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Concepções de Professores de Educação a Distância Sobre

Avaliação da Aprendizagem
Claudio Zarate Sanavria1, Claudia Maria de Lima2
1
Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal (UNIDERP)
Rua Ceará 333 Bairro Miguel Couto – Campo Grande – MS – Brasil
2
Departamento de Educação – Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho
(UNESP) – Rua Cristovão Colombo 2265 - São José do Rio Preto – SP – Brasil
claudiosanavria@gmail.com, claudiamarialima@uol.com.br

Abstract. This paper describes an investigation of professor’s conceptions


concerning the learning evaluation process in Distance Education
environments, searching the epistemological foundations of these conceptions.
On a qualitative approach of descriptive-explanative nature, 11 professors
from a private higher education institution were interviewed and the results
show some difficulties on dealing with the lack of the students on a
conventional classroom, implying on a change of the relation between
professor and student. Professors comprehend the peculiarities of Distance
Education, but some of them still reflects presential model on its practice.

Resumo. Este artigo descreve uma investigação das concepções dos


professores de ensino superior no que tange a avaliação da aprendizagem em
ambientes de Educação a Distância, buscando os fundamentos
epistemológicos presentes nessas concepções. Dentro de uma abordagem
qualitativa de natureza descritivo-explicativa, 11 professores de uma
instituição de ensino superior privada foram questionados e os resultados
apontam para uma dificuldade em lidar com a não presença do aluno numa
sala de aula convencional, o que muda a relação afetiva que se estabelece
entre o professor e o aluno. Os professores compreendem as peculiaridades
da EAD, mas parte deles ainda reflete em sua prática o modelo presencial.

1. Introdução
A Educação a Distância (EAD) é um tema que ganha cada vez mais espaço nas
pesquisas educacionais. O advento das tecnologias da informação e comunicação (TIC)
impulsionou essa modalidade de ensino, que deixou de ter um caráter emergencial para
se consolidar como uma alternativa na formação inicial e continuada de profissionais.
O Brasil vivencia um crescimento de 150% no número de alunos atendidos pela
Educação a Distância no período 2004-2006, assim como um aumento de 36% na
quantidade de instituições credenciadas a oferecer cursos a distância, segundo
AbraEAD (2007). A tabela 1 apresenta os números do crescimento das instituições
credenciadas e alunos atendidos.
Tabela 1: Crescimento do número de instituições autorizadas pelo Sistema de
Ensino (MEC e CEFs) a praticar a EAD e de seus alunos, de acordo com levantamento da
AbrEAD 2004-2006.
2004 2005 2006 Cresciment
o 2004-2006

Número de instituições autorizadas ou 166 217 225 36%


com cursos credenciados

Número de alunos nas instituições 309.957 504.204 778.458 150%


Fonte: AbraEAD (2007).

Ainda segundo os dados do AbraEAD (2007), a maioria dos credenciamentos


refere-se ao nível federal (cursos de graduação e pós-graduação) e as regiões com as
maiores concentrações de alunos são a região Sul e Sudeste que, juntas, abrangem quase
65% dos alunos atendidos. Entretanto, a instituição com o maior número de alunos é a
Universidade de Brasília, que desde 1979 investe nesse formato e, em 2006, teve 75.683
matrículas em 45 projetos de Educação a Distância. As instituições de ensino superior,
após a regulamentação de 2004, estão expandindo a oferta de disciplinas semi-
presenciais do currículo regular de seus cursos presenciais por meio de diversas
estratégias de implantação, segundo Duarte (2006).
Duarte (2006) afirma que há uma grande carência de dados quantitativos e
qualitativos sobre a presença da EAD no sistema de Educação Superior. Moran (2007)
corrobora afirmando que é muito difícil fazer uma avaliação abrangente e objetiva do
ensino superior a distância no Brasil, pela rapidez com que ela se expande nestes
últimos anos, porque a maior parte das pesquisas foca experiências isoladas e porque há
um contínua inter-aprendizagem, as instituições aprendem com as outras e evoluem
rapidamente nas suas propostas pedagógicas.
Neste contexto, a avaliação da aprendizagem dos alunos tornou-se um tema com
amplas discussões no planejamento e execução das propostas pedagógicas dos cursos à
distância. Cerny e Ern (2001) indicam a importância dessa discussão ao afirmarem que
o fato de que na Educação a Distância se está lidando com tecnologias das mais
sofisticadas não tem assegurado igual avanço nos modelos pedagógicos de ensino e,
menos ainda, na pedagogia da avaliação da aprendizagem, mas sem desconsiderar o
quão delicado é este processo, pois, como afirma Depresbiteris (1998), discutir a
avaliação da aprendizagem é um tema difícil devido a posições radicais, com posições a
favor ou contra.
Dentro desta perspectiva, o presente trabalho procurou investigar as concepções
dos professores de ensino superior no que tange à avaliação da aprendizagem em
ambientes de Educação a Distância, investigando os fundamentos epistemológicos
presentes nessas concepções.

2. Considerações teóricas
Apesar de atualmente estar fortemente vinculada às TICs, a EAD não é uma novidade,
mas sim uma modalidade que se desenvolveu juntamente com os meios de
comunicação. Para Gouvêa e Oliveira (2006) nas últimas décadas a EAD foi revisitada
em decorrência das TICs e o computador e a Internet são os principais atores envolvidos
no grande impulso que ela sofreu, além das políticas públicas para a área.
Os primeiros indícios de utilização da Educação a Distância, segundo Barros
(2003), remontam ao século XVIII, quando em 1728 foi anunciado, na edição de 20 de
março da Gazeta de Boston, um curso por correspondência oferecido por uma
instituição local. A partir de então, são vários os indicadores da evolução da EAD no
mundo. Segundo o AbraEAD (2007), é notável a velocidade com que cresce a aplicação
da Educação a Distância em diversos ambientes pedagógicos do país, em iniciativas
voltadas para públicos variados.
É possível identificar pontos comuns entre as diversas definições para a
Educação a Distância. Aretio (1987), a partir da análise de diversos conceitos, lista
como mais repetidos:
• A separação professor-aluno;
• A utilização sistemática de meios e recursos tecnológicos;
• A aprendizagem individual;
• O apoio de uma organização de caráter tutorial;
• A comunicação bidirecional.
Litwin (2001), Belloni (1999), Rodrigues (2000) e Lima (2000) também procuram
construir um conceito para a EAD. Lima (2000) entende a EAD como um meio de
ensino onde há um distanciamento físico e/ou temporal entre professor e aprendiz sim,
mas que pressupõe uma relação mediada por meios de comunicação, representações de
mídias e conhecimentos mútuos que vão determinar as necessidades desse processo, do
aprender.
Diante da expansão da EAD, a avaliação da aprendizagem também passou a ser
tema necessário em pesquisas e discussões. Para Hoffmann (1991), a avaliação é
essencial à educação, inerente e indissociável enquanto concebida como
problematização, questionamento, reflexão sobre a ação.
A avaliação da aprendizagem constitui-se num dos pontos mais delicados da
prática pedagógica do professor. Segundo Haydt (1997), o professor preocupa-se com
os resultados da avaliação, pois, além de ser sua a tarefa de verificar e julgar o
rendimento dos seus alunos, os dados provenientes da avaliação servem tanto para
ajudá-lo na orientação aos alunos com dificuldades, quanto para refletir sobre sua
própria atuação em sala de aula. Dessa maneira, ao avaliar os seus alunos, o professor
está, também, avaliando seu próprio trabalho. Nesse contexto, o primeiro desafio reside
exatamente na conceituação de avaliação da aprendizagem.
Diversos autores concordam que existe uma grande variação conceitual, tanto
por parte dos professores quanto dos estudiosos da área. Isso se dá pelo fato de que, em
cada conceito de avaliação, subjaz uma determinada concepção de educação, segundo
Romão (2005), que também afirma que é possível fazer um agrupamento dessas
concepções em grupos menores, apesar das pequenas variações formais existentes entre
elas.
A avaliação da aprendizagem não é neutra. Franco (1991) e Luckesi (2002)
defendem a avaliação como um processo de tomada de decisão influenciado pelas
concepções de educação e de sociedade. Para Franco (1991) o processo de avaliação
concentra uma série de decisões que se expressam na ação prática do professor quando
avalia seus alunos, toma novas decisões a partir dos resultados da avaliação, mantém ou
reformula seus planos.
Para Depresbiteris (1989) a avaliação permite ao professor adquirir os elementos
de conhecimentos que o tornem capaz de situar, de modo mais correto e eficaz possível,
a ação de estímulo, de guia ao aluno. Isso denota o caráter formativo da avaliação como
o mais significativo no processo. Ela serve de informação não só do produto final, mas
do processo de sua formação.
A avaliação no contexto da Educação a Distância é desafiadora. Para Oliveira e
Moreira (2006), a idéia da avaliação como um momento em que se dá a verificação dos
resultados alcançados pelo aluno ante objetivos preestabelecidos do ensino vem sendo
superada, em contextos educacionais construtivistas, por uma visão mais processual e
construtivista desse processo.
Assim, podemos entender que a prática avaliativa traz no seu bojo um conjunto
de concepções por parte dos professores ainda mais com a entrada da modalidade de
Educação a Distância, motivando dessa forma o estudo desenvolvido neste trabalho.

3. Procedimentos metodológicos
A pesquisa desenvolvida é de natureza qualitativa, com delineamento descritivo-
explicativo. Foram entrevistados 11 professores de um curso de Ciências Sociais
Aplicadas, oferecido na modalidade a distância por uma instituição particular de ensino
superior de Campo Grande/MS. Os professores envolvidos na coleta de dados
correspondem aos docentes atuantes no curso em 2007.
De maneira a responder ao objetivo de identificar os fundamentos
epistemológicos que permeiam as concepções dos professores sobre avaliação da
aprendizagem em ambiente de Educação a Distância, os professores foram questionados
sobre as diferenças entre a Educação a Distância e o ensino presencial e aspectos
relacionados à avaliação da aprendizagem dentro desta modalidade de ensino.
O presente artigo discute as respostas dadas para as seguintes indagações:
• Você acha que existem diferenças ao se trabalhar com a EAD? Quais?
• Com relação ao desempenho e à aprendizagem do aluno, há diferenças entre a
EAD e o ensino presencial?
• Você considera importante a avaliação da aprendizagem dos alunos? Por
quê? Qual o sentido e a importância da avaliação para você, num curso ou
formação?
• Quais aspectos você considera mais importantes no momento em que você
avalia os seus alunos?
• Quais as dificuldades que você enfrenta para realizar a avaliação dos seus
alunos?
• Fazer a avaliação dos alunos é tranqüilo para você?
• Como você trabalha com os resultados das suas avaliações?
• Há diferenças entre a sua prática de avaliação nos cursos presenciais e no a
distância?
A análise das respostas oferecidas às questões foi realizada sob a perspectiva da
análise de conteúdo, determinando-se categorias, de acordo com Bardin (1977).

4. Resultados e Discussão
Indagados sobre a existência ou não de peculiaridades entre o trabalho na Educação a
Distância e no ensino presencial, todos os professores afirmam que há diferenças e, para
justificá-las, manifestam diferentes respostas. Essas manifestações foram classificadas
em quatro categorias. A que obteve maior freqüência diz respeito aos argumentos que
denotam uma dificuldade em lidar com a não presença do aluno numa sala de aula
convencional, mudando assim a relação afetiva que se estabelece entre o professor e o
aluno. Em seguida, os professores afirmam que uma diferença importante é a
modificação da relação professor-aluno, indicando que a EAD pede professores e
alunos com características como autonomia e maturidade, entre outros. Houve também
manifestações que afirmaram que a diferença está no uso das tecnologias como
mediadoras no processo de ensino e aprendizagem. E por fim, com duas manifestações,
os professores apontam uma preparação prévia do material didático como a principal
diferença entre a EAD e o ensino presencial.
Quando questionados sobre o desempenho e a aprendizagem do aluno na
Educação a Distância, os professores posicionaram-se sobre a existência ou não de
diferenças entre o aproveitamento na Educação a Distância e no ensino presencial. Dos
professores entrevistados, seis afirmam que existem sim diferenças no desempenho do
aluno nessas modalidades, enquanto três defendem que não. Temos ainda dois
professores que não se posicionaram sobre isso.
A justificativa dos professores que defendem a não existência de diferenças na
aprendizagem dos alunos se baseia na existência de “bons” e “maus” alunos em ambas
as modalidades. Esse conceito de “bom” aluno está relacionado puramente à dedicação
do aluno. Entre os professores que afirmam que existem diferenças na aprendizagem
dos alunos, o maior número de justificativas concentra-se na argumentação de que o
fundamental é que haja um perfil de maturidade e dedicação por parte do aluno, que
deve organizar seu estudo e cumprir com o seu planejamento.
Os professores também destacam a ausência do contato direto entre professor e
alunos na EAD, o que leva o aluno desta modalidade a ser menos dependente do
professor no esclarecimento de dúvidas e, conseqüentemente, mais autônomo no
processo de aprendizagem, ocasionando um bom desempenho.
Dois professores também incluem a questão da relação interpessoal entre os
alunos como importante fator nessa diferenciação, já que numa sala de aula presencial
os alunos têm mais chances de uma troca imediata de idéias e ajuda mútua no
aprendizado, caracterizando o aluno da EAD como mais solitário no seu estudo, o que
também influenciaria na questão da autonomia. Algumas manifestações enfatizam que o
aluno da EAD tem melhor desempenho nas avaliações, tanto das disciplinas quanto nas
avaliações externas.
Sobre a importância da avaliação da aprendizagem dos alunos, todos os
professores questionados afirmam que este é um processo com grande importância,
porém manifestando diferentes argumentos quanto ao sentido da avaliação na formação
dos alunos. A maioria dos entrevistados entende a avaliação como um processo de
verificação da aprendizagem dos alunos, assim como do próprio trabalho do professor.
Neder (1996), Cerny e Ern (2001) e Oliveira (2006) trazem reflexões sobre a avaliação
da EAD e, segundo Oliveira (2006), dependendo do sistema de EAD, o sistema de
avaliação pode se limitar à verificação e mensuração dos conhecimentos apreendidos
pelo estudante. Esse é um aspecto ainda muito presente nos argumentos dos professores.
Dos professores entrevistados, dois apresentam uma visão da avaliação como
instrumento, e dois demonstram em suas falas que entendem a avaliação como um
processo contínuo de melhoria do trabalho do professor. Dentre os aspectos que os
professores consideram como mais importantes no momento em que eles avaliam seus
alunos, a participação e interação do aluno são citadas por seis professores, assim como
a verificação do conteúdo. Todos os professores consideram a nota da prova presencial,
já que a mesma é obrigatória por lei, que também determina que o maior peso na média
final deva vir da mesma. Podemos dizer assim que a concepção de parte dos professores
ainda se estrutura no objetivismo que, segundo Franco (1991), ocasiona uma
preocupação em medir a quantidade de conhecimento elaborada pelo sujeito. Por outro
lado, parte dos professores valoriza aspectos que Franco (1991) demonstra serem
característicos do subjetivismo (auto-avaliação, aspectos afetivos e emocionais na
aprendizagem).
É possível observar que os professores têm uma consciência da importância da
aplicação dos conteúdos na vivência profissional dos alunos e há uma preocupação do
retorno disso no processo avaliativo. Isso é apontado por Franco (1991) como
importante, já que os conteúdos que encontram ressonância na vivência do estudante
representam instrumentos úteis para a compreensão de sua prática atual e importantes
elementos para a revisão e transformação dessa prática.
Os professores entrevistados, quando indagados sobre as dificuldades na
realização da avaliação dos seus alunos, apontam que a maior dificuldade reside na falta
de tempo do aluno para ler o material proposto e desenvolver as atividades, assim como
desconfianças na autenticidade nas produções dos alunos. A não presença também é
citada como um fator que dificulta o trabalho do docente. Apesar dessas dificuldades,
quando questionados se a avaliação é um processo tranqüilo no seu trabalho, cinco
professores dizem que sim, apontando a experiência docente como fator tranqüilizante
no processo. Dos professores que responderam que possuem inquietações, a maioria
apresenta preocupação com o processo de tomada de decisão de maneira a não cometer
injustiças. Há também uma preocupação com a elaboração dos instrumentos, de maneira
que possam realmente contribuir para a avaliação da aprendizagem.
Quanto ao trabalho com os resultados das avaliações, a maioria dos professores
entrevistados demonstra preocupação com o uso dos resultados ainda no processo de
ensino, tanto em aspectos de melhoria no tratamento do conteúdo, da metodologia de
ensino e até mesmo dos instrumentos avaliativos. Apesar disso, três professores
apontam a inexistência de reflexão acerca do processo como um todo, concentrando-se
mais em aspectos de fechamento de média e apresentação dos resultados.
Por fim, as opiniões dos professores sobre as diferenças entre a prática avaliativa
na Educação a Distância e no ensino presencial, indicam que existem peculiaridades
entre as duas modalidades, sendo que a maior parte das falas do grupo argumenta que a
diferença está concentrada principalmente na elaboração e aplicação dos instrumentos.
Os professores também apontam diferenças nos métodos avaliativos, assim como uma
preocupação com a interpretação dos dados, principalmente pela ausência de contato
direto com o aluno, o que em muitos casos pode prejudicar na subjetividade das idéias
apresentadas. Entretanto, os argumentos permitem constatar que os professores ainda
fazem uma transposição de suas práticas do ensino presencial para seu trabalho na
EAD. Segundo Neder (1996), o processo de avaliação da aprendizagem em EAD,
embora possa se sustentar em princípios análogos aos da educação presencial, exige
tratamento e considerações especiais. O que se espera de um curso de EAD é que ele
desenvolva uma autonomia crítica, diante de situações que lhe apresentarem.

5. Considerações Finais
O objetivo desta investigação foi de verificar o que os professores entendem por EAD e
quais os fundamentos epistemológicos que permeiam suas concepções de avaliação da
aprendizagem. No que se refere ao entendimento da EAD como uma modalidade de
ensino que possui suas características próprias, todos os professores entrevistados
demonstraram esse conhecimento, deixando explícito o caráter afetivo e a não presença
como principal característica. Para Neder (1996) a não-presença é um fator que torna
necessário o desenvolvimento de métodos que oportunizem a confiança pra possibilitar
não só o processo de elaboração de seus próprios juízos, mas também de
desenvolvimento de sua capacidade de analisá-los.
Com relação à avaliação da aprendizagem, ficou evidente que os professores são
motivados por suas próprias crenças dentro deste processo, mesmo seguindo
orientações institucionais no que tange aos instrumentos e métodos. As respostas
denotam também que uma parcela dos professores trata a avaliação como um processo
contínuo de análise e tomada de decisão, baseando-se num conjunto de fatores
(interação, participação, continuidade no desenvolvimento das atividades), enquanto
outra parte trata a prova presencial como único instrumento norteador para a aprovação
ou não do aluno. Como defende Hoffman (1991), há uma grande confusão conceitual
quanto a estabelecer a avaliação como sinônimo de testar, medir e mediar.
O caráter conteudista ainda é visível nos dados coletados e analisados e é
possível afirmar que a avaliação da aprendizagem ainda reflete o modelo do ensino
presencial. Apesar de todos os professores apontarem diferenças entre a EAD e o ensino
a distância, parte do grupo não vê diferenças de desempenho e aprendizado entre os
alunos das duas modalidades, o que acaba levando à reprodução do modelo de avaliação
aplicado no ensino presencial.
Os professores ainda apresentam dificuldades com aspectos como a quantidade
de alunos e a autenticidade do que o aluno submete nas atividades propostas,
demonstrando preocupação quanto à tomada de decisão, no sentido de não cometerem
injustiças. É o que Hoffman (1991) denota como “injustiça da precisão”, dado o
delicado processo de fundamentar a aprovação ou reprovação do aluno nas notas dos
testes, sem interpretação das respostas.
Existem diferenças entre as concepções dos professores quanto ao papel da
avaliação. Enquanto uns a entendem como um processo de auxílio ao aprendizado e,
portanto, parte deste, outros a compreendem como a verificação se o aluno aprendeu,
dentro do que Luckesi (2002) denota como “pedagogia do exame”. A nota e o cálculo
de média final ainda são fatores que preponderam nos discursos, o que denota ainda um
caráter final e somativo para o processo de avaliação. O mais importante, de acordo
com Neder (1996), é que avaliação seja entendida como um processo contínuo,
formativo, descritivo, compreensivo, que possibilite a análise de qual o grau de
possibilidade de um desenvolvimento crítico-reflexivo que foi dada ao aluno.
A análise dos dados nos mostra que são necessárias mais pesquisas na área
assim como programas de formação de professores do ensino superior onde haja mais
reflexões acerca de questões pedagógicas, dentre elas a avaliação. Isso pode fortalecer a
EAD enquanto modalidade, diminuindo a transposição direta de métodos e concepções
advindos do ensino presencial. Como argumento, uso as palavras de Silva (2006) ao
afirmar que a avaliação da aprendizagem na sala de aula online requer rupturas com o
modelo tradicional de avaliação historicamente cristalizado na sala de aula presencial. A
persistência nessa transposição direta apenas levará o professor a repetir os equívocos
da avaliação tradicional.

6. Referências bibliográficas
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