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Desenho da família

O desenho da família avalia: o estado afectivo da criança, estruturação da personalidade,


vivência do contexto familiar, dinâmica familiar – sua representação, maturidade
psicomotora, formação do esquema corporal.

Interpretação
1. Nível gráfico:
1.1. Amplitude do traço:
Extroversão: linhas traçadas num gesto amplo e ocupam uma boa parte da página.
Indicam energia. (Expansão vital)
Introversão: gesto de pouca amplitude, linhas curtas, indica falta de energia e
inibição.

1.2. Força do traço: representa a força dos impulsos, com liberação ou inibição
dos instintos.
Traço forte: indica agressividade, impulsividade e audácia.
Traço fraco: é indicador de fragilidade e timidez.
É muito significativo o extremo em ambos.

1.3. Ritmo do traçado: subentende-se como o sujeito desenvolve a tarefa de


forma mais espontânea ou, pelo contrário, estereotipadamente, numa repetição simétrica
de traços, pontos, etc., até atingir um grau de minuciosidade que pode chegar a ser
compulsivo. A repetição rítmica (repetição de personagem para personagem, isto é,
desenhar as personagens de forma igual: cabeça, tronco, pernas, tamanho) indica perda
de espontaneidade e presença de um ambiente repressivo com regras rígidas. Casos
muito pronunciados poderão diagnosticar neurose ou a presença de traços obsessivos.
A simetria das personagens poderá indicar repetição, hesitação ou estereótipo.

1.4. Localização:
Zona inferior: ausência de fantasia, de energia, cansaço, astenia e depressão.
Zona superior: expressão da fantasia, imaginação e criatividade.
Zona esquerda: relaciona-se com o passado, tendências regressivas, passividade,
falta de iniciativa, forte dependência dos pais.

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Zona direita: relaciona-se com o futuro, desenvolvimento progressivo (evolução),
capacidade de autonomia e de iniciativa.
 Os lugares que ficam vazios significam zonas proibidas.

1.5 Sentido do desenho:


Sentido para a direita: sentido natural, sentido progressivo.
Sentido para a esquerda: sentido regressivo. Num destro representa problemas
perceptivos, podendo ser observado em esquizofrénicos.

2. Nível das estruturas formais:


A representação da figura humana é pressuposta como o esquema corporal do
sujeito, sendo possível avaliar a sua maturidade e a presença de transtornos do esquema
corporal.
2.1. Esquema corporal: como é desenhada cada parte do corpo, detalhes
atribuídos ou omitidos. Proporções, vestimentas e ornamentos. O grau de perfeição do
desenho torna-se um indicador de maturidade. Pode ser influenciado por factores
emocionais.

2.2. Estrutura do corpo: ausência ou não de interacções entre as personagens,


contexto animado ou imóvel no qual evolui.

2.3 Tipo Sensorial: mais espontâneo e livre. Linhas curvas – interesse pela
estimulação emocional, espontaneidade, sensibilidade ao ambiente circundante.

2.4. Racional: mais rígido. Linhas rectas e ângulos – rigidez, racionalidade,


repressão de emoções, ambiente muito exigente e rígido.

3. Nível do conteúdo:
3.1. Valorização do personagem principal: o personagem principal é o mais
importante no sentido de que as relações do sujeito com ele são especialmente
significativas, seja porque o “admira, inveja, teme”, seja porque se identifica com ele.
- Personagens desenhadas em 1º lugar, ocupando quase sempre o lugar à
esquerda.
- Pelo tamanho, geralmente maior.
- O desenho é executado com maior cuidado e investimento gráfico.

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- As personagens são ricas em acessórios: com mais adornos.
- Localização ao lado de uma figura importante.
- A personagem ocupa um lugar de destaque. Ser desenhado em posição mais
central, de modo a chamar a atenção entre as figuras.
- Personagem mais enfatizada, por representar o próprio sujeito, que com ele se
identifica.
- Capacidades que se distinguem pelo físico valorizado relativamente às outras.
- Estão associados sentimentos mais fortes do sujeito, sejam negativos ou
positivos.

3.2. Desvalorização de um personagem: implica intentos de negação, que é


indicada, frequentemente, pela:
- Omissão total da personagem ou de detalhes da mesma.
- Personagem menor que as outras.
- Personagem colocada em último lugar, na margem da página.
- Personagem desviada/distanciada ou debaixo das outras, horizontalmente ou em
plano inferior.
- Personagem desenhada com menor cuidado ou com omissão de detalhes
importantes.
- Depreciada de alguma maneira: por um atributo negativo ou alteração da idade,
omissão do nome, ao contrário das restantes que integram o desenho.
- Figura com que raramente o sujeito se identifica.
- Geralmente um dos irmãos.

3.3. Distância entre as figuras: associa-se com dificuldades no relacionamento e


tanto pode ser indicada pelo afastamento entre as representações dos personagens
quanto por outros indícios, como por um traço de separação.

3.4. Presença de representações simbólicas:


- Inclusão de animais, domésticos ou selvagens, que serviriam para a expressão
mais livre de diferentes tendências pessoais, que podem, assim, ser mascaradas.
- Desenhar irmãos como figuras de animais seria uma forma de desvalorizá-los
como pessoas.

 Afectividade:

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Positiva: sentimentos de admiração e carinho que fazem com que a criança invista
na figura privilegiando-a.
Negativa: sentimentos de desconsideração que fazem com que a criança
desinvista, desvalorizando o objecto.

 Negação de Existência: a criança não se reconhece como parte da família.


Não se desenha como se “não existisse” na família. Há omissão do próprio na
representação da família, quando ele não se sente incluído, quando não participa, não
recebe afecto ou se há um problema de rejeição. Ausência de poder ou de influência na
família. Baixa auto-estima.
 Inversão de papéis: troca de papéis no desenho.
Transferência: transfere para outra personagem, isto é, a criança não faz parte
do desenho, mas esta faz o irmão afirmando ser ela.
Regressão: no desenho a criança diz ter menos idade do que na realidade.
Personagens acrescidas:
- Pode aparecer no desenho uma ou mais figuras imaginárias, que pode fazer tudo
o que a criança não ousa fazer:
Um bebé – fortes tendências regressivas.
Uma criança mais velha/adulto – ser o mais feliz.
Um duplo – características da criança que podem ser livremente expressas
(desenha outra criança em que esta pode fazer tudo o que a criança não pode fazer).

 Os laços e as relações:
- Os laços estabelecidos no desenho reflectem o modo como a criança encara
essas relações. A aproximação entre duas pessoas indica a intimidade desprezada ou
desejada pela criança.
- O afastamento entre as personagens pode corresponder à verdade, por exemplo,
quando os pais estão separados.

 Tanto a distribuição sequencial, como ênfases especiais no desenho de algum


membro da família, podem-se relacionar com a valência afectiva que ele tem para o
sujeito, seja num sentido positivo como negativo.

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 Se o sujeito coloca-se em primeiro lugar, a hipótese é de egocentrismo e, em
último, de restringimento.
 Representação de algum membro em negrito: conflito com essa pessoa.
 Figura riscada: desejo de afastá-la da família ou subentender um desejo da
sua morte.
 Membro da família circunscrito num círculo: mesmo significado que o
anterior ou denunciar uma ênfase especial por razões afectivas ou circunstanciais
(problema de doença, por exemplo).
 Inclusão de pessoas falecidas: fixação.
 Família desenhada em grupos que se distanciam uns dos outros: hipótese
de divisão na constelação familiar.
 Grande figura materna: mãe dominante.
 Pai pequeno: apenas maior que o sujeito, indica que este percebe aquele
como sendo somente um pouco mais importante que ele. Por outro lado, chama a
atenção para a existência ou não de uma relação entre tamanho e idade.
 A forma como as figuras são representadas, bem como a ordem sequencial em
que aparecem, permitem explorar as relações inter-familiares e a maneira como o sujeito
se percebe dentro do contexto.
 Cozinhar: simboliza uma figura materna protectora.
 Limpar: associa-se a mães compulsivas que se preocupam mais com a casa
do que com a gente que a habita.
 Pai representado a guiar ou no trabalho: parece não estar integrado na
família, como aquele que lê o jornal, paga as contas ou brinca com os filhos: que são
actividades frequentes de pais normais.
 Personagem em posição precária ou no verso do papel: existência de
tensão, ou de conflito não resolvido.
 Sujeito mal desenhado: insegurança quanto aos seus sentimentos de
pertencer à família.
 Figuras em plano mais elevado: associam-se a sentimentos de dominação e
poder.
 Braços estendidos: podem sugerir uma tentativa de controlo do ambiente.
 Bolas: usadas para indicar interacção, às vezes com um sentido competitivo.
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 Certas actividades agressivas entre irmãos, que também podem envolver o
arremesso de uma bola ou de uma faca, podem indicar rivalidade fraterna.
 Luz e fogo: representações concretas de sentimentos positivos na interacção,
relacionados com afeição e amor, embora fogo, possa subentender raiva por falta de
gratificação das necessidades correspondentes.
 Nuvens pesadas: relação com preocupações e depressão.
 Se há sentimentos de instabilidade, o sujeito pode tentar criar alguma
instabilidade, sublinhando todo o desenho ou os indivíduos com os quais as suas relações
parecem instáveis.
 Chapéu: precisa de protecção.

Manual:
O tamanho
A relação entre o tamanho dos desenhos e o espaço disponível projecta a vivência da
relação dinâmica entre o indivíduo e o ambiente, mais concretamente, entre o indivíduo e
as figuras parentais. A forma de responder a pressões ambientais e ao sentimento de
autoestima é também outra característica.
O tamanho no teste da família depende, pelo menos parcialmente, do nível cultural.
Desenhos grandes: correspondem a pessoas que reagem habitualmente a
pressões ambientais com atitude agressiva e expansiva.
O tamanho grande é mais frequente na classe alta que na média e na baixa. As crianças
procedentes dos níveis sócio culturais elevados tendem a reagir com maior frequência de
forma expansiva e agressiva, têm uma auto-imagem mais forte, aceitam as frustrações
com mais dificuldade e defendem os seus interesses com mais afinco.
Desenhos demasiadamente grandes: que tendem a pressionar as bordas das
páginas, denotam sentimentos de opressão (ansiedade) do ambiente, acompanhados de
acções e fantasias sobrecompensatórias. O orgulho ou vaidade, o desejo de superar os
sentimentos de inferioridade, a necessidade de demonstrar algo, etc.
Desenhos pequenos: associam-se a uma auto-imagem da pessoa insuficiente, a
sentimentos de inferioridade formas auto-controladas de responder às pressões
ambientais e a retraimento.
Os desenhos pequenos aparecem com maior frequência nos sujeitos pertencentes às
classes média e baixa, levando a pensar que estes possuem uma auto-imagem mais

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débil, que reagem a pressões ambientais com maior auto-controlo, retraimento e com
menos espírito de luta. As classes economicamente débeis parecem mostrar estruturas
mais rígidas, e a falta de tolerância e de flexibilidade incide na personalidade das
crianças, tornando-as mais limitadas.

A inibição nas reacções, projectada através do tamanho dos desenhos, afecta também o
desenvolvimento das capacidades criativas e isso justificaria, em parte, as diferenças
reiteradamente intelectual das crianças procedentes da dita classe social,
economicamente baixas.

Os primogénitos tendem a fazer desenhos maiores do que os filhos mais novos, porque
os primeiros são vítimas de uma relação mais ansiosa com os pais, sofrem mais
comparações, são incumbidos de responsabilidades desproporcionadas e sobretudo,
porque a segurança vê-se ameaçada pelos irmãos que podem mudar-lhes as situações
falsamente consideradas pelos pais como privilegiadas. Os mais novos porque vivem
geralmente uma situação de ambivalência, acabam por ser mais mimados e
sobreprotegidos e, por outro lado, como parecem menos maduros que os seus irmãos, os
pais tratam-nos um pouco à margem das normas familiares; mais, o costume de receber
ajuda pode dar lugar a um Ego débil, que parece projectar-se através de uma maior
tendência a realizar desenhos pequenos.

Zona da página
Zona superior – representa o mundo das ideias, a fantasia e o espiritual.
Quanto mais acima de situam os desenhos, maior probabilidade haverá dos sujeitos fugir
da realidade, procurando as satisfações na fantasia.
Zona inferior – significa sólido, firme, concreto.
Os desenhos situados na zona inferior parecem revelar um maior contacto com a
realidade e correspondem a sujeitos mais firmemente enraizados. Na zona inferior
corresponde a sujeitos mais maduros.
Zona central – zona do coração, dos afectos e da sensibilidade.

Os desenhos na margem da página parecem reflectir tendências depressivas,


insegurança, necessidade de apoio e dependência exagerada.
A ligação à zona superior da página, especialmente se o desenho é pequeno e fica
deslocado para o lado esquerdo, parece mostrar uma tendência regressiva.

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A ligação à parte central da página, se o tamanho é normal indica segurança. Mas se o
desenho é pequeno é indício de uma vivência de proibição da expansão vital sobre o
mundo ambiente: problema que tem as suas raízes num conflito entre o instintivo e
inconsciente e, por outro lado, o Ego e Super-Ego.
Crianças pertencentes a níveis sócio culturais elevados manifestam através do desenho
da própria família um maior enraizamento, uma melhor adaptação à realidade e uma
orientação mais clara e concreta. As crianças vindas de níveis sócio culturais médios e
baixos projectam frequentemente, por uma parte, idealismo, fuga à realidade e refúgio no
mundo da fantasia, e por outra, uma maior tendência para a regressão. Ambas reacções
parecem ser congruentes e depender de uma raiz comum: o medo do futuro, da
realidade, da vida; numa palavra: a falta de esperança, base de impulso e de força vital,
levando ao conformismo, ao desinteresse e à resignação.
No nível sócio cultural mais baixo existe maior repressão no seio da família e uma maior
vivência da proibição da expansão vital, por conseguinte, existe neste caso uma menor
disponibilidade para se relacionar com o ambiente e com as figuras parentais, com uma
dinâmica acusada, que favoreça as interacções e, em consequência, o desenvolvimento.
Nas famílias pequenas as crianças mostram com maior frequência tendência ao
idealismo, a fugir da realidade, a buscar satisfações na fantasia, e a realizar condutas
regressivas. Pelo contrário, as crianças pertencentes a famílias mais numerosas
manifestam maior adaptação à realidade e sentem-se mais fortemente arreigados.
Nas famílias pequenas efectuam-se mais pressões sobre os filhos, para que estes se
comportem segundo as expectativas dos pais, criando-se um estado de tensão familiar.
As famílias mais numerosas têm uma ampla gama de problemas que lhes são próprios,
mas em contrapartida mimam, sobre-protegem e pressionam menos os seus filhos.
Os primogénitos manifestam uma maior inibição e rigidez na forma de se relacionar com o
ambiente e as figuras parentais. Os primogénitos são mais susceptíveis, emotivos e
reservados que os outros irmãos e isso pode ser devido aos seus sentimentos de
fracasso, originados pelo idealismo dos pais.
Existe nos filhos das famílias numerosas maior serenidade na vivência dos problemas
emocionais.

Sombreado
É um dos indicadores mais importantes de conflitos emocionais. A presença do
sombreado em certa extensão e intensidade alerta para a existência de conflitos
emocionais: angústia, ansiedade, etc.

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As hipóteses pressupõem que o sombreado em qualquer quantidade é um índice de
ansiedade, e que, se é intenso (em tal caso acompanhado de um traço vigoroso e forte),
reflecte uma descarga da agressividade. O nível de ansiedade na classe média é superior
ao projectado pelas crianças vindas de outras classes, sendo também mais frequente a
projecção consequentemente da agressividade.
As crianças pertencentes à classe média são vítimas de uma maior exigência por parte
dos pais. Estes aspiram que os seus filhos sejam cultural e profissionalmente mais que
eles, fazendo-os viver essa experiência. Frequentemente os pais insistem no muito em
que se sacrificam e trabalham para que possam alcançar os níveis que eles não
conseguiram. Deste modo, os pais conduzem os seus filhos a ser conscientes e por isso a
esforçar-se desmesuradamente na escola e se não o fizerem, culpabilizam-nos.
Não é raro que estas crianças manifestem uma maior ansiedade, acumulando certa
agressividade, como consequência desta dinâmica relacional.
As situações de ansiedade são menos frequentes na classe alta, do que na classe média,
provavelmente porque existe uma ordem mais democrática e coerente.
Na classe social alta existe um maior respeito pelo filho, apesar de também existir uma
certa pressão para a obtenção das expectativas dos pais; por outra parte, o facto de
dispor de mais tempo e dinheiro para actividades de lazer em que a família inteira
participa, contribui para atenuar os sentimentos de ansiedade e de agressividade.
Também as crianças procedentes de níveis sócio culturais baixos manifestam uma menor
quantidade de problemas, em parte, porque os pais ao ter escassa formação, valorizam
menos a cultura e em consequência, pressionam menos os filhos para que tenham êxito
escolar satisfatório; e em parte, também, porque o espírito de luta destas crianças é
baixo, devido ao sentimento de incapacidade dos pais e filhos para mudar de status
social.
Em famílias de três filhos, os segundos fazem mais sombreados nos desenhos, em
quantidade e extensão maior, que os primogénitos e os mais novos. Os segundos
adaptam-se mais facilmente a grupos sociais e isso reflecte-se especialmente no tamanho
de seus desenhos. Assim, dos dados relativos ao sombreado levam a dizer que estes
filhos são mais ansiosos e agressivos que os seus irmãos e que se angustiam mais
facilmente que eles.
O filho que ocupa o lugar do meio numa família de três filhos é mais provável que este
seja deixado de lado. Certamente não tem privilégios do mais velho e do mais pequeno,
ao que estes sujeitos estão mais sujeitos a certas tensões, têm uma maior propensão a
acumular agressividade, devido ao maior número de frustrações que recebem.

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Através do sombreado projectam-se tensões emocionais vinculadas a estados de
ansiedade e agressividade, mais frequentes nos filhos do meio do que os que ocupam os
lugares extremos na hierarquia de irmãos nas famílias de três filhos.

Apagar com a borracha


O apagar com a borracha é um indicador importante de conflitos emocionais. É sabido
que o apagar em adultos se observa mais em neuróticos do tipo obsessivo-compulsivo e
que poucas vezes aparece em crianças muito pequenas e em sujeitos com défices no seu
desenvolvimento. As interpretações mais frequentes têm um objectivo: a ansiedade
reflectida pelo apagar deve-se a uma insatisfação consciente, é a diferença da projectada
pelo sombreamento, que aparece inconsciente.
No caso de filhos únicos, talvez exista um nível de ansiedade inferior devido à ausência
de rivalidade fraternal.
Por razões diversas parece que o filho mais velho é mais retraído e auto-controlado que
os seus irmãos. Apagar poderá ser algo proibido. Não podem consciencializar tanto a
ansiedade devido a uma maior repressão e censura; apagar suja o papel, é algo que está
mal; há que fazer bem as coisas à a primeira vez, e deve ser um exemplo para os irmãos.
É possível que o primogénito tenha um nível mais baixo de ansiedade e que, por isso,
apague menos, mas também pode dever-se a um maior auto-controlo. Por outro lado, a
maior sobre-protecção pode ter uma dupla influência, fazendo-o menos ansioso e mais
auto-controlado, e por sua vez mais inibido.

A distância entre as personagens


a) Desenhos em estratos
No desenho a representação das personagens em planos diferentes reflecte algum grau
de falta de comunicação, a não ser que os distintos planos se justifiquem pela presença
de um elevado número de personagens, que não podem ser justapostos por razões de
espaço, como no caso das famílias mais numerosas.
A distância emocional entre os personagens da própria família projecta-se em numerosas
ocasiões pela distância física existente entre os mesmos nos desenhos.
Do ponto de vista interpretativo, não é o mesmo que os pais formem um bloco, ou não,
que os filhos estejam ou não amontoados, ou que um membro qualquer está isolado do
resto da família. É claro que a classe social influência na maior ou menor estratificação
dos desenhos da própria família.

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Em sujeitos precedentes de níveis sócio culturais elevados, é raro encontrar desenhos em
que todas as personagens, que integram a família, não contenham o mesmo plano
espacial. A distância emocional entre eles é menor. Esta variável leva a concluir que
existem menos tensões emocionais e menos problemas de comunicação nas famílias
adequadas. Há um maior equilíbrio afectivo por estas famílias menos repressivas. O
tamanho grande é mais frequente, que o observado nas outras classes sociais, sendo o
tamanho pequeno o menos usual. Segundo a zona da página, conclui-se também que a
adaptação à realidade era mais positiva e que as tendências regressivas apareciam com
menor frequência.
Tanto na classe média, como na baixa, abundam os desenhos em que os pais e os filhos
aparecem em planos distintos. Estas causas podem ser devido: à existência de estruturas
familiares mais autoritárias nas classes económicas débeis; na maior pressão que os pais
exercem sobre os filhos, para que estes superem o status sócio económico actual da
família; um maior afastamento em casa por parte dos pais, devido às necessidades de
trabalho e a uma escassa atenção à satisfação das necessidades básicas dos filhos.
Ao aumentar o número de irmãos aumenta também a percentagem de desenhos
estratificados. O menor número de filhos, é percebido como mais compacto, sendo o
sentimento de vinculação parental superior, existindo uma maior facilidade para a
intercomunicação.
Em famílias com três filhos, os segundos realizaram o desenho da família em estratos
com maior frequência que os seus irmãos. Mas isso não indica que exista nos segundos
um sentimento de maior independência, ou uma maior maturidade, senão deve
interpretar-se mais como um indicativo emocional. Também se diferenciam dos seus
irmãos noutras características conflituosas, como, por exemplo, na realização mais
frequente do sombreado intenso nos desenhos, no qual se pode interpretar como uma
projecção da ansiedade e agressividade.

b) Não Comunicação
A distância física entre os personagens desenhados pelo sujeito reflecte uma distância
emocional existente entre os mesmos. A esta vivência de distância emocional é chamada
não comunicação porque as personagens desenhados aparecem não só distanciados no
desenho mas também isolados.
Nos sujeitos vindos da classe social mais alta, os problemas de comunicação são
inferiores ao da classe média.

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Os desenhos que sugerem pouca comunicação aumentam com o número de filhos. Nas
famílias pequenas as possibilidades de intercomunicação entre os seus membros são
maiores e, em consequência, a família é percebida como mais compacta pelos filhos; a
vinculação parental nesses casos parece superior e talvez também a necessidade de
protecção e dependência.
Em famílias de três filhos, os segundos diferem dos seus irmãos, apresentando com
maior frequência as características da não comunicação. A diferença destes noutras
características conflituosas, reafirmam a conclusão que as linhas de não comunicação
não podem interpretar-se como algo positivo, no sentido de haver alcançado uma maior
independência, sem que reflictam uma certa carência afectiva.
Em famílias numerosas, pelo contrário, parece que existe nos segundos filhos uma maior
maturidade do que nos irmãos que ocupam lugares extremos.

Valorização e desvalorização
O pai desenhado em primeiro lugar
A valorização de um personagem qualquer aparece desenhado em primeiro lugar,
geralmente à esquerda. A criança desenha primeiro o personagem que considera mais
importante, que admira, inveja ou teme. Em alguns desenhos o personagem desenhado
em primeiro lugar aparece no centro da página, pondo os restantes elementos da família
ao redor.
A identificação com o progenitor do mesmo sexo em crianças é um fenómeno frequente e,
em princípio, positivo.
No mais baixo nível sócio cultural há uma maior percentagem de sujeitos que desenham o
pai em primeiro lugar.

A mãe desenhada em primeiro lugar


A representação da mãe em primeiro lugar nos desenhos de crianças reflecte algum tipo
de valorização, de identificação, ou de dependência. Em alguns casos pode-se tratar de
uma relação edípica, se encontramos nos desenhos outros indicadores de respeito, como
podem ser a desvalorização ou supressão do progenitor do mesmo sexo, a proximidade à
mãe da própria representação. Desenhar a mãe em primeiro lugar não se deve considerar
necessariamente como algo conflituoso e tensional, mas juntos com outros indícios, pode
projectar os conflitos edípicos das crianças.

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Ao aumentar o número de irmãos, tende a diminuir a percentagem de casos que
desenham a mãe em primeiro lugar. Este facto parece lógico se tivermos em conta a
estrutura das famílias com um só filho, e as circunstâncias ambientais concomitantes.
As crianças que apresentam esta característica tendem a mostrar alguma maior
ansiedade através do sombreado e do apagar, do que aqueles que começam os seus
desenhos representando o pai. A percentagem de crianças que, além de desenhar a mãe
em lugar de destaque, sombreiam ou apagam, é significativamente inferior àqueles que
começam por desenhar um irmão.
As crianças que desenham em primeiro lugar a mãe separam a parelha intercalando com
outro personagem entre os pais, em proporção maior que os que começam os seus
desenhos desenhando o pai.
Desenhar a mãe em primeiro lugar em caso de crianças de nove anos parece ser um
indício de conflitos emocionais.

Um irmão desenhado em primeiro lugar


Não é muito frequente, e tal circunstância parece ser um indicativo de conflitos
emocionais de certa importância. O sujeito pensa antes num irmão que nos próprios pais.
Provavelmente o irmão desenhado em primeiro lugar é admirado e invejado, podendo ser
frequentemente o causador principal das tensões emocionais do sujeito que realiza este
tipo de desenhos.
Começar a representação da família desenhando um irmão pode projectar também uma
certa desvinculação afectiva dos pais, que em muitos casos aparecem desvalorizados e
separados entre si, ficando dividido e quebrado o bloco parental.
Pode-se considerar, que existem em tais casos, problemas de rivalidade fraternal de
alguma importância, e que não é raro que esses problemas se desenvolvam
paralelamente a um sentimento de falta de vinculação aos pais.
Ao reafirmar o conflito dos sujeitos que começam os seus desenhos pela representação
de uma criança, em tais casos, além de sentimentos de rivalidade fraterna e de
desvinculação dos pais, existe uma menor percepção da unidade do bloco parental. A
conflituosidade da separação da parelha fica justificada não somente pela lógica, assim
pela coincidência com outras características igualmente conflituosas, que são frequentes
nos desenhos cujo primeiro personagem representado não é um dos progenitores.

Se desenha primeiro a si mesmo

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Quando isto ocorre, desenham-se geralmente na parte esquerda da página: em algumas
ocasiões representam-se na parte central do espaço disponível, e logo vão situando ao
seu redor os restantes elementos da família. Estes desenhos devem ser acompanhados
de outros indícios de auto-valorizaçao, como o tamanho maior, maior variedade de
detalhes, maior tempo dedicado a si mesmo que ao resto dos personagens e em geral,
maior perfeição.
A criança que pensa antes em si do que nos outros elementos da sua família, projecta
algum tipo de egocentrismo, devendo haver outros indícios que o confirmem, tanto nas
estruturas formais dos desenhos como nos comentários que surgem na entrevista.
Quando não acontece, pode querer dizer que a criança superou a fase de egocentrismo e
desfruta de certa tranquilidade afectiva que permite orientar o seu interesse em direcção
ao mundo, favorecendo esta circunstância os processos de aprendizagem.
Ao aumentar o número de irmãos tende a diminuir a percentagem de crianças que se
desenham em primeiro lugar. A necessidade de partilhar afecto e as coisas conduz a
superar o egocentrismo.

O pai desenhado em último lugar


É uma das formas de desvalorização, desenhar um personagem em último lugar

A mãe desenhada em último lugar


É pouco frequente.

Desenhar-se em último
Desenhar-se a si mesmo em último lugar, não sendo filho único ou o mais novo, deve
interpretar-se como um sinal de desvalorização própria, e é, sem dúvida, de todas as
características de desvalorização, uma das que podem quantificar-se de forma mais
objectiva.
A frequência de aparição desta variável tem uma alta relação com os níveis sócio
culturais de procedência dos sujeitos, de modo que, na classe social mais elevada, esta
característica é muito menos frequente que nas classes média e baixa. Na classe social
mais elevada os sujeitos apresentam geralmente um Ego mais forte e mais agressivo,
enquanto que nas classes baixas abundam mais os sujeitos retraídos e com um Ego mais
débil.

Supressão de algum elemento da família

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A supressão de algum elemento da família responde a um mecanismo de defesa
consistente em negar uma realidade que produz angústia. Perante o pensamento de
incapacidade de adaptar-se a essa realidade, o sujeito reage negando sua existência.
Podemos pensar que um menino de 9 anos que suprime um elemento da família, de uma
forma inconsciente deseja a sua eliminação. A este respeito devemos precisar, todavia,
que os sentimentos do sujeito podem ser em tais casos ambivalentes, podendo-se
apreciar frequentemente a coexistência do amor e do ódio. Devido a sentimentos de culpa
que tal eliminação produz na criança, esta tende a racionalizar o seu problema, como
ocorre, por exemplo, quando na entrevista nos indica que não houve tempo de desenhar
certo personagem, que não coube, ou simplesmente, que se esqueceu.
Eliminar um elemento da própria família é a máxima expressão possível de
desvalorização, e indicará sempre, problemas relacionais importantes.
Em crianças o pai é suprimido com maior frequência que a mãe. Estas supressões
devem-se a uma problemática de ciúmes edípicos; então o sujeito elimina o pai que
percebe como rival. Em outros casos, a eliminação do pai obedece a outro tipo de
problemas relacionais.
Quando a existência de algum irmão ou irmã causa, por motivos de ciúmes, uma
sensação de angústia na criança esta tenta proteger-se negando a existência do rival e,
em consequência, elimina-os dos seus desenhos. Esta supressão de algum dos irmãos é
algo mais frequente que a dos pais. Esta característica pode observar-se com alguma
maior frequência nos sujeitos pertencentes à classe social mais baixa.
A maior acumulação de supressões de algum irmão dá-se nas famílias numerosas da
classe baixa.
Qualquer tipo de desvalorização de um irmão ou de um dos progenitores é uma reacção
agressiva da criança. Perante os mesmos problemas, a criança pode reagir de outras
formas. Devido provavelmente aos sentimentos de culpa vinculados à desvalorização de
algum elemento da família, a criança pode reagir vertendo sobre si mesmo a
agressividade. Este facto constitui uma reacção depressiva, e projecta-se nos desenhos
através da própria desvalorização ou supressão. Os sentimentos de culpa impedem
atacar os outros e então a criança sente-se infeliz e desvinculado do bloco familiar. Esta
reacção depressiva pode ser dependente de conflitos de rivalidade fraternal ou de
problemas relacionais com os pais.
A maior propensão das crianças das classes baixas a manifestar os seus problemas
através de reacções depressivas, parece obedecer à realidade de um Ego mais débil.

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Outros indícios de desvalorização
Certas ocasiões, a desvalorização projecta-se através de uma representação mais
pequena, mais imperfeita, com menos detalhes, o distanciamento da personagem
desvalorizado do resto dos elementos integrantes da família.

A supressão das mãos nos desenhos


A supressão pode atribuir-se à insuficiente capacidade analítica, dependente do
desenvolvimento intelectual; no entanto deve-se a diferenças individuais no âmbito da
afectividade.
Alguns autores, apoiando-se no facto natural de que as mãos são órgãos de contacto,
relacionam as alterações, deformações ou supressões desta zona corporal, com
dificuldades de contacto ambiental. Se estão ocultas ou se suprimem é possível que o
sujeito projecte sentimentos de culpabilidade. No teste de Machover as alterações nas
mãos são interpretadas sistematicamente como expressão de dificuldades de contacto ou
de sentimentos de culpa em relação com actividades manipuladoras ou de masturbação.
A ausência de mãos dá-se frequentemente na classe média, tanto que projecta
sentimentos de culpabilidade. Isso parece congruente dada a maior exigência e rigidez
que se pode observar nas famílias de classe média.
As supressões das mãos aumentam paralelamente ao tamanho da família, tanto no que
se refere à totalidade das personagens como a cada um dos pais ou irmãos em particular,
sendo significativas as diferenças entre famílias pequenas e grandes.

A supressão dos traços faciais nos desenhos


A supressão dos traços faciais nos personagens que representam a própria família é um
indicativo de desvalorização dos mesmos. Provavelmente a dita supressão reflecte
também algum tipo de perturbações nas relações interpessoais, e que a cara é a parte
mais expressiva do corpo e as feições representam os aspectos sociais por excelência.

A adição de outros elementos


As adições mais frequentes consistem em desenhar um ou vários avós, primos, tios,
animais, ou paisagem. Qualquer uma destas adições tem um significado diferente
segundo os casos de que se trate.
Os avós são a adição mais frequente. Geralmente estes aparecem claramente
valorizados em relação aos pais, ou, pelo contrário, são desenhados num plano distinto

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do resto da família e com sinais claros de desvalorização. Isso dependerá do papel real
que tenham dentro da família, e o tipo de relações estabelecidas.
A presença de primos ou tios é bastante excepcional. Em geral estes desenhos são
bastante conflituosos, porque estes personagens tendem a interferir nas relações
afectivas da criança com os pais, de modo que aparecem com frequência em lugar
destes. Isto é, as crianças que desenham especialmente tios tendem a suprimir algum
dos progenitores.
Em casos, a presença de animais parece projectar uma reacção agressiva do sujeito. O
animal assume um papel justiceiro, ao ser encarregado de castigar os pais ou irmãos. Em
outros casos observa-se também uma identificação com o animal desenhado, sem que
apareça esta intenção punitiva. As crianças indicam que gostariam de ser o cão ou o gato
desenhado, porque a esses animais todo o mundo os acaricia. Nestes casos, o que a
realidade projecta é a sensação de uma carência afectiva.
A adição de paisagem, sol, nuvens, montanhas, árvores, flores, parece ser um reflexo de
uma viva imaginação.

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