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INTRODUÇÃO

Com cerca de 8,5 milhões de quilômetros quadrados de terras emersas, o Brasil ocupa
quase metade da América do Sul, sendo dono de uma das biodiversidades mais ricas do mundo
(estima-se que aqui está uma em cada dez espécies de plantas ou animais existentes), possuindo
as maiores reservas de água doce e um terço das florestas tropicais que ainda restam. Além disso,
o país tem várias zonas climáticas, desde equatoriais até subtropicais, contribuindo para a
formação de diferentes biomas: floresta tropical úmida, floresta subtropical, o cerrado, a caatinga,
os campos sulinos e o Pantanal, os quais sofreram com a ocupação humana e parte da vegetação
original já foi destruída. Por exemplo, da Mata Atlântica restam apenas aproximadamente 7%;
mais de 12% da área original da Floresta Amazônica já foram destruídos devido a políticas
governamentais inadequadas, modelos
inapropriados de ocupação do solo,
aliados à pressão econômica, que levou a
uma ocupação desorganizada e ao uso
não-sustentável dos recursos naturais.
Segundo estimativas oficiais, até 2020 a
Amazônia terá perdido 25% de sua
cobertura nativa.

Mas a devastação dos biomas


brasileiros não é algo recente, ela
principiou durante a colonização, em que
a extração de madeira e a ocupação de
terras para o cultivo de cana e produção
de açúcar iniciaram esse processo, o qual
com o decorrer os anos se intensificou.
Há numerosos casos de impactos
humanos prejudiciais, como o
assoreamento dos rios, o comércio de
plantas e animais silvestres, a poluição

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causada pelo garimpo, a extração ilegal de madeira, as queimadas, entre outros. Tais atividades
vêm destruindo com os biomas, levando ao risco de extinção e até a extinção de inúmeras
espécies de animais e vegetais, ocasionando enorme desequilíbrio ambiental.

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1 - AMAZÔNIA

A Amazônia é o maior bioma brasileiro, sendo um gigante tropical de 4,1 milhões km²,
onde vivem e se reproduzem mais de um terço das espécies que existem em todo o planeta. A
floresta vive do seu próprio material orgânico em meio a um ambiente úmido e com chuvas
abundantes. E, assim, embora apresente enorme riqueza, esse ecossistema é assaz frágil: a menor
alteração pode causar danos irreversíveis ao seu equilíbrio.
Abriga enorme variedade de vegetais, apresentando cerca de 2500 espécies de árvores
(um terço da madeira tropical do planeta) e 30 mil das 100 mil espécies de plantas existentes na
América Latina. Além dessa multiplicidade, constata-se que há mais de 60 milhões m³ de
madeira de valor comercial em tora na região, colocando-a como detentora da maior reserva de
madeira tropical do mundo. Por conseguinte, o uso controlado dos recursos florestais pode ser
favorável para o desenvolvimento da área, a qual tem índices sócio-econômicos muito baixos,
enfrenta obstáculos geográficos, de falta de infra-estrutura e de tecnologia que eleva o custo da
exploração.
A diversidade não se restringe apenas à flora. A fauna é dividia conforme os estratos da
floresta, em que os insetos estão presentes em todos, enquanto os animais rastejadores, os
anfíbios e aqueles com capacidade para subir em locais íngremes exploram os níveis baixos e
médios. Os locais mais altos são explorados por beija-flores, araras, papagaios e periquitos à
procura de frutas, brotos e castanhas. Os tucanos, voadores de curta distância, exploram as
árvores altas. O nível intermediário é habitado por jacus, gaviões, corujas e centenas de pequenas
aves. No extrato terrestre estão os jabutis, cotias, pacas, antas etc. Os mamíferos aproveitam a
produtividade sazonal dos alimentos, como os frutos caídos das árvores. Esses animais, por sua
vez, servem de alimentos para grandes felinos e cobras de grande porte.
Além da majestosa biodiversidade, a Amazônia possui a maior bacia hidrográfica do
mundo (bacia amazônica) com cerca de 1100 afluentes, cobrindo uma extensão aproximada de
seis milhões km², em que o rio principal, o Amazonas, corta toda a região até desaguar no
Oceano Atlântico.
Em relação ao número de áreas proteção integral e ao percentual de florestas oficialmente
protegidas, a Amazônia é o bioma que detém a maior quantidade, 26 e 3,2% da área total,
respectivamente. Todavia, apenas 0,38% da área dos parques e reservas estão realmente

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protegidas, de forma mínima.

1.1 - AMEAÇAS À AMAZÔNIA

Infelizmente, a constatação "os recursos naturais da Amazônia são super-explorados e


sub-utilizados", ainda é bastante atual e apropriado para esta região. São impostas alterações em
vários hectares de florestas primárias para retirar poucas árvores a fim de produzir madeira com
pouco valor agregado e baixo índice de aproveitamento; são feitos cortes rasos em extensas áreas
para projetos agropecuários de baixa produtividade; são inundados vários hectares de floresta

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com o objetivo de formar represas relacionas à produção de energia elétrica; e são desnudados
totalmente os solos florestais para a produção de minérios, com o mínimo de beneficiamento. Em
uma análise de custo/benefício, esses empreendimentos dificilmente seriam aprovados.
Consequentemente, a Amazônia já acumulou uma área desmatada de mais de 50 milhões
de hectares. No entanto, os impactos ambientais resultantes são bem conhecidos e têm
preocupado toda a sociedade. Os mais importantes impactos são: emissão de gases do efeito-
estufa à atmosfera, principalmente pelas queimadas e pela decomposição de árvores em pé nos
lagos das hidrelétricas; potencial alteração no ciclo da água pela retirada da cobertura florestal;
erosão genética, tanto pelo corte raso, como pela exploração seletiva de madeira; perda da
biodiversidade; e sedimentação e poluição de rios e igarapés.

• DESMATAMENTOS E QUEIMADAS

Foi na década de 1940, com o


estímulo do governo à implantação de
projetos agropecuários, que a ocupação
da região amazônica se intensificou.
Assim, a devastação da mata tornou-se
mais frequente. Muitos imigrantes
foram estimulados a se instalar na
região, levando com eles métodos
agrícolas impróprios para a Amazônia.
A produtividade da terra diminuiu
significativamente após três anos de plantio, forçando os pequenos agricultores a se mudarem
para outras áreas de colonização no interior da mata ou em outras cidades onde o ciclo de
desmatamento, queima e cultivo, bem como a degradação do solo, se repetiam.
Grande parte dos desmatamentos ocorridos são resultados de atividades agropecuárias e
de madeireiras realizadas, principalmente, nos últimos trinta anos. Calcula-se que já foram
devastados 550 mil quilômetros quadrados da floresta amazônica brasileira, o que corresponde a
13,7% da mata. Desse total, 200 mil quilômetros foram abandonados assim que os recursos
naturais se esgotaram. Além disso, 80% da produção madeireira provém da exploração ilegal,

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sendo que o desperdício da madeira gira entre 60% e 70%, agravando ainda mais a situação.
Outro fator preocupante é a pouca fiscalização e alguns projetos do Governo com a intenção de
disseminar a infra-estrutura, causando degradação ambiental sem trazer benefícios aos habitantes.
No entanto, o Governo brasileiro tem tratado a questão da Amazônia de forma setorial, sem levar
em conta o fator ambiental e sem utilizar a informação gerada por seus próprios técnicos. É o que
acontece com seu programa "Avança Brasil", que ignora a definição de áreas prioritárias a serem
conservadas em estudo coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente.
Outro sucesso que ameaça o bioma amazônico é a queimada, que ocorre com mais
frequência no final da estação de seca, quando a vegetação está mais vulnerável ao fogo e quando
se obtém maior quantidade de cinzas, as quais são convertidas em nutrientes vegetais por
microorganismos da terra. Essa atividade é o instrumento utilizado pelos fazendeiros para
preparar o terreno à prática agropecuária ou com a finalidade de controlar o desenvolvimento se
plantas indesejadas, acarretando inúmeros impactos ambientais (morte de flora e fauna, liberação
de gases do efeito estufa, como o gás carbônico...). Na área devastada, formam-se pastos e
lavouras, absorvendo, portanto, menor quantidade de energia solar do que a vegetação original,
podendo contribuir a uma redução de chuvas e a um aumento da temperatura na região.
As queimadas de acordo como incidem são divididas em três tipos principais, conforme o
livro “A floresta em chamas: origens, impactos e prevenção de fogo na Amazônia": as queimadas
para desmatamento são aquelas intencionais e associam-se à derrubada da floresta; os incêndios
florestais rasteiros, provenientes de queimadas que escapam ao controle, invadem florestas

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primárias ou previamente exploradas; as queimas e os incêndios em áreas já desmatadas,
resultantes do fogo intencional ou acidental em pastagens, lavouras ou capoeiras.

• HIDRELÉTRICAS E GARIMPO

Outra forma de destruição tem


sido os alagamentos para a implantação
de usinas hidrelétricas. É o caso da
alagada e a potência elétrica instalada
tornou-se um exemplo de inviabilidade
econômica e ecológica em todo o
mundo. A atividade mineradora também
trouxe graves consequências
ambientais, como a erosão do solo e a
contaminação dos rios com mercúrio.
O Brasil não possui uma política
mineral explícita, sendo, pois, a
exploração organizada regionalmente pelas populações locais, agredindo, assim, o ambiente e
liberando grande quantidade de mercúrio nos rios - estima que na bacia do Rio Tapajó são
liberadas, anualmente, cerca de 12 toneladas de mercúrio no ambiente. Já em outros países, a
riqueza produzida na mineração é usada para o desenvolvimento local, o que não é presenciado
no garimpo de ouro na Amazônia, que é uma atividade nômade: as áreas de garimpo são
exauridas e as populações movem-se para a próxima área, deixando um rastro de
empobrecimento ambiental e social, assoreamento dos rios e contaminação por mercúrio.

2 – CERRADO

A extensa região central do Brasil compõe-se de um mosaico de tipos de vegetação, solo,


clima e topografia bastante heterogêneos. O Cerrado é a segunda maior formação vegetal
brasileira, superado apenas pela Floresta Amazônica. São 2 milhões de km² (ou 23,1% do

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território brasileiro) espalhados por 10 Estados (a porcentagem indica a parte de cada estado
coberta pelo cerrado):

• Distrito Federal – 100% • Minas Gerais - 57%


• Bahia - 27% • Paraná - 2%
• Goiás - 97% • Piauí - 37%
• Maranhão - 65% • Rondônia - 0,2%
• Mato Grosso - 39% • São Paulo - 32%
• Mato Grosso do Sul - 61% • Tocantins - 91%

O Cerrado é uma savana tropical na qual a vegetação herbácea coexiste com mais de 420
espécies de árvores e arbustos esparsos. O solo, antigo e profundo, ácido e de baixa fertilidade,
tem altos níveis de ferro e alumínio.
Este bioma também se caracteriza por suas diferentes paisagens, que vão desde o cerradão
(com árvores altas, densidade maior e composição distinta), passando pelo cerrado mais comum
no Brasil central (com árvores baixas e esparsas), até o campo cerrado, campo sujo e campo
limpo (com progressiva redução da densidade arbórea). Ao longo dos rios há fisionomias
florestais, conhecidas como florestas de galeria ou matas ciliares. Essa heterogeneidade abrange
muitas comunidades de mamíferos e de invertebrados, além de uma importante diversidade de
microorganismos, tais como fungos associados às plantas da região.
O Cerrado tem a seu favor o
fato de ser cortado por três das
maiores bacias hidrográficas da
América do Sul (Tocantins, São
Francisco e Prata), favorecendo a
manutenção de uma biodiversidade
surpreendente. O Cerrado tem um
clima tropical com uma estação seca
pronunciada. A topografia da região
varia entre plana e suavemente
ondulada, favorecendo a agricultura mecanizada e a irrigação. Estudos recentes indicam que
Cerrado na região de Pirenópolis, Goiás.

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apenas cerca de 20% do Cerrado ainda possui a vegetação nativa em estado relativamente intacto.

2.1 - AMEAÇAS AO CERRADO

Depois da Mata Atlântica, o Cerrado é o ecossistema brasileiro que sofreu mais alterações
com a ocupação humana. Um dos impactos ambientais mais graves na região foi causado por
garimpos, que contaminaram os rios com mercúrio (para extração de ouro puro, utiliza-se
mercúrio para retirar as impurezas) e provocaram o assoreamento dos cursos de água (bloqueio
por terra). A erosão causada pela atividade mineradora tem sido tão intensa que, em alguns casos,
chegou até mesmo a impossibilitar a própria extração do ouro rio abaixo. Nos últimos anos,
contudo, a expansão da agricultura e da pecuária representa o maior fator de risco para o Cerrado.
As duas principais ameaças à biodiversidade do Cerrado estão relacionadas a duas
atividades econômicas: a monocultura intensiva de grãos e a pecuária extensiva de baixa
tecnologia, onde o gado é criado solto nos grandes pastos, e onde o peso desses animais acaba por
compactar e desprender camadas de solo. O uso de técnicas de aproveitamento intensivo dos
solos tem provocado, há anos, o esgotamento dos recursos locais. A utilização indiscriminada de
agrotóxicos e fertilizantes tem contaminado também o solo e a água. Os poucos blocos de
vegetação nativa ainda inalterada no Cerrado
devem ser considerados prioritários para
implementação de áreas protegidas, já que
apenas 0,85% do Cerrado encontram-se
oficialmente em unidades de conservação.
Mas o problema do Cerrado não se
resume apenas ao reduzido número de áreas
de conservação ou à caça ilegal, que já
seriam questões suficientes para
preocupação. O problema maior tem raízes
nas políticas agrícolas e de mineração
impróprias e no crescimento da população.
Historicamente, a expansão agropastoril e o
extrativismo mineral têm se caracterizado por um modelo predatório. A ocupação da região é

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desejável, mas desde que aconteça racionalmente.
A destruição e a fragmentação de habitats consistem, atualmente, na maior ameaça à
integridade desse bioma: 60% da área total é destinada à pecuária e 6% aos grãos, principalmente
soja. De fato, cerca de 80% do Cerrado já foi modificado pelo homem por causa da expansão
agropecuária, urbana e construção de estradas - aproximadamente 40% conserva parcialmente
suas características iniciais e outros 40% já as perderam totalmente. Somente 19,15%
corresponde a áreas nas quais a vegetação original ainda está em bom estado.

2.2 - CURIOSIDADES SOBRE O CERRADO

• O espaço ocupado pelo Cerrado equivale à soma das áreas da Espanha, França,
Alemanha, Itália e Inglaterra.
• Estima-se que a flora da região possua 10 mil espécies de plantas diferentes (muitas
usadas na produção de cortiça, fibras, óleos, artesanato, além do uso medicinal e
alimentício). Isso sem contar as 759 espécies de aves que se reproduzem na região, 180
espécies de répteis, 195 de mamíferos, sendo 30 tipos de morcegos catalogados na área. O
número de insetos é surpreendente: apenas na área do Distrito Federal há 90 espécies de
cupins, mil espécies de borboletas e 500 tipos diferentes de abelhas e vespas.
• O Cerrado, diferentemente da Amazônia, Mata Atlântica e Pantanal, não recebeu da
Constituição Federal o status de "Patrimônio Nacional", tornando a conservação de sua
biodiversidade uma tarefa mais difícil.
• Cerca de 80% do carvão vegetal consumido no Brasil vem das árvores do Cerrado.
• O Cerrado é uma região peculiar: associa uma rica biodiversidade a uma aparência árida
decorrente dos solos pobres e ácidos e de contar com apenas duas estações climáticas -
seca e chuvosa.
• Apesar de ser um bioma pouco estudado, sabe-se que o Cerrado é uma das regiões de
maior diversidade do planeta, com um grau de endemismo significativo.
• O Cerrado é considerado o “berço das águas”, ao abrigar as nascentes de importantes
bacias hidrográficas da América do Sul: Platina, Amazônica e São Francisco.
• A ocupação do Cerrado iniciou-se no século XVIII com a mineração, que se desenvolveu
num rápido ciclo de exploração intensiva.

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3 - ZONA COSTEIRA

A Zona Costeira brasileira é extensa e variada. O Brasil possui uma linha contínua de
costa com mais de 8 mil quilômetros de extensão, uma das maiores do mundo. Ao longo dessa
faixa litorânea é possível identificar uma grande diversidade de paisagens como dunas, ilhas,
recifes, costões rochosos, baías, estuários, brejos e falésias. Dependendo da região, o aspecto é
totalmente diferente do encontrado a poucos quilômetros de distância. Mesmo os ecossistemas
que se repetem ao longo do litoral - como praias, restingas, lagunas e manguezais - apresentam
diferentes espécies animais e vegetais. Isso se deve, basicamente, às diferenças climáticas e
geológicas.
O litoral amazônico, que vai da foz do Rio Oiapoque ao Rio Parnaíba, é lamacento e tem
em alguns trechos mais de 100 km de largura. Apresenta grande extensão de manguezais, assim
como matas de várzeas de marés. Jacarés, guarás e muitas espécies de aves e crustáceos são
alguns dos animais que vivem nesse trecho.
O litoral nordestino começa na foz do Rio Parnaíba e vai até o Recôncavo Baiano. É
marcado por recifes calcáreos e arenitos, além de dunas que, quando perdem a cobertura vegetal
que as fixa, movem-se com a ação do vento. Há ainda nessa área manguezais, restingas e matas.
Nas águas do litoral nordestino vivem tartarugas e o peixe-boi marinho, ambos ameaçados de
extinção.
O litoral sudeste segue do Recôncavo Baiano até São Paulo: a área mais densamente
povoada e industrializada do país. Suas áreas características são as falésias, recifes, arenitos e
praias de areias monazíticas (mineral de cor marrom escura). É dominado pela Serra do Mar e
tem a costa muito recortada, com várias baías e pequenas enseadas. O ecossistema mais
importante dessa área é o das matas de restingas. Nessa parte do litoral é possível encontrar
espécies como a preguiça-de-coleira e o mico-sauá, dois animais ameaçados de extinção.
O litoral sul começa no Paraná e termina no Arroio Chuí, no Rio Grande do Sul. Cheio de
banhados e manguezais, o ecossistema da região é riquíssimo em aves, mas há também outras
espécies: ratão-do-banhado, lontras, capivaras etc.

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3.1 - AMEAÇAS À ZONA COSTEIRA

Grande parte da zona costeira brasileira está ameaçada pela superpopulação e por
atividades agrícolas e industriais. É aí, seguindo essa imensa faixa litorânea, em que vive mais da
metade da população brasileira.
Isto é, a integridade ecológica da costa brasileira acaba pressionada pelo crescimento dos
grandes centros urbanos e, conseqüentemente, pela poluição, pela especulação imobiliária sem
planejamento e pelo enorme fluxo de turistas. A ocupação predatória vem ocasionando a
devastação das vegetações nativas, o que leva, entre outras coisas, à movimentação de dunas e até
ao desabamento de morros.
O aterro dos manguezais, por exemplo, coloca em perigo espécies animais e vegetais,
além de destruir um importante "filtro" das impurezas lançadas na água. As raízes parcialmente
submersas das árvores do mangue espalham-se sob a água retendo sedimentos e evitando que eles
escoem para o mar. Alguns mangues estão estrategicamente situados entre a terra e o mar,
formando um estuário para a reprodução de peixes. Já a expulsão das populações caiçaras está
acabando com uma das culturas mais tradicionais e ricas do Brasil. Outra ação danosa é o
lançamento de esgoto no mar, sem qualquer tratamento, e as operações de terminais marítimos
que vêm provocando o derramamento de petróleo, entre outros problemas graves.

3.2 - BIOMA MARINHO

O bioma marinho do Brasil situa-se sobre a "Zona Marinha do Brasil" e apresenta


diversos ecossistemas.
A "Zona Marinha do Brasil" é o biótopo da Plataforma continental que apresenta largura
variável, com cerca de 80 milhas náuticas (1 milha náutica = 1,85200 quilômetros), no Amapá, e
160 milhas náuticas, na foz do rio Amazonas, reduzindo-se para 20 a 30 milhas náuticas, na
região Nordeste, onde é constituída, basicamente, por fundos irregulares, com formações de algas
calcárias. A partir do Rio de Janeiro, na direção sul, a plataforma volta a se alargar, formando
extensos fundos cobertos de areia e lama.

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A Zona Costeira Brasileira é uma unidade territorial, definida em legislação para efeitos
de gestão ambiental, que se estende por 17 estados e acomoda mais de 400 municípios
distribuídos do norte equatorial ao sul temperado do País.
É um conceito geopolítico que não tem nenhuma relação com a classificação feita pela
ecologia. A Zona Costeira Brasileira tem como aspectos distintivos em sua longa extensão
através de diferentes biomas que chegam até o litoral, o bioma da Amazônia, o bioma da
Caatinga e bioma da Mata Atlântica. Esses biomas com grande variedade de espécies e de
ecossistemas, abrangem mais de 8.500 km de costa litorânea.

4 - CAMPOS DO SUL OU PAMPAS

Pampa é um nome de origem quechua genericamente dado à região pastoril de planícies


com coxilhas. Abrange a metade meridional do estado brasileiro do Rio Grande do Sul, ocupando
cerca de 63% do território gaúcho, se estendem pelos territórios do Uruguai e pelas províncias
argentinas de Buenos Aires, La Pampa, Santa Fé, Entre Ríos e Corrientes. No Brasil o Pampa
também é conhecido como Campos do Sul, Campos Sulinos ou Campanha Gaúcha.
Ecologicamente, é um bioma caracterizado por uma vegetação composta por gramíneas,
plantas rasteiras e algumas árvores e arbustos encontrados próximos a cursos d'água, que não são
abundantes. Comparados às florestas e às savanas, os campos têm importante contribuição na
preservação da biodiversidade, principalmente por atenuar o efeito estufa e auxiliar no controle
da erosão.

4.1 - CLIMA

O clima nos campos sulinos é caracterizado com altas temperaturas no verão, chegando a
35ºC, e o inverno é marcado com geadas e neve em algumas regiões, marcando temperaturas
negativas. A precipitação anual situa-se em torno de 1200 mm, com chuvas concentradas nos
meses de inverno. O clima é frio e úmido. É um tipo de Bioma que não necessita de grandes
quantidades de chuva.

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4.2 - FLORA E FAUNA

A vegetação predominante é de gramíneas, representadas pelos gêneros Andropogon,


Aristida, Paspalum, Panicum e Eragrotis, leguminosas e compostas. As árvores de maior porte
são fornecedoras de madeira, tais como o louro-pardo, o cedro, a cabreúva, a grápia, a guajuvira,
a caroba, a canafístula, a bracatinga, a unha-de-gato, o pau-de-leite, a canjerana, o guatambu, a
timbaúva, o angico-vermelho, entre outras espécies características como, a palmeira-anã
(Diplothemium campestre). Os campos sulinos possuem uma diversidade de mais de 515
espécies.
Já os terrenos planos das planícies e planaltos gaúchos e as coxilhas, de relevo suave-
ondulado, são colonizados por espécies pioneiras campestres que formam uma vegetação tipo
savana aberta. Há ainda áreas de florestas estacionais e de campos de cobertura gramíneo-
lenhosa.
Além disso, os campos sulinos são um dos ecossistemas mais ricos em relação à
biodiversidade de espécies animais, contando com espécies endêmicas, raras, ameaçadas de
extinção, espécies migratórias, cinegéticas e de interesse econômico dos campos sulinos.
As principais espécies ameaçadas de extinção são exemplificadas por inúmeros animais,
como: a onça-pintada, a jaguatirica, o mono-carvoeiro, o macaco-prego, o guariba, o mico-leão-
dourado, vários sagüis, a preguiça-de-coleira, o caxinguelê, o tamanduá.
Entre as aves destacam-se o jacu, o macuco, a jacutinga, o tiê-sangue, a araponga, o
sanhaço, numerosos beija-flores, tucanos, saíras e gaturamos.
Entre os mamíferos, 39% também são endêmicos, o mesmo ocorrendo com a maioria das
borboletas, dos répteis, dos anfíbios e das aves nativas. Nela sobrevivem mais de 20 espécies de
primatas, a maior parte delas endêmicas.

4.3 - AMEAÇAS AOS CAMPOS SULINOS

Devido à riqueza do solo, as áreas cultivadas do Sul se expandiram rapidamente sem um


sistema adequado de preparo, resultando em erosão e outros problemas que se agravam
progressivamente. Atualmente os campos, que já representaram 2,4% da cobertura vegetal do
país, são amplamente utilizados para a produção de arroz, milho, trigo e soja, às vezes em

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associação com a criação de gado. A desatenção com o solo, entretanto, leva à desertificação,
registrada em diferentes áreas do Rio Grande do Sul.
A criação de gado e ovelhas também faz parte da cultura local. Porém, repetindo o mesmo
erro dos agricultores, o pastoreio está provocando a degradação do solo. Na época de estiagem,
quando as pastagens secam, o mesmo número de animais continua a disputar áreas menores. Com
o pasto quase desnudo, cresce a pressão sobre o solo que se abre em veios. Quando as chuvas
recomeçam, as águas correm por essas depressões dando início ao processo de erosão. O fogo
utilizado para eliminar restos de pastagens secas torna o solo ainda mais frágil.
Para expandir a área plantada, colonos alemães e italianos iniciaram, na primeira metade
do século, a exploração indiscriminada de madeira. Árvores gigantescas e centenárias foram
derrubadas e queimadas para dar lugar ao cultivo de milho, trigo e videira, principalmente. A
mata das araucárias ou pinheiros-do-paraná, de porte alto e copa em forma de prato, estendia-se
do sul de Minas Gerais e São Paulo até o Rio Grande do Sul, formando cerca de 100.000 km² de
matas de pinhais. Na sua sombra cresciam espécies como a imbuia, o cedro, a canela, entre
outras.
Por mais de 100 anos a mata dos pinhais alimentou a indústria madeireira do sul. O pinho,
madeira bastante popular na região, foi muito usado na construção de casas e móveis. Hoje
restam apenas 2% da cobertura original da mata das araucárias. O que resta da vegetação original
está confinado a áreas de conservação do estado.
Na abrangência das bacias dos
rios Ibicuí e Ibarapuitã ainda há áreas
protegidas restritas a ecossistemas
naturais, que são alvo de preocupação
em relação à sua conservação e
preservação. Atualmente estão
implantadas Unidades de Conservação
voltadas para a conservação da Floresta
com Araucária e dos campos sulinos.

Repetindo o mesmo erro dos agricultores, o pastoreio


está provocando a degradação do solo.

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5 - PANTANAL

O Pantanal é uma grande planície alagável localizada na região centro-oeste dos Estados
de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. É a maior área alagada do mundo..
Devido à sua localização no centro do continente, o Pantanal é um ponto de encontro entre
diversos biomas, entre eles a Amazônia, o Cerrado e o “Chaco” boliviano e paraguaio. É
possível, portanto, dentro do Pantanal, encontrar fauna e flora típicas desses três biomas.
A região possui chuvas abundantes no final da primavera e verão, ocasionando o
alagamento de grandes áreas (em anos de chuva intensa, cerca de 78% da área do Pantanal pode
ficar temporariamente alagada), e clima seco no restante do ano. Nesse período seco as áreas
alagadas vão secando, formando lagoas, fundamentais para a sobrevivência da flora e fauna
pantaneira. Assim, um novo período de chuvas chega,e o ciclo continua.
O Pantanal também possui grande biodiversidade, totalmente adaptada às mudanças entre
os períodos alagados e secos, com fartura de vegetação e fauna aquática. Entretanto, é a
densidade da fauna que chama a atenção, especialmente na época seca, quando se aglomeram
próximos às lagoas. O número de espécies endêmicas, porém, é baixo, não ultrapassando 5% do
total.
O difícil acesso à região protegeu-a de um grande impacto humano. A pecuária é forte,
porém não é considerada prejudicial. Os
maiores problemas são a pesca e caça
predatória, o tráfico de animais silvestres
e a poluição das águas dos rios que
deságuam na região. O potencial de
crescimento para o turismo ecológico é
enorme.
Existem Parques, Estações Ecológicas e
algumas Reservas Particulares em toda a
região. A UNESCO também já declarou
o Pantanal como “Reserva da Biosfera”. Fazenda típica do Pantanal.

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5.1- AMEAÇAS AO PANTANAL

Nas últimas três décadas o Pantanal vêm sofrendo agressões pelo homem, praticadas não
somente na planície, mas principalmente nos planaltos adjacentes. Atualmente, os impactos
ambientais e sócio-econômicos no Pantanal são bastante evidentes, decorrentes da inexistência de
um planejamento ambiental que garanta a sustentabilidade dos recursos naturais desse importante
bioma. A expansão desordenada e rápida da agropecuária, com a utilização de pesadas cargas de
agroquímicos, a exploração de diamantes e de ouro, nos planaltos, com utilização intensiva de
mercúrio, são responsáveis por profundas transformações regionais, algumas das quais vem
sendo avaliadas pela Embrapa Pantanal, como a contaminação de peixes e jacaré por mercúrio e
diagnostico dos principais pesticidas.
A remoção da vegetação nativa nos planaltos para implementação de lavouras e de
pastagens sem considerar a aptidão das terras e a adoção de práticas de manejo e conservação de
solo, além da destruição de habitats, acelerou os processos erosivos nas bordas do Pantanal. A
conseqüência imediata tem sido o assoreamento dos rios na planície, a qual tem intensificado as
inundações, com sérios prejuízos à fauna, flora e economia do Pantanal.
O assoreamento do rio Taquari constitui, hoje, o principal problema do Pantanal e de
Mato Grosso do Sul, com inundações quase permanentes de uma área aproximada de 11000 km²
nas sub-regiões da Nhecolândia e Paiaguás. A pecuária, principal atividade econômica, desta
região tem sido drasticamente afetada. A caça e pesca clandestinas e a introdução de espécies
exóticas constituem também em graves ameaças à preservação dos recursos naturais desta região,
devendo merecer a atenção especial das autoridades competentes. A pesada utilização de
agroquímicos nos planaltos adjacentes ao Pantanal é uma outra grave ameaça à biodiversidade
dos ecossistemas do Pantanal. Segundo o Projeto de Monitoramento da Qualidade da Água
(MQA da FEEMA), 71 indústrias são potencialmente poluidoras na bacia do rio Cuiabá, sendo
que 30,9% são responsáveis por toda a carga de origem industrial lançada principalmente nos rios
Cuiabá e Coxipó. Os córregos da Prainha, Gambá, Mané Pinto, Barbado e o rio Coxipó recebem
diretamente em seus leitos, e sem qualquer tratamento, a carga de esgoto da Grande Cuiabá
(Cuiabá e Várzea Grande). Nas praias de Santo Antonio do Leverger (a poucos quilômetros de
Cuiabá) o alto índice de coliformes fecais registrado torna impróprio o banho de moradores e
turistas em suas águas.

30
Poluição urbana e de usinas de cana-de-açúcar, frigoríficos e curtumes também
contribuem para o agravamento dos problemas ambientais. E ainda muitos fazendeiros colocam
fogo nas pastagens. Esta é uma prática secular e o Pantanal é o campeão de queimadas em todo o
estado do Mato - Grosso do Sul. No estado de Tocantins há um programa de governo que
regulamenta as queimadas em determinadas situações.

5.2 - MEDIDAS CONTRA OS IMPACTOS SOBRE O BIOMA

A Embrapa Pantanal, preocupada com esse quadro de degradação ambiental da bacia do


rio Taquari vem desenvolvendo, desde 1994, vários estudos que objetivam entender e
quantificar as relações de causa e efeito que ocorrem nos planaltos, e que se refletem no Pantanal.
Podemos destacar nestes estudos para a bacia do alto Taquari (BAT), o uso do solo, a avaliação e
o mapeamento do potencial das perdas de solo, a evolução da erosividade das chuvas e a
utilização de pesticidas na BAT.
Na planície do rio Taquari, estão sendo avaliadas e realizadas as taxas temporais de
deposição de sedimento, a partir da década de 70, o estudo do aporte, transporte e deposição de
sedimento, evolução do regime hidrológico, bem como, as alterações na vegetação, avaliação da
qualidade da água e impactos na ictiofauna e na sócio-economia.
As informações geradas nestes estudos de impacto ambientais e sócio-econômicos visam
subsidiar políticas, legislação, programas, planos e ações de desenvolvimento para esta
importante região do Pantanal. A implementação do gasoduto Brasil/Bolívia, abre algumas
perspectivas industriais para a região, mas poderá desencadear alterações nos ecossistemas
aquáticos do Pantanal e da bacia platina. Além disso, a hidrovia Paraguai-Paraná desperta a
atenção da sociedade pelos impactos que poderá promover. Da mesma forma, a construção de
estradas, diques e canais devem ser precedidas de estudos de impacto ambiental e sócio-
econômico. Todas estas obras, possivelmente, serão avaliadas pela Embrapa Pantanal em
momento oportuno. No rio Taquari, o fechamento de canais naturais, o restabelecimento de
margens e de arrombados devem ser meticulosamente avaliados do ponto de vista ambiental e
sócio-econômico, demandado atenção especial das autoridades pelos sérios prejuízos que estão
causando à economia do Pantanal.

30
O ecoturismo, embora seja uma das principais alternativas sócio-econômicas para a
região, necessita de planejamento para ser explorado em bases sustentáveis.
Todo esse conjunto de problemas atuais e potenciais decorrentes da atividade humana nos
planaltos e na planície demonstra que as ações a serem implementadas numa bacia hidrográfica
devem ser alicerçadas em estudos integrados, onde as relações de causa e efeito necessitam estar
bem delineadas e aceitas pela sociedade.

6 - CAATINGA

Ocupando quase 10% do território nacional, com 736.833 km², a Caatinga abrange os
estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia, sul e
leste do Piauí e norte de Minas Gerais. Região de clima semi-árido e solo raso e pedregoso,
embora relativamente fértil, o bioma é rico em recursos genéticos dada a sua alta biodiversidade.
O aspecto agressivo da vegetação contrasta com o colorido diversificado das flores emergentes
no período das chuvas, cujo índice pluviométrico varia entre 300 e 800 milímetros anualmente.
A Caatinga apresenta três estratos: arbóreo (8 a 12 metros), arbustivo (2 a 5 metros) e o
herbáceo (abaixo de 2 metros). A vegetação adaptou-se ao clima seco para se proteger. As folhas,
por exemplo, são finas ou inexistentes. Algumas plantas armazenam água, como os cactos, outras
se caracterizam por terem raízes praticamente na superfície do solo para absorver o máximo da
chuva. Algumas das espécies mais comuns da região são a amburana, aroeira, umbu, baraúna,
maniçoba, macambira, mandacaru e juazeiro.
A Caatinga é dominada por tipos de vegetação com características xerofíticas – formações
vegetais secas, que compõem uma
paisagem cálida e espinhosa.
No meio de tanta aridez, a
Caatinga surpreende com suas "ilhas de
umidade" e solos férteis. São os chamados
brejos, que quebram a monotonia das
condições físicas e geológicas dos sertões.
Nessas ilhas é possível produzir quase
todos os alimentos e frutas peculiares aos

30
trópicos do mundo. Essas áreas normalmente localizam-se próximas às serras, onde a abundância
de chuvas é maior.
Através de caminhos diversos, os rios regionais saem das bordas das chapadas, percorrem
extensas depressões entre os planaltos quentes e secos e acabam chegando ao mar, ou
engrossando as águas do São Francisco e do Parnaíba (rios que cruzam a Caatinga). Das
cabeceiras até as proximidades do mar, os rios com nascente na região permanecem secos por
cinco a sete meses do ano. Apenas o canal principal do São Francisco mantém seu fluxo através
dos sertões, com águas trazidas de outras regiões climáticas e hídricas.
Quando chove, no início do ano, a paisagem muda muito rapidamente. As árvores
cobrem-se de folhas e o solo fica forrado de pequenas plantas. A fauna volta a engordar. Na
Caatinga vive a ararinha-azul, ameaçada de extinção. O último exemplar da espécie vivendo na
natureza não foi mais visto desde o final de 2000. Outros animais da região são o sapo-cururu,
asa-branca, cotia, gambá, preá, veado-catingueiro, tatu-peba e o sagüi-do-nordeste, entre outros.
Cerca de 20 milhões de brasileiros vivem na região coberta pela Caatinga, em quase 800
mil km2 de área. Quando não chove, o homem do sertão e sua família precisam caminhar
quilômetros em busca da água dos açudes. A irregularidade climática é um dos fatores que mais
interferem na vida do sertanejo.
Mesmo quando chove, o solo pedregoso não consegue armazenar a água que cai e a
temperatura elevada (médias entre 25°C e 29°C) provoca intensa evaporação. Na longa estiagem
os sertões são, muitas vezes, semidesertos que, apesar do tempo nublado, não costumam receber
chuva.

6.1 - AMEAÇAS À CAATINGA

O homem complicou ainda mais a dura


vida no sertão. Fazendas de criação de gado
começaram a ocupar o cenário já na época do
Brasil Colônia. Os primeiros habitantes não
entendiam muito sobre a fragilidade da
Caatinga, cuja aparência árida denuncia uma
falsa solidez. No combate à seca, foram
As queimadas contribuem para a devastação da
caatinga nordestina

30
construídos açudes para abastecer de água os homens, seus animais e suas lavouras. Desde o
Império, quando essas obras tiveram início, o governo prossegue com o trabalho.
Os grandes açudes atraíram ainda mais colonos, que estabeleceram novas fazendas de
criação de gado. Em regiões como o Vale do São Francisco, a irrigação foi incentivada sem o uso
de técnica apropriada. O resultado foi a salinização do solo. O problema acaba agravado pelas
características da região, com solos rasos e intensa evaporação de água provocada pelo forte
calor. A agricultura nessas áreas tornou-se impraticável.
Outro problema é a contaminação das águas por agrotóxicos. Depois de aplicado nas
lavouras, o agrotóxico escorre das folhas para o solo, levado pela irrigação, e daí para as represas,
matando os peixes. Nos últimos 15 anos do século XX, aproximadamente 40 mil km2 de Caatinga
se transformaram em deserto devido à interferência do homem sobre o meio ambiente da região.
As siderúrgicas e olarias também são responsáveis por este processo, devido ao corte da
vegetação nativa para a produção de lenha e carvão vegetal.
O sertão nordestino é uma das regiões semi-áridas mais povoadas do mundo. A diferença
entre a Caatinga e áreas com as mesmas características em outros países é que, nessas outras
regiões, as populações costumam concentrar-se onde existe água. No Brasil, entretanto, o homem
está presente em toda a parte, tentando garantir a sua sobrevivência na luta contra o clima.
A ação do homem já alterou 80% da cobertura original da caatinga, que atualmente tem
menos de 1% de sua área protegida em 36 unidades de conservação, que não permitem a
exploração de recursos naturais.

6.2 - CURIOSIDADES SOBRE A CAATINGA

• Estudos recentes mostram que cerca de 327 espécies animais são endêmicas (exclusivas)
da Caatinga. São típicos da área 13 espécies de mamíferos, 23 de lagartos, 20 de peixes e
15 de aves. Entre as plantas há 323 espécies endêmicas.
• A Caatinga compreende quase 10% da área total do território brasileiro, com
aproximadamente 740.000 km2.
• Cerca de metade da paisagem de Caatinga já foi deteriorada pela ação do homem. De
15% a 20% do bioma estão em alto grau de degradação (com risco de desertificação).
• Vive na Caatinga a ave com maior risco de extinção no Brasil, a ararinha-azul

30
(Anodorhynchus spix), da qual só se encontrou um único macho na natureza.
• Uma formação de relevo característica na depressão nordestina é o 'inselberg', bloco
rochoso sobrevivente ao desgaste natural.
• Na estação seca a temperatura do solo pode chegar a 60ºC.
• No idioma tupi, Caatinga quer dizer Mata Branca.

7 - MATA ATLÂNTICA

A natureza exuberante que se


estendia pelos estados do Rio Grande
do Norte ao Rio Grande do Sul, por
cerca de 1,3 milhões de quilômetros
quadrados de Mata Atlântica na
época do descobrimento marcou
profundamente a imaginação dos
europeus. Mais do que isso,
contribuiu para criar uma imagem
paradisíaca que ainda hoje faz parte
da cultura brasileira, embora a
realidade seja outra. A exploração predatória a que fomos submetidos destruiu mais de 93% deste
“paraíso”. Uma extraordinária biodiversidade, em boa parte peculiar somente a essa região,
seriamente ameaçada.
A Mata Atlântica abrange as bacias dos rios Paraná, Uruguai, Paraíba do Sul, Doce,
Jequitinhonha e São Francisco. Originalmente estendia-se por toda a costa nordeste, sudeste e sul
do país, com faixa de largura variável, que atravessava as regiões onde hoje estão as fronteiras
com Argentina e Paraguai.
Espécies imponentes de árvores são encontradas no que ainda resta deste bioma, como o
jequitibá-rosa, que pode chegar a 40 metros de altura e 4 metros de diâmetro. Também destacam-
se nesse cenário várias outras espécies: o pinheiro-do-paraná, o cedro, as figueiras, os ipês, a
braúna e o pau-brasil, entre muitas outras. Na diversidade da Mata Atlântica são encontradas

30
matas de altitude, como a Serra do Mar (1.100 metros) e Itatiaia (1.600 metros), onde a neblina é
constante.
Paralelamente à riqueza vegetal, a fauna é o que mais impressiona na região. A maior
parte das espécies de animais brasileiros ameaçados de extinção são originários da Mata
Atlântica, como os micos-leões, a lontra, a onça-pintada, o tatu-canastra e a arara-azul-pequena.
Além desta lista, também vivem na região gambás, tamanduás, preguiças, antas, veados, cotias,
quatis etc.
Apesar da devastação sofrida, a riqueza das espécies animais e vegetais que ainda se
abrigam na Mata Atlântica é espantosa. Em alguns trechos remanescentes de floresta os níveis de
biodiversidade são considerados os maiores do planeta.
A Mata Atlântica compreende a região costeira do Brasil. Seu clima é equatorial ao norte
e quente temperado sempre úmida ao sul, tem temperaturas médias elevadas durante o ano todo e
não apenas no verão. A alta pluviosidade nessa região deve-se à barreira que a serra constitui para
os ventos que sopram do mar. Seu solo é pobre e a topografia é bastante acidentada. No inteiror
da mata, devido a densidade da vegetação, a luz é reduzida.
Mata Atlântica, as temperaturas médias variam 14-21° C, chegando a máxima absoluta 35°
C para menos, não passando a mínima absoluta de 1° C (embora, no Sul, possa cair até -6° C).

7.1 - AMEAÇAS À MATA


ATLÂNTICA

Área total original: aproximadamente 1,3


milhão de km2.

30
Área total atual: aproximadamente 52.000 km2.

A Mata Atlântica é uma das florestas tropicais mais ameaçadas do mundo. De fato, é o
ecossistema brasileiro que mais sofreu os impactos ambientais dos ciclos econômicos da história
do país. Para se ter uma idéia da situação de risco em que se encontra, basta saber que à época do
descobrimento do Brasil ela tinha uma área equivalente a um terço da Amazônia, ou 12% do
território nacional, estendendo-se do Ceará ao Rio Grande do Sul. Hoje, está reduzida a apenas
7% de sua área original.
Em contraste com a exuberância da biodiversidade local, as estatísticas indicam que mais
de 70% da população brasileira vive na região da Mata Atlântica. Além de abrigar a maioria das
cidades e regiões metropolitanas do país, a área original da floresta também concentra os grandes
pólos industriais, petroleiros e portuários do Brasil, respondendo por nada menos de 80% do PIB
nacional.
Durante 500 anos a Mata Atlântica propiciou lucro fácil ao homem. Ainda no século XVI,
houve a extração predatória do pau-brasil, utilizado para tintura de tecidos e construção. A
segunda grande investida foi o ciclo da cana-de-açúcar. Grandes áreas de Mata Atlântica foram
destruídas, não apenas para abrir espaço para os canaviais, mas também para alimentar as
construções dos engenhos e as fornalhas da indústria do açúcar. O descaso ambiental era tão
grande que, até o final do século XIX, ao invés de alimentar as caldeiras dos engenhos com o
próprio bagaço da cana, prática rotineira no Caribe, optava-se por queimar árvores para servir de
lenha.
No século XVIII, foram as jazidas de ouro que atraíram para o interior um grande número
de portugueses. A imigração levou a novos desmatamentos, que se estenderam até os limites com
o Cerrado, para a implantação de agricultura e pecuária. No século seguinte foi a vez do café, que
exerceu um grande impacto sobre a Mata
Atlântica. As florestas que cobriam o Vale
do Paraíba, centro da produção cafeeira,
foram destruídas com total falta de
cuidado. O café, espécie de origem
africana acostumado a crescer em áreas
sombreadas, foi cultivado no Brasil em

30
espaços abertos e desflorestados. As queimadas, feitas de forma descuidada, espalhavam-se pelas
fazendas.
E, então, já na metade do século XX, chegou a vez da extração da madeira. No Espírito
IMA e Polícia Ambiental derrubam acampamento de
lenhadores
Santo, as matas passaram a ser derrubadas para fornecer que devastavam
matéria-prima áreaa de
para Mata Atlântica
indústria de papel e
celulose. Em São Paulo, a implantação do Pólo Petroquímico de Cubatão tornou-se conhecida
internacionalmente como exemplo de poluição urbana. Esse processo desorientado de
desenvolvimento ameaça inúmeras espécies, algumas quase extintas como o mico-leão-da-cara-
dourada, a onça pintada e a jaguatirica.
Do período colonial aos dias de hoje, as florestas da Mata Atlântica estão reduzidas a 7%
de sua cobertura original, com áreas específicas, como as florestas de Araucária, com apenas 1%
da cobertura remanescente.
Para evitar sua extinção, é preciso garantir habitat suficiente para abrigar uma população

de 2000 animais até o ano 2025.

7.2 - CURIOSIDADES SOBRE A MATA ATLÂNTICA

• A Mata Atlântica já cobriu cerca de 12% do território nacional. Hoje, restam apenas cerca
de 7% da cobertura original da Mata.
• Em 1993, um estudo realizado por técnicos do Jardim Botânico de Nova Iorque
identificou, na região da Reserva Biológica de Una, no sul da Bahia, a maior diversidade
de árvores do mundo, com 450 espécies diferentes num só hectare de floresta.
• O primeiro parque nacional brasileiro foi criado em uma área de Mata Atlântica, em 14 de
junho de 1937. O Parque Nacional de Itatiaia fica entre os estados do Rio de Janeiro e
Minas Gerais e abriga 360 espécies de aves (incluindo gaviões, codornas e tucanos) e 67
espécies de mamíferos (como a paca, macacos e preguiças).
• Parte da Mata Atlântica foi reconhecida pela Unesco como Reserva da Biosfera no
começo da década de 90. A Reserva estende-se por cerca de 5 mil quilômetros ao longo
da costa brasileira, com área total de 290 mil quilômetros quadrados.

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8 - ZONAS DE TRANSIÇÃO

Algumas zonas com características específicas, existentes entre os principais biomas


brasileiros, foram identificadas e separadas para facilitar as tarefas e esforços de conservação.
Uma delas é a transição entre o Cerrado e a Amazônia, com área de 414007 km², envolvendo as
florestas secas de Mato Grosso. As florestas de babaçu do Maranhão também foram separadas, na
zona de transição Amazônia-Caatinga, com área de 144583 km². Finalmente, também foi
classificada separadamente a zona encontrada entre a Caatinga e o Cerrado, com 115108 km² de
área.
Entre a Amazônia e o Cerrado está localizada a Mata Seca, ou floresta mesófila
semidecídua. Representa uma forma florestal de manchas inclusas com características comuns do
Cerrado, sendo por vezes contornadas ou ladeadas por manchas desse bioma. Quase sempre seus
maciços ocorrem em locais afastados dos cursos de água ou da umidade permanente, em terrenos
ondulados ou planos. No entanto, os maciços tornam-se menos freqüentes nos declives e dorsos
das elevações acentuadas.
O babaçu (Orbygnia phalerata mart) é uma palmeira nativa das regiões norte e nordeste
do Brasil. Compõe extensas florestas, ocupando áreas onde a floresta primária foi desmatada.
Além do nome babaçu, também é conhecida por bagassú, aguassú e coco de macaco. Ocorre em
uma zona de transição entre as florestas úmidas da bacia amazônica e as terras semi-áridas do
Nordeste brasileiro.
O clima nessa área é bem mais úmido do que na Caatinga, com vegetação mais
exuberante à medida que se avança para o oeste. A vegetação natural é a mata dos cocais, onde se
encontra a palmeira babaçu, da qual é extraído óleo utilizado na fabricação de cosméticos,
margarinas, sabões e lubrificantes. A economia local é basicamente agrícola, predominando as
plantações de arroz nos vales úmidos do estado do Maranhão. Na década de 80, no entanto, teve
início o processo de industrialização da área, com a instalação de indústrias que constituem
extensões dos projetos minerais da Amazônia.
Já na transição entre o Cerrado e a Caatinga pode observar-se uma vegetação mais rica
que a da Caatinga, com florestas de árvores de folhas secas. Naturalmente, o clima é mais seco
que o do Cerrado, com solo mais ressecado e períodos mais intensos sem chuva. A maior parte
desta área está na fronteira do Cerrado com o sertão, no interior de estados nordestinos.

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As ameaças às zonas de transição são semelhantes às observadas nos biomas contíguos a
essas áreas. Em particular, a fronteira Cerrado-Amazônia vem sofrendo pressão por causa da
expansão agropecuária.

CONCLUSÃO

O Brasil concentra cerca de 25% das espécies de animais e vegetais do planeta. Mesmo
sofrendo o impacto de atividades econômicas predatórias, as florestas brasileiras abrigam seres
vivos que ainda não foram catalogados. Caso não haja uma preservação desses biomas, daqui a
trinta anos entre 5% e 10% de espécies de animais e plantas brasileiras serão extintas. Se não
aproveitar economicamente sua riqueza biológica – estimada por economistas do governo em
US$ 2 trilhões –, outras nações poderão usufruir dela pilhando microrganismos, fungos e plantas
para a produção de medicamentos, sem nenhum benefício ao Brasil.
Todavia, nosso país vem cometendo faltas gravíssimas contra a própria biodiversidade.
Dados do governo revelam que uma área de 165000 km² - equivalente aos estados de Santa
Catarina e do Espírito Santo juntos – já foi devastada na Amazônia para agricultura e
abandonada. Além disso, são capturados ilegalmente 38 milhões de animais silvestres por ano.
Agravando ainda mais a ruim situação, do conjunto de biomas, que inclui Mata Atlântica, os
campos sulinos, a caatinga e o pantanal, restam apenas 12% da cobertura original.
Apesar do cenário sombrio, o país age para amenizar e reverter realidade. Existem
projetos de conservação e desenvolvimento sustentável (que considera suas consequências sobre
o ambiente, garantindo a manutenção do equilíbrio ecológico futuro) sob coordenação do
Ministério do Meio Ambiente, de organizações não-governamentais (ongs), de universidades e de
comunidades locais. Porém, com exceção da Amazônia, os demais cinco biomas não têm áreas
protegidas suficientemente para proporcionar a conservação da biodiversidade; as florestas
brasileiras – federais, estaduais ou municipais - estão desamparadas. Faltam proteção,
demarcação e infra-estrutura mínima que permitam uma fiscalização efetiva para evitar invasões,
organizar pesquisas científicas e possibilitar visitas seguras. Para agravar ainda mais a situação,
historicamente, o governo brasileiro tem reservado poucos recursos do orçamento da União para
cuidar das reservas extrativistas e biológicas, florestas e parques nacionais, estações ecológicas,

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áreas de proteção ambiental e monumentos naturais. Assim, caso não haja uma mudança de
opinião pública e de ação do governo, estaremos sujeitos a perder parte de nossos biomas, como,
segundo cálculos, até 2020 25% da Amazônia não mais existirão.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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