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Essa forças em equilíbrio produzem uma enorme energia (axé), que nos auxilia
em nosso dia a dia, ajudando para que nosso destino se torne cada vez mais
favorável.
NANÃ
Conta à lenda que todos os grandes homens das tribos da África se reuniram
para decidir quem era o mais valente dos orixás. Louvaram Obatalá, o criador
dos seres humanos, falou das qualidades de Orumilá, o senhor do destino,
exaltaram a força de Xangô, o justiceiro, e enfatizou a importância de Exu, o
grande mensageiro divino. Mas, ao fim, decidiu escolher Ogum como o mais
forte. Nanã fez um muxoxo. "Quem é esse tal de Ogum? O que ele faz?",
perguntou ela. Os chefes contaram como Ogum criou os instrumentos de
agricultura e as armas da guerra, pois é o senhor dos metais. "Os seres
humanos dependem dele para sobreviver", justificaram. "É pouco", resmungou
Nanã. E decidiu que não ia render homenagem a Ogum. Paciente, o grande
orixá da guerra resolveu intervir. "Nanã, fui escolhido por bravos guerreiros
para ser homenageado. É justo que a senhora também o faça", ponderou. "De
jeito nenhum. Não concordo com a decisão", disse a velha. E assim ficaram
por horas discutindo. Até que, para forçá-la a mudar de idéia, Ogum lançou
uma maldição: "Se for assim, de agora em diante, a senhora e seus filhos não
poderão mais usar meus metais para guerrear e caçar. Quero ver como vão se
arranjar". "Dá-se um jeito", disse ela, teimosa. Até hoje, os filhos de Nanã não
usam metais no terreiro e suas oferendas não podem ser cortadas com faca. A
comida oferecida é feita com colheres de pau.
Obá
Corajosa e cheia de vigor, Obá era tão boa de briga que decidiu se
profissionalizar: ganhava a vida lutando como pugilista de aldeia em aldeia.
Obá é o protótipo das mulheres batalhadoras, que sabem enfrentar com garra
os desafios. Habitualmente, seus filhos não têm tempo ou interesse em coisas
muito sofisticadas, a não ser que isso propicie a conquista de algo ou alguém.
Embora valentes, são um pouco ingênuos, sendo quase sempre derrotados
pela astúcia dos outros. A persistência é sua melhor arma.
- CONSELHO: ficar obcecada por metas pode tirar o encanto da vida. Tire
partido de sua força sem deixar de desfrutar do prazer. Não se esqueça de que
ceder também faz parte - ainda mais quando for por amor. Relaxe e faça as
coisas apenas por gosto.
Oxum
Quando Xangô, marido de Oxum trouxe a valente Obá para casa como sua
terceira esposa, ela quase morreu de ciúmes. Logo se tornaram rivais.
Tentando imitar o refinamento de Oxum, Obá espreitava na cozinha para
descobrir os segredos das receitas que ela fazia para Xangô e, assim,
surpreender o marido com as iguarias criadas pela outra. Louca da vida com a
espiã, Oxum preparou uma armadilha. Escondeu suas orelhas sob um lenço e
começou a cozinhar uma cheirosa sopa em que boiavam dois grandes
cogumelos. Como quem não quer nada, Obá perguntou o que Oxum fazia. Ela
deu a entender que, por amor, havia cortado as próprias orelhas para fazer o
prato preferido do marido, uma sopa afrodisíaca. Quando Xangô chegou,
devorou a saborosa sopa de cogumelos e logo levou Oxum para o quarto. No
dia seguinte, Obá resolveu fazer à mesma coisa. Cortou uma de suas orelhas
e fez um cozido. Quando chegou em casa e viu aquela comida horripilante,
Xangô jogou o prato e repreendeu a esposa. Vitoriosa, Oxum desamarrou o
lenço e Obá viu que ela ainda estava com as orelhas. Cheia de fúria, Obá
avançou em direção a Oxum e as duas se engalfinharam. Até hoje, quando as
filhas-de-santo incorporam Oxum e Obá nos terreiros, elas não podem ficar
juntas.
IANSÃ
As filhas de Iansã são parecidas com ela. Voluntariosas, gostam de tudo a sua
maneira. Só se deixam vencer por quem sabe contornar seus ímpetos de fúria,
como fez Ogum. Ao mesmo tempo, são mulheres corajosas, sem nenhum
medo de lutar contra a injustiça e o preconceito. Como a própria divindade,
metade animal, metade gente, os filhos de Iansã se consideram pessoas
incomuns.
- CONSELHO: nem tudo precisa ser de seu jeito. Experimente enfrentar com
paciência as situações que fogem ao controle. Avalie quantas oportunidades
você já perdeu na vida porque não soube ter um pouquinho de diplomacia.
Pratique ioga e meditação para abaixar esse excesso de fogo. Iansã ensina
que é preciso saber lutar, mas também ceder.
Iemanjá
Ela é a mãe suprema dos orixás. Com carinho, ampara seus filhos queridos.
Mas também pode se tornar caprichosa e instável, como as águas do mar.
Cansada de viver com Odudua, pai dos seus dez filhos, Iemanjá resolveu partir
para o oeste, à procura de novos horizontes. Lá vivia Okerê, o rei da região,
conhecido pela sensatez. Quando viu chegar à bela orixá das águas salgadas,
o rei se apaixonou e lhe propôs casamento. Iemanjá aceitou o pedido com uma
condição. "Nunca me humilhe pelo tamanho de meus seios. Nunca o perdoarei
por isso", disse ela. Iemanjá tinha vergonha de seus seios grandes, caídos de
tanto amamentar. Okerê concordou com a estranha condição e realmente a
tratava com amor e respeito. Mas um dia, após se embriagar com vinho de
palma, Okerê voltou para casa cambaleante, tropeçou na esposa e a derrubou.
Irada, a orixá o chamou de bêbado e imprestável. O rei se esqueceu da sua
promessa e gritou: "Quem é você para me dizer isso? Ofendida, Iemanjá partiu
em direção ao mar, onde morava sua mãe, Olukum, a rainha dos oceanos. No
caminho, se transformou num rio para desembocar ainda mais rápido no mar.
Desesperado, Okerê foi a semandou raios e partiu a montanha em duas.
Assim, Iemanjá chegou ao mar, onde vive com sua mãe. Seus filhos até hoje
lhe mandam presentes no fim do ano para aliviar sua solidão.
- CONSELHO: olhe mais para si e veja se não está vivendo apenas em função
dos outros. Avalie o que realmente gosta de fazer e se dedique a atividades
que lhe tragam satisfação. Aprenda a perdoar e não seja tão severo em suas
cobranças. Fique atenta para o excesso de sensibilidade.
Oxumaré
Seu sonho parecia realizado até o momento do parto, quando deu a luz a um
estranho ser que recebeu o nome de oxumaré. Durante seis meses a criatura
tomava a forma de arco-íris, cuja função era levar a água para o castelo de
Oxalá, que morava no céu. Depois de cumprida a tarefa, ele voltava a terra por
outro seis meses, assumindo a forma de uma cobra. Com essa aparência, ao
morder a própria cauda, dando a volta em torno da terra, ele teria gerado o
movimento de rotação, bem como o transito dos astros no espaço. É um orixá
que representa polaridades contrarias como o masculino e o feminino, o bem e
o mal, a chuva e sol, o dia e a noite, respectivamente, através das formas do
arco-íris e serpente. Seus filhos são persistentes e pacientes, não medindo
esforços para atingirem seus objetivos. São generosos ou avaros, conforme a
situação econômica em que se encontram. Agitados e observadores procuram
constantemente o equilíbrio e a harmonia. Suas grandes forças são as
eloqüências e as inteligências, armas que usam com muita habilidade em
situação de ataque ou defesa.
Obaluaiyê
Obaluaiyê quer dizer "rei e dono da terra" sua veste é palha e esconde o
segredo da vida e da morte. Está relacionado à terra quente e seca, como o
calor do fogo e do sol, calor que lembra a febre das doenças infecto-
contagiosas. Domina completamente as doenças que rege, ao mesmo tempo
em que tem poder de cura sobre elas.
Nanã era considerada a deusa mais guerreira e um dia, ela foi conquistar o
reino de Oxalá e se apaixonou por ele. Mas este não queria se envolver com
outra orixá que não fosse sua amada esposa yemanjá. Por isso, explicou tudo
a nanã, mas ela não desistiu de seu propósito. Sabendo que Oxalá adorava
vinho de palma, embriagou-o. Ele ficou tão bêbado que se deixou seduzir por
nanã, que acabou ficando grávida. Mas por ter transgredido uma lei da
natureza, deu a luz a um menino horrível, não suportando vê-lo, lanço-o no rio.
A criatura foi mordida por caranguejos, ficando toda deformada. Por sua
terrível aparência, passou a viver longe dos outros orixás.
Oxossi
Senhor das florestas, seu habitat natural onde vive e caça. É a divindade da
harmonia e do equilíbrio ecológico, protege os caçadores e a caça ao mesmo
tempo, não permitindo a caça predatória.
Bem próximo dali vivia Oxossi, um jovem que costumava caçar à noite, antes
do sol nascer; ele usava apenas uma flecha vermelha. O rei mandou chamá-lo
para dar fim ao pássaro. Sabendo da punição imposta aos outros caçadores, a
mãe de Oxossi, temendo pela vida do filho, consultou um babalaô que
aconselhou que se fosse feita uma oferenda para as feiticeiras assim ele teria
sucesso.
Assim o fez e Oxossi acertou o pássaro bem no peito. O povo então gritava:
oxó wussi, (oxó é popular) passando a ser conhecido por Oxossi. O rei,
agradecido pelo feito, deu ao caçador metade de sua riqueza e a cidade de
ketu, "terra dos panos vermelhos", onde Oxossi governou ate sua morte,
tornando-se depois um orixá.
Ogum
Os mitos são como os sonhos. Sempre têm algo a dizer a nosso coração...
Dicionário:
Axé - Energia positiva Babalaô - Sacerdote do culto; pai-de-santo. Ifá- Verdade
Ijexá- Nação formada por escravos Okerê- Rei Oxó- Popular