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A criação de novos Estados no território Brasileiro: agravante

da sobre-representação
Juliana Zalamena
Mestranda em Ciência Política UFRGS POA

“Que Deus me permita ficar vermelho por errar, mas que nunca me deixe
viver amarelo por não tentar”.

O sistema representativo é predominante na democracia moderna. Através dele, o


eleitor transfere seu poder decisório a um representante, que passa, a partir dessa
autorização que se dá pelo voto, a tomar as decisões. Adotado como o mais adequado
nas democracias contemporâneas, o sistema representativo veio a calhar para resolver o
impasse de como operacionalizar o “poder do povo” em territórios grandes com
enormes contingentes populacionais, que impossibilitam a aplicação hoje, da
democracia direta tal qual como era na Grécia Antiga.
No Brasil, uma discussão recorrente é a desproporcionalidade nesta representação. Se
cada homem tem direito a um voto, e o voto de todos tem valor igual perante a lei, já
que os princípios democráticos se assentam na igualdade e na proporcionalidade, não
poderiam haver discrepâncias entre os votos de um Estado Federado em relação a outro.
No caso brasileiro, essa desproporcionalidade existe na Câmara dos Deputados e no
Senado Federal. No Senado, ela é mais simples de entender, já que o sistema eleitoral é
majoritário: o numero de Senadores que representam 8% do eleitorado brasileiro é
maior do que o número de senadores que representam os outros 90%. A paridade entre
os Estados Federados ocasiona que, por exemplo, o território mais populoso tenha o
mesmo número de representantes do menos populoso.
Já na Câmara Federal essa desproporcionalidade é mais discrepante. Ela é
resumidamente, a diferença gritante entre os representantes (o número de deputados por
Estado e Distrito Federal) e representados (população), resultando em unidades sobre-
representadas, o caso dos Estados do Norte e Nordeste, e unidades sub-representadas,
como São Paulo e outros estados do Sul e do Sudeste.
Um outro ponto é agravante no aumento dessa desproporcionalidade: trata-se da criação
de novos Estados Federados. A Constituição Federal estabelece critérios apenas
políticos para criação de um novo Estado, não havendo qualquer exigência em termos
de indicadores populacionais, econômicos ou sociais, sendo necessária apenas a
aprovação da população interessada através de plebiscito, e da Câmara Federal através
de Lei Complementar.
No Brasil, em 1962, foi criado o Acre, em 1979, Mato Grosso do Sul foi desmembrado
de Mato Grosso, e na década de 80, foram instituídos os Estados de Rondônia, Roraima,
Amapá e Tocantins, que foi uma subdivisão de Goiás. Via de regra, todos Estados
pobres e com número baixo de habitantes, mas que passaram a ter direito ao piso de
representação, ou seja, oito deputados. Cinco desses estados significaram o aumento de
40 cadeiras na Câmara Federal, e ainda, a criação de seis novos Estados significou 18
cadeiras adicionais no Senado.
Evidente que a criação de novos Estados vem motivada por vantagens indiscutíveis,
tanto políticas quanto econômicas. As vantagens políticas estão ligadas ao aumento da
representação citado acima, e as econômicas, contemplam a adesão a competências
tributárias exclusivas e ainda, o direito a uma fatia do Fundo de Participação dos
Estados.
Basicamente, dando um exemplo simplório, seria como desmembrar a Região Noroeste
do resto do Rio Grande do Sul, transforma-la em Estado Federativo através de
plebiscito e Lei Complementar, passar a ter direito à arrecadação de impostos
exclusivos, receber parte no FPE, e o mais interessante, passar a ter direito de eleger
oito deputados (no mínimo) e três senadores. Impossível, mas tentador, não?

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