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1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
O crescimento do mercado mundial de pescado, modo geral, tem sido sustentado pela
aqüicultura. A captura em águas salgadas e doces, apesar de responder por cerca de 70% da
produção mundial, tem permanecido estacionada em torno de 93 milhões de toneladas ao
longo dos últimos anos (ORMOND et al, 2004).
Garcia e Moreno (2001) analisam que a estagnação da produção de pescados por
captura decorre da saturação na exploração dos recursos pesqueiros. Em 1999 apenas 25% dos
estoques eram encontrados moderadamente ou subexplorados. Os outros 3/4 já estariam sem
potencial de crescimento e, em alguns casos, até mesmo esgotados, conseqüência da
sobrepesca1.
Segundo McGoddwin (1990), os primeiros registros históricos de sobrepesca foram
observados na costa peruana há 3.000 anos, porém, desde o surgimento do homem até o início
da era moderna, as racionalidades sociais, o baixo nível das tecnologias empregadas na
atividade pesqueira, a baixa demanda por alimentos, em decorrência do reduzido tamanho das
populações da época e a vastidão de espaços pesqueiros disponíveis circunscreveram os casos
de sobreexplotação2 a algumas poucas espécies, notadamente espécies sésseis3 como as ostras
(MARRUL FILHO, 2003).
1
Sobrepesca: É a pesca excessiva, ou seja, além do limite que possibilita a manutenção de um estoque pesqueiro
em explotação. (SILVA & SOUZA, 1998).
2
Sobreexplotação: Tirar proveito econômico de (determinada área), sobretudo quanto aos recursos naturais.
3
Sésseis: Que permanecem aderidas no mesmo local
13
operação condicionadas pelas próprias forças da natureza, passaram a ser movidos por
máquinas a vapor e, mais tarde, por máquinas movidas a combustíveis fósseis, ampliando
assim seus raios de ação e podendo ir até pesqueiros nunca antes explotados. As
transformações tecnológicas e o maquinismo logo atingiram as tarefas de captura, permitindo
o desenvolvimento de grandes redes e equipamentos de auxílio à pesca. Além disso, o
desenvolvimento das tecnologias de resfriamento a bordo proporcionou o aumento do número
de dias que uma embarcação podia passar no mar, assim como a melhora significativa da
qualidade do pescado desembarcado, com fortes reflexos nos preços dos produtos pesqueiros.
Portanto, ampliou-se o poder de captura para limites até então desconhecidos (MARRUL
FILHO, op.cit).
No Pós-Guerra, o poder de pesca das frotas mundiais foi de novo ampliado na medida
em que toda a tecnologia naval desenvolvida com fins militares foi sendo rapidamente
apropriada e adaptada para as embarcações pesqueiras (MARRUL-FILHO, op.cit). A partir
desse momento, surgiram novas técnicas de navegação e localização de cardumes, com a
utilização de radares e ecossondas, e novos avanços nos sistemas de refrigeração que
permitiam o congelamento a bordo. Na atualidade, a navegação orientada por satélite e o uso
incessante de computadores que controlam várias tarefas pesqueiras com precisão, permitiram
um expressivo avanço entre os seres humanos e a natureza, no que se refere à apropriação dos
recursos pesqueiros em termos globais.
De acordo ainda com o autor, o processo iniciado com a Revolução Industrial gerou,
por sua vez, as condições para a penetração e o desenvolvimento do modo de produção
capitalista na atividade pesqueira o qual separando completamente o homem da natureza,
permite desenvolver uma racionalidade utilitarista e produtivista na apropriação dos recursos
pesqueiros.
Esse processo pode ser dividido em dois períodos, seguindo as etapas globais do
desenvolvimento do modo de produção capitalista em suas relações com a natureza, segundo
O`Connor (1994). No primeiro, dominado pela ética da economia de fronteira, prevalece à
lógica de dominação e exploração da natureza, seus bens e serviços, considerada externa ao
capital. Nessa etapa, o aumento constante da produção pesqueira, na proporção direta do
aumento de esforço – movimento típico das fases iniciais das pescarias – consolidou a visão de
inesgotabilidade dos recursos pesqueiros.
14
Tal ressignificação ocorre na fase que o mesmo autor denomina de “fase ecológica do
capital” e constitui base ideológica para uma nova etapa de acumulação e crescimento, sob os
argumentos da gestão e conservação dos elementos da natureza, cuja regeneração agora se faz
“ pelo controle dos regimes de investimento integrados no cálculo racional da produção e
troca, através do milagre do sistema de preços”.
Marrul Filho (2003) ressalta que, diferentemente de outros setores produtivos, a pesca
encontra nos próprios recursos de que se apropria algumas características muito especiais que
atuam de forma contrária à racionalidade que hoje a preside. Assim, cabe destacar que os
recursos pesqueiros não surgem como produto do trabalho humano, pois, “ao contrário da
produção industrial, a reprodução biológica dos cardumes, os quais escapam ao controle do
homem” (DIEGUES, 1983).
uma classe de recursos em que a exclusão é difícil e o uso comum implica rivalidade. (FENNY
et al., 1990).
Em contrapartida Garcia & Grainger (1997) consideram que a natureza dos recursos, a
dinâmica dos setores pesqueiros e a deficiência dos sistemas de manejo são as causas
fundamentais da sobrepesca e da sobrecapitalização, atribuindo responsabilidades
compartilhadas entre o setor produtivo – empresários e pescadores – os cientistas e os gestores
dos recursos.
É nesse contexto que a aqüicultura está cada vez mais sendo inserida no mercado,
pois, tanto nos países em desenvolvimento como em subdesenvolvimento, ela tem caráter
quase exclusivamente empresarial, assim como pode ser parte da economia de subsistência
(PETRERE JR, et al, 1997).
16
desenvolveu técnicas durante trinta anos, suspensas apenas pela II Grande Guerra. A pesquisa
teve ênfase inicialmente ao esclarecimento da morfologia de larvas do camarão Penaeus
japonicus (Bate, 1888); tiveram a brilhante idéia de colocar o camarão fêmea, no período de
maturação, em um aquário onde descarregou seus ovos; então assim, ficou mais fácil a
iniciação das etapas de crescimento do crustáceo para as pesquisas, proporcionado com isso a
etapa inicial para outras pesquisas no ramo da carcinicultura.
Souza Filho (2003) acrescenta que no Sudoeste da Ásia, através de conhecimentos
básicos sobre o camarão, pescadores artesanais construíam diques de terra nas zonas costeiras
para o aprisionamento de pós-larvas selvagens que cresciam nas condições naturais
prevalecentes. Com o aperfeiçoamento das técnicas de cultivo e de reprodução, a atividade
passou a ser praticada comercialmente, apresentando bons resultados e uma conseqüente
expansão mundial, passando, assim, a assumir grande importância econômica e social em
diversos países, principalmente os emergentes.
A criação mundial de camarões se concentra no hemisfério oriental, que responde por
mais de um milhão de toneladas anuais de camarão cultivados majoritariamente em pequenas
propriedades de até 20 hectares, conforme informações da Associação Brasileira de Criadores
de Camarão – ABCC (2004). Dentre os países produtores, destacam-se China, Tailândia,
Vietnã e Indonésia. No oriente, predomina a espécie conhecida por Tigre asiático, Penaeus
monodom, (Fabricius, 1798) enquanto no Brasil prevalece a espécie Litopenaeus vannamei
(Boone, 1931), camarão exótico da Costa do Pacífico (ORMOND et al, 2004).
Conforme Flambot (1988), o desenvolvimento da tecnologia para a criação artificial
de camarão marinho no Brasil teve início no Rio Grande do Norte, na primeira metade da
década de 70, como conseqüência da necessidade de aproveitamento de pequenas e médias
empresas salinas que se tornaram antieconômicas, face à implantação de modernos projetos
para a exploração do sal em grande escala naquele Estado.
Com o patrocínio do Governo estadual, que pretendia, também, solucionar o sério
problema da mão-de-obra liberada após a desativação das salinas deslocadas do mercado com
a implantação dos grandes projetos, foram enviados técnicos ao Japão, Hawaí, Estados Unidos,
México e França, entre outros locais, com a missão de dotar aquele Estado dos conhecimentos
necessários ao desenvolvimento da carcinicultura (FLAMBOT, 1988).
De acordo com ABCC (2004), apesar do esforço inicial, o primeiro projeto de
produção comercial do camarão cultivado ocorreu no período entre 1978 e 1984, quando o
Governo do Rio Grande do Norte importou a espécie de camarão Penaeus japonicus. Isso
fortaleceu o “Projeto Camarão” ocorrendo assim a fase de adaptação e sistematização da
18
espécie exótica às condições locais. Este período foi diagnosticado como a primeira fase do
camarão cultivado no Brasil. Esta espécie teve sucesso por apenas três anos, pois a falta de um
plano abrangente e validações tecnológicas levaram a um fracasso em sua domesticação.
Mesmo diante do insucesso na domesticação do Penaeus japonicus, os esforços de
viabilização da carcinicultura comercial no Brasil continuaram: foram aproveitados os
laboratórios e fazendas carcinicultoras e intensificados os trabalhos com novas espécies de
camarões nativos, ou seja, os do território nacional como o Litopenaeus schmitti (Burkenroad,
1936), Farfantepenaeus subtillis (Pérez-Farfante, 1967) e Farfantepenaeus paulensis (Pérez-
Farfante, 1967). Esse período constitui a segunda fase de cultivo no Brasil (ABCC, 2004).
Os esforços para domesticação e manejo dessas espécies de camarão em viveiros
duraram dez anos, porém os níveis de produtividade não foram suficientes para cobrir os
custos diretos de produção das fazendas com melhor manejo. Assim, através das validações
tecnológicas dessa segunda fase, chegou-se à conclusão de que as espécies nativas não
estavam se adaptando às rações alimentares e foi decidido pela descontinuidade da
domesticação das espécies nativas nacionais (ABCC, 2004). No entanto, um grupo pioneiro de
técnicos e produtores não se desestimulou e buscou a provável solução na espécie exótica (de
outro país) Litopenaeus vannamei, na década de 80, importando pós-larvas e reprodutores
dessa espécie. Em razão disso, os trabalhos de validação tecnológica se acentuaram no início
da década de 90.
Nesse terceiro período, em que os laboratórios brasileiros dominaram a larvicultura e
reprodução do L.vannamei, iniciando assim, sua distribuição comercial de pós-larvas através
das fazendas que anteriormente estavam semiparalisadas e aderiam à espécie exótica, os
índices de produtividade e rentabilidade desta superaram aos das espécies nativas. Desse
modo, foi intensificado ainda mais o processo de adaptação do L.vannamei e, a partir de
1995/1996, ficou demonstrada a viabilidade total e comercial da sua produção no Brasil
(ABCC, op.cit).
Aproximadamente 95% da produção nacional de camarões se concentra na região
Nordeste, além de a região deter também os melhores resultados de produtividade,
confirmando assim o camarão marinho efetivamente como uma nova riqueza do setor primário
que abre perspectivas altamente favoráveis de retomada do desenvolvimento regional
(ROCHA et al, 2004).
Para Flambot (1988) a Amazônia, nesse setor aquícola, oferece ao país um imenso
leque de opções na diversidade biológica, haja vista possuir em seu território cinco
macroecosistemas bem definidos: lacustre, fluvial, estuarino, litorâneo e marítimo, nos quais
19
1.4 OBJETIVOS
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1ª FORÇA
ENTRANTES POTENCIAIS
3ª FORÇA
SUBSTITUTOS
Essas forças têm como intuito permitir aos agentes econômicos a formulação de
estratégias competitivas do mercado, com estudos de caso para setores emergentes, alguns já
22
O modelo apresentado por Porter (op.cit) reflete o fato de que a concorrência não está
limitada aos participantes estabelecidos. Os clientes, fornecedores, substitutos e os entrantes
potenciais são todos “concorrentes” para as empresas, podendo ter maior ou menor
importância, dependendo das circunstâncias. Neste sentido, a concorrência poderia ser definida
como rivalidade ampliada.
23
Outra barreira de entrada são os acessos aos canais de distribuição nos quais uma
barreira pode ser criada pela necessidade do entrante de assegurar a distribuição de seu
produto. Considerando que os canais de distribuição lógicos já estão sendo atendidos pelas
empresas estabelecidas, o entrante precisa persuadir os canais a aceitarem seu produto por
meio de descontos de preço, verbas para campanhas de publicidade em cooperação e coisas
semelhantes, o que reduz os lucros (PORTER, op.cit).
Assim, a força da barreira de entrada também cria uma fonte de desvantagens de custo
independentes de escala, visto que as empresas já estabelecidas criam obstáculos que tornam
praticamente impossíveis serem atingidas vantagens pelas empresas entrantes, mesmo com
economias de escala. Essas vantagens são obtidas através de localizações extremamente
favoráveis para as empresas estabelecidas, com acesso favorável às matérias-primas com
fontes seguras e confiáveis; com uma super tecnologia do produto, com patentes e segredos,e,
até mesmo por declínio nos custos através da experiência no mercado; com aprimoramentos
através dos funcionários com métodos mais eficientes. Logo, a curva de aprendizagem ou de
experiência é cada vez mais aperfeiçoada e reduz custos com distribuição, marketing, e
produção (PORTER, op.cit).
A política governamental entra como uma barreira de entrada importante, uma vez que
limita e até mesmo impede a entrada de certas empresas por determinados trâmites como
licenças de funcionamento e controles de poluição. Isso aumenta os custos iniciais da empresa,
exercendo uma margem de conhecimento para as já estabelecidas sobre a sua entrada em
potencial no mercado e fazendo com que haja estratégias de retaliação para com as entrantes.
Desse modo o entrante necessita esperar a retaliação prevista quanto à reação de seus
concorrentes estabelecidos, pois influenciarão na barreira de ameaça de entrada, de uma
maneira a tentar dissuadir de todas as formas a sua entrada. Muitas das empresas estabelecidas
detêm fatores favoráveis como a experiência de mercado, excedente de caixa, empréstimos a
seu favor, canais de distribuição equilibrados e confiáveis e clientes satisfeitos.
Existem vários fatores que podem ser estruturais para formar uma rivalidade acirrada
entre as indústrias, cujas políticas competitivas podem vir a ser amargas e impiedosas como
cavalheirescas e polidas. Quando os concorrentes são numerosos ou até mesmo quando são
poucas as empresas, existe a possibilidade de sofrerem retaliações, pois cada uma lutará para
abocanhar uma parcela do mercado em que produzem seus insumos.
O poder de negociação dos compradores é uma força segundo a qual estes competem
com a indústria forçando os preços para baixo, barganhando por melhor qualidade ou mais
serviços e jogando os concorrentes uns contra os outros, tudo à custa da rentabilidade da
indústria. O poder de cada grupo importante de compradores da indústria depende de
características quanto à sua situação no mercado e da importância relativa de suas compras na
indústria, em comparação com seus negócios totais.
26
A quinta força é o poder de negociação dos fornecedores. Eles exercem essa pressão
sobre os participantes de uma indústria, ameaçando elevar preços ou reduzir a qualidade dos
bens e serviços fornecidos. Fornecedores poderosos podem, conseqüentemente, reduzir a
rentabilidade de uma indústria em função dos aumentos de custos em seus próprios preços. As
condições que tornam os fornecedores poderosos tendem ser aquelas que tornam os
compradores poderosos, sendo que um grupo fornecedor é poderoso quando é dominado por
poucas companhias, e é mais concentrado do que a indústria para a qual vende. Fornecedores
vendendo para compradores mais fragmentados terão em geral capacidade de exercer
considerável influência em preços, qualidade e condição. (PORTER, 1986).
Assim, modo geral, uma vez determinadas as forças que afetam a concorrência na
indústria e suas causas subjacentes, a empresa está em posição para identificar seus pontos
fracos e fortes em relação à indústria. Qual a posição que a empresa deve ficar em relação aos
seus substitutos? Quais as fontes de barreiras de entrada para se defender?Deve competir com
a rivalidade e possíveis retaliações de concorrentes já existentes?Uma indústria pode mapear
uma estratégia que assume a ofensiva no lugar somente da defensiva? Esta postura é
determinada para fazer algo mais do que simplesmente enfrentar as forças propriamente ditas;
ela visa alterar suas causas.
É nesse sentido que a presente teoria irá subsidiar o trabalho na identificação dos
pontos fortes e fracos, ameaças e oportunidades na carcinicultura do Litopenaeus vannamei no
Estado do Pará.
27
3 METODOLOGIA
No período 1993/2003, foi um dos Estados que mais contribuiu para a ampliação da
produção nacional. Ao passar de uma produção de 82,1 mil toneladas, em 1993, para 174,2 mil
toneladas, em 2002, o Estado exibiu uma taxa de crescimento de 10,6% ao ano, sobejamente
superior ao crescimento observado no país que foi de 4,39% ao ano, na maior parte das outras
regiões do país (SANTOS et al, 2004 e SANTOS et al, 2005).
A mesorregião nordeste do Estado do Pará é muito rica por ser uma área estuarina e
será utilizada como base desse trabalho, especificamente na Vila de Caratateua, na fazenda
Nossa Senhora de Fátima, no município de Curuçá.
28
Fig
ura
2-
Os dados primários utilizados no trabalho foram obtidos por meio de entrevista com
os agentes que compõem a cadeia produtiva da carcinicultura no Estado do Pará, como
empresários e fazendeiros do setor.
Após a conclusão dos levantamentos, foram constituídos dois bancos de dados para
armazenamento dos dados de natureza primária e secundária.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A produção mundial da pesca por captura, na atualidade, está em torno de 101 milhões
de toneladas de pescado para o consumo humano (FAO, 2008). Na Figura 3, demonstra-se a
evolução da produção mundial por captura na pesca extrativa e aqüicultura, na qual se percebe
que as flutuações na pesca extrativa obtêm oscilações decorrentes dos estoques explotáveis.
Conforme Garcia e Moreno (2001) analisam, a estagnação da produção de pescados por
captura extrativa decorre da saturação na exploração dos recursos pesqueiros, demonstram
ainda mais a viabilidade da aqüicultura como setor em crescimento.
30
120000000
Pesca extrativa
Aquicultura
100000000
80000000
el
(t
(t
(t
T
o
n
d
a
a
s
60000000
40000000
20000000
0
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Ano
Figura 3 - Produção mundial por captura da Pesca Extrativa e Aqüicultura, 1994 a 2003.
Fonte: FAO (2008).
Aquicultura
25,7%
Figura 4 - Distribuição mundial da produção de pescado por captura (Pesca Extrativa) e Aqüicultura,
1998 a 2007.
Fonte: FAO (2008)
20000000
PRO
DUÇ
ÃO
(T)
15000000
10000000
5000000
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
ANO
Figura 5 - Produção mundial de aqüicultura por ambiente de cultivo, 1994 a 2003.
Fonte: FAO (2008)
Na figura 7, o destaque vai para as capturas mundiais segmentadas por área, como os
peixes, seguidos de crustáceos, moluscos e outros organismos aquáticos, com posições de
destaque para maior valor agregado e obtenção de maior produtividade para a pesca por
captura dos peixes e moluscos seguidos dos crustáceos no período de 2001 a 2007.
34
120000000 Peixes
Crustáceos
100000000 Moluscos
Outros organismos
CAPTURA (T)
aquáticos
80000000
60000000
40000000
20000000
Figura 7: Captura mundial (Peixes, moluscos, crustáceos, outros organismos aquáticos), 1997 - 2003 .
Fonte: FAO (2008)
continuam ocupando os primeiros lugares em 2005 como em 2006. A produção por captura
declarada pela China vem se mantendo bastante estável desde 2000 e a tendência ao Peru
segue dependendo, em grande escala, das variações nas capturas da espécie anchoveta, Anchoa
spinifer (Valencienes, 1848).
China
Peru
Estados Unidos
Indonésia
Figura 8 – Produção marinha e continental dos dez principais países produtores no ano de 2006.
Fonte: FAO (2008)
Japão
Chile
Ainda de acordo com a FAO (1999), o estado de explotação dos principais recursos
pesqueiros, os quais tem sido objeto de avaliação, e sobre os quais mais se dispõe de
informações, vem se mantido praticamente inalterado desde o início dos anos de 1990. Assim,
Índia
confirma-se o fato, já divulgado pelo documento Estado Mundial das Pescarias, em sua versão
de 1997, de que 44% das principais pescarias mundiais estão totalmente explotadas e, portanto,
Federação Russia
as capturas se encontram no nível máximo ou muito próximo dele, o que significa que não se 3,
prevêem margens para expansão.
Noruega 2,7
36
Conforme Petrere Jr, et al (1997), uma das vantagens que a aqüicultura oferece, tanto
para o produtor quanto para o consumidor, é a segurança da oferta no espaço e no tempo, pois
a pesca extrativa está sujeita às variações de abundância, às portarias normativas que impedem
as pescarias mais lucrativas na época da desova, às avarias dos barcos e aparelhos, fatores que
tornam a atividade intermitente.
O Brasil possui cerca de 8.500 km de linha real de litoral e certo número de ilhas,
totalizando 3,5 milhões de km² de ZEE (Zona Econômica Exclusiva), a qual se estende desde o
Cabo Orange (5º N) até o Chuí (34º S), situando-se, na maior parte, nas regiões tropicais e
subtropicais (Dias-Neto & Dornelles, 1996).
37
O mesmo autor afirma que a pesca nacional está colocada entre as quatro maiores
fontes de fornecimento de proteína animal para o consumo humano. A produção oriunda do
mar contribuiu, no período de 1975 a 1994, com um mínimo de 67,7% e um máximo de 85,2%
da produção total do pescado no Brasil.
Não se pode dizer o mesmo quando se considera essa atividade como geradora de
emprego e de alimentos para um expressivo contingente de brasileiros que vivem no litoral e
áreas ribeirinhas. A pesca nacional é uma das poucas atividades que absorve mão-de-obra de
pouca ou nenhuma qualificação, quer seja de origem rural ou urbana. Em alguns casos, é a
única oportunidade de emprego para certos grupos de indivíduos e para a população excluída.
Esses fatos indiscutíveis, associados àqueles demais indicadores, transformam a pesca nacional
38
As últimas análises da FAO (2008) só tornam mais complicado o quadro anterior, uma
vez que a situação dos recursos pesqueiros marítimos que suportam as principais capturas,
tanto da pesca marítima mundial quanto da brasileira, só se agravou nestes últimos anos.
explotação, ou muito próxima a este e, com isto, havendo um destaque nas evoluções da
aqüicultura.
1.200.000
Marinha Continental Aquicultura Produção Total (t)
1.000.000
800.000
600.000
400.000
200.000
Figura 9 - Produção total (t) da pesca extrativa e da aqüicultura em águas marinhas e continentais,
2001 -2007.
Fonte: IBAMA, 2008.
Na figura 10, descreve-se, uma síntese da situação do uso dos recursos estuarinos e
marinhos que suportam as principais pescarias brasileiras, de acordo com a distribuição
espacial, enfatizando sobrepesca para as espécies lagosta-vermelha, Panulinus argus (Latreille,
1804) (N – NE), lagosta-verde, Panulinus laevicauda (Latreille, 1817) (N - NE), sardinha-
verdadeira, Sardinella brasiliensis (Steindachner, 1879) (SE - S), camarão-rosa,
41
4
Peixes demersais: Compreende o conjunto das espécies explotadas: corvina, castanha, pescada-olhuda e
pescadinha – real.
42
decréscimo analisada por Dias-Neto & Dornelles (1996). A quantidade exportada passou de
62.130t, em 1985, para 35.561t em 1994, equivalendo ao valor de US$ 176 milhões e US$ 168
milhões, respectivamente. Em contrapartida, as importações, neste período, apresentam uma
forte tendência de crescimento, passando de 38.624t, em 1985, para 157.462t em 1994,
equivalendo, respectivamente, a US$ 45 milhões e US$ 229 milhões.
Os dados de exportação dos anos de 1998 e 1999 mostram que as quantidades foram
de 31.635t e 36.361t, enquanto os valores foram de US$ 121 milhões e US$ 137 milhões,
respectivamente, aparentando, uma leve recuperação no último ano (IBAMA, 2000 e 2001).
Os dados de 1998 e 1999 mostraram que a tendência de crescimento das importações
continuou, apesar do decréscimo ocorrido no último ano. As quantidades atingiram 197.366t e
168.960t, enquanto os valores chegaram a US$ 433 milhões e US$ 288 milhões,
respectivamente (IBAMA, 2000).
De acordo com dados estatísticos do Ibama (2008), ilustrados na Figura 11, no ano de
2007, a balança comercial registrou um saldo positivo de US$ 224,6 milhões, 61,39% maior
que o verificado em 2006, resultado da diferença entre as exportações, no montante de US$
427,5 milhões, e as importações, no valor de US$ 202,9 milhões, conforme apresentado na
Figura 11. O seguinte desempenho ocorreu não só em virtude do crescimento significativo do
volume das exportações (15,64%), mas também pelo baixo crescimento no volume das
importações (2,93%). O crescimento das exportações, no ano de 2003, foi de 21,31%,
enquanto as importações decresceram 4,82%, em relação a 2006.
500.000
400.000
300.000
200.000
100.000
US
0
$
-200.000
-300.000
-400.000
Para o ano de 2007, observou-se uma ligeira recuperação (US$ 3,759/t), porém muito
distante dos preços praticados no início da década. Este fato contribuiu para que o superávit na
balança comercial brasileira de produtos pesqueiros não se mostrasse mais expressivo, uma
vez que foi feito um esforço significativo em aumentar as exportações em 15.384 t de pescado.
200.000
150.000
US$
100.000
50.000
2006 2007
Registra-se que, em 2007, também houve uma ligeira queda na participação do valor
das exportações dirigidas a outros países que não os tradicionais, assim como uma diminuição
no número de países para os quais o Brasil vende os produtos pesqueiros.
camarões congelados ao exterior aumentou em US$ 69,6 milhões, respondendo por mais da
metade (57,2%) das exportações do setor.
300.000
250.000
200.000
US$
150.000
100.000
50.000
2006 2007
Camarões congelados
Lagosta congelada
Outs.Peixes Frescos, Refrig.Exc.Files, Outs.Carnes
Outs.Peixes Congelados, Exc.Files, Outs.Carnes,Etc.
Extratos e Sucos, de Carnes, de Peixes, de Crustáceos, Etc.
Prep/Conservas, de Atuns, Inteiros, ou em Pedaç.
Outs.Tipos de Pescados
120.000
100.000
80.000
US$
60.000
40.000
20.000
2006 2007
Nas exportações o Rio Grande do Norte, assim como em 2005, em 2007, teve um
crescimento considerável, não só em termos de quantidade (40%), como também em valores
(31,4%). As vendas ao exterior representaram 41,8% da produção estadual pesqueira
(56.231,5t). Analisou-se, ainda, que entre os nove principais estados exportadores, cinco são
da região Nordeste, responsáveis por 69,2% das exportações totais de pescado. Quanto aos
demais estados, operou-se alguma alteração em suas participações no ano de 2007, sem,
contudo, alterar o desempenho das exportações em suas respectivas Unidades, com exceção da
Bahia, que assumiu a quinta posição e teve suas vendas ao exterior aumentadas em US$ 3,5
milhões.
Na Tabela 1, cabe consignar que, da listagem arrolada, doze empresas estão ligadas
exclusivamente a carcinicultura. Destaca-se, também, que das 23 empresas que exportaram
igual ou acima de cinco milhões de dólares, quase a totalidade (20) estão localizadas no
Nordeste brasileiro. Observou-se que a empresa EMPAF – Empresa de Armazenagem
47
Frigorífica Ltda – primeira no ranking desde 2003, vem aumentando sua participação no
mercado exportador. De fato, em 2007, foi responsável por 11% das vendas brasileiras de
pescado ao exterior.
4.4 CARCINICULTURA
Nas Américas, o Brasil em 2007, manteve a liderança com 90,2 mil toneladas, ficando
o Equador em segundo lugar, com 81 mil toneladas e, depois, o México com 38 mil toneladas.
Destaca-se a grande vantagem comparativa do Brasil em termos de produtividade (6.084
kg/ha/ano), que é quase nove vezes a produtividade média mundial (958 kg/ha/ano)
(ARAGÃO, 2007).
140.000
120.000
100.000
PRODUÇÃO (t)
80.000
60.000
40.000
20.000
queda na produção, que o mercado europeu está concentrado em dois países, Espanha e
França, embora a Itália venha apresentando incrementos nas suas importações.
Note-se ainda que os mercados, nestes países, são muito influenciados pela oferta do
camarão vermelho capturado na Argentina, cuja produção oscila muito de ano para ano. Nos
anos em que a oferta deste camarão é grande, a tendência é de queda na produção e nos preços
do camarão marinho de cultivo, conforme demonstra a Figura 16. (ARAGÃO, 2007).
Matrizes Rações e
Artemias
Matrizes importadas
ou coletadas em
ambiente natural
Larvicultura
Pós-Larvas
Matrizes
Pesca
Engorda
Camarões adultos
Camarões
adultos
Processamento
Congelados, Resfriados e
Pré-processados
Mercado Mercado
Internacional Doméstico
estágios em que os náuplios eclodem dos ovos, utilizando antenas como forma de
movimentação; a seguir, passam por um segundo período se transformando em protozoéa e se
alimentando de algas unicelulares; depois dessa fase passam para o estágio mísis, quando a
carapaça passa a recobrir todo o tórax, alimentando-se de fito plâncton – nessa etapa eles
crescem um pouco mais –; e, finalmente, a fase larval termina e o camarão é considerado uma
pós-larva (PL’s) (BARBIERI JR & OSTRENSKY NETO, 2001).
Enfatiza-se que o camarão proveniente da pesca extrativa pode ser enviado para
processamento e distribuído para o mercado externo e interno, assim como pode não ser
processado e comercializado diretamente no mercado interno.
Com a chegada dos pós-larvas nas fazendas, é feito o povoamento dos mesmos,
entrando, assim, o período de engorda da espécie para posterior despesca, ou seja, a retirada
total do camarão para o processamento. Nesse ponto, são levados às empresas para serem
congelados, refinados e pré-processados, sendo, a seguir, distribuídos para o mercado externo
e interno (ORMOND et al, 2004).
1ª FORÇA
ENTRANTES POTENCIAIS
1º Fazenda Camasa
2º Fazenda Camalta
3ª FORÇA
SUBSTITUTOS
1º Farfantepenaeus
subtilis
(Camarão rosa)
O clima é tropical úmido, a umidade média anual é de 80% e os ventos são acentuados
no verão, direção predominante do quadrante nordeste. A temperatura média anual fica em
torno de 27,7ºC, variando ao longo de 26 (8º C a 28,0º C). A temperatura média das máximas
varia de 30º C a 32, 1ºC, e a média máxima anual de 31,7ºC. A temperatura mínima média
anual de 25,2ºC e a média das mínimas oscilam de 24,1ºC a 26,0ºC; portanto, o clima é
caracterizado como litorâneo quente e tropical.
A salinidade da água, medida ao longo de dois anos, demonstra ser oligohalina, ou
seja, nem totalmente doce, nem totalmente salgada, mas sim salobre.
5
Biota: Todas as espécies de plantas e animais que vivem em uma determinada área.
59
- Lei Nº. 7.803 de 18/07/89 – Altera a redação da Lei Nº. 4.771 de 15/09/65, e cujo
novo enunciado dispõe sobre a largura mínima da faixa marginal dos cursos d’água e sobre a
reserva legal.
Viveiros
A área ideal escolhida para a implantação dos viveiros foi próxima a estuários,
conforme a Figura 20, genericamente definida, como sendo o local onde os rios deságuam nos
oceanos, constituindo-se uma zona de transição, sujeita a mudanças rápidas nas suas
características hidrológicas. Um fator determinante para a escolha deste local foi o
conhecimento da amplitude e das variações de marés (fluxo e refluxo), tornando-se muito
importante para a manutenção dos viveiros, pois será de fácil captação da água estuarina.
O tipo de solo dos viveiros apresenta graus de salinidade, alcalinidade e/ou matéria
orgânica, apresentando características argiloso-arenoso, e foram totalmente limpos de
vegetação, tocos e raízes para que o cultivo dos camarões seja técnico-economicamente viável.
60
Abastecimento
Essa etapa é de extrema importância para o cultivo do camarão, pois é feita através
do monitoramento diário por um Engenheiro de pesca ou técnico especializado, com leitura da:
monitoramento é o fato de esse crustáceo não se adaptar a salinidades com menos de 1 ppt ou
água doce, pois seu crescimento tende a declinar.
- pH: O pH da água é a medida de sua acidez e o valor ideal está entre 7,2 a 8,2.
- Oxigênio e Gás Carbônico: São monitorados porque são os gases mais importantes em
aqüicultura de viveiros. As concentrações de equilíbrio do oxigênio dissolvido na água
decrescem com o aumento da temperatura e da salinidade. Os camarões podem tolerar
concentração de oxigênio dissolvido por um determinado período, mas tal concentração poderá
causar-lhes estresse, passando com isso a não se alimentarem bem e ficarem sujeitos a
doenças. As concentrações de gás carbônico raramente são altas o suficiente para prejudicar os
camarões, mas longas exposições a concentrações acima de 10mg/l por vários dias devem ser
evitadas.
Fertilização
A técnica utilizada para o cultivo dos camarões é a de fertilização orgânica ou
inorgânica, de maneira que propicie um bom desenvolvimento para a população fito e
zoobentônica7, servindo de base alimentar para os camarões. Esse método no cultivo é feito
cuidadosamente, sendo necessário uma fertilização inicial e de manutenção através de uréia,
esterco de galinha e esterco de gado.
Após a fertilização inicial, são aguardados de 5 a 25 dias para realizar o povoamento
dos camarões, e o nível d’água deverá estar em torno de 1,0m.
A uréia e os fertilizantes amoniacais são populares e de baixo custo, mas se utilizados
em doses altas, podem causar toxidez por amônia.
Povoamento
6
Fitoplânctons: Comunidade vegetal microscópica, que flutua livremente nas diversas colunas da água; p. ex. algas verdes,
azuis e diatomáceas (SILVA e SOUZA, 1998).
7
Zoobentônica (zoobenthos): Organismos bentônicos, que vivem no sedimento aquático ou que utilizam outras estruturas
como substrato (SILVA e SOUZA, 1998).
62
Para realização do povoamento dos camarões nos viveiros, é necessária a compra dos
pós-larvas em laboratórios de larvicultura. As informações quanto à salinidade da água dos
viveiros são fornecidas ao laboratório, assim como é realizado um cuidado com a aclimatação
dos pós-larvas durante o povoamento. A temperatura da água dos recipientes em que se
encontram as pós-larvas deve se tornar igual à temperatura da água dos viveiros, misturando-se
aos poucos até o completo povoamento, conforme a Figura 21.
Biometria e Biomassa
63
Renovação da água
Uso de ração
gr
PL’S RAÇÃO
(2 ha) (gramas)
14
12
2 ha
Figura 22 – Ilustração esquemática da alimentação do camarão cultivado.
Fonte: Dados de Pesquisa
Aeração
65
Esse tipo de técnica tem a função de aumentar a taxa de oxigênio na água dos
viveiros e são utilizados equipamentos aeradores, movidos à energia elétrica com a finalidade
de prevenir a mortandade do camarão quando ocorre falta de oxigênio. O horário mais comum
para aeração é entre meia noite e o amanhecer quando as concentrações de oxigênio dissolvido
são mais baixas.
Tempo de cultivo
O cultivo do camarão depende muito do mercado ao qual ele irá se direcionar, dentro
de 90 a 110 dias o camarão atinge aproximadamente 12g e está pronto para comercialização
com preferência para os E.U.A. Quando se utilizam mais de 150 dias, ou 6 a 7 meses, o
camarão pesa em torno de 20g e a preferência é Européia. Como dado de pesquisa, analisamos
o ciclo produtivo da fazenda, no período de novembro de 2006 a junho de 2007, com destino
para o mercado europeu; o ciclo produtivo seguinte foi de 90 dias e supriu o mercado interno.
Produção/ Produtividade:
Despesca
Foi fundada na década de 80 pela família Okagima, assessorada pelo Dr. Fernando da
Cruz Flambot, passando, em 2000, para outro proprietário, que manteve todas as técnicas de
cultivo anteriores.
Localizada na mesorregião do nordeste paraense, no município de Curuçá, na
localidade de Curuperé, na microrregião do salgado no Estado do Pará, conta com 05 viveiros
em 15,8 hectares de terra.
a) Ciclo Produtivo:
Mantém o mesmo ciclo produtivo descrito pela fazenda Nossa Senhora de Fátima,
com exceção do abastecimento de água para os viveiros que são feitos de maneira natural, ou
seja, realizado através do fluxo e refluxo de maré.
b) Produção / Produtividade:
a) Ciclo Produtivo:
Mantém o mesmo ciclo produtivo descrito pela fazenda Nossa Senhora de Fátima.
b) Produção / Produtividade:
Os produtos substitutos são aqueles que podem vir a tornar obsoletos os produtos
vigentes em um mercado competitivo.
Uma das espécies que aponta como de maior viabilidade técnica e econômica para a
Região Norte do Brasil como provável coadjuvante substituto à espécie Litopenaues vannamei,
é o camarão-rosa (Farfantepenaeus subtilis), espécie nativa da costa brasileira e que ocorre ao
longo da costa atlântica das Américas Central e do Sul; de Cuba a Cabo Frio, Rio de Janeiro, o
camarão-rosa é geralmente encontrado a profundidades que variam de 1 a 192 metros.
Os principais aspectos que têm levado a espécie do F. subtilis aos experimentos é
devido ser uma espécie nativa da região, de onde poderão ser retirados seus reprodutores sem
haver problemas de consangüinidade como é o caso do L. vannamei. Ao longo dos anos
bancos de reprodutores desta, vêm perdendo suas aptidões, já que a dependência contínua de
animais mantidos em viveiros por muitas gerações leva à consangüinidade, por ser uma
espécie exótica, levando, com o decorrer do tempo, em perda gradual das características
genéticas originais da espécie (MAIA, 2003).
Outro aspecto ligado à espécie que merece atenção diz respeito aos preços do
Litopenaeus .vannamei nos mercados internacionais, os quais têm estado sob pressão devido às
grandes produções provenientes dos países asiáticos, e também a um imenso jogo de
informações contraditórias, praticado pelos países importadores. Em contrapartida, os preços
para o camarão-rosa (Farfantepenaeus subtilis) e o Farfantpenaeus brasiliensis,(Latreille,
1817), tem sido mais altos, se comparados aos preços do camarão L. vannamei.
Em busca de respostas aos diversos questionamentos sobre a viabilidade comercial do
F. subtilis, um experimento de cultivo intensivo foi idealizado e desenvolvido na estação
experimental da Fazenda Compescal, localizada em Aracati – CE. Para tanto, quatro viveiros
de terra foram previamente preparados para garantirem o adequado suprimento alimentar
natural, à base de organismos vegetais e animais.
Os animais permaneceram nos primeiros 15 dias, em tanques berçários, antes de serem
estocados nos viveiros de terra. Nesse período, foram alimentados com biomassa de artêmia 8 e
8
Artêmia: Pequeno crustáceo desprovido de esqueleto calcário, cosmopolita, utilizados na forma de náuplio e
adulto utilizado no cultivo de camarões, devido ao seu alto valor nutritivo (SILVA & SOUZA, 1998).
70
ração comercial contendo 35% de proteína bruta. Os viveiros foram equipados com aeradores
de palheta.
De acordo com Maia (2003), os resultados obtidos pela fazenda Compescal foram os
seguintes:
- A atratabilidade das rações comerciais empregadas foi positiva, pois todo alimento
ofertado nas bandejas foi totalmente consumido durante todo o processo de engorda.
- Quanto à adaptação da espécie, às rações, existe a necessidade de melhorias, uma vez
que o crescimento ocorreu linearmente até que os animais atingissem o peso médio de 5 a 6
gramas, decrescendo de modo mais significativo após atingirem 6 a 8 gramas.
- A adaptabilidade da espécie ao sistema de engorda intensiva foi bastante positiva,
indicando a possibilidade concreta da sua cultura em densidades de estocagem semelhantes às
praticadas para L.vannamei.
- As taxas de conversão alimentar foram excessivamente altas em comparação às
obtidas para o L.vannamei. Isso indica a necessidade de estudos específicos sobre as
71
No estado do Pará, está sendo idealizado, através do Centro de Pesquisa e Gestão dos
Recursos Pesqueiros do Litoral Norte – CEPNOR, um projeto experimental e desenvolvido
inicialmente na estação experimental de Cuiarana, de propriedade da Universidade Federal
Rural da Amazônia – UFRA, localizada no município de Salinópolis/PA, em parceria com a
Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA, Agência de Desenvolvimento da
Amazônia – ADA e Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA. O projeto tem como
principal objetivo desenvolver tecnologia ambientalmente sustentável e promover o cultivo da
espécie de camarão-rosa (Farfantepenaeus subtilis) na costa Norte do Brasil.
Esse projeto terá duração de 36 meses e suas principais metas são: desenvolver
técnicas de maturação e desova de fêmeas do camarão-rosa em cativeiro; estabelecer
metodologia de cultivo de larvas do F. subtilis; identificar as demandas nutricionais; aprimorar
a alimentação artificial; realizar zoneamento ecológico-econômico; desenvolver tecnologia de
redução de efluentes; e desenvolver alternativas econômicas de cultivo de camarão para
inclusão das populações tradicionais e de pescadores.
a) Biologia:
Fêmeas maduras de F. subtilis são encontradas e distribuídas por toda a costa do Norte
e Nordeste do Brasil, verificando-se uma reprodução contínua ao longo do ano, mas com
evidências de dois períodos de maior ocorrência na Região Norte: Fevereiro-Abril e Julho-
Agosto (CINTRA, 2004).
Ainda Cintra (2004) estimou que as fêmeas de camarão rosa, completam a primeira
maturidade gonadal, ou seja, sua maturidade sexual, ao atingirem um comprimento médio total
135,5 mm.
73
b) Vantagens da espécie:
Mesmo sendo uma alternativa ao L .vannamei, a espécie não tem se adaptado bem às
dietas comerciais disponíveis no Brasil, que foram especificamente formuladas para o L
.vannamei. Embora consumia muito bem estas rações ao longo do seu período de cultivo em
cativeiro, ocorre uma elevação nas taxas de conversão alimentar.
Por outro lado, apesar dos poucos insumos tecnológicos disponíveis para o F. subtilis,
são alentadoras as suas perspectivas econômicas em relação ao L. vannamei. Este apresenta
seus preços de comercialização no exterior fortemente pressionados pelas grandes produções
dos países asiáticos; já os preços para o camarão-rosa têm sido mais altos se comparados ao do
L. vannamei, apresentando uma diferença de 87% em favor daquele.
Diante das perspectivas apresentadas, o Estado do Pará está sendo contemplado com
esse experimento paulatinamente inserido no mercado, incluindo técnicas e metodologias de
cultivo do F. subitilis como alternativa ambientalmente saudável ao desenvolvimento da
atividade de carcinicultura, com intuito de melhorar a produtividade e ter melhores
rendimentos na comercialização do camarão cultivado.
Esta força se refere às empresas que negociam a produção total das fazendas e operam
com o processamento do produto para comercialização externa ou interna.
74
Atualmente, existem três empresas atuando nessa linha de mercado no Estado do Pará:
A empresa Pesqueira Maguary foi fundada em 1999 e é uma das maiores empresas da
pesca industrial, situada no Distrito de Icoaraci, em Belém do Pará. Tem o apoio de 60
embarcações próprias, para pesca do camarão, pargo, lagosta e outras espécies de pescados,
que são industrializados no seu próprio parque industrial.
No ano de 2004, a Pesqueira Maguary firmou contrato no início do ciclo produtivo
do L.vannamei com a fazenda carcinocultora São Paulo. A produção total na despesca desta foi
entregue à Pesqueira, e o camarão de 12 g foi fixado em um preço de R$ 8,00/kg. No contrato
foram cobertas as despesas da fazenda com fornecedores de pós-larvas e ração. Com a fazenda
Nossa Senhora de Fátima, no ano de 2004, foi firmado contrato com o mesmo sistema da
fazenda anterior, diferenciando-se apenas no peso do camarão marinho que era de 19 g a um
preço de US$ 4,85/kg.
Essa negociação com as fazendas carcinocultoras, em pauta, representou para a
empresa 0,59 % do total de sua produção de pescados em geral.
75
HABITAT
CAPTURA E DESPESCA
MANUSEIO
ESTOCAGEM A
BORDO/ACONDICIONAMENTO
TRANSPORTE
DESCARGA
PESAGEM 1
RECEPÇÃO
CÂMARA DE ESPERA
76
DESCONGELAMENTO /
LAVAGEM
RESFRIAMENTO
LAVAGEM
CLASSIFICAÇÃO MECÂNICA
CLASSIFICAÇÃO MANUAL
EMBALAGEM PRIMÁRIA
PESAGEM II
GLAZEAMENTO
EMBALAGEM FINAL
ESTOCAGEM
EXPEDIÇÃO
Esta força se refere às empresas que fornecem os insumos para iniciação do ciclo
produtivo da carcinicultura que são as PL`s (pós-larvas) do camarão e a ração para engorda.
a) Pós-larva:
b) Ração:
5 CONCLUSÕES
A partir dos resultados da pesquisa e com base no modelo teórico empregado, foi
possível, como conclusões, identificar os pontos fortes, os pontos fracos, as ameaças e as
oportunidades que caracterizam o ambiente de negócios da cadeia produtiva da carcinicultura
do Litopenaeus vannamei no Estado do Pará, sintetizados a seguir:
Pontos fortes:
Pontos fracos:
Ameaças:
Oportunidades:
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