Sie sind auf Seite 1von 3

Artigo

Por que sinto necessidade em promover o ateísmo

Jeronimo Lemos de Freitas Filho


para o Acerto de Contas

Quando digo às pessoas que sou ateu, algumas tentam argumentar, primeiro para saber
se ouviram bem o que eu disse e depois para, na melhor das boas intenções,
compartilhar comigo o “bem” que a religião as proporciona. Essas pessoas muitas vezes
não aceitam ou, na melhor das hipóteses, não compreendem como alguém pode viver
bem, sem Deus. A maioria delas inicia um tipo de tentativa de evangelização. Entretanto
quando rebato mostrando que não há evidências que sustentem a existência de seres
supremos, elas argumentam que a fé não deve ser discutida e nem pode ser
compreendida.

O ateísmo reconhece e respeita o direito de todos em acreditar nos espíritos dos


antepassados, no Deus de Abraão, nas divindades do candomblé, nos deuses Indus,
assim como, em Papai Noel, no unicórnio azul, nas sereias, ou em qualquer outra coisa,
se isso ajuda alguém a viver melhor a curta existência humana. Eu por exemplo não vou
querer convencer alguém com mais de 75 anos e que viveu uma vida sofrida e
miserável, de que ele ou ela não vai ter outra vida depois dessa.

Isso pode parecer inofensivo, mas as crenças e doutrinas religiosas tornam-se perigosas
quando elas ameaçam a liberdade e a integridade dos indivíduos ou da sociedade. É por
isso que os ateus são extremamente vigilantes sobre o poder das grandes religiões e
seitas e combatem os seus abusos com todas as suas forças.

Antes de tudo, eu gostaria de dizer que há maneiras diferentes de se acreditar em Deus.

“Um deísta acredita numa inteligência sobrenatural em cujas ações limitaram-se a


estabelecer as leis que governam o universo. O Deus deísta nunca intervém depois, e
certamente não tem interesse específico nas questões humanas.

Um teísta também acredita numa inteligência sobrenatural, mas uma inteligência que,
além de sua obra principal, a de criar o universo, ainda está presente para
supervisionar e influenciar o destino subseqüente de sua criação inicial. Em muitos
sistemas teístas de fé, a divindade está intimamente envolvida nas questões humanas.
Atende a preces; perdoa ou pune pecados; intervém no mundo realizando milagres;
preocupa-se com boas e más ações e sabe quando as fazemos (ou até quando pensamos
em fazê-las).

Os panteístas não acreditam num Deus sobrenatural, mas usam a palavra Deus como
sinônimo não sobrenatural para a natureza, ou para o universo, ou para a ordem que
governa seu funcionamento.

Os deístas diferem dos teístas pelo fato de o Deus deles não atender a preces, não estar
interessado em pecados ou confissões, não ler nossos pensamentos e não intervir com
milagres caprichosos. Diferem dos panteístas pelo fato de que o Deus deísta é uma
espécie de inteligência cósmica, maior que o sinônimo metafórico ou poético dos
panteístas para as leis do universo. O panteísmo é um ateísmo enfeitado. O deísmo é
um teísmo amenizado”, um agnosticismo.

A crença em divindades passa a ser um problema quando as pessoas começam a


acreditar na intervenção de deus no universo, sobretudo na vida da humanidade,
independente do fato delas terem ou não uma religião. Por exemplo: Tem pessoas que
acham as religiões incoerentes, ultrapassadas, surrealistas e inconsistentes e por isso,
conversam diretamente com Deus sem o intermédio de uma religião ou um guia. Esse
monólogo (para ser diálogo, Deus teria que responder) consiste geralmente em pedidos
ou agradecimentos por “graças alcançadas”. O curioso é ver que quando a vida de
muitas dessas pessoas encontra-se no estado tido como um “verdadeiro mar de rosas”
elas se dirigem muito menos a Deus. Isso mostra a forte ligação entre as crenças e as
dificuldades e incertezas da vida e ao grau de instrução das pessoas.

As pessoas são levadas às igrejas, às mesquitas e às sinagogas, desde a primeira


infância, quando elas são inocentes e indefesas e aceitam o que os adultos dizem, sem
questionar. Ainda mais quando esse adulto, o padre, o pastor, o imã, o rabino, é
reconhecido como autoridade e como quem detém o conhecimento e goza do respeito
da sociedade. A criança vê todos aqueles adultos se ajoelhando submissos, rezando,
ouvindo e aceitando tudo. São os seus próprios pais, irmãos e amigos, tios e avós que
estão lá. São as pessoas em quem eles mais confiam. Esse é o fenômeno de grupo, o
fenômeno das massas. As crianças ouvem essas estórias de milagres, de poder, de
bondade, de magia, de céu, de inferno, de diabo, de castigo, do bem contra o mal e
então ficam assustadas, pois se sentem impotentes. Elas têm os seus cérebros lavados e
são levadas a acreditar desde cedo, que não são nada diante de Deus. Todos os
domingos, elas lêem um “Livro Sagrado” com a “Palavra de Deus”. Isso durante anos
só pode resultar numa coisa: Na crença, na lavagem cerebral. A palavra Islã, por
exemplo, significa submissão.

As crianças são rotuladas por pais que dizem que o filho de nove anos é católico, é
muçulmano, é hindu, é judeu. Se perguntarmos qual é o partido político ao qual o
menino se afiliou ou qual é a linha política que ele prefere entre social-democrata,
neoliberal ou extrema direita, a maior parte desses pais vai responder que o filho ainda é
muito pequeno pra essas coisas. Mas então eu me pergunto. Se a criança tem idade pra
ter uma religião, arcando com todas as conseqüências que esta implicará no resto da sua
vida, porque não tem idade para a política? Se analisarmos direito, a política tem um
impacto tão direto e imediato na vida das pessoas quanto a religião. Por influencia da
política ou da religião muitas pessoas tomam decisões que afetam a sociedade como um
todo. Na África do Sul, país com a maior incidência de AIDS per capita no mundo, faz-
se pouco uso do preservativo, por causa de dogmas católicos, pois o Papa J. Paulo II
condenava e o Papa Bento XVI condena o uso de métodos contraceptivos, pregando que
o sexo deve ser feito apenas depois do casamento e unicamente com o cônjuge para fins
reprodutivos. Muito bonita essa visão (pra eles), mas o fato é que milhões foram
infectados pelo HIV por causa disso.

A verdade é que uma criança de nove anos não tem idade nem pra política, nem para
religião. Uma criança ainda não tem capacidade de responder pelos seus atos. Seus pais
as estão privando do livre arbítrio (tão precioso pra o cristão) e do senso crítico. Eles as
estão rotulando, segregando, tornando-as diferentes de muitas outras, e as coitadas não
têm a mínima consciência disso.

Assim elas vão crescer e, se tiverem sorte, boa instrução e inteligência, poderão até
escapar disso. Se não, dependendo do país onde vivam e da religião que sigam, poderão
tornarem-se homens-bomba, se jogarem ao comando de um avião, repleto de inocentes,
em cima de prédios cheios de pessoas igualmente inocentes, invadir salas de clinicas de
aborto e traumatizar ainda mais, uma mãe adolescente que por mil motivos, não se sente
preparada pra levar a termo uma gravidez e que por conta disso decidiu, malgrado a dor,
passar pelo suplício de um aborto. Poderão apedrejar até a morte uma adolescente de
treze anos, como aconteceu recentemente no Paquistão, por ela ter “cometido o erro” de
ser estuprada. Poderão tentar fazer de tudo pra impedir a felicidade de homossexuais,
poderão matar por causa da fé, pondo a premio a vida de uma pessoa por causa de uma
simples caricatura de Maomé. É por isso que eu faço o que posso pra alertar as
pessoas contra todos os males causados pelas religiões e por crenças sem
fundamento.

Os pais dessas crianças, vão se justificar dizendo que o mais importante é o caminho
para o céu, o paraíso, a palavra de Deus, a vida eterna e não a vida terrestre, pois essa
vida aqui é apenas uma passagem. Quando na verdade. Ninguém, ninguém, ninguém,
nunca, jamais, em tempo algum, PROVOU que existe vida após a morte. Dêem a
desculpa que derem, falem do primo, da tia, do colega de um tal fulano, que conheceu
um cara, que tinha uma vizinha, que teve uma tia, que ressuscitou, ou reencarnou, ou se
comunicou desde o “outro lado”. Isso não existe! A vida é aqui, agora. Se fosse
diferente já estaria provado de maneira irrefutável e não existiriam mais ateus. Ha
apenas esta vida! Você pode achar que é duro, que é injusto, mas é assim. As pessoas
não querem aceitar a idéia de ter que deixar de viver, de amar, de sentir prazer, alegria.
E é aí, que dando falsas esperanças, as religiões conseguem atrair tanta gente.

Dentre as dificuldades que eu sentia pra dar o passo pra ser ateu, uma das maiores era
aceitar que quando eu morresse tudo se acabaria par mim. O sucesso das religiões se
baseia justamente nisso. A ilusão de uma vida eterna. Fica difícil pra um ateu competir
com a religião, pois nós não agradamos a quem quer ser iludido com a promessa de
outras vidas. Outras oportunidades. Uma “segunda chance”. Nós somos seres vivos,
somos mamíferos tal qual também o é um cachorro. A grande diferença reside em nossa
capacidade cerebral. Mas quando morrermos acabou-se. Você vai se sentir exatamente
como se sentia antes de nascer.

Jeronimo Lemos de Freitas Filho. Bruxelas 11/10/2010.

Das könnte Ihnen auch gefallen