, na quase totalidade
dos casos, tem como limite a camada cortical externa do osso. Isto justifica o fato da não constatação
da expansão óssea na grande maioria dos pacientes portadores deste “cisto”. O “cisto” ósseo simples, é
encontrado com mais freqüência em jovens do sexo masculino. A localização preferencial é o corpo da
mandíbula embora possa ser encontrado em outras regiões. Sendo uma lesão assintomática, a sua
constatação se dá, na maioria das vezes, através de exames radiográficos de rotina. A imagem
radiográfica pode revelar desde pequenas áreas radiolúcidas até extensas zonas envolvendo toda uma
hemiarcada. Aparece como uma imagem radiolúcida bem delimitada, podendo apresentar em
determinadas áreas da lesão bordos esclerosados. Quando envolve áreas dentadas, apresentam aspectos
lobulados contornando as raízes dos dentes, que por sua vez apresentam a lâmina dura intacta. O
tratamento recomendado é a curetagem do conteúdo da cavidade, e subsequente sangramento, que
levaria a formação de novo coagulo e reparação do tecido ósseo.

CISTO ÓSSEO ANEURISMÁTICO


É uma lesa-o intra-óssea que tem sido observada em praticamente todas as regiões do
esqueleto, sendo mais freqüentemente encontrada em ossos longos e vértebras. também, são regiões
incidentes, Os ossos da maxila e da mandibular sendo nesta última mais freqüente. Este "cisto" é mais
encontrado em jovens, não tendo predileção por quaisquer um dos sexos. Embora não se constituindo
em um verdadeiro cisto a imagem radiográfica mostra alguma semelhança com esta lesão.
Basicamente apresenta zona radiolúcida, de contorno nítido com formações cavitárias em seu interior,
do tipo favos de mel ou bolhas de sabão. A cortical óssea pode apresentar-se expandida ou mesmo, em
determinadas regiões, destruídas. Microscopicamente esta lesa-o apresenta no seu interior um tecido
esponjoso constituído basicamente de células gigantes multinucleadas, de substância osteóide. Este
tecido fibroblástico que é banhado por grande quantidade de sangue está contido em diversas
cavidades representando os espaços cavernosos. Quando este cisto, se desenvolve na mandíbula ou na
maxila, a principal manifestação é o aumento progressivo mas lento dos ossos da região afetada. De
uma maneira geral não há queixa de sintomatologia dolorosa. Apesar de ainda haver muita
controvérsia quanto a natureza desta lesão, fatores desencadeantes são apontados, tais como trauma e
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doença óssea primária, como iniciadores deste "cisto". Embora haja relatos de cura espontânea, o
tratamento indicado e o cirúrgico, através de curetagem.

CISTO ÓSSEO ESTÁTICO


(cisto ósseo latente, depressão mandibular de desenvolvimento de glândula salivar)
O "cisto" ósseo estático na realidade parece ser um defeito ósseo decorrente da pressão
exercida pela glândula submandibular na parede interna do corpo da mandibular e portanto, não
constituindo-se em um cisto verdadeiro. Outros autores, contudo, atribuem esta cavidade a inclusão do
tecido glandular no interior do osso mandibular durante o seu desenvolvimento embrionário. É
assintomático e constitui-se em um achado radiográfico durante exame de rotina. Radiograficamente
aparece como uma imagem radiolúcida ovóide de contorno nítido, localizada normalmente abaixo do
canal mandibular e logo adiante do angulo de mandibular é importante lembrar que na diferenciação
com o "cisto" hemorrágico, este quase sempre está localizado acima do canal mandibular. É uma lesão
rara não necessitando de tratamento quando perfeitamente diferenciado de outras lesões.

REFERÊNCIAS
Altini M., Shear M. The lateral periodontal cyst: an update. J. Oral Pathol. Med.: 1992; 21:245-50.
Buchner, A. The Central (intraosseous) Calcifying Odontogenic cyst : an analysis of 215 cases. J. Oral
and Maxillofac Surg. 1991; 49:330-9.
Buchner A.; Merrell, P.W.; Hansen, L.S., Leider; A.S. Peripheral (extra osseous) Calcifying
Odontogenic Cyst. A revieus of forty-five-cases. Oral Surg Oral. Med Oral. Pathol 1991;
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Buchner A, Hansen L. S. The histomorphologic spectrum of the gingival cyst in the adult. Oral. Surg.
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the gingival cyst of adult. Oral. Surg. Oral. Med. Pathol 1980; 50:327-34.
PATOLOGIA GERAL - DB-301, UNIDADE III, FOP/UNICAMP 24
ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA

OBJETIVOS
1. Cite uma classificação de cistos odontogênicos.
2. Conceituar cisto primordial (C.P.)
3. Descrever a síndrome de Gorlin-Goltz.
4. Citar as teorias que tentam explicar o desenvolvimento do C.P.
5. Descrever as principais características clínicas e radiográficas do C.P.
6. descrever as principais aspectos histológico do C.P.
7. Citar as formas de tratamento do C.P.
8. Conceituar cisto dentígero (C.D.)
9. Citar a teoria que explica o desenvolvimento do C.D.
10.Descrever as principais características clínicas e radiográficas do C.D.
11.Descrever as principais aspectos histológico do C.D.
12.descrever o tratamento do C.D.
13.Conceituar cisto de erupção (C.E.).
14.Citar a teoria que explica o desenvolvimento do C.E.
15.Descrever as características clínicas do C.E.
16.Descrever os aspectos histológicos do C.E.
17.Citar a forma de tratamento do C.E.
18.Conceituar cisto odontogênico calcificante (C.O.C.)
19.Descrever os aspectos clínicos e radiográficos do C.O.C.
20.Descrever as principais características clínicas e radiográficas do C.O.C.
21.Citar o tratamento recomendado para o C.O.C.
22.Conceituar cisto fissurais (C.F.)
23.Citar uma classificação de C.F.
24.Descrever as principais características clínicas e radiográficas do cisto do canal incisivo (C.C.I.)
25.Descrever os aspectos histológicos do C.C.I.
26.Definir o tratamento do C.C.I.
27.Descreva as principais características clínicas e radiográficas do cisto mediano (C.C.M.)
28.Discutir as diferenças entre C.C.I. e C.C.M.
29.Descreva as principais características do C.C.M.
30.Descreva os aspectos histológicos do C.C.M.
31.Definir o tratamento do C.C.M.

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